Você está na página 1de 13

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS

ENGENHARIA QUÍMICA

GABRIELE GIL DAS NEVES 87086

KELLY CARINE WINCK 107546

SYLVIA PENNA REY LEMPEK 56583

TRABALHO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS

RIO GRANDE – RS

2019
TRABALHO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS

Trabalho apresentado como


requisito parcial para obtenção da
nota do 1° Bimestre da disciplina de
Tratamento de Resíduos no curso de
Engenharia Química da
Universidade Federal do Rio
Grande, Escola de Química e
Alimentos – EQA.

Professor, Sérgio Luiz Alves


Przybylski

RIO GRANDE – RS

2019
1 INTRODUÇÃO

A demanda bioquímica de oxigênio

A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) corresponde à quantidade de


oxigênio consumida por microrganismos presentes em uma certa amostra de
efluente (como o esgoto doméstico e o industrial). Como esses microrganismos
realizam a decomposição da matéria orgânica no meio aquático, saber a
quantidade desse gás é uma forma efetiva de analisar o nível de poluição
existente nesse meio.
Os microrganismos (bactérias aeróbias, por exemplo) atuam como
catalisadores de reações de oxidação, nas quais os compostos orgânicos,
juntamente ao gás oxigênio, são transformados em novos compostos.
A oxidação da glicose, por exemplo, leva à produção de gás carbônico e
água, como podemos observar na seguinte equação:

C6H12O6 + 6 O2 → 6 CO2 + 6 H2O

Os compostos orgânicos que são oxidados na natureza são constituídos


principalmente de carbono, hidrogênio e oxigênio, além de nitrogênio, fósforo,
enxofre. A principal fonte de substâncias orgânicas encontradas nos rios e
mares é o esgoto, no qual encontramos carboidratos, proteínas e óleos.
A decomposição biológica gera a demanda bioquímica de oxigênio, e
isso tem uma função fundamental no meio ambiente, pois a degradação da
matéria orgânica devolve à natureza seus elementos e substâncias. Entretanto,
como a grande maioria das cidades lança seu esgoto em rios, é importante
haver um equilíbrio na DBO desses efluentes, que pode ser conseguido da
seguinte forma: deve-se preocupar com a relação entre a vazão de água e a
quantidade de esgoto lançada e intensificar a areação, isto é, a quantidade de
oxigênio dissolvido na água.

A DBO e a qualidade das águas

A demanda bioquímica de oxigênio é utilizada para determinar o nível de


poluição das águas. Consideram-se poluídas as águas que apresentam uma
baixa concentração de oxigênio dissolvido, portanto, com alta DBO, já que essa
substância é utilizada na decomposição de compostos orgânicos. As águas
não poluídas ou limpas, por sua vez, têm elevadas concentrações de oxigênio
dissolvido, baixa DBO, beirando o ponto de saturação.

A DBO e o tratamento do esgoto

Em estações de tratamento de esgoto, a DBO é um parâmetro utilizado


para verificar a eficiência na decomposição de matéria orgânica, pois, se a
DBO está elevada, quer dizer que a matéria orgânica está sendo consumida.
De acordo com a legislação, a DBO máxima no esgoto deve ser de 60 mg/L.
Assim, de uma forma geral, a demanda bioquímica de oxigênio atua como um
indicador de poluição das águas. Quanto maior a quantidade de efluentes
lançados em um curso de água, maior será a quantidade de matéria orgânica,
o que favorecerá um grande consumo de gás oxigênio (O 2) por parte dos
microrganismos, elevando a DBO e prejudicando os seres vivos aeróbios.
Isso porque, ao elevar a DBO, os seres vivos anaeróbios passam a
realizar a reação de oxidação dos compostos orgânicos, o que leva à produção
de substâncias de odor desagradável, como o ácido sulfídrico (H 2S).

2 PROBLEMA 14.5 METCALF & EDDY – WASTEWATER


ENGINEERING, TREATMENT AND REUSE

O resíduo de uma pequena indústria é descarregado continuamente em


um rio próximo. Usando os seguintes dados encontre:
(a) A deficiência da demanda de oxigênio em um ponto 60 km rio abaixo.
(b) Localização do ponto crítico na curva de oxigênio SAG e a demanda de
oxigênio mínima no rio naquele ponto.
(c) A 𝐷𝐵𝑂5 em um ponto a 20 km rio abaixo. Assuma que a 𝐷𝐵𝑂5 no rio acima
do ponto de descarga do efluente é igual a zero.
Características do rio logo após o ponto de descarga:
DO :6,0 mg/ L
Velocidade :0,3 m/s
Profundidade :2,0 m
Largura:10,0 m
Concentra çã o de cloreto:5000 mg/ L
Temperatura :25° C
Características do resíduo:
K ' :0,25/d a 20 ° C
kg
DBO5=6500
dia

