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Química Analítica

Lista de exercícios
1.1. Destilação

A destilação é uma técnica frequentemente utilizada para purificar e separar e


componentes líquidos encontrados em uma matriz líquida ou sólida, no qual possuem
pontos de ebulição e pressão de vapor diferentes. O princípio da técnica se baseia no
aquecimento da mistura até atingir o ponto de ebulição do componente desejado,
convertendo o líquido à vapor e este se condensando em outro recipiente. A
destilação pode ser dividida em 4 principais tipos, a destilação simples (componentes
possuem pontos de ebulição não tão próximos), destilação fracionada (componentes
voláteis e que possuem pontos de ebulição próximos), destilação por arraste a vapor
(quando destila-se dois líquidos imiscíveis, sendo um deles a água) e a destilação à
pressão reduzida (utilizada quando o composto a ser destilado se decompõe antes de
entrar em ebulição ou quando possui um alto valor de ponto de ebulição). Lembrando
que a pressão de vapor é a pressão exercida pelo vapor de uma substância quando
esta se encontra em equilíbrio com sua fase líquida e quando as moléculas do líquido
atingem energia cinética suficiente para vencer a força atrativa de suas vizinhas, estas
passam para o estado de vapor ou vaporizam.

Quando a pressão de vapor se iguala a pressão externa, a mistura líquida ou o


componente em investigação entra em ebulição, no qual este é chamado de destilado.

Figura 1 – Representação esquemática do diagrama binário da mistura dos componentes 1 e 2.


Considerando o exemplo da Figura 1, de uma mistura de dois componentes
líquidos (1 e 2), tem-se que o ponto de ebulição da mistura seja variado e
intermediário entre os dois pontos de ebulição dos componentes, variando a sua
fração molar. Quanto uma mistura de moléculas do componente 1 e 2 atingem uma
fração de 0,2 do componente 1, começa a ferver em (A) e a composição inicial do
vapor formado é dado pelo ponto (B). Este vapor se condensa e a primeira gota do
destilado, nesta temperatura, será mais rico em (C) do que a mistura original (A),
sendo que o líquido que for restando no recipiente reacional será mais rico em (A).
Agora que a gota destilada foi condensada, ela irá obter um novo ponto de ebulição (C)
e, por conseguinte, o seu vapor será dado em (D).

Quanto a instrumentação utilizada, varia, principalmente, desde a utilização de


vidrarias com volumes não tão grandes para uso corriqueiros em laboratórios de
ensino e de pesquisa, assim como de grandes reatores e colunas metálicas utilizadas
em escala industrial. O exemplo da Figura 2, é uma representação esquemática do
aparato utilizado em destilação simples, que serve como base conceitual para todas as
destilações empregadas em qualquer escala.

Figura 2 – Representação esquemática do aparato utilizado em destilação simples.


Segue abaixo algumas considerações importantes para utilizar em um sistema
de destilação:

 Todo sistema de destilação deve estar posicionado de maneira retilínea para


que o fluxo térmico tenha direção e continuidade;
 O bulbo do termômetro ou medidor de temperatura deve estar alinhado bem
na saída da coluna de destilação, pois fica bem na altura que o líquido começa a
virar vapor (condensar);
 Sempre realizar o isolamento térmico do meio reacional, para não ter perda de
calor e desperdício de energia;
 O meio reacional nunca deve ser preenchido acima da metade da sua
capacidade, pois pode ter aumento de pressão e o líquido pode supitar, assim
como favorecer o transporte inadequado de uma quantidade de líquido não
destilado para a coluna;
 Deve haver um sistema de resfriamento que seja envolto à coluna de
destilação, afim de facilitar e acelerar a condensação de vapor dentro desta;
 A coluna de destilação deve possuir um ângulo de inclinação para baixo,
próximo de 60°, em relação ao eixo do meio reacional, para facilitar o
escoamento do líquido pela coluna de destilação;
 Geralmente, utiliza-se materiais porosos como cerâmicas dentro do meio
reacional para evitar superaquecimentos, ou seja, consegue atingir o ponto de
ebulição sem ebulir de forma abrupta e violenta. Estes materiais tem a
capacidade de liberar microbolhas de maneira gradual, servindo de núcleos de
ebulição;
 Quando se utiliza sistemas que necessitam de “vácuo”, ou seja, à pressão
reduzida, é necessário acopla-lo em um “trap” entre a bomba de vácuo e o final
da coluna de destilação, para evitar que vapores se condensem dentro da
bomba.;
 Se o líquido destilado for higroscópico ou reativo à água, pode-se colocar na
saída do adaptador de vácuo um tubo de secagem preenchido com CaCl2.

As aplicações tipicamente relacionadas a destilação se restringem muito ao


âmbito industrial quando não usadas para simples separações em laboratórios de
ensino e de pesquisa, no qual as que mais se destacam são o refino ou
“craqueamento” do petróleo, produção de álcool a partir da destilação do caldo de
cana fermentado em alambiques e a produção de óleos essências a partir da destilação
por arraste à vapor de produtos naturais.

