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CAMPUS ARAPIRACA
FÍSICA LICENCIATURA
ARAPIRACA
2018
JOÃO PAULO DA SILVA
ARAPIRACA
2018
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por ter me auxiliado nos momentos de mais dificul-
dades em minha vida.
À minha família, em especial à minha mãe Maria Salete, às minhas irmãs Ana Paula,
Vanila e Carol que sempre estiveram presentes nos meus momentos de dificuldades e me
apoiaram em tudo.
Ao meu orientador Prof. Dr. Samuel Silva de Albuquerque, com o qual aprendi muito
dos conceitos que domino hoje.
Aos professores Me. Wagner de Oliveira Costa Filho e Dra . Maria Lidiane Omena
da Silva Leão, os quais pertenceram à minha banca examinadora, ótimos mestres com
quem tive a oportunidade de ser discente de algumas disciplinas ministradas por eles e
aprimorar meu conhecimento.
Ao Prof. Dr. André de Lima Moura um grande mestre, o qual também foi meu
professor em algumas disciplinas e com quem aprendi muito do que sei hoje.
Aos meu amigos, aos quais tenho grande estima e consideração.
A todos vocês, o meu muito obrigado!
RESUMO
The present work has as objective to approach the processes of electrizaction related to
any body, as well as the relation between electric force and electric fields in electrostatics.
In addition to analyzing the process of creating these fields and their correlation with
other physical quantities of an electric nature, such as electrical potential and so on. This
study will also mention the action of the same in the matter, aiming the application of
these fields in linear dielectric means and polar molecules. In this way, we will observe
that one of the main effects of this action will be the polarization effect of matter, unlike
the vacuum that can not undergo this process. And so, it will be seen that the constituent
matter of any medium other than the vacuum, can be polarized, generating electric dipoles
in its atomic and molecular structure from the action of an external electric field.
1 INTRODUÇÃO 10
2 CARGAS ELÉTRICAS E ELETRIZAÇÃO 12
2.1 Cargas elétricas 12
2.2 Eletrização 14
2.2.1 Eletrização por atrito 15
2.2.2 Eletrização por contato 16
2.2.3 Eletrização por indução 17
2.3 Materiais condutores e isolantes 19
2.3.1 Condutores 19
2.3.2 Isolantes 19
2.3.3 Diferenças entre condutores e isolantes 19
3 FORÇAS E CAMPOS ELETROSTÁTICOS NO VÁCUO 21
3.1 Lei de Coulomb (força eletrostática) 21
3.2 Campos eletrostáticos 23
3.2.1 Linhas de campo 24
3.2.2 Distribuições discretas de carga 24
3.2.3 Distribuições contínuas de carga 25
3.2.3.1 Campo elétrico devido a um disco uniformemente carregado 27
3.3 Obtenção do campo elétrico pelo potencial 31
3.3.1 Campo elétrico de uma carga pontual obtido pelo gradiente do potencial elétrico 32
4 AÇÃO DE CAMPOS ELÉTRICOS EM MEIOS MATERIAIS 33
4.1 Polarização 33
4.1.1 Dipolos elétricos 33
4.1.2 Campo elétrico de um dipolo 34
4.1.3 Dipolos induzidos 34
4.2 Materiais dielétricos 36
4.2.1 Ação do campo elétrico externo a um dielétrico 36
4.3 Ação de campos elétricos em moléculas polares e apolares 37
4.3.1 Torque de um dipolo elétrico em uma molécula polar devido a um campo elétrico
externo 39
4.4 Polarização em materiais dielétricos 40
4.4.1 Densidade das cargas de polarização em materiais dielétricos 41
4.5 Campo induzido no interior dos dielétricos 42
4.5.1 Lei de Gauss na presença dielétricos 43
4.5.2 Comparação entre o campo elétrico e o deslocamento elétrico 44
4.6 Dielétricos lineares isotrópicos 44
4.6.1 Permissividade do meio e suscetibilidade elétrica 45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 47
REFERÊNCIAS 48
APÊNDICE A - POTENCIAL DE UM DIPOLO ELÉTRICO 49
1
APÊNDICE B - SOLUÇÃO ANALÍTICA DO GRADIENTE ⃗ ∇' ()
r
53
1 INTRODUÇÃO
Os fenômenos elétricos são muito comuns na natureza, associados a eles, temos gran-
dezas físicas que medem a intensidade dos mesmos. Assim, como a força elétrica dada
pela lei de Coulomb, que possui associação com a interação entre as cargas elétricas de
uma determinada distribuição qualquer. Outra grandeza presente nessa conjectura, é o
campo elétrico; os campos elétricos são quantidades físicas de características vetoriais,
assim como a força elétrica, que também possui características vetoriais. Tais campos são
criados pelas cargas elétricas presentes em um corpo qualquer, podendo esse corpo ser
uma partícula (um corpo de dimensões desprezíveis) ou um corpo extenso.
