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Atividade da disciplina: O ambiente e as doenças de trabalho

Aluna: Fernanda Sousa Gomes Mota – 201951519019

Curso: Eng. De Segurança do Trabalho

Professora: Moara Martins

Fortaleza – Ceará

2021
Importância da gestão do PCMSO

Durante o processo de industrialização, a ocorrência de doenças e acidentes do


trabalho tornou-se cada vez mais presente, devido a mecanização das fábricas e a da
utilização de técnicas de produção que utilizavam substâncias, formas de energia ou
meios de produção que podem impactar na saúde e segurança dos trabalhadores. Como
uma forma de medir esforço para a criação de um ambiente mais seguro para os
trabalhadores o Ministério do Trabalho criou as Normas Regulamentadoras.

O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional é regulamentado pela norma nº


07 do Ministério do Trabalho e Emprego Ela estabelece a obrigatoriedade de criação e
implementação, por parte das empresas empregadoras, do PCMSO com a finalidade de
promover e preservar a saúde de seus colaboradores. A NR 07, estabelece a
obrigatoriedade da elaboração por parte do todos os empregadores o PCMSO, a mesma
estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes gerais para a elaboração do programa,
fazendo parte do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da
prevenção, considerando as questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade.

Em síntese, na elaboração do PCMSO, o mínimo requerido é um estudo prévio


para reconhecimento dos riscos ocupacionais existentes na empresa, por intermédio de
visitas aos locais de trabalho, baseando-se nas informações contidas no PPRA. Com
base neste reconhecimento de riscos, deve ser estabelecido um conjunto de exames
clínicos e complementares específicos para cada grupo de trabalhadores da empresa. O
PCMSO deve ser coordenado por um médico, com especialização em medicina do
trabalho, que será o responsável pela execução do programa. Ao empregador, por sua
vez, compete garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, tanto quanto
zelar pela sua eficácia. Procurando garantir a efetiva implementação do PCMSO, a NR-
7 determina que o programa deverá obedecer a um planejamento em que estejam
previstas as ações de saúde a serem executadas durante o ano, devendo estas ser objeto
de relatório anual. O relatório anual deverá discriminar, por setores da empresa, o
número e a natureza dos exames médicos, incluindo avaliações clínicas e exames
complementares, estatísticas de resultados considerados anormais, assim como o
planejamento para o ano seguinte.

NR 15 - operações insalubres na construção civil


O setor construtivo no Brasil destaca-se por sua considerável
representatividade na economia do país. Este é responsável por uma cadeia produtiva
muito extensa, que gera e distribui renda e milhares de emprego de forma direta e
indireta. A construção civil apresenta certa resistência a tecnologias, sendo
caracterizado pela informalidade, baixo nível de qualificação dos trabalhadores, grande
rotatividade e terceirização. Tal condição, agrava diretamente os números de acidente
de trabalhado nos canteiro de obras da construção civil, visto que estudos comprovam a
relação da baixa capacitação de funcionários com o aumento de acidentes do trabalho
no setor.