1.2. Extração Líquido-Líquido (LLE)

De início, tem-se que a definição de extração como sendo um processo de


separação baseado no transporte molecular, no qual as moléculas passam de uma fase
para a outra sob o efeito de uma diferença de potencial químico. A extração líquido-
líquido se caracteriza pela separação ou partição de um soluto de interesse que está
miscível em uma das fases (sistema heterogêneo). De início, tem-se duas fases
imiscíveis: uma fase (A), a qual contém o soluto de interesse (X) e uma fase (B) a qual
será colocada em contato com ela. Desta forma, ocorrerá uma distribuição do soluto
(X) entre as fases, de maneira que a concentração de (X) em (A) e (B) seja representada
pelo equilíbrio da equação 1:

[X]
XA ⇌ XB ➔ K d = [ X ]
B
eq.1
A

O equilíbrio é atingido quando o potencial químico do soluto em investigação é


o mesmo em ambas as fases. Em soluções ideais, este coeficiente de distribuição, a
uma dada temperatura, é praticamente constante, ou seja, independente da
concentração. Quanto ao modo de extração, pode ser feita de forma contínua ou em
batelada, no qual ambas são técnicas mais utilizadas em laboratórios de ensino e
pesquisa

Batelada: Também chamada de extração descontínua, este tipo de extração é,


geralmente, indicada para sistemas em que os componentes líquidos possuem uma
grande diferença de solubilidade do soluto em ambos solventes (alto valor numérico
de Kd). Um líquido contendo o soluto dissolvido é agitado com um segundo líquido
imiscível, em um recipiente fechado, até que um equilíbrio seja estabelecido (se
houver a liberação de gases é necessário possuir uma válvula de escape). A separação
é estritamente mecanicamente e, geralmente, é feita por um funil de separação. Tem
como desvantagem a toxicidade dos vapores de solventes orgânicos quando usados
em grandes volumes, um tempo de extração longo, dificuldade de automatização e
baixa seletividade.

Figura 3 – Representação esquemática do sistema utilizado em extração líquido-líquido de


maneira descontínua ou em batelada.

Contínua: Já a extração contínua é, geralmente, indicada para sistemas em que


os componentes líquidos possuem uma pequena diferença de solubilidade do soluto
em ambos solventes (baixo valor numérico de K d). Um líquido é passado
continuamente, de maneira dinâmica, através de um líquido estacionário o qual
contém a amostra. Este processo é realizado até que todo o componente em
investigação seja removido, ou seja, a extração é realizada quando o líquido extrator
passa por esta fase estacionária, não ocorrendo um equilíbrio dinâmico.
Figura 4 – Representação esquemática dos equipamentos utilizados em extração líquido-
líquido de maneira contínua.

O projeto do equipamento utilizado na extração contínua deve levar em


consideração em conta se o solvente a ser adicionado à amostra (solvente extrator) é
mais leve ou mais pesado do que a solução contendo os solutos de interesse.

Observado tanto em laboratórios de pesquisas quando em plantas pilotos e


escala industrial, a extração líquido-líquido é um importante método de separação
utilizado que precede as análises químicas. No contexto industrial, é muito utilizado na
mineração, na recuperação de produtos de fermentação e outros mais específicos
como extração de penicilina do caldo de fermentação aquoso por butanol. Na área de
alimentos são restritas a casos isolados, como a transferência de pigmentos
carotenoides de solventes orgânicos para óleos comestíveis ou a produção de óleos
essenciais cítricos sem a presença de terpenos, extraindo os compostos oxigenados do
óleo essencial com etanol aquoso.

1.3. Extração com Fluido Supercrítico (SFE) e Extração Acelerada


com Solventes (ASE)

O fluido supercrítico, estado intermediário entre líquido e gasoso, possui uma


temperatura crítica ou uma temperatura máxima na qual um gás pode ser convertido a
um líquido por um aumento de pressão e o mesmo é observado em relação à pressão,
ou seja, ambos precisam estar acima do ponto de inflexão de temperatura ou pressão
crítica. Em comparação com o fluido gasoso e líquido, o estado supercrítico tem um
ponto positivo que se destaca, sendo a modificação do estado de agregação de suas
moléculas e a sua densidade, o que promove um aumento do seu poder de solvatação
e, por conseguinte, torna um técnica de extração mais eficiente em alguns casos. Os
coeficientes de difusão dos solutos são maiores em fluidos supercríticos que nos
líquidos, porém, é menor que nos gases. Então, a transferência de massa é mais rápida
em fluidos supercríticos que em fases móveis líquidas. Isto significa uma maior
eficiência por unidade de tempo, velocidade linear mais rápida e tempo de análise
menor em SFE do que LC. De maneira geral, a extração com fluido supercrítico tem
como objetivo principal e comum com as outras extrações, extrair um soluto de
interesse de uma determinada matriz homogênea ou heterogênea, porém, seu estado
não é nem líquido e nem gasoso, tornando a técnica peculiar. O mesmo
comportamento é observado na técnica de extração acelerada com solvente, que é
uma técnica que utiliza fluido pressurizado, ou seja, para ser uma ASE, necessita
apenas que a pressão ou temperatura do fluido esteja acima da temperatura e pressão
ambiente.

Esta técnica, por utilizar de um fluido em condições extremas, necessita de um


equipamento um pouco mais sofisticado, consistindo de um sistema de pressurização
para elevar a pressão do fluido a valores acima do crítico, solvente coletor,
manômetro, cela de extração, o forno capaz de atingir e manter a temperatura
desejada na cela de extração, um sistema de restrição para garantir a pressão desejada
controle de vazão do fluido e um sistema de coleta do extrato. A mesma
instrumentação utilizada para SFE pode ser utilizada para a ASE.

A extração com fluidos pressurizados é, geralmente, utilizada para análise de


amostras termicamente instáveis e de alto peso molecular quando comparada a
técnicas cromatográficas (HPLC e GC). Por possuir uma ampla utilização em varias
áreas do segmento industrial, segue alguns exemplos de utilização: eliminação de
pesticidas em amostras alimentícias, extração de antioxidantes, carotenoides e
tocoferóis de uma grande variedade de frutas e vegetais, catálise e biocatálise de
alguns compostos orgânicos na industrial química e, no setor de polímeros, a
impregnação de material médico, purificação de polímeros a partir de solventes ou
monômeros residuais e extrusão de elastômeros.

