Você está na página 1de 20

A perceção auditiva é essencial na nossa vida pessoal e também profissional,

pois o ruído pode indicar a presença de um perigo (um carro, uma empilhadora,
uma serra elétrica etc.), que pode ser diferenciada devido às diferentes
amplitudes (“volumes”/ potências do som) e frequências (agudo, médio ou grave)
das ondas sonoras.

A eliminação ou a redução do ruído excessivo não é apenas uma


responsabilidade jurídica para as entidades patronais, mas também uma
responsabilidade moral comercial. Quanto mais seguro e saudável for o
ambiente de trabalho, menor é a probabilidade de absentismo, acidentes ou
baixo rendimento dos trabalhadores, que constituem fatores onerosos.

A escala de frequências é, usualmente, dividida em três grandes grupos:


infrassons, gama de frequências audível e ultrassons.

A gama audível compreende os sons que o ouvido humano de uma pessoa


jovem consegue reagir, indo desde uma frequência de 20Hz a 20kHz, no entanto,
esta gama vai diminuindo naturalmente com a idade (gama de 50Hz a 8kHz ou
até menor) ou pode ser provocada por uma exposição danosa ao ruído ou a
substâncias perigosas ou um acidente. Abaixo de 20 Hz situam-se os infrassons
e acima de 20.000 Hz os ultrassons.

A gama audível está dividida em 10 grupos de frequências designados por


oitavas (imagem abaixo). A designação de cada oitava corresponde à sua
frequência central, que é o dobro da frequência central da oitava antecedente.
Cada oitava está subdividida em 3 grupos de terços de oitava.
Estas bandas servem para se ter uma noção exata da composição do ruído,
através da determinação do nível sonoro para cada frequência. Este tipo de
análise chama-se análise espectral ou análise por frequência (espetro de
frequência) e costuma ser representada graficamente num sistema de eixos
onde as frequências se situam no eixo das abcissas e os níveis sonoros no eixo
das ordenadas.

Embora muito associado à indústria, também em escritórios a exposição ao ruído


é comum (telefones tocam, pessoas digitam no teclado, pessoas falam,
computadores funcionam e tantas outras fontes), daí que a avaliação da
exposição sonora seja tão importante para garantir a higiene do trabalho.

A avaliação da exposição sonora dos trabalhadores ao ruído tem de considerar


o tempo e a intensidade de exposição.

A avaliação diária é com aparelhos de medida, que medem o nível sonoro


contínuo equivalente ponderado A durante um dado intervalo de tempo.

Estas medições do ruído na indústria permitem determinar se os níveis sonoros


a que os trabalhadores e demais pessoas estão expostos podem levar ou não a
situações desconfortáveis ou até mesmo lesões graves, nomeadamente lesões
auditivas permanentes. Por demais pessoas deve considerar-se o impacto de
emissões sobre zonas habitacionais, hospitais, escolas, outras indústrias
envolventes, ecossistemas etc. Deve ainda ser ponderado se o ruído do
ambiente de trabalho não prejudica a perceção de sinalização sonora, afetando
consequentemente a eficácia das repostas a situações de perigo eminente (por
exemplo, a deteção de uma empilhadora em movimento) ou de comunicação
essencial à atividade laboral.

Quando os sons são demasiado fortes e se a exposição ao ruído for prolongada


e não se utilizar a devida proteção, as células sensoriais constituintes do ouvido
interno podem sofrer danos que implicarão uma surdez irreversível. A surdez
profissional é uma doença que se desenvolve lentamente, não sendo muitas
vezes percecionada pelo trabalhador, pelo facto de não causar dor e só ser
detetada em estados avançados.
Recomenda-se que um trabalhador não deve estar exposto a ruído contínuo
equivalente igual ou superior a 85 dB(A) durante 8 horas/dia de trabalho, sendo
proibido estar sujeito a um nível de ruído igual ou superior de 87 dB(A).

Os trabalhadores expostos podem ter diversos danos, nomeadamente alguns de


caráter irreversível. Alguns dos danos são imediatos, mas outros podem advir de
uma exposição continuada. A falta de concentração e o stress podem ser
provocados por locais de trabalho barulhentos. A perda auditiva, a hipoacusia e
a anacusia também são resultados fisiológicos relacionados à perda de audição.
Com consequência desta condição vem o isolamento social. O ruído excessivo
gera problemas de comunicação que podem levar ao aumento dos acidentes,
quer pelas atividades desenvolvidas quer pela camuflagem da sinalização
sonora, mas também perturbação na comunicação, redução da concentração,
stress, fadiga física, alterações hormonais, doenças cardiovasculares, enfarte do
miocárdio, hipertensão, gastrite, otite, impotência sexual e redução da
velocidade de reação e da memória.

