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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE CIÊNCIAIS SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

TRABALHO DE PSICOPATOLOGIA ESPECIAL

Estrutura e Conteúdo da Anamnese Psiquiátrica

Msc. Etelvino Leandro

Luanda/2023
OBJECTIVOS
 Compreender a psiquiatria numa perspectiva conceptual

 Descrever e as estrutura do conteúdo psiquiátrico.

 Reflectir sobre actualidade e o futuro da psiquiatria

 Conhecer o contexto histórico da psiquiatria

 Identificar as etapas da estrutura e conteúdo Anamnese


ÍNDICE
 Conceito da psiquiatria

 História da psiquiatria

 Psiquiatria antiga e greco-latina

 Psiquiatria medieval

 A escola francesa e a primeira revolução psiquiátrica

 Kraepelin e a segunda revolução psiquiátrica

 Psiquiatria atual e perspectivas futuras

 Diagnóstico psicopatológico e diagnóstico estrutural

 A fixação do diagnóstico: anamneses psiquiátricas

 Estrutura e conteúdo da anamnese psiquiátrica

 Conclusão

 Bibliográfias

 Anexo (integrantes)
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem objectivo compreender e descrever a abordagem conceptual da psiquiatria e
estrutura do conteúdo Anamnésicos. De uma pesquisas bibliográficas, pretende-se abordar o conceito da
psiquiatria, o contexto histórica, visão da actualidade e futuras da psiquiatria, o processo diagnóstico psiquiátrico,
as etapas da estrutura anamésica. Visto em casos de diagnóstico psiquiátrico há muitas modalidades de o fazer
não possui um modalidade universal, e de extrema pertinência que o profissional presta máxima atenção na sua
elaboração. Os conteúdos que abordar-se-á neste trabalho de pesquisa nos faz a remeter com futuros
psicólogos uma análise profunda no que se toca na estrutura documental da Anamnese para termos uma
capacidade de interpretação aguçada, visto que uma trabalho árduo porque na tentativa de uma diagnóstico
psiquiátrico mal interpretado causa outra situação mais complicada do anterior do diagnóstico .
CONCEITO DE PSIQUIATRIA
De origem grega (psykhé= alma+iatreía= cura), significa 'a arte de curar a alma'. Embora vista como uma “ciência da
mente”, ou ainda como uma das áreas “psi”, a Psiquiatria, como especialidade médica, instalou-se no “campo do corpo”,
território anatômico, isiológico, social e cultural, situado na interface entre o indivíduo e a coletividade, onde atua a Medicina
e onde são lidos sinais e sintomas que conduzem a formulações diagnósticas. O estabelecimento da Psiquiatria como
instituição, ou ainda do corpo psiquiátrico como especialidade, dá-se gradativamente no transcorrer do século XIX. Embora
Pinel seja habitualmente citado como psiquiatra, ele na verdade era um “alienista” e alienismo seria seu campo de trabalho.
A palavra psiquiatria passou a ser utilizada na Alemanha a partir de 1808 com Johann Christian Reil. Em 1811, Johann
Christian August Heinroth estabeleceu a primeira cadeira denominada Psiquiatria em Leipzig.

Mota & Marinho, 2012, p. 36

A psiquiatria não é uma ciência e, sim, uma especialidade médica, cujo fundamento é a psicopatologia. A
psiquiatria representa a aplicação prática da psicopatologia, mas se utiliza também de conhecimentos de outras disciplinas
científicas.

Cheniaux, 2011,

O objeto da psiquiatria só se constitui na medida em que o caráter médico das perturbações dos indivíduos é
reconhecido e quando “a noção de doença mental destacou-se com bastante nitidez”.

