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Estudos de Psicologia
2001, Vol 18, no 3, 23-32
Abstract
The Psychologist and the Patients' s Spirituality in the Hospital
This paper describes the elements of Spirituality's conception, which integrates the techniques of
Mental Relaxation and Mental Images. This method is intended to promote Quality of Life in the
Death Symbolic Pain, what is represented by the Psychic Pain and Spiritual Pain, in the care of
terminal patients. The elements of Spirituality' s conception are based in psychiatric research on
the report of patients that experienced a Near Death Experience and come back to the normal life.
Key words: death symbolic pain, palliative care, spirituality, hospital psychology, terminal
patients.
Introdução
cação da Dor Simbólica da Morte de Pacientes
O conteúdo do presente artigo foi apresen-
Terminais que foi desenvolvida pela autora e
tado em Mesa Redonda no V Congresso Brasi-
orientada pelo co-autor na Faculdade de Ciên-
leiro de Psicologia Hospitalar, realizado de 09 a
cias Médicas - UNICAMP.
12 de outubro de 2000, em São Paulo e deriva da
Dissertação de Mestrado: Relaxamento Mental, O comitê de taxonomia da "International
Imagens Mentais e Espiritualidade na re-signifi- Association for the Study of Pain" - I.A.S.P.,
1
Psicóloga pela PUC - Campinas; Mestre em Ciências Médicas, área Saúde Mental, UNICAMP; Especialista
em Psicoterapia de base analítica pela F.C.S.M. "Dr Maurício Knobel"; Membro Efetivo da Sociedade Brasileira
para o Estudo da Dor, filiada à International Association for the Study of Pain.
Endereço para correspondência: Av. Jesuíno Marcondes Machado, 189, Campinas, S.P. CEP 13093 320 -
Fones (19) 3294 9184 / (19) 9705 2579. e-mail: catarinaelias@hotmail.com
2
Médico Psiquiatra; Analista Junguiano pela Associação Junguiana do Brasil e pela International Association for
Analytical Psychology; Professor Associado do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de
Ciências Médicas, UNICAMP.
3
Órgão Financiador da Pesquisa: CAPES.
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(Associação Internacional para o Estudo da Dor), grande e sempre crescente estoque de técnicas e
conceituou a dor como uma experiência sensorial conhecimentos científicos, é fundamentada em
e emocional desagradável, associada a lesões teci- paradigmas - um conjunto de crenças que são
duais reais ou potenciais ou descrita em termos de aceitas durante um determinado período de
lesões teciduais. (MERSKEY et al, 1979). tempo pela comunidade cientifica. Os pesquisa-
dores, mesmo sem perceberem, são influencia-
SAUNDERS (1991) formulou em 1967 o
conceito de Dor Total que inclui o sofrimento físi- dos pelos paradigmas vigentes na sua época.
co, psíquico, social, espiritual, mental e financeiro Uma mudança de paradigma inclui uma grande
do paciente, abrangendo também o sofrimento e profunda modificação de idéias e percepções
dos familiares e da equipe médico-hospitalar. do mundo.
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forma apropriada e passem a incluir no seu ficado nesse conceito de espiritualidade após
conteúdo programático a aprendizagem sobre terem ficado doentes apresentaram melhor
aspetos espirituais. Qualidade de Vida neste período do que a que
tiveram antes do diagnóstico. BURTON (1998)
BRADY et al (1999) afirmaram que a
demonstrou que a espiritualidade / religiosida-
grande maioria dos instrumentos para medir
de é um elemento significativo na vida da maio-
Qualidade de Vida em Oncologia não inclui
ria dos americanos e possui uma função
espiritualidade como um elemento importante,
importante no enfretamento de períodos de
mas, frente aos resultados que obtiveram em sua
crise, como câncer. Por esta razão os profissio-
pesquisa, observaram que o bem-estar espiritu-
nais da área de saúde deveriam aprender a usar
al é tão importante quanto o bem-estar físico e
apropriadas avaliações de protocolos e incluir
concluíram que o modelo de ser humano para se
apropriadas intervenções espirituais / religiosas
medir Qualidade de Vida em Oncologia, deve
em sua prática profissional. PUCHALSKI &
ser o biopsicossocial e espiritual. MYTKO &
LARSON (1998) escreveram sobre a importân-
KNIGHT (1999) concluíram em seus estudos
cia do desenvolvimento curricular da Espiritua-
que a inclusão regular de aspectos religiosos e
lidade nos cursos de Medicina e afirmaram que
espirituais em estudos de Qualidade de Vida é
as escolas médicas devem começar a ensinar os
necessária para melhor compreender e trabalhar
seus alunos a lidarem com os interesses espiri-
a integração corpo-mente- espírito no tratamen-
tuais dos pacientes e que os sistemas de saúde
to do câncer e recomendaram que o Currículo de
devem começar a prover experiências práticas
cursos como Medicina, Enfermagem e outros
para cuidados compassivos. Pontuaram, no seu
da área da Saúde devem ser revistos de forma
artigo, que pesquisas com pacientes e alguns
apropriada, incluindo aspectos espirituais.