1.4. Extração em Faz Sólida (SPE) – Parte I e II

A extração em fase sólida (SPE) é uma técnica de extração que veio como
complemento ou substituta para a extração líquido-líquido (LLE) e é utilizada para
purificação de amostras, isolamento e a concentração de analitos a um dado fluxo de
amostra de gás, fluido ou líquido, ocorrendo a sua transferência e retenção (sorção)
em uma fase sólida. Esta e outras técnicas de preparo de amostras são essenciais, pois
evitam limpezas constantes no sistema de injeção cromatográfica, removem os
interferentes da matriz e impedem que estes coeluam com os compostos de interesse,
fazendo com que aumenta a longevidade das colunas analíticas ou dos capilares
empregados nas separações cromatográficas seguintes. A fase sólida é então
responsável por isolar os analitos da amostra e estes são recuperados por eluição
usando um líquido ou fluido, ou por dessorção térmica na fase gasosa.

Os primeiros aparatos utilizados como fase sólida, para a técnica de SPE, foram
na década de 80 com os cartuchos preenchidos de sílica com fase quimicamente ligada
(deposição feita, geralmente, utilizando radiação gama, micro-ondas ou tratamento
térmico). Hoje em dia, muitos laboratórios fazem seus próprios cartuchos (Homemade
Cartridges), assim como há uma grande variedade de materiais sorventes que podem
ser utilizados e encontrados comercialmente para serem utilizados como cartuchos,
como é o caso dos polímeros porosos, materiais carbonáceos, MIP’s, criptandos
quimicamente ligados (ligantes multidentados bicíclicos ou policíclicos sintéticos),
entre outros. Uma alternativa aos cartuchos, foram os discos, que forneciam taxas de
processamento amostral mais alto para volumes maiores, bem como a minimização do
entupimento dos materiais sólidos utilizados como sorvente nos cartuchos. Há pelos
menos três tipos de discos até hoje utilizados, entre eles:

 Particle-loaded membranes: São membranas flexíveis de 0,5 mm de espessura


que contem partículas sorventes de 8 a 12 mm de diâmetro imobilizadas em
uma rede de fibras curtas de PTFE (poli-tetrafluoretileno). Se assemelham
superficialmente muito a textura dos filtros de papel e, às vezes, um pré-filtro
de poli-etileno é necessário acima desta membrana;
 Particle-embedded glass-fiber: São discos de fibra de vidro de 10 a 30 mm de
diâmetro com as partículas sorventes embebidas em sua estrutura e, também,
necessitam de um pré-filtro acoplado a sua superfície superior;
 Laminar disks: Os discos laminares são arranjos de partículas sorventes de 10
mm retidas, em cima e em baixo, por dois filtros de fibra de vidro na forma de
telas juntamente com um anel de retenção, tudo formando um cartucho pré-
montado.
De maneira geral, ambos dispositivos usam a mesmo artificio de separação, que
é a utilização de material sorvente estacionário (extrator) preenchendo um barril ou
uma seringa, diferenciando somente no formato.

Avanços mais recentes em SPE demonstraram que a necessidade de redução de


volumes e do tempo de extração é extremamente importante. Nesse contexto, tem-se
a utilização de ponteiras plásticas de pipetas automáticas de pequenos volumes com a
sua ponta preenchida de uma fase extratora. A vantagem destas ponteiras é evitar a
contaminação, uma vez que são descartáveis e também permitem um fluxo
bidirecional do solvente e dispensam o uso de dispositivo a vácuo.

Os principais objetivos da SPE e a maneira de ser aplicada é o enriquecimento


de traços ou pré-concentração (Trace Enrichment), a limpeza de contaminantes
(Sample CleanUp) e modificação da matriz (Matriz Modification). Quanto aos
mecanismos de separação observados na SPE, tem-se a adsorção, partição (fase
normal ou reversa), troca iônica e exclusão mecânica por tamanho, no qual estão
associados a processos químicos, físicos e mecânicos que atuam durante a separação.

A primeira fase da separação é condicionamento do sorvente, no qual um


solvente adequado é passado pela fase sólida para remover impurezas e facilitar a
sorção dos analitos a serem adicionados (esta etapa é extremamente importante para
o processamento de amostras aquosas usando membranas carregadas de partículas).
Um detalhe da etapa de condicionamento é que se a superfície não for ativa, ela
sofrerá esse processo de ativação da superfície, para que a sorção ocorra de maneira
mais efetiva, visto que a investigação já foi realizada. A seguir, a etapa de amostragem
se caracteriza pela introdução de uma fase líquida ou gasosa no cartucho do
dispositivo utilizado para SPE e esperado o tempo de equilíbrio do processo de
extração. A etapa de lavagem da amostra, consiste na retirada dos interferentes da
matriz que estejam menos retidos que os analitos, para isso utiliza-se um solvente que
não arraste os analitos de interesse e não prejudique a o cartucho/disco (geralmente,
usa-se o mesmo solvente da amostra).

A etapa de dessorção, ou eluição, é feita mediante a natureza química do


analito e ao tipo cromatográfica que será feita após essa técnica de pré tratamento. A
eluição dos analitos em investigação da fase extratora pode ser tanto On-Line, quanto
Off-Line e feita de duas maneiras: dessorção térmica ou por solventes,

Para uma dessorção térmica, é necessário que o analito seja gasoso é que haja
um acoplamento da SPE ao cromatógrafo a gás, de maneira que todo o sistema seja
bem vedado e a amostra seja separada e direcionada diretamente para o injetor do GC
(muito usado para amostras semi-voláteis, não voláteis e até mesmo termicamente
instáveis); este tipo de procedimento é On-Line. Se a amostra for líquida, esta pode ser
acoplada em um cromatógrafo líquida de alta performance (HPLC), sendo outra
maneira de tornar a SPE uma técnica On-line, no qual a dessorção é feita por meio de
solvente apropriados sem que prejudiquem o analito, o cartucho e os componentes do
cromatógrafo (dessorção por solventes). Caso não seja acoplada a nenhuma técnica
cromatográfica e ainda seja líquida, após a etapa de pré-tratamento, a amostra é
introduzida mecanicamente, de modo convencional no sistema cromatográfico.