Com relação às cargas e aos campos elétricos, temos a criação de linhas referentes à
própria natureza das mesmas, originadas a partir das cargas fontes em questão de uma
partícula ou corpo extenso eletrizado.
Diante disso, temos que a intensidade do campo elétrico decai; onde isso ocorre com o
inverso do quadrado da distância de um ponto qualquer fora da origem, que é justamente
um ponto de referência; o qual descreve a localização de uma carga fonte. A partir desse
ponto de referência, as linhas de campo elétrico são geradas e passam a se distribuir
pelo espaço distanciando-se umas das outras, reduzindo a concentração das mesmas pelo
espaço (HALLIDAY; RESNICK, 2008). Diminuindo, com isso, a intensidade do campo
elétrico.
Naturalmente, os campos elétricos estão associados à força eletrostática, sendo o
campo elétrico a região na qual a carga fonte sente a presença da carga de prova. Podendo
essa outra carga ser uma partícula com intensidade muito pequena de forma a não causar
distorções nestas linhas; com isso, o campo elétrico por sua vez não se torna dependente
dessa, mas somente da carga fonte de onde as linhas de campo são geradas e emitidas
(HALLIDAY; RESNICK, 2008).
Dessa forma, temos que os campos elétricos são essenciais para que uma partícula
carregada sinta a presença de outra no espaço que as cerca, onde a mesma pode estar
tanto no vácuo ou em algum meio material. E, no que se refere a atuação desses campos
na matéria, os átomos e corpos neutros sofrem redistribuições de carga em suas estruturas
atômicas e moleculares a partir da ação de um campo elétrico externo, formando, assim
dipolos elétricos e também campos induzidos de natureza elétrica nesses meios materiais
(GRIFFITHS, 2011).
Neste trabalho, o primeiro capítulo focará o estudo das cargas elétricas e dos processos
de eletrização, tanto de materiais condutores como de isolantes. Em relação ao segundo
capítulo, no mesmo será abordada a força eletrostática de interação entre as cargas de
uma distribuição qualquer, da criação e atuação de campos eletrostáticos no vácuo, bem
como da associação de tais campos com outras grandezas de natureza elétrica, assim como:
o fluxo, o potencial elétrico e etc. Com relação ao terceiro capítulo, neste analisaremos
11
Carga elétrica é algo que naturalmente já existe em toda matéria, ou seja, é uma pro-
priedade inerente à própria existência da mesma. E relacionado a isso, a carga apresenta
os seguintes valores para suas polaridades, sendo esses negativo ou positivo. Diante disso,
vemos que a diferença dos corpos neutros em relação aos carregados está na carga líquida
dos mesmos (HALLIDAY; RESNICK, 2008).
Onde nos corpos neutros, as cargas tanto positivas quanto negativas possuem a mesma
quantidade. Cargas essas, às quais denominamos de elétrons (cargas negativas), prótons
(cargas positivas) (HALLIDAY; RESNICK, 2008). O fato de existirem dois tipos dife-
rentes de cargas, aconteceu devido às descobertas de Charles François du Fay no ano de
1733 (NUSSENZVEIG, 1997).
1
Fonte: Domínio público (2017).
Quando ele mostrou que duas amostras do mesmo material, neste caso, ele utilizou
âmbar, ao serem eletrizadas por atrito com um tecido e quando colocadas em contato
repeliam-se. No entanto, ele observou que uma amostra de vidro eletrizado atraia o
âmbar, assim o tipo de carga que chamou de “vítrea”, tempos depois foi denominada por
Benjamin Franklin de positiva, e a “resinosa” denominou de negativa (NUSSENZVEIG,
1997).
1
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Du_Fay. Acesso em: 13 ago. 2017.
