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Fernando Hiro Shimojo - Mitos Animados
Fernando Hiro Shimojo - Mitos Animados
Mitos Animados
Encontros Simbólicos do
Oriente com o Ocidente
Professora orientadora:
Selma Regina Nunes de Oliveira
Banca Examinadora
The similarity in stories from different cultures and different times is one of
the most intriguing mysteries of humanity. The presente work seeks an
understanding of the universality of these stories, more particularly, of myths. For
such reflection, the product made is an animation in which a japanese myth were
mixed with a brazilian fable. The purpose of this experiment is to understand,
through the symbolism, how these fictional narratives relate to each other. Based
on that, comprehend in the world of animation how productions of certain culture
or a time are accepted in distant cultures or epochs.
1.3 Justificativa................................................................................................ 7
2.1. As histórias............................................................................................... 9
2.2 Metodologia............................................................................................. 11
Capítulo 4: Simbolismos................................................................................ 30
Capítulo 5: Conclusões.................................................................................. 42
1.1 Introdução
1.3 Justificativa
1.4 Objetivos
Capítulo 2: Yatagarazul
2.1 As histórias
A lenda que serve de base para este estudo está no livro A sombra dos
pinheiros (1925), de Eurico Branco Ribeiro, uma das primeiras publicações e,
possivelmente, uma das raízes do conto popular. E foi justamente uma versão
desse conto que motivou meu interesse e a busca da lenda. A versão resume
bem o conto e por isso a cito na sua integridade.
Uma certa gralha negra, dormia num galho de pinheiro e foi acordada
pelo som dos golpes de um machado. Assustada, voou para as
nuvens, para não presenciar a cena do extermínio do pinheiro. Lá no
céu, ouviu uma voz pedindo para que ela retornasse para os pinheirais,
pois assim ela seria vestida de azul celeste e passaria a plantar
pinheiros. A gralha aceitou então a missão e foi totalmente coberta por
penas azuis, exceto ao redor da cabeça, onde permaneceu o preto dos
corvídeos. Retornou então aos pinheirais e passou a espalhar a
semente da araucária, conforme o desejo divino.
Essa esplendorosa ave, tanto nas cores como no espírito, atraiu nossos
olhares mais íntimos, seduzindo a nossa alma às diversas interpretações que
temos dela, seja poesia, conto, música, dança, arte, entre outras representações
afetivas. Até mesmo uma lei foi criada em sua homenagem.
Ali está a cova que eu fazia e, além, o pinhão já sem cabeça, que eu
devia nela depositar com a extremidade mais fina para cima. Tiro-lhe a
cabeça porque ela apodrece ao contato da terra e assim apodrece o
fruto todo, e planto-o de bico para cima a fim de favorecer o broto. Vai.
Não sejas mais assassino. Esforça-te, antes, por compartilhar comigo
nesta suave labuta". (CASCUDO, 2006, p. 72)
2.2 Metodologia
Para este trabalho, primeiramente foi foi feita uma pesquisa de cunho
teórico e qualitativo, buscando uma compreensão de assuntos e questões
particulares e não uma resposta para todas elas “com a formulação de leis
generalizantes, como fazem as ciências naturais”. A isso, reforço com o conceito
verstehen, “que visa à compreensão interpretativa das experiências dos
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japonês depois várias décadas, percebi o quão importante ela era para este
trabalho.
Gralha-azul é o nome do animal da fábula, da própria fábula e também da
segunda trilha sonora que predomina na animação. Música composta por Inami
Custódio Pinto, um importante folclorista do Sul do Brasil. A letra é a lenda em
si, o que desperta outras curiosidades sobre a composição no seu todo: os
arranjos, os instrumentos, sua história. Foram encontradas muitas versões da
canção, pertencentes a região do Paraná. O foco da procura era a caracterização
sulista.