A) DEFICIÊNCIA DA DEMANDA DE OXIGÊNIO 60 KM RIO ABAIXO

VAZÃO DO RIO

Q rio =v × A

A=Largura∗Profundidade

A=10 m×2 m=20 m ²


Qrio =0,3 m/s ×(20 m ²)

m³ m³ s L L
Q rio =6 =6 ∗86400 ∗1000 =518400000
s s dia m³ dia

𝐾25°𝐶′, 𝐿0, 𝐾2,25°𝐶′ e 𝐷0

K T '=K 20 ° C ' ×1,047T −20

K 25 ° C '=0,25 × 1,04725−20=0,314 /dia

v
K 2 '=2,2 ×
H 1,33

K 2 '=2,22 × 0,321,33=0,262/dia

K 2 T '=K 2 ' ×1,015T −20


20° C

K 2 '=0,262 ×1,01525−20=0,282
25° C

DBO5 6,5 E 09 mg/dia mg


DBO5= = =12,54
Q rio 518400000 L /dia L

L0=DBO ú ltima carbon á cea

DBO 5 12,54 mg/ L mg


L0 = = =15,83
(1−exp(−5 × K ' )) (1−exp(−5 ×0,314)) L

O valor para oxigênio dissolvido (OD) foi obtido através da Tabela 2-5 do livro
Sistemas de Abastecimento de Águas e Esgotos, por meio da concentração de
cloretos e da temperatura de 25°C. OD=8 mg/ L.

mg mg mg
D 0=8,0 −6,0 =2,0
L L L

DEFICIÊNCIA DA DEMANDA DE OXIGÊNIO 60 KM RIO ABAIXO


K ' × L0
Dt = ×[exp(−K ' × t)−exp (−K 2 ' × t)]+ D 0 ×exp (−K 2 ' × t)
K 2 '−K '

D 60000 m
t= = =200000 s=2,315 dias
v 0,3 m/ s
0,314 ×15,83
Dt = ×[exp(−0,314 ×2,315)−exp (−0,282 ×2,315)]+2,0 ×exp(−0,282× 2,315)
0,282−0,314

mg
Dt =6,815
L

B) LOCALIZAÇÃO DO PONTO CRÍTICO NA CURVA SAG E


DEMANDA DE OXIGÊNIO MÍNIMO NAQUELE PONTO

1 K ' D ×( K 2 ' −K ' )


t C= × ln[ 2 ×(1− 0 )]
K 2 '−K ' K' K ' × L0

1 0,282 2× ( 0,282−0,314 )
t C= × ln[ ×(1− )]
0,282−0,314 0,314 0,314 ×15,83

t C =2,959 dias=255670 s

m
D=v ×t=0,3 ×255670 s=76700,88 m ou76,70 km
s

DEMANDA DE OXIGÊNIO NO PONTO


K ' × L0
D 0= ×[exp(−K ' ×t)−exp(−K 2 ' × t)]+ D0 × exp(−K 2 ' × t)
K 2 '−K '

0,314 × 15,83
D 0= ×[exp(−0,314 × 2,959)−exp(−0,282× 2,959)]+2,0 × exp(−0,282 ×2,959)
0,282−0,314

mg
D 0=6,96
L

C) 𝑫𝑩𝑶𝟓 EM UM PONTO A 20 KM RIO ABAIXO

DBO5=¿

D 20000 m
t= = =66666,67 s=0,77 dias
v 0,3 m/s

DBO 5=12,54 × exp(−0,314 ×0,77)

mg
DBO 5=9,847
L
3 Problema IV do livro “Introduction to Wastewater Treatment
Processes – R. S. Ramalho”

IV. Sedimentação (Zona de Sedimentação). Deseja-se projetar um


tanque secundário de sedimentação para produzir um underflow de
concentração de 8.000mg/L a partir de uma mistura de líquido-sólido de
2.500mg/L no influente. A vazão de água residual é de 5.000m³/dia. As
velocidades na zona de sedimentação, determinada pelos testes de
sedimentação em batelada, encontram-se na tabela 1 a seguir:

Tabela 1 – Valores fornecidos de concentração de sólidos e velocidade


de sedimentação

Concentração de Velocidade na Zona de


Sólidos Xi (mg/L) Sedimentação Vi (m/h)
500 6,67
1000 4,63
1500 3,11
2000 2,23
2500 1,42
3000 1
3500 0,738
4000 0,542
4500 0,408
5000 0,317
5500 0,243
6000 0,188
6500 0,148
7000 0,119
7500 0,1
8000 0,083

1. Traçar a curva do fluxo de sólidos em batelada G B(Kg/m².dia) versus


Xi (mg/L).