13
2
Fonte: Domínio público (2017).
A partir dessas descobertas, Franklin percebeu que o processo de eletrização não cria
cargas, apenas as transfere de um objeto a outro, tendo essas cargas cada uma, um
determinado sinal. Observou que, o corpo que cede ficaria com uma carga de mesmo
valor absoluto, porém, de sinal contrário à que foi cedida. Com base nesta hipótese, foi
formulado um dos princípios fundamentais da física, que é a lei de Conservação da Carga
Elétrica (MACHADO, 2000). A qual é expressa por:
QT = q1 + q2 . (2)
E, como foi visto, QT não sofre alterações nem antes e muito menos depois do processo
de eletrização. Com relação as ideias de Franklin, ele acreditava que era a carga positiva
que era transferida de um objeto para o outro como um fluido. Porém, hoje já sabe-se,
que no processo de eletrização são as cargas negativas que são cedidas de um objeto a
outro, ou seja, são os elétrons que são transferidos.
Devido à continuação destes estudos, por pesquisadores voltados a essa área, foi com-
provado no final do século XIX que a carga elétrica é quantizada. Significando, assim,
que ela sempre é expressa em múltiplos inteiros de uma carga elementar e. Onde o valor
da mesma, tanto para o próton quanto para o elétron possui a mesma magnitude; porém
2
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Franklin. Acesso em: 13 ago. 2017.
14
com sinais contrários. Sua medição foi feita por Robert Andrews Millikan, no ano de
1909, em seu experimento com gotas de óleo (TIPLER; LLEWELLYN, 2001).
3
Fonte: Domínio público (2017).
Dessa forma, temos que a carga líquida Q de qualquer corpo será expressa sempre em
múltiplos inteiros da carga elementar e (TIPLER; MOSCA, 2006).
Q = ne. (4)
2.2 Eletrização
O átomo, em seu estado natural, têm cargas positivas (prótons) e negativas (elétrons) e,
devido ao fato de possuir em sua estrutura atômica o mesmo número de prótons e elétrons,
o átomo é eletricamente neutro. Para modificar essa determinada situação em um corpo
com átomos neutros, é necessário eletrizá-lo. Dizemos que um corpo está eletrizado ou
carregado quando a quantidade de prótons difere do número de elétrons (HALLIDAY;
RESNICK, 2008).
O nível de dificuldade encontrado em movimentar os elétrons dentro de um material,
podendo ser maior ou menor, por consequência; determina se o mesmo é isolante ou um
3
Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Andrews_Millikan. Acesso em: 28 dez.
2017.
15
condutor. Quanto ao processo de eletrização, temos vários tipos, os quais podem ocorrer
por: atrito, contato ou indução (HALLIDAY; RESNICK, 2008).
Figura 4 - Eletrização por atrito entre um pano de seda e uma barra de vidro.
Figura 5 - Processo de eletrização por contato entre corpo positivo e corpo neutro.
Esse tipo de eletrização é a única que pode ocorrer sem que um objeto precise entrar
em contato com outro e, nesse processo de eletrização, temos que os corpos em questão
que induz a eletrização e o que é eletrizado, são respectivamente chamados de indutor e
induzido. Dessa forma, quando um corpo carregado é colocado próximo de um condutor
sem tocá-lo, essa ação induz uma distribuição de cargas no mesmo (MACHADO, 2000).
Assim, por exemplo, se o corpo carregado possui carga positiva, a parte do induzido
mais próximo do indutor ficará com carga negativa, enquanto que a parte mais distante
irá ficar positivamente carregada. Se em seguida, o induzido for conectado a um outro
condutor tipo a Terra, que é um grande condutor, e essa conexão à mesma for por um
fio. Dessa forma, haverá um deslocamento de cargas negativas da Terra para o primeiro
condutor, o que nesse caso, é o corpo induzido; ocorrendo isso, através do contato entre
os dois condutores (MACHADO, 2000).
Caso, o corpo carregado possuísse carga negativa, o processo seria o mesmo, mas
com eletrização de sinal contrário para o corpo induzido. Como visto, esse processo
de eletrização é mais comum em condutores, pois eles possuem uma boa mobilidade de
cargas elétricas em sua superfície; diferentemente dos isolantes que não possuem uma boa
mobilidade de cargas em sua estrutura.