Por isso, paralelamente, outras referências foram muito bem-vindas,
como as boleadeiras de Jonh Gaúcho, sapateador e coreógrafo nascido no Rio
Grande do Sul. Estas, que ele usa como instrumento para produzir uma espécie
de percussão musical, são antigas armas datadas do século XVII utilizadas para
caçar animais nas grandes pradarias do pampa rio-grandense. Na expressão
musical, isso compreende os mitos, os ritos e os folclores da região. Em um
evento promovido pela Volkswagen em Angra dos Reis no ano de 2008, Gaúcho
se apresenta juntamente com Renato Borghetti, acordeonista e também
folclorista, muito conhecido pela sua gaita-ponto. Este instrumento é muito
tocado no Nordeste e no Sul, região cuja cultura foi expandida através de
Borghetti.
Devido a esse grande envolvimento com a cultura da região que surgiu o
mito, um trecho de vinte segundos da música Milonga para as Missões, de
Borghetti, foi adaptado a trilha que inicia o terceiro ato da trama, em que a
resolução do conflito principal é mostrada na transformação divina da
personagem. Emendada a este trecho, uma fantástica versão de Gralha-azul,
originalmente de Inami, fez a sua revelação junto com a superação do ato. Ela
foi desenvolvida pela gravadora Gramofone, localizada em Curitiba, no projeto
Nhengarí Inami, concebido por Lydio Roberto, musicoteraupeta paranaese. Além
de toda a conexão da música, dos instrumentos e da regionalidade com tal
momento da animação, há uma frase no site da gravadora que resume a
intenção de sua escolha: “Vocação para Selo Musical, produção e difusão da
música paranaense no Brasil e no mundo”. (Fonte: Gramofone. Disponível em:
<http://gramofone.com.br/musical/> Acessada em setembro de 2014).
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1
Sumi significa tinta preta e E significa caminho ou pintura.
2
O termo arte naïf aparece no vocabulário artístico, em geral, como sinônimo de arte ingênua,
original e/ou instintiva, produzida por autodidatas que não têm formação culta no campo das
artes. (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural)
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3.1: Imaginário
3.2: Símbolo
esse discurso não reduz seus significados àquele que lhe é atribuído. A essência
do símbolo permanece, mesmo que não seja interpretado no seu todo. Segundo
Durand, “a matéria primeira, ou seja a imagem, está contida no inconsciente do
qual emana o sentido” (DURAND, apud LAPLANTINE e TRINDADE, 1997).
Dessa forma, no símbolo há uma unificação do consciente com o inconsciente,
daquilo que está sendo interpretado com o que não está.
Laplantine afirma que para os autores de tradição neoplatônica o símbolo,
devido ao seu caráter sincrético, “fala por si mesmo e conduz os homens à
reminiscência de um sentido primordial que é constitutivo da imagem simbólica.”
(LAPLANTINE e TRINDADE, 1997, p. 6). Apesar de o símbolo conduzir a essas
lembranças do passado, o homem não necessariamente percebe esse retorno.
Segundo Ricoeur, citado por Laplantine (Ibidem, p. 4), existem nos símbolos “os
mesmos sentidos que os homens irão redescobrir”. Sendo o Imaginário um
depositário de significados, o autor conclui que “toda e qualquer imagem, ao
mesmo tempo produto e produtora do imaginário, passa a ter o caráter de
sagrado, devido à sua universalidade e à sua emergência do inconsciente”.
(Ibid.)
Para finalizar as exposições de tais conceituações, nas palavras de
Jung, “o símbolo é a melhor expressão possível para um conteúdo inconsciente
apenas pressentido, mas ainda desconhecido”. (JUNG, 1976, p.18). Ele é a
unidade que constitui a base da linguagem que faz o intermediário da
compreensão humana com o incompreensível.
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3.3: Mito
O mito carrega consigo uma “mensagem cifrada, que não está dita
diretamente” (ROCHA, 1996, p. 4). O autor diz ainda que o mito esconde alguma
coisa. Pode não ser o seu intuito, mas de fato, ele nunca se mostra por inteiro.
