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Fatores Ambientais de

Incomodidade

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Sumário

Ruído

Vibrações

Ambiente Térmico

Qualidade do ar
Introdução

Fatores ligados ao ambiente físico, biológico e químico, influenciam as condições


de trabalho;

Estes fatores constituem um risco para a saúde dos trabalhadores ou, pelo
contrário, podem facilitar a realização do trabalho e constituir um meio para
garantir a sua eficácia;

A influência desses fatores sobre o individuo faz-se notar através de respostas


fisiológicas, suscetíveis de lhe provocar sensações de conforto ou de
desconforto.
1. Ruído

O som pode ser definido como um conjunto de vibrações sonoras que se


propagam através do ar:

Propagam-se por meios materiais transportando energia a partir de uma


fonte em todas as direções;

Resulta de variações de pressão no ar;

Estas alterações de pressão são percetíveis pelo ouvido e denominam-se


por pressão sonora, determinando a intensidade do som.
1. Ruído

O termo “ruído” tem uma conotação negativa, podendo


ser definido como um som indesejado, cuja intensidade
é medida em decibel (dB);

O ruído constitui uma causa de incómodo para o trabalho, uma


vez que se traduz num obstáculo às comunicações verbais,
numa fonte de fadiga e, em casos extremos, em lesões
auditivas permanentes.
1. Ruído

Efeitos Fisiológicos: Efeitos Psicológicos:

Lesões no sistema auditivo; Fonte de tensão;

Perturbações em diferentes funções Fonte de stress;


orgânicas (aumento da frequência
cardíaca e pressão arterial, contração dos Irritabilidade;
vasos sanguíneos e músculos estomacais);
Estado de angústia;
Perturbações gastrointestinais;
Estado de depressão.
Perturbações ao nível do Sistema Nervos
Central (dificuldades na fala, redução da
memória de retenção).
1. Ruído

O ruído pode influenciar negativamente a produtividade dos trabalhadores, a


qualidade dos produtos e serviços, estando também muitas vezes na origem de
acidentes;

Para avaliar o impacto do ruído sobre o trabalhador devemos não só ter em atenção
a sua intensidade como também o tempo de exposição do trabalhador a esse ruído.
1. Ruído

Sensação auditiva e tempo de reação:

O tempo de reação varia com o estado físico e mental do indivíduo e com a intensidade
do ruído Quanto maior for o tempo de reação maior será o risco a acidente.

Efeito máscara:

Os sons muito intensos podem ocultar os de menor intensidade podendo tornar


impercetíveis certos sons que alertariam para situações de perigo.
1. Ruído

Perturbação na localização de fontes sonoras:

Quanto mais intenso for o ruído mais difícil se tornará avaliar corretamente a
aproximação de um perigo;

Fadiga auditiva:

Tem como consequência uma redução de sensibilidade do ouvido. Quanto maior


for a fadiga mais intenso terá de ser o som para ser percebido. O aparecimento da
fadiga depende do tempo de duração do som e também da sua intensidade.
1. Ruído

Enquadramento Legal

Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de setembro


Transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2003/10/CE, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 6 de Fevereiro, relativa às prescrições mínimas de
segurança e de saúde em matéria de exposição dos trabalhadores aos riscos
devidos aos agentes físicos (ruído).

Decreto-Lei n.º 9/2007 de 17 de janeiro na versão atual


Aprova o Regulamento Geral do Ruído e revoga o regime legal da poluição
sonora, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 292/2000, de 14 de novembro.
Contém as seguintes alterações:
(DL n.º 278/2007, de 01/08 e Ret. n.º 18/2007, de 14/03)
1. Ruído

Nesse diploma, no artigo 2º pode se ler:

➢ i) «Valores de ação superior e inferior» os níveis de exposição diária ou semanal


ou os níveis da pressão sonora de pico que em caso de ultrapassagem implicam a
tomada de medidas preventivas adequadas à redução do risco para a segurança e
saúde dos trabalhadores;

➢ j) «Valores limite de exposição» o nível de exposição diária ou semanal ou o nível


da pressão sonora de pico que não deve ser ultrapassado.
1. Ruído

Exposição Pessoal Pressão Sonora de


Diária ou Semanal Pico

Valores Limite de Exposição 87 dB 140 dB

Valores de Ação Superiores 85 dB 137 dB

Valores de Ação Inferiores 80 dB 135 dB


1. Ruído

Medidas de proteção:

Suprimir a fonte de ruído, substituindo, por exemplo, a maquinaria ruidosa por


outra mais silenciosa;