Pode-se classificar os materiais de acordo com a facilidade com que as cargas elétricas
se movem no interior dos mesmos; nesse caso, as cargas elétricas seriam as de sinal negativo
(os elétrons), pois as cargas de sinal positivo (os prótons) não se movem nem no material
e nem mesmo nos átomos que compõem o material, assim temos:
2.3.1 Condutores
São materiais nos quais as cargas elétricas se movem facilmente em seu interior, neste
caso, as cargas estão livres em todo o material, podendo assim, realizar esse processo.
Como exemplo, desses tipos de materiais, temos: os metais, a água com sais minerais, o
corpo humano e etc. (HALLIDAY; RESNICK, 2008).
2.3.2 Isolantes
Diferentemente dos condutores, nos isolantes as cargas elétricas não se movem com
facilidade em seu interior, ou seja, as cargas estão presas aos átomos que compõem o
material; materiais esses, os quais são: plástico, borracha, vidro e etc. (HALLIDAY;
RESNICK, 2008).
trás átomos positivamente carregados (íons positivos). Esses elétrons móveis recebem o
nome de (elétrons de condução). Os materiais não-condutores possuem um número muito
pequeno, ou mesmo nulo de elétrons de condução (HALLIDAY; RESNICK, 2008).
21
Figura 9 - Força elétrica entre partícula de carga fonte q e partícula com carga de prova
Q.
r~00 − r~0
r̂ = . (7)
|r~00 − r~0 |
22
1 |q||Q| ~00 ~0
F~ = (r − r ). (8)
4πo |r~00 − r~0 |3
Quando temos corpos carregados, eles sofrem interações entre eles próprios, onde será
repulsiva se as cargas possuírem sinais idênticos e atrativa se tiverem sinais opostos (TI-
PLER; MOSCA, 2006).
Como o meio em questão, no qual as cargas inseridas estão é o vácuo. Assim, para a
permissividade do vácuo o , a mesma apresenta o seguinte valor (HALLIDAY; RESNICK,
2008):
o = 8, 85 × 10−12 C 2 /N m2 . (9)
Com isso, é notado que a força total F~ que agirá sobre a carga de prova, devido as
demais cargas; será dada a partir do princípio da superposição, logo:
n
1 X qi Q
F~ = F~1 + F~2 + F~3 + · · · + F~n = r̂i . (10)
4πo i=1 ri2
As linhas de campo são responsáveis pela atuação dos campos elétricos no espaço. É
a partir delas que uma carga interage com a outra eletricamente.
Figura 12 - Linhas de campo elétrico geradas por cargas pontuais.
4
Fonte: Domínio público (2018).
~
~ = lim F .
E (11)
Q→0 Q
~ = 1 dq
dE r̂i . (13)
4π0 |~ri |2
Sendo o elemento de carga dq, associado à distribuição contínua de carga, dado por:
Sabendo que:
Onde o campo elétrico dE, ~ devido ao elemento de carga dq, associado a uma distri-
buição contínua de carga, é deduzido por:
~ = 1 dq
dE r̂. (18)
4π0 |~r|2
Onde a partir da seguinte soma vetorial:
~r (r~00 + r~0 )
r̂ = = 00 . (21)
|~r| |r~ + r~0 |
Para dq, associado ao elemento de área dS, temos:
Sendo a densidade superficial de carga σ(r~0 ) uniforme ao longo do disco, dessa forma
σ(r~0 ) = σ; sendo o elemento de área dS e o vetor r~0 em coordenadas polares, dados por:
0 0
dS = r dr dϕ; (25)
0 0
r~0 = r cosϕî + r senϕĵ. (26)
0 3
|r~00 + r~0 |3 = (z 2 + r 2 ) 2 . (28)
0
Tendo-se, os seguintes intervalos para as coordenadas r e ϕ:
0
0 ≤ r ≤ b; (29)
0 ≤ ϕ ≤ 2π. (30)
29
Assim, temos:
Z 2πZ b " 0 0 0
#
~ = σ zr k̂ + r 2 cosϕî + r 2 senϕĵ 0
E 3 dr dϕ. (31)
4π0 0 0 (z 2 +r ) 02
2
~ = σr
E
r dr dϕ
k̂ =
σz
dϕ
r dr
k̂. (34)
02 3 3
4π0 0 0
2
(z + r ) 2 4π0 0 0 (z 2 + r0 2 ) 2
Aplicando-se, o teorema de Pitágoras.