Louzã, Elkis E Cols, 2017


HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA

 Psiquiatria antiga e greco-latina

Os primeiros registos de patologias psiquiátricas datam de cerca de 2.000 anos a.C., encontrados em papiros
egípcios de Kahun, cuja concepção de histeria (do grego, hystero, matriz, útero) vem da convicção de que o útero seria um
ser vivente autónomo com a propriedade de se deslocar pelo interior do corpo. Hipócrates não considera a epilepsia como
doença sagrada (Hippocratic writings, organizado por Lloyd, 1983), ele acredita que as convulsões são de causa natural,
distinguindo as decorrentes da patologia de útero (histeria convulsiva) daquelas da patologia do cérebro (epilepsia). A
importância do cérebro é mencionada na famosa observação hipocrática sobre o caso da lesão de um lado do crânio,
provocando a paralisia contralateral do corpo. Os autores romanos posteriores a Hipócrates foram Celso, Areteu de
Capadócia, Sorano de Éfeso e Galeno. Esses autores com concebem basicamente três espécies de enfermidade mental:
mania, melancolia e frenite

Wang, Neto & Elkis, 2007, Cap. 1

Psiquiatria medieval

A Idade Média foi para a Psiquiatria, assim como para outras ciências, a “Idade das Trevas”. A degradação da
psiquiatria provavelmente se estendeu até o início da Idade Moderna. Pouco se conhece sobre seu rumo naquele período;
acredita-se que teria sido exercida por magos e feiticeiros, desgarrando-se da tradição grego latina. Ocorreu, pois, o
retrocesso às concepções mágico-religiosas e o abandono da ideia de doença mental como decorrente de causa natural.
Embora teólogos como São Tomás de Aquino defendessem, durante a Idade Média, a tese da origem natural das doenças
mentais, a “demonologia” e a Inquisição impuseram resistência para a aceitação da idéia de que “feiticeiras” e “possuídos”
sofriam de doença natural. A obra mais célebre de que se tem notícia desse período foi escrita por dois padres dominicanos
alemães: Kramer e Sprenger (1494, edição de 1975). (idem)
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA
A escola francesa e a primeira revolução psiquiátrica
Até o século XVIII, a identificação de doentes mentais se baseava em critérios socioculturais imprecisos (Beauchesne, 1989;
Pichot, 1983; Zilboorg, 1968). Enquanto a obra Malleus maleficarum representava um instrumento de identificação de manifestações
demoníacas para condenar pessoas à fogueira, a instituição da “nau dos loucos” (Foucault, 1978) permitia excluir leprosos de indivíduos
com comportamento socialmente perturbado. A sanção da lei de 1656 pelo rei Luís XIV teve finalidades policiais: indivíduos libertinos,
charlatões, errantes, indigentes, mendigos, ociosos, ladrões, luéticos, lunáticos, dementes, alienados e insanos de todas as espé- cies
deviam ser eliminados publicamente ou levados à reclusão (Beauchesne, 1989; Pichot, 1983; Pessotti,1999). Embora os hospitais
tivessem sido fundados em toda a Europa desde o século XVII, foi a escola francesa, ou “escola clássica” de Paris, que dominou o cenário
psiquiátrico europeu até o início do século XX. O reconhecimento do doente mental como paciente de patologia natural, acima de tudo
orgânica, com efeitos psíquicos, coincide com a Revolução Francesa, época em que a defesa dos direitos humanos (igualdade,
fraternidade e liberdade) era pregada pelo Iluminismo francês.

Phillipe Pinel (1745-1826) trabalhou nos hospitais parisienses de Bicêtre e Salpêtrière. Instituiu regras de
funcionamento hospitalar, enfatizando o cuidado dos doentes por princípios humanitários. A identificação das doenças
mentais obtém grande aprimoramento. Pinel passou anos nos hospitais, observando e cuidando dos doentes, e exerceu
paralelamente o trabalho de docência, formando um corpo famoso de alienistas franceses. Esquirol (1772-1840), aluno e
herdeiro disciplinar de Pinel, continuaria o trabalho do mestre, tendo incrementado as descrições detalhadas de doentes, por
meio de longas observações.

Neto & Elkis et. al 2007


HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA
Entretanto, uma mudança fundamental ocorreu no século XVII, a partir da fundação de locais para o cuidado de
doentes mentais. Antes temidos, hostilizados e rejeitados, os doentes passam a ser reconhecidos como objeto da psiquiatria,
dignos de cuidados médicos.