membros da comunidade médica mostraram
GIOIELLA, BERKMAN e ROBINSON
que médicos, de forma geral, esqueceram a
(1998) relataram que os resultados de seus estu-
compaixão na prática profissional e, na maioria
dos com 80 mulheres portadoras de câncer gine-
das vezes, ignoram os interesses espirituais dos
cológico apóiam a inclusão da espiritualidade
pacientes. Concluíram, frente aos dados colhi-
como parte da rotina de avaliação e intervenção
dos, que o médico do século XXI deverá, além
dos pacientes e que essa inclusão pode ajudar a
de desenvolver excelente habilidade técnica,
diminuir o nível da angústia psicossocial do
ser também cuidador compassivo que respeita
paciente. FRYBACK & REINERT (1999)
todas as dimensões da vida do paciente.
realizaram um estudo qualitativo para investi-
THOMSEN (1998) afirmou que corpo, mente e
gar como pacientes portadores de uma doença
com prognóstico ruim em algum grau vivenci- espírito estão integralmente conectados, mas,
am essa fase de suas vidas, a qual consideram no Ocidente, o treinamento médico tem-se
como crítica. Trabalharam com 10 mulheres limitado aos aspectos físicos mensuráveis e às
portadoras de câncer e 05 homens portadores de necessidades psíquicas, mantendo-se alheio às
HIV- AIDS. Os resultados sugeriram que espi- necessidades espirituais dos pacientes.
ritualidade é um componente essencial para Afirmou que uma revisão do ensino médico se
sentimentos de saúde e bem-estar. A maioria faz necessária, visto que a inclusão da aprendi-
dos entrevistados considerou espiritualidade zagem sobre aspectos espirituais na prática dos
como uma ponte entre esperança e falta de senti- profissionais da área médica ainda não é uma
do na vida. Os pacientes que encontraram signi- parte típica dos currículos das escolas de medi-
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cina. É, porém, é algo que os pacientes querem cas como Relaxamento Mental e Visualização
e esperam, como parte dos cuidados médicos a de Imagens Mentais que contenham elementos
eles oferecidos. simbólicos baseados nos relatos dos pacientes
que vivenciaram uma Experiência de Quase
No cenário brasileiro VASCONCELLOS
Morte (E.Q.M.) voltaram a viver normalmente.
(2000) relata que, numa memorável reunião da
Por outro lado, as Crenças Religiosas a que são
Comissão Científica do XII Congresso Brasi-
filiados os pacientes não correspondem ao cam-
leiro de Medicina Psicossomática, realizado de
po de intervenção científica do Psicólogo e
28 de abril a 10de maio de 2000, em São Paulo,
devem ser plenamente respeitadas quanto às
discutiu-se sobre a pertinência de se incluir no
suas escolhas e preferências.
programa científico daquele evento a questão da
Espiritualidade. Com rapidez e facilidade, os O conceito de Espiritualidade foi estru-
membros da Comissão Científica chegaram ao turado a partir de pesquisas desenvolvidas por
consenso de inserir essa discussão no âmbito do KÜBLER - ROSS, (1998) e MOOD JR, (1989
fórum mais importante daquela associação, o e 1992)que descrevem o relato de pacientes que
Congresso. passaram por uma Experiência de Quase Morte
(E.Q.M.) e voltaram a viver normalmente
Observamos desta forma que a Comuni-
porque experimentaram de forma consciente a
dade Científica Médica do planeta está publi-
natureza espiritual da existência e trouxeram,
cando, nos últimos anos, textos que afirmam a
em seus relatos, elementos importantes para
importância de se desenvolver estudos que
re-significar à Dor Simbólica da Morte, princi-
incluam a questão da Espiritualidade na prática
palmente no que se refere à Dor Espiritual.