0
r2 = z 2 + r 2 . (35)
0
E diferenciando-se a equação (35) em relação à variável r , temos:
0 0
rdr = r dr . (36)
lim r = z; (38)
r0 →0
√
lim
0
r= z 2 + b2 . (39)
r →b
Z √
z 2 +b2 (−2+1) √z2 +b2
1 r 1 1
=⇒ I1 = 2π dr = 2π = −2π √ −
z r2 −2 + 1 z z 2 + b2 z
.
30
Sabendo que:
1 1
>√ . (40)
z z + b2
2
0 σ
k = . (43)
20
Com o esboço da curva do módulo do campo elétrico, vemos como o mesmo se com-
porta com variações ao longo do eixo z.
Diante disso, vemos como o campo elétrico decai à medida que a distância aumenta
ao longo do eixo z.
31
∂V ∂V ∂V
dV = dx + dy + dz. (44)
∂x ∂y ∂z
Onde o gradiente do potencial V será:
~ = ∂V ∂V ∂V
∇V î + ĵ + k̂ . (45)
∂x ∂y ∂z
E, para o seguinte deslocamento infinitesimal d~l, temos:
Seguindo-se;
∂V ∂V ∂V
dV = î + ĵ + k̂ · (dxî + dy ĵ + dz k̂). (47)
∂x ∂y ∂z
Adiante, obtemos:
~ · d~l.
dV = ∇V (48)
~ = −∇V.
E ~ (52)
3.3.1 Campo elétrico de uma carga pontual obtido pelo gradiente do potencial
elétrico
1 q
V = . (53)
4π0 r
E utilizando a equação (52), com o uso da regra da potência para derivação, temos:
~ = −∇V
~ =⇒ E
~ =− d 1 q q d 1
E r̂ = − r̂ =⇒
dr 4π0 r 4π0 dr r
~ = − q d r−1 r̂ = q r−2 r̂
=⇒ E
4π0 dr 4π0
.
Assim, obtemos o campo elétrico de Coulomb para uma carga pontual.
~ = 1 q
E r̂. (54)
4π0 r2
A partir do esboço da curva do módulo do campo elétrico devido a uma carga pontual,
vemos como o mesmo se comporta em relação às variações ao longo da distância r.
Assim, pode-se notar que o módulo do campo elétrico, tende a cair à medida que a
distância aumenta.
33
A ação dos campos elétricos em um meio qualquer, diferente do vácuo, pode desenca-
dear o processo de polarização do mesmo. Diante disso, o meio em questão apresentará
dipolos em sua estrutura, independentemente, do que seja constituído tal meio; desde que
esses campos não sejam muito intensos, pois podem ionizá-lo (GRIFFITHS, 2011). Porém,
para alguns meios materiais a existência de dipolos não é determinada pela polarização
dos mesmos, devido ao fato das moléculas constituintes de suas estruturas apresentarem
dipolos intrínsecos.
4.1 Polarização
Um dipolo elétrico é um sistema composto por duas cargas que possuem mesma mag-
nitude e sinais contrários; formando, desse modo, um sistema com carga total nula.
Figura 18 - Dipolo elétrico formado por uma carga positiva q+ e outra negativa q− ambas
separadas por uma distância d.
1 p~ · r̂
V (~r) = . (55)
4π0 r2
~ dip = −∇V
E ~ dip . (56)
∂V 1 2pcosθ
Er = − = ; (58)
∂r 4π0 r3
1 ∂V 1 psenθ
Eθ = − = ; (59)
r ∂θ 4π0 r3
1 ∂V
Eϕ = − = 0. (60)
rsenθ ∂ϕ
Assim, o campo elétrico de um dipolo pode ser reescrito em função das variáveis r e
θ, como pode-se ver a seguir:
~ dip (r, θ) = p
E (2cosθ êr + senθ êθ ). (61)
4π0 r3
Pois, o campo elétrico atrairá os elétrons que rodeiam o núcleo do átomo, por possuí-
rem carga negativa, e repelirá os prótons devido ao fato de apresentarem carga positiva.
Ocorrendo, assim, na mesma direção e sentido do campo aplicado (GRIFFITHS, 2011).