Isolar as máquinas ruidosas e colocar materiais absorventes


nas paredes, tetos e chão;

Reduzir o tempo de exposição do trabalhador ao ruído e promover a utilização


de equipamentos de proteção individual.
1. Ruído

O aparelho utilizado na medição do nível do ruído chama-se Sonómetro:


2. Vibrações

A vibração é um movimento oscilatório de um corpo,


devido a forças desequilibradas de componentes
rotativos e movimentos alternados de uma máquina ou
equipamento;

Como todo o corpo em movimento oscilatório, um


corpo que vibra, descreve um movimento periódico,
que envolve um deslocamento num certo tempo;

Daí resulta a velocidade, bem como a aceleração do


movimento em questão.
2. Vibrações

Ao contrário de muitos agentes ambientais, a vibração somente será um


problema quando houver contacto físico efetivo entre um indivíduo e a fonte,
o que auxilia no reconhecimento da exposição.

Muitas são as atividades em que as vibrações estão presentes, como por


exemplo, a construção civil, a extração florestal, os transportes e as industriais
extrativa.

As vibrações afetam diferentes zonas do corpo, podendo


inclusivamente afetá-lo na sua totalidade.

Transmitem-se ao corpo humano segundo três eixos espaciais x,y e z).


2. Vibrações

O efeito combinado é igual à soma dos efeitos parciais.

O resultado desta ação conjunta pode afetar as condições de


conforto, de segurança e de saúde do trabalhador,
contribuindo ainda para a diminuição da sua capacidade de
trabalho.
2. Vibrações

Efeitos

Com a continuidade da
exposição, podem surgir
Dores de cabeça, tonturas, outros efeitos: o tato e a De referir ainda, os efeitos
vertigens, cãibras, sensibilidade à graves que as vibrações
tremores, dores temperatura ficam provocam na coluna
musculares, formigueiros comprometidos; perda de vertebral, nomeadamente
ou adormecimentos leves, destreza e incapacidade dores lombares, alterações
que são usualmente para a realização de degenerativas das
ignorados por não trabalhos que exijam maior vértebras e dos discos,
interferirem no trabalho e precisão e concentração. deslocamentos dos discos
em outras atividades; Os efeitos podem traduzir- e hérnias discais.
se uma aparência cianótica
dos dedos (acrocianose).
2. Vibrações

Enquadramento Legal

Decreto-Lei n.º 46/2006 de 24 de fevereiro


Transpõe para a ordem jurídica nacional a Diretiva n.º 2002/44/CE, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 25 de Junho, relativa às prescrições mínimas de
proteção da saúde e segurança dos trabalhadores em caso de exposição aos
riscos devidos a agentes físicos (vibrações).
2. Vibrações

Artigo 3.º
Valores limite e valores de ação de exposição

1 - Para as vibrações transmitidas ao sistema mão-braço são fixados os


seguintes valores:
a) Valor limite de exposição: 5 m/s²;
b)Valor de ação de exposição: 2,5 m/s².

2 - Para as vibrações transmitidas ao corpo inteiro são fixados os seguintes valores:


a) Valor limite de exposição: 1,15 m/s²;
b)Valor de ação de exposição: 0,5 m/s².
2. Vibrações

Medidas de proteção:

Reduzir a vibração na fonte;

Reduzir a transmissão da vibração para o corpo;

Reduzir o tempo de exposição;

Promover a utilização de equipamentos de proteção.


2. Vibrações

O aparelho utilizado na medição do nível de vibrações chama-se Acelerómetro:


3. Ambiente térmico

O Ambiente térmico desempenha um papel importante no melhoramento das


condições de trabalho;

O conforto térmico de um indivíduo representa o estado de espirito em que esse


indivíduo expressa a satisfação em relação ao ambiente térmico;

Fora dos limites do conforto térmico, podem registar-se alterações fisiológicas no ser
humano, que irão ter uma influência negativa sobre a sua capacidade de trabalho e até
mesmo sobre a sua segurança e saúde.
3. Ambiente térmico

Em condições normais de saúde e conforto, a temperatura do corpo humano mantém se


aproximadamente constante, próxima de 37 ºC (+/- 0,8 ºC), devido a um equilíbrio entre a
produção interna de calor (devido ao metabolismo) e a perda de calor para o meio
ambiente.
3. Ambiente térmico

Hipotermia:
Quando o calor cedido ao meio ambiente, é
superior ao calor recebido pelo corpo e ao calor
produzido por meio do metabolismo basal e da
realização de atividade física

Hipertermia:
Quando o calor cedido ao meio ambiente, é
inferior ao calor recebido pelo corpo e ao calor
produzido por meio do metabolismo basal e da
realização de atividade física.
3. Ambiente térmico

Ambiente térmico

Mecanismos para evitar a hipotermia:

➢ Vasoconstrição sanguínea: (diminuir a cedência de calor ao exterior);

➢ Desativação (fecho) das glândulas sudoríparas;

➢ Diminuição da circulação sanguínea periférica.