de profissionais da área de saúde. É exatamente
a essa demanda que a Pesquisa citada nesse Elisabeth Kübler Ross é médica psiquia-
artigo se reportou. tra e trabalha há 30 anos com a morte e o morrer.
Raymond Mood Jr é médico psiquiatra e doutor
No que se refere à Espiritualidade, faz-se
importante conceituá-Ia e diferenciá-Ia de Reli- em Filosofia. Trabalha com pacientes que pas-
gião. saram por uma E.Q.M. e com familiares destes.
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que se sentiram flutuando para fora de seus ram, as vidas de todas as pessoas estão entrela-
corpos e presenciando o que acontecia no local. çadas; cada pensamento e ação tem o efeito de
Afirmaram que assumiram uma forma etérea. uma ondulação e atinge todas as outras formas
Na segunda fase as pessoas observaram que de vida do planeta. Nesta retrospectiva também
deixaram seus corpos para trás e se sentiram em observaram o que suas vidas poderiam ter sido,
o potencial que tinham.
um estado de vida depois da morte, o qual defi-
niram como espírito e energia. Perceberam-se MOOD JR. (1989/ 1992), entrevistou e
capazes de ir a qualquer lugar com a rapidez do acompanhou em tomo de 2000 pacientes que
pensamento. A terceira fase iniciou-se, segun- passaram pela Experiência de Quase Morte
do os pacientes, quando, guiados por um "anjo (E.Q.M.), expressão cunhada pelo autor para
da guarda", eles entraram em um túnel ou em classificar o grupo de pessoas que estiveram em
coma profundo ou foram dadas como clinica-
um portão intermediário e sentiram-se atraídos
mente mortas por seus médicos, e voltaram a
por uma Luz dourada brilhante que irradiava
viver normalmente. Observou que ocorreu o
calor, energia, espiritualidade e, principalmen-
mesmo padrão de relato no mundo todo, inde-
te, amor incondicional. Em geral, esta foi esta a pendentemente da cultura ou da religião de pes-
descrição desta fase, mas houve pessoas que soa, e que a presença de crenças religiosas não
mencionaram outras imagens diferentes: visua- foi o que determinou a Experiência de Quase
lizaram uma ponte, ou um desfiladeiro em uma Morte (E.Q.M.) e nem seu conteúdo, pois tanto
montanha, ou um bonito riacho, basicamente a religiosos como ateus trouxeram o mesmo tipo
imagem que era mais confortadora para cada de relato. Esse autor encontrou nove elementos
uma delas, mas todas afirmaram que o contato comuns nos relatos. Observou que nem todas as
com a Luz produziu um profundo efeito em suas pessoas que passaram por uma Experiência de
vidas. Algumas afirmaram ter recebido grandes Quase Morte (E.Q.M.) exibiram todos os sinto-
conhecimentos; outras voltaram com dons pro- mas descritos: algumas tiveram um ou dois;
féticos e outras passaram a ter um novo discer- outras, cinco ou seis, mas é a presença de pelo
nimento, uma nova capacidade de avaliação. menos um desses elementos que define se o
Foram uníssonas em afirmar que essa vivência paciente vivenciou realmente uma Experiência
ensinou- lhes que existe apenas um único signi- de Quase Morte (E.Q.M.), ou não.
ficado para a vida: o Amor. Na quarta fase as Os sintomas que qualificam uma Expe-
pessoas declararam ter estado na presença do riência de Quase Morte (E.Q.M.), descritos por
que denominaram como Fonte Superior. Algu- esse autor, são os seguintes:
mas a chamaram de Deus. Outras disseram sim-
· A sensação de estar morto: os pacientes
plesmente saber que estavam rodeadas por todo vêem-se flutuando acima do corpo, sentem
o conhecimento existente, passado, presente e medo e confusão e em seguida acalmam-se e
futuro e que esse conhecimento era benevolente compreendem o que está acontecendo.
