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ANÁLISE QUANTITATIVA DE RUÍDO CONTINUO E INTERMITENTE EM ÁREA

DE PROCESSAMENTO E ÁREA ADMINISTRATIVA, DE ACORDO COM A NR 15


EM UMA EMPRESA GLOBAL DE GASES INDUSTRIAIS E ENGENHARIA
LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE ORLÂNDIA DO NORTE – PA
Shara Alexandre da Silva¹
Esp. Antônio Paulo Miranda Serra²

RESUMO
Este estudo teve por objetivo realizar a avaliação quantitativa de ruído (inserido nos riscos
físicos), verificando se os resultados atendem às normas vigentes. Tal avaliação é realizada
através de medições in loco com o aparelho Dosimetro CIRRUS 5733. Com a Norma
Regulamentadora 15, e seu anexo nº1, foi possível determinar os limites de tolerância para o
ruído de 85 dB(A) para 8 horas diárias, porém os resultados encontrados são de 54,7dB(A).
verificou-se que o nível de ruído encontrado foi de 55,4 dB (A) para 8 horas diárias, ou seja, o
resultado não ultrapassou os limites determinados no Anexo nº 1 da NR 15. Sendo assim, a
exposição não apresenta riscos a integridade física e mental do trabalhador.

Palavras-chave: Ruído; Medições; Norma Regulamentadora 15; Limite de tolerância.

QUANTITATIVE ANALYSIS OF CONTINUOUS AND INTERMITTING NOISE IN


A PROCESSING AREA AND ADMINISTRATIVE AREA, ACCORDING TO NR 15
IN A GLOBAL INDUSTRIAL GASES AND ENGINEERING COMPANY LOCATED
IN NORTHERN ORLÂNDIA - PA

ABSTRACT
This study aimed to perform the quantitative assessment of noise (inserted in the physical
risks), checking if the results meet the current standards. Such evaluation is carried out
through on-site measurements with the Dosimetro CIRRUS 5733 apparatus. With Regulatory
Standard 15, and its annex 1, it was possible to determine the tolerance limits for noise from
85 dB (A) for 8 hours daily, however the results found are 54.7dB (A). it was found that the
noise level found was 55.4 dB (A) for 8 hours a day, that is, the result did not exceed the
limits determined in Annex No. 1 of NR 15. Therefore, the exposure does not present risks to
physical and mental integrity of the worker.

Keywords: Noise; Measurements; NR 15; Tolerance limits.

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1. INTRODUÇÃO

As doenças ocupacionais, desencadeada através das relações de condições de


trabalho, já são conhecidas e discutidas desde a segunda revolução industrial, no entanto, na
América Latina, a preocupação voltada paro os acidentes de trabalho é relativamente jovem,
introduzidas no contexto trabalhista apenas no século XX com o desenvolvimento da
industrialização. Essas doenças são adquiridas através da exposição dos trabalhadores aos
agentes ambientais físicos, químicos, biológicos e ergonômicos em situações acima do limite
de tolerância (MORAES, 2010).
Visto que o ambiente de trabalho é o local onde as pessoas passam a maior parte do
seu tempo é necessário que o trabalhador encontre segurança e condições adequadas de
trabalho.
As características e adequações do ambiente de trabalho podem afetar direta ou
indiretamente na produtividade, vida e saúde do trabalhador. De acordo com Klein e
colaboradores (2019), esse ambiente é um espaço de fatores interdependentes, como
instrumentos de trabalho e aos materiais nele disponíveis para a execução das atividades, onde
tais fatores, ao fugirem de controle, desenvolvem patologias do trabalho, acarretando
acidentes do trabalho, doenças profissionais ou doenças do trabalho.
Em 1999, Santos e Matos afirma que as repercussões na saúde do trabalhador
causadas pelo agente físico ruído, não são apenas auditivas e a maneira de estabelecer o
controle de possíveis danos é objeto de estudos no campo da saúde pública, da fisiologia, da
acústica e da engenharia. Isso demonstra a importância de se averiguar a intensidade sonora a
qual o trabalhador é exposto.
Por essa razão, é necessário que o ambiente de trabalho receba atenção dos
profissionais especializados, para garantir a qualidade e segurança aos funcionários e, assim,
diminuir riscos à saúde do trabalhador.
A NR12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos, determina os
requisitos mínimos para que ocorra prevenção de doenças e acidentes de trabalho. Para o
manuseio de uma máquina é necessária que sejam tomadas medidas de proteção como:
proteção coletiva, proteção individual e organização do trabalho (CRUZ, 2019). A NR 15 que
dispõe sobre as atividades e operações insalubre, Portaria nº 3.214, Anexo I – Limites de
tolerância para ruído contínuo e intermitente.
A criação de máquinas aprimorou a indústria e o processo produtivo, sendo possível,
assim, a substituição de trabalho físico por equipamentos motorizados. No entanto, além de