Seu discurso é em níveis e a sua leitura vai variar de acordo com as
necessidades para a sua compreensão. O mito “será, em larga medida, aquilo
que a interpretação quiser que ele seja”, apresentando “sua face como refletida
no espelho de cada interpretação”. (Ibidem, p. 20). Complementando a isso,
Campbell diz que uma boa leitura de mito se dá de forma conotativa. Dessa
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A eficácia do mito e não a verdade é que deve ser o critério para pensá-
lo. O mito pode ser efetivo e, portanto, verdadeiro como estímulo forte
para conduzir tanto o pensamento quanto o comportamento do ser
humano ao lidar com realidades existenciais importantes. (ROCHA,
1996, p. 5).
3.4 Arquétipo
Capítulo 4: Simbolismos
1. Corvo
apesar de não existir essas implicações nas culturas clássicas, ainda resta
nestas um caráter místico do corvo, “a habilidade de prever o futuro”, justificando
a “utilização da sonoridade de seu pio em ritos de adivinhação”. Essa definição
foi muito esclarecedora na cena em que o corvo tem as visões durante a fuga.
Lembro de tentar trabalhar a lembrança, evitando uma sensação nostálgica,
propondo um sentimento de esperança. E só agora compreendi esse flashback
como uma visão do futuro.
Concluindo as noções simbólicas do protagonista, há um contraste entre
o simbolismo ocidental e o oriental. Ainda num plano divino, mas diferentemente
da associação à morte, na China e no Japão, o corvo é símbolo de “gratidão filial,
pelo fato de também alimentar os pais [...] considerada um prodigioso
restabelecimento da ordem social”. A música Nanatsu no Ko, ensinada nas
escolas primárias, fala sobre desse amor familiar da mãe-corvo com os seus sete
filhotes. “O mensageiro divino” na cultura japonesa representa, portanto, “o bom
presságio, o anunciador dos triunfos e signo de virtude”, como interpretado pelos
“Tchen”. (CHEVALIER, 1969, p. 390, tradução minha). Como já foi dito no
capítulo anterior, as mitologias japonesa e chinesa associam este pássaro com
o Sol, simbolizado pela figura do corvo com três patas, “segundo pedras
esculpidas do tempo dos Han”, sendo elas uma “correspondência à alvorada, ao
zênite e ao pôr do sol”, (Ibidem, tradução minha)
2. Árvore
3. O Número Três
Perto do final do último ato, três ações são sequenciadas. A primeira pata
cavando um buraco. A segunda enterrando a semente. E uma terceira esconde
o feito com três folhas. Assim como a origem difusa da terceira pata, a percepção
dessa última pata na terceira ação seria uma leitura nas entrelinhas, com a
sutiliza conotativa do mito. Rapidamente sobre o buraco, a este vale uma pausa
para reflexão. No processo criativo, o intuito do enquadramento era evidenciar a
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Numa outra definição que Chevalier nos apresenta, “a Cabala diz que tudo
procede de três, que por sua vez, não são mais do que um”. E essa unidade
tripla consiste no “princípio atuante (sujeito), ação desse sujeito e o objeto (efeito
ou resultado)”. (Ibidem, tradução minha). Em síntese, esse é a questão da
inseparabilidade, em que os elementos se necessitam reciprocamente, como
exemplificado por Wirt, “A criação e implica um criador, um ato de criar e a
criatura [...] sendo o primeiro ativo, o segundo é intermediário, e o terceiro
passivo” (WIRT apud CHEVALIER, Ibidem, tradução minha).
Complementando a simbologia anterior, o triângulo é uma representação
geométrica desse ternário. E segundo o dicionário de Cirlot:
na sua posição normal com seu vértice para cima ele representa [...] a
aspiração de todas as coisas em direção a unidade superior – o desejo
de escapar da extensão (significado pela base) para uma não-extensão
(vértice) ou em direção ao ponto original ou irradiador. (CIRLOT, 1958,
p. 350, tradução minha)
ou ponta para baixo, mas na execução final ele está voltado para cima, valendo
a discussão do parágrafo anterior.
