Você está na página 1de 2

ESTUDO DE TEXTO 05

A NATURALIZAÇÃO DOS MENESTRÉIS


A Igreja de fato começou a valorizar elementos da música secular e os compositores de
fora, mas o que se fazia dentro da Igreja era organizado, coordenado e registrado,
enquanto as atividades seculares se realizavam de que modo que o seu método e o
seu propósito pudessem ser registrados.
“Os recursos musicais aumentaram tanto dentro como fora da Igreja, mas a música
secular, conquanto influenciasse muito o que se ouvia nos serviços religiosos, continua
muito menos documentado”.
Tudo que era feito dentro da Igreja recebia tratamento erudito e era anotado em
arquivos. As estruturas isorrítmicas da Ars Nova só entraram na música popular depois
que as estruturas isorrítmicas foram inventadas pelos músicos seculares.
“A música da Igreja tinha recursos e musicistas preparados para tratar
academicamente os novos métodos e ideias. Contudo, não temos nenhum modo
seguro de saber que inovações anteriores ao período da Ars Nova se originavam fora
da Igreja.”
A música foi centrada na Igreja até os inícios do Renascimento, quando se estabeleceu
nas cortes reais e aristocráticas. Mas na realidade, a música sempre foi parte da vida
aristocrática, intimamente ligada ao culto e a todo tipo de entretenimento, como de
resto no show business moderno (que se parece muito com a música secular antiga).
A música era originalmente parte das funções dos comediantes palacianos
(menestréis). Ele tinha que saber fazer basicamente tudo que o seu patrão e hospedes
desejassem. Sendo assim, se um aristocrata tivesse certo gosto pela música ele
transformava se comediante em músico especialista, isso antes do século XI.
“O maior fator no desenvolvimento da música aristocrática parece ter sido o
surgimento dos trovadores do Sul da França, os trovistas, do Norte, nos séculos XI e XII,
e o aparecimento dos Minnesänger na Alemanha, cerca de um século depois.”
A canção era originalmente aristocrática. Tinha uma temática majestosa, elevada,
expressa por uma música ritmada e cadenciada (que não era o caso das músicas de
Igreja). Ela foi uma das poucas formas musicais fechadas e líricas que persistiram no
Renascimento. Era acompanhada por um instrumento portátil que o menestrel
pudesse tocar. “...introduziram a palavra “menestrel” nas línguas europeias como
termo rigoroso para designar um musico que fosse cantor e executante apenas porque
levavam consigo alguém pertencente originariamente à irmandade dos jograis para
assessorá-los”.
Os Trovadores, Trovistas e Minnesingers eram normalmente aristocratas por isso eles
tinham condição de mandar fazer coletâneas de suas composições. Mas apenas nos
séculos XIII e XIV se levou a sério a tarefa de fazer cópias e coletâneas. Havia
trovadores que eram plebeus, ser aristocrata nunca foi um pré-requisito.
As novas formas líricas não demoraram a serem introduzidas no serviço religioso. Os
Franciscanos usaram como um veículo para a devoção popular. Então esse estilo
rítmico e popularmente melodioso encontrou acolhida, com base dos motetos
polifônicos e depois de passagens de missa no culto religioso.
Os músicos ambulantes não eram bem vistos pela sociedade e Igreja, mas no século
XIV esses menestréis citadinos, atuavam como uma espécie de vigia. Por meio de seus
instrumentos eles davam avisos de perigo na cidade.
Mais tarde no texto é falado sobre Machaut, compositor que vem a ser mais ou menos
o padrão das carreiras de compositores posteriores. Ele estava entre os que
desenvolveram o moteto popular. “Pela primeira vez, deparamos com um músico cuja
música secular e religiosa desfruta igual categoria”.
Ainda sobre o exílio papal em Avinhão, foi por causa dele que a evolução desse
entretenimento palaciano em função de um grupo mais ou menos coerente e
relativamente equilibrado de cantores e musicistas em vozes e peso tonal aconteceu.

Você também pode gostar