Figura 5 – Representação esquemática da adição de uma matriz complexa em uma seringa


com um cartucho atuando como material sólido extrator.

Analisando a etapa de dessorção dos analitos, tem-se que o solvente utilizado


deve ser mínimo o suficiente para obter uma eficiência máxima de extração, ou seja,
uma maior recuperação possível do analito. Este volume de solvente, chamado de
volume de Breakthrough, é determinado pela curva de Breakthrough (Figura 6). Na
fase inicial de amostragem, os analitos são retidos quantitativamente pelo sorvente
até o ponto em que o volume da amostra excede a capacidade de retenção do
sorvente. A posição na curva, na qual uma quantidade arbitrária de amostra é
observada na saída do dispositivo de amostragem, é definida como o volume de
Breakthrough (VB), representando 1%, 5% ou 10% de amostra retida. Um segundo
ponto na curva de Breakthrough, (VC), corresponde ao volume de amostra no qual a
capacidade de retenção do sorvente está saturada, resultando no isolamento da
quantidade máxima de analito, mas com uma recuperação geral mais baixa, visto que
uma fração da amostra é perdida durante o processo de sorção. Por fim, o ponto de
inflexão (platô), volume de retenção, (VR), corresponde a capacidade sobrecarregada
do material sorvente ou este não está mais conseguindo reter os analitos da matriz
amostral.

Figura 6 – Representação gráfica da curva de Breakthrough.

Quanto a seleção do material sorvente que atuará como fase extratora, este
deve ser escolhido de maneira que se obtenha o máximo de eficiência e seletividade
na extração, para isso leva-se em consideração a estrutura química do analito, as
propriedades físicas e químicas do sorvente e a composição da matriz amostral. Segue
uma tabela que exemplifica qual material sorvente é escolhido para alguns analitos
orgânicos.

Tabela 1 – Mapa geral para escolha da fase sorvente e solvente na análise de componentes de
massa molar abaixo de 2000 daltons em matrizes orgânicas.
As propriedades de sorção das fases sólidas não são tão reproduzíveis quanto
as propriedades de solvatação dos solventes, por isso, em alguns casos, a utilização da
técnica de SFE ou qualquer técnica acelerada com solvente, por possuírem um grande
poder de solvatação de solvatação e um alto coeficiente de difusão em relação aos
gases e liquidos. Outra desvantagem da técnica é a capacidade de sorção da SPE, em
relação as técnicas de extração líquido-líquidos, que é limitada, principalmente quanto
à sobrecarga de volume e ao deslocamento amostral pela fase sorvente. O tempo de
análise é outra variável relevante em SPE, pois é uma técnica com menor de tempo de
extração em relação às extrações líquido-liquido em colunas tubulares, mas um tempo
de extração maior em relação às técnicas miniaturizadas.

Tanto os cartuchos quantos os discos podem ser preparados/sintetizados em


um laboratório, mas os discos são mais elaborados, sendo que é encontrado poucos
trabalhos na literatura sobre discos com variadas fases quimicamente ligadas atuando
como material sorvente. Algumas vantagens da utilização dos discos são a sua grande
área superficial e o menor tempo de processamento amostral pela sua fase
estacionária, devido a sua maior área de seção transversal, permitindo um fluxo maior
de amostra. Há autores que consideram que a ampliação dos barris ou seringas é mais
vantajosa para lidar com grandes volumes amostrais do que utilizar os discos, mas,
conceitualmente, tem-se que é utilizado os discos para grandes volumes amostrais.
Outra desvantagem dos discos é o alto custo em relação aos cartuchos.

A SPE possui propriedades favoráveis para amostragem em campo, eliminando


a necessidade de transportar e armazenar amostras em massa para processamento no
laboratório, assim como é uma técnica fácil de se automatizar e acoplar a técnicas de
separação (cromatografia) e de quantificação como os espectrofotométricos e
espectrométricos. Esta técnica de amostragem tem como principais aplicações, a
utilização em laboratórios de pesquisa e ensino, na área de química ambiental,
farmacêutica, clínica e alimentícia.

Segue alguns exemplos da utilização da SPE em trabalhos encontrados na


literatura:

 Síntese e caracterização de um novo polímero seletivo e molecularmente


impresso (MIP) atuando como material sorvente para extração de gliclazida de
amostras de plasma humano por um procedimento de extração em fase sólida
com impressão molecular (MISPE);
 Método analítico para determinação simultânea de 11 antibióticos de
fluoroquinolonas em água (Trace Enrichment) por meio da extração em fase
sólida de polímeros impressos molecularmente (MIP-SPE) para análise em
cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massa (U-
HPLC / MS-MS);
 Desenvolvimento de um método de extração/fracionamento on-line baseado
no acoplamento de extração líquida pressurizada (ASE) e extração em fase
sólida (SPE) para separação de compostos fenólicos de bagaço de maça.

1.5. Dispersão da Matriz em Fase Sólida (MSPD)

Desenvolvida por Barker et al. Em 1989, esta técnica é um aperfeiçoamento da


SPE, no qual utilizou do mesmo aparato empregado na SPE tradicional, sendo que a
principal diferença foi a incorporação de um tecido amostral juntamente com a fase
extratora, que neste caso foi a sílica com octadecilsiloxano quimicamente ligada
(Figura 7). De maneira geral, a MSPD é uma técnica de extração de limpeza simultânea
desenvolvida para amostras sólidas ou semi-sólidas nas quais a amostra é desintegrada
na presença de um suporte sólido ou fase extratora, facilitando e promovendo uma
maior superfície de contato entre ambos. Além disso, um material sorvente adicional
do mesmo material ou outro pode ser adicionado ao fundo da coluna de extração para
realizar uma sorção adicional.
Figura 7 – Representação esquemática do aparato utilizado na técnica de extração MSPD.

