A Igreja de fato começou a valorizar elementos da música secular e os compositores de fora, mas o que se fazia dentro da Igreja era organizado, coordenado e registrado, enquanto as atividades seculares se realizavam de que modo que o seu método e o seu propósito pudessem ser registrados. “Os recursos musicais aumentaram tanto dentro como fora da Igreja, mas a música secular, conquanto influenciasse muito o que se ouvia nos serviços religiosos, continua muito menos documentado”. Tudo que era feito dentro da Igreja recebia tratamento erudito e era anotado em arquivos. As estruturas isorrítmicas da Ars Nova só entraram na música popular depois que as estruturas isorrítmicas foram inventadas pelos músicos seculares. “A música da Igreja tinha recursos e musicistas preparados para tratar academicamente os novos métodos e ideias. Contudo, não temos nenhum modo seguro de saber que inovações anteriores ao período da Ars Nova se originavam fora da Igreja.” A música foi centrada na Igreja até os inícios do Renascimento, quando se estabeleceu nas cortes reais e aristocráticas. Mas na realidade, a música sempre foi parte da vida aristocrática, intimamente ligada ao culto e a todo tipo de entretenimento, como de resto no show business moderno (que se parece muito com a música secular antiga). A música era originalmente parte das funções dos comediantes palacianos (menestréis). Ele tinha que saber fazer basicamente tudo que o seu patrão e hospedes desejassem. Sendo assim, se um aristocrata tivesse certo gosto pela música ele transformava se comediante em músico especialista, isso antes do século XI. “O maior fator no desenvolvimento da música aristocrática parece ter sido o surgimento dos trovadores do Sul da França, os trovistas, do Norte, nos séculos XI e XII, e o aparecimento dos Minnesänger na Alemanha, cerca de um século depois.” A canção era originalmente aristocrática. Tinha uma temática majestosa, elevada, expressa por uma música ritmada e cadenciada (que não era o caso das músicas de Igreja). Ela foi uma das poucas formas musicais fechadas e líricas que persistiram no Renascimento. Era acompanhada por um instrumento portátil que o menestrel pudesse tocar. “...introduziram a palavra “menestrel” nas línguas europeias como termo rigoroso para designar um musico que fosse cantor e executante apenas porque levavam consigo alguém pertencente originariamente à irmandade dos jograis para assessorá-los”. Os Trovadores, Trovistas e Minnesingers eram normalmente aristocratas por isso eles tinham condição de mandar fazer coletâneas de suas composições. Mas apenas nos séculos XIII e XIV se levou a sério a tarefa de fazer cópias e coletâneas. Havia trovadores que eram plebeus, ser aristocrata nunca foi um pré-requisito. As novas formas líricas não demoraram a serem introduzidas no serviço religioso. Os Franciscanos usaram como um veículo para a devoção popular. Então esse estilo rítmico e popularmente melodioso encontrou acolhida, com base dos motetos polifônicos e depois de passagens de missa no culto religioso. Os músicos ambulantes não eram bem vistos pela sociedade e Igreja, mas no século XIV esses menestréis citadinos, atuavam como uma espécie de vigia. Por meio de seus instrumentos eles davam avisos de perigo na cidade. Mais tarde no texto é falado sobre Machaut, compositor que vem a ser mais ou menos o padrão das carreiras de compositores posteriores. Ele estava entre os que desenvolveram o moteto popular. “Pela primeira vez, deparamos com um músico cuja música secular e religiosa desfruta igual categoria”. Ainda sobre o exílio papal em Avinhão, foi por causa dele que a evolução desse entretenimento palaciano em função de um grupo mais ou menos coerente e relativamente equilibrado de cantores e musicistas em vozes e peso tonal aconteceu.