Os pontos de medição devem estar definidos numa planta das instalações e


esses valores são registados.

Esta base de dados permite obter uma base útil para as decisões sobre as
medidas a tomar para a redução do ruído, uma vez que define de forma precisa
a emissão sonora de cada máquina e equipamento, permitindo compará-lo com
os valores indicados pelo fabricante.

Após esta avaliação (que é sempre contínua e dinâmica), são ponderadas


medidas para que as condições de conforto são melhoradas para que exista
qualidade acústica no ambiente de trabalho. Para definir estas medidas é
necessário que na etapa de avaliação do risco sejam identificados os
trabalhadores passíveis de serem expostos ao ruído e seja determinado o
respetivo nível de exposição sonora (através de medições). Só assim se obterão
as informações necessárias à eliminação, se possível, ou ao controlo do ruído.

O Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de setembro, vem definir as prescrições


mínimas de segurança e de saúde em matéria de exposição dos trabalhadores
aos riscos devidos ao ruído.

A priorização são sempre nas medidas de prevenção, tais como:

• Eliminação de fontes de ruído: constitui a forma mais eficaz de prevenir


riscos para os trabalhadores e deve sempre ser considerada aquando da
conceção de um novo equipamento de trabalho e de novas instalações
• Controlo do ruído na fonte: o isolamento da fonte com o encerramento em
cabina insonorizada ou amortecimento das vibrações com recurso a
molas ou apoios; aumento da absorção da envolvente acústica; a redução
na fonte ou após emissão com recurso a cabinas insonorizadas, barreiras,
amortecedores de ruído ou silenciadores de escape; a redução das
velocidades de corte, ventilação ou impacto; a substituição ou alteração
de máquinas mais ruidosos (por exemplo, utilização de ferramentas
elétricas em vez de ferramentas pneumáticas); a aplicação de materiais
mais atenuadores do ruído (revestimentos de borracha); a redução ativa
do ruído, se possível, em determinados momentos; manutenções
preventivas pois o desgaste das peças pode provocar a alteração dos
níveis de ruído
• Medidas de controlo coletivas: absorção do som numa sala (teto
atenuador de som); organização do trabalho (conceber os horários de
trabalho e os respetivos períodos de descanso, executar os trabalhos
mais ruidosos fora do horário normal de trabalho, promover a rotatividade
dos trabalhadores nos locais mais ruidosos para diminuir a dose de ruído
por cada trabalhador e a exposição crónica, a utilização de métodos de
trabalho que exijam uma menor exposição ao ruído, a adequação dos
trabalhadores aos postos, por exemplo, não expondo gravidas, idosos ou
menores ao ruído e substituindo-os por trabalhadores mais aptos);
concentração das fontes de ruído em locais de acesso limitado e
sinalizados; considerar a forma como o equipamento de trabalho é
instalado e a localização de modo a expor o menos possível os
trabalhadores
• Formação e informação sobre: os riscos incorridos e as medidas tomadas
para os eliminar ou reduzir; os resultados da avaliação de riscos e de
eventuais medições do ruído, incluindo a explicação do seu significado;
as medidas de controlo do ruído e de proteção da audição, incluindo
equipamento de proteção individual (como se usa, como se armazena e
preserva, como se avaliam, com se faz a manutenção e como fazer caso
alguma caraterística do equipamento fique afetada ou estragada); a forma
de detetar e comunicar sinais de danos auditivos; as situações em que os
trabalhadores têm direito a vigilância médica e o objetivo da mesma.

De forma esquemática encontra-se a tabela abaixo relativa às medidas exigidas


pela legislação portuguesa:
Na impossibilidade ou de forma a complementar as medidas anteriores, como
último recurso podem ser tomadas medidas de proteção, nomeadamente o uso
de equipamentos de proteção individual (tampões e protetores auriculares).

É importante certificar de que o equipamento de proteção individual é o


adequado para o tipo e a duração do ruído, considerando a compatibilidade com
os restantes equipamentos de proteção bem como com a atividade em si.