Geralmente, este processo de mistura é feito por um pistilo e macerador e, no


qual o sorvente atua como um abrasivo que promove a ruptura da estrutura física
inicial da matriz da amostra, dispersando-a em pequenos pedaços, bem como, pode
absorver ou adsorver os analitos ou outros componentes da amostra de interesse.
Após completa homogeneização, a amostra é transferida para uma coluna vazia ou
cartucho de fase sólida, com um filtro de frita ou outro material extrator adicional na
parte inferior. Em seguida, um novo papel de filtro ou outro material extrator adicional
é colocado sobre a amostra antes da compressão do êmbolo de seringa para forçar a
eluição. A etapa de compressão evita a formação de canais ou bolhas de ar e,
finalmente, a eluição dos analitos é realizada usando um sistema de vácuo ou
simplesmente deixa que a gravidade elua o solvente, caso não tiver a possibilidade da
utilização de um êmbolo.

Figura 8 – Representação esquemática do desenvolvimento da dispersão da amostra em fase


sólida e a montagem do sistema de MSPD.
Desde a sua introdução, vem sendo amplamente utilizada no isolamento de
uma ampla variedade de compostos orgânicos (contaminantes ou materiais biológicos)
e de uma ampla variedade de matrizes complexas (amostras ambientais, pesticidas,
fármacos e tecidos vivos).

1.6. Microextração em Fase Sólida (SPME) e Headspace-SPME (HS-


SPME) – Parte I e II

A SPME, Headspace-SPME e as técnicas que serão resumidas nos tópicos a


seguir são um conjunto de micro técnicas que utilizam uma pequena quantidade de
solvente imiscível em água (fase extratora) para extrair os analitos em investigação de
uma matriz, geralmente, aquosa (fase doadora). Esta técnica foi criada em 1989 por
Pawliszyn e colaboradores com a necessidade de rápida preparação de amostras no
laboratório e proporcionar um pré tratamento amostral eficiente para as posteriores
etapas de separação e detecção.

A SPME é uma técnica eficaz de amostragem para integrar várias operações,


como coleta, extração, enriquecimento de analitos e isolamento de matrizes de
amostras, podendo ser usada para extrair analitos de amostras gasosas, líquidas e
sólidas. A estrutura vital do dispositivo utilizado em SPME é um suporte sólido de uma
fibra recoberta com uma fina camada de fase estacionária polimérica que será
utilizada para a extração dos analitos em investigação, concentrando-os na matriz da
amostra. A fibra é alojada na ponta da agulha, no qual, tal conjunto recebe o nome de
Fiber-SPME. Em geral, a SPME convencional utilizada se caracteriza pela utilização de
um suporte de montagem (Holder) ou seringa e uma fase estacionária de sílica fundida
(fibra) na ponta da agulha, como se fosse um segmento da coluna de GC ou HPLC
dentro desta.
Figura 9 – Representação esquemática do aparato de extração utilizado na técnica SPME com
auxílio de fibras.

O processo SPME consiste em duas etapas básicas: o mecanismo de separação


de partição (adsorção ou absorção) dos analitos entre a fase extratora e a matriz na
fibra adaptada (usualmente adsorvida ou quimicamente ligada) na ponta da agulha e a
sequencial dessorção dos extratos concentrados em um instrumento analítico de
quantificação. Como a amostragem, extração, pré-concentração e introdução de
amostras, em um instrumento analítico, podem ser realizadas em uma única etapa, os
métodos SPME fornecem resultados quantitativos ou semiquantitativos.

Quanto aos modos de operação, podem ser feitos de três maneiras e ilustrados
na Figura 9:

i. De maneira direta, também chamada de DI-SPME, no qual a agulha juntamente


com a fibra é introduzida dentro da solução do vial com o auxílio de um sistema
de agitação mecânica. Utilizado para sistema de volatilidade média e baixa
e/ou amostras gasosas e líquidos;
ii. HS-SPME, em que a agulha contendo a fibra extratora fica acima da solução
amostral, fazendo com que a fibra não entre em contato com a solução. Esta
não imersão da fibra na matriz favorece a proteção contra adsorções
irreversíveis e indesejáveis, como componentes de baixa volatilidade e de alto
peso molecular. Utilizado para sistemas de volatilidade média e alta e/ou
amostras líquidas e sólidas. Necessita de aquecimento prévio para aumentar a
cinética do processo (aumento da pressão de vapor) facilitando a volatilização
da amostra;
iii. Utilização de uma membrana envolta a fibra dentro da solução amostral, a fim
de proteger a fibra de sujeiras encontradas no vial. Utilizada para amostras
complexas e de baixa volatilidade.

Quando a concentração do analito no revestimento da fibra é praticamente


igual à da matriz amostral, considera-se que o sistema entrou em equilíbrio e não
ocorre mais sorção, ou seja, pequenos incrementos adicionais no tempo de extração
não aumenta a quantidade de analito retido. Uma vez atingido o equilíbrio, o sistema
Fiber-SPME é transferido para o sistema de dessorção.

