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Volume 2

GEOLOGIA DA BAHIA
Pesquisa e Atualização

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Governo do Estado da Bahia

Governador
Jaques Wagner

Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração - SICM

Secretário
James Silva Santos Correia

Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM

Diretor Presidente
Hari Alexandre Brust

Diretor Técnico
Rafael Avena Neto

Diretor Administrativo e Financeiro


Vinícius Neves Almeida

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Reitora
Dora Leal Rosa

Vice-Reitor
Luiz Rogério Bastos Leal

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GEOLOGIA DA BAHIA
Pesquisa e Atualização

Coordenação Geral

Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa

Volume 2

Salvador - Bahia - 2012

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©2012, Autores.
Direitos para esta edição cedidos à Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM e Universidade Federal da Bahia.
Feito o Depósito Legal.

Coordenação Geral
Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa

Editores
Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa
Juracy de Freitas Mascarenhas
Luiz César Corrêa Gomes
José Maria Landim Dominguez
Jailma Santos de Souza

Editoração Gráfica
Gabriela Machado
Letícia Nunes de Almeida Gouveia
Marcela Matthews Soares
Rafael Gordilho Barbosa
Tarcio Cândido Roseira Viana

Revisão Ortográfica
Enock Dias de Cerqueira
Francisco Baptista Duarte

Revisão Geral
Augusto J. Pedreira da Silva

G345 Geologia da Bahia : pesquisa e atualização / coordenação geral Johildo Salomão Figueirêdo
Barbosa. – Salvador : CBPM, 2012.
2 v. : il. color. – (Série publicações especiais ; 13).

Convênio CBPM-UFBA.
ISBN 978-85-85680-48-0 (v. 2)

1. Geologia – Bahia. 2. Pesquisa geológica – Bahia. 3. Evolução geológica - Bahia. I.


Barbosa, Johildo Salomão Figueirêdo. II. Companhia Baiana de Pesquisa Mineral. III. Série.

CDD 558.142
CDU 551(813.8)

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Apresentação

A Bahia, um dos estados brasileiros com notável apelo nacional e internacional pela geodiversidade de seu ter-
ritório, destaca-se, por exemplo, em possuir rochas dentre as mais antigas da história da Terra, com idades de
3,4-3,5 bilhões de anos. A antiguidade e a boa preservação de algumas sequências estratigráficas do Arqueano
e do Paleoproterozoico são completadas por importantes registros do Fanerozoico e que nos tem possibilitado,
gradativamente, traçar o desenvolvimento crustal e litosférico do embasamento do cráton e de suas faixas móveis
Brasilianas circunjacentes.

Diante dessa importância surgiu a idéia de reunir todos os dados geológicos existentes no Estado, da carta de
Pero Vaz de Caminha aos tempos atuais, e assim publicar este livro “Geologia da Bahia. Pesquisa e Atualização”.
Desta forma, no final de 2008 foi celebrado um convênio entre a CBPM-Companhia Baiana de Pesquisa Mineral
e a UFBA-Universidade Federal da Bahia, essa ultima através do NGB-Núcleo de Geologia Básica-Mapeamento
Geológico e Metalogênese do IGEO-Instituto de Geociências, visando a elaboração desta valiosa obra.

Seus autores, de comum acordo, decidiram contar a história geológica da Bahia por Eras, desde o Paleoarquea-
no até o final do Neógeno. Diante da grande quantidade de informações, a obra foi dividida em dois volumes. O
primeiro dedica-se à história da geologia da Bahia, às contribuições da geofísica e principalmente às rochas do
embasamento precambriano (Capítulos I ao VII) enquanto o segundo, às rochas de cobertura (Capítulos VIII ao
XIX). O Capítulo XX é de conclusão e está reservado à evolução tectônica e metalogenética do estado.

A criação, fundamentos e forma final deste livro têm contribuições de muitas e muitas fontes, entre as quais
algumas inéditas. Tentamos render homenagem a todos estes contribuidores, tentando fazer um referencial bi-
bliográfico o mais rico e impessoal possível.

A CBPM, sempre comprometida com o desenvolvimento mineral do Estado e prestes a completar 40 anos de
ações centradas no esforço de gerar produtos objetivando a geração de informações básicas sobre a geologia do
nosso território, publica este importante trabalho. Com o cuidado extremo dispensado pelos autores, revisores
e organizadores, esta obra visa contribuir com o avanço do conhecimento da geologia da Bahia. Com os mapas
geológicos ao milionésimo devidamente revisados, e as modificações inseridas ao longo do texto, ela será útil,
não somente à nova geração de geocientistas e profissionais da área, mas também a empresas que lidam com
as Ciências da Terra. Estamos, portanto, felizes com mais esta realização, e convictos de que este livro será um
referencial de destaque, um marco notável e notório nos tempos atuais e naqueles que advirem.

Hari Alexandre Brust Dora Leal Rosa Johildo Barbosa


Presidente da CBPM Reitora da UFBA Coordenador Geral

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Autores

Abílio C. da S. P. Bittencourt UFBA


Alexandre Uhlein UFMG
Aline Sá Nunes UFBA-UNIME
Ângela M. Leal UFBA
Antonio C. Pedrosa Soares UFMG
Antonio Fernando M. Freire Petrobras
Antonio Sergio Teixeira Neto Consultor
Augusto José Pedreira CPRM/CBPM
Benjamin Bley de Brito Neves USP
Carlson de Matos Maia Leite Petrobras
Carolina de Almeida Poggio UFBA
Dilce Rosseti INPE
Edson S. Sampaio UFBA
Élson P. Oliveira Unicamp
Fabrício A. Caxito UFMG
Fernando F. Alkmim UFOP
Idney Cavalcanti da Silva UFBA
Jailma Santos de Souza UFBA
Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa UFBA
José Carlos Cunha CBPM
José Maria Landim Dominguez UFBA
José Martin Ucha IFBA
José Torres Guimarães CPRM
Juracy de Freitas Mascarenhas CBPM
Leo Rodrigues Teixeira CPRM
Luiz Cesar Corrêa Gomes UFBA
Marcos Egídio Silva USP
Marilda S. Pinto UEFS
Moacyr Moura Marinho UFBA
Nivaldo Destro Petrobras
Raymundo Wilson Santos Silva CBPM
Renata Cárdia Rebouças UFBA
Rian Pereira da Silva UFBA
Sergio Neto Petrobras
Simone P. Cruz UFBA
Webster Mohriak Petrobras

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DEDICATÓRIA

Ao Mestre com carinho


Juracy de Freitas Mascarenhas

In Memoriam
Hermes Augusto Verner Inda

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Sumário

VOLUME 1 - ROCHAS DO EMBASAMENTO PRECAMBRIANO

Capítulo I
Histórico da Geologia da Bahia
Benjamim Bley de Brito Neves (USP), Augusto Jose Pedreira (CBPM) & Juracy de Freitas Mascarenhas (CBPM)

1 Introdução... 33
2 Periodização... 36
2.1 Período colonial (1500-1808)...37
2.2 Na Trilha da Liberdade (1808 – 1907)...41
2.2.1 Primeira Fase (1808- 1839)...41
2.2.2 Segunda Fase (1839-1870)...42
2.2.3 Terceira Fase (1870-1907)...43
3 Pós 1907-processos de urbanização e industrialização mais período desenvolvimentista... 46
3.1 Pré anos 60...46
3.2 Anos 60...49
4 Pós-década de “60”/Sob o signo do desenvolvimentismo... 50
4.1 Os anos pós-60. As pedras angulares da evolução do conhecimento geológico da Bahia...50
4.1.1 PETROBRAS - Petróleo Brasileiro S/A...51
4.1.2 SBG - Sociedade Brasileira de Geologia...52
4.1.3 CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais–Serviço Geológico do Brasil...53
4.1.4 CBPM - Companhia Baiana de Pesquisa Mineral...56
4.1.5 O papel das Universidades...56
4.1.6 Projeto RADAMBRASIL...59
5 Síntese... 59

Capítulo II
Estudos Geofísicos. Evolução e Estágio Atual do Conhecimento
Edson Emanoel Starteri Sampaio (UFBA) & Raymundo Wilson Santos Silva (CBPM)

1 Introdução... 63
2 Aplicações da geofísica...64
3 Levantamentos geofísicos... 65
3.1 Gravimetria...65
3.2 GDS...68

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3.2.1 Magnetograma da Seção S1...75
3.2.2 Mapas de Contorno da Transformada de Fourier...76
3.3 Aerogeofísica...80
3.3.1 Levantamentos Aerogeofísicos de Baixa Resolução...81
3.3.2 Levantamentos Aerogeofísicos de Alta Resolução...81
3.3.3 Levantamentos Aerogeofísicos de Detalhe...89
4 Síntese... 100

Capítulo III
Terrenos Metamórficos do Embasamento
Johildo Salomão Figueirêdo Barbosa (UFBA), Simone Pereira Cruz (UFBA) & Jailma Santos de Souza (UFBA)

1 Introdução... 101
2 Unidades Litoestratigráficas... 102
2.1 Localização das rochas arqueanas e paleoproterozoicas do embasamento...102
2.2 Principais Litologias do Bloco Gavião (Parte Norte)...107
MESOARQUEANO
2.2.1 Gnaisses e migmatitos...108
2.2.2 Greenstone Belt Mundo Novo...109
2.2.3 Complexo Mairi...109
NEOARQUEANO
2.2.4 Greenstone Belt Lagoa do Alegre...114
2.2.5 Greenstone Belt Salitre-Sobradinho...114
2.2.6 Complexo Barreiro...114
PALEOPROTEROZOICO
2.2.7 Grupo Colomi...115
2.2.8 Complexo Serra da Boa Esperança...115
2.2.9 Complexo Carbonatítico Angico dos Dias...115
2.2.10 Complexo Máfico-Ultramáfico do Peixe...116
2.2.11 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Alegre de Lourdes...117
2.2.12 Complexo Saúde...117
2.2.13 Grupo Jacobina ...117
2.2.14 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso...118
2.2.15 Granitoides...119
2.3 Principais Litologias do Bloco Gavião (Partes Oeste, Central e Sul)...119
PALEOARQUEANO
2.3.1 Rochas Tonalíticas, Trondhjemíticas, Granodioríticas (TTGs)...120
MESOARQUEANO
2.3.2 Complexo Gnáissico Migmatítico...122

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2.3.3 Complexo Paramirim...122
2.3.4 Complexo Santa Isabel...122
MESOARQUEANO-NEOARQUEANO
2.3.5 Granitoides...123
NEOARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
2.3.6 Greenstone Belt Umburanas...123
2.3.7 Greenstone Belt Brumado...124
2.3.8 Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba...124
2.3.9 Greenstone Belt Guajeru...124
2.3.10 Greenstone Belt Riacho de Santana...124
2.3.11 Greenstone Belt Boquira...124
2.3.12 Sequência Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante...125
2.3.13 Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida...125
2.3.14 Sequência Metavulcanossedimentar Urandi...127
2.3.15 Sill do Rio Jacaré-Fazenda Gulçari...127
PALEOPROTEROZOICO
2.3.16 Granitoides...129
2.4 Principais Litologias do Bloco Serrinha...129
MESOARQUEANO
2.4.1 Complexo Santa Luz...131
2.4.2 Cinturão Caldeirão...132
2.4.3 Peridotito Cromitífero de Santa Luz...132
PALEOPROTEROZOICO
2.4.4 Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru...133
2.4.5 Granitoides e Diques Máficos...134
2.5 Principais Litologias do Bloco Uauá...135
MESOARQUEANO
2.5.1 Complexo Lagoa da Vaca...135
2.5.2 Complexo Uauá...135
PALEOPROTEROZOICO
2.5.3 Greenstone Belt Rio Capim...137
2.5.4 Granitoides...137
2.5.5 Diques Máficos...138
2.6 Principais Litologias do Bloco Jequié...138
MESOARQUEANO
2.6.1 Granulitos heterogêneos orto e paraderivados...139
2.6.2 Rochas anfibolíticas e quartzo-feldspáticas...144
2.6.3 Granulitos enderbíticos-charnockíticos...144
2.6.4 Granulito Augen-Charnockítico...146
2.6.5 Granitoides...147

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PALEOPROTEROZOICO
2.6.6 Rochas gabro-anortosíticas...147
2.6.7 Charnockitos...148
2.7 Principais Litologias do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte)...150
MESOARQUEANO
2.7.1 Suíte São José do Jacuípe...150
2.7.2 Complexo Tanque Novo-Ipirá...151
2.7.3 Complexo Caraíba...152
2.7.4 Rochas Máfico-Ultramáficas do Vale do Curaçá...153
PALEOPROTEROZOICO
2.7.5 Augen Granulito Riacho da Onça...154
2.7.6 Rochas Máfico-Ultramáficas do Vale do Jacurici...154
2.7.7 Granitoides...155
2.8 Principais Litologias do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul)...155
MESOARQUEANO
2.8.1 Granulitos Básicos...157
2.8.2 Granulitos Paraderivados...157
NEOARQUEANO
2.8.3 GranulitosTonalíticos-Trondhjemíticos...158
PALEOPROTEROZOICO
2.8.4 Granulitos Tonalíticos-Trondhjemíticos...160
2.8.5 Granulitos Monzoníticos e Monzodioríticos...161
2.8.6 Rochas Dunito-Peridotíticas...162
2.8.7 Granitoides...163
2.9 Principais Litologias do Cinturão Salvador-Esplanada...163
MESOARQUEANO
2.9.1 Milonitos da Zona Aporá-Itamira...165
2.9.2 Suíte Granitoide Teotônio-Pela Porco...165
2.9.3 Migmatitos e granulitos da Zona Salvador-Conde...165
PALEOPROTEROZOICO
2.9.4 Granitoides...168
2.9.5 Diques Máficos...169
3 Deformações...169
3.1 Deformações Dúcteis...169
3.1.1 Deformações Arqueanas...171
3.1.2 Deformações Paleoproterozoicas ...172
3.1.3 Deformações Neoproterozoicas...184
3.2 Deformações Dúctil-Rúpteis e Rúpteis...186
4 Metamorfismo...187
4.1 Metamorfismo Paleoproterozoico...188

12 • G eolog i a da B a hi a

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4.1.1 Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (partes norte e sul)...188
4.1.2 Bloco Gavião (parte oeste)...197
4.2 Metamorfismo Neoproterozoico...197
4.2.1 Bloco Gavião (partes central e sul)...197
4.2.1 Faixa de Dobramentos Rio Preto-Riacho do Pontal (embasamento)...198
4.2.2 Faixa de Dobramentos Sergipana (embasamento)...198
4.2.3 Faixa de Dobramentos Araçuaí (embasamento)...199
5 Síntese...199

Capítulo IV
Greenstone Belts e Sequências Similares
José Carlos Cunha (CBPM), Johildo S. F. Barbosa (UFBA) & Juracy de F. Mascarenhas (CBPM)

1 Introdução...203
2 Greenstone Belts na Bahia...207
2.1 Principais Greenstone Belts e Sequências Similares...207
2.2 Ocorrências de Komatiitos na Bahia...210
2.3 O Caso Contendas Mirante...213
3 Greenstone Belts do Bloco Gavião (Parte Norte)...216
PALEOARQUEANO-MESOARQUEANO
3.1 Greenstone Belt Mundo Novo...218
3.1.1 Embasamento...220
3.1.2 Sequência Inferior...220
3.1.3 Sequência Média...222
3.1.4 Sequência Superior...222
3.1.5 Estruturas e Metamorfismo...224
3.1.6 Intrusivas Pós-Tectônicas...226
3.1.7 Dados Litogeoquímicos...226
3.1.8 Dados Geocronológicos...226
3.1.9 Recursos Minerais...227
NEOARQUEANO
3.2 Greenstone Belt Lagoa do Alegre...228
3.2.1 Sequência Inferior...229
3.2.2 Sequência Superior...231
3.2.3 Dados geocronológicos...231
3.2.4 Recursos Minerais...232
3.3 Greenstone Belt Salitre-Sobradinho...232
3.3.1 Sequência Inferior...233
3.3.2 Sequência Superior...235
3.3.3 Estruturas e Metamorfismo...237

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3.3.4 Dados Litogeoquímicos...239
3.3.5 Dados Geocronológicos...239
3.3.6 Recursos Minerais...239
3.4 Greenstone Belt Barreiro-Colomi...240
3.4.1 Sequência Inferior...241
3.4.2 Sequência Superior...245
3.4.3 Estruturas e Metamorfismo...246
3.4.4 Dados Geocronológicos...247
3.4.5 Recursos minerais...247
3.5 Greenstone Belt Tiquara...247
4 Greenstone Belts do Bloco Gavião (Partes Oeste, Central e Sul)...252
NEOARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
4.1 Greenstone Belt Umburanas...255
4.1.1 Embasamento...255
4.1.2 Sequência Inferior...255
4.1.3 Sequência Média...260
4.1.4 Sequência Superior...261
4.1.5 Estruturas e Metamorfismo...261
4.1.6 Intrusiva Pós-Tectônica...263
4,1,7 Dados Litogeoquímicos...263
4.1.8 Dados Geocronológicos...264
4.1.9 Recursos Minerais...264
4.2 Greenstone Belt Brumado...264
4.2.1 Sequência Inferior...267
4.2.2 Sequência Média...267
4.2.3 Sequência Superior...267
4.2.4 Estruturas e Metamorfismo...267
4.2.5 Dados Litogeoquímicos...267
4.2.6 Dados Geocronológicos...268
4.2.7 Recursos Minerais...268
4.3 Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba...268
4.3.1 Embasamento...269
4.3.2 Sequência Inferior...269
4.3.3 Sequência Média...271
4.3.4 Sequência Superior...272
4.3.5 Estruturas e Metamorfismo...273
4.3.7 Dados Litogeoquímicos...274
4.3.8 Dados Geocronológicos...274
4.3.9 Recursos Minerais...274
4.4 Greenstone Belt Guajeru...274
4.4.1 Sequências Inferior, Média e Superior...276
4.4.2.Estruturas e Metamorfismo...278
4.4.3 Dados Litogeoquímicos...278

14 • G e olog i a da B a hi a

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4.4.4 Dados Geocronológicos...279
4.4.5 Recursos Minerais...279
4.5 Greenstone Belt Riacho de Santana...280
4.5.1 Sequência Inferior...281
4.5.2 Sequência Média...283
4.5.3 Sequência Superior...283
4.5.4 Estruturas e Metamorfismo...248
4.5.5 Intrusivas Pós-Tectônicas...285
4.5.6 Dados Litogeoquímicos...285
4.5.7 Dados Geocronológicos...286
4.5.8 Recursos Minerais...286
4.6 Greenstone Belt Boquira...286
4.6.1 Sequência Inferior...287
4.6.2. Sequência Média...287
4.6.3 Sequência Superior...287
4.6.4 Dados Geocronológicos...287
4.6.5 Recursos Minerais...287
4.7 Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida...289
4.7.1 Embasamento...290
4.7.2 Litologias da Sequência...293
4.7.3 Estruturas...294
4.7.4 Metamorfismo e Geocronologia...295
4.7.5. Dados litogeoquímicos...297
4.7.6 Aspectos Genéticos do Protominério e Minério de Ferro e Manganês...297
4.7.7 Recursos Minerais...299
4.8 Sequência Metavulcanossedimentar Urandi...300
4.8.1 Embasamento...300
4.8.2 Litologias da Sequência...302
4.8.3 Estruturas...306
4.8.4 Metamorfismo e Geocronologia...307
4.8.5 Recursos Minerais...309
4.9 Sequência Metavulcanossedimentar Ibiajara...309
5 Greenstone Belts do Bloco Serrinha...310
PALEOPROTEROZOICO
5.1 Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru...310
5.1.1 Embasamento...311
5.1.2 Sequência Inferior...311
5.1.3 Sequência Média..311
5.1.4 Sequência Superior...314
5.1.5 Estruturas e Metamorfismo...314
5.1.6 Intrusivas Sin e Pós-Tectônicas...315
5.1.7 Dados Litogeoquímicos...315
5.1.8 Dados Geocronológicos...315

G eo lo g i a d a Ba h ia • 15

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5.1.9 Recursos Minerais...316
6 Greenstone Belts do Bloco Uauá...317
PALEOPROTEROZOICO
6.1 Greenstone Belt Rio Capim...317
6.1.1 Embasamento...318
6.1.2 Sequência Inferior...318
6.1.3 Sequência Superior...322
6.1.4 Estruturas e Metamorfismo...322
6.1.5 Dados Litogeoquímicos...323
6.1.6 Dados Geocronológicos...323
6.1.7 Recursos Minerais...324
7 Síntese...325

Capítulo V
Granitoides
Johildo S.F. Barbosa (UFBA), Marilda Santos-Pinto (UEFS), Simone C. P. Cruz (UFBA)
& Jailma Santos de Souza (UFBA)

1 Introdução...327
2 Granitoides do Bloco Gavião (Parte Norte)...328
PALEOPROTEROZOICO
2.1 Granitoide Campo Formoso...328
2.2 Granitoide Carnaíba...330
2.3 Granitoide Cachoeira Grande...336
2.4 Granitoide Flamengo...336
2.5 Granitoide Jaguarari...336
2.6 Granitoide Serra do Meio...337
2.7 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e Geocronológicos ...337
3 Granitoides do Bloco Gavião (Partes Central, Sul e Oeste...339
PALEOARQUEANO
3.1 Granitoide Sete Voltas...339
3.2 Granitoide Boa Vista/Mata Verde...339
3.3 Granitoide Bernarda...342
3.4 Granitoide Aracatu...343
3.5 Granitoide Mariana...343
MESOARQUEANO
3.6 Granitoide Sete Voltas...344
3.7 Granitoide Lagoa do Morro...344
3.8 Granitoide Serra do Eixo...345
3.9 Granitoide Lagoa da Macambira...346

16 • G eolog i a da B a hi a

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3.10 Granitoide Serra dos Pombos...346
3.11 Granitoide Malhada de Pedra...346
NEOARQUEANO
3.12 Granitoide Sete Voltas...347
3.13 Granitoide Serra do Eixo...347
3.14 Granitoide Caraguataí...347
3.15 Granitoide Pé de Serra-Maracás...349
PALEOPROTEROZOICO
3.16 Granitoide Aracatu...349
3.17 Granitoide Mariana...350
3.18 Granitoide Serra da Franga...351
3.19 Granitoide Umburanas...351
3.20 Granitoide Rio do Paulo...351
3.21 Granitoide Caculé...353
3.22 Granitoide Iguatemi...353
3.23 Granitoide Espírito Santo...353
3.24 Granitoide Gameleira...354
3.25 Granitoide Anagé-Pau de Colher...354
3.26 Granitoide Riacho das Pedras...356
3.27 Granitoide Caetano e Aliança...356
3.28 Granitoide Lagoa Grande e Lagoinha...356
3.29 Granitoide Guanambi-Urandi ...357
3.30 Granitoide Cara Suja...357
3.31 Granitoide Ceraíma...358
3.32 Granitoide Estreito...358
3.33 Granitoide Jussiape...360
3.34 Granitoide Ibitiara...360
3.35 Granitoide Boquira...361
3.36 Granitoide Veredinha...361
3.37 Granitoide Lagoa Real...361
3.38 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e Geocronológicos...362
4. Granitoides do Bloco Serrinha...364
MESOARQUEANO
4.1 Ortognaisse Valente...364
4.2 Granitoide Ambrósio...364
4.3 Granitoide Requeijão...367
4.4 Granitoide Maracanã...367
PALEOPROTEROZOICO
4.5 Granitoide Curral...367
4.6 Granitoide Araci...369
4.7 Granitoide Eficéa...369
4.8 Granitoide Cipó...369

G eo lo g i a d a Ba h ia • 17

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4.9 Granitoide Lagoa dos Bois...371
4.10 Granitoide Nordestina ...371
4.11 Granitoide Quijingue...372
4.12 Granitoide Trilhado...372
4.13 Granitoide Teofilândia...372
4.14 Granitoide Barrocas...373
4.15 Granitoide Cansanção...373
4.16 Granitoide Morro do Afonso...375
4.17 Granitoide Serra do Pintado...375
4.18 Granitoide Agulhas-Bananas...376
4.19 Granitoide Itareru...376
4.20 Granitoide Morro do Lopes...376
4.21 Granitoide Pedra Vermelha...377
4.22 Granitoide Barroquinhas...377
4.23 Granitoide Maravilha...377
4.24 Granitoide Salgadália...378
4.25 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e Geocronológicos...378
5 Granitoides do Bloco Uauá...379
PALEOPROTEROZOICO
5.2 Granitoide Euclides...379
5.2 Granitoide Araras...382
6 Granitoides do Bloco Jequié...382
NEOARQUEANO
6.1 Granitoide Itagibá...382
6.2 Granitoide Santa Maria...384
6.3 Granitoide Lua Nova...384
7 Granitoides do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte)...384
PALEOPROTEROZOICO
7.1 Granitoide Itiúba...384
7.2 Granitoide Santanápolis...386
7.3 Granitoide Bravo...387
7.4 Granitoide Pedra Solta...387
7.5 Granitoide Gavião-Morro do Juá...389
7.6 Granitoide Pé de Serra-Camará...389
7.8 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e Geocronológicos...390
8 Granitoides do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul)...390
PALEOPROTEROZOICO
8.1 Granitoide São Félix...389
8.2 Granitoide Anuri...392
8.3 Síntese dos Dados Litogeoquímicos e Geocronológicos...393
9 Granitoides do Cinturão Salvador-Esplanada...393

18 • G e olog i a da B a hi a

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MESOARQUEANO
9.1 Granitoide Teotônio-Pela Porco...393

PALEOPROTEROZOICO
9.2 Granitoides Salvador...394

Capítulo VI
Serra de Jacobina e Contendas-Mirante
Carlson de Matos Maia Leite (UFBA/Petrobras) & Moacyr Moura Marinho (UFBA)

1 Introdução...397
2 Região da Serra de Jacobina...398
PALEOARQUEANO-MESOARQUEANO
2.1 Greenstone Belt de Mundo Novo...398
2.1.1 Domínio Máfico–Ultramáfico...398
2.1.2 Domínio Vulcânico Máfico...401
2.1.3 Domínio Vulcânico Félsico-Sedimentar...401
2.1.4 Domínio Metassedimentar...402
2.2 Complexo Saúde...402
PALEOPROTEROZOICO
2.3 Grupo Jacobina...403
2.3.1 Formação Bananeira...404
2.3.2 Formação Serra do Córrego...404
2.3.3 Formação Rio do Ouro...404
2.3.4 Formação Cruz das Almas...405
2.3.5 Rochas Magmáticas...405
2.4 Tectônica...407
2.4.1 Estruturas Dúcteis...407
2.4.2 Estruturas Rúpteis-Dúcteis e Rúpteis...410
2.5 Metamorfismo...410
2.6 Síntese e Evolução Geotectônica do Grupo Jacobina...414
3 Região de Contendas-Mirante...418
ARQUEANO
3.1 Unidade Inferior...421
3.1.1 Formação Jurema-Travessão...421
3.1.2 Formação Barreiro d’Anta...425
3.1.3 Subvulcânicas de Barra da Estiva...426
3.2 Unidade Média...426
3.2.1 Formações Rio Gavião e Mirante...426
3.2.2 Metavulcânicas Calcialcalinas...427
PALEOPROTEROZOICO

G eo lo g i a d a Ba h ia • 19

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3.3 Unidade Superior...429
3.4 Tectônica...429
3.5 Metamorfismo...431
3.6 Síntese e Evolução Geotectônica do Contendas-Mirante...435
4 Síntese...438

Capítulo VII
Corpos Máficos-Ultramáficos
Angela Beatriz de Menezes Leal (IGEO/UFBA), Johildo Salomão Figueiredo Barbosa (IGEO/UFBA)
& Luiz César Corrêa-Gomes (IGEO/UFBA)

1 Introdução...443
2 Corpos Máfico-Ultramáficos do Bloco Gavião (Parte Norte)...444
PALEOPROTEROZOICO
2.1 Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Alegre de Lourdes...444
2.2. Complexo Máfico-Ultramáfico do Peixe...449
2.3. Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso...450
3 Corpos Máfico-Ultramáficos do Bloco Gavião (Parte Sul)...454
NEOARQUEANO
3.1. Sill do Rio Jacaré...454
4 Corpos Máfico-Ultramáficos do Bloco Serrinha...457
MESOARQUEANO
4.1. Complexo Máfico-Ultramáfico de Pedras Pretas (Peridotito Cromitífero de Santa Luz)...457
5 Corpos Máfico-Ultramáficos do Bloco Uauá...459
MESOARQUEANO
5.1. Complexo Anortosítico-Leucogabroico de Lagoa da Vaca...459
6 Corpos Máfico-Ultramáficos do Bloco Jequié...462
PALEOPROTEROZOICO
6.1. Maciço do Rio Piau...462
6.2. Maciço de Samaritana/Carapussê...465
7 Corpos Máfico-Ultramáficos do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte)...468
MESOARQUEANO
7.1. Rochas Máfica-Ultramáficas do Vale do Curaçá...468
7.2. Suíte São José do Jacuípe...475
7.3. Rochas Máfica-Ultramáficas do Vale do Jacurici...475
8 Corpos Máfico-Ultramáficos do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul)...478
PALEOPROTEROZOICO
8.1 Maciço de Mirabela...478
8.2. Maciço de Palestina...481
9 Síntese...481

20 • G eolog i a da B a hi a

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Referências...483

•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

VOLUME 2 - ROCHAS DE COBERTURA

Capítulo VIII
Supergrupos Espinhaço e São Francisco
José Torres Guimarães (CPRM-SUREG/SA), Fernando Flecha Alkmim (UFOP)
& Simone Cerqueira Pereira Cruz (UFBA)

1 Introdução...33
2 Evolução do Conhecimento dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco...37
3 Supergrupo Espinhaço na Região da Chapada Diamantina...41
MESOPROTEROZOICO
3.1 Formação Serra da Gameleira...42
3.2 Grupo Rio dos Remédios...45
3.3 Grupo Paraguaçu...48
3.4 Grupo Chapada Diamantina...50
3.5 Formação Morro do Chapéu...54
4 Supergrupo Espinhaço na Região do Espinhaço Setentrional...55
4.1 Formação Algodão...56
4.2 Grupo Oliveira dos Brejinhos...57
4.3 Grupo São Marcos...61
4.4 Grupo Santo Onofre...63
5 Supergrupo Espinhaço na Região Ocidental da Bahia...67
NEOPROTEROZOICO
6 Supergrupo São Francisco...68
6.1 O Supergrupo São Francisco na Chapada Diamantina...68
6.1.1 Formação Bebedouro...68
6.1.2 Formação Salitre...72
7 Supergrupo São Francisco na Região Ocidental da Bahia...74
7.1 Formação Jequitaí (Grupo Macaúbas)...74
7.2 Grupo Bambuí...74
8 Estilos Deformacionais do Supergrupo São Francisco...76
8.1 Corredor de Deformação do Paramirim...79
8.1.1 O Cinturão de Falhamentos e Dobramentos da Chapada Diamantina...79
8.1.2 Cinturão de Falhamentos e Dobramentos do Espinhaço Setentrional...81
8.2 deformação das Coberturas da Região Ocidental...82
9 Síntese e Evolução Tectônica...83

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Capítulo IX
Faixa de Dobramentos Rio Preto e Riacho do Pontal
Alexandre Uhlein (UFMG), Fabrício A. Caxito (UFMG), Marcos Egydio-Silva (USP) &Johildo S. F. Barbosa (UFBA)

1 Introdução...87
2 Faixa Rio Preto...89
2.1 Evolução dos Conhecimentos...89
2.2 Estratigrafia...91
ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
2.2.1 Embasamento...91
MESOPROTEROZOICO-NEOPROTEROZOICO
2.2.2 Grupo Rio Preto. Formação Formosa...93
NEOPROTEROZOICO
2.2.3 Grupo Santo Onofre...94
2.2.4 Formação Canabravinha...94
2.2.5 Grupo Bambui...95
CRETÁCEO
2.2.6 Grupo Urucuia...96
CENOZOICO
2.2.7 Coberturas Paleógenas-Neógenas...96
2.3 Sedimentologia e Modelo Deposicional...96
2.4 Geologia Estrutural e Tectônica...103
2.5 Metamorfismo e Geocronologia...110
3 Faixa Riacho do Pontal...112
3.1 Evolução dos Conhecimentos...112
3.2 Estratigrafia...113
ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
3.2.1 Embasamento...114
MESOPROTEROZOICO
3.2.2 Rochas Metassedimentares da Chapada Diamantina...114
NEOPROTEROZOICO
3.2.3 Suíte Afeição...114
3.2.4 Grupo Casa Nova...114
3.2.5 Complexo Brejo Seco...117
3.2.6 Rochas Plutônicas...117
PALEOZOICO-MESOZOICO
3.2.7 Coberturas Fanerozoicas...120
3.3 Sedimentologia e Modelo Deposicional...120
3.4 Geologia Estrutural e Tectônica...120

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3.5 Metamorfismo...124
3.6 Geocronologia...125
3.7 Reflexo Tectônico da Faixa Riacho do Pontal no Antepaís...126
4 Síntese...129

Capítulo X
Orógeno Araçuaí
Simone Cerqueira Pereira Cruz (UFBA), Fernando Flecha Alkmim (UFOP), Augusto José Pedreira da Silva
(CBPM), Leo Rodrigues Teixeira (CPRM), Antônio Carlos Pedrosa Soares (UFMG), Luiz César Corrêa Gomes
(UFBA), Jailma Santos de Souza (UFBA) & Ângela Beatriz de Menezes Leal (UFBA)

1 Introdução...131
1.1 Orógeno Araçuaí...131
1.2 Evolução do Conhecimento sobre o Orógeno Araçuaí na Bahia...132
2 Faixa Araçuaí...139
2.1 Estratigrafia...139
ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO-MESOPROTEROZOICO
2.1.1 Embasamento...139
NEOPROTEROZOICO
2.1.2 Suíte Salto da Divisa...140
2.1.3 Grupo Macaúbas...142
2.1.4 Grupo Rio Pardo...143
2.1.5 Grupo Una...145
2.1.6 Complexo Gabro-Anortosítico Rio Pardo...145
2.1.7 Província Alcalina do Sul da Bahia...149
2.2 Arcabouço Estrutural e Metamorfismo...152
2.2.1. Zona de Interferência Orógeno Araçuaí e Aulacógeno do Paramirim...152
2.2.2 Saliência do Rio Pardo...160
2.2.3 Zonas de cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia e Itapebi-Potiraguá...161
2.2.4 Bacia do Rio Pardo...164
3 Núcleo Orogênico de Alto Grau...165
3.1. Estratigrafia...167
3.1.1 Complexo Jequitinhonha...167
3.1.2 Supersuítes Plutônicas...168
3.2 Arcabouço Estrutural e Metamorfismo...172
3.2.1 Principais Traços Estruturais...172
3.2.2 Metamorfismo...172
4 Síntese e Evolução Tectônica...172
4.1 Bacia Precursora Macaúbas...173
4.2 Fechamento Inicial da Bacia Macaúbas...173

G eo lo g i a d a Ba h ia • 23

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4.3 Colisão e Soerguimento do Orógeno Araçuaí...175
4.4 Colapso Pós-Colisional...177
  

Capítulo XI
Faixa Sergipana
Elson Paiva de Oliveira (Unicamp)

1 Introdução...179
2 Faixa Sergipana no Estado da Bahia...184
2.1. Domínios Tectônicos...184
ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
2.1.1 Embasamento Arqueano-Proterozoico...184
NEOPROTEROZOICO
2.1.2 Domínio Estância...184
2.1.3 Domínio Vaza Barris...189
2.1.4 Domínio Macururé...191
2.1.5 Domínio Marancó...191
2.1.6 Domínios Poço Redondo e Canindé...195
2.2. Síntese e Modelo Tectônico Regional...196

Capítulo XII
Diques Máficos
Angela Beatriz de Menezes Leal (UFBA), Luiz César Corrêa-Gomes (UFBA) & José Torres Guimarães (CPRM)