2. Determine a área de seção transversal necessária para o


espessamento (m²) e o diâmetro (m²).
3. Verifique a área de seção transversal para a clarificação (m²).
Negligencie a concentração de sólidos no fluxo.

4. Estime a altura do clarificador (m), baseado em um tempo de 2h.

SOLUÇÃO

1. Traçar a curva do fluxo de sólidos em batelada (G B) versus


Concentração de lodo (Xi)

Na sedimentação descontínua, a capacidade do clarificador retirar os


sólidos por gravidade é dada pela equação 1:

Equação 1

GB = Xi . Vi

Onde:

GB = fluxo de sólidos em batelada [Kg/m².dia]

Xi = Concentração de lodo [mg/L]

Vi = Velocidade de sedimentação zonal na concentração X i [m/h]

A Tabela 2 foi obtida utilizando a equação 1 e suas devidas conversões


para a unidade de GB desejada.

Tabela 2 – Dados de GB para cada concentração

Xi (mg/L) Vi (m/h) GB
(Kg/m².dia)
0 0 0
500 6,67 80,04
1000 4,63 111,12
1500 3,11 111,96
2000 2,23 107,04
2500 1,42 85,2
3000 1 72
3500 0,738 61,992
4000 0,542 52,032
4500 0,408 44,064
5000 0,317 38,04
5500 0,243 32,076
6000 0,188 27,072
6500 0,148 23,088
7000 0,119 19,992
7500 0,1 18
8000 0,083 15,936

A figura 1 apresenta o gráfico da curva do fluxo de sólidos em batelada


GB versus Xi.

Figura 1 – Gráfico GB versus Xi


GB versus Xi
120

100

80
GB (Kg/m².dia)

60

40

20

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
Xi (mg/L)

2. Determine a área de seção transversal necessária para o espessamento


(m²) e o diâmetro (m²).

A área da seção transversal pode ser obtida a partir da equação 2 a


seguir:

Equação 2

M Q0 . X 0
At = =
G T G B +G u

Onde:

Q0 = Vazão volumétrica do influente

X0 = Concentração de sólidos no influente

GT = fluxo total de sólidos

GB = fluxo de sólidos em batelada devido a gravidade

Gu = Fluxo de sólidos devido a retirada de lodo no fundo


De forma semelhante ao fluxo de sólidos em batelada, o termo G u pode
ser escrito como na equação 3 a seguir:

Equação 3

Gu=V u . X u

Onde:

Vu = velocidade do lodo devido à remoção no fundo

O parâmetro Xu é escolhido pelo projetista. Logo, considerando X u =


7.000mg/L, conforme é mostrado no gráfico da figura 2, tem-se: G B =
50Kg/m².dia; Gu = 70Kg/m².dia; GT = 120Kg/m².dia; Xi = 4.010mg/L.

Figura 2 – Gráfico GB versus Xi para obter GT

GB versus Xi
120

100

80
GB (Kg/m².dia)

60

40

20

0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000
Xi (mg/L)

A partir dos dados obtidos no gráfico e da equação 2, calcula-se a área


transversal solicitada:

2500⋅ 5000
At = =104,17 m2
120
Já o diâmetro pode ser calculado a partir da equação 4 a seguir:

Equação 4

4. At 4 .104,17
D=
√ √ π
=
π
=11,52 m

3. Verifique a área de seção transversal para a clarificação (m²).


Negligencie a concentração de sólidos no fluxo.

A área da seção transversal para a clarificação pode ser calculada a


partir da equação 5:

Equação 5

Q 0 ( X u−X 0 )
Qe ( X u−X e )
Acl = =
Vs Vs

Desconsiderando a concentração de sólidos no fluxo (X e = 0) e


considerando Vs = 1m/h, temos que:

5000 ( 7000−2500 )
Q ( 7000−0 )
Acl = e = =133,93 m ²
Vs 1

4. Estime a altura do clarificador (m), baseado em um tempo de 2h.


Para estimar a altura do clarificador num tempo de 2h, utiliza-se a
equação 6 a seguir:

Equação 6

Volume Qo . t
H= =
At At

A qual substituindo-se os valores obtem-se:

Q o . t 5000.2
H= = =4 m
At 104,17

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

METCALF & EDDYWAS. WASTEWATER ENGINEERING, TREATMENT


AND REUSE, 3 ED
Ramalho, R.S. Introduction to Wastewater Treatment Processes
http://www.deltasaneamento.com.br/pagina/o-que-e-dbo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Demanda_biol%C3%B3gica_de_oxig%C3%AAnio

Você também pode gostar