A NR 15, é a norma referente as atividades e operações insalubres,


determinando critérios e limites de exposição para os agentes físicos, químicos e
biológicos, esta norma apresenta uma definição para a aplicação de limites de
tolerância.
Diante desse contexto, é conhecido que dentro dos canteiros de obras existem
diversos agentes que colocam em risco a segurança dos trabalhadores da construção
civil.
Um agente ambiental será considerado de risco, quando decorrente de sua
natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, causar danos à saúde dos
trabalhadores.
Os agentes físicos são as diversas formas de energia que possam estar expostos
os trabalhadores, e eles podem se manifestar nas formas de: vibrações, ruídos, pressões
anormais, temperaturas anormais, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem
como o infra-som e o ultrassom (NR 9, 2017).
Já os agentes químicos são os compostos, substâncias ou produtos que podem
ser absorvidos pelo organismo, através da pele, por ingestão ou pelas vias respiratórias,
dependendo da natureza da atividade de exposição. Ademais, quando pelas vias
respiratórias, se manifestam nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou
vapores (NR 9, 2017).
Com relação aos agentes biológicos, conforme item 9.1.5.3 da NR 9 (2017),
“consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários,
vírus, entre outros.” Filgueiras (2017) complementa a norma, identificando outros
agentes biológicos, como as culturas de células, toxinas, príons, microorganismos,
animais peçonhentos e acidentes de ataque de animais domésticos e selvagens.
Limites de tolerância para ruídos contínuo e intermitente
Conforme Anexo nº 1 da NR 15 (2018), “entende-se por Ruído Contínuo ou
Intermitente, para os fins de aplicação de Limites de Tolerância, o ruído que não seja
ruído de impacto.” Estes devem ser medidos próximas ao ouvido do trabalhador, em
decibéis (dB)
De acordo com a NR 15 (2018), o ruído de impacto é caracterizado por picos de
energia acústica de duração inferior a um segundo e intervalos superiores a um segundo.
Os tempos de exposição medidos, no ambiente laboral, não deverão exceder os limites
de tolerância dispostos na Tabela 1, caso contrário, serão consideradas atividades
insalubres:

Tabela 1

De acordo com a norma, são classificadas situações de risco grave e iminente as


de exposição a níveis de ruído superiores a 115 dB(A), contínuo ou intermitente, nos
casos que o trabalhador não possui proteção adequada. Desta forma, a norma não
permite a exposição acima de 115 dB(A) para empregados que não estejam
corretamente protegidos. (NR 15, 2018). A preocupação com a exposição à fontes de
ruído é importantíssima para a saúde dos trabalhadores a prolongada exposição deste
agente por longos períodos, pode resultar na Perda Auditiva Induzida pelo Ruído
(PAIR), sendo esta uma das doenças ocupacionais mais frequentes no mundo.

Limites de tolerância para exposição ao calor

Condições ambientais desfavoráveis, como temperaturas elevadas combinadas


ao esforço físico decorrente de atividades laborais e vestimentas inadequadas, podem
elevar a temperatura interna do corpo humano (termorregulação), causando ativação das
glândulas sudoríparas, vasodilatação, desidratação, câimbras, choque térmico ou
insolação, entre outros. Esses sintomas e doenças são frequentes quando a exposição ao
calor atinge níveis críticos, pois podem levar o corpo humano a uma condição de
sobrecarga térmica, que, se prolongada, causa uma série de sintomas e reações
fisiológicas denominadas estresse térmico Indiretamente, a exposição ao calor excessivo
pode resultar em acidentes do trabalho, devido a níveis mais altos de fadiga, lapsos de
concentração e tomadas de decisão erradas.

A exposição ao calor deve ser analisada através do "Índice de Bulbo Úmido


Termômetro de Globo" - IBUTG. Para a avaliação desse agente, serão necessários os
seguintes instrumentos de medição: termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de
globo e termômetro de mercúrio comum (NR 15, 2018). De acordo com o Anexo nº 3
da referida norma, para calcular o IBUTG deverá ser periciado o ambiente que o
trabalhador exerce suas atividades, e identificado se este fica em área externa ou interna,
e se durante as operações ele está exposto à carga solar ou não.

Limites de tolerância para poeiras minerais

O Anexo nº 12 da NR 15 (2018) relaciona os limites de tolerância do trabalhador


para as poeiras minerais de asbesto, manganês e seus compostos e sílica livre
cristalizada. Dentro da indústria da construção civil, as atividades que apresentaram
exposição ao trabalhador a poeiras com sílica são as de contato com concreto e pedras,
como: lixamento de concreto de fachada, apicoamento de parede de concreto, quebra de
contrapiso de concreto com uso de martelete, arrasamento de estaca de concreto com
uso de martelete, corte de granito e operações com pá mecânica no transporte de solo e
cal.

A exposição exagerada de sílica livre cristalizada pode ser muito nocivo ao


trabalhador, causando doenças pulmonares, como a silicose, que provoca insuficiência
respiratória devido a nódulos de tecido cicatrizado no pulmão.