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inúmeros benefícios para as plantas industriais e avanço tecnológico, as máquinas são
responsáveis pela produção de enfermidades profissionais, que podem causar danos
irreversíveis ao trabalhador (SILVA, 2019).
O ruído é o responsável pelas mais frequentes enfermidades irreversíveis que
ocorrem no mundo, causando danos à saúde do trabalhador TAVARES,2019) A perda
auditiva é o principal dano, porém um ambiente ruidoso pode causar, também, distúrbios e
efeitos psicológicos, ocasionando na queda de atenção e desempenho no trabalho, podendo
provocar um acidente de trabalho.
O tipo de máquinas e equipamentos utilizados para o presente trabalho são motores,
bombas, vasos de pressão e vent’s. Para proporcionar a segurança do trabalhador, o operador
desse tipo de máquina deve ser devidamente treinado e certificado para exercer tal função.
O estudo de caso está voltado para 05 tipos de funções que estão em contato com o
mesmo tipo de risco físicos, ergonômicos e de acidentes. Nesse contexto, a pesquisa tem
como objetivo realizar a avaliação quantitativa de ruído (inserido nos riscos físicos),
verificando se os resultados atendem às normas vigentes. Tal avaliação é realizada através de
medições in loco com o aparelho Dosimetro CIRRUS 5733. Os cargos analisados são:

1. Engenheiro;
2. Técnico Mecânico
3. Técnico Sr. Instrumentação
4. Técnico Eletricidade;
5. Técnico Produção Líquido

Para análise do ruído, é possível utilizar, para fins de comparação, os limites de


tolerância presente no Anexo nº 1 da NR15 – Atividades e Operações insalubres, e assim,
verificar se o profissional, em função das suas atividades, está sujeito à danos em sua saúde,
como perda auditiva.

2. RUÍDO

Os primeiros estudos e esforços para o controle do ruído estavam voltados,


principalmente, para a contenção de sons causados por atividades industriais e tráfego aéreo.
Apesar das pessoas não se preocuparem com tal assunto, o ruído, em níveis elevados, pode
ocasionar problemas na saúde do ser humano, gerando efeitos fisiológicos e psicológicos
(NASCIMENTO,2019).

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Em 1970, nos Estados Unidos, foi criada a primeira legislação que tornou obrigatória
medidas de prevenção do ruído através de um Programa de Conservação Auditiva, orientando
ações semelhantes em todo o mundo (GONÇALVES, 2009).
A Portaria nº 19, de 9 de abril de 1998, instituiu pelo item 1.2 como um dos objetivos
do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional – PCMSO “Fornecer subsídios para a
adoção de programas que visem à prevenção da perda auditiva induzida por níveis de pressão
sonora elevados e a conservação da saúde auditiva dos trabalhadores.”
Segundo Gonçalves (2009), as primeiras dificuldades do portador de Perda Auditiva
Induzida pelo Ruído, são relacionadas à impossibilidade de ouvir sons comuns de seu
cotidiano, com a evolução esta dificuldade ocorre na comunicação interpessoal
comprometendo a compreensão da fala. Como efeito no meio social o trabalhador
erroneamente é considerado desatento ou antissocial. E tal dificuldade gera para o trabalhador
nervosismo, ansiedade, isolamento, irritação, fadiga, estresse e perda da autoestima.
Além do que já foi citado, o ruído causa dores de cabeça, atos de violência,
depressão, fadiga e, até mesmo, desestímulo sexual. Sendo assim, não importa o tipo de ruído,
seja ele urbano ou industrial, é sempre incomodo e provoca malefícios à saúde (TAVARES,
2019).