Para a seleção dos protetores auditivos depende do tipo de ruído a que se está
exposto. A ficha técnica do fornecedor indica a redução do nível de ruído de
acordo com as caraterísticas do ruído. Por exemplo, para uma frequência um
protetor pode reduzir em x% e para uma frequência maior a redução já ser de x-
y%. Há, portanto, que se considerar uma avaliação de risco detalhada para
caraterizar a predominância do tipo de ruído, uma vez que num ambiente de
trabalho podem existir diversos tipos de ondas sonoras. Nesta seleção deve
sempre escolher-se equipamentos com marca de certificação e em
conformidade com as normas europeias harmonizadas ou nacionais existentes
e, se existirem algumas oportunidades de escolha adequada, optar sempre pela
solução mais confortável. No entanto, confortáveis não indicam exclusão
completa do ruído, pois, como já foi referido, o ruído pode ser determinante para
a comunicação, para alertar ameaças e situações de emergência. Por outro lado,
há que ter ainda em conta que diversas profissões/ atividades (condutores de
gruas, pilotos, apresentadores de televisão) necessitam de auriculares ou de
auscultadores para se comunicarem e conseguirem desenvolver com segurança
e sucesso as suas tarefas – nestes casos pode ser importante que tais
equipamentos tenham um sistema de anulação do ruído, a fim de garantir uma
comunicação clara e minimizar os riscos de acidente.

Também há a considerar diversos parâmetros sobre o desempenho do protetor


auditivo. Esta capacidade de atenuação acústica pode ser definida pelos
parâmetros que são avaliados em laboratório no âmbito do processo de
certificação: valor médio da atenuação acústica e desvio-padrão, atenuação de
baixas, médias e altas frequências e índice de atenuação global.

A avaliação de risco deve ser efetuada com uma periodicidade mínima de um


ano, sempre que sejam alcançados ou ultrapassados os níveis de ação
superiores (LEX,8h = 85 dB(A) e LC pico = 137 dB(C)). O acompanhamento e a
reavaliação deve ser sempre que se introduzam alterações significativas aos
processos produtivos, nomeadamente a instalação de novos equipamentos,
alteração do lay out ou criação de novos postos de trabalho.

Na europa estima-se que mais de um terço dos trabalhadores estejam expostos


a níveis de ruído potencialmente perigosos durante pelo menos um quarto do
seu tempo de trabalho.

Sobre o ruído ambiental, a legislação nacional tem o Decreto-Lei n.º 292/2000,


de 14 de novembro, que aprovou o Regime Legal sobre Poluição Sonora. O novo
quadro legal relativo a ruído ambiente consiste no Decreto-lei n.º 9/2007, de 17
de janeiro, que aprova o Regulamento Geral de Ruído e no Decreto-lei n.º
146/2006, de 31 de julho, que transpõe a Diretiva n.º 2002/49/CE, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 25 de junho, relativa à avaliação e gestão do ruído
ambiente.

Para além destes, o Decreto-lei n.º 146/2006, de 31 de julho, estabelece a


obrigação, a nível comunitário, de recolha de dados acústicos, elaboração de
relatórios sobre o ambiente acústico e de planos de ação, por forma a criar a
base para a definição da futura politica comunitária neste domínio.

A Norma Portuguesa NP 1730: 1996 sobre a acústica - descrição e medição do


ruído ambiente, estabelece os procedimentos a adotar na realização de ensaios
acústicos para avaliação da exposição a níveis de ruído ambiente exterior e para
avaliação da incomodidade devida ao ruído. Está em harmonia com a Norma
Internacional ISO 1996 "Acoustics. Description and measurement of
environmental noise".

Relativamente ao ruído no trabalho, o Decreto-Lei n.º 72/92, de 28 de abril,


estabelece o quadro geral de proteção dos trabalhadores contra os riscos
decorrentes da exposição ao ruído durante o trabalho.

O Decreto Regulamentar nº 9/92, de 28 de abril, regulamenta o decreto lei n.º


72/92, de 28 de abril, e estabelece o quadro geral de proteção dos trabalhadores
contra os riscos decorrentes da exposição ao ruído durante o trabalho.

A Diretiva n.º 2003/10/CE indica as prescrições mínimas de segurança e de


saúde em matéria de exposição dos trabalhadores aos riscos devidos aos
agentes físicos (ruído). O princípio da mesma é que os riscos resultantes da
exposição ao ruído devem ser eliminados na origem e reduzidos ao mínimo,
sendo que o valor-limite de exposição diária é de 87 dB(A).

O Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de setembro, relativo às prescrições mínimas


de segurança e de saúde em matéria de exposição dos trabalhadores aos riscos
devidos aos agentes físicos (ruído), é aplicável a todas as atividades dos setores
privado, cooperativo e social, da administração pública central, regional e local,
dos institutos públicos e das demais pessoas coletivas de direito público, bem
como a trabalhadores por conta própria.

Este decreto vem definir que não é permitida, em situação alguma, a exposição
pessoal diária ou semanal de trabalhadores a níveis de ruído iguais ou
superiores a 87 dB(A) ou a valores de pico iguais ou superiores a 140 dB(C),
sendo estes valores definidos como os Valores Limite de Exposição (VLE) ao
ruído, em cuja determinação se passa a considerar a atenuação dos protetores
auditivos.

Relativamente à legislação revogada, em que o VLE diária era de 90 dB(A), este


parâmetro sofre uma redução de 3 dB(A), que considerando que o ruído é
quantificado segundo uma escala logarítmica, significa uma redução de 50% no
nível de pressão sonora.

O nível de ação é definido por dois níveis distintos, denominados como valores
de ação inferiores e valores de ação superiores, respetivamente. Consoante
estes valores, existem três níveis de intervenção:

• Valores de ação inferiores: LEX, 8h = 80 dB(A) e LC pico = 135 dB(C);

• Valores de ação superiores: LEX, 8h = 85 dB(A) e LC pico = 137 dB(C);

• Valores limite de exposição: LEX, 8h = 87 dB(A) e LC pico = 140 dB(C).

A entidade empregadora deve garantir uma adequada vigilância médica dos


trabalhadores expostos ao ruído, com o objetivo de detetar precocemente
eventuais perdas de audição e de tomar medidas no sentido da preservação da
capacidade auditiva. Um nível de pressão sonora equivalente ou superior a 85
dB(A), durante um turno de trabalho de 8 horas, deve requerer um sistema de
vigilância da saúde inicial e de controlo e exames complementares mais
específicos (audiometria, otoscopia e anamnese). A periodicidade destes
exames deve ser anual (ou inferior, se o médico o entender) para os
trabalhadores que tenham estado expostos a níveis de ruído superiores aos
valores de ação superiores (LEX,8h = 85 dB(A) e LC pico = 137 dB(C)) ou de dois
em dois anos (ou inferior, se o médico o entender) para os trabalhadores que
tenham estado expostos a níveis de ruído superiores aos valores de ação
inferiores (LEX,8h = 80 dB(A) e LC pico = 135 dB(C)).
Os limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente estão definido na
tabela:

No entanto, quando se somam duas fontes sonoras iguais, há um aumento de 3


dB (por exemplo, 60 dB + 60 dB = 63 dB). Já quando existe uma diferença de 10
dB ou mais entre duas fontes sonoras, o ruído daí resultante é igual ao valor do
ruído mais elevado e, desta forma, 70 dB + 60 dB = 70 dB, ou seja, o ruído de
maior intensidade “mascara” o de menor intensidade.

O risco associado a um nível sonoro nocivo neste tipo de posto de trabalho é


avaliado com referência a um dia de trabalho nominal de 8 horas.

As normas mais importantes que se aplicam aos instrumentos e aos métodos de


medição foram publicadas pela IEC (International Electrotechnical Commission),
que se preocupa fundamentalmente com a conceção e a construção de
instrumentos, e pela ISO (Internacional Standards Organization), que explana
sobre as técnicas e os parâmetros de medição, condições experimentais e a
redução dos valores medidos relativamente a uma referência comum.
A medição dos níveis de ruído, para além de poder ser realizada por entidades
acreditadas, pode também ser realizada por técnicos de higiene e segurança do
trabalho, com certificado de aptidão profissional válido e com formação
específica em instrumentação e metodologias de medição e avaliação da
exposição ao ruído laboral.

Os aparelhos de medição variam consoante o tipo de posto de trabalho. Em


postos de trabalho fixos, as medições são efetuadas com sonómetros colocados
perto dos trabalhadores. Já quando os postos são móveis e, portanto, a
exposição ao ruído é variável, são utilizados dosímetros que permitem uma
aplicação pessoal.