O Anexo nº 12 da NR 15 (2018) apresenta os limites de tolerância de exposição


à poeira mineral de sílica livre cristalizada, que também é nomeada por quartzo, para
jornadas de trabalho de até 48 (quarenta e oito) horas por semana. A norma também
apresenta recomendações com o objetivo de reduzir a exposição do trabalhador a este
agente, como a utilização de sistemas de umidificação de máquinas e ferramentas
utilizadas nos processos de corte e acabamento de rochas ornamentais e a proibição do
processo de trabalho de jateamento que utilize areia seca ou úmida como abrasivo.

Agentes Químicos

De acordo com o Anexo nº 13 da NR-15 (2018), a caracterização de


insalubridade para a exposição aos agentes químicos indicados na norma acontece de
forma qualitativa, ou seja, basta a presença do agente para o ambiente ser considerado
insalubre ao trabalhador. A partir da constatação do agente nocivo, o grau de
insalubridade é atribuído com base no tipo de atividade e operação desempenhada pelo
empregado no ambiente laboral.

O cimento, que possui “álcalis cáusticos” em sua composição, é um dos


principais agentes químicos entre os produtos usados na indústria da construção civil,
pois está presente praticamente do início ao término, desde a fundação até a fase de
acabamento da obra.

A NR 15 (2018) identifica que as atividades de fabricação e manuseio de álcalis


cáusticos caracterizam insalubridade de grau médio. De acordo com Fracaro (2012),
devido a alcalinidade do cimento, este deve ser manipulado com proteção ao
trabalhador, visto o risco de dermatoses no contato com a pele. Ademais, a frequência
do contato com este agente sem segurança pode resultar em “lesões indolentes”,
manifestada por fissuras e rachaduras na pele, que podem levar a infecções secundárias.

EPI na neutralização da insalubridade


A NR 15 (2018) explica que existem duas formas de eliminar ou neutralizar a
insalubridade no local de trabalho: a partir da adoção de medidas de ordem geral que
mantenham o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância e com a utilização
de Equipamento de Proteção Individual - EPI por parte do trabalhador. Uma vez
comprovada a eficiência da adoção de uma das alternativas acima, o pagamento de
adicional de insalubridade ao empregado será cessado.

A empresa é obrigada a fornecer o EPI gratuitamente aos trabalhadores, que


deve ser adequado para o risco que o empregado está exposto no local de trabalho, além
de estar em perfeito estado de conservação e funcionamento.

A empresa é obrigada a fornecer o EPI gratuitamente aos trabalhadores, que


deve ser adequado para o risco que o empregado está exposto no local de trabalho, além
de estar em perfeito estado de conservação e funcionamento.

REFERENCIAS
AMORIM, Adriana Eloá Bento; LABAKI, Lucila Chebel; MAIA, Paulo Alves; BARROS, Thais
Maria Santiago; MONTEIRO, Luiz Roberto. Exposição ocupacional ao calor em
atividades a céu aberto na construção de estruturas de edifícios. Gestão e Economia
da Construção, [S. l.], p. 1-15, 5 dez. 2019. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ac/a/PrbvwnXRYxWMP5TCZYtQSZv/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em: 1 jun. 2021.

DA SILVA, Cleiton Luiz Loyola; GOMES, André Raeli. PCA: QUAL A SUA IMPORTÂNCIA
PARA A SAÚDEDO TRABALHADOR?. Revista Interdisciplinar do Pensamento
Científico., [s. l.], 16 jul. 2016. Disponível em:
http://reinpeconline.com.br/reinpec/index.php/reinpec/article/view/131/94. Acesso em:
1 jun. 2021.https://www.scielosp.org/article/csp/2004.v20n1/224-232/pt/

IDENTIFICAÇÃO DOS AGENTES NA CONSTRUÇÃO CIVIL QUE CARACTERIZAM


INSALUBRIDADE. 2019. Monografia (Curso de Especialização Especialização em
Engenharia de Segurança do Trabalho) - Universidade do Sul de Santa Catarina, [S. l.],
2019. Disponível em:
https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/3792/1/Monografia%20-
%20Julia%20Silveira%20Paegle%20%281%29.pdf. Acesso em: 1 jun. 2021.

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