Neto & Elkis ,et. al 2007

Kraepelin e a segunda revolução psiquiátrica

Emil Kraepelin (1856-1926) foi, sem sombra de dúvida, um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da
psiquiatria na Alemanha. Procurando “aspectos essenciais” para usá-los como critérios diagnósticos de transtornos mentais,
Kraepelin geraria uma nosologia baseada no curso natural da doença (Berrios; Hauser, 1988). A dicotomia fundamental
entre doença maníaco-depressiva e dementia praecox apoia-se nos seus respectivos cursos evolutivos. Rapidamente, a
proposta nosográfica kraepeliniana ganharia aceitação além das fronteiras da Alemanha, tornando-se um lugar comum nas
classificações do século XX. O trabalho e o esforço nosográfico efetuado por Kraepelin revolucionaram a psiquiatria européia
do início do século, o que foi chamado de segunda revolução psiquiátrica. No final do século XIX, a psiquiatria germânica
dominava o cenário europeu. A criação e a extensão das cadeiras universitárias de psiquiatria, juntamente com os
laboratórios de neuropatologia, sustentaram o seu desenvolvimento. Graças a Griesinger, a psiquiatria germânica superou a
fase de especulações românticas e controvérsias estéreis para seguir os caminhos da psiquiatria médica

LOUZÃ, ELKIS E COLS, 2007


PSIQUIATRIA ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS

Depois de um período de descrença no diagnóstico e até na própria psiquiatria, como especialidade


médica capaz de tratar do doente mental, observamos, no momento atual, um movimento de consolidação do
conhecimento psiquiátrico, a partir do estudo da neurobiologia das patologias mentais. A psiquiatria ganhou
avanço importante com o advento de novas tecnologias de neuroimagem que permitiu o estudo do sistema
nervoso central in vivo. As neurociências também trouxeram contribuições inestimáveis para a compreensão do
sistema nervoso, seus aspectos fisiológicos, bioquímicos, genéticos e moleculares. A década de 1990 foi
considerada pela Organização Mundial de Saúde como a “década do cérebro”, com a ambição de compreender
a fisiopatologia cerebral e até desvendar a etiologia das doenças mentais. A necessidade do estudo continuado
do cérebro é convincente: centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo são afetadas a cada ano por
doenças mentais e cerebrais, extendendo-se desde doenças neurogenéticas até distúrbios degenerativos, tais
como doença de Alzheimer, esquizofrenia, autismo, abuso de substâncias, epilepsia, acidente vascular cerebral
e outras condições neuropsiquiátricas fatais.

Louzã, Elkis E Cols, 2007


DIAGNÓSTICO PSICOPATOLÓGICO E DIAGNÓSTICO ESTRUTURAL
Existem em medicina, basicamente, dois tipos de diagnóstico, o “sindrômico” o “nosológico”, ao qual seria
necessário acrescentar, a nosso ver, o “estrutural”, derivado da psicanálise; o diagnóstico psicopatológico restringese aos
dois primeiros, sendo este último um diagnóstico psicodinâmico da estruturação subjetiva, que denota um modo de ser, e
não uma síndrome ou uma doença. Síndrome (do grego syndromé = concurso) constitui um agregado de sinais e sintomas
que evoluem conjuntamente, provocada por mecanismos e causas desconhecidas. Embora não haja um consenso entre os
psicopatólogos, Cheniaux (2008, p. 8) descreve as seguintes síndromes psiquiátricas: de ansiedade, fóbica, obsessiva,
compulsiva, de conversão, dissociativa, hipocondríaca, de somatização, depressiva, maníaca, de estado misto ou bipolar
(manifestações maníacas e depressivas associadas), delirante (ou paranóide), alucinatória, hebefrênica (ou desorganizada),
catatônica (hipercinética, hipocinética), apático-abúlica, de retardo mental, demencial, de delirium, amnésica, anoréxica,
bulímica, de despersonalização-desrealização.

O diagnóstico nosológico (do grego nósos = doença), como a etimologia nos


permite deduzir, é o diagnóstico de doenças, que se baseia na investigação anamnésica. O termo latino para doença é
dolentia, que significa “dor”, “sofrimento”. (coleta da história de vida e do adoecimento do sujeito) e armada (exame direto do
sujeito com ajuda dos mediadores técnicos, instrumentais, biológicos etc.). De acordo com o conceito clássico, uma doença
possui causas, alterações estruturais e funcionais, e história natural conhecidas.