Devido a isso, o átomo apresentará um momento de dipolo p~, que estará alinhado com o
campo elétrico E~ (GRIFFITHS, 2011).
~
p~ = αE. (62)
36
Isso ocorre para todos os dielétricos, tanto os de natureza polar como apolar, a dife-
rença apenas é que para os dielétricos polares os dipolos apenas se alinham na direção
do campo externo, enquanto que para os apolares dipolos induzidos são formados e em
seguida se alinham na direção do campo.
No caso de incidir sobre uma molécula polar um campo elétrico externo E, ~ sendo
esse campo uniforme, a força que atuará na extremidade positiva do dipolo da molécula
se cancelará com a força atuante na extremidade negativa do mesmo. Contudo, ainda
assim, haverá torque (GRIFFITHS, 2011).
F~(+) = q E;
~ (64)
F~(−) = −q E.
~ (65)
F~ = q E
~ + (−q E)
~ = 0. (66)
40
~ = p~ × E.
N ~ (68)
F~ = q(E
~ (+) − E
~ (−) ) = q∆E.
~ (69)
~ = (~p × E)
N ~ + (~r × F~ ). (70)
Assim, percebe-se que, além do torque em questão, ainda há uma força atuando nos
dipolos.
∆~p d~p
P~ = lim = (71)
∆τ →0 ∆τ dτ
Grandeza essa, a qual é denominada de polarização P~ , que é dada pela distribuição
do momento de dipolo do material pela estrutura do mesmo.
41
P~ (r~0 ) · r̂ 0
Z
1
V (~r) = dτ . (73)
4π0 τ
0 r2
E também, sabemos que (Ver APÊNDICE B):
~0 1 r̂
∇ = 2. (74)
r r
Seguindo-se, vemos que:
Z
1 ~0 1 0
V (~r) = P~ (r~0 ) · ∇ dτ . (75)
4π0 τ0 r
Onde também, temos que:
!
P~
~ 0 1 1 ~0 ~ ~0
∇ + (∇= P~ · ∇
· P ) =⇒
r r r
!
0
1 0 P~ 1 ~0 ~
=⇒ P~ · ∇
~ ~ ·
=∇ − (∇ · P ). (76)
r r r
Assim, seguindo-se:
"Z ! #
P~
Z
1 ~ · 0 0 1 ~0 ~ 0
V (~r) = ∇ dτ − (∇ · P ) dτ . (77)
4π0 τ 0 r τ0 r
σp = P~ · n̂. (80)
42
~ 0 · P~ .
ρ p = −∇ (81)
~ int = E
E ~ +E
~ d. (83)
~ int , como:
E, dessa forma, podemos reescrever E
n
X
~ int = E
E ~+ ~ (dip)
E (85)
i
i=1
ρ = ρp + ρl . (86)
~ · E.
ρ = 0 ∇ ~ (87)
~ · P~ .
ρ p = −∇ (88)
~ também se refere às duas contribuições de carga. Seguimos então
Onde o campo E
com:
~ ·E
0 ∇ ~ = −∇
~ · P~ + ρl =⇒
44
~ · (0 E
=⇒ ρl = ∇ ~ + P~ ). (89)
~
Adiante, obtemos o deslocamento elétrico D:
~ = 0 E
D ~ + P~ . (90)
Assim, a lei de Gauss em suas duas versões, tanto a diferencial quanto a integral para
os materiais dielétricos serão:
~ ·D
∇ ~ = ρl ; (91)
I
~ · dS
D ~ = Qlenc . (92)
s
Onde vemos que a lei de Gauss, no caso dos dielétricos, depende apenas das cargas
livres. Contudo, devido à ação das mesmas gerando campos externos, isso já provoca a
criação de cargas ligadas no material dielétrico devido à polarização do mesmo.
Como foi notado nas demonstrações anteriores, tanto o campo elétrico quanto o deslo-
camento elétrico possuem similaridades, no que se refere a aplicação da lei de Gauss para
materiais dielétricos. Porém, o deslocamento elétrico não é exatamente a versão do campo
elétrico para os materiais dielétricos. Pois, não há lei de Coulomb para o deslocamento
elétrico (GRIFFITHS, 2011).