Quanto aos parâmetros a serem avaliados e levados em consideração na


escolha da melhor fase sorvente para a extração SPME, tem-se que os que mais se
destacam são: a natureza química do analito de interesse e da matriz amostral, assim
como o objetivo de análise. De maneira geral, as condições experimentais que afetam
a sensibilidade e a reprodutibilidade da extração SPME estão diretamente ligadas a
três parâmetros principais, entre eles:

 Condições de extração: Natureza química da fibra utilizada como revestimento


(para extrair compostos de alta polaridade, escolhe-se fibras mais polares e
menos polares para compostos de baixa polaridade, como é o caso do poli-
dimetilsiloxano - PDMS), a maneira de se realizar a extração, método de
agitação (uma boa agitação, aumenta a homogeneidade do sistema e a cinética
da extração), tempo de extração e o volume de amostra;
 Modificações na matriz: Força iônica, pH, diluição da amostra (quando é feita
em mais de uma etapa), teor de solvente orgânico, derivatização do analito e
temperatura da amostra (aumenta a velocidade da extração com o aumento de
temperatura, assim como influencia no coeficiente de partição PDMS/Gás –
com o aumento de temperatura, diminui o K);
 Condições da dessorção: Tipo do sistema de separação e detecção, o tipo de
interface utilizada entre o SPME e o instrumento analítico e natureza química
do analito (termicamente lábel, semi-volátil, volátil ou não-volátil).
Figura 10 – Representação esquemática das etapas de extração utilizadas na técnica de DI-
SPME (a), HS-SPME (b) e SPME com auxílio de membrana (c).

Entre as principais vantagens, tem-se: a utilização de solventes pode ser


completamente eliminada, ou seja, utiliza-se uma quantidade ínfima de solventes, a
possibilidade de reutilização da fibra utilizada como material sorvente, a amostra pode
ser analisada mais de uma vez (semelhante ao sistema Draw-eject observado na
técnica de extração In-Tube SPME), tempos curtos de análise em comparação com a
ELL e a possibilidade de se acoplar a um sistema de separação ou detecção (On-line).
Tem como principais desvantagens a os problemas de precisão, poucas fibras
encontradas comercialmente (por isso a necessidade de pesquisar e testar outros tipos
de materiais sorventes), a morosidade na otimização de um método e um percentual
baixo de recuperação quando comparada a outras micro técnicas de extração, como é
o caso da SBSE, que possui uma sensibilidade analítica 50 à 250 vezes maior que a
SPME.

Encontram-se muitos trabalhos na área de alimento em que se utilizam a


técnica de SPME, principalmente no que se diz respeito à avaliação do valor nutricional
e da qualidade dos produtos frescos com a monitoração de aditivos alimentares e/ou
contaminantes tóxicos.  A SPME também pode ser usada, rotineiramente, junto com
cromatografia gasosa (GC) e acoplada em espectrômetro de massa de GC (GC-MS),
mas para pré análises de compostos não voláteis e termicamente lábeis, utiliza-se a
cromatografia líquida de alta performance (HPLC) ou LC-MS. Segue alguns trabalhos
encontrados na literatura que utilizam a técnica de extração SPME:

 Comparação das técnicas de extração SPME e Solvent-assisted flavor


evaporation (SAFE) para extração componentes voláteis do suco de melancia;
 Utilização da SPME como técnica de extração para uma amostragem a vácuo de
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs) em amostras sólidas;
 Comparação das técnicas de extração SPME e Ultrasonic Assisted Solvent
Extraction (UASE) como etapas de pré separação para injeção a um
cromatógrafo líquido de alta eficiência acoplados a um espectrômetro de
massas (HPLC-MS) na determinação de ftalatos em filés de peixe;
 Utilização da SPME acoplada a um HPLC-MS para a determinação ultra-vestigial
de nicotina e seus quatro principais metabólitos (cotinina, nornicotina,
norcotinina e anabasina) de plasma de coelho.

1.7. “In-tube” - SPME

A “In-tube” - SPME é uma eficiente técnica de extração que utiliza um


segmento de coluna capilar tubular, geralmente uma de GC, aberta com um
revestimento de fase estacionária como dispositivo de extração. A fase de extração
consiste em um revestimento de superfície interna, possuindo, assim, uma maior
superfície de contato com a fase amostral em relação à fibra convencional de SPME,
mas do contrário, possui uma certa fragilidade, baixa capacidade de sorção e
sangramento caso os revestimentos forem de filme espesso. Os dispositivos “In-tube” -
SPME exibem maior estabilidade mecânica do que os dispositivos SPME de fibra e são
facilmente conectados a um sistema de injeção de amostrador automático (fácil
automação e formação de sistema On-line). A figura 11 ilustra o aparato e o
procedimento utilizado para acoplamento da coluna extratora antes de realizar a
separação cromatográfica. Sendo que este pode ser feito de maneira contínua (Flow-
through system), em que o sistema é extrai somente uma vez ou em ciclos (Repeated
draw system), em que o sistema realiza várias circulações da amostra na câmera
extratora.

Figura 11 – Esquema representativo da microextração em fase sólida utilizando um dispositivo


“In-tube” – SPME (Capillary column indicado em cor laranja) acoplado no sistema de circulação
da técnica cromatográfica HPLC; em (a) e (b) o Flow-through system e em (c) e (d) o Repeated
draw system.

Quanto a operação, de início a fase móvel passará pela válvula de amostragem,


lavando e condicionando a coluna analítica, esta não estando ligada ao sistema de
extração ainda. Ainda mantendo esta posição do estator do autosampler, os frascos
são colocados em um amostrador automático, a agulha aspira o material em
investigação e este passa para dentro do sistema “In-tube” – SPME, no qual os analitos
sofrem a interação com a fase extratora dentro do tubo pelo mecanismo de partição.
Quanto mais tempo e mais vezes a amostra passar dentro do tubo, mais material ficará
retido na fase extratora e, após uma quantidade suficiente de ciclos, o estator do
autosampler muda de posição e redireciona o fluxo para da fase móvel para a coluna
cromatográfica (também chamado de Back Flush), caracterizando-se pela etapa de
etapa de dessorção do material extraído. A técnia de “In-tube” – SPME é utilizada,
geralmente, para a extração de amostras que contém analitos pouco voláteis e/ou
termicamente instáveis, sendo que a dessorção deste não se faz utilizando
temperatura, ou seja, utiliza-se um sistema de HPLC.

