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ANÁLISE DE INSALUBRIDADE EM UM
RESTAURANTE DO MUNICÍPIO DE
JUQUITIBA-SP
1. Introdução
O setor laboral das pequenas empresas, a título de exemplificação, com dificuldade para a
realização de controles efetivos sobre condições nocivas do ambiente ao trabalhador, depende
de uma observação criteriosa acerca das inconformidades eventualmente sanáveis e reguladas
pela citada legislação.
Nesta realidade está grande parte dos trabalhadores que atuam em restaurantes, considerando-
se que muitas vezes estes sujeitos estão expostos a riscos sem controle algum.
2. Referencial teórico
2.1. Insalubridade
Art. 189 - Atividades ou operações insalubres são aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos
(BRASIL, 1943).
Entende-se por Limite de Tolerância (LT) a concentração ou intensidade máxima ou mínima,
relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde
do trabalhador, durante a sua vida laboral (BRASIL, 2011).
A Portaria MTb 3.214/78 institui as primeiras 28 Normas Regulamentadoras (NR), entre elas
a NR-15 que trata sobre atividades e operações insalubres (BRASIL, 1978).
De acordo com a NR-15, são consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que
estão acima dos LT´s previstos nos anexos 1, 2, 3, 5,11 e 12, as atividades mencionadas nos
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2.2. Som
O som promove ondas em meio físico, que tende a propagá-lo até que sua resistência o
encerre (MERLUZZI, 1981 apud. BRASIL, 2006; VIEIRA, 2008; GERGES, 2008; VIDAL,
2011).
2.3. Ruído
De acordo com Vidal (2011, p.711), o ruído é o som constituído por grande número de
vibrações acústicas com relações de amplitude e fase distribuída ao acaso.
Quando uma pessoa sofre uma exposição curta a níveis elevados de ruído, ocorre uma
mudança temporária no limiar de percepção auditiva (MTL) (GRANDJEAN, 1998; BRASIL,
2006; VIEIRA, 2008), como mecanismo de proteção frente a tal condição (VIDAL, 2011).
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A exposição de uma pessoa a 95 dB (A) , num período de 3 horas, é suficiente para causar
perda auditiva temporária (VIDAL, 2011).
As medições de ruído devem ser feitas de acordo as determinações da NR-15, para cada tipo
de ruído, e com a orientação da Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO), elaborada e
publicada pela FUNDACENTRO (FUNDACENTRO, 2001).
]De acordo com a NHO–01 utilizam-se para a medição de ruído os medidores de integradores
de uso pessoal ou portados pelo avaliador (dosímetro de ruído) e medidores de leitura
instantânea (decibelímetro) (FUNDACENTRO, 2001).
O Anexo 1, da NR-15 define os limites de tolerância para ruído intermitente, de acordo como
está descrito na tabela 1.
De acordo com a NR-15, se durante a jornada de trabalho ocorrer dois ou mais períodos de
exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados,
da seguinte forma (BRASIL, 2011):
Onde:
D = dose;
De acordo com a NR-09, para exposição ao ruído o nível de ação é igual 0,5 ou 50% da dose
(BRASIL, 1994), considerando que o nível de ação é o valor acima do qual devem ser
iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a
agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição (BRASIL, 1994).
Obtido o valor da Dose de ruído, pode–se calcular o Nível de Exposição de Ruído (NE), que é
nível médio representativo da exposição diária. O NE é calculado da seguinte forma:
Sendo:
2.4. Calor
A temperatura é medida de acordo com um referencial, sendo mais usadas as escalas Kelvin
(K) e Celsius (C) (HALLIDAY, et al., 2011).
O calor pode ser medido na forma de Joules (J), caloria (cal) ou British termal units (Btu).
Cada corpo possui uma capacidade térmica, que varia de acordo com suas características,
sendo essa a relação entre a quantidade de calor absorvido (J ou cal) pela variação de
temperatura (°C ou K). A capacidade térmica é influenciada pelo calor específico, sendo esse
a quantidade de energia por unidade de massa (grama) que um corpo é capaz de absorver, é
medido em J/g ou cal/g (HALLIDAY, et al., 2011).
A troca de calor pode ocorrer por quatro formas diferentes: convecção; condução; radiação;
evaporação.
A convecção ocorre quando há troca de calor entre um corpo e um fluído (líquido ou gasoso).
A velocidade da troca de calor é diretamente proporcional à velocidade do fluído, portanto
quando maior a velocidade do fluído, maior a troca de calor (WEBSTER, 2008; COUTINHO,
2011; HALLIDAY et al., 2011).
A condução é processo de troca de calor que se dá pelo contato direto entre dois corpos com
temperaturas diferentes. O corpo com temperatura mais elevada cede calor para o corpo com
menor temperatura, até que haja equilíbrio térmico entre os dois (WEBSTER, 2008;
COUTINHO, 2011; HALLIDAY et al., 2011).
A radiação de calor é o processo pelo qual um corpo irradia calor através de ondas
eletromagnéticas. Ao contrário dos processos citados anteriormente, esse não necessita de um
meio material para que ocorra, o processo radiação pode ocorrer no vácuo (WEBSTER, 2008;
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O processo de evaporação ocorre quando um corpo, que possua líquido em sua composição,
se encontra em um ambiente com temperatura superior a sua. O líquido rouba calor do corpo
em questão e sofre mudança de estado, transformando-se em vapor. A quantidade de líquido
evaporado varia de acordo com a saturação de água no ambiente e da velocidade do ar
presente no seu entorno (ASTETE et al., 1995; RUAS, 1999, COUTINHO, 2011).