Henriques, 2010
A FIXAÇÃO DO DIAGNÓSTICO: ANAMNESES PSIQUIÁTRICAS

Quando um paciente chega pela primeira vez na Clínica imediatamente é agendada uma triagem com um
psiquiatra. Quer para pacientes que vêm de dentro do próprio Hospital, quer para pacientes que vêm de outras instituições,
ou de consultas ambulatoriais, o processo de tratamento na Clínica-dia se inicia propriamente pela realização desta consulta,
que dará abertura a um prontuário junto a unidade. A triagem as vezes pode demorar alguns dias ou semanas dependendo
do médico, uma vez que dentro da Clínica cada médico cuida apenas de determinados convênios. Pacientes que vêm do
internamento integral, por já terem um prontuário aberto na instituição, esperam alguns dias a mais em alguns casos. Todas
as pessoas atendidas na Clínica passarão, igualmente, no entanto, por uma primeira consulta psiquiátrica para que seja
aberto o prontuário junto a Clínica-dia. O produto principal desta consulta inicial com psiquiatra é a produção de uma
anamnese, que abrirá o prontuário de cada paciente, e que elencará elementos centrais referentes a trajetória do paciente e
seu diagnóstico.

Anamnese

A anamnese é um documento do universo médico onde um profissional produz uma versão breve sobre a história
de vida, sintomas, tratamentos e diagnósticos de um paciente. As anamneses e os enunciados profissionais contidos no
prontuário serão constantemente recapturados dentro da vida cotidiana para produzir e reproduzir relações atreladas ao
próprio tratamento psiquiátrico. A anamnese é um procedimento comum na prática médica. A rigor, sua definição não é
necessariamente clara e diferentes pesquisadores e também profissionais da medicina apresentam diferentes aspectos
deste documento. Parece haver uma diversidade de formas de pensar sua constituição, que circulam entre um “exame
clínico” (MONTEIRO, 2012), uma “história de vida do paciente” (ROSALEN, 2018) e, até mesmo um “interrogatório de
pacientes” (BARROS, 2004).

Ciello,2019, p.131,132
A FIXAÇÃO DO DIAGNÓSTICO: ANAMNESES PSIQUIÁTRICAS

Dentro da medicina, ainda, a anamnese tem sofrido também adaptações, dos modelos mais clássicos, centrados
na doença, à modelos mais contemporâneos, centrados na biografia do paciente (JADRESIC, 1972). As anamneses que
observei apresentam, em geral, três momentos essenciais: uma abertura, contendo uma apresentação sobre o paciente e,
geralmente, eventos de sua história e sintomas; e em seguida, nem sempre nesta ordem, uma descrição de medicações e,
por fim, um código, quase sempre extraído do manual diagnóstico conhecido como Código Internacional de Doenças (CID).
Nem todas as anamneses que observei, portanto, apresentam a mesma estrutura ou, sequer, a mesma maneira de
textualizar sintomas, histórias de vida e medicações, mas é possível distinguir nelas um modelo específico, centrado na
descrição de sintomas e também algumas particularidades textuais que fazem emergir a autoridade do psiquiatra na
definição da doença. Ao mesmo tempo, é importante seguir a dica de Beato Filho (idem) e pensar também como cada
profissional rompe o ciclo interpretativo ou, ainda, que tipo de informações são consideradas suficientes para produzir uma
anamnese.

Ciello, 2019, p. 134,135

Na anamnese, o entrevistador se interessa tanto pelos sintomas objetivos como pela vivência subjetiva do
paciente em relação àqueles sintomas; pela cronologia dos fenômenos e pelos dados pessoais e familiares. Além disso, o
entrevistador permanece atento às reações do paciente ao fazer os seus relatos. Realiza, assim, parte do
exame psíquico e da avaliação do estado mental atual durante a coleta da história (anamnese).