Por fim, gostaria de compartilhar uma última interpretação que conecta e
que possa esclarecer um pouco mais a relação da abordagem teórica com o
produto final. Todas as simbologias do três ligado a fábula da Gralha-azul e
dessa animação como processo e produto, está inserido de alguma forma na
terceira pata do mito de Yatagarasu.
4. Apocalipse
O ato cruel da derrubada das árvores é visto com repúdio por muitos.
Talvez não a ação em si, mas o que ela representa. Um mito vivo na atualidade
é do apocalipse. Entenda este na sua leitura como fim do mundo, que estará
marcado por “fenômenos espantosos, gigantescos, maremotos, deslizamentos
de montanhas, rachaduras abismais da terra, o céu em chamas num estrondo
indescritível”. (CHEVALIER, 1969, p. 110, tradução minha). Nas palavras de
Campbell: “O homem não tece a teia da vida. Ele é apenas um fio dela. O que
fizer à teia, fará a si mesmo. [...] Ao destruir a natureza, o homem estará
destruindo a sua própria natureza”. (O poder do Mito, 1988, cap. 4).
No primeiro ato temos a floresta engolindo o espectador na câmera
subjetiva. Essa é uma visão apocalíptica. Entretanto, no segundo ato, quando a
personagem é iniciada, também existe a visão apocalíptica, mas na
interpretação de revelação, no sentido etimológico da palavra de origem grega,
significando o ato de descobrir. No Cristianismo e no Judaísmo, é a revelação
divina feita a um profeta escolhido por Deus. Porém, “estas visões não têm valor
por elas mesmas, mas sim pelos simbolismos que carregam”. No caso das três
cenas que refletem no olho gralha, estas fazem parte da revelação percebida e
interpretada pela personagem. Ou seja, não é desenhado ao espectador as
figuras recebidas por ela.
5. Olho e Sol
36
6. Semente
8. Sacrifício
sacrifício como ganho e quando ela é “personificada como uma figura alada, a
alusão feita é em relação ao seu valor espiritual”. (CIRLOT, 1958, p. 360,
tradução minha).
Há uma particularidade interessante no pensamento hebraico sobre o
sacrifício, que fiz que “a vida deve ser constantemente preferida à morte”, já que
esta como sacrifício da existência, ou seja martírio, “não tem valor na medida em
que se trata se sacrificara vida mortal para testemunhar uma vida superior na
unidade divina”. (CHEVALIER, 1969, p. 904, tradução minha). Aponto esse
pensamento à morte da Araucária, da devastação de sua floresta. Ela não deve
ser considerada como sacrifício no contexto da trama, pois a sua queda
simboliza a sua morte, o seu fim, a sua extinção junto com o todo que está a sua
volta. O todo aqui pode ser entendido como a unidade, ainda segundo o
pensamento hebraico.
9. Céu
A morada dos deuses, o Olimpo. O lugar sagrado onde “nenhum ser vivo
da terra pode alcançar”. Sendo assim, para se chegar lá é preciso que haja
manifestação da transcendência, ao mesmo tempo que esta “se revela na sua
inacessibilidade, na sua infinidade, na sua eternidade e força criadora do céu.”
(CHEVALIER, 1969, p. 281, tradução minha), Como a maioria das aves, a gralha
voa pelo céu, mas só conseguirá chegar a esfera celeste quando deixar o seu
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10. Nuvem
11. Azul
Capítulo 5: Conclusões
A noção sobre o mito que engloba tudo isso é que a parte que não vemos
dele está no inconsciente, onde estão as infindáveis possibilidades e
potencialidades de interpretação. Ao termo potencial, faço referência a
simbologia da semente, que em estado latente tem a força criadora do universo
dentro de si. Dizendo de outro jeito e repetindo alguns autores, o mito fala pelas
entrelinhas. Na sua linguagem poética, o mito seria uma explicação do mundo
anterior a ciência. Dessa maneira, pode não ser de forma direta ou consciente,
mas a parte que compreendemos dele carrega consigo o que também não
compreendemos ou simplesmente o que não é objeto de interpretação. Entender
que os mitos, por mais simples que aparentem, estão carregados de
experiências, “vivências” da humanidade e do universo, modifica a nossa relação
com ele. E assim foi mudando a minha interação com o trabalho no seu
andamento.