O equilíbrio térmico do organismo pode ser descrito pela seguinte equação: M±C±R-E=0,
onde M representa o calor gerado pelo metabolismo, C é o calor trocado com por convecção e
condução, R a energia trocada ou perdida por radiação e E a energia perdida por evaporação
(IIDA, 1997, p. 233).
Quando o calor do ambiente aumenta o corpo desencadeia reações fisiológicas que promovem
a perda de calor para manutenção homeotérmica. Porém, quando o calor é excessivo, podem
ocorrer distúrbios fisiológicos (ASTETE; et al., 1995).
A exposição de calor deve ser medida pelo Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo
(IBUTG), de acordo com a NR- 15 (BRASIL, 2011).
O IBTUG pode ser calculado usando três termômetros: termômetro de globo, termômetro de
bulbo úmido e, termômetro de bulbo seco (BRASIL, 2011).
Para ambiente sem carga solar o IBUTG é calculado utilizando-se apenas das medidas do
termômetro de globo e termômetro de bulbo úmido, através da seguinte equação (BRASIL,
2011):
Onde:
Onde:
As medidas devem ser feitas nos pontos onde permanece o trabalhador, na altura do corpo
mais atingida pelo calor (BRASIL, 2011).
Quadro 1 – Limites de tolerância para exposição ao calor em regimes de trabalho intermitente com períodos de
descanso no próprio local de trabalho
3. Metodologia
Foi realizada uma visita prévia ao Restaurante para reconhecer os riscos existentes nos postos
de trabalho e planejar as medições que seriam feitas.
Os funcionários foram questionados sobre quais os locais e horários em que se percebia maior
intensidade de calor e ruído no ambiente laboral, bem como o período de tempo despendido
para cada atividade.
Com a observação das atividades realizadas e informações prévias colhidas, verificou-se que
os funcionários que atuam no salão, onde são servidas as refeições reclamavam
constantemente do ruído.
Para medição do ruído foi utilizado um dosímetro da marca Instrutherm, modelo DOS-500.
As configurações usadas no dosímetro foram:
Circuito de ponderação A;
levantamento do ruído foi realizado por um período de 8 horas cobrindo toda a jornada de
trabalho.
As medições de exposição ao calor foram feitas em dois pontos da cozinha (Pontos 1 e 2),
como demonstrado na figura 1.
Neste ambiente trabalham quatro funcionárias no período das 08h00 até as 16h00. Para a
avaliação considerou-se o período das 10h00 até às 14h30, pois trata-se do intervalo em que
se realiza o cozimento dos alimentos.
A atividade é classificada como trabalho moderado, com uma taxa metabólica de 220
Kcal/hora, de acordo com o Quadro 3, do Anexo 3 da NR-15. Os resultados obtidos pela
medição de temperatura constam na Tabela 2.
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PONTO 1
TERMOMETRO DE TERMOMETRO DE IBUTG
HORÁRIO
GLOBO (°C) BULBO ÚMIDO (°C) (°C)
10h47min 30,5 25,9 27,2
10h48min 30,4 25,8 27,1
10h49min 30,5 25,8 27,2
10h52min 30,1 25,8 27,0
10h53min 30,2 25,8 27,1
10h54min 30,1 25,7 27,0
PONTO 2
11h11min 31,0 26,7 27,9
11h12min 31,2 26,6 27,9
11h13min 31,1 26,5 27,8
11h20min 32,0 26,1 27,8
11h21min 31,9 25,9 27,7
11h22min 32,1 26,1 27,9
De acordo com a NR-15, para regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local
de trabalho, com atividade moderada, o IBUTG máximo permitido é até 26,7 °C. Verifica-se
que os resultados obtidos em todas as medições, apresentadas na tabela 2, ultrapassam este
valor, caracterizando a atividade como insalubre.
O cálculo da dose de ruído obtida pelo dosímetro foi de 5,2 %, valor inferior ao Nível de
Ação (NA) determinado pela NR–9, que é de 50%. Através do valor da dose foi calculado o
Nível Equivalente de pressão sonora (NE):
No presente caso, com TE = 480 minutos e D= 5,2 %, o NE obtido foi de 72,16 dB(A).
Demonstrando que durante a jornada de 8 horas os trabalhadores estiveram expostos a um
nível de pressão sonora equivalente a 72,16 dB(A).
Durante a medição de ruído, perceberam-se também picos de 85 dB(A), sendo que no período
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5. Conclusão
A partir dos resultados obtidos, verificou-se que os trabalhadores que atuam na cozinha estão
expostos a condições insalubres de trabalho, devido exposição excessiva ao calor, enquanto
aqueles em atividade laboral no salão não estão expostos a tais condições em relação à
exposição ao ruído.
Os resultados obtidos para níveis de exposição ao calor estão acima dos limites determinados
pela legislação, sendo que para a situação atual os trabalhadores deveriam ter um regime de
trabalho de 45 minutos para 15 minutos de descanso, a cada hora. Se a situação for mantida a
empresa deverá pagar um adicional de insalubridade de 20% (grau mínimo), nos termos da
NR-15.
Não há condições insalubres para exposição ao ruído e não se faz necessário a tomada de
medidas de prevenção por tal exposição. As medições realizadas apontaram conformidade no
nível de ruído previsto pela NR-09.
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em: 18 fev. 2014.
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