1 Introdução...199
ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
2 Províncias de Diques Máficos...200
2.1 Província Uauá-Caratacá...200
2.1.1. Aspectos de Campo e Estruturais...200
2.1.2. Dados Petrográficos...204
2.1.3. Dados Litogeoquímicos...204
2.1.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos...205
2.2 Província Salvador...206
2.2.1 Aspectos de Campo e Estruturais...206
2.2.2 Dados Petrográficos...207
2.2.3 Dados Litogeoquímicos...207
2.2.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos...208
3 Ocorrência de Diques Máficos...208

24 • G eolog i a da B a hi a

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3.1 Feira de Santana-Lamarão...208
3.2 São José de Jacuípe-Aroeira...209
3.3 Juazeiro-Sobradinho...210
MESOPROTEROZOICO-NEOPROTEROZOICO
4 Províncias de Diques Máficos...211
4.1 Província Chapada-Diamantina-Paramirim...211
4.1.1 Aspectos de Campo e Estruturais...211
4.1.2 Dados Petrográficos...214
4.1.3 Dados Litogeoquímicos...215
4.1.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos...215
4.2 Província Litorânea...216
4.2.1 Aspectos de Campo e Estruturais...216
4.2.2 Dados Petrográficos...217
4.2.3 Dados Litogeoquímicos...219
4.2.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos...220
4.3 Província Caraíba-Curaçá...223
4.3.1 Aspectos de Campo e Estruturais...223
4.3.2 Dados Petrográficos...224
4.3.3 Dados Litogeoquímicos...224
4.3.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos...224
4.4 Província Itabuna-Itaju do Colônia...225
4.4.1 Aspectos de Campo e Estruturais...225
4.4.2 Dados Petrográficos...229
4.4.3 Dados Litogeoquímicos...229
4.4.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos...229
5 Ocorrência de Diques Máficos...230
5.1 Coronel João Sá ...230
6 Síntese...231

Capítulo XIII
Bacias Paleozoicas e Mesozoicas
Antonio Sérgio Teixeira Netto (Consultor)

1 Introdução...233
PALEOZOICO
2 Borda sul da Bacia do Parnaíba...234
3 Ocorrências Paleozoicas no nordeste e seus registros em subsuperfície por sob o rift-valley
Mesozoico...235
MESOZOICO
4 Bacia Sedimentar Jurássica da Depressão Afro-Brasileira...238

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4.1 Rift-valley Cretáceo-Configuração Estrutural...238
4.2 Preenchimento do rift-valley...241
4.3 Mesozoico Marinho na Plataforma Continental da Bahia...245
4.4 Bacia Sedimentar Cretácea do Urucuia...249
5 Síntese...254

Capítulo XIV
Tectônica das Bacias Paleozoicas e Mesozoicas
Luiz César Corrêa-Gomes (UFBA) & Nivaldo Destro (PETROBRAS)

1 Introdução...255
PALEOZOICO-MESOZOICO
2 Bacias Paleozoica-Mesozoicas...259
2.1 Depósitos sedimentares da região de Paulo Afonso e Santa Brígida...259
2.2 Bacia do Parnaíba...259
2.3 Bacia do Urucuia...260
MESOZOICO
3 Bacias Mesozoicas...263
3.1 Bacias Tipo Rift...264
3.1.1 Modelos de formação de Bacias Tipo Rift...265
3.2 Bacias Tipo Rift. Quebra de supercontinentes e anomalias termais...266
4 Evolução Tectônica da Borda Atlântica da Bahia...269
5 Herança Estrutural do Embasamento nas BaciasTipo Rift...272
6 Relevo Associado as Bacias Tipo Rift...282
7 Modos de Falhamento e Bacias Tipo Rift...285
8 Visão Geral do Sistema de Bacias do Recôncavo-Tucano-Jatobá (SBRTJ)...288
8.1 Planos de Falhas.Visão Geral...292
8.1.1 Planos de falha com cinemática deduzida...292
8.2 Orientações dos Campos de Tensão...295
8.2.1 Orientações dos campos de tensão por subáreas...298
9 Sistemas de Falhas, Estágios Evolutivos e Orientações de Campos de Tensão em Bacias do Tipo Rift ...302
9.1 Grande Rift Este Africano...302
9.2 Evolução Tectônica Polifásica do Rift Recôncavo-Tucano-Jatobá...303
9.3. Falhas Transversais em Bacias tipo Rift. Falhas de Transferência e de Alívio...304
9.4 Magnitudes Relativas dos Tensores Principais e os Sistemas de Falha em Bacias Tipo Rift...306
9.5 Falhas Translacionais versus Rotacionais...308
10 Sistemas de Falhas no Terreno. O Complexo Quadro de Campos de Tensão do SBRTJ...309
10.1 Falhas Longitudinais...310
10.2 Falhas Transversais...311
11. Considerações Finais...313

26 • G e olog i a da B a hi a

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11.1 Início do Afinamento Litosférico...313
11.2 Modelos de Formação de Bacias Tipo Rift...314
11.3 Extensões nas Bacias Tipo Rift...319
11.4 Herança Estrutural do Embasamento...322
11.5 Relevo das Bacias...322
11.6 Modelo Complementar para a Formação e Evolução das Bacias Intracontinentais do Tipo Rift do NE do
Brasil...324
12 Síntese...324

Capítulo XV
Geologia das Bacias Sedimentares da Margem Continental
do Estado da Bahia
Webster Mohriak (PETROBRAS)

1 Introdução...327
1.2 Base de Dados...328
2 Evolução Tectônica da Região Leste Brasileira...329
2.1 Evolução Estrutural e Estratigráfica das Bacias da Margem Continental...331
2.1.1 Megassequência Pré-Rift...332
2.1.2 Megassequência Sin-rift...335
2.1.3 Megassequência Transicional...336
2.1.4 Megassequência Pós-Rift...336
2.2 Modelos Evolutivos Conceituais...338
2.3 Principais Feições Morfoestruturais da Região Oceânica...339
2.3.1 Interpretação Geológica e Geofísica de Feições Crustais...345
3 Características Estruturais das Bacias...350
3.1 Margem Nordeste (Segmento Transversal)...350
3.1.1 Bacia de Jacuípe...350
3.2 Margem Leste (Segmento Divergente)...351
3.2.1 Bacia de Camamu...351
3.2.2 Bacia do Almada...352
3.2.3 Bacia do Jequitinhonha...353
3.2.4 Bacia de Cumuruxatiba...354
3.2.5 Bacia de Mucuri...356
3.3 Vulcanismo pós-rift...359
4 Geologia de Petróleo...361
5 Síntese...363

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Capítulo XVI
Tabuleiros Costeiros. Paleoambientes da Formação Barreiras
Dilce de Fátima Rossetti (INPE) & José Maria Landim Dominguez (UFBA)

1 Introdução...365
2 Distribuição Geográfica e Contexto Geológico...366
3 Estudos Prévios sobre a Formação Barreiras...368
4 Caracterização de Associações Faciólogicas...369
4.1 Associação de Fácies CF...371
4.2 Associação de Fácies PI...371
4.3 Associação de Fácies BD...371
4.4 Associação de Fácies PD...373
4.5 Associação de Fácies CD...373
4.6 Associação de Fácies BE/DM...376
4.7 Associação de Fácies P...376
4.8 Associação de Fácies AP...376
4.9 Associação de Fácies CM...377
4.10 Associação de Fácies PM...384
5 Paleoambientes de Deposição...384
6 Distribuição Espacial...388
7 Considerações sobre a Tectônica...389
8 Síntese...391

Capítulo XVII
Zona Costeira do Estado da Bahia
José Maria Landim Dominguez (UFBA) & Abilio Carlos da Silva Pinto Bittencourt (UFBA)

1 Introdução...395
2 Origem da Zona Costeira...395
2.1 Principais Controles...396
2.1.1 Geologia Pré-Quaternária...396
2.1.2 Cráton do São Francisco...396
2.1.3 Faixa de Dobramentos Araçuaí...396
2.1.4 Bacias Sedimentares Mesozoicas...396
2.1.5 Tabuleiros Costeiros...397
2.2 Suprimento de Sedimentos...397
2.3 Variações do Nível do Mar...397
2.3.1 Clima e Fatores Oceanográficos...399
3 Compartimentação da Zona Costeira Baiana...399
3.1 Costa do Litoral Norte...399

28 • G eolog i a da B a hi a

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3.2 Costa dos Rifts Mesozoicos...402
3.3 Costa Deltaica do Jequitinhonha-Pardo...402
3.4 Costa Faminta do Sul da Bahia...402
4 Depósitos Quaternários...406
4.1 Depósitos de Leques Aluviais Pleistocênicos...406
4.2 Depósitos de Areias Litorâneas Regressivas Pleistocênicas...406
4.3 Depósitos de Areias Litorâneas Regressivas Holocênicas...408
4.4 Depósitos Argilo-Orgânicos de Planícies de Maré...408
4.5 Depósitos Argilo-Orgânicos de “Terras Úmidas”...410
4.6 Depósitos Areno-Argilosos Fluviais ...411
4.7 Depósitos Eólicos Pleistocênicos...411
4.8 Depósitos Eólicos Holocênicos...413
4.9 Recifes de Corais...414
4.10 Rochas de Praia...417
4.11 Outras Unidades Quaternárias...418
5 Evolução Paleogeográfica...418
5.1 Estágio 1 - Trangressão Miocênica – Deposição da Formação Barreiras...418
5.2 Estágio 2 - Regressão Neógena...419
5.3 Estágio 3 - Nível de Mar Alto do MIS9 ou MIS11...419
5.4 Estágio 4 - Nível de Mar Alto do MIS5e...419
5.5 Estágio 5 - Último Máximo Glacial ...420
5.6 Estagio 6 - Transgressão Holocênica ...422
5.7 Estágio 7 - Nível de Mar Alto do MIS1...423
6 Recursos Minerais...424
7 Síntese...425

Capítulo XVIII
Plataforma Continental
José Maria Landim Dominguez (UFBA), Alina Sá Nunes (UFBA-UNIME), Renata Cardia Rebouças (UFBA),
Rian Pereira da Silva (UFBA), Antonio Fernando Menezes Freire (CENPES-PETROBRAS) & Carolina de Almeida
Poggio (UFBA)

1 Introdução...427
2 Arcabouço Geológico...428
3 Aspectos Oceanográficos...430
3.1 Ondas...430
3.2 Correntes de Maré...430
3.3 Correntes Geradas pelo Vento...430
3.4 Correntes Geostróficas...432
4 Suprimento de Sedimentos...432
5 Batimetria...438

G eo lo g i a d a Ba h ia • 29

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5.1 Compartimento Norte...438
5.2 Compartimento Central...439
5.3 Compartimento Sul...444
6 Sedimentos Superficiais. Textura e Composição...444
6.1 Compartimento Norte...451
6.2 Compartimento Central...459
6.3 Compartimento Sul...464
7 Baías de Todos os Santos e Camamu...465
7.1 Baía de Todos os Santos...465
7.2 Baía de Camamu...465
8 Evolução Quaternária...476
8.1 Regressão Pleistocênica e o Último Máximo Glacial...476
8.2 Subida do Nível Eustático após o Último Máximo Glacial...485
8.3 Nível de Mar Alto Atual...487
9 Recursos Minerais...492
10 Síntese e Conclusões...496

Capítulo XIX
Neotectônica
Luiz C. Corrêa-Gomes (UFBA), Jose Martin Ucha (CG-DCA-IFBA) & Idney Cavalcanti da Silva (UFBA)

1 Introdução...497
1.1 Padrões de Orientação de Planos de Falhas e dos Campos de Tensão...499
2 Fatores de Influência na Orientação Local de Campos de Tensão...503
3 Mecanismos de Geração dos Campos de Tensão...507
4 Idades dos Campos de Tensão da Formação Barreiras...510
5 Motores de Geração dos Campos de Tensão...510
6 Implicações Regionais...514
7 Síntese...514

Capítulo XX
Evolução Tectônica e Metalogenética
Johildo S. F. Barbosa (UFBA), Juracy de F. Mascarenhas (CBPM), José Maria Landim Dominguez (UFBA)
& Antônio Sergio Teixeira Netto (Consultor)

1 Introdução...517
2 Arqueano...519
2.1 Bloco Gavião (Parte Norte)...519
2.2 Bloco Gavião (Partes Oeste, Central e Sul)...520

30 • G eolog i a da B a hi a

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2.3 Bloco Serrinha...525
2.4 Bloco Uauá...525
2.5 Bloco Jequié...526
2.6 Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte)...527
2.7 Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul)...528
2.8 Cinturão Salvador-Esplanada...529
3 Paleoproterozoico...529
3.1 Bloco Gavião (Parte Norte)...529
3.2 Bloco Gavião (Partes Oeste, Central e Sul)...530
3.3 Bloco Serrinha...533
3.4 Bloco Uauá...534
3.5 Bloco Jequié...534
3.6 Orogeno Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Norte)...00
3.6.1 Situação Pré-Colisão...535
3.6.2 Situação Sin-Colisão...535
3.6.3 Situação Pós-Colisão (Atual)...537
3.7 Orogeno Itabuna-Salvador-Curaçá (Parte Sul)...539
3.7.1 Situação Pré-Colisão...539
3.7.2 Situação Sin-Colisão...540
3.7.3 Situação Pós-Colisão (Atual)...542
3.8 Suite Lagoa Real e Vulcânicas Rio dos Remédios...543
4 Mesoproterozoico...544
4.1 Supergrupo Espinhaço...544
4.2 Diques Máficos e Kimberlitos...544
5. Neoproterozoico...546
5.1 Supergrupo São Francisco...546
5.2 Faixa de Dobramentos Araçuaí...548
5.3 Inversão do Aulacógeno Paramirim...550
5.4 Faixa de Dobramentos Rio Preto e Riacho do Pontal...552
5.5 Faixa de Dobramentos Sergipana...555
6 Paleozoico...557
7 Mesozoico...557
7.1 Depressão Afro-Brasileira...558
7.2 Rift -Valley do Leste Baiano...558
7.3 Entrada do Oceano Atlântico...560
8 Cenozoico...560
8.1 Neógeno...560
8.2 Quaternário...562
9 Síntese e Conclusões...562

Referências...567

G eo lo g i a d a Ba h ia • 31

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Supergrupos
Espinhaço e São
Capítulo VIII Francisco
José Torres Guimarães (CPRM-SUREG/SA)
Fernando Flecha Alkmim (UFOP)
Simone Cerqueira Pereira Cruz (UFBA)

1 Introdução
Quando examinado no panorama geotectônico do Brasil, o território do Estado da Bahia fica constituído pelas
seguintes unidades (Fig.VIII.1): (i) a margem continental leste brasileira e o rift mesozoico Recôncavo-Tucano; (ii)
as faixas de dobramento neoproterozoicas Araçuaí, Rio Preto-Riacho do Pontal e Sergipana; e (iii) a porção norte
do Cráton do São Francisco. O rift Recôncavo-Tucano e as faixas de dobramento neoproterozoicas ocupam cerca
de 18% da área do Estado, fato que torna o território baiano essencialmente cratônico.

No âmbito do Cráton do São Francisco, desde a sua definição por Almeida (1967, 1977, 1981) distinguem-se duas
grandes assembleias estratigráficas: o embasamento e as coberturas. As unidades mais velhas que 1,8Ga são
consideradas como embasamento e as mais jovens, como cobertura.

Este capítulo trata das coberturas cratônicas precambrianas da porção baiana do Cráton do São Francisco; des-
creve os seus conteúdos; analisa as suas correlações; apresenta os seus estilos deformacionais e discute os seus
significados tectônicos. As faixas de dobramentos neoproterozoicas são abordadas nos capítulos IX, X e XI, através
da descrição das unidades estratigráficas e estruturas maiores nelas envolvidas.

As unidades que constituem as coberturas precambrianas do Cráton do São Francisco na Bahia ocorrem nas
regiões da Chapada Diamantina, da Serra do Espinhaço Setentrional e, entre as cidades de Wanderley e Palmas
de Monte Alto, na bacia hidrográfica do São Francisco (Fig.VIII.2). Essas rochas são tradicionalmente inseridas
em unidades estratigráficas maiores representadas pelos Supergrupos Espinhaço e São Francisco. O Supergrupo
Espinhaço inclui rochas metassedimentares e metavulcânicas de idade paleo a mesoproterozoica. O Supergrupo
São Francisco, por seu turno, engloba as coberturas dominantemente carbonáticas neoproterozoicas, presen-

S u p erg r u p o s E s p i n h aço e São Fra ncisco • 33

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tes na Chapada Diamantina e na região ocidental da cha, rochas ornamentais (metarenito a dumortierita,
Bahia. Tais unidades podem ser entendidas como re- hornfels) e dolomito (Loureiro et al. 2008).
gistros de dois ciclos de sedimentação de 1ª ordem,
conforme Vail et al. (1991): o primeiro vai do início do A região ocidental da Bahia, que a oeste da Serra do
Estateriano até o início do Toniano, e o segundo, do Espinhaço Setentrional corresponde a um extenso
final do Toniano até o final do Ediacarano. planalto, integra a bacia hidrográfica do Rio São Fran-
cisco e abriga uma ampla área de cobertura cratônica
A região da Chapada Diamantina, com área aproxi- pertencente ao Supergrupo São Francisco, pontuada
mada de 68.000km² e paisagens de cartões postais, por uma saliência topográfica, a Serra de Palmas de
localiza-se na parte central da Bahia. É caracterizada Monte Alto, localizada a sul da cidade homônima (Fig.
por um conjunto de serras e planaltos que, em mapa, VIII.2), que representa o único registro do Supergrupo
compõem uma geometria triangular aberta para Espinhaço na região.
norte (Fig.VIII.2). As altitudes médias da região va-
riam entre 800 e 1.200 metros, culminando em 2.033 Ao se examinar a constituição dos Supergrupos Es-
metros, no pico do Barbado, localizado no município pinhaço e São Francisco nas três províncias morfo-
de Abaíra. Arenitos, conglomerados, pelitos e carbo- lógicas anteriormente mencionadas, depara-se com
natos, estruturados em grandes dobras e falhas de grandes diferenças faciológicas, além de peculiarida-
orientação preferencial N-S a NNW-SSE sustentam o des deposicionais, as quais devem constituir uma he-
relevo da região. Deformação e metamorfismo cres- rança da compartimentação original das bacias que
cem em intensidade, em direção à borda sudoeste da receberam seus sedimentos. Em virtude desses fatos
chapada, onde as rochas, em geral não metamórficas, e para facilitar a abordagem do tema, a descrição das
mostram paragêneses de fácies xisto verde (Guima- unidades apresentadas nas seções seguintes será fei-
rães et al. 2005, Loureiro et al. 2008). Dentre os re- ta por regiões.
cursos minerais da região, destacam-se o diamante, o
carbonado, ouro, estanho, barita, sulfetos de chumbo Os Supergrupos Espinhaço e São Francisco estão sub-
e zinco com prata, fosfato, cristal-de-rocha, quartzo divididos em grupos e formações, arranjados de várias
com rutilo e rochas ornamentais. formas pelos inúmeros pesquisadores que os estuda-
ram (Quadros VIII.1, VIII.2). Adota-se aqui a coluna es-
A cordilheira do Espinhaço Setentrional (Espinhaço tratigráfica mostrada nos quadros VIII.3 e VIII.4, a qual
Baiano) é um sistema orográfico implantado na parte foi elaborada tomando-se por base os trabalhos mais
centro-oeste da Bahia, em uma área aproximada de recentes desenvolvidos no Estado e em outros setores
24.000km². Alongado na direção NNW-SSE, possui do Cráton do São Francisco onde tais unidades ocor-
600km de comprimento, 20km de largura, na par- rem.
te sul, e 60km na parte norte, onde se abre em dois
ramos, representados pelas Serras do Estreito e Bo- (i) na Chapada Diamantina o Supergrupo Espinhaço
queirão (Fig.VIII.2). Apresenta cotas médias em torno compreende a Formação Serra da Gameleira, os Gru-
de 800 e 1.000 metros e está estruturado em grandes pos Rio dos Remédios (Formações Novo Horizonte,
dobras e falhas de orientação geral NNW-SSE (CAPÍ- Lagoa de Dentro, Ouricuri do Ouro), Paraguaçu (For-
TULO IX). O pacote de rochas vulcanossedimentares mações Mangabeira, Açuruá), Chapada Diamantina
que sustenta a cordilheira apresenta deformação e (Formações Tombador, Caboclo) e a Formação Morro
metamorfismo crescentes de norte para sul, e guarda do Chapéu e o Supergrupo São Francisco que engloba
importantes depósitos de manganês, cristal-de-ro- as Formações Bebedouro e Salitre;

34 • G eolog i a da B a hi a

Capitulo 8.indd 34 02/10/12 22:05


Figura VIII.1 - Compartimentação geotectônica do Estado da Bahia.

S u p erg r u p o s E s p i n h aço e São Fra n cisco • 35

Capitulo 8.indd 35 02/10/12 22:05


Figura VIII.2 - Mapa geológico simplificado dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco depositados sobre o Bloco Gavião.

36 • G eolog i a da B a hi a

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(ii) no Espinhaço Setentrional o Supergrupo Espinha- Brasiliana, orlam o Cráton do São Francisco nas suas
ço inclui a Formação Algodão e os Grupos Oliveira dos partes norte (Faixas de Dobramentos Rio Preto-Riacho
Brejinhos (Formações São Simão, Pajeú, Sapiranga), do Pontal e Sergipana) (CAPÍTULOS IX, XI), sul (Ara-
São Marcos (Formações Bomba, Bom Retiro, Riacho çuaí) (CAPÍTULO X) e oeste (Brasília) (Figs.VIII.1, VIII.2).
do Bento, Mosquito) e Santo Onofre (Formações Fa-
zendinha, Serra da Vereda, Serra da Garapa, Boquei-
rão);
2 Evolução do
(iii) na região ocidental da Bahia o Supergrupo Espi-
nhaço ocorre apenas a sul da cidade de Palmas de
Conhecimento dos
Monte Alto, representado pelo Grupo Santo Onofre Supergrupos Espinhaço e
indiviso, enquanto o Supergrupo São Francisco aflora
São Francisco
em uma vasta área, a oeste e norte da citada cidade,
constituído pela Formação Jequitaí e pelas Formações O conjunto litoestratigráfico dos Supergrupos Espi-
Sete Lagoas, Serra de Santa Helena, Lagoa do Jacaré, nhaço e São Francisco, aflorante em território baiano
Serra da Saudade, pertencentes ao Grupo Bambuí. tem recebido a atenção de geólogos e naturalistas
desde o início do século XIX até os dias atuais. (CAPÍ-
Rochas granitoides estaterianas (CAPÍTULO V) (Suíte TULO I) Apesar dos inúmeros estudos realizados nas
Intrusiva Lagoa Real, incluindo o Granitoide de Ma- regiões da Chapada Diamantina e Espinhaço Seten-
tinos) correlacionadas ao magmatismo presente nos trional, ainda persistem divergências a respeito do
Grupos Rio dos Remédios e Oliveira dos Brejinhos, empilhamento e de correlações desses dois pacotes
ocorrem nas bordas oeste da Chapada Diamantina/ de rochas, como mostram os quadros VIII.1 e VIII.2.
leste do Espinhaço Setentrional, intrusivas nos ter-
renos do Bloco Gavião (região do Complexo Parami- Na Chapada Diamantina, na área melhor estudada,
rim, CAPÍTULO III). São frequentes também corpos de têm-se registros de investigações de cunho geológi-
rochas máficas, intrusivos e extrusivos nos depósitos co/metalogenético que remontam ao início do século
do Supergrupo Espinhaço, com idades em torno de XIX, quando Spix & Martius (1817) descrevem rochas
1,57Ga, 1,5Ga e de 0,9Ga. (CAPÍTULO XII). na Serra do Sincorá, parte oriental da Chapada Dia-
mantina, e Acauã (1847) relata a descoberta de dia-
O embasamento do Cráton do São Francisco (CAPÍTU- mantes nessa mesma região.
LOS III, IV, V, VI, VII), sobre o qual estão assentadas as
rochas dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco, No início do século XX, Derby (1905, 1906) faz via-
compreende uma associação de complexos granito- gens de caráter geocientífico às regiões de Mucugê,
-gnaissicos-migmatíticos e sequências tipo greenstone Andaraí, Lençóis e Palmeiras. Dessas expedições re-
belts que se apresentam como terrenos crustais (Gua- sultaram os artigos “Lavras Diamantinas” e “Serra do
nambi-Correntina, Paramirim e Sobradinho, todos no Espinhaço”, este último contendo a primeira coluna
Bloco Gavião) de idades paleoarqueanas a paleoprote- estratigráfica para a região.
rozoicas anteriores a 1,8Ga, estabilizados no término do
evento tectonometamórfico paleoproterozoico, entre Nas quatro décadas seguintes, muitos outros pesqui-
2,2 e 2,0Ga. Faixas móveis acumuladas possivelmente, sadores realizaram estudos na Chapada Diamantina.
entre o final do Mesoproterozoico e início do Neoprote- Dentre eles se destacam Branner (1910-1911), que dis-
rozoico e deformadas no final do Neoproterozoico, en- corre sobre a escarpa do Tombador (borda leste da
tre 635 e 485Ma durante a fase colisional da Orogênese Chapada Diamantina) e sobre a planície calcária do

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Capitulo 8.indd 37 02/10/12 22:05


interior da Bahia, além de Williams (1930), que des- No Espinhaço Setentrional e na parte ocidental do
creve calcários sobrepostos a folhelhos vermelhos território baiano, o nível de conhecimento geológico é
contendo lentes de conglomerado, também na borda bem inferior ao disponível para a Chapada Diamanti-
leste da Chapada Diamantina, na região de Utinga, na. Os estudos mais antigos realizados nessas regiões
e Oliveira & Leonardos (1940), que introduz o termo são atribuídos a Moraes Rego (1926), Kegel (1959) e
Formação Bebedouro na literatura geológica, para Campbell & Costa (1965), que lá realizaram observa-
representar camadas de conglomerados e pelitos re- ções geológicas de caráter geral (CAPÍTULO I).
conhecidas na região de Utinga.

Quadro VIII.1 - Propostas de colunas estratigráficas para o Supergrupo Espinhaço, na Chapada Diamantina.

Quadro VIII.2 - Propostas de colunas estratigráficas para o Supergrupo Espinhaço, no Espinhaço Setentrional.

38 • G eolog i a da B a hi a

Capitulo 8.indd 38 02/10/12 22:05


Quadro VIII.3 - Carta estratigráfica, aspectos deposicionais e correlações das unidades do Supergrupo Espinhaço.

S u p erg r u p o s E s p i n h aço e São Fra n cisco • 39

Capitulo 8.indd 39 02/10/12 22:05


Quadro VIII.4 - Carta estratigráfica, aspectos deposicionais e correlações das unidades do Supergrupo São Francisco.

A partir da década de 1950 são criadas as primeiras cam: mapeamento geológico das regiões de Upa-
escolas de geologia do país, as quais se fizeram acom- mirim e Morro do Chapéu (Neves 1967); cartografia
panhar de organismos e empresas estatais e privadas. geológica entre Itaetê e Seabra (Mascarenhas 1969);
A criação dessas instituições resultou no incremento mapeamento da Chapada Diamantina ocidental en-
das pesquisas geológicas no Estado, com a execução tre Ibitiara e Ipupiara (Schobbenhaus & Kaul 1971);
de inúmeros levantamentos geológicos regionais sis- geologia da Chapada Diamantina–Projeto Bahia (Pe-
temáticos e de trabalhos acadêmicos (monografias, dreira et al. 1975); Projeto Leste do Tocantins/Oeste do
dissertações de mestrado e teses de doutorado) volta- Rio São Francisco - LETOS (Costa et al. 1975); e geolo-
dos para o entendimento dos aspectos lito e cronoes- gia e prospecção geoquímica no sudeste da Chapada
tratigráficos, tectônicos, petrográficos, metalogenéti- Diamantina–Projeto Rochas Efusivas (Barreto et al.
cos, hidrogeológicos e até geoturísticos das rochas da 1975). Nessa mesma fase, são publicados os traba-
região. São desse período que se prolonga até o final lhos de Winge (1968) e Beurlen (1970) que tratam da
da década de 1970, os seguintes trabalhos se desta- geologia das Serras do Estreito, Boqueirão e Muquém,

40 • G e olog i a da B a hi a

Capitulo 8.indd 40 02/10/12 22:05


localizadas na parte norte do Espinhaço, além do es- co nas regiões da Chapada Diamantina e Espinhaço
tudo pioneiro de Schobbenhaus (1972), realizado na Setentrional, começam a incluir a análise das bacias
escala 1:250.000, que contém a primeira coluna es- que abrigam essas unidades. São enfatizadas desde
tratigráfica para a parte central do Espinhaço Seten- então, as discordâncias de caráter regional que sepa-
trional. A estes, deve-se acrescentar: o artigo de Távo- ram conjuntos rochosos cogenéticos, a posição espa-
ra et al. (1967), que contém os resultados das primei- cial dos sítios deposicionais em relação às margens
ras datações geocronológicas realizadas na região; as de placas envolvidas, mecanismos de subsidência e
descrições de Cassedane & Franco (1966) e Fleischer a dinâmica da sedimentação. Entre esses trabalhos
(1971) sobre a ocorrência de dumortierita em quartzi- citam-se: Conceição Filho et al. (1984), Bomfim et al.
tos da Serra do Espinhaço; os textos explicativos das (1985), Pedreira et al. (1987), Pedreira (1988), Uhlein &
Folhas Rio São Francisco (Bruni et al. 1974) e Brasília Pedreira (1989), Dominguez & Rocha, G., (1989), Gui-
(Bruni & Schobbenhaus 1976) da Carta Geológica do marães & Pedreira (1990), Bomfim & Pedreira (1990),
Brasil ao milionésimo; e os estudos de Sá (1976, 1978). Pedreira & Margalho (1990), Rocha, G. (1991), Domin-
Esta fase se encerra com a publicação, pela Secretaria guez (1993, 1996), Danderfer Filho (2000), Delgado et
das Minas e Energia do Estado da Bahia, do primeiro al. (2003), Guimarães et al. (2005, 2008), Guimarães
mapa geológico do Estado ao milionésimo, acom- (2006) e Loureiro et al. (2008, 2009).
panhado de texto explicativo (Inda & Barbosa 1978).
Esse documento, que compatibiliza e integra os dados No início dos anos 2000, os organismos de pesquisa
existentes até então, representou um marco em car- geológica já se ressentiam de uma nova atualização
tografia básica no Brasil. do mapa geológico do Estado, em função dos novos
dados publicados. O Serviço Geológico do Brasil–
Outra fase da geologia do Estado da Bahia abarca os 15 CPRM e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral–
anos subsequentes ao lançamento do primeiro mapa CBPM se empenham nessa tarefa e publicam, em
da Bahia ao milionésimo e culmina, em 1996, com a 2003, a mais nova versão do Mapa Geológico da Bahia
publicação, pela Superintendência de Geologia e Re- ao milionésimo (Souza et al. 2003), em ambiente SIG e
cursos Minerais–SGM, da segunda edição do mapa da sem texto explicativo (CAPÍTULO I).
Bahia ao milionésimo e respectivo texto explicativo
(Barbosa & Dominguez 1996). Este segundo trabalho
de cartografia geológica de síntese regional compati-
biliza e atualiza o mapa lançado em 1978, utilizando-se 3 Supergrupo Espinhaço
das técnicas de computação existentes e disponibiliza o
documento também em forma digital. São dessa fase
na Região da Chapada
os projetos de mapeamento geológico em várias esca- Diamantina
las, executados pelo Serviço Geológico do Brasil–CPRM
e pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral–CBPM: MESOPROTEROZOICO
Colomi (Souza et al. 1979), Utinga-Mucugê (Guimarães
& Pedreira, Bomfim & Pedreira, Pedreira & Margalho Com uma espessura de aproximadamente 5.000 me-
1990); Bacia de Irecê I e II (Bomfim et al. 1985, Pedreira tros, o Supergrupo Espinhaço apresenta-se, na região
et al. 1987); Projeto Borda Norte da Chapada Diamanti- da Chapada Diamantina, como uma sucessão de ro-
na (Conceição Filho et al. 1984). chas metassedimentares e metavulcânicas, conti-
nentais e marinhas, acumuladas entre 1,75 e 1,0Ga,
A partir da década de 1980, as pesquisas geológicas em três bacias intracratônicas superpostas. Tomando
realizadas nos Supergrupos Espinhaço e São Francis- por base os trabalhos mais recentes desenvolvidos

S u p erg r u p o s E s p i n h aço e São Fra n cisco • 41

Capitulo 8.indd 41 02/10/12 22:05


na região e uma reavaliação de estudos anteriores, A Formação Serra da Gameleira é constituída por três
adota-se aqui uma subdivisão para o Supergrupo Es- associações de litofácies siliciclásticas (Fig.VIII.3c):
pinhaço, que, da base para o topo, é assim constituída
(Guimarães et al. 2005, Guimarães 2008, Loureiro et (i) Associação inferior, composta por metaquartzoare-
al. 2008) (Fig.VIII.1, Quadro VIII-3): nito grosso a fino e metargilito laminado, com níveis
rompidos. O metaquartzoarenito apresenta intraclas-
(i) Formação Serra da Gameleira; tos de metargilito, alta maturidade textural e mine-
ralógica e estratificação cruzada acanalada e flaser;
(ii) Grupo Rio dos Remédios, subdividido nas Forma-
ções Novo Horizonte, Lagoa de Dentro e Ouricuri do (ii) Associação intermediária, constituída de metacon-
Ouro; glomerados, polimítico (clastos de basalto, gnaisse,
quartzo e quartzito ferruginoso) e oligomítico (clastos
(iii) Grupo Paraguaçu, composto pelas Formações de quartzo e quartzito), e de metarenito médio a gra-
Mangabeira e Açuruá; nuloso com estratificação cruzada acanalada;

(iv) Grupo Chapada Diamantina, constituído pelas (iii) Associação superior, composta por metaquartzo-
Formações Tombador e Caboclo; arenito bimodal fino a médio, bem selecionado, com
estratificação cruzada dos tipos acanalada e em cunha
(v) Formação Morro do Chapéu de grande a muito grande porte (Fig.VIII.5), com níveis
de metabrecha, metagrauvaca e metarcóseo.

3.1 Formação Serra da Gameleira As unidades de litofácies discriminadas foram inter-


(Guimarães et al. 2005) pretadas por Guimarães et al. (2005) como acumu-
ladas em ambiente desértico, através de processos
Aflora nas adjacências da cidade de Rio de Contas, na eminentemente eólicos, que atuaram em geral sobre
parte sudoeste da Chapada Diamantina (Figs.VIII.2, areia não-coesiva depositada acima de um lençol
VIII.3, Quadro VIII.3). Assenta-se em discordância so- freático de nível relativamente profundo. Ao sist-
bre rochas gnáissicas arqueanas e granitoides paleo- ma eólico estariam associados depósitos de fluxo de
proterozoicos do embasamento e é recoberta, em dis- detritos (metaconglomerado polimítico e metabre-
cordância regional erosiva, por unidades do Grupo Rio cha), de fluxo trativo (metaconglomerado oligomítico
dos Remédios. A sua espessura varia entre um máximo e metarenito) e depósitos lacustres (metaquartzoare-
de 200 metros e um mínimo de 70 metros, respectiva- nitos e metargilitos da associação inferior).
mente a oeste e leste da área de exposição. Relações
tectônicas complexas da Formação Serra da Gamelei- Existem várias interpretações para o posicionamento
ra com essas unidades são frequentes, em função da estratigráfico das rochas aqui atribuídas à Formação
grande intensidade da deformação verificada no setor Serra da Gameleira. Barreto et al. (1975) colocam-na
sudoeste da Chapada Diamantina, como observado na base e intercalada às rochas metavulcânicas do
na estrada Paramirim–Érico Cardoso onde quartzoa- Grupo Rio dos Remédios. Dominguez (1996) a inclui
renito da Formação Serra da Gameleira apresenta-se nos depósitos siliciclásticos superiores desse grupo
dobrado, com plano axial inclinado e vergência para (Formação Ouricuri do Ouro) e Guimarães et al. (2005)
leste, em função de transporte tectônico (frente de a considera uma unidade mais antiga, discordante do
empurrão) acontecido na região (Fig.VIII.4). Grupo Rio dos Remédios, acumulada na base do Su-

42 • G eolog i a da B a hi a

Capitulo 8.indd 42 02/10/12 22:05


Figura VIII.3 - (a) Distribuição espacial da Formação Serra da Gameleira, Grupos Rio dos Remédios e Paraguaçu e Suíte Intrusiva Lagoa Real;
(b) e (c) Perfis esquemáticos dessas unidades nas partes norte e sul da figura.