1.8. Micro-Extração em Solvente Empacotado (MEPS)

A MEPS, também minituarizada, é uma técnica recém-desenvolvida para


extração de amostras com acoplamento on-line em HPLC. Essa forma de SPE
miniaturizada usa um procedimento semelhante ao SPME e “In-tube” – SPME, no qual,
a diferença se concentra na utilização de um pequeno cartucho rosqueável, contendo
a fase extratora e localizado entre a agulha e o corpo da seringa. Na MEPS,
aproximadamente 1 mg de material sorvente é acoplado da seringa (100–250μL),
atuando como se fosse um filtro e retendo o material em investigação.

Figura 12 – Representação esquemática dos componentes do aparato utilizado em MEPS

Após o condicionamento com metanol e água, as soluções da amostra são


coletadas através da seringa pelo autosampler e são bombeadas para dentro e para
fora, por no mínimo três vezes (50μL cada). Após lavagem com água para remover
quaisquer materiais interferentes, como proteínas (vantagem de minimizar o
Carryover), os analitos extraídos são eluídos, com o auxílio da fase móvel, diretamente
para o injetor do HPLC. Além disso, o MEPS pode ser usado para analisar pequenas
amostras e componentes de matrizes complexas, exigindo apenas 1 min por amostra.
Tem como outras vantagens, a fácil automatização em relação ao método
convencional de SPME, assim como possui uma taxa de recuperação mais alta (60% a
90%) que o SPME (1% a 10%).
1.9. Extração Sortiva em Barras de Agitação (SBSE)

Este tipo de técnica de extração surgiu com intuito de substituir a técnica


convencional de SPME por fibra quando a capacidade de extração desta for limitada,
no qual a capacidade da SBSE chega a ser de 50 a 250 vezes maior (maior
sensibilidade). O mecanismo de separação observado é o equilíbrio de partição, no
qual utiliza-se uma barra magnética revestida por um material sorvente, geralmente, o
polímero PDMS, sendo o mais utilizado por apresentar boa estabilidade térmica e
baixa quantidade de degradação. Uma solução para aumentar a quantidade de
amostras a serem extraídas é a troca da fase extratora PDMS por Homemade Bars, no
qual se utiliza materiais carbonáceos, polímeros blendas e modificações na própria
PDMS, assim como a seletividade pode ser ajustada com o devido experimento.

Figura 13 – Representação esquemática do aparato utilizado para a técnica de extração DI-


SBSE (a) e HS-SBSE (b).

Existem duas maneiras de se realizar a técnica de exrtação SBSE, a DI-SBSE e a


HS-SBSE. Para a DI-SBSE, a barra de agitação é colocada em um volume adequado de
amostra de líquido em um vial, que é então agitado, com o auxílio de uma chapa
magnética, até que o equilíbrio da partição seja alcançado. Algumas variáveis, que
estão diretamente com o tempo de extração, são otimizadas somente após testes,
como o volume da amostra do vial, taxa de agitação, temperatura e dimensões da
barra de agitação. Para HS-SBSE, a barra de agitação fica suspensa acima da amostra
líquida ou sólida dentro do vial. A extração ocorre da mesma maneira que a DI-SBSE,
porém a agitação da barra não é feita diretamente na amostra. A remoção ou
dessorção desses compostos aderidos na superfície da barra pode ser feita por adição
de solvente ou pela elevação de temperatura dentro de um sistema a parte de
dessorção.

A técnica de SBSE, geralmente utilizada em laboratórios de pesquisa, pode ser


aplicada em várias áreas: ambiental, farmacêuticas, forense, alimentos e clínico. Segue
algumas aplicações específicas: análise de pesticidas, fenóis e organofosforados em
amostras complexas de efluentes, extração de compostos voláteis em amostras de
café torrado, sélvia e whisky, extração de antidepressivos de plasma de pacientes
idosos e hormônios sexuais em urina.

1.10. QuEChERS

O nome QuEChERS vem das iniciais das palavras Quick, Easy, Cheap, Effective,
Rugged e Safe, que significam rápido, fácil, barato, efetivo, robusto e seguro. O
método de extração surgiu como uma necessidade de resolução de problemas
encontrados na análise de resíduos de pesticidas em alimentos, assim como a
substituição dos métodos miniaturizados até então descritos (SPE, SBSE, SPME e suas
variações), por apresentarem um tempo longo de extração, uso de grandes
quantidades de solvente, alto custo, entre outros. Deixa-se explícito que método de
QuEChERS não é uma técnica analítica, pois não tem nada de inovador, e sim um
arranjo ou sequência de técnicas que possuem aplicações específicas. O método
baseia-se, essencialmente, na adição de um solvente seguido da adição de sais, que irá
promover o fenômeno de partição. A figura 14 ilustra as principais etapas para
realização da extração utilizando o método de extração QuEChERS.
Figura 14 – Representação esquemática das etapas do método QuEChERS: a) -
homogeneização da matriz (peneiração ou maceração), b) – Etapa de amostragem, c) – Adição
do solvente extrator com mistura manual, d) – Adição dos sais necessários, e) – Agitação no
vortex, f) – Centrifugação (as vezes, não necessário), g) – Retirada do sobrenadante, h) –
Injeção no Headspace (pode ser injetada diretamento no injetor do cromatógrafo).