O dosímetro é um aparelho que integra, de uma forma automática, os


parâmetros de nível de pressão acústica e o tempo de exposição, obtendo
diretamente leituras expressas em percentagem da dose máxima permitida
legalmente para oito horas de exposição diárias. Mede os decibéis (dB),
definindo o ruído que oscila em momentos do dia.

É um aparelho capaz de acumular os sinais dos ruídos num condensador,


tornando possível a análise das médias e picos sonoros gerados pela fonte. São
aparelhos de bolso que se usam quando a exposição ao ruído é variável, isto é,
quando os trabalhadores têm postos de trabalho móveis. É um aparelho que
íntegra de uma forma automática os parâmetros de nível de pressão acústica e
o tempo de exposição, obtendo diretamente leituras expressas em percentagem
da dose máxima permitida legalmente para oito horas de exposição diárias.

Os sonómetros têm também a capacidade de efetuar leituras lentas (Slow – em


intervalos de 1 segundo), rápidas (Fast - em intervalos de 125 milissegundo) ou
impulsivas (Impulse - em intervalos de 35 milissegundo), para sons de pouca
variação ou de grande variação.

O sonómetro é um instrumento elétrico-eletrónico capaz de medir o nível de


pressão acústica expresso em decibel, independentemente do seu efeito
acústico. Regista um nível global ou linear de energia sobre a totalidade do
espectro de 0 a 20 000 Hz. É composto por um microfone, um atenuador, um
amplificador, um circuito de medida, um ou vários filtros, cuja missão é a
decomposição das pressões acústicas recebidas segundo as suas frequências.
Com o objetivo de ter em conta as distintas sensibilidades do ouvido humano,
segundo a sua frequência, os sonómetros estão dotados de filtros cujas curvas
de resposta.

Em suma um sonómetro é um analisador de som com um banco paralelo de


filtros em frequência e com a capacidade de selecionar filtros ponderadores
(curvas A, B, C e D).

A Norma Portuguesa NP 3496: 1988 especifica várias características dos


sonómetros, os ensaios elétricos e acústicos destinados a verificar a
conformidade com as características e descreve um método de calibração para
sensibilidade absoluta.

É também essencial que os equipamentos de avaliação de níveis de ruído sejam


homologados, pois isso é uma garantia da sua qualidade e desempenho e
devem ser calibrados anualmente e verificados. O permite a obtenção de
diversos indicadores de ruído:

• Instantâneos (SPL);
• Médios (LAeq);
• Estatísticos ou por percentis (por exemplo: L95, L50, L10);
• Máximos e mínimos (Lmax, Lmin).

A avaliação do ruído é, em geral, efetuada em termos do indicador LAeq,


podendo, em situações particulares, ser conveniente a utilização do LAeq em
conjunto com outros indicadores.

Os sonómetros não integradores devem ser evitados, pela complexidade, para


a determinação da exposição pessoal do trabalhador quando a pressão sonora
apresenta flutuações do nível sonoro, LpA, de grande amplitude ou para períodos
de exposição irregulares. No entanto, podem utilizar-se sonómetros não
integradores quando se trate de medição do nível sonoro (LpA) ponderado A de
um ruído uniforme, sendo a média aritmética dos valores extremos desse ruído,
conforme definido na alínea f) do artigo 1.º do Decreto Regulamentar nº 9/92, de
28 de abril, considerada igual ao nível sonoro contínuo equivalente,
LAeq,Tk ponderado A do referido ruído, num intervalo de tempo T k correspondente
ao ruído uniforme k a que o trabalhador está exposto durante T k horas por dia. As
medições feitas com sonómetros não integradores durante períodos curtos
satisfazem plenamente nos casos em que o trabalhador executa, num posto fixo,
tarefas repetitivas das quais resultem em geral ao longo do dia idênticos níveis
sonoros LpA.