S u p erg r u p o s E s p i n h aço e São Fra n cisco • 43

Capitulo 8.indd 43 02/10/12 22:05


representa o período de adelgaçamento da crosta
continental da região com formação de bacia flexural,
pré-vulcanismo e pré-rompimento litosférico.

3.2 Grupo Rio dos Remédios


(Schobbenhaus & Kaul 1971)

Subdividido da base para o topo nas Formações Novo


Horizonte, Lagoa de Dentro e Ouricuri do Ouro (Qua-
dro VIII.3), aflora na parte oeste da Chapada Diaman-
Figura VIII.4 - Quartzoarenito silicificado e dobrado por transporte tina, em discordância sobre rochas do embasamento
tectônico direcionado de oeste para leste. cristalino e da Formação Serra da Gameleira e reco-
berto, também em discordância, pelas rochas do Gru-
po Paraguaçu (Figs.VIII.2, VIII.3).

A Formação Novo Horizonte preserva cerca de 600


metros de rochas metavulcânica, metassubvulcânica,
metapiroclástica e metaepiclástica de derivação vul-
cânica. Apresenta-se no relevo como colinas e serras
alongadas e estreitas, alinhadas na direção NNW–
SSE, com cotas variando de 650 a 1.600 metros, dis-
tribuídas na parte sudoeste da Chapada Diamantina,
ao longo de uma faixa com cerca de 150km de com-
primento e 16km de largura máxima. Tais rochas cor-
respondem a metadacito, metarriolito, metaquartzo
pórfiro e metafenoandesito, em geral, bastante mo-
Figura VIII.5 - Banco de metaquartzoarenito cinza-azulado com dificados pela deformação e pela ação de fluidos de
feições primárias mascaradas por deformação, na parte inferior da origens magmática e metamórfica. A ação dos flui-
foto, e camadas de metaquartzoarenito rosado com estratificação
cruzada acanalada de grande porte, na parte superior. Notar dos provoca nessas rochas alterações hidrotermais
descontinuidades estratigráficas entre as duas litofácies e na dos tipos potassificação, propilitização, greisenização
litofácies superior. Afloramento no Balneário da estrada Real.
e silicificação, enquanto a deformação transforma as
Livramento de Nossa Senhora-Rio de Contas.
mesmas em milonitos. Muitas das mineralizações de
cassiterita, ouro, barita, cristal-de-rocha e quartzo
pergrupo Espinhaço, uma vez que não apresenta de- rutilado, que ocorrem na Chapada Diamantina estão
tritos ou clastos das rochas metavulcânicas. concentradas nessa formação, o que lhe confere uma
importância metalogenética diferenciada.
A Formação Serra da Gameleira é aqui interpretada
como uma sequência deposicional representativa de A Formação Novo Horizonte compreende quatro
uma fase que precede a instalação de uma bacia rift eventos magmáticos (Fig.VIII.3c) separados por fei-
no paleocontinente São Francisco, no período Esta- ções de topo de derrames tais como, vesículas/amíg-
teriano, por volta de 1,75Ga. Sua idade pode ser es- dalas, brechas de fluxo e sedimentação epiclástica de
timada como compreendida entre 1,8 e 1,75Ga, que derivação vulcânica marcadora de hiatos deposicio-

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a
nais magmáticos. Esses eventos foram cartografados
e hierarquizados na região de Ibitiara por Guimarães
et al. (2005) da seguinte forma:

(i) O primeiro evento magmático corresponde a der-


rames subaéreos de lavas a plagioclásio, pobres em
quartzo, com estágio final explosivo representado por
rochas piroclásticas;

(ii) O segundo evento compreende dois conjuntos de


lavas félsicas de composição distinta, organizados,
da base para o topo, em derrames de lavas riolíticas,
ricas em quartzo, com cristalização subvulcânica de
b
magmas ácidos subordinada, sucedidos por derrames
subaéreos de lavas a plagioclásio, pobres em quartzo,
com estágio final explosivo (Figs.VIII.6a, b);

(iii) O terceiro evento vulcânico é formado por lavas


riolíticas, com intercalações de lavas a plagioclásio e
de aglomerados, tufos e cinzas;

(iv) O quarto evento vulcânico é constituído por derra-


mes de lavas a plagioclásio, pobres em quartzo, suce-
didos por lavas riolíticas, ricas em quartzo, intercala-
das com termos piroclásticos.

Segundo Teixeira (2005) as unidades vulcânicas/sub-


vulcânicas ácidas da Formação Novo Horizonte repre-
sentam um magmatismo peraluminoso e alcalino do
tipo A2, com importante contribuição crustal. Mag-
mas desse tipo ocorrem dentro de um amplo espectro
de ambientes geotectônicos, desde pós-colisional até
anorogênico, este último bastante compatível com
o magmatismo que produziu as rochas dessa for-
mação. Idades de 1.752±4Ma e 1.748±4Ma (U–Pb em
zircão) obtidas, respectivamente, por Schobbenhaus
et al. (1994) e Babinski et al. (1994), refletem a épo- Figura VIII.6 - (a) Aglomerado vulcânico; (b) Granito subvulcânico
com fenocristais de feldspatos branco, rosa e de quartzo azul.
ca do vulcanismo e início da formação do Rift Espi-
A matriz fina é composta basicamente de feldspato e sericita.
nhaço. As idades de resfriamento Ar–Ar de 404±3Ma Notar em b, veios de quartzo cortando o granito subvulcânico.
e 499±2Ma, obtidas por Guimarães et al. (2005), em Afloramentos localizados a SSE de Paramirim.

moscovita selecionada de metarriolitos da Formação


Novo Horizonte, atestam a participação do evento

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orogenético Brasiliano na re-estruturação das bacias
que abrigam os depósitos do Supergrupo Espinhaço.

A Formação Lagoa de Dentro, definida originalmente


por Scobbenhaus & Kaul (1971) como um membro da
Formação Mangabeira, aflora na parte oeste-noroes-
te da Chapada Diamantina, com espessura estimada
da ordem de 850 metros e limita-se com a unidade
superior, Formação Ouricuri do Ouro, através de con-
tatos interdigitados e gradacionais (Fig.VIII.3).

A Formação Lagoa de Dentro compreende três asso-


ciações de litofácies siliciclásticas:

(i) Associação inferior, composta por metassiltito, me-


targilito e metarenitos impuros (metarcóseo e meta-
grauvaca), às vezes rítmicos, com níveis de metacon- Figura VIII.7 - Camadas centi-decimétricas de metarenito com
estratificação ondulada. Notar camada isolada com dobras
glomerado oligomítico, metarcóseo calcítico e meta-
recumbentes atectônicas, formadas pelo arrasto de estratos
marga. Estruturas primárias dos tipos fluidização (Fig. cruzados fluidizados. Afloramento na vila de Lagoa de Dentro.
VIII.7), gretas de ressecamento, estruturas de carga,
marcas de ondas formadas em períodos de tempo
bom e de tempestade, e estratificações ondulada, len-
ticular e flaser, são comuns na unidade;

(ii) Associação intermediária, constituída de metare-


nito com marcas onduladas;

(iii) Associação superior, composta de metapelito, me-


tassiltito e metarenito, metassomatizados (Fig.VIII.8).

Essas associações de litofácies foram interpretadas


por Guimarães et al. (2005) e Loureiro et al. (2008)
como depositadas em ambiente lacustre, sendo que,
os metaconglomerados representam depósitos de le-
ques subaquosos e os metarenitos e metapelitos de-
pósitos gerados por correntes de turbidez, ou através
de processos de tração e suspensão.

A Formação Ouricuri do Ouro representa a unida- Figura VIII.8 - Metarenito e metapelito metassomatizados
(hornfels), com estratificação ondulada. Exposição em pedreira
de superior do Grupo Rio dos Remédios, exposta na
próxima à cidade de Ipupiara.
metade ocidental da Chapada Diamantina, entre as
cidades de Ipupiara e Rio de Contas e de forma lo-
calizada sobre gnaisses do Complexo Paramirim (CA-

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a
PÍTULO III) na Serra do Itapicuru (Figs.VIII.2, VIII.3).
A espessura estimada por Guimarães et al. (2005)
para a unidade na parte sudoeste da Chapada Dia-
mantina é de 550 metros e as suas rochas compõem
um relevo de serras alinhadas na direção NW-SE,
com cotas variando entre 1.200 e 2.033 metros. Nesta
formação ocorrem os dois pontos mais altos do nor-
deste do Brasil, os picos do Barbado (2.033 metros) e
das Almas (1.957 metros), localizados a nor-noroeste
da cidade de Rio de Contas.

A Formação Ouricuri do Ouro é composta por cinco


associações de litofácies siliciclásticas, recorrentes na
b
coluna estratigráfica:

(i) Associação de litofácies representada por me-


taconglomerado polimítico (clastos de metarenito,
metapelito, metavulcânica e subvulcânica, basalto,
gnaisse, granitoide, chert, quartzito, quartzo, itabiri-
to), metagrauvaca e metarcóseo mal selecionados,
multicanalizados e metaquartzoarenito bimodal
com níveis de metarenito ferruginoso e metapelito.
Observam-se com frequência nessas litofácies estra-
tificações cruzadas, acanalada e tangencial à base, de
pequeno a grande porte e gradação normal;
Figura VIII.9 - (a) Bancos métricos desorganizados de metabrecha
conglomerática polimítica; (b) Detalhe da foto anterior.
(ii) Associação de litofácies composta de metacon-
Afloramento localizado a NW de Rio de Contas, no terço superior
glomerado e metabrecha conglomerática polimíticos da subida para o Pico das Almas.
(clastos e fragmentos prismáticos de metarenito, me-
tapelito, metavulcânica, granitoide, quartzito, quart-
zo) (Fig.VIII.9); tarenito mal selecionado, metaconglomerado e meta-
brecha conglomerática;
(iii) Associação de litofácies formada de metarcóseo,
metagrauvaca e metarenito lítico, mal e bem selecio- (v) Associação de litofácies composta de metaquart-
nados, com níveis de metaconglomerado, metarenito zoarenito bimodal com estratificação cruzada acana-
conglomerático e metapelito. As estruturas primárias lada de grande porte a gigante e níveis de metarcóseo.
preservadas na unidade são estratificações cruzadas,
acanalada e tangencial à base, estratificação paralela Guimarães et al. (2005) e Loureiro et al. (2008) suge-
e gradação normal; rem para as rochas psefíticas/psamíticas, mais fre-
quentes nas partes inferior e intermediária da For-
(iv) Associação de litofácies constituída de metarenito mação Ouricuri do Ouro, uma deposição através de
feldspático bimodal com estratificação cruzada acana- sistemas de leques aluviais subaéreos, que evoluem
lada e em cunha de grande porte, com níveis de me- para sistemas multicanalizados de rios entrelaçados

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cascalhosos, de alto gradiente, retrabalhados ocasio- mações Mangabeira e Açuruá (Quadro VIII.3), assen-
nalmente por ventos, com paleocorrentes fluindo lon- tadas sobre as rochas do embasamento cristalino e do
gitudinalmente ao eixo da bacia, para norte na parte Grupo Rio dos Remédios e recobertas em discordân-
sudoeste da Chapada Diamantina, e para sul na sua cia erosiva regional pelas rochas do Grupo Chapada
parte noroeste; e para as unidades psamíticas com Diamantina. Essa pilha de rochas compõe um relevo
estratificação cruzada de grande porte, mais comuns de planalto, com cotas variando entre 1.000 e 1.400
no terço superior da formação, uma acumulação em metros e com espessura máxima preservada de 2.400
sistema eólico, associado a fluxos trativos e de detritos metros, estimada por Loureiro et al. (2008) na parte
episódicos, com paleoventos direcionados, no geral, noroeste da Chapada Diamantina (Figs.VIII.2, VIII.3).
para os quadrantes nordeste e sudeste (Figs.VIII.3b, c).
A Formação Mangabeira, com espessura que varia
As Formações Lagoa de Dentro e Ouricuri do Ouro são entre um máximo de 1.500 metros e um mínimo de
interpretadas conjuntamente por esses autores como 600, respectivamente a norte e sul da área de expo-
uma sedimentação continental terrígena, deposita- sição (Figs.VIII.3b, c), passa de forma gradativa para a
da em uma época de grande instabilidade tectônica. Formação Açuruá e compreende uma pilha de rochas
Essa sedimentação, que se seguiu ao vulcanismo da siliciclásticas subdividida em quatro associações de
Formação Novo Horizonte, apresenta um padrão de litofácies:
empilhamento granodecrescente passando a gra-
nocrescente no sentido do topo da pilha sedimentar (i) Associação de litofácies representada por metare-
(Figs.VIII.3a, c). As principais características dessa nito feldspático, bem selecionado, com níveis de me-
deposição são a grande presença de conglomerados tassiltito e metargilito (Fig.VIII.10). O metarenito apre-
gerados por fluxos gravitacionais, a interdigitação de senta estratificação cruzada acanalada e em cunha de
fácies psamíticas e psefíticas com fácies pelíticas, a grande a muito grande porte e o feldspato mostra-se
variação no sentido das paleocorrentes e a elevada com frequência, alterado para argila;
variação faciológica das litofácies que as constituem.
(ii) Associação de litofácies formada de metaquartzo-
Para Guimarães et al. (2005) o Grupo Rio dos Remé- arenito bimodal com estratificação cruzada acanala-
dios representa a sedimentação acontecida em uma da de grande a muito grande porte;
bacia do tipo rift, na sua fase de desenvolvimento sin-
rift, na qual o vulcanismo da Formação Novo Horizon- (iii) Associação de litofácies constituída de metarenito
te representa o evento precoce dessa sedimentação e impuro, imaturo texturalmente, com níveis de metare-
as Formações Lagoa de Dentro e Ouricuri do Ouro o nito conglomerático (clastos de metargilito), metassil-
estágio de sedimentação detrítica da fossa tectônica. tito e metargilito. As estruturas primárias observadas
nessa unidade são estratificações cruzadas tangencial
à base e acanalada de pequeno e médio porte;
3.3 Grupo Paraguaçu
(Derby 1906) (iv) Associação de litofácies composta de metarenito
feldspático e metaquartzoarenito bimodal com estra-
Compreende uma pilha de rochas metassedimentares tificação cruzada acanalada e tangencial à base de
com baixo grau de deformação e alteração hidroter- pequeno a grande porte.
mal marcada pela presença de sericitização e silicifi-
cação, que aflora na parte centro-oeste da Chapada Essas unidades de litofácies, que se repetem na colu-
Diamantina. É formado da base para o topo, pelas For- na estratigráfica da formação, correspondem segun-

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psamíticas na parte norte da área de exposição da
formação e das litofácies pelíticas na parte centro-sul:

(i) Associação de litofácies composta de metargilito


e metassiltito laminados, com níveis de metaconglo-
merado intraformacional (Fig.VIII.11). As estruturas
primárias encontradas são estratificação ondulada,
lenticular, flaser, marcas onduladas simétrica, assi-
métrica e linguoide e gretas de ressecamento;

(ii) Associação de litofácies constituída de metarritmi-


to (metapelito e metarenito impuro) e metarenito im-
Figura VIII.10 - Bancos métricos de metarenito feldspático branco puro com bolas de argila e estratificações ondulada,
com estratificação cruzada tangencial à base de grande porte. lenticular e cruzadas sigmoidal e acanalada;
Notar finos níveis pelíticos cinza-esverdeado separando os bancos
de metarenito. Foto tirada em corte da estrada Rio de Contas-
Marcolino Moura. (iii) Associação de litofácies formada por metareni-
to impuro com lentes de metassiltito e metaquart-
do Guimarães et al. (2005) e Loureiro et al. (2008) a zoarenito (Fig.VIII.12). As estruturas sedimentares
uma espessa sedimentação continental costeira, ca- presentes são estrutura de sobrecarga, diques de in-
racterística de trato de sistemas de nível de mar baixo, jeção clástica, estratificações cruzadas acanalada,
materializado nos metarenitos/metaquartzoarenitos tangencial à base e sigmoidal;
com estratos cruzados de grande porte, gerados por
processos eólicos com paleoventos dirigidos para os (iv) Associação de litofácies constituída de metarrit-
quadrantes nordeste e sudoeste, e nos metarenitos mito (metassiltito e metargilito).
com estratificação cruzada acanalada de pequeno e
médio porte, formados por correntes fluviais efême- As unidades de litofácies da Formação Açuruá com-
ras, com paleofluxos direcionados para sudeste e su- põem dois ciclos de sedimentação granocrescentes
doeste (Figs.VIII.3b, c). ascendentes, acumulados em ambientes marinho
raso e litorâneo. O primeiro ciclo começa com metar-
A Formação Açuruá, com espessura que varia entre gilito, passa a metarritmito e se encerra com metare-
um máximo de 900 metros e um mínimo de 450, res- nito e o segundo é representado apenas por metar-
pectivamente a norte e sul da área de exposição (Figs. ritmito. Esse ordenamento vertical é sugestivo de um
VIII.3b, c), equivale à Formação Guiné, definida por contexto sedimentar transgressivo, passando a mar
Montes M. (1977) na região de Lençóis. Guimarães et alto, com taxa de subida do nível do mar decrescente
al. (2005) optaram na sua coluna estratigráfica pelo no sentido do topo do ciclo e diminuição da profundi-
termo Açuruá, em função de o mesmo ter sido publi- dade da lâmina de água neste sentido.
cado em documento científico de maior divulgação
(Texto Explicativo para o Mapa Geológico do Estado Guimarães et al. (2005) e Loureiro et al. (2008) fazem
da Bahia, 1978). uma análise conjunta da sedimentação do Grupo Pa-
raguaçu, empilhado segundo um padrão geral grano-
A Formação Açuruá compreende quatro associações decrescente no sentido do topo da pilha sedimentar
de litofácies siliciclásticas, recorrentes na coluna es- (Figs.VIII.3b, c) e o compara a uma supersequência,
tratigráfica. Salienta-se o predomínio das litofácies conforme Vail et al. (1991). Para aqueles autores a se-

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Figura VIII.11 - Morfologia diferenciada entre rochas pelíticas- Figura VIII.12 - Veios e vênulas de quartzo com ouro em
psamíticas da Formação Açuruá, na parte inferior da foto, e rochas metarenito impuro. O local representa uma brecha hidráulica
psamíticas da Formação Tombador, na parte superior. Vale dos causada por intensa passagem de fluidos pela rocha. Galeria do
Patis, NW de Mucugê. Foto de Marcelo E. Salgado. garimpo de ouro Lavra Branca, localizado a leste de Paramirim.

dimentação das rochas desse grupo ocorreu em uma péu, bem como na existência de uma superfície erosiva
bacia ampla e rasa, regulada por subsidência passiva, na base desta formação, descrita originalmente por
sem atividade tectônica importante, influenciada pela Dominguez & Rocha (1991) e Dominguez (1993).
eustasia e pelo recrudescimento das condições de ari-
dez do ambiente, que passa de semiárido, à época da As rochas do Grupo Chapada Diamantina, submeti-
deposição da Formação Ouricuri do Ouro, para árido, das a diagênese avançada e/ou anquimetamorfismo,
desértico, durante a acumulação do Grupo Paragua- caracterizam-se por um relevo de serras e planaltos
çu. Os mesmos autores enfatizam ainda a pequena com altitudes que variam de 1.000 a 1.350 metros.
variação lateral e vertical das litofácies e a ampla dis- Essas rochas afloram de forma contínua por toda a
tribuição espacial desses depósitos, se comparados à parte central da região da Chapada Diamantina e, de
sedimentação do conjunto inferior. forma isolada, nos seus extremos norte e su-sudoes-
te, assentadas em discordância erosiva sobre as uni-
dades do embasamento pré-Espinhaço e dos Grupos
3.4 Grupo Chapada Diamantina Rios dos Remédios e Paraguaçu e recobertas em dis-
(Leal & Brito Neves 1968) cordância, pelas litofácies das Formações Morro do
Chapéu, Bebedouro, Salitre e por formações superfi-
O Grupo Chapada Diamantina é aqui subdividido da ciais cenozoicas (Figs.VIII.2, VIII.13).
base para o topo, nas Formações Tombador e Caboclo
(Quadro VIII.3), dele retirando-se a Formação Morro do A Formação Tombador, com espessuras variáveis, de
Chapéu. A retirada da Formação Morro do Chapéu des- leste para oeste e de norte para sul, entre um máximo
te grupo foi proposta inicialmente por Schobbenhaus de 620 metros e um mínimo de 180, representa o mais
(1993; 1996) e, posteriormente, por Guimarães et al. importante e contínuo marcador estratigráfico do Su-
(2005) e Loureiro et al. (2008). Os últimos autores fun- pergrupo Espinhaço no Estado da Bahia, presente de
damentam sua proposta na ocorrência de diques bá- norte a sul (de Sobradinho a Ituaçu) e de leste a oes-
sicos de caráter anorogênico, que cortam as unidades te (de Lençóis a Rio de Contas) da região da Chapada
do grupo, mas não atingem a Formação Morro do Cha- Diamantina (Figs.VIII.2, VIII.13). A formação compre-

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Figura VIII.13 - (a) Distribuição espacial do Grupo Chapada Diamantina e Formação Morro do Chapéu; (b); (c) e (d) Perfis esquemáticos
dessas unidades nas partes sul, central e norte da figura.

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Capitulo 8.indd 51 02/10/12 22:06


ende três associações de litofácies siliciclásticas, fre- regiões entre Sobradinho e Xique-Xique e entre Len-
quentemente silicificadas, de forma mais intensa nas çóis e Mucugê. Guimarães et al. (2008) e Loureiro et
proximidades de zonas de falhas e fraturas: al. (2008), consideram essas duas regiões como áre-
as de descarga de sedimentos com fontes localizadas
(i) Associação inferior, composta de metaconglo- respectivamente, a nor-nordeste e és-sudeste, suge-
merados, polimítico e oligomítico (clastos de quart- ridas pelas paleocorrentes medidas (Figs.VIII.13b, c,
zo, quartzitos verde, cinza e rosa, chert, metarenito, d). Esse importante complexo aluvial é recoberto por
metassiltito), metarenito impuro mal selecionado e unidades eólicas, com paleocorrentes para nordeste
metaquartzoarenito (Fig.VIII.14). Feições superficiais e sudoeste, que se intensificam e passam a dominar
ruiniformes são comuns nestas litofácies, além de es- na parte nordeste da Chapada Diamantina, a és-nor-
tratificações cruzadas, acanalada e tangencial à base deste de Morro do Chapéu, onde depósitos de dunas
e gradação normal; e lençóis de areia com registros esporádicos de rios
temporários tornam-se os únicos representantes da
(ii) Associação intermediária, constituída de metare- Formação Tombador. Nesta região, essas rochas mi-
nito feldspático mal selecionado e metaconglomera- gram, em on lap costeiro, sobre as rochas do emba-
do oligomítico (clastos de quartzo leitoso, quartzito e samento cristalino.
metarenito), com estratificações cruzadas, acanalada
e tangencial à base e gradação normal. Esta associa- A Formação Caboclo com espessura máxima de 480
ção e a anterior se caracterizam por serem portadoras metros, estimada na parte centro-leste da Chapada
de diamante detrítico; Diamantina, limita-se através de contatos gradacio-
nais com as unidades inferiores da Formação Tomba-
(iii) Associação superior, composta de metaquartzo- dor (Figs.VIII.13b, c, d) e compreende quatro associa-
arenito bimodal bem selecionado, com estratificação ções de litofácies siliciclásticas e carbonáticas:
cruzada acanalada e tangencial à base de médio a
muito grande porte (Fig.VIII.15) e de níveis de meta- (i) Associação de litofácies representada por meta-
renito feldspático e metaconglomerado. Ocasional- quartzoarenito silicificado com estratificação plano-
mente, na parte superior da associação, as litofácies -paralela e cruzada de baixo ângulo, cruzada tan-
estão retrabalhadas por ondas, e na região a sul de gencial à base e acanalada, associado a metarenito
Brotas de Macaúbas, ocorrem níveis de metaquart- argiloso e metassiltito com estratificações ondulada,
zoarenito com dumortierita, explorado como pedra lenticular e do tipo hummocky;
ornamental.
(ii) Associação de litofácies constituída de metargilito
As unidades de litofácies da Formação Tombador e metassiltito, às vezes rítmicos, e de metarenito ar-
abrangem vários pequenos ciclos de sedimentação giloso com estratificações plano-paralela, ondulada,
granodecrescentes ascendentes acumulados, segun- lenticular, do tipo hummocky, além de cruzadas de
do Guimarães et al. (2005) e Loureiro et al. (2008), em baixo ângulo, tangencial à base, acanalada e estrutu-
ambiente continental costeiro, sob clima semiárido, ras de sobrecarga (Figs.VIII.16, VIII.17);
através de sistemas de leques aluviais, fluvial entre-
laçado multicanalizado e eólico, em um contexto de (iii) Associação de litofácies composta de metacalca-
nível de mar baixo (Quadro VIII.3). Quando se consi- renito impuro com estratificações ondulada, lenticu-
dera toda a área de exposição da Formação Tomba- lar, hummocky e estruturas de sobrecarga, metacal-
dor, verifica-se que o forte da acumulação dos ciclos cilutito, metamarga e níveis de metarenito/metassil-
deposicionais aluviais/fluviais está concentrado nas tito calcífero;

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a a

b b

Figura VIII.14 - (a) e (b) Camadas de metaconglomerado polimítico Figura VIII.15 - (a) Metaquartzoarenito com estratificação cruzada
que gradam no sentido do topo para metarenito. Afloramento tangencial à base de grande porte; (b) Metaquartzoarenito com
localizado no povoado de Santo Inácio, a sul de Xique-Xique. bimodalidade. Afloramentos situados a sul de Xique-Xique,
região de Santo Inácio.

(iv) Associação de litofácies formada de metaquart- As Formações Tombador e Caboclo, do Grupo Chapa-
zoarenito fino com estratificações plano-paralela, da Diamantina, representam um ciclo de sedimen-
ondulada, lenticular e cruzadas de baixo ângulo, tan- tação maior, correlacionado por Guimarães et al.
gencial à base e acanalada. (2005) e Loureiro et al. (2008) a uma supersequência
acumulada em uma bacia intracratônica calimiana
A Formação Caboclo depositou-se, segundo Silveira ampla e rasa, cortada por corpos intrusivos máficos
et al. (1989), em uma plataforma marinha rasa domi- com idades em torno de 1,5Ga (Babinski et al. 1999,
nada por tempestades. Guimarães et al. 2005, Loureiro et al. 2008).

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390 e um mínimo de 280 metros (Figs.VIII.2, VIII.13a,
c, d).

Definida por Brito Neves (1967), a Formação Morro


do Chapéu representa o fechamento da sedimen-
tação do Supergrupo Espinhaço no Estado da Bahia
(Quadro VIII.3). Está estruturada em amplos e suaves
sinclinais e anticlinais de eixos N-S a NE-SW e limi-
tada respectivamente na base e topo, em discordân-
cia erosiva e concordância correlativa pela Formação
Caboclo, do Grupo Chapada Diamantina (Fig.VIII.18),
e pelas Formações Bebedouro e Salitre, representan-
Figura VIII.16 - Camadas tabulares alternadas (rítmicas) de tes do Supergrupo São Francisco.
metapelito e metarenito feldspático com estratificação ondulada.
Afloramento localizado na BR-324, trecho Jacobina/Lajes do
Batata, 22km a oeste de Jacobina. A Formação Morro do Chapéu compreende da base
para o topo, cinco associações de litofácies siliciclás-
ticas, frequentemente impregnadas por cimentos de
sílica e óxido de ferro:

(i) Associação composta de metaconglomerado po-


limítico (clastos de quartzo, metarenito, metacalca-
renito, silexito), metarenito feldspático conglome-
rático (clastos de quartzo), metarenito feldspático
mal selecionado, metaquartzoarenito bimodal bem
selecionado, níveis de metassiltito e metargilito la-
minados. Essas litofácies apresentam geometria ex-
terna acanalada e lenticular e mostram internamente
estratificações plano-paralela, cruzadas, acanalada e
tangencial à base de médio a grande porte, além de
gradação normal. Medidas de paleocorrentes obtidas
nessas litofácies indicam transporte de detritos dire-
Figura VIII.17 - Metarenito feldspático e metapelito com cionado para os quadrantes NW e NE;
estratificação ondulada por ondas e estrutura de sobrecarga.
Afloramento localizado a NE de Ipupiara.
(ii) Associação constituída de metassiltito e metargi-
lito laminados, com marcas onduladas e estrutura
3.5 Formação Morro do Chapéu de contração, metaquartzoarenito com estratificação
(Brito Neves 1968) cruzada acanalada, gradação normal e marca ondu-
lada assimétrica;
Compreende uma pilha tabular de rochas metasse-
dimentares, distribuídas em uma área de cerca de (iii) Associação formada de metaquartzoarenito com
10.000km², localizada na parte centro-norte da Cha- geometria sigmoidal, estratificações plano-paralela e
pada Diamantina, com espessuras variáveis de norte cruzadas, tabular e acanalada, além de marcas on-
para sul da área de exposição, entre um máximo de duladas, simétrica, assimétrica e linguoide. Filmes e

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a
lentes de metargilito interpõem-se, muitas vezes, às
camadas de metaquartzoarenito;

(iv) Associação representada por metarenito e metar-


gilito com estratificação lenticular, estruturas de con-
tração e marcas onduladas;

(v) Associação constituída de metarenito mal selecio-


nado, fluidizado (Fig.VIII.19), com geometria externa
sigmoidal, estratificações cruzadas acanalada, caval-
gante e dobras convolutas.
b

Rocha (1997) interpreta essas associações como acu-


muladas em ambiente estuarino onde interagiam
correntes fluviais, correntes de maré e a ação espo-
rádica de vento.

Loureiro et al. (2008) sugerem uma bacia interior pou-


co extensa, gerada no final do Mesoproterozoico, para
abrigar os depósitos da Formação Morro do Chapéu,
cuja sedimentação teria começado com o influxo ini-
cial de detritos transportados por rios que fluíam de
SE para NW (Fig.VIII.13c) e preenchiam vales escavados
Figura VIII.18 - (a) e (b) Contato concordante paralelo na Formação Caboclo, seguida pelo afogamento desse
(concordância correlativa) entre metapelitos e metarenitos
sistema e acumulação de depósitos influenciados pela
vermelhos da Formação Caboclo, na parte inferior do corte,
e metaquartzoarenito esbranquiçado da Formação Morro do ação de correntes marinhas rasas que atuavam no
Chapéu, na parte superior. Foto tirada na Barragem de Mirorós, W estuário. O metaquartzoarenito bimodal bem selecio-
de Barra do Mendes.
nado com estratificação cruzada acanalada de grande
porte e paleocorrentes direcionadas para NE e SE, tes-
temunha a ação do vento sobre os depósitos fluviais.

4 Supergrupo Espinhaço
na Região do Espinhaço
Setentrional
Compreende uma pilha de rochas metassedimenta-
res e metavulcânicas continentais e marinhas, com
Figura VIII.19 - Camadas de metarenito feldspático. Notar camada espessura máxima preservada da ordem de 8.000
bastante fluidizada com feições de convolução. Afloramento no metros, acumuladas entre 1,75 e 1,0Ga, em três bacias
km 294 da BA-052. Trecho Morro do Chapéu - Irecê.
intracratônicas superpostas que representam as con-

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trapartes ocidentais das bacias anteriormente descri- clivagem transversal ao acamadamento. Uma exce-
tas na região da Chapada Diamantina. A correlação ção é verificada ao longo do seu contato leste com
entre os pacotes de rochas da Chapada Diamantina e as rochas do embasamento, onde se acham intensa-
Espinhaço Setentrional se baseia em estudos radio- mente cisalhadas.
métricos, que fornecem as idades absolutas das ro-
chas e em estudos geológicos sistemáticos regionais A Formação Algodão é dominada por psamitos, com
apoiados na estratigrafia de sequências. volume menor de psefitos e pelitos, que constituem três
associações de litofácies siliciclásticas (Fig.VIII.20b):
Tomando por base os trabalhos mais recentes desen-
volvidos na região e uma reavaliação de estudos an- (i) Associação de litofácies composta de metaconglo-
teriores, adota-se aqui uma subdivisão para o Super- merado polimítico de aspecto desorganizado e maciço
grupo Espinhaço na região do Espinhaço Setentrional (clastos de granitoide, metarenito, quartzo, quartzito,
que, da base para o topo, é assim constituída (Costa itabirito), metabrecha sedimentar monomítica intra-
& Silva 1980, Dominguez 1996, Danderfer Filho 2000, formacional (fragmentos de metarenito) e de meta-
Guimarães 2008, Loureiro et al. 2008, Danderfer Filho renito feldspático mal selecionado com estratificação
et al. 2009) (Fig.VIII.2 e Quadro VIII.3): paralela e cruzada tangencial à base de grande porte,
acanalada e planar;
(i) Formação Algodão;
(ii) Associação de litofácies constituída de metarenito
(ii) Grupo Oliveira dos Brejinhos, subdividido nas For- feldspático maciço, metaquartzoarenito com estrati-
mações São Simão, Pajeú e Sapiranga; ficação cruzada tangencial de grande porte e do tipo
hummocky, metaconglomerado polimítico (clastos
(iii) Grupo São Marcos, composto pelas Formações de metarenito, quartzito, quartzo e granitoide), meta-
Bomba, Bom Retiro, Riacho do Bento e Mosquito; pelitos maciço e laminado e metabrecha sedimentar;

(iv) Grupo Santo Onofre, constituído pelas Formações (iii) Associação de litofácies formada de metarenito
Fazendinha, Serra da Vereda, Serra da Garapa e Bo- feldspático com estratificação cruzada tangencial de
queirão; grande porte e níveis de metaconglomerado.

As associações de litofácies discriminadas foram in-


4.1 Formação Algodão terpretadas por (Danderfer Filho 2000) como acumu-
(Danderfer Filho 2000) ladas em ambiente continental, através de leques alu-
viais que evoluíam para sistema fluvial entrelaçado
A Formação Algodão, com espessura máxima esti- com retrabalhamento eólico, associados a depósitos
mada de 1.600 metros, aflora a sudeste da cidade de lacustres afetados por eventos de tempestade. Essa
Macaúbas em uma faixa orientada na direção N-S. deposição culmina com sedimentação eólica associa-
Sobrepõe-se, em discordância erosiva e angular, às da a fluxos gravitacionais subaéreos esporádicos.
rochas do embasamento pré-Espinhaço e é recober-
ta, em discordância erosiva, por depósitos do Grupo Existem várias interpretações para o posicionamen-
Oliveira dos Brejinhos (Figs.VIII.2, VIII.20a, b e Quadro to estratigráfico das rochas aqui atribuídas à Forma-
VIII.3). Em geral, as suas camadas apresentam-se ção Algodão. Schobbenhaus (1972) a relaciona ao
basculadas em alto ângulo para WSW e pouco defor- Grupo São Marcos, posicionada na parte intermedi-
madas internamente, exibindo apenas uma incipiente ária da coluna do Espinhaço Setentrional. Costa &

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Silva (1980) a inclui na Unidade Pajeú, considerada As rochas que compõem essa unidade são metavulcâ-
mais velha que o Grupo São Marcos e Danderfer Fi- nicas ácidas (metaquartzo-pórfiro, metarriolito, metar-
lho (2000) a considera uma sequência mais antiga, riodacito, metapiroclásticas), bem como quartzo-mos-
discordante da Unidade Pajeú, acumulada na base da covita xisto e milonito, essas duas últimas litologias
coluna estratigráfica do Espinhaço Setentrional. relacionadas às faixas de deformação mais intensa.