De outra perspectiva, Held também fala de mito quando fala da narração
fantástica. Nas palavras dela, o fantástico aproxima do homem o seu mundo de
desejos: “libertar-se da gravidade, tornar-se invisível, mudar seu tamanho e –
resumindo tudo isso – transformar à sua vontade o universo”. Essa última frase
é incrível e importante para compreender a relação afetiva do homem com o
imaginário.
Voltando às conclusões precipitadas, uma diferença na postura em
relação ao problema de pesquisa fica nítida ao final desse trabalho. Não lembro
o momento que surgiu o objetivo de procurar a origem dos mitos. Pensando nele
como base de várias histórias e significados, justificaria tal inquietação. Porém,
esta não seria uma busca válida, porque não teria fim. Não há um significado ou
mito ou uma versão mais verdadeira do que outra. Todos são verdadeiros em
seus devidos níveis. A realização do produto e a reflexão de seus simbolismos
foram exercícios fundamentais que somaram a compreensão do caráter
interpretativo do mito e da linguagem que ele utiliza, os símbolos.
Por mais curioso, envolvente e revelador seja a busca de novas
interpretações dos símbolos, vale lembrar que estes são inesgotáveis. Portanto,
encontrar o ponto, a origem, o início que responderá todas as questões é um
caminho de chão com nuvens mutáveis. Não há, como dito anteriormente, uma
resposta universal. Há respostas para perguntas e elas não são imutáveis.
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Referências Bibliográficas
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A.D. 697, 2 vols. in 1 (London: Keagan and Co., 1896), vol. 2
BACZKO, Bronislaw. Imaginação Social. In: Enciclopédia Einaudi. Vol. 5:
Antropos/homem. Lisboa: Imprensa Nacional / Casa da moeda, 1985.
CASCUDO, L. C. Lendas Brasileiras para Jovens. São Paulo: Global
Editora, 2006.
CHAMBERLAIN, B. H., trans. Kojiki; or, Records of Ancient Matters. Tokyo:
Transactions of the Asiatic Society of Japan, vol. 10, supplement, 1882.
CHEVALIER, Jean; Gheerbrant, Alan. Diccionario de los símbolos. Barcelona,
Herder, 1969.
CIRLOT, J. E. A Dictionary of Symbols, Translated by J. Sage (New
York, 1962)
HOUAISS, Antonio. Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. Rio
de Janeiro: Editora Objetiva. [CD-ROM], 2007, ISBN: 85-7302-396-1.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,
1999.
GOLDENBERG, Mirian. A Arte de Pesquisar: Como fazer pesquisa qualitativa
em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Record, 2005
HELD, Jacqueline. O imaginário no poder. Trad. Carlos Rizzi. São Paulo,
Summus editorial,
JUNG, C.G. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. O.C. Vol. IX/1.
KAWAGOE, Aileen. The Legend of Yatagarasu, the Three-Legged Crow and
its Possible Origins. Heritage of Japan, 2011. Disponível em:
<http://heritageofjapan.wordpress.com/2011/08/22/yatagarasu-the-three-
legged-crow-and-its-possible-origins/>
LAPLANTINE. François, TRINDADE, Liana S. O que é imaginário? 1ª
reimpressão da 1ª edição de 1996. São Paulo: Ed. Brasiliense, 2003. Coleção
Primeiro Passos; n°309.
RANDAZZO, Sal. A criação de mitos na publicidade. Rio de janeiro: Ed.
Rocco, 1997.
ROCHA, Everardo. O que é mito. São Paulo: Brasiliense, 1999.
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Bibliografias consultadas
Filmografia
Musicografia
BORGHETTI, Renato. Milonga para as Missões. LP: Gaita Ponto. São Paulo:
Continental, 1984. Duração: 2:03 min.