Z
~ 6= 1
D
r̂ ~0 0
ρ(r ) dτ . (93)
4π r 2
τ
~ ×E
∇ ~ = 0. (94)
~ ×D
∇ ~ =∇
~ × (0 E
~ + P~ ) = 0 ∇
~ ×E
~ +∇
~ × P~ =⇒
~ ×D
=⇒ ∇ ~ =∇
~ × P~ . (95)
Os meios dielétricos lineares isotrópicos são meios, que possuem as mesmas propri-
edades em todas as direções. Assim, como a suscetibilidade elétrica χe (GRIFFITHS,
45
2011).
P~ = 0 χe E.
~ (96)
~ = 0 (1 + χe )E.
D ~ (97)
E, desse modo:
= 0 (1 + χe ). (98)
~ = E.
D ~ (99)
r = ; (100)
0
r = (1 + χe ). (101)
46
Acima, vimos que no caso do vácuo a constante dielétrica é r = 1; isso se deve ao fato
de = 0 . Caracterizando ausência de suscetibilidade elétrica χe ; indicando, dessa forma,
que no vácuo não há nenhum tipo de matéria para se polarizar, o que não é o caso dos
outros meios materiais.
47
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como foi visto, esse trabalho centrou-se no entendimento da atuação das cargas elé-
tricas nos corpos, da descoberta do valor da carga elementar do elétron que conhecemos
hoje e a quantização da mesma; assim como dos processos de eletrização em um corpo
qualquer. Foi analisada a associação entre forças elétricas e campos elétricos na eletros-
tática e como os mesmos atuam em corpos imersos no vácuo, bem como da associação
entre estes campos e o potencial elétrico. Estudamos a atuação dos campos elétricos em
meios diferentes do vácuo, como os meios dielétricos, tratando principalmente dos meios
dielétricos lineares de natureza isotrópica. Onde como foi notado, a ação de tais campos
proporcionava a polarização desses meios e a criação de campos elétricos induzidos neles.
48
REFERÊNCIAS
Assim, segue-se:
1 q q
V = − . (103)
4π0 r(+) r(−)
Seguindo-se a partir das seguintes somas vetoriais, notamos que:
!
d~
~r = ~r(+) + ; (104)
2
!
d~
~r(−) = ~r + . (105)
2
E sabendo que |~r(+) | = r(+) e |~r(−) | = r(−) , do mesmo modo, para os demais módulos
dos outros vetores:
s 2
d
r(+) = r2 + − rdcosθ; (112)
2
s 2
d
r(−) = r2 + + rdcosθ. (113)
2
Assim, temos a lei dos cossenos expressa por duas formas:
2 2 !
2 d d dcosθ
r(+) = r2 + − rdcosθ = r2 1 + − ; (114)
2 2r r
2 2 !
2 d d dcosθ
r(−) = r2 + + rdcosθ = r2 1 + + . (115)
2 2r r
Assim, chamando-se:
2
d dcosθ
z(+) = − ; (116)
2r r
2
d dcosθ
z(−) = + . (117)
2r r
E também, temos:
51
1
1 1 (1 + z(+) )− 2
= 1 = ; (118)
r(+) r(1 + z(+) ) 2 r
1
1 1 (1 + z(−) )− 2
= 1 = . (119)
r(−) r(1 + z(−) ) 2 r
Fazendo-se as seguintes expansões binomiais:
1 1 1
− 21 −2 0 −2 1 −2 n
(1 + z(+) ) = z(+) + z(+) + . . . + z(+) ; (120)
0 1 n
1 1 1
− 12 −2 0 −2 1 −2 n
(1 + z(−) ) = z(−) + z(−) + . . . + z(−) . (121)
0 1 n
Considerando-se apenas os dois primeiros termos de cada expansão:
2 !
− 12 1 1 d dcosθ
(1 + z(+) ) ≈ 1 − z(+) = 1 − − ; (122)
2 2 2r r
2 !