A Formação Algodão é aqui interpretada como uma O posicionamento estratigráfico das rochas metavul-
sequência deposicional representativa de uma fase cânicas da Formação São Simão, aqui relacionadas à
que precede a instalação de uma bacia rift no paleo- base do Grupo Oliveira dos Brejinhos, conforme Gui-
continente São Francisco, no período Estateriano, por marães (2008) e Loureiro et al. (2008), ainda é con-
volta de 1,75Ga. De forma idêntica à Formação Serra troverso entre os pesquisadores que estudaram essas
da Gameleira, sua contraparte oriental na Chapada rochas. Por exemplo: Costa & Silva (1980) e Barbosa
Diamantina, sugere-se o intervalo de tempo compre- & Dominguez (1996) incluem as metavulcânicas na
endido entre 1,8 e 1,75Ga, como o período de deposição Unidade/Formação Rio dos Remédios, conjunto lito-
dessas rochas em uma bacia flexural intracratônica. estratigráfico definido na região da Chapada Diaman-
tina; Schobbenhaus (1996) as coloca na Formação
Pajeú; e Danderfer Filho (2000) utiliza pela primeira
4.2 Grupo Oliveira dos Brejinhos vez o termo “Sintema São Simão” para designá-las
(Schobbenhaus 1993) (Quadros VIII.2 e VIII.3). O ponto de concórdia entre
esses pesquisadores é o posicionamento da Formação
Subdividido da base para o topo nas Formações São Si- São Simão na parte inferior da coluna estratigráfica
mão, Pajeú e Sapiranga (Quadro VIII.3), aflora na par- do Espinhaço Setentrional.
te leste do Espinhaço Setentrional e em paleográbens
encaixados nas rochas arqueano-paleoproterozoicas As datações geocronológicas feitas por Danderfer
do Complexo Paramirim, (CAPÍTULO III)nas Serras Filho et al. (2009) em metarriolito da Formação São
do Carrapato e Guariba, localizadas imediatamente a Simão, revelaram uma idade de 1.731±5Ma (U/Pb–zir-
leste da cadeia do Espinhaço (Figs.VIII.2, VIII.20a, b). cão-SHRIMP) para essas rochas, valor este bastante
As formações do Grupo Oliveira dos Brejinhos estão próximo das idades de 1.748±4Ma (U/Pb em zircão)
separadas das unidades inferiores do embasamento (Babinski et al. 1994) e 1.752±4Ma (U/Pb em zircão)
pré-Espinhaço e da Formação Algodão, e das superio- (Schobbenhaus et al. 1994), obtidas nas rochas me-
res do Grupo São Marcos, por discordâncias erosivas. tavulcânicas da Formação Novo Horizonte (Grupo Rio
dos Remédios) na Chapada Diamantina. Idades K-Ar,
A Formação São Simão (Danderfer Filho 2000), cor- entre 580 e 520Ma, obtidas dessas rochas vulcânicas
responde ao pacote de rochas metavulcânicas, com por Távora et al. (1967), mostram a atuação do evento
espessura estimada de 250 metros, que aflora em orogenético brasiliano na área.
serrotes isolados, alinhados na direção NNW-SSE,
no extremo sudeste do Espinhaço Setentrional. De- A Formação Pajeú (Guimarães 2008, Loureiro et al.
formação intensa afeta essas rochas no contato com 2008) ocorre em uma faixa longa e estreita de dire-
as unidades do embasamento cristalino, marcada por ção NNW, que se projeta do sul da cidade de Macaú-
uma xistosidade penetrativa e bem desenvolvida de bas até a região a norte de Oliveira dos Brejinhos, na
caráter milonítico. Essa deformação se dissipa, à me- borda leste da Serra do Espinhaço Setentrional. Com
dida que se caminha para oeste, na direção do contato espessura estimada de 260 metros na parte norte da
com as unidades superiores do Grupo São Marcos. área de exposição, as suas rochas compõem um re-

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Figura VIII.20 - (a) Distribuição espacial do Supergrupo Espinhaço, no Espinhaço Setentrional; (b); (c) e (d) Perfis esquemáticos das unidades
do supergrupo, entre as cidades de Caetité e Ibotirama.

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levo suave de morros abaulados. Estão assentadas sos) e os metarenitos e metapelitos representantes
discordantemente sobre o embasamento e recober- de processos de tração, suspensão e de correntes de
tas em discordância erosiva pela Formação Bom Re- turbidez.
tiro, com a qual a Formação Pajeú limita-se através
de uma forte quebra do relevo. Abundantes soleiras e A Formação Sapiranga (Danderfer Filho 2000) apre-
diques básicos intrudem as rochas da Formação Pa- senta-se como um conjunto de serrotes bem estru-
jeú, deformadas com intensidades crescentes de nor- turados e alinhados na direção NNW-SSE, que aflora
te para sul da área de exposição. Dois desses corpos apenas na parte sul do Espinhaço, a norte da cidade
intrusivos, localizados a norte da cidade de Oliveira de Caetité, interposta estruturalmente, de forma con-
dos Brejinhos, datados pelo método U-Pb em zircão cordante, entre as Formações Algodão, a leste, e Pa-
por Loureiro et al. (2008) e Danderfer Filho et al. jeú, a oeste.
(2009), revelaram idades respectivamente, de 1,492
e 0,854Ga para as rochas intrusivas. As rochas da A Formação Sapiranga é composta por três associa-
Formação Pajeú foram também afetadas, em grande ções de litofácies siliciclásticas, com espessura esti-
parte, por processos de metassomatismo, com gera- mada da ordem de 3.000 metros (Fig.VIII.20b):
ção de hornfelses, e de hidrotermalismo caracteriza-
do pela presença de epidoto, tremolita e actinolita. (i) Associação de litofácies inferior, representada por
metaconglomerado polimítico (clastos e fragmentos
A Formação Pajeú, definida originalmente por Kaul de rochas vulcânicas, metarenito, granitoide, quartzo,
(1970), é representada por duas associações de litofá- quartzito) maciço, explorado como pedra ornamental,
cies siliciclásticas (Fig.VIII.20b): metarenito feldspático com estratificações cruzadas
planar e acanalada e níveis de metarenito feldspático
(i) Associação de litofácies inferior, constituída de a lítico bimodal;
metaconglomerado polimítico (clastos de quartzo,
quartzito, granitoide, rocha básica, formação ferrífe- (ii) Associação de litofácies intermediária, composta
ra) explorado para pedra ornamental, metarenito líti- de subarcóseo, arcóseo e quartzoarenito, bimodais,
co, e níveis de metarcóseo, metagrauvaca e metapeli- bem selecionados, com estratificação cruzada tan-
to laminado (Fig.VIII.21). Os metarenitos apresentam gencial à base de médio a grande porte;
estratificações cruzadas tangencial à base, sigmoidal
e acanalada, e paleofluxos direcionados para sul; (iii) Associação de litofácies superior, constituída de
metarenito feldspático com estratificação cruzada
(ii) Associação de litofácies superior, composta de meta- sigmoidal, interestratificações de metarenito feldspá-
pelito, metassiltito com estratificações plano-paralela, tico e metapelito com estratificações, paralela e on-
lenticular, ondulada e cavalgante (Figs.VIII.22a, b) e dulada e lamito com estratificação ondulada.
metapsamitos (metarcóseo, metagrauvaca e metareni-
to lítico, com estratificações cruzadas tangencial à base Danderfer Filho (2000) sugere para as rochas da as-
e acanalada e paleofluxos direcionados para sul), inte- sociação inferior da Formação Sapiranga, uma depo-
restratificados, às vezes de forma rítmica. sição através de sistemas de leques aluviais subaére-
os, que evoluem para sistemas de rios entrelaçados.
As unidades da Formação Pajeú são interpretadas por As unidades psamíticas da associação intermediária o
Loureiro et al. (2008), como acumuladas em ambien- autor considera como geradas através de sistema eó-
te lacustre, sendo o metaconglomerado produto de lico “seco” e para as litofácies da associação superior,
fluxos gravitacionais subaquosos (leques subaquo- interpreta um ambiente subaquoso (lacustre).

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a

Figura VIII.21 - Metaconglomerado polimítico sustentado por Figura VIII.22 - (a) Metarritmito de metapelito e metassiltito/
clastos, com lentes de metarenito lítico associadas. Afloramento metarenito fino com estratificações ondulada, lenticular e
localizado na Serra do Barro Vermelho, NE de Ibotirama. cavalgante; (b) Camadas centi-decimétricas de metapelito
amarronzado e metarenito fino cinza-claro, com laminação
paralela e ondulada. Afloramentos nas proximidades de Ipupiara.

O posicionamento estratigráfico das rochas da Forma- tal, acumulados em uma época de instabilidade tec-
ção Sapiranga ainda é controverso entre os pesquisado- tônica, em uma bacia do tipo rift. Essa sedimentação,
res que a estudaram. Por exemplo: Costa & Silva (1980), que se seguiu ao vulcanismo da Formação São Simão,
Barbosa & Dominguez (1996), Schobbenhaus (1996) in- apresenta um padrão de empilhamento geral grano-
cluem essas rochas, de forma indiferenciada, na Unida- crescente no sentido do topo da pilha sedimentar (Fig.
de/Formação Pajeú e Danderfer Filho (2000) cartografa VIII.20b). As suas principais características são a gran-
pela primeira vez essas rochas e as denomina “Sintema de presença de conglomerados gerados por fluxos gra-
Sapiranga” considerando-o uma sequência distinta e vitacionais, a interdigitação ao longo do perfil vertical
relativamente mais antiga que a Unidade Pajeú. das duas formações e alta entropia faciológica.

As Formações Pajeú e Sapiranga são interpretadas


conjuntamente por Guimarães (2008) e Loureiro et al.
(2008) como produtos de uma sedimentação continen-

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4.3 Grupo São Marcos dância erosiva pelas rochas da Formação Bom Retiro
(Schobbenhaus 1972) e compreende duas associações de litofácies, vulca-
nogênicas de composição intermediária a ácida e vul-
Subdividido da base para o topo nas Formações Bom- canoclásticas:
ba (Kaul, 1970), Bom Retiro (Porcher, 1970), Riacho do
Bento (Costa & Silva, 1980) e Mosquito (Kaul, 1970) (i) Associação inferior reúne metatraquito e metar-
(Quadro VIII.3). Apresenta-se como uma expressiva riolito maciços, de afinidades alcalina a peralcalina e
faixa alongada na direção NNW-SSE, materializa- níveis interpostos de metarriolito vesicular e amigda-
da por fortes escarpas que marcam a morfologia da loidal, metabrecha vulcânica e metarenito;
Serra do Espinhaço Setentrional. Os seus limites com
as unidades inferiores do embasamento cristalino e (ii) Associação superior agrupa metabrecha vulcâni-
do Grupo Oliveira dos Brejinhos e superiores com os ca, metaconglomerado tufáceo, metarenito tufáceo,
depósitos do Grupo Santo Onofre são discordantes metatufo, além de metarenito seixoso e metaconglo-
erosivos e a sua espessura mínima preservada é apro- merado matriz-sustentado.
ximadamente de 1.750 metros (Figs.VIII.2, VIII.20a, c).
As unidades da Formação Bomba são interpretadas
O termo Formação São Marcos foi usado original- por Danderfer Filho (2000) como derrames de lavas
mente por Schobbenhaus (1972) e elevado à categoria em meio subaquoso (lacustre) ou subaéreo, associados
de Grupo por Loureiro et al. (2008), para abranger as a pulsos piroclásticos com retrabalhamento epiclásti-
Formações Bom Retiro, Riacho do Bento e Mosquito. co, mais frequentes no terço superior da formação (Fig.
É mantido neste trabalho com o mesmo status, acres- VIII.23). Datações geocronológicas feitas por Danderfer
cido, porém, na base, da Formação Bomba. Os fre- Filho et al. (2009) em duas amostras de metarriolito
quentes enxames de diques/soleiras máficos contro- dessa formação, revelaram idades de 1.582±8Ma e
lados quase sempre por falhamentos, intrusivos no 1.569±14Ma (U/Pb-zircão-SHRIMP) para essas rochas.
Grupo Oliveira dos Brejinhos, também intrudem as
rochas do Grupo São Marcos. A Formação Bom Retiro (Danderfer Filho 2000 e Lou-
reiro et al. 2008) aflora em uma faixa contínua e es-
Ao contrário dos depósitos do Grupo Oliveira dos Bre- treita de direção NNW-SSE, ao longo da borda leste
jinhos, onde se observa uma grande variação lateral/ do Espinhaço Setentrional, desde o paralelo de 12º00’,
vertical das litofácies e um forte controle da sedi- a nordeste de Ibotirama, até o sul de Macaúbas. A for-
mentação pela tectônica, as litofácies do Grupo São mação tem espessura estimada de cerca de 450 me-
Marcos se estendem sem variações por grandes áreas tros, na parte norte da serra e mostra um limite car-
e apresentam-se desprovidas de fortes controles tec- tográfico marcado por uma forte quebra negativa de
tônicos sindeposicionais. relevo com as unidades inferiores do embasamento
cristalino, do Grupo Oliveira dos Brejinhos e da For-
A Formação Bomba (Danderfer Filho 2000, Dander- mação Bomba. Na Formação Bom Retiro concentra-
fer Filho et al. 2009) corresponde ao pacote de ro- -se grande quantidade de garimpos de cristal-de-ro-
chas dominantemente metavulcânicas, com espes- cha, o que lhe confere importância metalogenética
sura estimada de 600 metros, que aflora em serrotes diferenciada.
alinhados na direção NNW-SSE, no extremo leste
do Espinhaço Setentrional, imediações da cidade de O ordenamento estratigráfico da Formação Bom Re-
Macaúbas. Essa unidade assenta-se nos terrenos do tiro é relativamente simples se comparado às forma-
embasamento pré-Espinhaço, é recoberta em discor- ções inferiores Pajeú e Sapiranga. Os seus componen-

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tes se restringem basicamente a metaquartzoarenito nais transicionais a plataformais, que se estendem da
bem selecionado, de origem eólica, com estratifi- zona costeira até o domínio da plataforma externa.
cação cruzada tangencial à base de grande porte a No modelo deposicional proposto pelo autor, as as-
gigante, que indicam paleoventos direcionados para sociações, inferior e intermediária são interpretadas
su-sudeste (Fig.VIII.20c) e a corpos de metarenito fel- como depósitos costeiros, com registros de sedimen-
dspático e metarenito conglomerático, associados ao tação litorânea rasa sujeita a retrabalhamento cons-
metaquartzoarenito. tante por ondas e correntes de marés, que competem
com a deposição de um sistema eólico. A associação
A Formação Riacho do Bento (Danderfer Filho 2000), superior é entendida como depósito marinho domi-
com cerca de 500 metros de espessura, aflora em nado por tempestades, possivelmente no contexto de
uma faixa estreita, alongada na direção NNW-SSE, uma plataforma. Esse empilhamento estratigráfico
na borda leste do Espinhaço Setentrional, em contato compõe um padrão granodecrescente ascendente,
gradacional, segundo (Loureiro et al. 2008), na base e com espessura das camadas individuais diminuindo
topo respectivamente, com as Formações Bom Retiro também nesse sentido (Fig.VIII.20c).
e Mosquito.
A Formação Mosquito (Danderfer Filho 2000), com
A Formação Riacho do Bento compreende três asso- espessura mínima de 200 metros, representa uma
ciações de litofácies siliciclásticas (Fig.VIII.20c): unidade-guia facilmente rastreada em fotos aéreas
pelo relevo negativo, se comparado ao das unidades
(i) Associação inferior, composta de metaquartzoare- vizinhas. Suas rochas afloram em uma faixa estreita
nito e metarenito feldspático, maciços e com estratifi- de direção NNW-SSE, localizada na parte centro-oci-
cações paralela, ondulada, cruzadas de baixo ângulo dental da Serra do Espinhaço, em contato discordante
e sigmoidal, além de marcas de onda, metabrecha erosivo com as rochas do Grupo Santo Onofre. Três
conglomerática intraformacional (clastos e fragmen- associações de litofácies siliciclásticas compõem essa
tos de metarenitos); formação (Fig.VIII.20c):

(ii) Associação intermediária, constituída de metare- (i) Associação inferior composta de metaquartzoa-
nito feldspático com estratificação cruzada tangencial renito, metarenito feldspático e metapelito, às vezes
à base de grande porte a gigante, metapelito com es- com composição carbonosa (ou grafitosa), interes-
truturas flaser e lenticular e níveis de metaquartzoa- tratificados, de aspecto rítmico. Os metarenitos apre-
renito com estratificação cruzada sigmoidal; sentam estratificações paralela, cruzadas planar de
muito baixo ângulo e do tipo hummocky, enquanto o
(iii) Associação superior, formada de metaquartzoa- metapelito desenvolve uma laminação horizontal;
renito e metarenito feldspático maciços e com estra-
tificações paralela, ondulada, cruzadas acanalada e (ii) Associação intermediária formada de metaquart-
de baixo ângulo, além de gradação normal e marcas zoarenito, metarenito feldspático e metapelito com
de onda. Presença de níveis de metaquartzoareni- estratificações/laminações paralela, ondulada, cruza-
tos com estratificações cruzadas sigmoidal, do tipo das planar, tangencial à base, dos tipos hummocky e
hummocky, cavalgante e planar e metapelito com es- cavalgante, sigmoidal, além de estruturas convolutas;
truturas flaser e lenticular.
(iii) Associação superior constituída de metaquart-
Segundo Danderfer Filho (2000) a Formação Riacho zoarenito maciço e com estratificação cruzada de-
do Bento registra a atuação de sistemas deposicio- formada por convoluções e feições do tipo ball-and-

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ção das idades de 1.582±8Ma e 1.569±14Ma, obtidas
em metarriolito da Formação Bomba por Danderfer
Filho et al. (2009).

4.4 Grupo Santo Onofre


(Porcher 1967)

Constitui o último grande ciclo de sedimentação do Su-


pergrupo Espinhaço, na região do Espinhaço Setentrio-
nal, encoberto por rochas carbonáticas e siliciclásticas
neoproterozoicas do Grupo Bambuí e por formações
Figura VIII.23 - Lapilito característico de erupção magmática superficiais cenozoicas (Figs.VIII.2, VIII.20a). O Grupo
explosiva. Afloramento localizado na cidade de Macaúbas. Santo Onofre é subdividido da base para o topo nas
Formações Fazendinha, Serra da Vereda, Serra da Ga-
rapa e Boqueirão (Quadro VIII.3), separadas por con-
-pillow e metassiltito com laminação plano-paralela tatos gradacionais. Descritas originalmente por Kaul
e ondulada. (1970) e Costa & Silva (1980), essas formações configu-
ram uma faixa alongada na direção NNW-SSE, distri-
Na região a sul de Caetité, borda leste da Serra do Es- buída por todo o Espinhaço baiano. A pilha de rochas
pinhaço Setentrional, Rocha (1991) e Barbosa & Do- do Grupo Santo Onofre, deformada e metamorfizada
mingues (1996) mapearam moscovita/sericita, biotita na fácies xisto verde, apresenta espessura de cerca de
xisto a granada e estaurolita, quartzito e formações 2.040 metros e, em mapa, uma geometria triangular,
ferro-manganesíferas e os incluíram na Formação definida pelas Serras do Estreito e Boqueirão.
Mosquito. Tais rochas são aqui entendidas como parte
do Complexo Licínio de Almeida, unidade do embasa- O termo Santo Onofre foi usado originalmente por
mento pré-Espinhaço, tal como sugerido por Delgado Schobbenhaus (1972) para englobar praticamente
et al. (2003) (CAPÍTULOS III, IV, X). todo o pacote de rochas metavulcanossedimentares
do Espinhaço Setentrional. Vários autores restringi-
Danderfer Filho (2000) propõe para a Formação Mos- ram posteriormente o seu uso para representar os
quito um modelo de sedimentação deltaico dominado depósitos acumulados na parte superior do Espinha-
por ondas e marés, com representantes dos sistemas ço. A denominação Santo Onofre é empregada tam-
prodeltaico (associação inferior), frente de delta (as- bém na literatura geológica do Estado da Bahia com
sociação intermediária) e planície deltaica (associa- a hierarquia de unidade por Costa & Silva (1980), de
ção superior). Esse modelo deposicional está arran- formação por Inda & Barbosa (1978), Barbosa & Do-
jado segundo um padrão granocrescente ascendente, minguez (1996) e Souza et al. (2003) ou de grupo por
associado a um aumento na espessura das camadas Schobbenhaus (1993, 1996), Danderfer Filho (2000) e
individuais de metarenito neste sentido. Loureiro et al. (2008); todas essas propostas apresen-
tam diferenças nos limites do intervalo estratigráfico
Interpreta-se aqui a pilha sedimentar representativa definido (Quadro VIII.2).
do Grupo São Marcos, como acumulada em uma ba-
cia ampla e rasa de idade calimiana, correlacionável O Grupo Santo Onofre estrutura dois sinclinórios re-
à Bacia Chapada Diamantina (Quadro VIII.3), em fun- gionais com caimentos diferenciados dos seus eixos: o

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oriental inclina-se para sul e o ocidental para norte, (ii) Associação intermediária, formada de alternân-
separados por uma anticlinal em cúspide, totalmente cias cíclicas de metaquartzoarenito e metarenito fel-
transposta pela ação da zona de falha transpressiva dspático, estratificados e maciços, com seleção mo-
de Santo Onofre (Costa & Silva 1980). Esta zona seg- derada a boa e alta maturidade textural, com níveis
menta os depósitos do Grupo Santo Onofre, impri- de metapelito e metamicroconglomerado (grânulos
mindo aos mesmos uma deformação mais acentuada e seixos dispersos de quartzo bem arredondado com
nas suas proximidades. A complexidade dessa zona alta esfericidade e intraclastos de lamito) com estrati-
de falha levou alguns pesquisadores a utilizarem ficação cruzada acanalada de pequeno a médio porte,
essa feição estrutural para separar conjuntos litoes- concentrados na parte inferior da unidade ou na base
tratigráficos e atribuir-lhes idades de sedimentação dos leitos de metarenitos. As estruturas primárias
diferentes (Costa & Silva 1980, Schobbenhaus 1993). preservadas nos metarenitos são estratificações pla-
Loureiro et al. (2008) consideram que essa estrutura, no-paralela, onduladas e cruzadas tangencial à base,
embora importante do ponto de vista da inversão das planar de baixo ângulo e grande porte, sigmoidal, do
rochas do Espinhaço Setentrional, não limita conjun- tipo hummocky, além de marcas de onda oscilatória e
tos litoestratigráficos distintos, ou seja, ela apenas levemente assimétricas de pequeno porte;
provocou um rejeito, preferencialmente lateral, entre
as unidades do Grupo Santo Onofre posicionadas a (iii) Associação superior, composta de camadas deci-
leste e a oeste da falha. métricas a métrica de metaquartzoarenito bem se-
lecionado, com grande persistência lateral e aspecto
Os frequentes enxames de diques/soleiras máficos, interno maciço. Ocorrem associados níveis de metas-
controlados quase sempre por falhamentos, intrusi- siltito com estruturas flaser e lenticular.
vos nos Grupos Oliveira dos Brejinhos e São Marcos,
também intrudem as rochas do Grupo Santo Onofre. Danderfer Filho (2000), Guimarães (2008) e Loureiro
et al. (2008), interpretam a associação inferior da For-
A Formação Fazendinha (Danderfer Filho 2000, Lourei- mação Fazendinha como acumulada em uma zona
ro et al. 2008), com espessura mínima de 470 metros, costeira, através de sistema fluvial entrelaçado pas-
assenta-se em discordância erosiva e angular sobre as sando a eólico, com direção preferencial dos paleo-
unidades do Grupo São Marcos e compreende três as- ventos de NNW para SSE, e as associações interme-
sociações de litofácies siliciclásticas (Fig.VIII.20d): diária e superior, como uma sedimentação marinha
rasa a plataformal dominada por ondas de tempesta-
(i) Associação inferior, composta de metarenito felds- des e por correntes de maré. Esse modelo deposicio-
pático e metaquartzoarenito, bimodais, bem selecio- nal está arranjado segundo um padrão granodecres-
nados, com estatificações plano-paralela, cruzadas cente ascendente discreto.
tangencial à base e acanalada, de grande porte a
gigantes, além de gradação inversa e marcas ondu- A Formação Serra das Veredas (Danderfer Filho 2000,
ladas assimétricas de pequeno porte, com níveis de- Loureiro et al. 2008), compreende um maciço rochoso
cimétricos de metamicroconglomerado monomítico resistente à erosão, com espessura estimada de 470
(grânulos e seixos dispersos de quartzo) com estrati- metros na parte norte do Espinhaço que, juntamente
ficação cruzada acanalada de pequeno a médio porte, com as rochas da Formação Bom Retiro, compõem as
concentrados na parte inferior da unidade ou na base serras mais elevadas da região, com cotas frequente-
dos leitos de metarenitos; mente superiores a 1.000 metros. A Formação Serra
da Vereda compreende duas associações de litofácies
siliciclásticas (Fig.VIII.20d):

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(i) Associação de litofácies inferior, composta de
metaconglomerado oligomítico matriz-sustentado
(clastos angulosos a sub angulosos de metarenito,
quartzo, granitoide), desorganizado, metarenito lítico
seixoso, maciço na base e com estratificações na parte
superior dos leitos, dos tipos plano-paralela e cruza-
das, tangencial e acanalada, metarcóseo com estrati-
ficação acanalada, metaquartzoarenito bem selecio-
nado, bimodal, com estratificação cruzada tangencial
à base de grande porte a gigante;

(ii) Associação de litofácies superior, constituída de


metaconglomerado oligomítico (clastos de quartzo e Figura VIII.24 - Metaquartzoarenito cinza-azulado com
dumortierita. Notar as estratificações cruzadas. Afloramento
metarenito) e metarcóseo lítico, interestratificados, do-
localizado a SW de Oliveira dos Brejinhos.
minantes na base da associação, metaquartzoarenito e
metarenito feldspático, com níveis de metassiltito, me-
targilito e metamicroconglomerado monomítico (clas- velmente em ambiente lagunar, ou na parte posterior
tos de quartzo). Os metarenitos se apresentam maciços das ilhas-barreiras, em uma planície de maré.
ou com estratificações dos tipos plano-paralela, cruza-
das de baixo ângulo, sigmoidal e cavalgante, mostram Esse modelo deposicional está arranjado segundo um
na parte intermediária da unidade, um horizonte ou padrão granodecrescente ascendente, acompanhado
horizontes estratigráficos enriquecidos em dumortie- da diminuição da espessura das camadas individuais.
rita (Fig.VIII.24), explorados como pedra ornamental,
com teores que variam de traços até mais de 50%, es- A Formação Serra da Garapa (Guimarães 2008, Lou-
pessura de uma a duas dezenas de metros e dezenas reiro et al. 2008) corresponde a um conjunto rocho-
de quilômetros de comprimento (Fig.VIII.20d). Segundo so com cerca de 200 metros de espessura mínima
Couto (2000), nas regiões a oeste de Boquira e Macaú- preservada, que ocorre na parte centro-ocidental da
bas, a dumortierita ocorre em faixas com largura de até Serra do Espinhaço e engloba, parcial ou totalmente,
7cm distribuídas de formas irregular ou fitada no me- as unidades Serra da Garapa, Canatiba, Umbuzeiro
taquartzoarenito e concentradas em zonas de fraturas. e Santo Onofre definidas por Schobbenhaus (1972) e
Costa & Silva (1980) (Quadro VIII.2).
Danderfer Filho (2000) interpreta a associação infe-
rior da Formação Serra da Vereda como acumulada A Formação Serra da Garapa compreende duas asso-
em uma planície costeira através de sistemas de le- ciações de litofácies, uma de rochas siliciclásticas e
que aluvial e fluvial entrelaçado, passando a eólico e outra de rochas carbonáticas (Fig.VIII.20d):
a associação superior como uma sedimentação mari-
nha litorânea a plataformal dominada por ondas de (i) Associação siliciclástica, composta de filito e me-
tempestades e por correntes de maré. Segundo esse tapelito hematíticos, grafitosos e/ou manganesíferos
autor, o quartzoarenito enriquecido em dumortieri- e sericíticos, interestratificados com metarenito felds-
ta se relaciona ao ambiente marinho da associação pático contendo níveis subordinados de metaquart-
superior e está associado à deposição de sais evapo- zoarenito, metamicroconglomerado e metarenito
ríticos ricos em boro, que se fixaram principalmente ferruginoso (Fig.VIII.25). O metarenito feldspático tem
nos sedimentos mais finos dessa associação, possi- moscovita e biotita. É mal selecionado, imaturo textu-

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ral e mineralogicamente e apresenta estratificações,
ondulada, lenticular, cruzada tangencial à base de
pequeno porte, além de marca de onda assimétrica;

(ii) Associação carbonática, constituída de metado-


larenitos maciços e estratificados, com intercalações
centimétricas de metapelito e metadolarenito estro-
matolítico. Essa associação, cartografada a sudeste
de Ibotirama, representa uma grande lente embutida
na associação siliciclástica, com cerca de 100 metros
de espessura e 4 a 5km de comprimento na direção
meridiana.
Figura VIII. 25 - Filito e metarenito hematíticos, grafitosos e/ou
manganesíferos e sericíticos. Afloramento localizado a leste de
Danderfer Filho (2000), Guimarães (2008) e Loureiro
Ibotirama.
et al. (2008) interpretam os depósitos da Formação
Serra da Garapa como acumulados em um ambien-
te marinho, litorâneo a plataformal, dominado por seção de acamadamento e clivagem de plano axial,
tempestades e marés, com zona localizada de baixa ou apresentam estratificações ondulada, lenticular,
energia, lagunar, materializada pela presença do me- cruzadas tangencial à base, do tipo hummocky e ca-
tadolarenito, explorado para corretivo de solo e brita. valgante, marcas de ondas simétricas e assimétricas
e retrabalhamento do topo das camadas por ondas de
A Formação Boqueirão (Guimarães 2008, Loureiro et grande comprimento e baixa amplitude;
al. 2008) corresponde a um conjunto de serras com
espessura mínima estimada de 900 metros, que ocor- Associação de litofácies superior, representada por
re na parte ocidental da Serra do Espinhaço, recober- corpos lenticulares e descontínuos, restritos à borda
ta em discordância erosiva pelas unidades do Grupo oeste da Serra do Espinhaço, constituídos, segundo
Bambuí. A formação engloba, parcial ou totalmente, as Danderfer Filho (2000), de metabrecha sedimentar,
unidades Santo Onofre, Boqueirão, Viramundo e João metaconglomerados polimíticos (clastos de granitoi-
Dias, definidas por Costa & Silva (1980) (Quadro VIII.2). de, metarenito, metapelito, metadolomito), metareni-
to lítico, metarcóseo, metapelito carbonático e chert.
A Formação Boqueirão é constituída de duas associa- A metabrecha é a litofácies dominante na associação,
ções de litofácies siliciclásticas, às vezes silicificadas compreende fragmentos bem angulosos, dispostos
(Fig.VIII.20d): de forma caótica, com dimensões que variam de sei-
xos a megablocos de rochas do embasamento cris-
(i) Associação de litofácies inferior, compreende me- talino, metarenito, metadolomito e filito carbonoso.
taquartzoarenito bem selecionado, metarenito felds- Os metaconglomerados, clasto e matriz-sustentados
pático mal selecionado e imaturo textural e mineralo- são desorganizados, gradados ou difusamente inte-
gicamente, níveis de metabrecha conglomerática po- restratificados com os metarenitos e metapelito car-
limítica (grânulos e seixos angulosos a subangulosos bonático. Camadas de chert finamente acamadado
de quartzo, metarenito, metapelito e filito) e de filito foram descritas pelo autor na base da associação.
e metapelito hematíticos e/ou grafitosos/manganesí-
feros. Os metarenitos são maciços, às vezes, com es- A Formação Boqueirão está organizada segundo um
trutura do tipo mullion (Fig.VIII.26) gerada pela inter- padrão de empilhamento granocrescente ascenden-

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a
Loureiro et al. (2008) comparam as formações que
constituem o Grupo Santo Onofre a uma supersequ-
ência acumulada em uma bacia intracratônica ampla
e relativamente rasa de idade calimiana. Schobbe-
nhaus (1993) considera a sedimentação dessas ro-
chas como acontecida no neoproterozoico e as cor-
relaciona à Formação Morro do Chapéu, na Chapada
Diamantina e ao Grupo Macaúbas, no norte de Minas
Gerais. Os elementos utilizados pelo autor para essas
correlações são a continuidade estrutural e a iden-
tidade litológica entre as rochas dos Grupos Santo
Onofre e Macaúbas, a discordância erosiva reconheci-
da por Dominguez (1993) na base da Formação Morro
do Chapéu e a existência de um magmatismo fissural,
b
datado entre 1000 e 900Ma, de característica geoquí-
mica continental, que antecede a deposição das uni-
dades Santo Onofre, Morro do Chapéu e Macaúbas.

Sugerem-se aqui para o Grupo Santo Onofre uma


sedimentação em dois ciclos deposicionais represen-
tados, respectivamente, pela Formação Fazendinha e
pelas Formações Serra da Vereda, Serra da Garapa e
Boqueirão, assim como idade ectasiana a esteniana
(Tab.III.1) para essas formações. Comparam-se tam-
bém, a deposição dessas rochas à da Formação Morro
do Chapéu, na Chapada Diamantina (Quadro VIII.3).
Figura VIII.26 - (a) Camadas decimétricas de metaquartzoarenito Os motivos desta correlação são, na visão dos autores
maciço com estrutura do tipo mullion, associadas a níveis de deste trabalho, a existência de discordâncias erosivas
filito cinza; (b) Detalhe da foto anterior, mostra níveis de filito e
mullions. Afloramento na BR-242, 20km a leste de Ibotirama. regionais do Grupo Santo Onofre e Formação Morro
do Chapéu com as unidades inferiores calimianas dos
Grupos São Marcos, no Espinhaço e Chapada Dia-
te e com espessamento mais acentuado das cama- mantina, na região homônima. O limite das rochas do
das de rochas psamítico-psefíticas neste sentido (Fig. Grupo Santo Onofre com as unidades superiores crio-
VIII.20d). Guimarães (2008) e Loureiro et al. (2008), genianas do Grupo Macaúbas (Formação Jequitaí), na
interpretam as litofácies da associação inferior dessa visão desses autores é também discordante erosivo.
formação como depositadas em ambiente marinho
raso, afetado por eventos de tempestades, enquanto
as litofácies da associação superior foram interpre-
tadas por Danderfer Filho (2000) como depositadas 5 Supergrupo Espinhaço na
por fluxos de detritos coesivos e não-coesivos hiper-
concentrados e por precipitação química (camadas de
Região Ocidental da Bahia
chert) em ambientes subaquoso e subaéreo, próximos Aflora apenas na Serra de Palmas de Monte Alto, lo-
à área-fonte. calizada a sul da cidade de mesmo nome, representa-

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do pelo Grupo Santo Onofre indiviso. As rochas desse 6.1 Supergrupo São Francisco na
grupo assentam-se nos terrenos paleoproterozoicos Chapada Diamantina
do Granitoide Guanambi-Urandi (CAPÍTULO V) e do
Complexo Santa Izabel (CAPÍTULO III), pertencentes à As rochas do Supergrupo São Francisco ocorrem na
parte oeste do Bloco Gavião e são recobertas em dis- metade oriental da Chapada Diamantina, no interior
cordância erosiva pelas rochas dos Supergrupos Es- de grandes estruturas sinformais nas regiões de Irecê,
pinhaço e São Francisco (Formação Jequitaí e Grupo Campinas, Una-Utinga e Ituaçu. Assentam em discor-
Bambuí) (Fig.VIII.2). dância erosiva de caráter regional nas rochas do em-
basamento cristalino, do Grupo Chapada Diamantina
O Grupo Santo Onofre indiviso compreende segundo e da Formação Morro do Chapéu e são recobertas por
Barbosa & Dominguez (1996), metaquartzoarenitos formações superficiais cenozoicas (Fig.VIII.2, VIII.27).
sericíticos com níveis subordinados de filitos aver- O Supergrupo São Francisco nessa região é subdivi-
melhados e cinza-escuro grafitosos. As principais dido, da base para o topo, nas Formações Bebedouro
estruturas sedimentares incluem estratificações pla- e Salitre (Quadro VIII.4), tradicionalmente incluídas
no-paralela com marcas de ondulação simétricas e no Grupo Una e retiradas do mesmo neste trabalho
cruzadas de baixo ângulo e do tipo espinha-de-peixe. por se acreditar que, a discordância erosiva e a lacu-
Para os autores a deposição dessas rochas aconteceu na temporal existentes entre as duas formações, além
em uma plataforma marinha rasa, transgressiva so- das diferenças climáticas que imperavam à época da
bre o embasamento cristalino, afetada por ondas e deposição das mesmas, não justificam esta inclusão.
correntes (Quadro VIII.3). Ressalte-se que, separação semelhante já ocorre
entre rochas lito-cronocorrelatas carbonáticas do
Do ponto de vista litofaciológico essas rochas correla- Grupo Bambuí e siliciclásticas da Formação Jequitaí
cionam-se às rochas da Formação Boqueirão. (Grupo Macaúbas), que afloram na região oeste da
Bahia e em Minas Gerais.