2.1 DEFINIÇÃO

Ruído define-se como um tipo de som indesejável e incômodo que se tipifica entre os
agentes contaminante de tipo físico. O Ruído apresenta-se como um som ou grupo de sons de
tal amplitude que pode ocasionar adoecimentos ou interferência no processo de comunicação.
Quanto à diferença entre som e ruído, sabe-se que o primeiro pode ser quantificado, enquanto
que o segundo é considerado um fenômeno subjetivo (GANIME et al., 2010).
De acordo com Marques (2019), as máquinas e equipamentos utilizados pelas
empresas produzem ruídos que podem atingir altos níveis, podendo ser de curto, médio e
longo prazo, e provocar sérios prejuízos à saúde. Dependendo do tempo de exposição, nível
sonoro e da sensibilidade individual, as alterações danosas poderão manifestar-se
imediatamente ou gradualmente. Quanto maior o nível de ruído, menor deverá ser o tempo de
exposição ocupacional.
O anexo nº 1 da NR15 – Atividades e Operações Insalubres, aponta que o ruído pode
ser classificado em ruídos de Impacto e ruídos contínuos ou intermitentes, para fins de
comparação com o limite de tolerância do trabalhador exposto

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Gosling e Araújo (2008), descrevem o ruído de impacto como um tipo de ruído que
apresenta picos de energia acústica. Cada pico deve durar menos de um segundo, sendo que o
próximo pico só pode ocorrer no mínimo um segundo depois do último. Caso a duração do
pico seja superior a um segundo e/ou o intervalo entre picos seja inferior a 1 (um) segundo o
ruído torna-se contínuo.

Ruídos devidos às atividades desenvolvidas no local estão relacionados ao próprio


local de trabalho que é ruidoso, por conta de máquinas, por exemplo, ou seja, os níveis de
ruído estão ligados diretamente à atividade desenvolvida no recinto. Os ruídos de fundo
geralmente são aqueles resultantes da superposição de um grande número de ruídos, vindo da
rua, por exemplo. E, por fim, os ruídos específicos, que são ruídos particulares percebidos em
meio aos demais (MARCO, 1986).

2.2 PERDA AUDITIVA INDUZIDA PELO RUÍDO (PAIR)

O termo PAIR, que se refere a Perda Auditiva Induzida pelo Ruído, é o utilizado pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, pela Previdência Social e pelo Ministério da Saúde,
porém alguns pesquisadores ainda usam o termo PAIRO – Perda Auditiva Induzida pelo
Ruído Ocupacional ou Surdez Ocupacional.
As perdas auditivas são decorrentes da exposição em níveis elevados de pressão
sonora e são caracterizadas por lesões irreversíveis. Gonçalves (2009), descrê cada dano ao
sistema auditivo com os seguintes critérios:
 Trauma acústico: lesões decorrentes de exposição única a níveis muito elevados de
pressão sonora, como uma explosão. Trata-se de uma lesão permanente e imediata, uni
ou bilateral.
 Mudança temporária de limiar auditivo (MTLA): dificuldade auditiva que surge após
exposição a ruído intenso por intervalo curto de tempo, acompanhado ou não de
zumbido, a audição retorna aos limiares anteriores à exposição após repouso acústico.
 Perda auditiva induzida por ruído (PAIR): lesão permanente na audição após
exposição repetida e prolongada a ruído intenso, acompanhada ou não de zumbido,
podendo ser devido ao ruído ocupacional ou social (lazer, hábitos sonoros etc.).
(GONÇALVES, 2009, p. 49).
Para analisar se a perda auditiva foi ocupacional é preciso considerar o histórico
laboral do trabalhador juntamente com os resultados laboratoriais e de avaliação
audiométrica. Os indivíduos possuem susceptibilidade diferente mesmo que expostos às

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mesmas condições de ambiente de trabalho. A idade também provoca um rebaixamento do
limiar auditivo.
Nesse sentido, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu em 1980 as
alterações causadas por ruído intenso, sendo elas:
 No sistema neurológico: alterações nas funções fisiológicas e sobre o psiquismo,
podendo surgir tremores nas mãos, diminuição da reação a estímulos visuais,
desencadeamento de crises epiléticas e mudanças na percepção visual das cores.
 No aparelho circulatório: alterações na pressão arterial e no funcionamento do
coração. No aparelho digestivo: alterações dos movimentos peristálticos e aumento da
produção de ácido clorídrico.
 No sistema endócrino: alteração no funcionamento das glândulas endócrinas e dos
hormônios que têm sua produção aumentada pelo estresse (adrenalina e cortisol,
hormônio do crescimento, prolactina).
 No sistema imunológico: alterações nos elementos que atuam na defesa imunológica.
No psiquismo: sentimento de irritação, falta de vontade, desconforto, indisposição,
ansiedade, depressão, diminuição da eficiência e da produtividade.