e isento de crítica. Nesse estágio, as pessoas
relataram ter passado por uma revisão de suas · Paz e ausência de dor: a dor cessa assim que
vidas. Repassaram cada ação, palavra e pensa- o paciente deixa seu corpo.
mento e compreenderam as razões de suas atitu- · A experiência de estar fora do corpo: pacien-
des durante a vida. Viram também como suas tes sentem-se flutuar e percebem-se no “cor-
ações tinham afetado as outras pessoas, até as po espiritual”; descrevem-no como uma
pessoas desconhecidas, pois, segundo observa- nuvem colorida ou um campo de energia.
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· A experiência do túnel: abre-se um túnel ou ram sua estrutura de valores, passaram a priori-
portal e o paciente depara-se com uma luz zar os aspectos humanos e fraternos e perderam
muito brilhante. A sensação básica é estar o medo da morte.
atravessando uma passagem em direção a
uma luz intensa. No século XV, o pintor
Em relação à espiritualidade, MOOD JR
holandês BOSCH pintou esse tema em sua
observou que uma Experiência de Quase Morte
obra “Ascensão dos Abençoados”4.
(E.Q.M.) quase sempre estimula a curiosidade
· Seres de luz: pacientes relataram terem-se
espiritual. Muitos passaram a estudar e aceitar
encontrado com seres que brilhavam com
os ensinamentos espirituais dos grandes pensa-
uma bela e intensa luminescência que pare-
cia permear tudo e fazê-los transbordar de dores religiosos. Contudo, isso não significou
amor. Nesse momento, segundo MOOD JR que se tenham tomado os pilares da igreja local.
(1989, 1992)também pode ocorrer o encon- Pelo contrário, essas pessoas tenderam a
tro com parentes e amigos que já faleceram. abandonar posições dogmáticas, em relação às
· O ser de luz: Interpretado como Deus, Cris- doutrinas religiosas.
to, Buda, Alá, etc, este ser irradiava amor e
compreensão absoluta. Pacientes sentiram o RODONAIA, doutor em psicologia,
desejo de ficar junto dele para sempre, mas russo, refere-se a sua Experiência de Quase
foram informados de que teriam que retomar Morte (E.Q.M.) da seguinte forma: sentia dor e
para seus corpos terrestres. estava no escuro, não enxergava nada. Não
· A recapitulação: conduzida pelo Ser de Luz, conseguia mexer o corpo, as mãos. Compreen-
emerge uma recapitulação panorâmica, colo- deu que não estava mais em seu corpo, mas que
rida, tridimensional, de todos os atos que a existia. Sentiu muito medo do desconhecido.
pessoa cometeu na vida, na perspectiva de Não conseguia compreender como podia conti-
uma terceira pessoa e num tempo completa-
nuar existindo sem seu corpo, quando percebeu
mente diferente daquele que conhecemos.
que pensava e que, se pensava, existia. Perce-
· A rápida ascensão para o céu: alguns não
beu também que, se pensando, existia, podia
passaram pela experiência túnel e ascende-
ram para o céu, vendo o Universo da perspec- também escolher o foco de seu pensamento.
tiva dos astronautas. Jung, em 1944, quando Optou por pensar positivamente e, como estava
sofreu um ataque do coração, relatou ter no escuro, começou a pensar sobre a luz. Assim
flutuado para o espaço e ter visto nosso que começou a pensar sobre a luz, viu a luz,
planeta à distância, em uma visão gloriosa. surpreendeu-se, quis entrar na luz e passou pelo
· Relutância em retornar: os pacientes relatam túnel, vivenciando a experiência relatada por
terem-se entristecido a princípio; sentiram muitos: o encontro e conversa com Seres Lumi-
saudades desse estado feliz, mas reconhece- nosos. Ao voltar de sua experiência de semi-
ram a necessidade de continuar vivendo e morte, esse psicólogo russo concluiu que
cumprindo suas tarefas. estamos vivos por causa do Amor, que a dimen-
Além destes nove aspectos MOOD JR são do espírito é a vida eterna e que a morte não
também observou que, depois da Experiência existe: ela é como uma estação de trem aonde se
de Quase Morte (E.Q.M.), os pacientes muda- chega para passar para uma outra vida5.