As regras gerais a ter em conta na medição de ruído segundo o n.º 7 do artigo


4.º e o Anexo I do Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de setembro:

• As medições devem ser realizadas no posto de trabalho, na ausência do


trabalhador, com a colocação do microfone na posição em que se situaria
o ouvido mais exposto;
• Quando a presença do trabalhador for necessária, o microfone deverá ser
colocado a uma distância entre os 10 e os 30 cm em frente ao ouvido mais
exposto do trabalhador;
• O microfone pode ser fixado no vestuário, no ombro, no colarinho ou no
capacete, respeitando a distância fixada na alínea anterior;
• A direção de referência do microfone deve ser a do máximo ruído,
determinado por um varrimento angular do microfone em torno da posição
de medição;
• O intervalo de tempo de medição deve ser escolhido de modo a incluir
todas as variações importantes dos níveis sonoros nos postos de trabalho
e de modo a que os resultados obtidos evidenciem repetibilidade;
• O intervalo de tempo de medição, que depende do tipo de exposição ao
ruído, pode ser subdividido em intervalos de tempo parciais com o mesmo
tipo de ruído, designadamente ruído correspondente às atividades do
posto de trabalho ou do ambiente de trabalho;
• O intervalo de tempo de medição escolhido deve corresponder à duração
total da atividade, a uma parte desta duração e a várias repetições da
atividade, de modo que seja possível obter níveis de exposição sonora ou
níveis sonoros contínuos equivalentes, ponderados A, estabilizados a
mais ou menos 0,5 dB (A).

Na generalidade das situações, o nível de pressão sonora (Lp) a que um


trabalhador está sujeito não é constante, isto é, varia ao longo do período de
laboração e um trabalhador pode estar sujeito a diferentes tipos de ruído.
Torna-se, portanto, necessário para uma avaliação quantitativa dos níveis
sonoros estabelecer os parâmetros mais relevantes, bem como descrever os
diferentes tipos de ruído que possam normalmente existir.

O Nível de Pressão Acústica (Lp) é um valor de pressão acústica expresso em


dB pela relação:

O Nível de Potência Sonora (Lw) é o valor da potência sonora expresso em dB


pela relação:

Para se analisarem os efeitos dos vários tipos de ruído perante a exposição de


um trabalhador, criou-se o conceito de Nível Sonoro Contínuo Equivalente (Leq,
já referido em cima) que representa um nível sonoro constante, equivalente aos
vários tipos de ruído durante o mesmo intervalo de tempo de exposição. É
determinado pela fórmula:
Se o nível sonoro contínuo equivalente num determinado período de medição for
obtido através de um filtro de ponderação A é designado por nível sonoro
contínuo equivalente ponderado A (LAeq, T).

A Exposição Pessoal Diária de um Trabalhador ao Ruído durante o Trabalho


(LEX, 8h) representa um determinado nível de ruído, em dB (A), a que um
trabalhador está sujeito enquanto desempenha as suas funções num dia de
trabalho. O Decreto-Lei n.º 182/06 indica a seguinte fórmula matemática:

A Média Semanal dos Valores Diários da Exposição de um Trabalhador ao Ruído


̅̅̅̅̅̅̅̅
Durante o Trabalho (L EX,8h ) representa, em dB (A), uma média aritmética das

exposições diárias ao ruído a que um trabalhador está sujeito enquanto


desempenha as suas funções numa semana de trabalho. Também o Decreto–
Lei n.º 182/06 define a fórmula matemática:
O Pico de Nível de Pressão Sonora (LC pico) foi criado porque o trabalhador
poderá estar exposto durante o seu trabalho a diversos níveis de pressão sonora
instantânea. O valor máximo do pico de nível da pressão sonora é geralmente
medido diretamente pelos sonómetros integradores.

A fórmula matemática do Decreto-Lei é:

A Dose do Ruído (D %) indica a percentagem de ruído (dose) a que o trabalhador


poderá estar sujeito nos diversos postos móveis e assim determinar exposição
pessoal diária – LEX, 8h. Assim é muito usado nas situações em que o trabalhador
não possui um posto de trabalho fixo.

A dose de ruído define-se como o nível sonoro contínuo equivalente ponderado


(A) a que um trabalhador está sujeito durante um período de referência, que pode
ser de 8 horas diárias ou de 40 horas semanais.

Em Portugal, de acordo com a Norma Portuguesa 1733, o valor máximo


admissível correspondente a uma dose de 100% é de 90 dB (A), ainda que o
valor recomendado seja de 85 dB (A).
A vantagem de exprimir a dose de ruído em percentagem está no facto de ser
possível comparar a dose acumulada com o critério dos 100% seja qual for o
período de medição.

Como critério genérico para avaliar a exposição ao ruído pode ser aplicada a
tabela seguinte:

Já a Estimativa da Dose de Ruído permite estimar a dose total de ruído de um


trabalhador que ocupa diversos postos de trabalho durante as 8 horas laborais,
utilizando o Ábaco III (nomograma para a determinação do Leq – figura abaixo).