2.3 LIMITES DE TOLERÂNCIA

O tempo de exposição ocupacional do trabalhador e os níveis de ruído são os fatores


que determinam o limite de tolerância. Quanto maior for o nível de ruído, menor deve ser o
tempo de exposição do trabalhador. Além disso, quanto mais baixos esses níveis de ruídos
forem, melhor é a qualidade no ambiente de trabalho ou de repouso, pois a exposição
excessiva de sons com alta intensidade provocam danos à saúde, sejam eles psicológicos ou
físicos (MASSERA, 2015).
Para Saliba (2004) o reconhecimento do ruído é o primeiro passo para assegurar uma
boa qualidade no ambiente de trabalho. Nesse momento, se identificam os postos de trabalho
e funções onde há exposição ao ruído. O segundo passo é identificar a dose e o LEQ através
de avaliação sistemática. Assim, quando as ações são definidas conforme as seguintes doses:
 Dose > 0,5 > 1,0: é o nível de ação, que representa o valor em que devem ser iniciadas
as ações preventivas. Ação: monitoramento periódico da exposição, informação aos
trabalhadores e controle médico.
 Dose > 1,0: acima do Limite de Tolerância (LT). Ação: as medidas devem ser na fonte
e na trajetória em caráter de prioridade. E também as medidas de controle devem ser
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adotadas no trabalhador quanto à limitação da exposição e no acompanhamento do uso
de EPI, após a determinação da atenuação para garantir níveis de pressão sonora
abaixo do nível de ação.
Os trabalhadores que estão expostos à ruídos a partir de 85 dB (A), necessitam
utilizar protetores auriculares, como, por exemplo, se o ambiente de trabalho for em um
aeroporto, pois as turbinas de aviões e jatos possuem uma intensidade sonora de 120 dB (A),
apenas 30 dB (A) abaixo da intensidade que causa perda de audição. Os valores ideais variam
de acordo com as atividades que serão exercidas no ambiente, porém a partir de 65 dB (A), já
é possível perceber o desconforto. Dependendo do indivíduo para outro, os valores podem
variar, pois a sensibilidade auditiva pode ser menor ou maior para cada ouvido humano
(FREITAS e PASSOS, 2010).
3. INSALUBRIDADE

Atividades ou operações insalubres são aquelas que exponham os trabalhadores a


agentes nocivos à saúde e que estão acima dos limites de tolerância previstos nas legislações
(TEIXEIRA, 2013).

O conceito de insalubridade é definido pelo Artigo 189 da Consolidação das Leis do


Trabalho como atividades ou operações que por sua natureza, condições ou métodos de
trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, isto é, acima dos limites de
tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do 33 agente e do tempo de
exposição aos seus efeitos (BRASIL, Art. 189 da CLT. Redação conforme a Lei nº 6.514, de
22.12.1977).
Ambos os conceitos são aplicáveis ao ruído ocupacional porque um trabalhador
exposto a uma pressão sonora alta pode em certas condições adquirir diversos problemas,
entre eles a surdez permanente. É importante lembrar que o ruído tem que estar condicionado
à natureza, intensidade e tempo de exposição para ser um agente agressivo (SALIBA, 2011).
O Art. 189 da CLT salienta que a insalubridade só existirá quando os limites de
tolerância forem ultrapassados. Esses limites, no Brasil, estão contidos na Norma
Regulamentadora NR-15, anexo 1, tabela 5 que está no item 2.4.1 do mencionado trabalho. A
avaliação do agente físico ruído é realizada principalmente por meio quantitativo nos locais de
trabalho. Essa avaliação deve seguir os procedimentos estabelecidos pelas normas de Higiene
Ocupacional. No Brasil adota-se principalmente o proposto pela NHIO01 da Fundacentro.
Quando uma ocupação for insalubre o valor a ser pago é um percentual que incide
sobre o salário mínimo da região em que se encontra o colaborador. Segundo o item 15.2 da
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NR-15 esse percentual está ligado aos limites de tolerância e ao tipo de agente ao qual está
exposto. O valor varia de 40% para a Insalubridade em grau máximo, 20 % para grau médio e
10 % para grau mínimo. Se o trabalhador estiver exposto a mais de uma agente o responsável
pela avaliação deve optar pelo percentual mais alto, sendo que esses não são cumulativos.

4. MÉTODOS

A avaliação foi realizada no dia 19/11/2019, nos setores (Prédio Administrativo, sala
de Controle, e Área de Processo) de uma empresa global de gases industriais e engenharia
localizada localizado em Ourilândia do Norte. Esse procedimento foi realizado seguindo o
fluxograma abaixo:

Figura 1- Fluxograma de indentificação do problema

Sistema
Construtivo

Posição de
Máquinas e
operadore
Identificação

Fontes sonoras

Ações

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Durante a visita in loco para as medições, o trabalhador estava usando seus EPI’s,
tais como: uniforme completo, bota de couro e Protetor Auricular tipo CA – 18190 – 15db
(Figuras 2 e 3).