3. Ambiente térmico

Mecanismos para evitar a hipertermia

➢ Vasodilatação sanguínea: (aumenta a cedência de calor ao exterior)

➢ Ativação (abertura) das glândulas sudoríparas;

➢ Aumento da circulação sanguínea periférica.


3. Ambiente térmico

Efeitos da hipotermia

Mal estar geral

Diminuição da destreza manual e da sensibilidade tátil;

Aparecimento de frieiras

Enregelamento de algumas partes do corpo (temperaturas exteriores


inferiores a -20 ºC)

Morte por falha cardíaca (temperatura interior inferior a 28 ºC)


3. Ambiente térmico

Efeitos da hipertermia

Mal estar geral

Sobrecarga do coração e sistema circulatório

Queimaduras e erupções na pele

Morte, em casos extremos


3. Ambiente térmico

Enquadramento Legal:
Ambiente térmico

Decreto-Lei n.º 80/2006 de 4 de abril Aprova o Regulamento das Características de


Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE).

Decreto-Lei nº 118/98 de 7 maio Aprova o Regulamento dos Sistemas Energéticos de


Climatização em Edifícios
3. Ambiente térmico

Medidas de proteção

O controlo do ambiente térmico pode ser feito através da aplicação de medidas técnicas
(Climatização), de práticas no âmbito da organização do trabalho (Pausas) e da utilização
de proteção individual (Vestuário).
4. Qualidade do ar

Em virtude do aumento do uso de produtos


químicos em diversas situações de
trabalho, nenhum tipo de ocupação está
inteiramente livre da exposição a
substâncias capazes de produzir efeitos
nocivos ao organismo humano.

A qualidade do ar diz-se aceitável, quando


esta se encontra sem concentrações de
contaminantes prejudiciais à saúde, de
forma que uma parcela significativa de
pessoas expostas se sente satisfeita.
4. Qualidade do ar

Principais vias de penetração de contaminantes no organismo

Digestiva; Cutânea/Dérmica; Respiratória (inalação);

Ocular; Parenteral.
4. Qualidade do ar

Podemos fazer a distinção entre dois tipos de contaminantes:

Agentes biológicos Agentes químicos

Microorganismos Poeiras, fibras,


como vírus, bactérias, fumos, neblinas,
fungos e protozoários. aerossóis, gases e
vapores.
4. Qualidade do ar
Conceitos
Poeiras

Sólido
Incapacidade
Fibras
Permanente
Fumos

Estado Líquido Neblinas

Aerosóis

Gasoso Gases

Vapores
4. Qualidade do ar

Poeiras: são partículas de forma irregular, de substâncias cristalinas ou não, que


resultam do manuseamento de materiais sólidos ou de processos mecânicos de
desintegração. Podem também ser constituídas por aglomerados de várias
partículas.

Fibras: partículas de natureza mineral ou química provenientes de desagregação


mecânica e cuja relação comprimento/largura é superior a 3:1.

Fumos: partículas sólidas suspensas no ar, de pequenas dimensões, facilmente inaláveis,


procedentes de uma combustão incompleta ou resultantes da sublimação de vapores de
metais fundidos.
4. Qualidade do ar

Aerossóis: suspensão no ar de gotículas cujo tamanho não é visível à vista


desarmada e provenientes da dispersão mecânica de líquidos.

Neblinas: suspensão no ar de gotículas liquidas visíveis e produzidas por


condensação de vapor.

Gases: estão físico de certas substâncias a 25 ºC e 1 atm.

Vapores: fase gasosa de substâncias que nas condições padrão (25 ºC e 1 atm) se
encontram no estado sólido ou líquido.
4. Qualidade do ar

Medidas de proteção
Sempre que se verifica a existência de um contaminante devemos atuar, ou sobre o seu
foco, ou sobre o seu meio de difusão, ou, em último caso, sobre o indivíduo, promovendo a
utilização de equipamento de proteção individual adequado.
FIM

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