Inicialmente marca-se na coluna mais à esquerda, o Tempo (Ti) de exposição do


trabalhador consoante o posto de trabalho, depois marca-se na coluna do meio
a percentagem (%) da Dose (Di) a que o trabalhador está sujeito ao fim do tempo
marcado no início. Para finalizar, une-se os pontos assinalados anteriormente
para obter na coluna da direita o Leq respetivo.

Os mapas de ruído permitem visualizar globalmente o ruído na área em estudo,


permitindo avaliar adequadamente a situação em cada zona em particular e
ainda a realização de uma análise estratégica para a gestão do local em termos
de ruído. Fornecer informação ao público e aos responsáveis de ruído,
permitindo identificar, qualificar e semi-quantificar o ruído através de um código
de cores (tabela abaixo). Auxilia na avaliação da exposição do trabalhador ao
ruído e apoia na decisão sobre medidas a tomar e priorizar.

Finalizando, o empregador deve organizar registos de dados e manter arquivos


atualizados sobre a avaliação e o controlo dos valores da exposição pessoal
diária de cada trabalhador exposto ao ruído durante o trabalho e sobre a
vigilância médica e audiométrica da função auditiva dos trabalhadores expostos.
Deve também promover auditorias iniciais e anuais aos procedimentos
utilizados, fornecer proteção auditiva para exposições iguais ou superiores a 80
dB(A), garantir a utilização de proteção individual auditiva para exposições
superiores ou iguais a 85 dB(A), independentemente da duração da exposição e
garantir a formação e motivação dos trabalhadores.

As medições do ruído são por isso fundamentais para assegurar a proteção dos
trabalhadores contra os danos decorrentes da exposição. Assim o empregador
garante a segurança e a saúde dos trabalhadores, mas também do meio e
pessoas envolventes.

REFERÊNCIAS
Espiral Soft (2017). Módulo e Higiene do Trabalho (versão 5.0)
SESI (2010). Napo - Calem esse ruído! Disponível em
https://www.youtube.com/watch?time_continue=119&v=2NMglWi9USI e
acedido no dia 29/11/2017

Mário Paulo (2014). Videoaula - 8 Parte 1 - Riscos físicos RUÍDO – PAIRO.


Disponível em https://youtu.be/ALZ0Boe2jT8 e acedido no dia 30/11/2017

Mário Paulo (2014). Videoaula - 8 Parte 2 - Riscos físicos RUÍDO – PAIRO.


Disponível em https://youtu.be/ZeAUFsuevyc e acedido no dia 30/11/2017

Ana Paula Soromenho Fernandes (2013). Ruído Ocupacional Avaliação de


Ruído - Estaleiro Central da SETH, SA. Escola Superior de Ciências
Empresariais e Escola Superior de Tecnologia de Setúbal do Instituto
Politécnico de Setúbal

Adriano Luiz Spada. O Ouvido Humano. Attack do Brasil. Disponível em


http://www.attack.com.br/artigos_tecnicos/ouvido_humano.pdf e acedido no
dia 30/11/2017.
Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho (2005). Facts -
Redução e controlo do ruído
Decreto Regulamentar nº 9/92, de 28 de abril - Regulamenta o decreto lei
numero 72/92, de 28 de abril, e que estabelece o quadro geral de proteção dos
trabalhadores contra os riscos decorrentes da exposição ao ruído durante o
trabalho
Rui Augusto Sardinha (2017). Módulo – Higiene do Trabalho “Agente Físico
“Agente Físico – Ruído”. Espiral Soft
Associação Portuguesa de Segurança. Segurança no Trabalho - O Ruído no
Local de Trabalho. Disponível em https://www.apsei.org.pt/areas-de-
atuacao/seguranca-no-trabalho/o-ruido-no-local-de-trabalho/ e acedido no dia
04/12/2017
Ministério do Trabalho e Emprego (2001). Norma de Higiene Ocupacional -
Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído – NHO 01
Comissão europeia (2007). Guia Indicativo de Boas Práticas para a Aplicação
da Directiva 2003/10/CE “Ruído No Trabalho”
Conversa de chat no moodle de dia 04/12/2017 das 21:00 às 22:00
Ernesto Manuel Dias (2007). Ruído; Vibrações; Iluminação nos Locais de
Trabalho

Você também pode gostar