NEOPROTEROZOICO 6.1.1 Formação Bebedouro

A Formação Bebedouro (Oliveira & Leonardos 1940),


6 Supergrupo São Francisco com espessura máxima estimada da ordem de uma
centena de metros, aflora em faixas estreitas e des-
O Supergrupo São Francisco no interior do Cráton do contínuas por mais de 400km na direção N-S, ao
São Francisco, no Estado da Bahia, apresenta uma es- longo dos flancos das grandes estruturas sinformais
pessura máxima da ordem de 1.000 metros de rochas anteriormente mencionadas (Figs.VIII.2, VIII.27). Está
sedimentares carbonáticas e siliciclásticas, acumula- assentada em discordância erosiva e angular sobre
das no período criogeniano (850 a 630Ma). (Tab.III.1) o embasamento cristalino e em rochas do Supergru-
Registros preservados dessa sedimentação ocorrem po Espinhaço e é recoberta em discordância erosiva
na Chapada Diamantina e na região oeste do Estado. pelas unidades carbonáticas da Formação Salitre.
Na primeira região representada pelas Formações Segundo Teixeira et al. (2007), as ocorrências da For-
Bebedouro e Salitre, e na parte oeste da Bahia pelas mação Bebedouro nas diversas regiões mencionadas,
Formações Jequitaí, integrante do Grupo Macaúbas, e atualmente isoladas, reflete a existência de uma am-
Sete Lagoas, Serra de Santa Helena, Lagoa do Jacaré pla bacia precursora, provavelmente compartimenta-
e Serra da Saudade, pertencentes ao Grupo Bambuí da por importantes acidentes tectônicos.
(Fig.VIII.2, Quadro VIII.4).

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Figura VIII.27 - Distribuição espacial e perfis esquemáticos das Formações Jequitaí (1a), Bebedouro (1b) e Salitre (2b) e do Grupo Bambuí (2a).

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A primeira referência a essas rochas remonta ao fi- e sem clastos dispersos (caídos) (Fig.VIII.30), arenitos
nal do século XIX, feita por Allen (1870) na “sub-bacia” (subarcóseo lítico, arcóseo, grauvaca, quartzoarenito)
Una-Utinga, porém, o termo Formação Bebedouro só maciços e com estratificações plano-paralelas, cru-
foi introduzido na literatura geológica em meados do zadas do tipo hummocky, além de gradação normal e
século XX, por Oliveira & Leonardos (1940). ondulações simétricas e assimétricas e lentes de dia-
mictitos polimíticos maciços e estratificados;
A Formação Bebedouro é constituída de cinco asso-
ciações de litofácies não cartografadas, sendo quatro (iii) Associação de litofácies C, formada de pelitos e
de rochas siliciclásticas e uma de rochas carboná- arenitos (subarcóseo lítico, arcóseo, grauvaca) maci-
ticas. Dessas, apenas a associação de litofácies car- ços e estratificados, com clastos dispersos (caídos), e
bonática tem posição estratigráfica bem definida, no de diamictitos;
topo da formação, as demais associações apresentam
um ordenamento vertical variável ao longo da área (iv) Associação de litofácies D, composta de arcóseo bi-
de exposição da formação, em razão da sua dinâmica modal, bem selecionado com estratificação cruzada aca-
deposicional ser bastante complexa: nalada de grande porte (Fig.VIII.31);

(i) Associação de litofácies A, compreende diamictitos (v) Associação de litofácies E, corresponde a uma capa
polimíticos maciços e estratificados, clasto e matriz- carbonática com poucos metros de espessura, assen-
-sustentados (clastos, muitos com faces polidas e tada nas unidades anteriores, constituída de calcare-
planas, angulosos, arredondados e fragmentários, nito e dolarenito impuros, rosa e acinzentados, com
tamanho grânulo a matacão de granitoide, xisto, fi- níveis de intraclastos associados. Esta camada se
lito, rochas básicas, ultrabásicas, vulcânicas e calcis- caracteriza por uma assinatura isotópica de δ13C for-
silicáticas, quartzo, quartzitos, metarenitos, metape- temente negativa (-5.1‰ VPDB) (Misi & Veizer 1998),
litos, metacarbonato e chert) e níveis de arenitos de que diverge dos valores positivos encontrados pelos
composição diversificada (subarcóseo lítico, arcóseo, autores no conjunto carbonático imediatamente su-
grauvaca, quartzoarenito) com estratificações plano- perior a essa capa.
-paralelas, cruzadas tangenciais na base e do tipo
hummocky, além de marcas de ondulação simétricas Inicialmente, as litofácies da Formação Bebedouro fo-
de pequeno a grande porte e estruturas de defor- ram interpretadas como um depósito glacial acumu-
mação do tipo marca de sobrecarga. Os diamictitos lado em águas mansas e fundas num mar extenso, no
apresentam matriz muito mal selecionada, imatura qual vagavam montanhas de gelo (icebergs), que tra-
textural e mineralogicamente, de composição variada ziam de alhures os blocos que, à medida que o gelo
(grauvaca, arenito lítico, arcóseo, pelito), semelhante, derretia iam caindo e enterrando-se na massa lodosa
muitas vezes, à dos clastos, sugerindo cominuição dos do fundo (Williams 1930). Posteriormente essas rochas
mesmos (Figs.VIII.28, VIII.29). As estruturas sedimen- foram relacionadas a uma sedimentação glacioconti-
tares, quando presentes, são estratificações plano- nental, constituída de tilitos, contendo eventualmente
-paralelas, cruzadas sigmoidais, tangenciais à base e clastos estriados e facetados e de varvitos (Montes, A.
do tipo hummocky, além de gradação normal e inver- 1977, Karfunkel & Hoppe 1988). Pavimentos estriados,
sa e estruturas de escorregamento; feldspatos frescos e marcas de percussão (chatter ma-
rks), também são descritos por esses autores.
(ii) Associação de litofácies B, composta de pelitos cin-
za-esverdeados, vermelho-ocre, arroxeados, maciços Mais recentemente, Guimarães (1996) e Guimarães et
ou com laminações plano-paralela e ondulada, com al. (no prelo) interpretaram a Formação Bebedouro

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Figura VIII.28 - Contato entre diamictito avermelhado da Figura VIII.31 -Arcóseo com estratificação cruzada acanalada de
associação de litofácies A e dolarenito rosado da associação E. grande porte. Afloramento localizado nas proximidades da cidade
Notar paleossolo na interface das duas litologias. Afloramento de Itaetê. “sub-bacia” Una-Utinga.
localizado a NW de Várzea Nova, na “sub-bacia” de Campinas.

como uma sedimentação glaciclástica neoprotero-


zoica, acumulada em ambiente glaciomarinho pro-
ximal retrabalhado por eventos de tempestade e sob
condição climática severa. Os processos que geraram
essa sedimentação são fluxos de detritos, correntes
de turbidez, derretimento de icebergs, mecanismos de
suspensão (associações A, B, C e E) e, de forma loca-
lizada, processos eólicos que atuavam em ambiente
extraglacial (associação D). Os detritos das associa-
ções A, B e C fluíam de leste para oeste, carregados
por correntes derivadas do derretimento de um lençol
Figura VIII.29 - Diamictito com clastos de tamanhos variados, até de gelo localizado a leste da Chapada Diamantina, na
matacões. Afloramento próximo à cidade de Itaetê, “sub-bacia região da Serra de Jacobina.
Una- Utinga.

Os valores negativos de δ13C encontrados nos carbo-


natos da associação E, sugerem que a mesma pode
representar o fechamento do ciclo deposicional da
Formação Bebedouro, sendo, por esse motivo, ane-
xada à formação. Ressalte-se que, tradicionalmente,
as rochas dessa associação são cartografadas no con-
texto das rochas carbonáticas da Formação Salitre.

O intervalo de tempo mais aceito atualmente para a


deposição da Formação Bebedouro, dentro do neo-
proterozoico, vai de 850 a 750Ma (Macedo 1982, Ma-
Figura VIII.30 - Clastos caídos em rocha pelítica estratificada. cedo & Bonhomme 1984, Guimarães 2000, Trindade
Notar reflexos do impacto na estratificação. Afloramento et al. 2004, Babinski et al. 2007, Guimarães et al., no
localizado na BR-242 a WNW de Lençóis, na “sub-bacia” de Irecê.
Foto cedida por Augusto Pedreira. prelo). Essa época coincide com o horizonte glacial de

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extensão global conhecido como Sturtiano, que nas volvidas, do tipo observado na fazenda Arrecife, lo-
partes centro-oeste e nordeste do Brasil têm vários calizada a NNE de Morro do Chapéu (Fig.VIII.32). As
outros representantes, entre eles a Formação Jequi- estruturas primárias observadas na unidade são a
taí, que aflora na região oeste da Bahia (Quadro VIII.4) estratificação ondulada, lenticular, estratificação cru-
e em Minas Gerais. zada do tipo hummocky, além de estruturas do tipo
tepee (Fig.VIII.33). Esta unidade se caracteriza ainda,
6.1.2 Formação Salitre pela associação dos seus carbonatos com minerali-
zações de Zn, Pb, barita e concentrações de fosfato;
A Formação Salitre (Branner 1911), com espessu-
ra estimada da ordem de 500 metros, está bem ex- (ii) Unidade Gabriel, formada de calcilutito peloidal,
posta nas regiões de Irecê, Campinas, Una-Utinga e calcissiltito laminado, calcarenito maciço oolítico,
Ituaçu, assentada em discordância erosiva e angular com níveis de calcirrudito, argilito, conglomerado in-
nas rochas do embasamento cristalino, do Grupo traclástico. Laminação plano-paralela e estratificação
Chapada Diamantina e da Formação Bebedouro sen- cruzada do tipo hummocky são estruturas primárias
do recoberta por formações superficiais cenozoicas comuns na unidade, além de processos de silicificação;
(Figs.VIII.2, VIII.27). À semelhança da distribuição da
Formação Bebedouro, as litofácies da Formação Sa- (iii) Unidade Jussara, constituída de calcarenitos in-
litre ocorrem também isoladas nessas regiões, refle- traclásticos peloidais oncolíticos, calcarenitos quart-
tindo a existência de uma bacia precursora contínua, zosos, calcirrudito, calcissiltito, calcilutito peloidal
como sugerido por Teixeira et al. (2007). micrítico, com níveis de arenitos, além de zonas sili-
cificadas. As estruturas sedimentares presentes nes-
A Formação Salitre foi inicialmente descrita por Bran- sas rochas são a estratificação e laminação plano-
ner (1911) no vale do Rio Salitre, com a designação de -paralela, as estratificações cruzadas tangenciais à
“Calcário Salitre” e elevada à categoria de formação base, sigmoidal e do tipo espinha-de-peixe, além de
por Pedreira et al. (1975). Posteriormente, (Bomfim et marcas de onda;
al. 1985) subdividiram informalmente esta formação
em quatro unidades de litofácies carbonáticas e silici- (iv) Unidade Irecê, composta de calcilutito laminado,
clásticas, denominadas da base para o topo de Nova localmente plaqueado, interestratificado com marga,
América, Gabriel, Jussara e Irecê, limitadas entre si arenito, siltito e argilito.
através de contatos gradacionais e interdigitados. A
Unidade Irecê, a mais restrita em termos de área de Bomfim et al. (1985) interpretam as litofácies da
distribuição do conjunto, aflora em faixas estreitas ou Unidade Nova América como acumuladas em am-
em corpos alongados, intercalados nas demais uni- biente de inter a supramaré, a Gabriel como de inter
dades da Formação Salitre: a submaré, a Unidade Jussara como de submaré e a
Unidade Irecê os autores consideram como litofácies
(i) Unidade de litofácies Nova América, composta de depositadas em ambiente mais profundo, associado
laminito algal, calcilutito, calcissiltito e níveis, muitas a talude distal e proximal. Dominguez (1996) associa
vezes silicificados, de calcarenito, dolarenito e estro- essas unidades a ciclos deposicionais que se repetem
matólitos colunares. O laminito algal, que caracteri- verticalmente, nos quais as camadas ficam mais ra-
za a unidade, é constituído por tapetes de algas, e os sas no sentido do topo do ciclo.
estromatólitos colunares são localmente, da forma
Irregularia Krylov (Srivastava 1986), enriquecidos em Para Leão & Dominguez (1992), Guimarães (2000) e
fosfato, ou representam bioconstruções mais desen- Loureiro et al. (2008) as rochas da Formação Salitre

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a a

b b

Figura VIII.32 - (a) Estromatólito colunar da forma Irregularia Figura VIII.33 - (a) Calcarenito cinza-escuro e calcilutito cinza-
Krylov associado a laminito algal; (b) Bioconstrução claro (laminito algal), com estratificação ondulada e lenticular;
(estromatólito colunar) da Fazenda Arrecife. O afloramento da foto (b) Calcarenito com estratificação do tipo hummocky.
(a) localiza-se na BA-052, Centro Educacional da Igreja Universal, Afloramentos localizados nas imediações do povoado de Achado
próximo a Irecê. –BA-052, leste de Irecê.

se depositaram em uma bacia intracratônica gerada Estudos quimioestratigráficos realizados por Misi &
e preenchida no final do Criogeniano (650 a 850Ma) Veizer (1998) nas rochas carbonáticas da Formação
(Tab.III.1), em um ambiente marinho raso a platafor- Salitre, mostram crescimento no valor da assinatura
ma do tipo rampa caracterizada por declives suaves e de δ13C, de 0‰ VPDB até +9.4‰ VPDB, da base para o
ausência de um talude pronunciado. Nesse modelo, topo da coluna estratigráfica da formação. Esses va-
os calcarenitos e dolomitos ocorrem predominante- lores são bastante diferentes daqueles encontrados
mente em zona litorânea afetada por ondas de tem- nos carbonatos imediatamente inferiores do topo da
pestade, onde cresciam estromatólitos colunares e Formação Bebedouro (associação de litofácies E), que
biohermas, e os calcilutitos nas lagunas, protegidas apresentam assinatura de δ13C fortemente negativa,
do mar aberto por ilhas barreiras. Costa afora, em característica de sucessões carbonáticas acumuladas
ambiente plataformal, se acumularam as litofácies imediatamente acima de depósitos glacigênicos/gla-
de calcarenito, marga e arenitos interestratificados. ciclásticos em várias partes do mundo.

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7 Supergrupo São Francisco conjunto carbonático inferior os autores associam

na Região Ocidental da ao topo da Formação Jequitaí e representa possivel-


mente, uma capa carbonática assentada nas unida-
Bahia des desta formação, datada por Babinski & Kaufman
(2003) em 740±22Ma. O conjunto carbonático supe-
7.1 Formação Jequitaí rior foi mantido pelos autores no Grupo Bambuí. Fato
(Oliveira & Leonardos 1943) semelhante foi verificado em exposições da Formação
Sete Lagoas em sua área-tipo, em Minas Gerais, por
Na região ocidental da Bahia o Supergrupo São Fran- Vieira et al. (2007).
cisco compreende da base para o topo:(i) o Grupo Ma-
caúbas, representado na região pela Formação Jequi- A idade dos diamictitos da Formação Jequitaí, situa-
taí; e, (ii) o Grupo Bambuí, subdividido nas Formações dos logo abaixo do conjunto carbonático inferior de
Sete Lagoas, Serra de Santa Helena, Lagoa do Jacaré Zalan & Romeiro-Silva (2007), foi estimada por esses
e Serra da Saudade. autores entre 760 e 745Ma. Essa idade está incluí-
da no intervalo de tempo sugerido para a deposição
A Formação Jequitaí aflora em corpos descontínu- da Formação Bebedouro, na Chapada Diamantina
os na borda ocidental da Serra de Palmas de Monte (Quadro VIII.4) e também no horizonte glacial global
Alto, sobreposta em discordância às rochas do em- Sturtiano. Por outro lado, zircões detríticos extraí-
basamento cristalino e do Supergrupo Espinhaço, e dos do Grupo Macaúbas aflorante em Minas Gerais,
sotoposta também em discordância, a siltitos e car- por Pedrosa-Soares et al. (2000) e Rodrigues (2008)
bonatos da Formação Sete Lagoas (Fig.VIII.2, VIII.27). forneceram as idades máximas, respectivamente, de
864±30Ma e 880Ma para a deposição desta unidade.
A Formação Jequitaí compreende diamictitos com in-
tercalações de siltito, arenito impuro maciço e mal se- Moraes & Guimarães (1930), Dardenne (1978), Mar-
lecionado e pelito laminado, com espessura variando tins-Neto & Alkmim (2001) interpretam as litofácies
de uns poucos metros até um máximo de 150 metros. da Formação Jequitaí, cartografadas nas proximida-
Os diamictitos são maciços e estratificados, com clas- des da cidade homônima, no Estado de Minas Gerais,
tos, tamanho grânulo a matacão de granitoide, gnais- como representantes de depósitos glaciocontinentais,
se, quartzito, siltito, quartzo e carbonato. que gradam lateralmente para paleoambientes gla-
ciomarinhos, com transporte de gelo de oeste para
Sobre as litofácies siliciclásticas da Formação Jequitaí leste. Por outro lado, Ponçano & Paiva Filho (1975) e
assenta-se o pacote de rochas carbonáticas do Gru- Moraes Filho (1997) ressaltam que os diamictitos da
po Bambuí, subdividido por Zalán & Romeiro-Silva Formação Jequitaí não apresentam características
(2007), no Estado de Minas Gerais, em dois conjuntos texturais exclusivas de tilito e sugerem para os mes-
separados por uma importante discordância petrofí- mos uma origem gravitacional relacionada a fluxo de
sica/estrutural/sísmica identificada no interior da se- massa dissociado da ação de geleira.
ção litoestratigráfica correlacionada à Formação Sete
Lagoas e datada por Martins (1999) em 700-680Ma,
através de isótopos de carbono. A separação do pa- 7.2 Grupo Bambuí (Rimann 1917)
cote carbonático único do Grupo Bambuí em dois
conjuntos se baseou em dados de sísmica, na rein- Ocorre em uma ampla faixa a oeste da Serra do Es-
terpretação de perfis elétricos de poços, em razões pinhaço que se projeta a sul, para o Estado de Minas
isotópicas, conteúdo de estromatólitos e litotipos. Ao Gerais e a norte, a partir da cidade de Wanderley, está

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limitado pelas unidades da zona pericratônica relacio- (ii) Associação intermediária, constituída de calcare-
nada à Faixa de Dobramento Rio Preto (Formação São nito oncolítico e intraclástico, maciço e estratificado,
Desidério conforme Silva 1987). Esse conjunto rochoso, laminito algal e níveis de pelito e dolarenito. As princi-
de aspecto geral tabular, assenta-se em discordância pais estruturas primárias são estratificações ondulada,
nas rochas do embasamento cristalino, do Supergrupo cruzadas do tipo hummocky e bidirecionais (espinha-
Espinhaço e da Formação Jequitaí, e é recoberto, atra- -de-peixe), além de estrutura do tipo tepee e gretas de
vés contatos da mesma natureza, pelas rochas sedi- contração. Esta associação caracteriza-se pela presen-
mentares cretáceas do Grupo Urucuia e por formações ça de feições cársticas dos tipos lapiás e dolinas.
superficiais cenozoicas (Figs.VIII.2, VIII.27).
(iii) Associação superior, formada de dolarenito pe-
O Grupo Bambuí, com espessura máxima estimada da loidal e intraclástico, dolossiltito e dololutito, às ve-
ordem de 900 metros, compreende uma sedimenta- zes estromatolíticos, calcarenito dolomítico peloidal
ção marinha transgressiva extravasada sobre o Crá- e intraclástico, com níveis de silexito, pelito e brecha
ton do São Francisco, subdividida em ordem estrati- sedimentar. As estruturas sedimentares são estratifi-
gráfica ascendente, nas Formações Sete Lagoas, Serra cação plano-paralela, cruzadas tangencial à base, do
de Santa Helena, Lagoa do Jacaré e Serra da Sauda- tipo hummocky, além de laminação convoluta, estru-
de (Fig.VIII.27) (Quadro VIII.4). O reconhecimento por turas tipo bird’s eyes e tepee.
Zalán & Romeiro-Silva (2007) no Estado de Minas
Gerais da discordância petrofísica/estrutural/sísmi- A Formação Serra de Santa Helena, com espessura
ca existente no interior da seção litoestratigráfica da mínima de 40 metros, assenta-se nos carbonatos da
Formação Sete Lagoas, não é reconhecida para a re- Formação Sete Lagoas e é recoberta pela Formação
gião oeste da Bahia, devido aos poucos estudos geo- Lagoa do Jacaré. Os contatos com as duas unidades
lógicos e a inexistência de dados sísmicos na região. são concordantes e transicionais. A Formação Serra
de Santa Helena compreende segundo Moraes Filho
A Formação Sete Lagoas representa um pacote de ro- (1997), um pacote de folhelhos cinza, esverdeado e
chas sedimentares com espessura mínima da ordem creme, interestratificados com níveis de marga, siltito
de 160 metros, estimada na parte sul da área de ocor- e argilito, contendo ainda intercalações de calcareni-
rência, subdividido por Moraes Filho (1997) em três to preto no terço superior da formação e de calcareni-
associações de litofácies carbonáticas e siliciclásticas to dolomítico cinza-claro na base.
cortadas por vênulas preenchidas com calcita:
A Formação Lagoa do Jacaré, com espessura míni-
(i) Associação inferior, composta de calcarenito, calcis- ma de 120 metros, estimada na parte sul da sua área
siltito, calcilutito, dololutito com laminação algálica, de ocorrência, é subdividida por Moraes Filho (1997)
siltito e argilito, às vezes rítmicos, e níveis manganesí- em duas associações de litofácies carbonáticas e si-
feros localizados. As principais estruturas sedimenta- liciclásticas cortadas por vênulas preenchidas com
res são estratificações plano-paralela, ondulada, len- calcita:
ticular, do tipo tepee e gretas de contração. Sugere-se
aqui, a possibilidade de essas litofácies pertencerem (i) Associação inferior, composta de calcarenitos, às
ao conjunto carbonático inferior identificado por Zalán vezes intraclásticos e oncolíticos e calcissiltito, escu-
& Romeiro-Silva (2007) no Estado de Minas Gerais e ros e odorosos, interestratificados com folhelhos cin-
posicionado no topo da Formação Jequitaí, embora a za, esverdeado e creme, siltito e marga. Os calcareni-
mesma permaneça cartografada no conjunto do Grupo tos apresentam estratificações ondulada, cruzada do
Bambuí, como definido por Moraes Filho (1997). tipo hummocky, alem de estruturas flaser e marcas

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de ondulação. Outras feições presentes são estiloli- (1996) de Bacia do São Francisco que, segundo Alk-
tos e nódulos achatados paralelos ao acamadamen- mim & Martins-Neto (2001), torna-se, no tempo Bam-
to. Esta associação se caracteriza pela equivalência buí, uma bacia de antepaís na sua parte sul, no Estado
quantitativa dos termos carbonáticos e siliciclásticos; de Minas Gerais, onde atua como sítio receptor de se-
dimentos provenientes de áreas vizinhas soerguidas.
(ii) Associação superior, formada de calcarenitos, às
vezes intraclásticos e oncolíticos e calcissiltito, escu-
ros e odorosos, interestratificados com folhelhos cin-
za, esverdeado e creme, siltito e marga. Os calcareni- 8 Estilos Deformacionais
tos apresentam estratificações, ondulada, lenticular,
cruzadas dos tipos sigmoidal, hummocky, espinha-
dos Supergrupos Espinhaço
-de-peixe, além de estruturas flaser e marcas de e São Francisco
ondulação. Outras feições presentes são estilólitos e
nódulos achatados paralelos ao acamadamento. Esta Em grande parte da Chapada Diamantina, da Serra
associação, ao contrário da anterior, se caracteriza do Espinhaço Setentrional e da região ocidental da
pelo predomínio das litofácies carbonáticas sobre as Bahia, as rochas dos Supergrupos Espinhaço e São
siliciclásticas. Francisco encontram-se deformadas. Nesses setores,
o arcabouço tectônico é constituído por dobras, falhas
A Formação Serra da Saudade compreende segundo reversas, de empurrão e transcorrentes, que refletem
Dardenne (1978), um pacote de metassiltito e ardósia o processo de inversão durante o Evento Brasiliano
interestratificados, sobreposto aos carbonatos e peli- (Alkmim et al. 1996, Cruz & Alkmim 2006) das bacias
tos da Formação Lagoa do Jacaré e recoberto pelos sucessoras hospedeiras das unidades de cobertura,
depósitos siliciclásticos cretáceos do Grupo Urucuia cuja origem remonta ao paleoproterozoico período
(CAPÍTULO XIII). estateriano (Tab.III.1), por volta de 1.75Ga (Neves et al.
1980). As deformações registradas nas unidades de
Moraes Filho (1997) e Chiavegatto & Dardenne (1997) cobertura representam, além disso, o avanço, cráton
interpretam as formações do Grupo Bambuí como adentro, das frentes orogênicas desencadeadas nas
acumuladas em ambiente marinho raso a litorâneo, faixas brasilianas que o margeiam (Almeida 1977, Al-
com ação de tempestades e marés. Zalán & Romeiro- meida et al. 1978, Alkmim et al. 1993, 1996).
-Silva (2007) estimam que a deposição desse conjunto
de rochas se deu entre 700 e 600Ma, enquanto estudo Entre os domínios fisiográficos da Chapada Diaman-
geocronológico realizado por Rodrigues (2008) em tina e do Espinhaço Setentrional, individualiza-se
zircões detríticos retirados da porção média da For- uma zona de grande intensidade de deformação com
mação Sete Lagoas indicam uma idade máxima para orientação NNW-SSE, definida como o Corredor de
essa sedimentação de 609Ma. Deformação do Paramirim (Alkmim et al. 1993) (CA-
PÍTULO X). Por outro lado, no oeste baiano, i.e., na
As rochas das Formações Bebedouro, Jequitaí, Salitre porção norte da Bacia do São Francisco, as unidades
e do Grupo Bambuí localizadas no interior do Cráton de cobertura encontram-se deformadas nas zonas
do São Francisco, que compõem o Supergrupo São pericratônicas, compondo o cinturão de antepaís das
Francisco no Estado da Bahia, preenchem uma am- Faixas Rio Preto - Riacho do Pontal (Alkmim et al.
pla sinéclise intracratônica designada por Dominguez 1996) (CAPÍTULO IX) (Figs.VIII.34, VIII.35).

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Figura VIII.34 - Arcabouço tectônico do Supergrupo Espinhaço e São Francisco enfatizando as principais unidades geológicas e estruturas
tectônicas de idade neoproterozoica. ES- Espinhaço Setentrional e CD- Chapada Diamantina. Zonas de cisalhamento: 1- Paramirim,
2- Barra do Mendes-João Correia, 3 - Santo Onofre, 4 - Muquém, 5 - Carrapato. (Modificado de Cruz 2004)

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Figura VIII.35 - Seções geológicas esquemáticas e principais estruturas regionais dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco. A posição das
seções está apresentada na Figura VIII.34. (Modificado de Cruz 2004)

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8.1 Corredor de Deformação do Danderfer Filho 1990, 2000, Danderfer Filho et al. 1993,
Paramirim Alkmim et al. 1993, Cruz & Alkmim 2006).

Atravessa toda a porção baiana do Cráton do São Fran- 8.1.1 Cinturão de Falhamentos e Dobramentos
cisco e é constituído por dois cinturões de falhamentos da Chapada Diamantina
e dobramentos de vergências opostas: os cinturões da
Chapada Diamantina e da Serra do Espinhaço Seten- Compreende quatro domínios caracterizados por di-
trional, localizados respectivamente, a leste e a oeste ferentes estilos e intensidades de deformação: oci-
do corredor. Nas suas terminações a norte e a sul, o dental, oriental, setentrional e meridional. Os dois
Corredor de Deformação do Paramirim interage com primeiros domínios são limitados pela zona de cisa-
as faixas marginais Rio Preto e Araçuaí, o que dá ori- lhamento Barra do Mendes-João Correia, o domínio
gem a domínios de grande complexidade estrutural. setentrional abrange as “sub-bacias” de Irecê e Cam-
Devido a essas interações e à variação da intensidade pinas, e o domínio meridional, a “sub-bacia” de Ituaçu
de deformação, esta em função da distância das faixas (Figs.VIII.2, VIII.27, VIII.34, VIII.35).
marginais, separam-se no Corredor de Deformação do
Paramirim, na região da Chapada Diamantina, quatro O domínio ocidental caracteriza-se por apresentar
domínios tectônicos limitados por descontinuidades uma deformação endodérmica que afetou rochas do
estruturais: ocidental, oriental, setentrional e meri- Supergrupo Espinhaço e do embasamento (Dander-
dional, e na Serra do Espinhaço, três segmentos: se- fer Filho 1990, Cruz et al. 1998, Bento 2001, Cruz et
tentrional, central e meridional. Nesse último caso, o al. 2007), materializada por falhas inversas e de em-
segmento setentrional abrange a região de interação purrão e por dobras de orientação preferencial NNW
com a faixa Rio Preto, com limite sul na cidade de com vergência dirigida para ENE (Figs.VIII.34 e VIII.36)
Ibotirama, o segmento meridional abarca a zona de As magnitudes de deformação neste domínio crescem
interação com a Faixa Araçuaí (Cruz 2004, Cruz & Alk- em direção a sudoeste e são acompanhadas pelo in-
mim 2006, Pedrosa-Soares et al. 2007, Alkmim et al. cremento do metamorfismo, com formação de uma
2007), com limite norte na cidade de Macaúbas (CA- paragênese constituída por mica branca, cloritoide
PÍTULO X), ao passo que o segmento central, locali- e quartzo. Nele, predominam dobras assimétricas,
zado geograficamente entre as cidades de Ibotirama e fechadas, reviradas, com proeminente foliação de
Macaúbas, compreende a porção onde se verificam as plano axial e estruturas intra e interestratais (zonas
menores intensidades de deformação e onde podem de cisalhamento, tension gashes, S/C, duplex, leques
ser encontradas estruturas do rift Espinhaço ainda imbricados) (Figs.VIII.4, VIII.5, VIII.6) de meso e micro-
preservadas nas suas condições originais (Danderfer escala, com lineação de estiramento mineral de alta
Filho 2000) (Fig.VIII.34). obliquidade (Fig.VIII.6). Essas estruturas envolvem o
acamadamento primário e marcam o desacoplamen-
Como se pode deduzir da leitura das seções anteriores, to do embasamento e da cobertura através de uma
a região onde se instalou o Corredor do Paramirim cor- superfície de descolamento. Zonas de cisalhamen-
responde à zona das calhas principais e do alto interno to inversas a oblíquas, de alto ângulo, envolvendo o
do rift precursor das bacias sucessoras receptoras das embasamento truncam as dobras e estruturas intra
rochas dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco. e interestratais anteriormente mencionadas. Nas
A sua inversão em regime compressional, foi levada cercanias da cidade de Paramirim (Fig.VIII.34) e na
a efeito através da reativação das falhas normais que anticlinal de Jussiape essas zonas de cisalhamen-
condicionaram o rift estateriano (Costa & Inda 1982, to provocam inversões estratigráficas nas unidades

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do Supergrupo Espinhaço (Fig.VIII.35, seção C”, C, C’)
(Costa & Inda 1982, Danderfer Filho 1990, 2000, Cruz
et al. 1998, Bento 2001, Cruz 2004, Guimarães et al.
2005, Cruz & Alkmim 2006, Cruz et al. 2007). Os prin-
cipais depósitos primários de ouro desse domínio
estão associados com esse sistema de cisalhamento
(Fig.VIII.12) (Guimarães et al. 2005). Por fim, ao longo
de toda a borda oeste da Chapada Diamantina, falhas
normais rotacionam as estruturas compressionais
anteriormente nucleadas.

O domínio oriental coincide com a região em que o Figura VIII. 36 - Zona de cisalhamento que coloca o embasamento
sobre as unidades do Supergrupo Espinhaço na região de
embasamento mais antigo que 1.8Ga não está envol-
Paramirim.
vido na deformação da cobertura proterozoica. Nesse
domínio, o arcabouço tectônico é dominado por dobras
abertas (Fig.VIII.16), muitas vezes desarmônicas, com
orientação geral NNW-SSE a N-S, e por estruturas re-
lacionadas com deformações intraestratais (Fig.VIII.34).

O domínio setentrional, bem caracterizado nas regi-


ões de Irecê e Sobradinho, apresenta um conjunto de
dobras e falhas de empurrão de direção geral E-W,
formadas através de movimentos de massa dirigidos
de norte para sul, provenientes da Faixa de Dobra-
mento Rio Preto-Riacho do Pontal (Lagoeiro 1990).
Essas estruturas sucedem a família de estruturas dos
domínios anteriores e as suas interações resultam em Figura VIII. 37 - Dobras assimétricas com vergência para norte na
“sub-bacia” Ituaçu.
um padrão de interferência do tipo domo e bacia. Na
região de Gentio do Ouro as estruturas do Domínio
setentrional são representadas por um conjunto de
zonas de cisalhamento compressionais, com movi-
mentos direcionais dextrais e sinistrais e orientação
NW-SE e NE-SW, que hospedam importantes mine-
ralizações de ouro da Chapada Diamantina.

O domínio meridional, presente apenas na “sub-bacia”


Ituaçu, localiza-se na parte sul da Chapada Diamantina
e compreende o conjunto de estruturas mais antigas da
região, representado por falhas de empurrão e rever-
sas, além de dobras com orientação geral WNW/ESSE
que foram geradas em condições epidérmicas, tangen- Figura VIII. 38 - Dobras assimétricas com vergência para norte na
“sub-bacia” Ituaçu.
ciais, e por movimentos dirigidos de sul para norte pro-
venientes da Faixa de Dobramentos Araçuaí (Fig.VIII.37)

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(Neves & Pedreira 1992, Cruz 2004, Cruz et al. 2007). sinistral, ativa durante a Orogênese Brasiliana, que
A essas estruturas se superpõem dobras com orienta- foi responsável pelo transporte tectônico para SSE de
ção geral NNW-SSE que estrutura a braquissiclinal de rochas metapelíticas do Grupo Rio Preto. Esse mo-
Ituaçu e zonas de cisalhamento reversas. vimento produziu dobramentos e cavalgamentos de
antepaís e epidérmicos que adentram no Cráton do
Em resumo, no Cinturão de Dobramentos e Cavalga- São Francisco por dezenas de quilômetros (Loureiro
mentos da Chapada Diamantina as estruturas mais et al. 2008, 2009).
antigas, com orientação WNW/ESSE, associam-se
com deformações compressionais a transpressionais O segmento central, localizado entre as cidades de
dirigidas para NNE, que predominam na “sub-bacia Ibotirama e Caetité, é caracterizado segundo Dan-
de Ituaçu”. Essas estruturas foram rotacionadas por derfer Filho (2000), por quatro domínios tectônicos
um sistema de falhas reversas/empurrão e por do- dispostos segundo NNW-SSE, limitados de oeste para
bras com orientação geral NNW/SSE com vergência leste, pelas falhas de Muquém, Santo Onofre e Car-
para ENE que envolvem o embasamento cristalino na rapato (Figs.VIII.34, VIII.35, perfil B-B’), nucleadas du-
região de Paramirim e Jussiape. As estruturas com- rante a evolução bacinal e invertidas durante a fase
pressionais tangenciais mais jovens desse cinturão compressional formadora do cinturão. Dobras, ho-
foram reconhecidas nas regiões de Irecê e Sobradinho moclinais e zonas de cisalhamento dúctil-rúpteis de
e possuem orientação geral E-W, sendo truncadas por orientação geral NNW/SSE, compõem o arcabouço
zonas transpressionais de alto ângulo. estrutural desses domínios.