− 12 1 1 d dcosθ
(1 + z(−) ) ≈ 1 − z(−) = 1 − + . (123)
2 2 2r r
" 2 !# " 2 !#
1 1 1 1 d dcosθ 1 1 d dcosθ
− = − − − − + . (124)
r(+) r(−) r 2r 2r r r 2 2r r
E assim, temos:
1 1 dcosθ
− = . (125)
r(+) r(−) r2
E o potencial de um dipolo será:
1 qdcosθ 1 pcosθ
V = 2
= . (126)
4π0 r 4π0 r2
E sabendo que:
p~ · r̂ = pcosθ. (127)
52
1 p~ · r̂
V (~r) = . (128)
4π0 r2
53
~0 1
APÊNDICE B - SOLUÇÃO ANALÍTICA DO GRADIENTE ∇ r
00 00 00
r~00 = x î + y ĵ + z k̂; (131)
0 0 0
r~0 = x î + y ĵ + z k̂. (132)
00 0 00 0 00 0
~r = (x − x )î + (y − y )ĵ + (z − z )k̂. (133)
p 00
|~r| = (x − x0 )2 + (y 00 − y 0 )2 + (z 00 − z 0 )2 = r. (134)
~ 0 , sua expressão matemática em coordena-
Onde para o seguinte operador gradiente ∇
das cartesianas é dada por:
~ 0 = î ∂ 0 + ĵ ∂ 0 + k̂ ∂ 0 .
∇ (135)
∂x ∂y ∂z
Seguindo-se, temos:
~0 1 ∂ 1 ∂ 1 ∂ 1
∇ = î 0 + ĵ 0 + k̂ 0 . (136)
r ∂x r ∂y r ∂z r
Onde chamando-se:
00 0
X = (x − x )2 ; (137)
00 0
u=x −x; (138)
00 0
Y = (y − y )2 ; (139)
00 0
v =y −y ; (140)
00 0
Z = (z − z )2 ; (141)
00 0
w =z −z . (142)
E também, temos:
√
r= X + Y + Z. (143)
∂(r−1 ) ∂X ∂u
∂ 1
= ; (144)
∂x0 r ∂X ∂u ∂x0
∂(r−1 ) ∂Y ∂v
∂ 1
= ; (145)
∂y 0 r ∂Y ∂v ∂y 0
∂(r−1 ) ∂Z ∂w
∂ 1
= . (146)
∂z 0 r ∂Z ∂w ∂z 0
Assim, dessa forma, seguindo-se, teremos:
55
00 0
∂ 1 (x − x )
= 3 ; (147)
∂x0 r ((x00 − x0 )2 + (y 00 − y 0 )2 + (z 00 − z 0 )2 ) 2
00 0
∂ 1 (y − y )
= 3 ; (148)
∂y 0 r ((x00 − x0 )2 + (y 00 − y 0 )2 + (z 00 − z 0 )2 ) 2
00 0
∂ 1 (z − z )
= 3 . (149)
∂z 0 r ((x00 − x0 )2 + (y 00 − y 0 )2 + (z 00 − z 0 )2 ) 2
Sabendo que:
1 1
3
= 3 . (150)
r ((x − x ) + (y − y 0 )2 + (z 00 − z 0 )2 ) 2
00 0 2 00
~ = −∇V.
E ~ (154)
~ × E,
Diante disso, para o seguinte rotacional ∇ ~ temos:
!
~ × (∇V
~ )] =
X ∂ ∂V X X ∂ ∂V
[∇ ijk êi = ijk êi . (155)
ijk
∂xj ∂xk i jk
∂xj ∂xk
.
Em relação à i = 3, temos:
~ )]3 = 312 ∂
~ × (∇V
[∇
∂V
+ 321
∂ ∂V
∂x1 ∂x2 ∂x2 ∂x1
.
Sendo 312 = 1 e 321 = −1, obtemos:
~ )]3 = ∂
~ × (∇V
[∇
∂V
−
∂ ∂V
∂x1 ∂x2 ∂x2 ∂x1
.
Pelo teorema de Clairaut:
∂ ∂f (xi , xj ) ∂ ∂f (xi , xj )
= . (157)
∂xi ∂xj ∂xj ∂xi
A partir disso:
~ × (∇V
~ )]1 = ∂ ∂V ∂ ∂V
[∇ − = 0; (158)
∂x2 ∂x3 ∂x2 ∂x3
~ × (∇V
~ )]2 = ∂ ∂V ∂ ∂V
[∇ − = 0; (159)
∂x1 ∂x3 ∂x1 ∂x3
~ × (∇V
~ )]3 = ∂ ∂V ∂ ∂V
[∇ − = 0. (160)
∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x2
Logo, o rotacional do campo elétrico na eletrostática será nulo.
~ ×E
∇ ~ = 0. (161)