Dalgalarrondo, 2008 p. 76,76


ESTRUTURA E CONTEÚDO DA ANAMNESE PSIQUIÁTRICA
Em alguns casos, o paciente consegue formular com certa clareza e precisão a “queixa principal”, que, ao
entrevistador, parece consistente e central no sofrimento do paciente e para o seu diagnóstico. Isso pode ajudar o
entrevistador a limitar o “campo de p0rocura” a ser investigado. Muitas vezes, entretanto, o paciente psiquiátrico não tem
qualquer queixa a fazer; ou simplesmente não tem crítica ou insight de sua situação, de seu sofrimento. Outras vezes, se
recusa defensivamente a admitir que tenha um problema mental, comportamental ou psicológico e que esteja sofrendo por
ele (isso ocorre mais freqüentemente em pacientes do sexo masculino). Sobre isso, Mayer-Gross, Slater e Roth (1976, p. 38)
esclarecem:
Nenhum homem é capaz de avaliar devidamente sua própria personalidade posto que está ele mesmo
dentro de suas próprias fronteiras – tal como nossos astrô- nomos não são capazes de ver a
forma dgaláxia na qual se move o sistema solar.

Dalgalarrondo, 2008 p. 76,76

A palavra anamnese origina-se do grego e significa literalmente rememoração (ana = novo; mnesis = memória). A
anamnese psiquiátrica segue, em linhas gerais, o roteiro da anamnese em medicina. É preciso ter em mente um roteiro de
anamnese, mas este não pode perturbar a espontaneidade da entrevista. A redação final de uma observação psiquiátrica
precisa ser completa, sem ser sobrecarregada ou repetitiva, mas nunca será totalmente completa e precisa. Dois
examinadores jamais farão a mesma anamnese do mesmo paciente. Observa-se, entre os diversos livros de psiquiatria, uma
ausência de uniformidade quanto à estrutura da anamnese. Algumas informações podem se adequar a mais de um item da
anamnese, cuja divisão é arbitrária, convencional.

Cheniaux, 2015
ESTRUTURA E CONTEÚDO DA ANAMNESE PSIQUIÁTRICA

Os itens da anamnese psiquiátrica são: identificação, queixa principal, motivo do atendimento, história da doença
atual, história patológica pregressa, história fisiológica, história pessoal, história social e história familiar. Além da anamnese,
incluem-se na avaliação psiquiátrica: o exame psíquico, a súmula psicopatológica, o exame físico, os exames
complementares, o diagnóstico (sindrômico e nosológico) e a conduta terapêutica.
Cheniaux, 2015
 Identificação

A identificação é composta pelos seguintes itens: nome, data de nascimento, sexo, estado civil, naturalidade, nível de
instrução, profissão, etnia, religião, residência, procedência, filiação. A identificação pode ser de grande auxílio para a
formulação do diagnóstico. Por exemplo, o alcoolismo é mais comum em homens; esquizofrênicos em geral não são
casados; pacientes com retardo mental costumam apresentar um baixo nível educacional etc. Na apresentação pública de
casos – como em sessões clínicas –, o nome pode ser representado pelas iniciais, mas é preferível, para preservar o sigilo,
usar um pseudônimo.

 Queixa principal

A queixa principal (QP), que constitui o foco da história da doença atual, deve ser sucinta. Convém relacionar no máximo três
queixas, de preferência apenas uma. A QP é redigida com as palavras do paciente (entre aspas, ou usando sic), devendo
ser registrada mesmo que absurda. Caso o paciente não formule nenhuma queixa, isso também tem que ser apontado.

Cheniaux, 2015
ESTRUTURA E CONTEÚDO DA ANAMNESE PSIQUIÁTRICA
 Motivo do atendimento

O item motivo do atendimento só é necessário quando não há consciência de morbidade por parte do paciente. O seu
conteúdo é fornecido por outra pessoa: um familiar, vizinho, bombeiro, policial, outro profissional de saúde etc. São
reproduzidas literalmente as palavras do informante.