Figura 2 – Protetor Auricular utilizado Figura 3 – Protetor Auricular utilizado

Fonte – Autoria própria (2019) Fonte – Autoria própria (2019)


Em relação ao equipamento, foi utilizado o Dosimetro CIRRUS 4608, com o número
de série 60121, certificado HI – 2018/031 e devidamente calibrado (Figura 4).

Figura 4 – Dosimetro CIRRUS 4608

Fonte – Autoria própria (2019)

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Para a verificação do nível de ruído, primeiramente foi explicado ao trabalhador o
tipo de ensaio a ser realizado e apresentado o equipamento ao mesmo. Após as explicações, as
medições puderam ser realizadas.
Foi afixado na gola da camisa do trabalhador, lado direito a mais ou menos 10 cm de
distância da região auditiva, o receptor do equipamento. Após aferição e instalação do
equipamento e coleta de dados, o trabalhador foi liberado para exercer suas atividades
normalmente, com o aparelho preso ao corpo.
O trabalhador exerceu suas atividades diárias normalmente com o serviço de carga e
descarga de caminhões de açúcar. Deu-se início a atividade às 9:15 da manhã e tendo seu
encerramento as 13:00, onde o colaborador encerrou suas atividades para intervalo de almoço.
Às 13:20 o aparelho foi retirado do corpo do mesmo e encaminhado para retirada de dados da
medição.
Durante o período de medições, foram descarregadas duas carretas com 24 Bags de
açúcar e 4 caminhões com a mesma carga. As análises foram encerradas, sem nenhum relato
de incomodo pelo trabalhador.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando os resultados da dosimetria identificou-se que são ruídos de curva “A”,


ou seja, ruídos contínuos e intermitentes. Segundo o anexo 1 da NR15 o limite de tolerância
de exposição ou nível de pressão sonora (NPS) máxima permissível para 8 horas diárias é de
85dB(A), e o nível de ação é de 80dB (A), representando uma dose de 50%, como mostra a
figura 5.

Figura 5 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente

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Fonte – Norma Regulamentadora 15 (NR 15)

A partir do resultado, foi observado que a medição não ultrapassou o limite de


tolerância do anexo 1 da NR 15.O nível de ação que de acordo com o sub item 9.3.6 da NR
09, corresponde 50% da dosagem de ruído não foi ultrapassado. Logo não existe exposição
que comprometa a integridade da saúde física e mental do trabalhador.
O resultado mostra também que a média do nível de ação (Lavg) durante o tempo de
08:36:59 de medição é de 54,9 dB(A) e a projeção (TWA) para 8 horas é de 55,4 dB(A), logo
a avalição não ultrapassou os níveis previstos em norma, como mostra a figura 6.

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Figura 6 – Resultado de nível de ação do tempo de medição (Lavg) e de média ponderada do nível de pressão
projetada para 8 horas (TWA)

Fonte – Autoria própria (2019)

Apesar do resultado de 8 horas de trabalho não ter ultrapassado os níveis de ruídos


tolerados na norma, no período entre 14:00h e 16:00h ocorre um pico um pouco mais elevado
que de 90dB, maior valor encontrado durante todo o período de medição (Gráfico 1), sendo o
resultado avaliado na média do nível de ação (Lavg).

Gráfico 1 – Histograma de frequência de ocorrência de eventos

Fonte – Autoria própria (2019)

6. CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos, nas medições, verificou-se que o nível de ruído


encontrado foi de 55,4 dB (A) para 8 horas diárias, ou seja, o resultado não ultrapassou os
limites determinados no Anexo nº 1 da NR 15. Sendo assim, a exposição não apresenta riscos
a integridade física e mental do trabalhador.
Por fim, as avaliações realizadas não ultrapassaram o limite de exposição de 85
dB(A), disposto no quadro 1, do anexo 1 da NR 15, para uma jornada de trabalho de 8 horas
diárias. O nível de ação correspondente a 50% da dosagem de ruído, com limite de 80 dB(A),

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conforme o item 9.3.6 da NR 9 (PPRA), também não apresentou ultrapassagem em todas as
avaliações realizadas. Logo fica definido que a empresa não necessita realizar a entrega
obrigatória da proteção auditiva (EPI) para os colaboradores do setor avaliado e seus
respectivos colaboradores em seus grupos homogêneos de exposição. Quanto a configuração
da exposição ao agente avaliado o nível de pressão sonora encontrado foi inferior ao definido
como limite de tolerância, sendo condicionado como, NPS Avaliado < LTNR 15,
caracterizando o ambiente de trabalho como salubre.

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