8.1.2 Cinturão de Falhamentos e Dobramentos A Falha do Muquém se caracteriza como uma estrutu-
do Espinhaço Setentrional ra de alto ângulo, de caráter reverso sinistral e vergên-
cia para oeste (Danderfer Filho 2000). Limita, a leste,
Esse cinturão, subdividido nos segmentos setentrio- um conjunto de estruturas homoclinais observadas,
nal, central e meridional, é caracterizado pela asso- sobretudo, acima do paralelo 12º45’S. Até o paralelo
ciação entre dobras abertas e fechadas e zonas de 13º45’S, essa falha interfaceia as unidades do Super-
cisalhamento dúctil-rúpteis (Costa & Inda 1982, Lou- grupo Espinhaço e do embasamento. Esse conjunto de
reiro et al. 2008, 2009) (Figs.VIII 34, VIII.35). estruturas foi denominado por Loureiro et al. (2008,
2009) como “Sistema de Falhas de Ibotirama”.
O segmento setentrional, cujo limite sul é a cidade
de Ibotirama, apresenta duas famílias de estruturas: A Falha de Santo Onofre, no segmento central do cintu-
uma composta por falhas de empurrão e dobras de rão, apresenta mergulhos elevados para ENE e indica-
orientação geral WSW-ENE, geradas a partir de mo- dores cinemáticos que atestam movimentos reversos a
vimento de massa dirigido de norte para sul, com foco reversos sinistrais. Essa falha é responsável por colocar
na Faixa de Dobramentos Rio Preto-Riacho do Pon- os sedimentos do Supergrupo Espinhaço sobre o em-
tal, outra família de estruturas com orientação NW- basamento. Além disso, nas proximidades da falha, os
-SE, cujo representante principal é a Falha de Santo sedimentos desse supergrupo encontram-se fortemen-
Onofre, que possui uma história deformacional mar- te dobrados (Fig.VIII.38) com proeminente foliação pla-
cada por sucessivas reativações tectônicas. Esta falha no axial. Essa relação indica claramente que a falha de
estende-se por cerca de 500km, desde a região de Santo Onofre é uma falha normal invertida. De acordo
Barra, a norte, até a região da Licínio de Almeida, a com Loureiro et al. (2008, 2009), nesse setor essa estru-
sul. No segmento setentrional do Espinhaço a falha tura representa um sistema de falhas ou uma zona de
de Santo Onofre funcionou como uma rampa lateral cisalhamento rúptil-dúctil, subvertical, transcorrente-

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-transpressional oblíqua sinistral, que gerou foliações e para WSW com flancos, ora normais, ora invertidos e
falhas laterais divergentes (flor positiva). feições de deslizamentos intraestratais, responsáveis
por nuclear uma foliação S1//S0. Foliação plano-axial
A Falha do Carrapato (Fig.VIII.34), instalada na borda S2 é proeminentemente desenvolvida nas dobras. Em
leste do Espinhaço, justapõe rochas do Supergrupo direção a sul, na região de Licínio de Almeida, há uma
Espinhaço ao embasamento. Trata-se de uma falha paralelização total entre as estruturas primárias e as
de alto ângulo, com variações de mergulho para les- deformacionais e lascas do embasamento podem ser
te e para oeste. Acima do paralelo 12o45’S, mergulha verificadas no domínio da cobertura sedimentar. (CA-
com cerca de 25o para WSW. Na altura do paralelo PÍTULO III, IV) Neste setor, a foliação deformacional
12o45’ , apresenta-se subvertical, e próximo à cidade é de alto ângulo e desenvolve-se uma proeminente
de Tanque Novo, passa a mergulhar 70o para ENE. clivagem de crenulação de orientação geral NE-SW
Quando mergulha para WSW, os indicadores cinemá- e mergulhos moderados a baixos dirigidos para NW.
ticos sugerem movimentos reversos para ENE. Já nos
segmentos em que o mergulho é para ENE, os mo-
vimentos aparentes associados são normais. O que 8.2 deformação das Coberturas da
ocorreu com a Falha do Carrapato, cuja morfologia Região Ocidental
geral é helicoidal (Danderfer Filho 2000), é um fenô-
meno comum em sistemas invertidos com a partici- Também do ponto de vista estrutural, a porção oeste
pação efetiva do embasamento. Reativada como falha do Estado da Bahia, cuja área de ocorrência das co-
reversa e mergulhante para WSW, a Falha do Carra- berturas cratônicas corresponde à Bacia Sedimentar
pato teve o seu segmento sul possivelmente rotacio- do São Francisco, representa o domínio menos estu-
nado para oeste por ação do alçamento do bloco da dado. Os seus setores deformados situam-se nas por-
lapa. Isso se deu em virtude do intenso encurtamento ções noroeste e sudoeste do Estado, respectivamente,
atingido por efeito da compressão WSW-ENE. Sendo nas zonas externas das Faixas de Dobramentos Rio
a rotação em questão passiva, os indicadores cinemá- Preto-Riacho do Pontal e Araçuaí.
ticos pré-existentes ficaram como que “congelados”,
indicando, portanto, movimentação normal. A Faixa de Dobramento Rio Preto-Riacho do Pontal
(Costa et al. 1975, Almeida 1977, Inda & Barbosa 1978,
O segmento meridional, localizado entre a cidade Silva 1987) (CAPÍTULO IX) envolve o embasamento
de Caetité e o limite com o Estado de Minas Gerais, cristalino, o Grupo Rio Preto e o Grupo Bambuí. As suas
caracteriza-se pelo incremento nas deformações porções, intermediária e externa, situam-se no interior
compressionais e pelo estreitamento da faixa de ro- do cráton e constituem um sistema de dobramentos e
chas do Supergrupo Espinhaço. Esse segmento é falhamentos de direção WSW-ENE de dupla vergência
bordejado pelas falhas ou zonas de cisalhamento de (Silva et al. 1989). Na direção sul, a zona externa da
Santo Onofre, a oeste, e do Carrapato, a leste. A Falha Faixa Rio Preto-Riacho do Pontal fica exposta no setor
de Santo Onofre apresenta neste segmento mergu- compreendido entre a vila de Cariparé e a cidade de
lhos elevados para ESE e indicadores cinemáticos que Santa Rita de Cássia, a norte; e São Desidério e Cote-
sugerem movimentos reversos com vergência para gibe, a sul (Fig.VIII.34). Nesta região os dobramentos
WNW. A Falha do Carrapato, por sua vez, apresenta atenuam-se progressivamente em direção a SW, de
mergulhos suaves e movimento reverso com vergên- modo que, no restante da área da Bacia do São Fran-
cia para WSW. As deformações neste compartimen- cisco, até a altura da cidade de Palmas de Monte Alto,
to crescem em direção a ambas as falhas. Na parte as rochas do Supergrupo São Francisco encontram-se
central do segmento observam-se dobras vergentes indeformadas.

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A segunda zona deformada da Bacia do São Francis- um grande horst (Alkmim et al. 1993, Guimarães et al.
co no oeste baiano corresponde à região da Serra de 2005). O gráben ou ramo oriental do sistema corres-
Palmas de Monte Alto e adjacências (Fig.VIII.2). Nesta ponde à porção oeste da atual Chapada Diamantina; o
área de influência da Faixa Araçuaí, Bertholdo (2003) gráben ocidental refere-se à atual parte leste da Ser-
documentou falhas reversas, de empurrão e dobras ra do Espinhaço Setentrional. O bloco do Paramirim
de orientação preferencial NNW-SSE, as quais refle- representa o antigo horst, posicionado entre os dois
tem transporte tectônico dirigido para o interior do ramos mencionados. Essas fossas tectônicas arma-
cráton, i.e., para WSW. Segundo o autor, a Serra de zenam, na Chapada Diamantina, rochas metassedi-
Palmas de Monte Alto corresponde a uma grande ho- mentares continentais e marinhas da Formação Ser-
moclinal inclinada para WSW com mergulhos de 10º ra da Gameleira (fase pré-rift), do Grupo Rio dos Re-
a 15º, constituída por rochas do Supergrupo Espinha- médios (sinrift) e do Grupo Paraguaçu (pós-rift), e no
ço e Grupo Macaúbas. Na extremidade norte da Ser- Espinhaço Setentrional, as unidades continentais da
ra de Palmas de Monte Alto, uma falha de empurrão Formação Algodão (fase pré-rift) e Grupo Oliveira dos
lança rochas do embasamento e do Supergrupo Espi- Brejinhos (fase sinrift) (Quadro VIII.2) (Fig.VIII.39a).
nhaço sobre unidades do Supergrupo São Francisco,
que a poucos quilômetros a oeste deste contato já se Segundo Guimarães et al. (2005), Loureiro et al. (2008)
encontra indeformado. e Guimarães (2008), três outros eventos maiores, for-
madores de bacias, tiveram lugar na porção seten-
trional do Cráton do São Francisco após a tafrogênese
estateriana.
9 Síntese e Evolução
Tectônica O primeiro desses eventos, de idade calimiana, ini-
ciado há cerca de 1,6Ga compreende uma ampla si-
A partir do período Estateriano da Era Paleoprotero- néclise que extravasou de forma considerável os li-
zoica até o período ediacarano da Era Neoproterozoi- mites do rift Espinhaço e resultou na acumulação dos
ca (Tab.III.1), a porção norte do Cráton do São Fran- depósitos dos Grupos Chapada Diamantina, na região
cisco situada no território da Bahia experimentou homônima, e São Marcos, na Serra do Espinhaço (Fig.
uma sucessão de eventos de subsidência, alternados VIII.39b). Outra possibilidade interpretativa para esse
com períodos de soerguimento. Durante os eventos evento de subsidência que se aventa aqui é a de que
de subsidência, formaram-se, através de diversos o mesmo possa corresponder a uma segunda fase de
mecanismos, as bacias receptoras das unidades de rifteamento, desenvolvida a partir da reativação das
cobertura, que hoje se encontram superpostas e par- calhas formadas no evento estateriano. Neste mo-
cialmente invertidas, como se deduz da leitura das delo, essas calhas tectônicas são preenchidas com
seções anteriores. os depósitos da base da Formação Tombador (Grupo
Chapada Diamantina) e seus correlativos no Espinha-
O primeiro episódio de subsidência teve lugar no pe- ço Setentrional, as rochas metassedimentares e me-
ríodo estateriano, há cerca de 1,75Ga e foi responsável tavulcânicas basais do Grupo São Marcos. Esta etapa
pela formação de um sistema de rifts, que extrapola tectônica foi seguida por uma fase de subsidência
em muito os limites do atual Cráton do São Francisco flexural, que gerou uma ampla sinéclise preenchi-
(Neves et al. 1996, Alkmim & Martins-Neto 2001). No da pelas unidades das porções média e superior da
território baiano, tal sistema compreende dois exten- Formação Tombador e demais unidades dos grupos
sos grábens de orientação NNW-SSE, separados por Chapada Diamantina e São Marcos.

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Outro evento formador de bacia ocorreu provavel- te influenciada, entre 850 e 750Ma, é registrada pelas
mente, entre o Ectasiano e Esteniano (1,4 a 1,0Ga) Formações Jequitaí, Bebedouro e, possivelmente, pela
(Tab.III.1). Trata-se da sinéclise Morro do Chapéu/ base das Formações Sete Lagoas do Grupo Bambuí e
Santo Onofre (Fig.VIII.39b). Os registros dos depósitos Salitre; a segunda fase, entre 740 e 600Ma, pelo res-
da sinéclise Morro do Chapéu apresentam dimensões tante da coluna do Grupo Bambuí (Vieira et al. 2007,
relativamente reduzidas, quando se comparam com Pedrosa-Soares et al. 2008, Rodrigues 2008, Babinski
aqueles dos demais eventos, enquanto as unidades et al. 2007) (Fig.VIII.39b).
da sinéclise Santo Onofre, bem mais expressivas em
termos de área de exposição, ocupam toda a metade A acumulação do Grupo Bambuí deu-se em uma am-
ocidental do Espinhaço baiano e se projetam para sul pla sinéclise intracratônica que, segundo Alkmim &
no Estado de Minas Gerais. Martins-Neto (2001) torna-se, na porção sul do crá-
ton, uma bacia de antepaís, que atua como sítio re-
No final do período toniano e início do período crio- ceptor de sedimentos provenientes das faixas de do-
geniano, a peça continental hoje correspondente ao bramento que, já soerguidas, o contornavam.
Cráton do São Francisco e suas margens foi subme-
tida a novo evento distensional. As estruturas rift/ Em concomitância com a sedimentação Bambuí, as
sinéclises pré-existentes foram reativadas e calhas frentes orogênicas brasilianas atingem parcialmen-
foram nucleadas. Acumularam neste episódio as uni- te a zona cratônica. Formam-se então, no período do
dades basais e mediais do Grupo Macaúbas (Alkmim ediacarano (635-542Ma), o Corredor do Paramirim e
& Martins-Neto 2001, Pedrosa-Soares et al. 2008). as zonas deformadas nas unidades de cobertura do
Porém, tanto a Formação Bebedouro, quanto a For- centro-oeste baiano. No caso do Corredor do Para-
mação Jequitaí no território baiano, correlativas do mirim este processo envolve, basicamente, a inversão
Grupo Macaúbas, não mostram evidências de sedi- das estruturas rift/sinéclises pré-existentes, gerando
mentação sinrift, como se verifica no Estado de Minas estilos tectônicos um tanto particulares, nos quais o
Gerais. De qualquer modo, a partir do período crioge- embasamento também é envolvido na deformação da
niano dá-se a acumulação das rochas do Supergrupo cobertura (Akmim et al. 1993, 1996, Guimarães et al.,
São Francisco em duas fases: a primeira, glacialmen- 2005, Cruz & Alkmim, 2006) (Fig.VIII .39c).

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a

Figura VIII.39 - Proposta de modelo evolutivo dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco do estateriano ao ediacarano. (a) Formação do
sistema de rifts Espinhaço, no estateriano; (b) Formação das sinéclises intracratônicas Chapada Diamantina/São Marcos, no calimiano,
Morro do Chapéu/Santo Onofre, no ectasiano/esteniano e São Francisco, no criogeniano/ediacarano; (c) Inversão das bacias com
envolvimento do embasamento, no ediacarano (Orogênese Brasiliana).

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Faixa de
Dobramentos
Rio Preto e Riacho
Capítulo IX do Pontal
Alexandre Uhlein (UFMG)
Fabrício A. Caxito (UFMG)
Marcos Egydio-Silva (USP)
Johildo F. S. Barbosa (UFBA)

1 Introdução
A compartimentação geotectônica do território brasileiro é em grande parte herdada da Orogênese Brasiliana/
Pan-Africana, evento tectono-termal responsável pela amalgamação do paleocontinente Gondwana, cujas ma-
nifestações datam do final do Proterozoico ao início do Paleozoico (Almeida 1967, 1977, Trompette 1994). Esse
evento está registrado nas faixas de dobramentos e empurrões brasilianas que circundam os crátons, regiões
relativamente poupadas da deformação neoproterozoica, representantes dos fragmentos continentais envolvidos
na colagem do supercontinente.

O Cráton do São Francisco (Almeida 1977) (Fig.IX.1) engloba os estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás e Tocantins,
apresentando uma contraparte africana conhecida como Cráton do Congo. Almeida (1977) optou convencional-
mente por delimitar o Cráton do São Francisco nas falhas de empurrão mais externas das faixas de dobramentos
que o circundam: Sergipana (CAPÍTULO XI), Riacho do Pontal e Rio Preto, na margem norte; Brasília, nas mar-
gens oeste e sul; e Araçuaí, na margem sudeste (CAPÍTULO X). Trabalhos posteriores sugeriram algumas rede-
limitações nos limites originais do Cráton (Egydio-Silva 1987, Alkmim et al. 1993, Alkmim 2004). Uma proposta
diferente foi apresentada por Trompette et al. (1992) que, baseados na deformação brasiliana do Supergrupo
Espinhaço nos estados de Minas Gerais e Bahia (Uhlein 1991), sugeriram a existência de dois crátons, separados
pelo Bloco ou Faixa Paramirim.

Fa i xa d e Do b ra m en to s Ri o Preto e Ri ach o d o Pontal • 87

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O Cráton do São Francisco representa um fragmento sinéclise durante o Mesoproterozoico. O registro des-
continental antigo, composto por núcleos arqueanos sa sedimentação é relacionado ao Supegrupo Espi-
unidos por cinturões orogênicos paleoproterozoicos nhaço, que faz parte do embasamento retrabalhado
(~2,0Ga, Alkmim 2004). Tal fragmento antigo sofreu da Faixa Araçuaí, além de representar a cobertura
pelo menos dois eventos tafrogênicos. mais antiga do Cráton do São Francisco, na região do
Bloco do Paramirim, no Estado da Bahia (Alkmim et
O primeiro, de idade inicial estateriana (~1,75Ga, Bri- al. 1993, Schobbenhaus 1996).
to-Neves et al. 1996), foi responsável pela formação
de um sistema de rifts intracontinentais ramificados, O segundo evento tafrogênico, de idade inicial To-
com deposição de espessa sequência metavulcanos- niana (~1000-850Ma), é marcado por expressiva
sedimentar, seguida por depósitos de bacias do tipo sedimentação glaciogênica, representada pelas For-

Figura IX.1 - Mapa geológico simplificado da porção norte do Cráton do São Francisco e das faixas dobradas neoproterozoicas,
com a localização das faixas Rio Preto e Riacho do Pontal. Modificado de Schobbenhaus et al. (1995).

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mações Jequitaí, em Minas Gerais, e Bebedouro, na 2 Faixa Rio Preto
Bahia (Uhlein et al. 2004). Durante o Neoproterozoi-
co, desenvolveram-se, nas bordas cratônicas, bacias
de margem passiva com sedimentação gravitacional 2.1 Evolução do Conhecimento
(fluxos de detritos e correntes de turbidez) e alguma
contribuição glacial. Essas rochas estão preserva- A Faixa Rio Preto está situada na porção noroeste do
das nas faixas dobradas, constituindo várias uni- Estado da Bahia, entre Riachão das Neves e Formosa
dades estratigráficas que representam a inversão do Rio Preto (Figs.IX.1, IX.3), a cerca de 150km ao nor-
tectônica e o metamorfismo das margens passivas te da cidade de Barreiras. A cidade de Formosa do Rio
originais, formadas durante a Orogênese Brasiliana Preto, situada na porção central da faixa dobrada, é o
(~600-540Ma). Faixas dobradas neoproterozoicas re- município baiano mais distante da capital do Estado,
presentam então bacias sedimentares desenvolvidas Salvador (cerca de 1.030km).
nas bordas do paleocontinente São Francisco, que
sofreram processos de inversão tectônica relaciona- A região da Faixa Rio Preto e a porção noroeste do
dos à Orogênese Brasiliana, transformando-se em Cráton do São Francisco compreendem duas impor-
cadeias de montanhas. Com a inversão tectônica nas tantes unidades fisiográficas do oeste do Estado da
faixas dobradas, relacionada a Orogênese Brasiliana, Bahia: a Planície do Rio São Francisco e o Chapadão
formou-se também o Cráton do São Francisco, que do Urucuia (Fig.IX.2). A Planície do Rio São Francisco,
representa a região poupada pela deformação oroge- na porção oriental é composta por terrenos aplaina-
nética. dos, com altitude variando entre de 550 a 400 metros
e com vegetação do tipo caatinga. O Chapadão do
Ao final do Neoproterozoico, o Cráton do São Fran- Urucuia (ou Chapadão dos Gerais), na porção ociden-
cisco experimentou um episódio de transgressão ma- tal, aparece como um platô suborizontal, com cotas
rinha, com a deposição do Grupo Bambuí, em parte que variam de 790 a 700 metros. Essa unidade pos-
relacionado a um regime flexural ligado à sobrecarga sui continuidade para sul e oeste, até os estados de
de frentes orogênicas que começavam a se formar, Goiás e Minas Gerais, e representa, assim, um divisor
em especial, pela Faixa Brasília (Dardenne 2000). de águas importante entre as bacias hidrográficas do
Rio São Francisco (a leste) e dos rios Tocantins-Ara-
O objetivo deste capítulo IX é descrever a evolução guaia (a oeste). Na transição entre os dois domínios
geológica das Faixas Rio Preto e Riacho do Pontal, descritos, ocorrem as melhores exposições rochosas
que ocorrem respectivamente nos limites noroeste e precambrianas da região, em escarpas normalmente
norte do Cráton do São Francisco. A figura IX.1 apre- íngremes e de difícil acesso, com vegetação do tipo
senta a região norte do Cráton do São Francisco e as caatinga e cerrado, onde afloram as rochas metasse-
faixas Rio Preto, Riacho do Pontal e Sergipana. Na dimentares da Faixa Rio Preto.
área cratônica destacam-se o embasamento, o Su-
pergrupo Espinhaço, que ocorre na Serra homônima É possível modelar a evolução geomorfológica do
e também na Chapada Diamantina, o Grupo Bambuí oeste baiano como o resultado da erosão remontante
(a oeste) e o Grupo Una (cobertura neoproterozoica da Superfície Sulamericana (King 1956), importante
na Chapada Diamantina). O limite do Cráton do São peneplano gerado no Paleogeno, que tornou aflo-
Francisco aparece indicado na figura, conforme tra- rantes as rochas proterozoicas da Faixa Rio Preto nas
balho pioneiro de Almeida (1977), com modificações escarpas a leste do Chapadão do Urucuia. Essa expo-
introduzidas por Egydio-Silva (1987) e Alkmim (2004). sição evoluiu em pelo menos dois ciclos de aplaina-

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Figura IX.2 - Seção esquemática com os principais elementos geomorfológicos do noroeste baiano (Egydio-Silva 1987).

mento principais: Velhas, com o desenvolvimento de Jardim de Sá & Hackspacher (1980) realizaram um
ampla sedimentação paleógena/neógena sobre as reconhecimento estrutural na borda noroeste do Crá-
rochas metassedimentares da Faixa Rio Preto, e Pa- ton do São Francisco, identificando quatro fases de
raguaçu, no Neógeno, com erosão desses sedimentos deformação. Esses autores posicionaram o Grupo Rio
junto às rochas mais antigas e deposição às margens Preto no Paleoproterozoico, por correlação com as ro-
do Rio São Francisco, mais a leste. chas supracrustais da Faixa Riacho do Pontal, que, na
época, eram consideradas como mais antigas do que
O trabalho pioneiro que abrange a geologia da Faixa o Grupo Chapada Diamantina.
Rio Preto é atribuído a Moraes Rego (1926), que exe-
cutou um mapeamento na escala 1:1.000.000 da par- Barbosa (1982) efetuou dissertação de mestrado so-
te ocidental da Bahia, seguido por Domingues (1947), bre os depósitos de manganês do oeste da Bahia. Este
em um estudo regional do centro-oeste do Estado. autor interpreta uma idade neoproterozoica para o
Grupo Rio Preto, com deposição aproximadamente
Moutinho da Costa et al. (1971) realizaram importante contemporânea ao Grupo Bambuí.
mapeamento básico na escala 1:250.000, definindo os
principais ambientes geológicos e tectônicos na re- Egydio-Silva (1987), em sua tese de doutorado, efe-
gião noroeste da Bahia. tuou um importante trabalho na região da Faixa Rio
Preto e na cobertura cratônica do Grupo Bambuí, de-
Santos et al. (1977) realizaram mapeamento geológi- lineando os principais aspectos litoestratigráficos, es-
co regional na Folha Rio São Francisco, englobando truturais e tectônicos do noroeste da Bahia. Este autor
as rochas metassedimentares do noroeste baiano sob relocou grande parte do Grupo Rio Preto na base do
a denominação de Grupo Rio Preto e situando-o, es- Grupo Bambuí (Formação Canabravinha), conside-
tratigraficamente, acima do Grupo Chapada Diaman- rando o restante do Grupo Rio Preto como correlato
tina, do Mesoproterozoico, e abaixo do Grupo Bambuí, ao Grupo Chapada Diamantina, do Mesoproterozoico
do Neoproterozoico. (Egydio-Silva et al. 1989). Tal interpretação foi utili-
zada no Programa de Levantamentos Geológicos Bá-
Inda & Barbosa (1978) confeccionaram o Mapa Ge- sicos da CPRM - Companhia de Pesquisa e Recursos
ológico do Estado da Bahia, na escala 1:1.000.000, e Minerais e no mapeamento das folhas Formosa do
estenderam a estratigrafia da Serra do Ramalho para Rio Preto, Santa Rita de Cássia, Curimatá, Corrente
todo o Grupo Bambuí aflorante no oeste baiano e e Xique-Xique (Andrade Filho et al. 1994, Arcanjo &
efetuaram um perfil regional no noroeste da Bahia, Braz Filho 1999).
definindo as zonas cratônica, pericratônica e geossin-
clinal, esta última denominada como região de do- Egydio-Silva (1987) apresentou uma compartimen-
bramentos Rio Preto. tação em cinco domínios estruturais para o noroeste

90 • G eolog i a da B a hi a

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baiano. Esses domínios são separados por grandes Formação Formosa, e neoproterozoica (850-600Ma)
descontinuidades (falhas), em função do grau meta- para a Formação Canabravinha (Fig.IX.3).
mórfico e do tipo de deformação predominante (Fig.
IX.3). Dessa forma, foram individualizados, de sul para
norte: (i) o Domínio Cratônico, com rochas carboná- 2.2 Estratigrafia
ticas sub-horizontais (Formação São Desidério, Gru-
po Bambuí); (ii) o Domínio Pericratônico, com rochas A Faixa Rio Preto compreende um embasamento ar-
metassedimentares do Grupo Bambuí mostrando do- queano-paleoproterozoico composto por gnaisses e
bras assimétricas vergentes para o sul; (iii) o Domínio anfibolitos (Complexo Cristalândia do Piauí, Comple-
Distal de Vergência Centrífuga, constituído pela For- xo Gnáissico-Migmatítico; Arcanjo & Braz Filho 1994,
mação Canabravinha, com três fases de deformação e 1999), uma sequência metavulcanossedimentar paleo-
estrutura em leque assimétrico; (iv) o Domínio Inter- proterozóica (Formação Formosa), e rochas metas-
no, constituído pelo Grupo Rio Preto, e (v) o Domínio sedimentares neoproterozóicas predominantemente
do Embasamento, com gnaisses do embasamento ar- clásticas (Formação Canabravinha; (Figs.IX.3, IX.5).
queano/paleoproterozoico (Complexo Cristalândia do No Cráton do São Francisco, imediatamente adja-
Piauí) retrabalhados no Ciclo Brasiliano. cente a sul, afloram rochas carbonáticas e clásticas
do Grupo Bambuí, cobertura cratônica de idade neo-
Recentemente, destacam-se os trabalhos de Uhlein proterozoica (Fig.IX.3). As rochas precambrianas são
et al. (2008), que realizaram uma comparação entre cobertas em discordância angular e erosiva pelas ro-
as feições estratigráficas, estruturais e tectônicas das chas sedimentares cretáceas do Grupo Urucuia e pe-
faixas dobradas da margem norte do Cráton do São los sedimentos inconsolidados de idade paleógena/
Francisco, a dissertação de mestrado de Caxito (2010), neógena da planície do Rio São Francisco (Fig.IX.3).
sobre a geologia regional, estratigrafia e tectônica da
Faixa Rio Preto, assim como os trabalhos de gradu-
ação de Sanglard et al. (2008) e Gonçalves-Dias & ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO
Mendes (2008). Estes trabalhos levaram a uma pro-
posta de revisão estratigráfica da Faixa Rio Preto, su- 2.2.1 Embasamento
portada por dados de cunho estratigráfico, sedimen-
tológico, litoquímico e geocronológico (Caxito et al. O embasamento tectono-estratigráfico da Faixa Rio
2011a, b, no prelo). Esses autores propõem a retirada Preto é representado a norte pelo Complexo Cris-
da Formação Canabravinha da base do Grupo Bam- talândia do Piauí (Arcanjo & Braz Filho 1994), com-
buí, e a substituição do termo Grupo Rio Preto pelo posto por intercalações entre biotita-gnaisses e an-
termo Formação Formosa, uma vez que suas rochas fibolitos. Aflora também a nordeste, constituído por
não podem ser cartograficamente subdivididas em uma associação entre granitos, gnaisses e migma-
formações. Inicialmente, Uhlein et al. (2008) e Caxito titos, na região de Mansidão, entre as Serras do Bo-
(2010) propõem englobar as Formações Canabravi- queirão e do Estreito (Complexo Gnáissico-Migmatíti-
nha e Formosa no Grupo Rio Preto redefinido. Dados co, Arcanjo & Braz Filho 1999) (Fig.IX.3). Essas rochas
isotópicos U-Pb e Sm-Nd recentes, entretanto, suge- apresentam evolução arqueana a paleoproterozoica,
rem que as duas unidades foram depositadas em pe- com retrabalhamento no Ciclo Brasiliano.
ríodos distintos e portanto não devem ser englobadas
em um grupo; dessa forma o termo Grupo Rio Preto Na região cratônica, a sul de Barreiras, o embasa-
é abandonado (Caxito et al. 2011a, b, no prelo). Uma mento também aflora na janela estratigráfica/estru-
idade paleoproterozoica (~1,9Ga) é proposta para a tural de Correntina, onde ocorrem gnaisses, migma-

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Figura IX.3 - Mapa geológico regional simplificado e seção geológica na Faixa Rio Preto e porção adjacente do Cráton do São Francisco,
noroeste do Estado da Bahia. Veja figura IX.1 para localização geral. Modificado de Egydio-Silva (1987), Egydio-Silva et al. (1989) e Caxito (2010).

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titos, anfibolitos e granitos associados (Fig.IX.1). Essas ângulo, a sua espessura é praticamente impossível de
rochas apresentam idade arqueana a paleoprotero- ser estimada; porém intercalações constantes de las-
zoica, sem retrabalhamento no Ciclo Brasiliano. cas de gnaisse do embasamento sugerem uma baixa
espessura preservada.

MESOPROTEROZOICO – Na Fazenda Angico, a sudoeste do vilarejo de Arroz


NEOPROTEROZOICO e a norte do Rio Preto, ocorre uma lente de epidoto
(clinozoisita)-anfibolito que pode atingir até 200 me-
2.2.2 Grupo Rio Preto, Formação Formosa tros de espessura estimada, intercalada concordan-
temente entre granada-mica xisto e metarritmito
A Formação Formosa corresponde ao Grupo Rio Preto areno-pelítico da Formação Formosa. Essas rochas
no sentido de Egydio-Silva (1987) e ocorre na porção foram identificadas por Egydio-Silva (1987), e des-
setentrional do cinturão brasiliano, iniciando a sul do de então são consideradas por muitos autores como
rio homônimo e estendendo-se por aproximadamen- peça-chave para a compreensão da evolução geodi-
te 20km a norte, em direção à divisa entre os Estados nâmica da Faixa Rio Preto (Egydio-Silva 1987, Fuck
da Bahia e Piauí (Fig.IX.3). A Formação Formosa é et al. 1993, Uhlein et al. 2008, Caxito et al. 2011b).
composta por (granada) micaxisto, quartzito micáceo, Os anfibolitos (Fig.IX.4a) apresentam textura nema-
metachert ferro-manganesífero, epidoto-actinolita- togranoblástica e granulação média a grossa, e são
-clorita xisto (xisto verde), e localmente, intercala- compostos por hornblenda, actinolita, clorita, epidoto
ções concordantes de orto-anfibolito. Esses litotipos (clinozoisita), albita, oligoclásio, granada almandina
registram um metamorfismo de fácies xisto verde a e diopsídio, com quantidades subordinadas de quart-
epidoto-anfibolito (~500°C, 2-5Kbar, 10-20km de pro- zo, muscovita e biotita (Fig.IX.4b). Os principais aces-
fundidade na crosta, conforme Caxito, 2010). Devido sórios são ilmenita, titanita, apatita, pirita e calcopiri-
ao forte tectonismo impresso na Formação Formosa, ta. Os anfibolitos apresentam litoquímica de basaltos
com a geração de rampas frontais e laterais de baixo toleíiticos, com padrão plano de elementos Terras

a b

Figura IX.4 - Amostra de anfibolito da Fazenda Angico, próximo a Formosa do Rio Preto (BA). Aspecto macro (a) e microscópico (b).
Notar o bandamento ígneo mimetizado por camadas centimétricas ricas em anfibólio intercaladas a camadas ricas em plagioclásio; em
lâmina podem ser observadas proporções aproximadamente iguais de hornblenda e pseudomorfos de plagioclásio, formados por cristais
micrométricos de clinozoisita sobre oligoclásio. A seta branca em a) indica agregado centimétrico de granada almandina. Caxito (2010).