KODO, Yumi ga Hama. Best of Kodo. Japão: Sony Music Entertainment, 1994.
duração: 5:35 min.
MIYAKE, Rosa. Pobre pescador. (Urashima Taro – jingle da VARIG). São
Paulo: Target Audio, 1968. Duração: 1 min.
MOTOORI, Nagayo. Noguchi Ujō. Nanatsu no Ko (Seven Children). Publicado
na revista Kin no Fune, em julho de 1921.
MOTOORI, Nagayo. Noguchi Ujō, MÜLLER, Werner. Nanatsu no Ko. Álbum:
Holiday In Japan. Nova Iorque: London Records, Inc, 1958. Duração: 2:05 min.
MOTOORI, Nagayo. Noguchi Ujō, NAKAGAMI, Hitomi (soprano). FUKUYA,
Atsuhi (bandolin). Nanatsu no Ko. Japão: Music Studio March, 2014. Duração:
2:30 min.
MOTOORI, Nagayo. Noguchi Ujō, PIERRE, jean. Nanatsu no Ko. LP: Ensemble
Lunaire. Japan: Columbia Master Works Records M-35862, 1980. Duração: 2:21
min.
PINTO, Inami, CAMARGO, Ely. Gralha Azul. LP. Álbum: Folclore do Paraná.
Rio de Janeiro: CHANTECLER, 1966. Duração: 3:10 min
PINTO, Inami, LYDIO, Roberto. Gralha Azul. Álbum: Nhengarí Inami. Curitiba:
Gramofone, 2013. Duração: 4:59 min
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ANEXO 1
Roteiro
YatagarAzul
O Sol nasce desenhando as linhas dos pinheiros. Um travelling livre por eles
denuncia uma
leve brisa. Em movimentos fluidos, dança harmonicamente com a cantiga até
entrar floresta adentro, onde descansa uma ave. Sua plumagem negra logo
toma forma com a luz do dia.
Close na gralha em plano médio. Zoom gradativo até enquadrar seus olhos
fechados em plano detalhe. Ao fim da aproximação, ouve-se um barulho similar
ao som da borda de um okedo (tambor japonês), ao mesmo tempo que os
olhos se abrem. Silêncio. Plano Geral. Tudo parado. Apenas as folhas
balançam. Enquadra-se o pássaro de perfil. Parece uma estátua.
O pássaro continua voando. Olha para trás. Segue voando. Olha mais uma
vez... ainda fugindo.
Pouco a pouco volta o silêncio, durante o voo monótono.
Não olha mais para trás. Continua voando sem sair do lugar.
Close no olho. Feedback do passado com os pinheiros. (Naif)
Relembra os sentimentos de proteção, de lar, de segurança, de sustento, de
alimento, de vida.
Plano muito aberto. As nuvens são o teto do frame. Dentre elas, acende um
feixe de luz. E de dentro dele, aparece a gralha-azul com a penugem
transformada. Ela desce cortando em rasantes, da direita pra esquerda, a
camada nebulosa. Lenta como um avião visto de longe. Aproximação em
cortes secos durante a descida da ave. Plano geral. Plano médio. Plano
fechado na gralha, que acaba de pousar ao lado de um tronco cortado.
Respiro...
Corte seco para o solo (plano fechado com distorção para dar a impressão de
ser um plano aberto). Uma pata gigante (devido ao close) abre um buraco na
terra.
Close na semente de pinhão presa no bico da gralha. Ela come a cabeça da
semente e deixa o restante cair. A câmera acompanha a queda até o pinhão
fincar no solo do buraco com a ponta mais fina virada para cima.
Top view - câmera subjetiva. Uma pata cobre o buraco e outra pata e puxa uma
folha por cima. Fade out.
ANEXO 2
ANEXO 3
ANEXO 4
Fluxograma
55
ANEXO 5
Nanatsu no ko, escrita por Noguchi Ujō e composta por Nagayo Motoori
(Tradução adaptada)