 História da doença atual

A história da doença atual (HDA) consta de um relato sobre a época e modo de início da doença, a presença de fatores
desencadeantes, tratamentos efetuados e o modo de evolução, o impacto sobre a vida do paciente, intercorrência de outros
sintomas e as queixas atuais. Ela é narrada pelo paciente, ou por informantes – no caso de pacientes psicóticos –, ou por
ambos. Faz-se necessário identificar sempre, para cada informação, qual foi a fonte. Na redação da HDA, evitam-se termos
técnicos: são utilizadas as palavras do paciente ou do informante. Os quadros clínicos são descritos, porém não nomeados.
A redação deve seguir uma ordem cronológica, mesmo que a narrativa, por parte do paciente ou dos informantes, não tenha
sido assim. São ainda incluídas na HDA informações (sobre alterações psíquicas e físicas) pesquisadas ativamente pelo
entrevistador, mesmo que não tenham sido trazidas espontaneamente pelo paciente ou informante. Fazem parte também da
HDA os negativos pertinentes, ou seja, certos sintomas cuja ausência pode ser significativa para a identificação da doença
ou da fase evolutiva em que esta se encontra.

Cheniaux, 2015
ESTRUTURA E CONTEÚDO DA ANAMNESE PSIQUIÁTRICA
 História patológica pregressa

A história patológica pregressa (HPP) refere-se a estados mórbidos passados, em geral não psiquiátricos, que não mostrem
possuir relação direta ou indireta de causa e efeito com a moléstia atual. Se existir essa relação, eles são incluídos na HDA.
São investigadas principalmente as seguintes ocorrências: enurese, sonilóquio, pesadelos frequentes, terror noturno,
sonambulismo, asma, tartamudez, fobia escolar, na infância; convulsões ou desmaios; doenças venéreas; outras doenças
infecciosas, tóxicas ou degenerativas; traumatismos cranianos; alergia; intervenções cirúrgicas; hábitos tóxicos (álcool,
tabaco, drogas ilícitas); uso de medicamentos. Faz parte também da HPP a revisão de sistemas, isto é, o questionamento
junto ao paciente relativo a cada aparelho de seu organismo (cardiovascular, respiratório etc.). Na redação da HPP incluem-
se todas as doenças importantes relatadas. Não se devem listar doenças ausentes, já que é impossível citar todas as que
existem, a não ser que tal ausência seja significativa para a formulação do diagnóstico.

 História fisiológica

São investigados os seguintes elementos relativos à história fisiológica: gestação (da mãe), nascimento, aleitamento,
desenvolvimento psicomotor (andar, falar, controle esfincteriano), menarca, catamênios, atividade sexual, gestações, partos,
abortamentos, menopausa, padrões de sono e de alimentação.

Cheniaux, 2015
ESTRUTURA E CONTEÚDO DA ANAMNESE PSIQUIÁTRICA
 História pessoal

Pode-se optar por fundir a HPP, a história fisiológica, a história pessoal e a história social, sob a denominação de história
pessoal. Caso se mantenha a história pessoal como um item mais restrito, pesquisam-se as seguintes informações:

Infância: personalidade, socialização, jogos e brincadeiras, aproveitamento escolar, ansiedade de separação.

Adolescência: desempenho escolar, uso de álcool e drogas, delinquência, relacionamentos interpessoais .

Sexualidade: iniciação, preferência, orientação, número de parceiros, frequência

Vida profissional: vocações; estabilidade nos empregos; relacionamento com chefes, subordinados e colegas; desempenho

Personalidade pré-mórbida: relacionamentos sociais, interesses, hábitos de lazer e culturais, padrão de humor,
agressividade, introversão/extroversão, egoísmo/altruísmo, independência/dependência, atividade/passividade, valores,
adaptação ao ambiente.

 História social

Fazem parte da história social informações relativas à moradia – condições sanitárias, pessoas com quem convive, número
de cômodos, privacidade, características sociodemográficas da região –; situação socioeconômica; características
socioculturais; atividade ocupacional atual; situação previdenciária; vínculo com o sistema de saúde; atividades religiosas e
políticas; antecedentes criminais.

Cheniuax, 2015
ESTRUTURA E CONTEÚDO DA ANAMNESE PSIQUIÁTRICA
 História familiar

A história familiar abrange dados relacionados a: doenças psiquiátricas não psiquiátricas; ter sido a gravidez desejada ou não pelos pais
do paciente, separação dos pais, quem criou o paciente; ordem de nascimento entre os irmãos, diferenças de idade; características de
personalidade dos familiares, o relacionamento entre estes e destes com o paciente; atitude da família diante da doença do paciente;
relacionamento com o cônjuge e filhos.