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Raras (ETR) normalizados ao condrito e leve fracio- ou grafitosos. Apresentam duas ou três fases de defor-
namento de ETR leves em relação aos pesados (LaN/ mação e metamorfismo de fácies xisto verde. O Grupo
YbN: 1.35-2.97; Eu/Eu*: 0,94-1,14), anomalia negativa Santo Onofre foi correlacionado ao Supergrupo Espi-
de Nb e positiva de Sr, e altas razões LIL/HFS (Caxito nhaço por Inda & Barbosa (1978) e Egydio-Silva (1987).
2010, Caxito et al. 2011b). Na maioria dos diagramas Entretanto, Schobbenhaus (1996) considera o Grupo
discriminatórios, as amostras plotam nos campos de Santo Onofre como equivalente do Grupo Macaúbas,
toleiítos de arco-de-ilhas, de bacia retro-arco ou de representando uma sedimentação gravitacional tur-
basaltos de cadeia meso-oceânica (Caxito 2010, Caxi- bidítica neoproterozoica. Na Serra do Boqueirão, a
to et al. 2011b). Formação Formosa cavalga para leste sobre o Grupo
Santo Onofre (Egydio-Silva 1987) (Figs.IX.1, IX.3).
Os micaxistos, filitos e quartzitos aflorantes entre as
Serras do Estreito e do Boqueirão (Arcanjo & Braz 2.2.4 Formação Canabravinha
Filho 1999), assim como os xistos das proximidades
de Campo Alegre de Lourdes (Fig.IX.1) podem ser ten- A Formação Canabravinha foi definida por Egydio-
tativamente correlacionados à Formação Formosa. -Silva (1987) como a unidade basal do Grupo Bambuí
Na região entre as Serras do Estreito e do Boqueirão, na região e correlacionada à Formação Bebedouro,
ocorrem ainda, esporadicamente, camadas de me- base do Grupo Una na Bahia. Entretanto, Uhlein et al.
taconglomerado, a oeste do povoado de Lameirão, e (2008), Caxito (2010) e Caxito et al. (no prelo) suge-
também nas proximidades da Fazenda Baixão do Fa- rem a retirada da Formação Canabravinha da base do
brício, a sul de Buritirama (Winge 1968). Os metacon- Grupo Bambuí. Esses autores apontam o fato de que
glomerados são polimíticos, de matriz pelítica, com a Formação Canabravinha apresenta grande espes-
clastos de quartzo e quartzito na primeira ocorrên- sura, metamorfismo e deformação significativos, ou
cia e de quartzo, gnaisse e metassiltito na segunda. seja, características de deposição e evolução estrutu-
Essa região ainda é pouco estudada, em parte devido ral em contexto de faixa dobrada, em contraste com
à dificuldade de acesso, sendo necessários trabalhos, a Formação Bebedouro, que apresenta espessura de
tanto de geologia básica como aplicada para melhor algumas centenas de metros, baixa a nula defor-
caracterizar as relações estratigráficas e estruturais mação e metamorfismo, características de evolução
dessas rochas. em contexto cratônico. Mesmo que as duas unidades
apresentem correlação crono-estratigráfica, o con-
texto tectônico e sedimentar é bastante diferente. A
NEOPROTEROZOICO Formação Canabravinha cavalga o Grupo Bambuí na
porção sul da faixa dobrada (zona de cisalhamento
2.2.3 Grupo Santo Onofre de Cariparé; Fig.IX.3), não sendo portanto reconheci-
das as relações de contato originais entre essas duas
A nordeste, no mapa geológico (Fig.IX.3), afloram unidades. Portanto, é mais coerente que a Forma-
quartzitos, metassiltitos, filitos grafitosos e serici- ção Canabravinha seja correlacionada às formações
ta xistos do Grupo Santo Onofre (Porcher 1970), que portadoras de diamictitos das outras faixas dobradas
sustentam a Serra do Boqueirão, de orientação NNW- brasilianas (p. ex., formações basais do Grupo Macaú-
-SSE, considerada como a terminação noroeste da bas na Faixa Araçuaí, Formação Capitão–Palestina na
Cordilheira do Espinhaço Setentrional (Inda & Bar- Faixa Sergipana, Grupo Ibiá na Faixa Brasília).
bosa 1978, Egydio-Silva 1987, Schobbenhaus 1996).
Ocorrem quartzitos puros a feldspáticos e micáceos, A Formação Canabravinha ocorre na porção sul da
com lentes e camadas de filitos, às vezes carbonosos Faixa Rio Preto, iniciando-se a norte de Cariparé e

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seguindo para o norte por aproximadamente 40km Formação São Desidério
(Fig.IX.3). Está confinada a duas grandes estruturas
disruptivas que marcam o seu cavalgamento sobre A Formação São Desidério (Fig.IX.3) constitui-se de
a Formação Formosa a norte, e sobre a Formação calcários cinza-escuros com intercalações de margas
Serra da Mamona (Grupo Bambuí) a sul. É composta e siltitos, atingindo até 450 metros de espessura esti-
por quartzito lítico, conglomerático, feldspático, car- mada na região pericratônica (Egydio-Silva 1987). O
bonático e/ou micáceo, maciço ou com estratificação contato inferior não é observado; porém se uma cor-
gradacional, plana ou cruzada; metagrauvaca, filito relação com a Formação Sete Lagoas é admitida, nas
carbonoso e mica-xisto; metarritmito areno-pelítico; imediações de Correntina (BA), a mesma assenta-se
metadiamictito; e, subordinadamente, metamarga. É por discordância erosiva sobre gnaisses do embasa-
comum a presença de limonitas euédricas milimétri- mento arqueano/paleoproterozoico do Cráton do São
cas a centimétricas, abundantemente disseminadas. Francisco. O contato superior é gradativo, com o au-
A Formação Canabravinha caracteriza-se por um me- mento progressivo da proporção de material clástico
tamorfismo de grau fraco a médio e uma geologia es- nos carbonatos, que passam a constituir metamargas
trutural complexa. Baseado em dados gravimétricos, e ardósias carbonáticas da Formação Serra da Ma-
Egydio-Silva (1987) estimou uma espessura de apro- mona. Na base, ocorrem calcários escuros oolíticos
ximadamente 7.500m para a Formação Canabravinha; com marcas de onda assimétricas, sobrepostos por
esse dado deve ser interpretado com cautela, devido à calcários negros com nódulos centimétricos de chert
alta deformação dúctil impressa nessas rochas, com intercalados a margas e siltitos. Acima destes ocor-
dobras isoclinais na porção central da faixa dobrada. rem calcários negros com intraclastos seguidos por
calcários oolíticos e pisolíticos com marcas de onda
2.2.5 Grupo Bambuí assimétrica. Análises químicas indicam que os carbo-
natos da Formação São Desidério são calcários prati-
As formações pertencentes ao Grupo Bambuí, no camente puros, com teores em torno de 56,5% de CaO
oeste baiano, podem ser facilmente reconhecíveis ao e 0,43% de MgO. Para o topo, os teores de MgO sobem
longo de um perfil regional entre São Desidério e Ria- para 1,2% com 42,3% de CaO, constituindo calcário
chão das Neves (Fig.IX.3) (Egydio-Silva 1987, Egydio- magnesiano silicoso (Egydio-Silva et al. 1989).
-Silva et al. 1989), incluindo, da base para o topo: (i)
Formação São Desidério, correlacionada à Formação Recentemente, Sial et al. (2010) apresentaram valores
Sete Lagoas ou Lagoa do Jacaré; (ii) Formação Ser- estratigráficos isotópicos de carbono para a Forma-
ra da Mamona, correlacionada à Formação Serra da ção São Desidério. Os valores de δ13C apresentados
Saudade e, (iii) Formação Riachão das Neves, correla- são todos positivos, variando entre +1,2 a +2,2‰ na
cionada à Formação Três Marias. Próximo de Caripa- base, até cerca de +16‰ para o topo. Segundo esses
ré, as rochas metassedimentares da cobertura cratô- autores, esses valores são equivalentes aos encontra-
nica são cavalgadas pelas rochas da Faixa Rio Preto. dos para os calcários da porção superior da Formação
Na região que se estende de Cariparé a São Desidério, Sete Lagoas e da Formação Lagoa do Jacaré.
a cobertura cratônica apresenta um metamorfismo
de grau incipiente a fraco e uma única fase de defor- Formação Serra da Mamona
mação (Domínio Pericratônico de Egydio-Silva 1987).
A partir dessa área, para o sul, prevalece a horizon- A Formação Serra da Mamona, homônima ao aciden-
talidade das camadas e um metamorfismo extrema- te geográfico localizado 10km a norte de São Desi-
mente fraco (Domínio Cratônico). dério, é marcada pela alternância entre camadas de

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metacarbonatos e metapelitos de grau metamórfico CENOZOICO
incipiente a fraco, constituindo pacotes espessos in-
tercalados de metassiltitos esverdeados, metacalcá- 2.2.7 Coberturas Paleógenas/Neógenas
rios negros, metamargas e ardósias micáceas, além
de níveis de metarenitos finos, na base. A espessura Recobrindo as demais unidades ocorrem depósitos
total estimada, calculada por Egydio-Silva (1987) de sedimentos inconsolidados alúvio-eluvionares de
através de perfil geológico, chega a 3.000m, mas o idade paleógena-neógena, predominantemente are-
autor chama a atenção para o fato de se tratar de re- no-argilosos, às vezes lateritizados.
gião tectonicamente deformada e, portanto, esse va-
lor deve ser considerado com cautela.
2.3 Sedimentologia e Modelo
Formação Riachão das Neves Deposicional

A partir da cidade de Barreiras em direção a Riachão A figura IX.5 apresenta uma correlação espacial entre
das Neves, ocorre o aumento gradativo da granulo- colunas estratigráficas esquemáticas levantadas nas
metria dos sedimentos e esses passam a apresentar Formações Canabravinha e Formosa, ao longo da Fai-
grandes quantidades de feldspatos e fragmentos líti- xa Rio Preto (Sanglard et al. 2008, Caxito 2010, Caxito
cos em sua composição, caracterizando assim os me- et al. no prelo). As colunas A, B e C representam se-
tarcóseos e metagrauvacas da Formação Riachão das ções da Formação Canabravinha na Chapada Boa Vis-
Neves, de espessura estimada em 4.000m (Fig.IX.3). ta, Córrego Canabravinha e BR-135 entre Formosa do
Egydio-Silva (1987) caracterizou os clastos dessas Rio Preto e Malhadinha, respectivamente (Fig.IX.3);
rochas, de granulometria predominante areia mé- a coluna da Formação Formosa é esquemática e re-
dia (0,25 a 0,5mm), como grãos de quartzo, feldspato presenta as relações estratigráficas entre os litotipos
(principalmente plagioclásio), carbonatos e sericita, e aflorantes. Uma discordância erosiva é inferida entre
como principais acessórios, zircão, titanita, turmalina as duas unidades; o contato atual é tectônico (zona de
e clorita. Fragmentos líticos de quartzito e sericita- cisalhamento de Malhadinha / Rio Preto).
-xisto também podem ocorrer. A ilita e a vermiculita
são os principais minerais argilosos da matriz, que A coluna A (Fig.IX.5) foi levantada nas escarpas da
eventualmente pode atingir cerca de 10%. Chapada Boa Vista, próximo da falha inversa que li-
mita o contato entre as Formações Canabravinha e
Serra da Mamona. Observa-se uma sequência domi-
CRETÁCEO nada por litofácies de granulometria grossa, psamo-
-psefítica. O metadiamictito basal dessa coluna aflora
2.2.6 Grupo Urucuia na rodovia BR-135 (Fig.IX.6a). Na porção intermediá-
ria ocorrem sequências granodecrescentes de meta-
Sobre as unidades neoproterozoicas da região, re- brecha arenosa a grânulo e seixo, quartzito imaturo
pousa em discordância erosiva e angular o Grupo com estratificação gradacional de grosso a fino (Fig.
Urucuia, constituído por arenitos e conglomerados IX.7c) e metarritmito areno-pelítico com estratifica-
fluviais e eólicos de idade cretácea. (CAPÍTULO XIII) ção plano-paralela. No topo da escarpa ocorre nova-
mente um metadiamictito a bloco, caracterizando a
ciclicidade dos processos sedimentares.

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Figura IX.5 - Correlação espacial entre as colunas estratigráficas levantadas na Faixa Rio Preto (Caxito et al., no prelo).

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Notar mudança de escala entre as colunas das Formações Canabravinha e Formosa.

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a c

b d

Figura IX.6 - Diamictitos da Formação Canabravinha (Colunas A e B). (a) Metadiamictito com clastos estirados, próximo ao contato tectônico
por falha de empurrão entre as Formações Canabravinha e Serra da Mamona, na BR-135. (b) Camada decimétrica de metadiamictito
intercalado a metapelito carbonático. Córrego Canabravinha. (c) Detalhe de matacão de granitoide em camada de metadiamictito, Córrego
Canabravinha. (d) Detalhe de matacão de quartzito, idem C.

A Coluna B foi levantada ao longo da drenagem do tos e filossilicatos (mica branca) orientados e quartzo
Córrego Canabravinha, próximo a Monte Alegre dos estirado segundo a foliação principal. As camadas de
Cardosos. É uma sequência semelhante a da Coluna metadiamictito encontram-se intercaladas a cama-
A, embora aqui as camadas de metadiamictitos sejam das de metapelito e quartzitos, que não apresentam
menos espessas, de ordem decimétrica, e os meta- clastos isolados. A proporção de carbonato torna-se,
pelitos e quartzitos mais frequentes e espessos. Nas por vezes, bastante expressiva, constituindo camadas
camadas de metadiamictito predominam amplamen- de metamarga.
te clastos de carbonato, gnaisse, quartzo e quartzito,
sendo comuns também os clastos de granito (sensu Os quartzitos podem apresentar estratificação plana,
lato). A geometria original desses clastos encontra- gradacional, ou cruzada de porte centimétrico (Fig.
-se por vezes bem preservada, não apresentando um IX.7b, c). Análises microscópicas (Fig.IX.7a) indicam
padrão dominante, com variação, mais comumente, que os quartzitos são formados por quartzo, muscovi-
de tipos subangulosos a subarredondados (Figs.IX.6b, ta, plagioclásio, carbonato, gnaisse, feldspato potás-
c, d). A matriz é formada principalmente por carbona- sico, granito, limonita e opacos, e dessa forma podem

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a
ser classificados como quartzito lítico conglomerático
a grosso, carbonático.

A coluna C (Fig.IX.5) foi levantada na BR-135, entre


Malhadinha e Formosa do Rio Preto. Observa-se nesta
região um amplo predomínio de metarritmitos for-
mados por intercalações centimétricas a decimétricas
entre metagrauvacas e metapelitos (xistos e filitos, na
maioria das vezes carbonosos e manganesíferos), com
ocorrência local de camadas espessas de quartzitos
micáceos que sustentam a morfologia de morrotes
alinhados segundo a principal direção estrutural (les-
b
te-oeste). Em geral, a disposição das fácies dos me-
tarritmitos segue o esquema de turbiditos clássicos
de Bouma (1962) (Figs.IX.8a, b). Os metarritmitos são
formados por camadas centimétricas de metagrau-
vaca com estratificação gradacional grosso-fino (Ta,
nomenclatura para intervalos da sequência de Bou-
ma), seguido por metagrauvaca com estratificação /
laminação plana (Tb), raramente cruzada (Tc) e por
camadas de metapelitos (Td/e). Essas são superpostas
por outra camada de metagrauvaca, seguida por outra
de metapelito, e assim por diante. É interessante notar
a ocorrência também rítmica de crostas manganesífe-
c
ras pouco espessas intercaladas entre esses litotipos,
paralalamente ao plano de acamamento. Estes me-
tarritmitos são, dessa forma, considerados como me-
taturbiditos de baixa densidade (Fig.IX.8).

Na coluna esquemática da Formação Formosa, ob-


serva-se uma sequência dominada por mica-xistos
carbonosos e manganesíferos, com intercalações de
quartzito, xisto verde, anfibolito e meta-chert ferro-
-manganesífero. Essa última rocha constitui uma
camada-guia para a Formação Formosa (Figs.IX.9a,
b). Na região do vilarejo Arroz, a noroeste de Formosa

Figura IX.7 - Quartzitos da Formação Canabravinha (Colunas A


e B). (a) Fotomicrografia sob nicóis cruzados de quartzito lítico.
Q=quartzo, P=plagioclásio, C=carbonato, M=muscovita. (b)
Quartzito com estratificação cruzada, córrego Canabravinha.
(c) Quartzito conglomerático com estratificação gradacional,
Chapada Boa Vista.

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do Rio Preto, aflora uma sequência de granada-mica Voltando a verificar a figura.IX.5 pode-se notar que
xistos com intercalações concordantes decimétricas a ela apresenta uma correlação dos diversos perfis grá-
métricas de xistos verdes grossos, de textura nema- fico-sedimentares levantados nas diferentes porções
toblástica, compostos basicamente por clorita, acti- da Faixa Rio Preto, representando as principais asso-
nolita, epidoto e plagioclásio, orientados segundo a ciações litofaciológicas ao longo de toda a unidade.
foliação principal (Fig.IX.9). O principal acessório é a Os fácies grossos (metadiamictitos) da Formação Ca-
titanita. A ausência de quartzo nessas rochas sugere nabravinha dominam na porção sul, passando grada-
uma origem magmática das mesmas (Williams et al. tivamente para fácies de granulometria mais fina ao
1954, Winkler 1979, Best 2003). norte.

a b

Figura IX.8 - Metaturbiditos de baixa densidade da Formação Canabravinha (Coluna C). (a) camadas centimétricas arenosas, de cor creme,
intercalam-se a camadas pelíticas cinzas. (b) Detalhe de a, mostrando estratificação gradacional (Ta) no quartzito.

a b

Figura IX.9 - Litotipos da Formação Formosa. (a) Metachert ferro-manganesífero bandado; camadas escuras ricas em óxidos de ferro e
manganês alternam-se a camadas claras de quartzo grosso. (b) Aspecto microscópico sob nicóis cruzados de xisto verde da região do
vilarejo Arroz (Coluna E), formado por actinolita (A), clorita (C), epidoto e plagioclásio (P); a titanita é o principal acessório.

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As camadas de diamictitos das colunas A e B indicam vantadas. A partir desses dados é possível identificar
a atuação periódica de fluxos de lama e detritos, que os ambientes deposicionais e propor um modelo de
ocasionalmente gradam para correntes de turbidez de evolução para a bacia precursora da faixa dobrada.
alta densidade e essas para correntes de baixa densi-
dade, com intervalos Tabc de Bouma (1962) represen- A associação de litofácies da Formação Canabravi-
tados por quartzitos conglomeráticos a grossos, inva- nha, como mostrado na figura IX.5, e a constatação
riavelmente imaturos, com estratificação gradacional, do predomínio de sedimentos grossos e imaturos a
plana e cruzada, conforme a diminuição da velocidade sul e de sedimentos finos a norte, indica que o apor-
de fluxo da corrente. As camadas de metapelitos in- te sedimentar era predominantemente do sul, com
tercaladas são o produto da decantação da pluma de proveniência, portanto, da região do Cráton do São
materiais finos em suspensão, gerada após cada fluxo Francisco. Além disso, a presença de metadiamictitos
de lama. As litofácies das colunas A e B foram, dessa estratificados com quartzitos grossos e conglomerá-
forma, depositadas por fluxos sedimentares gravitacio- ticos, mostrando estratificação gradacional, associa-
nais na porção proximal de um sistema de leque sub- dos a metapelitos grafitosos, indica que o transporte
marino dominado por cascalho (gravel-rich). sedimentar era predominantemente por fluxos gra-
vitacionais e correntes de turbidez, em um ambiente
Para norte predominam metarritmitos areno-pelíti- sub-aquoso, relativamente profundo.
cos compostos por camadas de metagrauvaca com
estratificação gradacional e plana, intercalados a Fluxo gravitacional é um mecanismo de transporte
camadas de pelitos, interpretados como produtos de de sedimentos em superfícies íngremes, com ação da
correntes de turbidez diluídas, como observado em gravidade, em mistura do fluido (ar ou água) com o
excelentes afloramentos na BR-135, entre Malhadi- sedimento. São quatro os tipos de fluxos gravitacio-
nha e Formosa do Rio Preto (Coluna C) (Fig.IX.5, IX.8). nais subaquosos: o fluxo de detritos (debris flow), a
corrente de turbidez, o fluxo granular e o fluxo flui-
Não foram encontradas evidências diretas de influên- dizado (Fritz & Moore 1988). O fluxo de lama/detritos
cia glacial na sedimentação da Formação Canabravi- é um dos mais eficientes no transporte de material
nha, com base na análise sedimentar e estratigráfica. grosso para a bacia, e durante seu deslocamento os
A intercalação de camadas de diamictitos com areni- clastos são sustentados por uma matriz pelítica, me-
tos e pelitos, depositados em condições submarinas e canismo chamado de “força da matriz”. O produto
a associação com turbiditos, impede a interpretação final desse fluxo é um depósito de sedimentos gros-
dessas rochas como tilitos (rochas glácio-terrestres). sos e finos, misturados e totalmente desorganizados,
Uma sedimentação do tipo glácio-marinha também chamado de diamictito. À medida que o fluxo de de-
não encontra suporte, pois se esse fosse o caso, seria tritos avança há uma absorção de água e sua dilui-
de se esperar a ocorrência de clastos isolados e/ou ção, que pode passar à corrente de turbidez. Nessas
“pingados” nos ritmitos e pelitos distantes dos fluxos correntes, o mecanismo de suporte dos grãos deixa
de lama das coluna A e B, por exemplo, na coluna C. O de ser a força da matriz e passa a ser desempenhado
retrabalhamento de depósitos glaciais por fluxos gra- pela componente dirigida para cima, do fluido aquoso
vitacionais não pode, porém, ser descartado, embora em turbulência.
evidências, tais como clastos estriados e facetados
são necessárias para balizar essa interpretação. Os depósitos clássicos resultantes das correntes de
turbidez são os turbiditos, e possuem uma sequência
A Tabela IX.1 lista os principais fácies, processos e típica – a sequência de Bouma (1962) – numa suces-
produtos encontrados nas colunas estratigráficas le- são de fácies marcada pela presença, da base para o

Fa i xa d e Do b ra m en to s Ri o Preto e Ri ach o d o Pontal • 101

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Tabela IX.1 - Litofácies identificadas nas colunas estratigráficas da Formação Canabravinha, com principais produtos e processos
sedimentares interpretados. Segundo Sanglard et al. (2008), Caxito (2010) e Caxito et al. (no prelo).

Fácies Produtos Processos Colunas

Diamictito maciço com matriz pelito-carbonática, com


Dm Fluxo de lama AeB
clastos de carbonato, gnaisse, quartzito, quartzo e granito.

Alg Arenito lítico formado por grãos de carbonato, gnaisse,


Alp feldspatos e muscovita, com estratificação gradacional Correntes de turbidez de alta a
A, B e C
Alcx grosso-fino (g), estratificação plana (p) e cruzada (cx), baixa densidade (Tabc)
localmente cavalgante, com clastos de filito.

Decantação e precipitação
M Marga B
química

Ritmito areno-pelítico, formado por camadas centimétricas


Correntes de turbidez de baixa
Rap a decimétricas plano-paralelas de arenito e pelito, muitas BeC
densidade (Tabcde)
vezes carbonosos e/ou manganesíferos.

Figura IX.10 - Relações estratigráficas no paleocontinente São Francisco (Gr. Bambuí) e no rift neoproterozoico Rio Preto (Formação
Canabravinha) em uma seção S - N. Segundo Uhlein et al. 2008, Caxito 2010, Caxito et al. no prelo.

102 • G eolog i a da B a hi a

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topo, de estratificação gradacional, plano-paralela, 2.4 Geologia Estrutural e Tectônica
laminações cruzadas e laminação plana, indicando
mudança no regime de deposição, pela desaceleração Na região noroeste da Bahia, um perfil S-N de São
gradual do fluxo. Desidério até Cristalândia do Piauí, pela BR-135, per-
mite um exemplo didático da transição cráton/faixa
A deposição dos sedimentos que compõem a Forma- dobrada. As camadas do Grupo Bambuí passam de
ção Canabravinha ocorreu numa provável bacia do horizontalizadas no Domínio Cratônio, próximo a São
tipo rift (Bacia Rio Preto), onde os rejeitos das falhas Desidério, para dobradas em estilo flexural e con-
normais favoreceram a origem episódica de fluxos cêntrico no Domínio Pericratônico, entre Barreiras
de lama/detritos que evoluíram para correntes de e Riachão das Neves, com xistosidade plano-axial.
turbidez (Fig.IX.10). Os fluxos de detritos foram res- Nas proximidades de Cariparé as dobras tornam-se
ponsáveis pela deposição dos diamictitos, enquanto a progressivamente mais apertadas, até que, na Faixa
diluição dos mesmos resultou em correntes de tur- Rio Preto, observa-se dobras similares apertadas a
bidez de alta e baixa concentração, que depositaram isoclinais, e deformação complexa envolvendo três
camadas de areias e pelitos em sequências turbidíti- fases distintas. Na porção mais interna da faixa do-
cas proximais e distais, de sul para norte. A Formação brada aflora o embasamento gnáissico do Complexo
Canabravinha é resultado de uma sedimentação em Cristalândia do Piauí, com o desenvolvimento de es-
ambiente marinho profundo, num sistema deposicio- truturas antigas altamente dúcteis e até quatro fases
nal do tipo leque submarino (Fig.IX.10). de deformação impressas (Egydio-Silva 1987, Egydio-
-Silva et al. 1990, Caxito 2010).
A relação estratigráfica entre a Formação Canabra-
vinha e o Grupo Bambuí é uma questão importante, A Faixa de Dobramentos Rio Preto apresenta-se como
ainda não resolvida. Limitam-se pela falha inversa de uma grande estrutura em leque assimétrico divergen-
Cariparé (Fig.IX.3). A abundância de clastos e detritos te (Fig.IX.3), com um domínio sul bem desenvolvido,
carbonáticos nos metadiamictitos e quartzitos da For- com clara vergência para o Cráton do São Francisco
mação Canabravinha pode sugerir que sejam parcial- e um domínio norte mais curto, mostrando vergência
mente contemporâneos. para o norte, onde a Formação Formosa cavalga em
baixo ângulo os gnaisses do Complexo Cristalândia do
A coluna esquemática da Formação Formosa indica o Piauí (Egydio-Silva 1987). Essa estruturação é resul-
predomínio de processos de decantação, com impor- tado de uma complexa evolução estrutural, que ge-
tante atuação de sedimentação química, e possivel- rou três foliações secundárias distintas, associadas a
mente, com atuação restrita de correntes de turbidez dobramentos e sistemas de falhas de empurrão, oblí-
diluídas. Os metacherts ferro-manganesíferos podem quas e transcorrentes. O acervo estrutural da Faixa
ser interpretados como produtos da precipitação de Rio Preto aponta para uma evolução polifásica exclu-
sílica coloidal com algum ferro e manganês em sus- sivamente atribuída à tectogênese monocíclica Bra-
pensão. Atividade magmática básica (xistos verdes e siliana (600-540Ma), como demonstrado pelas data-
anfibolito) é possivelmente singenética aos proces- ções K-Ar de Egydio-Silva (1987). Além disso, a prin-
sos de sedimentação nesse sítio bacinal. A Formação cipal xistosidade presente na Formação Canabravinha
Formosa possivelmente foi depositada em uma bacia (S1) pode ser identificada também no Grupo Bambuí,
relacionada a arco magmático no Paleoproterozoico cobertura cratônica de idade neoproterozoica.
(~1.9Ga), dessa forma representando parte do em-
basamento retrabalhado da Faixa Rio Preto, junto ao No domínio da cobertura cratônica, ao sul (Fig.IX.3),
Complexo Cristalândia do Piauí. situado entre Cariparé e São Desidério, há registro de

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uma fase deformacional marcada pela geração de do- Egydio-Silva (1987) reconheceu a Falha ou Zona de
bras inclinadas, com vergência para SSE. Associada a Cisalhamento de Cariparé, próximo à cidade homô-
estas dobras ocorre uma clivagem ardosiana plano- nima, como a feição limítrofe cráton/faixa dobrada
-axial, orientada N60 a 70E, com mergulho de apro- na região da Faixa Rio Preto, aproximadamente 60km
ximadamente 50º para NW, às vezes subvertical. As a sul do limite anteriormente proposto por Almeida
dobras são assimétricas, com flanco longo, com aca- (1977). Apesar disso, ilustrações do Cráton do São
mamento mostrando mergulho menor do que a xisto- Francisco na literatura científica quase sempre igno-
sidade plano-axial, e flanco curto, onde o acamamen- ram esse limite na margem noroeste do cráton, fato
to ocorre sub-verticalizado, com mergulho maior do que deve ser chamado a atenção para futuras pesqui-
que a xistosidade plano-axial. Os eixos dos dobramen- sas.
tos ocorrem orientados segundo WSW-ENE, com cai-
mento suave para NE e SW (Egydio-Silva 1987). Falhas A Zona de Cisalhamento de Cariparé constitui uma
inversas, com transporte para o sul, podem inverter a falha inversa de orientação SW-NE, atitude N70oE;
estratigrafia dentro da cobertura cratônica. Mais para 45oNW e cinemática frontal, que coloca as rochas da
o sul, em direção a São Desidério (Fig.IX.3), as dobras Formação Canabravinha, a nor-noroeste, sobre as ro-
assimétricas passam a simétricas (Figs.IX.11a, b), com chas do Grupo Bambuí, a sul-sudeste. A norte dessa
fraca vergência, até um predomínio de camadas sub- estrutura ocorre o domínio da Faixa Rio Preto, entre
-horizontais a sul dessa cidade (Fig.IX.11). Cariparé e Cristalândia do Piauí, onde observa-se um
grande leque assimétrico da foliação principal. Esta
Segundo Egydio-Silva (1987), a estruturação do Grupo foliação principal, na Formação Canabravinha nas
Bambuí no Domínio Pericratônico é típica de tectôni- proximidades da Zona de Cisalhamento de Cariparé,
ca do tipo thin-skin, com descolamento da cobertura mostra-se paralela a clivagem ardosiana que apare-
sobre o embasamento. Essa cobertura sofreu encur- ce na cobertura cratônica e é, portanto, correlacio-
tamento de 15 a 20%, enquanto o embasamento foi nada à foliação plano-axial dos dobramentos na co-
pouco ou nada afetado pela tectogênese brasiliana. bertura do Grupo Bambuí, sendo, então, considerada
As dobras são geralmente concêntricas e flexurais, como de idade brasiliana. As idades K-Ar entre 547 e
típicas de nível crustal raso. 595Ma obtidas por Egydio-Silva (1987) em muscovita

a b

Figura IX.11. - Estruturas do Grupo Bambuí na cobertura cratônica deformada junto a Faixa Rio Preto.
(a) Dobra simétrica, de eixo N 70 E, na região de São Desidério (BA). (b) Relação acamamento (So) e xistosidade (S1)
em metassiltito da Formação Serra da Mamona, na região de Barreiras (BA).

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das Formações Canabravinha e Formosa corroboram plano axial de dobras similares, que tornam-se mais
essa interpretação. apertadas em direção à região de Malhadinha, onde
é possível visualizar dobras isoclinais. (S2) associa-se
Podem ser distinguidas três fases deformacionais dis- ainda aos grandes lineamentos negativos que corres-
tintas, possivelmente progressivas (sensu Passchier pondem a zonas de falha/cisalhamento em campo.
& Trouw 1996), na evolução estrutural e tectônica da Os metadiamictitos que ocorrem próximo à Zona de
Faixa Rio Preto (Egydio-Silva 1987, Egydio-Silva et al. Cisalhamento de Cariparé, apresentam clastos esti-
1990, Caxito 2010). rados com eixo maior orientado (340;45o ou N160E;
45oNW), no mergulho de (S2), indicando deformação
A fase (D1) gerou a foliação penetrativa (S1), que em ge- rúptil-dúctil com movimentação frontal e transporte
ral é paralela a S0. Pouco pode ser dito sobre as estrutu- tectônico de NNW para SSE.
ras e o significado tectônico dessa fase, devido à escas-
sez de dados e a generalizada transposição posterior. Quando a foliação (S2) ocorre espaçada milimetrica-
mente, é possível visualizar uma foliação mais antiga,
A fase (D2) é responsável pelo desenvolvimento da fo- (S1), quase sempre paralela a S0, nos micrólitons da
liação penetrativa (S2), além da marcante estrutura- (S2)(Fig.IX.12).
ção em leque de dupla vergência da Faixa Rio Preto
(Egydio-Silva 1987) (Fig.IX.3). Essa fase gerou dobras A superfície (S3) ocorre como uma clivagem de cre-
em um gradiente de estilo que variam de suaves e nulação ou de fratura espaçada decimetricamente,
concêntricas no Grupo Bambuí cratônico, tornando-se menos penetrativa que a (S2), relacionada a dobras
progressivamente mais apertadas à medida que se suaves, geralmente assimétricas, da superfície (S2).
aproxima da Zona de Cisalhamento de Cariparé, fei- Possui orientação variável na faixa dobrada, geral-
ção limítrofe cráton/faixa dobrada, até dobras simila- mente com direção N50 a 75E; 50 SE. Lineações de
res apertadas a isoclinais, parcialmente a totalmente crenulação, principalmente em metapelitos, são fre-
transpostas, nas rochas da Faixa Rio Preto. Essa fase quentes e mostram orientação NE-SW.
gerou, também, as grandes estruturas dúcteis/rúpteis
da Faixa Rio Preto, por exemplo as Zonas de Cisalha- A análise de imagens de sensoriamento remoto na
mento de Cariparé e de Malhadinha/Rio Preto. região da Faixa Rio Preto (Fig.IX.13) indica que os fo-
tolineamentos positivos apresentam forte correlação
A fase (D3) é caracterizada pela clivagem de crenula- com a atitude de (S2). Dessa forma, a região da Faixa
ção espaçada ou clivagem de fratura (S3), ocasionan- Rio Preto pode ser dividida em três compartimentos
do flexuras e dobras suaves sobre (S2), e representa estruturais: sul, central e norte, de acordo com a ati-
possivelmente uma fase compressiva final, dominada tude de (S2) e, consequentemente, dos fotolineamen-
por estruturas vergentes para noroeste, ou seja, do tos positivos nesses compartimentos (Caxito 2010,
cráton para a faixa dobrada. Caxito et al. 2010).

Assim, na Faixa Rio Preto, pode-se identificar três Os compartimentos sul e norte apresentam direção
superfícies penetrativas ou xistosidades, designadas geral dos lineamentos NE-SW, enquanto o compar-
como (S1), (S2) e (S3) (Fig.IX.12a, b). timento central apresenta orientação ENE-WSW. Os
máximos modais para (S2) e (L2) para cada compar-
A superfície (S2), estrutura principal da Faixa Rio Preto, timento (sul: N64oE;29oNW e N160oE;30oNW; cen-
é uma foliação de crenulação apertada que ocorre de tral: N80oE;72oSE e N90;20-40oE; norte: N49oE;15oSE
forma proeminente em toda a área. (S2) ocorre como e N90oE;15-20NE, respectivamente) caracterizam a

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a
cos, com foliação (S2) subvertical e lineação mineral
e de estiramento oblíqua a direcional. Em planta as
estruturas nesse compartimento apresentam geo-
metria amendoada com padrões de deflexão em “S”.
Estruturas em campo e microestruturas em lâmina
delgada, tais como pares de planos S-C, mica-fish e
porfiroclastos manteados indicam cinemática reversa
oblíqua destrógira para esses milonitos. Dessa forma,
parte do compartimento central pode ser entendida
como uma zona de cisalhamento reversa oblíqua
destrógira, denominada Zona de Cisalhamento de
Malhadinha/Rio Preto (Gonçalves-Dias & Mendes
2008, Caxito 2010, Caxito et al. 2010) (Fig.IX.13).
b

A análise da orientação preferencial da estrutura


cristalina de grãos de quartzo (LPO-Lattice Preferred
Orientation) para duas amostras de quartzito miloní-
tico do compartimento central revela que existe orien-
tação preferencial da estrutura cristalina do quartzo,
assimétrica em relação aos eixos de referência exter-
nos (x, y, z; foliação e lineação). Essa assimetria, tan-
to para os eixos-c quanto para os eixos-a, confirma
o sentido de cisalhamento destrógiro constatado em
campo e em lâmina delgada (Caxito 2010, Caxito et al.
2010). O padrão para os eixos-c é semelhante a uma
Figura IX.12 - Relações de superposição entre as foliações guirlanda cruzada do tipo I (Lister 1977, Price 1985,
principais na Faixa Rio Preto, em metapelito da Formação
Passchier & Trouw 1996) inclinada em relação aos ei-
Canabravinha. (a) aspecto em afloramento e (b) aspecto de lâmina
delgada em microscópio óptico, sob nicóis cruzados. S2 é uma xos de referência. A distribuição dos eixos da periferia
foliação de crenulação apertada e penetrativa, que transpõe para o centro dos estereogramas indica ainda grande
fortemente S1//S0. Somente quando S2 apresenta espaçamento
atividade nos planos basal e rômbico, mas pouca a
milimétrico, normalmente em zonas de charneira de dobras D1. (b)
é possível visualizar S1//S0. S3 é uma clivagem de crenulação ou nenhuma atividade no plano do prisma. O esqueleto
fratura espaçada (Caxito 2010). da fábrica permite inferir que esses milonitos foram
gerados em regime de baixa temperatura, sob baixo
grau metamórfico (Passchier & Trouw 1996).
mudança de vergência entre os três compartimentos.
(S2) mergulha para noroeste no compartimento sul, Na porção nordeste da Faixa Rio Preto, a direção da
tornando-se progressivamente mais empinada em foliação da Faixa Rio Preto mostra orientação SW-
direção ao norte até atingir valores subverticais no -NE proeminente, destoando da orientação NNW-
compartimento central, e invertendo seu mergulho -SSE dos quartzitos e xistos do Grupo Santo Onofre,
para sudeste no compartimento norte. no prolongamento norte da Serra do Boqueirão. Pro-
vavelmente, trata-se de superposição de duas fases
Em campo constata-se que o compartimento cen- de deformação brasilianas, onde a foliação SW-NE
tral apresenta afloramentos de quartzitos miloníti- ocorre superimposta à foliação de orientação NNW-

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Figura IX.13 - Compartimentos estruturais da Faixa Rio Preto, individualizados a partir da análise de fotolineamentos em imagens de sensoriamento remoto. À direita, estereogramas da foliação

• 107
(S2) e da lineação mineral e de estiramento (L2) associada, para cada um dos compartimentos. O máximo modal de (S2) e (L2) (em itálico) são indicados (Caxito 2010).