4 BOSCH, H. apud COPPLESTONE T. Vida e obra de Hieronymus Bosch. Rio de Janeiro: Editora
Publicações, 1997, 79p.
5. RODONAIA, G. apud MOOD JR R. Vídeo: Vida após a morte. São Paulo: NCA Forever, 60', 1992.
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MOOD JR. (1989, 1992) concluiu que A principal proposta da integração das
esses relatos não são alucinações pelas quais os técnicas de Relaxamento Mental e Imagens
pacientes passam ou um processo natural de Mentais com o conceito de Espiritualidade, ao
desligamento quando o cérebro está morrendo, qual nos referimos neste artigo, é criar o cenário
e sim experiências reais, porque inúmeras vezes mental de um mundo espiritual belo e reconfor-
os pacientes fizeram descrições muito corretas
tante. Esta proposta equivale à etapa descrita
do que estava acontecendo ao seu redor, de uma
por MILLER (1997) como Espaço de Espera,
perspectiva que não poderiam ter se estivessem
onde, tanto para os mortos como para os vivos, a
no corpo, na cama do hospital, deitados.
realidade de mudança começa a aprofundar-se.
Ambos os médicos psiquiatras, KÜBLER Através do método Relaxamento Mental, Ima-
ROSS (1998) e MOOD JR (1989, 1992), consta- gens Mentais e Espiritualidade os pacientes po-
taram que as pessoas que experimentaram, de
dem, ainda em vida, conscientizar-se de sua
forma consciente, a natureza Espiritual da vida,
transformação de ser fisico em ser espiritual e
que é diferente da natureza religiosa conforme já
conceituado, desenvolveram maior aptidão para a morrer de forma serena e digna.
felicidade, estrutura de personalidade mais sólida, Segundo MILLER (1997), os tibetanos
mais madura, mais afetiva e, por mais paradoxal acreditam que os resultados alcançados na Fase
que possa parecer, passaram a viver suas vidas de do julgamento são influenciados por três fato-
forma mais plena, integrada e serena. res: maneira como o indivíduo viveu, forma
MILLER (1997) entrevistou, por oito como enfrentou as quarenta e nove provas no
anos, mais de duzentos sacerdotes, teólogos e pós-morte (estado de Bardo) e estado psíquico
líderes espirituais pertencentes a cerca de trinta em que se encontrava na hora da morte. O méto-
grupos culturais distintos e a esse material do Relaxamento Mental, Imagens Mentais e
acrescentou os relatos, opiniões e vivências de Espiritualidade favorece uma melhora no esta-
seus pacientes. Ao analisar os resultados, obser- do psíquico dos pacientes, o que, de acordo com
vou que, a despeito da diversidade de suas
a crença tibetana, é aspecto favorável para a
origens culturais, as referências às jornadas do
vivência da Fase do Julgamento no pós-morte.
pós-morte são constituídas, em maior ou menor
grau, por quatro bem definidos aspectos ou está-
gios, denominados pela autora como: Conclusão
. Espaço de espera, que se refere à transfor- Os dados, neste artigo citados, que estru-
turam o conceito de Espiritualidade para a sua
mação do ser físico em ser espiritual.
.Fase do Julgamento, onde a vida do indivíduo é composição desse conceito com as técnicas de
Relaxamento Mental e Visualização de Ima-
avaliada e o destino do seu espírito é designado.
gens Mentais, mostram-se de extrema relevân-
. Reino das possibilidades, etapa em que o cia para o trabalho do profissional de saúde com
espírito desfruta dos resultados do julgamen- pacientes terminais porque oferecem elementos
to ou se submete a eles. Passa a existir nas importantes para a re-significação da Dor
paragens do pós-morte. Simbólica da Morte, principalmente no que se
.Retorno ou renas cimento, momento em que o refere ao medo da morte e do pós-morte, idéias e
concepções em relação à Espiritualidade, senti-
espírito retoma à vida em um novo corpo ou
escapa à roda da vida e se junta ao Todo do da vida e da morte e culpas perante Deus, que
Universal. são os componentes da Dor Espiritual.
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