 Exame psíquico

O exame psíquico também é chamado de exame do estado mental, exame mental, exame psicopatológico, exame psiquiátrico. Ele
começa no primeiro contato com o paciente, antes de se obterem os dados de identificação. O psiquiatra experiente será capaz de
realizar a maior parte do exame do estado mental ao mesmo tempo em que completa a tomada da história.

No modelo médico, a história é reconhecida como subjetiva, enquanto o exame físico é considerado a fonte principal de informações
objetivas. O exame psíquico é comparável ao exame físico na medicina geral. Assim, na avaliação psiquiátrica, o que é relatado pelo
paciente deve ser incluído na anamnese, enquanto o que é observado pelo examinador representa o exame psíquico. Portanto,
expressões como “o paciente refere” são quase sempre mais apropriadamente colocadas na história do que no exame psíquico.

Cheniuax, 2015
CONCLUSÃO

Vimos que a psiquiatria não é uma ciência e, sim, uma especialidade médica, cujo fundamento é a
psicopatologia. A psiquiatria representa a aplicação prática da psicopatologia, mas se utiliza também de
conhecimentos de outras disciplinas científicas. Instalou-se no “campo do corpo”, território anatômico, isiológico,
social e cultural, situado na interface entre o indivíduo e a coletividade, onde atua a Medicina e onde são lidos
sinais e sintomas que conduzem a formulações diagnósticas. Pinel e Klapim fora os autores que destacaram
nos estudos psiquiatrico, ele foram de grande importaância visto que os casos de doenças mentais, que se vivia
em periodos remotos era de sacrilégio , que era associado com práticas de feitiçaria, bruxairas e demónio
contras os indivíduo que padeciam deu enfermidade refernte as psiquismo, deram contributos valiosos na
classificação das doenças mentais, que acudia os indivíduo de certos maltratados que via na sociedade, este
defensores que fizeram da psiquiatria de uma das especialidade de muito interesse por os cientistas.
Decorremos também sobre avaliação psiquiatrico da sua estrutura e conteúdo anamnésico, com sendo um
documento do universo médico onde um profissional produz uma versão breve sobre a história de vida,
sintomas. Visto que na anamnese, o entrevistador se interessa tanto pelos sintomas objetivos como pela
vivência subjetiva do paciente em relação àqueles sintomas; pela cronologia dos fenômenos e pelos dados
pessoais e familiares. Além disso, o entrevistador permanece atento às reações do paciente ao fazer os seus
relatos. Realiza, assim, parte do exame psíquico e da avaliação do estado mental atual durante a coleta da
história (anamnese).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Cheniaux, Elie, Manual de Psicopatologia, 5ª ed. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2015, p. 23-19.

 Ciello, Fernando José, A vida do diagnóstico: práticas Terapêuticas e movimentos em uma clínica-dia, tese
de pós-graduação em antropologia social da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGAS/UFSC),
Florianópolis, 2019.

 Dalgalarrondo, Paulo, Psicopatologia e Semiologia dos transtornos mentais, 2ª ed. Editora artmed, Porto
Alegre, 2008.

 Henriques, Rogério Paes, Psicopatologia Crítica: Guia prático para estudantes e profissionais de psicologia,
editora UFS, Aracaju, 2010

 Mota, André ; Gabriela , Maria, História da Psiquiatria: ciências, Práticas, Tecnologias de uma especialidade
médica, vol. II USP, Faculdade de Medicina: UFABC, Universidade federal do ABC: CD.G Casa de Soluções e
Editora, 2012

 Neto, Mario Rodrigues Louzão; Elkis, Hélio et. al, Psiquiatria Básica, 2ª ed. Artmed, Porto Alegre, 2007.
INTEGRANTES

 Alexandrina de Jesus Inocência


 António Sebastião
 Olívia Malundo
 Domigas Tchitangueleca
 Jonice Felipe

Curso: Psicopatologia Especial


Grupo:03
2º Ano
Sala: 108
Turno: Pós-Laboral

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