Por ser um método modelado para a melhor extração de resíduos de


pesticidas, teve-se de estudar um solvente que extraísse uma ampla faixa de pesticidas
com diferentes polaridades e que fosse compatível com LC-MS/MS e GC-MS/MS, que
foi o caso da acetonitrila. Outra vantagem da utilização da acetonitrila é capacidade de
extração de uma menor quantidade de co-extrativos lipofílicos provenientes da
amostra. Já a adição de sal, tem como objetivo promover a separação de fase do
sistema, seguido o efeito Salting Out, efeito que aumenta a força iônica do meio e
ocorre o aumento da solubilidade de um soluto, mas em grandes quantidades,
promove a diminuição da solubilidade. A utilização de sais secantes, como Na 2SO4 ou
MgSO4, tem a finalidade de melhorar a recuperação de pesticidas polares.
O procedimento de agitação manual ou com o auxílio do Vortex do
frasco/recipiente fechado do QuEChERS possui algumas vantagens em relação à
agitação mecânica, tais como a possibilidade de realizar a extração em campo, a não
necessidade de lavagem do homogeneizador no intervalo entre as extrações e, por ser
um recipiente fechado, evita que o conteúdo se exponha ao analista. A etapa de
limpeza é essencial para promover robustez e confiabilidade aos resultados obtidos
pelo sistema cromatográfico, sendo que os componentes não-voláteis da matriz
amostral podem ficar adsorvidos no injetor e na coluna cromatográfica, causando um
efeito de memória e prejudicando as posteriores análises.

De maneira geral, o método de extração de QuEChERS é o mais indicado para


determinação de resíduos de pesticidas em amostras de alimentos e outros produtos
agrícolas, proporcionando precisão e precisão aceitáveis para pesticidas ácidos,
neutros e básicos.
Parte 3 – Comparação entre as técnicas Extração Sortiva em Barras de Agitação (SBSE) e Destilação

SBSE Destilação
Geralmente utilizada para separação de
Em comparação com a ELL, utiliza uma quantidade componentes não polares, necessita de solventes
Atendimentos à conceitos
ínfima de solvente para realizar a dessorção por orgânicos, que, em comparação com as técnicas
ambientais (“Eco Friendly”)
solvente quando utilizada dentro do headspace; miniaturizadas, chega a ser volumes na escala de
litros;
Por ser uma técnica muito antiga, houve anos para
ser aperfeiçoada. Hoje, pode ser utilizada desde
A etapa de introdução do componente magnético
para fazer bebidas alcóolicas em quintais de casa,
Capacidade de automatização dentro do vial é estritamente mecânico e necessita do
quanto craqueamento do petróleo em grandes
operador, assim como a sua retirada.
indústrias com automatização de todas as etapas
do processo;
Facilidade de operação A operação gira em torno do operador, que deve ter a Por ser uma técnica que necessita de um arranjo
precisão e acurácia para introduzir o componente organizado das vidrarias, novamente gira em torno
magnético no headspace, assim como introduzir a da habilidade do operador (quando utilizado em
agulha de sucção no vial e, por conseguinte, no escala laboratorial ou piloto). O operador deve
instrumento de separação/detecção; tomar cuidado com possíveis vapores quentes
saber manusear grandes volumes de solvente
orgânico;
Necessita de a habilidade do operador montar o
A complexidade seria o tempo de agitação que atua
sistema de destilação quando utilizado em escala
como fator limitante. O custo do componente
laboratorial ou piloto. O custo principal seria das
magnético recoberto, geralmente, de PDMS acaba
Complexidade e custo de vidrarias e da fonte de calor utilizada, geralmente
sendo o fator limitante, assim como a licença para a
instrumentação chapas e mantas de aquecimento. Para sistemas
sua utilização. O sistema utilizado para realizar a
extremamente arcaicos pode-se utilizar até mesmo
dessorção térmica do componente magnético
uma fogueira ou um fogão, desde que haja
também possui um preço elevado;
controle do calor.
Tipo de aplicação Utilizada, principalmente, em escala analítica; Escala preparativa, piloto e industrial;
Quando realizada uma dessorção por solvente, pode Geralmente, é uma técnica Off-Line, ou seja, é feito
Facilidade de acoplamento a
ser acoplada ao HPLC e quando realizada uma o recolhimento das alíquotas pós separação para
outras técnicas
dessorção térmica, pode ser acoplada ao CG; depois realizar uma análise específica.
Aplicada, principalmente, em laboratórios de pesquisa Separação e purificação de amostras orgânicas
e ensino para o pré tratamento de amostras voláteis de matrizes complexas, como derivados de
Nicho típico de aplicação
ambientais, alimentícias, fragrâncias e nas áreas de petróleo e óleos essências.
produtos naturais, farmacêutica, biomédica e forense.

Referências

BODDU, S. H. S.; BOLLA, P. K.; RENUKUNTLA, J. Biocompatible SPME fibers for direct monitoring of nicotine and its metabolites at ultra trace
concentration in rabbit plasma following the application of smoke cessation formulations. Journal of Chromatography A, 2020;

LANÇAS, F. M. Extração com fluido supercrítico: Quo Vadis?. Revista Analytica, n. 2, 2002;

LIU, Y.; HE, C.; SONG, H. Comparison of SPME Versus SAFE Processes for the Analysis of Flavor Compounds in Watermelon Juice. Food
Analytical Methos, 2018;

PINTO, J. S. S. Design, Construction and Evaluation of a Simple Pressurized Solvent Extraction System. Journal Brazilian Chemical Society, 2009;

POOLE, C. F., et al. Comprehensive Sampling and Sample Preparation - Analytical techniques for scientists, Elsevier, 2012;

SILVA, L. C. et al. Simultaneous extraction and separation of bioactive compounds from apple pomace using pressurized liquids coupled on-line
with solid-phase extraction. Food Chemistry, 2020;

VASCONCELOS, I. et al. Synthesis and characterization of a molecularly imprinted polymer (MIP) for solid-phase extraction of the antidiabetic
gliclazide from human plasma. Materials Science & Engineering, 2020;

YU, R. et al. Jou. Quantification of ultratrace levels of fluoroquinolones in wastewater by molecularly imprinted solid phase extraction and
liquid chromatography triple quadrupole mass. Environmental Technology & Innovation, 2020.

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