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-SSE (Egydio-Silva 1987, Arcanjo & Braz Filho 1999). antiga, oblíqua aos dobramentos principais. Arcanjo
Entretanto, esta feição tectônica maior é ainda pouco & Braz Filho (1999) descrevem também transporte de
compreendida. Egydio-Silva (1987) mapeou o contato massa de NNW para SSE, entre as Serras do Estreito e
entre os Grupos Rio Preto e Santo Onofre como uma do Boqueirão. Essa movimentação pode ser sincrôni-
falha inversa que coloca o primeiro sobre o segundo ca ao cavalgamento para oeste dos micaxistos sobre
(Fig.IX.3), caracterizando então a superposição das os granitoides de Mansidão, devido ao afunilamento
estruturas da Faixa Rio Preto (SW-NE) sobre as estru- de espaço entre as duas serras, que se comportaram
turas brasilianas do Corredor do Paramirim (NNW- como rampas laterais.
-SSE) (CAPÍTULO X).
O limite cratônico na região noroeste da Bahia é ca-
Três fases de deformação podem ser observadas no racterizado pela sua geometria irregular, configu-
Grupo Santo Onofre na região da Faixa Rio Preto rando pares sintaxe-antitaxe, na região da Faixa Rio
(Egydio-Silva 1987, Arcanjo & Braz Filho 1999). A fase Preto (Arcanjo & Braz Filho 1999, Caxito 2010) (Fig.
(D1) gerou planos de xistosidade (S1) com direção geral IX.1, IX.14). A situação estrutural encontrada entre
N20-10E;40-60NW. A direção geral da Serra do Bo- as Serras do Estreito e do Boqueirão provavelmente
queirão está relacionada à fase (D2), que gerou a folia- pode ser comparada, grosso modo, àquela encon-
ção de crenulação (S2), de atitude geral N160;40SW e trada na Bacia de Irecê, na região norte da Chapada
uma lineação de interseção S15W;35. A superfície (S3) Diamantina (Fig.IX.1) onde a cobertura é deformada
é uma foliação de crenulação tardia, que mostra ati- plasticamente sobre o embasamento, descolando-
tude geral N60-70E;50-70SE, com direção semelhan- -se e fluindo em direção ao identante rígido cratôni-
te à foliação (S2) na Formação Formosa, no compar- co (Danderfer Filho et al. 1993, Arcanjo & Braz Filho
timento norte, gerando uma lineação de interseção 1999). Dessa forma um modelo estrutural para a área
com atitudes em torno de S50W/30. Segundo Arcanjo deve levar em consideração o contraste de competên-
& Braz Filho (1999), a foliação de crenulação (S2) no cia entre o Grupo Santo Onofre e a Formação Formosa
Grupo Santo Onofre teria sido gerada durante a inver- e entre estes e o embasamento. Porém, a região ainda
são do “Aulacógeno Espinhaço”, que originou dobras é pouco conhecida e necessita de estudos mais deta-
com eixos orientados NW-SE e N-S. A foliação (S3) lhados, sobretudo no campo da geologia estrutural.
foi gerada durante a inversão da bacia marginal Rio
Preto, desenvolvendo dobramentos, redobramentos Um modelo de evolução geotectônica para a Faixa Rio
e cavalgamentos com trend NE-SW e vergência para Preto envolve estiramento crustal durante o neopro-
NW, além de transcorrências nos limites das Serras terozoico (~850-600Ma), com deposição da Formação
do Boqueirão e do Estreito. Esses autores atribuem Canabravinha em uma bacia do tipo graben instalada
essa fase de deformação ao Ciclo Brasiliano. sobre o embasamento arqueano-paleoproterozoico
da região (Egydio-Silva 1987). Posteriormente, essa
Entre as Serras do Estreito e do Boqueirão, a Forma- bacia foi invertida durante a Orogênese Brasiliana
ção Formosa encontra-se complexamente deforma- (~600-540Ma), com o desenvolvimento de três fases
da. Arcanjo & Braz Filho (1999) descrevem cavalga- de deformação progressivas. A fase de deformação
mentos com vergência para oeste na região do povo- principal, (D1), gerou uma estrutura em leque assimé-
ado Gato, entre Buritirama e Mansidão, onde ocorrem trico divergente bastante peculiar.
micaxistos grafitosos com porfiroblastos de granada
de até 1cm de diâmetro. Segundo os referidos auto- Vários modelos foram propostos teoricamente e ex-
res, esses cavalgamentos relacionam-se a uma fo- perimentalmente para explicar o desenvolvimento de
liação de crenulação que trunca uma foliação mais estruturas em leque divergente. Alguns autores (Syl-

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vester & Smith 1976, Oddone & Vialon 1983, Woodco- mento de faixas de dobramentos e falhamentos de
ck & Schubert 1994) consideram que o movimento de dupla vergência, através da variação do ângulo de in-
falhas transcorrentes a oblíquas no embasamento teração entre dois blocos litosféricos em regime des-
cristalino faz refletir na cobertura sedimentar uma trutivo. Esses autores concluem que sob baixos ân-
estruturação extrusiva típica. Essas estruturas podem gulos entre o traço da zona de interação destrutiva e
ser desenvolvidas tanto em regime cisalhante asso- a tensão principal s1 (~30º), desenvolvem-se pseudo
ciado à distensão (transtensão), denominadas então estruturas em flor, cuja porção central é demarcada
como estruturas em flor negativa, quanto associado à por uma zona de falha anastomosada onde dominam
compressão (transpressão), gerando então estruturas falhas transcorrentes e oblíquas na cobertura.
em flor positiva. É muito importante observar, porém,
que o termo “estrutura em flor” foi proposto original- Dessa forma, é proposto que a feição divergente da
mente para estruturas em escalas de afloramento e Faixa Rio Preto originou-se durante a convergência
seção sísmica, tipicamente rúpteis, e por esse motivo oblíqua entre o Cráton do São Francisco, a sul, e o
é preferível adotar o termo leque divergente ou leque bloco de Cristalândia do Piauí, a norte (Caxito 2010,
de dupla vergência para a estrutura quilométrica, de Caxito et al. 2010). Essa convergência ocasionou uma
origem dúctil, da Faixa Rio Preto. movimentação no sentido horário entre os blocos de
embasamento envolvidos, possivelmente com a gera-
McClay et al. (2004) realizaram experimentos uti- ção de grandes falhas transcorrentes a oblíquas. Na
lizando caixas de areia onde simulam o desenvolvi- cobertura, essa movimentação gerou a estruturação

Figura IX.14 - Modelo digital de terreno da região noroeste da Bahia, com destaque para o limite do Cráton do São Francisco (SE) com a
Faixa Rio Preto (WNW). Observar os traços da foliação neoproterozoica na região da faixa dobrada e estruturas semicirculares (dolinas?)
na cobertura cratônica (Grupo Bambuí capeado por sedimentos terciários). Segundo Caxito (2010). Localidades: C – Cariparé; MAC – Monte
Alegre dos Cardosos; MA – Malhadinha; FRP – Formosa do Rio Preto; CP – Cristalândia do Piauí; SRC – Santa Rita de Cássia; M – Mansidão.

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extrusiva em leque divergente de maneira semelhan- pelos minerais vermiculita e ilita; o índice de cristalini-
te ao modelo de McClay et al. (2004), com o desen- dade dessa última atinge um valor médio de 3,3, típico
volvimento de dois domínios de vergências opostas de grau incipiente a fraco (Egydio-Silva 1987).
separados por uma zona com o desenvolvimento de
falhas transcorrentes a oblíquas na porção central A presença de zoisita e clinozoisita no Domínio Distal
da faixa dobrada. Uma hipótese alternativa é que a indica a passagem do grau metamórfico de incipiente
feição transpressiva do compartimento central repre- para fraco (fácies xisto verde). Nesse domínio, a as-
sente uma ramificação do Lineamento Transbrasilia- sociação quartzo-muscovita-clorita com zoisita e/ou
no, um cinturão milonítico transcorrente com mais clinozoisita é preponderante. A ilita apresenta uma
de 1.500km de extensão, que atravessa a Província cristalinidade média de 3,1, e a presença de pirofilita,
Tocantins a oeste, na direção NE-SW, e continua sob identificada através de raios-X, reforça a caracteriza-
a Bacia do Parnaíba até emergir na Província Borbo- ção de um metamorfismo fraco para a região.
rema. Estudos estruturais e tectônicos adicionais são
necessários para esclarecer esse ponto. Na transição entre os Domínios Distal e Interno apa-
recem as primeiras ocorrências de granada alman-
dina nos metapelitos da Formação Canabravinha,
2.5 Metamorfismo e Geocronologia que passam de filitos para (granada) micaxistos. O
tamanho das granadas aumenta progressivamente
A região noroeste da Bahia oferece um significativo para norte, atingindo diâmetro centimétrico nos mi-
exemplo de gradação metamórfica desde a área cra- caxistos da Formação Formosa a norte de Formosa do
tônica até a faixa dobrada (Fig.IX.3) . As rochas apre- Rio Preto. É importante notar que não existe lacuna
sentam-se com metamorfismo incipiente no Domínio metamórfica significativa na transição entre os dois
Cratônico, passando para grau incipiente a fraco, com o domínios; em geral as mudanças de paragênese são
desenvolvimento de ardósias e metassiltitos no Domí- gradativas. Dessa forma, as rochas metassedimenta-
nio Pericratônico. No Domínio Distal de Vergência Cen- res da Faixa Rio Preto atingem a zona da granada e a
trífuga, conforme Egydio-Silva (1987) (Fig.IX.3), situado transição de fácies xisto verde/anfibolito nos arredo-
na Faixa Rio Preto, o grau metamórfico fraco é caracte- res de Formosa do Rio Preto.
rizado por paragêneses da fácies xisto verde, que atinge
a transição para a fácies anfibolito no Domínio Interno. No Domínio do Embasamento, identifica-se a para-
No Domínio do Embasamento, Egydio-Silva (1987) des- gênese quartzo-plagioclásio (andesina)-muscovita,
creve reações retrometamórficas da fácies xisto verde com biotita e hornblenda como minerais secundários,
sobre um metamorfismo mais antigo, da fácies anfibo- como indicativa de grau metamórfico médio (fácies
lito. Dessa forma, de maneira geral o grau metamórfi- anfibolito). Uma segunda paragênese identificada no
co cresce de sul para norte, partindo de metamorfismo mesmo domínio, constituída por quartzo, plagioclásio
nulo a incipiente na região cratônica para a fácies xisto sódico, muscovita e clorita, com zoisita e clinozoisi-
verde na porção externa da faixa dobrada, atingindo a ta subordinados, típica de fácies xisto verde, sugere
fácies anfibolito em sua porção interna. a ocorrência de reações retrometamórficas sobre a
paragênese primária.
O Domínio Pericratônico é marcado por associações
mineralógicas que indicam um grau metamórfico inci- Até recentemente, os estudos geocronológicos reali-
piente. A paragênese quartzo-sericita-clorita é comum zados sobre a Faixa Rio Preto eram bastante escassos,
em metapelitos (ardósias e metassiltitos). A matriz ar- com pouquíssimas datações, compiladas nos traba-
gilosa de metagrauvacas e metarcóseos é dominada lhos de Egydio-Silva (1987) e Mascarenhas & Garcia

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(1989). Os dados obtidos através dessas análises con- varia de levemente negativo a positivo (-0.3a +1.0).
vergem em torno da importância do Ciclo Brasiliano Estudos em zircão detrítico e de isótopos de Nd indi-
sobre as sequências aqui estudadas. Recentemente, cam uma proveniência de fontes relativamente sim-
Caxito et al. (2011a e b) apresentaram novos dados ples para a Formação Formosa, com uma distribuição
U-Pb e Sm-Nd que permitem uma nova interpretação bimodal das idades U-Pb em zircão detrítico (LA-
geocronológica da Faixa Rio Preto. -ICPMS) entre 1,9-2,2Ga e 2,5-2,6Ga, e idades-modelo
TDM entre 1,9 e 2,6Ga (Caxito 2010, Caxito et al. 2011a).
Para o Domínio do Embasamento, datações obtidas Esses dados parecem indicar o Complexo Cristalândia
por isócronas Rb-Sr forneceram idade de 2.146±149Ma do Piauí como principal área-fonte da Formação For-
(Ri=0,704) em rocha total, em gnaisses aflorantes mosa. A ausência de zircões meso a neoproterozoicos
próximo a Cristalândia do Piauí. Em biotitas desses e a intercalação de rochas máfico-paleoproterozoicas
gnaisses, a idade obtida pelo método K/Ar corresponde sugere que pelo menos parte da Formação Formo-
a 540Ma, e em anfibólio, 1.176Ma (Egydio-Silva et al. sa foi depositada no paleoproterozoico (Orosiriano),
1989). Idades-modelo Sm-Nd (TDM) entre 2.8 e 2.6Ga provavelmente em uma bacia relacionada a arco
sugerem a importância de crosta neoarqueana como magmático, e portanto faz parte do embasamento da
principal componente desse segmento crustal (Caxito Faixa Rio Preto juntamente ao Complexo Cristalândia
2010 e dados inéditos), com impressão de um ciclo pa- do Piauí. As análises realizadas através do método
leoproterozoico e retrabalhamento no Ciclo Brasiliano. K/Ar em muscovita das rochas da Formação Formosa
mostram idades em torno de 547Ma, demonstrando a
Idades Rb-Sr e K-Ar no denominado complexo gnáis- importância do Ciclo Brasiliano na deformação e me-
sico-migmatítico, aflorante na região de Mansidão na tamorfismo dessas rochas (Egydio-Silva 1987).
Bahia, indicam valores paleoproterozoicos (~2,0Ga)
rejuvenescidos total ou parcialmente no neoprotero- O espectro de idades U-Pb em zircão detrítico da For-
zoico, durante o Ciclo Brasiliano (~540Ma; Mascare- mação Canabravinha (LA-ICPMS) é bem diferente da
nhas & Garcia 1989). Formação Formosa, variando de 3.000 a 850Ma. Os
isótopos de Nd também indicam uma proveniência de
Por sua vez, na região cratônica, próximo à cidade de fontes mais variadas, com idades-modelo TDM entre
Correntina (BA), isócronas Rb-Sr para rochas gnáissi- 1,5 e 2,7Ga (Caxito 2010, Caxito et al. 2011a). Esses da-
cas do embasamento do Cráton do São Francisco reve- dos sugerem que as Formações Canabravinha e For-
laram valores na ordem de 2,0Ga (Cordani et al. 1979), mosa apresentam evolução geológica em contextos
sem retrabalhamento significativo do Ciclo Brasiliano. diferentes e provavelmente não são cronocorrelatas.
Os referidos autores interpretam esses valores como Dessa forma, os dados geocronológicos não supor-
a idade de formação desses complexos na área, admi- tam o agrupamento dessas duas formações em um
tindo porém que parte dessas rochas antigas podem grupo, como antes proposto (Grupo Rio Preto; Uhlein
ter sido formadas no arqueano, sofrendo retrabalha- et al. 2008, Caxito 2010). Dessa forma, a Formação
mento durante um evento paleoproterozoico. Canabravinha representa a sedimentação neoprote-
rozoica (Criogeniano/Ediacarano) na bacia precurso-
Caxito et al. (2011b) apresentaram análises U-Pb ra da faixa dobrada.
(LA-ICPMS) em zircões magmáticos (Th/U:0.11-1.56)
retirados de orto-anfibolito intercalado a micaxistos As datações realizadas em rochas do Grupo Bambuí
da Formação Formosa. Os zircões apresentam uma através do método Rb/Sr fornecem idades também
população homogênea com idade de 1.961±11Ma. brasilianas, com valores situados entre 500 e 700Ma
εNd(0.96) em amostras de rocha total dos anfibolitos (Egydio-Silva 1987).

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Tabela IX.2 - Dados geocronológicos disponíveis para a Faixa Rio Preto.

Unidade Complexo Cristalândia do Grupo


Fm. Formosa Fm. Canabravinha
Piauí Bambuí

2.146±149Ma, Rb/Sr em
rocha total (gnaisse) 1.961±11Ma, U-Pb em zircão
Idade de Cristalização
de anfibolito
TDM = 2,6-2,8Ga

1,9Ga, U-Pb em zircão 850Ma, U-Pb em zircão


detrítico mais novo (LA- detrítico mais novo (LA-
Idades máximas de
ICP-MS) ICPMS)
deposição Idades Rb/Sr
TDM = 1,9-2,6Ga TDM = 1,5-2,7Ga entre 500 e
700Ma
Idades do Metamorfismo 595Ma, K-Ar, Fm.
/ Resfriamento pós- 540Ma, K/Ar em biotita 547Ma, K/Ar em muscovita Canabravinha (muscovita
metamórfico e rocha total)

A Tabela IX.2 resume os dados geocronológicos levan- firmada por Almeida (1977). A faixa ocorre no limite
tados na região da Faixa Rio Preto. Uma análise das dos estados da Bahia, Piauí e Pernambuco, estenden-
idades K-Ar dispostas nessa tabela indica o resfria- do-se desde Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) ao sul, até
mento progressivo da região orogênica, de sua porção São Raimundo Nonato (PI), a oeste, e Paulistana (PI),
externa para a interna, que permaneceu aquecida por a norte (Figs.IX.1, IX.15). A faixa é parcialmente enco-
mais tempo, atravessando a isoterma de 350°C em berta, a noroeste, pela Bacia do Parnaíba e limitada
aproximadamente 540Ma, na transição Ediacarano/ ao norte pelo Lineamento Pernambuco, uma zona
Cambriano. Outros estudos geocronológicos são ain- de cisalhamento transcorrente destrógira (Fig.IX.15).
da necessários para se obter idades mais confiáveis A leste limita-se, de forma descontínua, com a Faixa
do metamorfismo brasiliano, embora os dados indi- Sergipana e o Maciço Pernambuco-Alagoas.
quem que o pico metamórfico deve ter ocorrido entre
600 e 540Ma. Trabalhos em andamento (Caxito 2010, No Projeto Colomi, executado pela CPRM (Souza et
Caxito et al. 2011a e b, em preparação) apresentarão al. 1979), o conjunto de supracrustais (mica-xistos,
novos dados isotópicos dos sistemas Sm-Nd em rocha quartzitos) da Faixa Riacho do Pontal foi designado
total e agregados minerais e também U-Pb em zircão como Complexo Casa Nova, em substituição aos ter-
detrítico (LA-ICPMS) de rochas da Faixa Rio Preto. mos Grupo Salgueiro e Cachoeirinha. Esta designa-
ção de Complexo Casa Nova foi amplamente utiliza-
da, posteriormente, em trabalhos executados pela
CPRM/DNPM dentro do PLGB-Programa de Levan-
3 Faixa Riacho do Pontal tamentos Geológicos Básicos, na escala 1:100.000
(Angelim 1988, Santos & Silva Filho 1990, Gomes &
Vasconcelos 1991). Estes trabalhos permitiram um
3.1 Evolução do Conhecimento grande avanço no conhecimento da geologia da Faixa
Riacho do Pontal.
A ocorrência de uma faixa dobrada brasiliana na
margem norte do Cráton do São Francisco foi caracte- O conceito original de uma faixa marginal brasiliana
rizada pela primeira vez por Brito Neves (1975) e con- na região, conforme proposição de Brito Neves (1975),

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com supracrustais neoproterozóicas, foi contestado foram intrudidas por granitoides do tipo Afeição, um
por Mascarenhas (1979), Jardim de Sá & Hackspacker ortognaisse granodiorítico datado em 968Ma (Rb-Sr,
(1980), Angelim (1988) e Gomes (1990), os quais ale- Pb-Pb em monozircão, U-Pb TIMS; Van Schmus et al.
garam que os micaxistos e gnaisses da faixa seriam 1995, Angelim 2001).
relacionados com uma orogênese paleoproterozoica.
Defenderam, então, uma evolução policíclica, com Recentemente, Bizzi et al. (2004), no Mapa Geológi-
sedimentação e deformação das supracrustais no pa- co do Brasil, utilizaram a designação de Grupo Casa
leoproterozoico e com retrabalhamento no neoprote- Nova em substituição ao termo “Complexo Casa
rozoico (deformação transcorrente). Nova”, com subdivisão em duas formações, designa-
das de Barra Bonita e Mandacaru, ambas relaciona-
Posteriormente, Jardim de Sá et al. (1992) reavalia- das ao Criogeniano (850-650Ma), uma subdivisão do
ram relações de campo e buscaram novos dados geo- neoproterozoico.
cronológicos da Faixa Riacho do Pontal, concluindo
por uma deformação neoproterozoica para estruturas A região da Faixa Riacho do Pontal insere-se no ser-
do tipo nappe (tectônica tangencial) de micaxistos do tão do São Francisco, na área central do chamado
Complexo Casa Nova. Jardim de Sá et al. (1996) ana- “Polígono das Secas”. A característica geomorfológi-
lisaram dados Rb-Sr e Pb-Pb por evaporação em sie- ca dominante é um vasto peneplano, com elevações
nitos alcalinos da Serra da Esperança, próximo a Casa residuais, variando entre 370 a 570 metros. Nessa
Nova-BA, concluindo por uma idade de deformação região destacam-se os seguintes compartimentos de
de 555±10Ma (Ri=0,7068) para estes corpos sin a tar- relevo: (i) planalto dissecado da Bacia do Parnaíba,
di-colisionais intrusivos nos micaxistos Casa Nova. com sedimentos fanerozoicos; (ii) Chapada do Arari-
Estes dados geocronológicos permitiram considerar pe, a nordeste, uma cobertura sedimentar fanerozóica
a idade da deformação tangencial da Faixa Riacho do com cotas de 700 a 800m; (iii) pediplano da margem
Pontal como relacionada ao neoproterozoico. Entre- norte do Rio São Francisco, com ondulações e cristas
tanto, falta ainda um maior suporte geocronológico alinhadas NE-SW, correspondendo aos terrenos de
na região, principalmente sobre a idade de sedimen- rochas metassedimentares e gnáissicas, com cotas
tação do Complexo Casa Nova. entre 400 a 570m, apresentando vegetação de caatin-
ga e, (iv) planície do Rio São Francisco, com altitudes
Oliveira (1998) executou importante estudo geotectô- de 350 a 400m, em torno da Represa do Sobradinho,
nico e geofísico da região da Faixa Riacho do Pontal, com predomínio de extensos campos de areias.
seguido por Brito Neves et al. (2000) que efetuaram
uma síntese sobre a província Borborema, na região
nordeste do Brasil. 3.2 Estratigrafia

Destaca-se, ainda, a síntese de Angelim (2001), no A Faixa Riacho do Pontal compreende um embasamen-
contexto da Folha Aracajú–Mapa Geológico ao Milio- to arqueano/paleoproterozoico, constituído por gnais-
nésimo, dentro do PLGB-Programa de Levantamentos ses migmatíticos, e uma unidade de rochas supracrus-
Geológicos do Brasil, de responsabilidade da CPRM. tais designada Complexo ou Grupo Casa Nova, formado
Neste trabalho, as rochas metavulcanossedimentares por micaxistos, quartzitos, metagrauvacas, metacalcá-
da porção norte da Faixa Riacho do Pontal foram indi- rios ou mármores, gnaisses e rochas metavulcânicas.
vidualizadas nos Complexos Paulistana, Monte Orebe Granitoides intrusivos, às vezes gnaissificados, são fre-
e Santa Filomena, considerados como mesoprotero- quentes, com geometria estratoide (sills) ou como plú-
zoicos (1,2Ga). Segundo Angelim (2001) estas rochas tons subverticais (Fig.IX.15). Ocorre ainda o complexo

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plutono-vulcano sedimentar de Brejo Seco, com rochas tarenitos), Formaçao Caboclo (siltitos e folhelhos) e
metaultramáficas, metamáficas e micaxistos. Formação Morro do Chapéu (arenitos), da base para o
topo (CAPÍTULO VIII). As camadas mostram atitudes
sub-horizontais ou suavemente dobradas segundo ei-
ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO xos N-S e E-W.

3.2.1 Embasamento
NEOPROTEROZOICO
O embasamento predomina ao sul, constituindo a
infraestrutura do Cráton do São Francisco, próximo 3.2.3 Suíte Afeição
de Petrolina e Juazeiro, recebendo o nome de Bloco
Gavião (Barbosa & Sabaté 2002), na sua parte se- A Suíte Afeição (Fig.IX.15) aflora nos arredores da ci-
tentrional (CAPÍTULO III). Ocorre também ao norte, dade de Paulistana, na parte norte da Faixa Riacho
nas proximidades do Lineamento de Pernambuco, do Pontal, sendo composta por granada-biotita au-
nos arredores de Paulistana, onde confunde-se com gen gnaisse de coloração cinza a rósea, de composi-
gnaisses supracrustais do Grupo Casa Nova, intensa- ção monzogranítica, granítica a granodiorítica e qui-
mente deformado. Ainda mais ao norte, trancisiona mismo calcialcalino. Jardim de Sá et al. (1992), Van
para o Maciço Pernambuco-Alagoas, constituindo Schmus et al. (1995), Angelim (2001) e Santos et al.
parte da Província Borborema. No embasamento, de (2010) apresentaram dados geocronológicos para
modo geral, predominam ortognaisses do tipo TTG, essas rochas, com idades U-Pb (TIMS) entre 960 e
em parte migmatizados, com bandas tonalíticas/gra- 970 Ma, idade-modelo TDM de 1,46Ga e εNd(0,97) = +0,1.
nodioríticas e corpos leucograníticos. Bandas ou ca- Segundo Santos et al. (2010) estas idades indicam a
madas de quartzitos, gnaisses calcissilicáticos, diques impressão do ciclo orogênico Cariris Velhos no emba-
de anfibolitos, assim como granitoides (dioritos, sieni- samento da porção norte da Faixa Riacho do Pontal.
tos, anortositos) podem ocorrer. As idades disponíveis Este ponto é ainda pouco elucidado, e merece atenção
indicam evolução arqueano-paleoproterozoica (Bar- em estudos futuros.
bosa & Dominguez 1996, Barbosa et al. 2003, Dantas
et al. 2010) (CAPÍTULO III). Ao sul, o embasamento 3.2.4 Grupo Casa Nova
constitui o Cráton do São Francisco e não apresenta
retrabalhamento neoproterozoico significativo. Ao O Grupo Casa Nova reúne as rochas supracrustais da
norte, na região de Paulistana, no Piauí, o embasa- Faixa de Dobramentos Riacho do Pontal, e é formado
mento foi intensamente retrabalhado pela Orogêne- principalmente por metapelitos (micaxistos, filitos),
se Brasiliana, durante o Neoproterozoico, tendo sido que compreendem biotita xistos, muscovita-biotita
envolvido na tectônica tangencial e transcorrente da xistos e muscovita xistos, com variáveis proporções
Faixa Riacho do Pontal. de plagioclásio, quartzo e porfiroblastos de granada,
apresentando, ainda, opacos, grafita e turmalina. Lo-
calmente, também podem ocorrer cianita e estauroli-
MESOPROTEROZOICO ta, nódulos de cordierita e cristais alongados de silli-
manita, especialmente na região norte, entre Afrânio,
3.2.2 Rochas metassedimentares da Chapada Paulistana e Santa Filomena (Angelim 1988, Gomes
Diamantina & Vasconcelos 1991). Granitoides intrusivos, às vezes
gnaissificados, são frequentes, com geometria estra-
Afloram sedimentos pertencentes ao Grupo Chapada toide (sills) ou como plútons subverticais associados
Diamantina, em especial a Formação Tombador (me- às rochas metassedimentares.

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O Grupo Casa Nova pode ser subdividido em três for- Formação Paulistana-Monte Orebe
mações, de sul para norte, interdigitadas lateral e
verticalmente (Figs.IX.15, IX.16, IX.17, IX.19), conforme A Formação Paulistana–Monte Orebe é uma unidade
Angelim (1988), Gomes (1990), Gomes & Vasconcelos vulcanossedimentar que predomina na porção norte
(1991), Angelim (1997) e Oliveira (1998). da Faixa Riacho do Pontal, sendo formada por meta-
vulcânicas (xistos verdes metabasálticos, anfibolitos,
Formação Barra Bonita metatufos), metapelitos (grafita xistos, micaxistos
com granada, cordierita e silimanita, xistos carbo-
A Formação Barra Bonita, com biotita xistos, már- náticos), metachert, quartzitos, e quartzo-xistos. A
mores e quartzitos, representa uma sedimentação unidade vulcanossedimentar (Angelim 1988, Gomes
marinha plataformal, ocorrendo ao sul, próxima do 1990), representa uma fácies dos metapelitos predo-
Cráton do São Francisco. Predominam biotita xistos minantes do Grupo Casa Nova, com maior expressão
de cor cinza, granulação fina a média, com quartzo, de rochas metamáficas (Fig.IX.17a, b), metacherts,
biotita, muscovita, feldspato e granada. Os mármores metaultrabasitos e metapelitos. Ortoanfibolitos ocor-
mostram cor cinza-claro, granulação fina a média, rem, geralmente concordantes com os metapelitos,
em camadas maciças e bandadas, com carbonato constituídos por anfibólios e plagioclásio, apresen-
(calcita), quartzo, muscovita, opacos e clorita. Mos- tando cor verde e granulação fina, sugerindo basaltos
tram intercalações de mármores puros e níveis ou metamorfizados. Quartzo-mica xistos granatíferos e
bandas de xistos calcíferos, com carbonato, quartzo, quartzitos ou quartzo-xistos aparecem intercalados
grafita, micas, actinolita, diopsídio e plagioclásio. Os nos metavulcanitos (Angelim 1988). Rochas metaul-
metacarbonatos (Fig.IX.17c) predominam a oeste, trabásicas (talco, clorita, serpentina, carbonatos, an-
próximo de Vargem Grande e São Raimundo Nonato, fibólios e opacos), metatufos e brechas ocorrem lo-
mas aparecem também em toda a unidade sedimen- calmente.
tar, formando lentes e camadas, às vezes com grande
extensão lateral. Quartzitos esbranquiçados, xistosos, As rochas metamáficas e metaultramáficas da região
com muscovita e feldspatos, também ocorrem, prin- de Monte Orebe foram descritas por Moraes (1992). As
cipalmente na base, em contato com os gnaisses mig- rochas metamáficas apresentam coloração esverdea-
matizados do embasamento. da, granulação fina a média, textura nematoblástica e
mostram-se fortemente deformadas, localmente mi-
Formação Mandacaru lonitizadas. São compostas por clinoanfibólio (actino-
lita), andesina (An32-An47), epidoto-zoisita e clorita.
A Formação Mandacaru é constituída por mica-xistos Os acessórios são quartzo, carbonato, titanita, grana-
com intercalações centimétricas a decimétricas de da, apatita e zircão. As metaultramáficas são cinza-
metagrauvacas (Fig.IX.17a), representando uma se- -esverdeadas, de textura nematolepidoblástica e gra-
dimentação turbidítica. Os mica-xistos apresentam nulação fina, compostas por clinoanfibólito (tremoli-
biotita, muscovita, granada e feldspatos. Localmente ta), talco, clorita e serpentina, com opacos, carbonato,
mostram intercalações de metapsamitos em cama- epidoto, titanita, apatita e zircão como acessórios.
das pouco espessas que mostram, às vezes, estrati-
ficação gradacional. As metagrauvacas mostram cor Os dados de litoquímica de elementos maiores e tra-
cinza-claro, granulação média a grossa, com predo- ços selecionados sugerem um magmatismo toleiítico
mínio de quartzo e matriz a base de muscovita/serici- de baixo potássio, do tipo MORB (Moraes 1992), para
ta, feldspato, granada e clorita. os protólitos das metamáficas e metaultramáficas,

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Figura IX.15 - Mapa geológico simplificado da Faixa Riacho do Pontal, segundo Schobbenhaus et al. 1995, Gomes 1990,
Angelim & Silva Filho 1993 e Angelim 2001. Veja figura IX.1 para localização regional.

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cujas similaridades químicas (teores de P, Zr, Nb, Mn, As rochas plutônicas sindeformação tangencial pre-
Fe, números de Niggli) sugerem uma origem comum, dominam a sul, sendo corpos concordantes com as
isto é, derivação de magmas cogenéticos através de encaixantes, geralmente estratoides, e mostrando es-
diferenciação magmática. trutura gnáissica conspícua (granitoides tipo Rajada,
a duas micas e mesocrático), composição tonalítica
3.2.5 Grupo Brejo Seco a granítica, com assinatura geoquímica sin-colisio-
nal cálcioalcalina, de alta alumina. O magmatismo
O Grupo ou Complexo Brejo Seco ocorre nas proximi- transcorrente é tardi a pós-colisional, mostrando
dades da cidade de São João do Piauí, e trata-se de composição monzo a sienogranítica, e caráter meta a
um complexo máfico-ultramáfico intrusivo, de porte peraluminoso alcalino (Angelim 1988).
médio, com aproximadamente 10km de comprimen-
to, metamorfisado na fácies xisto verde. As encaixan- Estudos mais recentes (Angelim 2001) descrevem
tes são supracrustais que compreendem sequências pelo menos três gerações ou suítes de intrusões gra-
turbidíticas, metavulcânicas e metassedimentos are- níticas brasilianas na Faixa Riacho do Pontal, descri-
no-argilosos (Marimon 1990). O Grupo Brejo Seco é tas a seguir (Fig.IX.15, IX.16).
composto por rochas ígneas metamorfizadas (princi-
palmente actinolita-clorita xistos), sendo reconhecí- Suíte Rajada
veis como protólitos: dunito, gabro, harzburgito, troc-
tolito e magnetitito. As rochas metabásicas do Grupo Essa suíte é formada por um magmatismo sin-coli-
Brejo Seco possuem afinidade geoquímica toleítica de sional: Suíte Rajada (Fig.IX.18), composta por orto-
baixo potássio, característica de rochas de arco-de- gnaisses de composição tonalítica, granodiorítica e
-ilhas (Marimon 1990) A associação supracrustal en- sienogranítica, a duas micas, de cor cinza-claro, gra-
contra-se por vezes milonitizada em faixas discretas e nulação fina a média, e localmente microporfirítico.
injetada por abundantes veios de quartzo concordan- A geometria dos corpos é estratoide, concordante à
tes à estruturação principal E-W, sugerindo relação foliação regional, de baixo ângulo. O quimismo é cál-
com zonas de cisalhamento dúcteis transpressionais cialcalino a alcalino continental, de provável origem
da Faixa Riacho do Pontal (Angelim 2001). crustal sedimentar. Uma isócrona Rb-Sr composta,
envolvendo rochas da região de Rajada e Dormentes
Atualmente é reconhecida uma jazida de níquel la- (PE), de 668±10Ma, representa uma estimativa de ida-
terítico na Serra do Bacamarte, desenvolvida sobre de para essas intrusões (Jardim de Sá et al. 1992).
dunitos da zona ultramáfica do Complexo (Santos
1984), cuja reserva medida é da ordem de 20.007.510 t Suíte Serra da Esperança
de minério com teor de 1,56% de níquel. O mineral-
-minério é do tipo silicatado, ocorrendo sob a forma A Suíte Serra da Esperança é constituída por um mag-
de garnierita nas lateritas que capeiam um corpo ser- matismo sin a tardi-colisional, situada próxima da
pentinítico (Angelim 2001). Represa do Sobradinho (Fig.IX.15, IX.16), sendo carac-
terizada por sienitos e quartzossienitos cinza-esver-
3.2.6 Rochas plutônicas deados a rosados, de granulação fina a pegmatoide.
São associados a diques graníticos, pegmatíticos e
Rochas plutônicas intrusivas de natureza granítica da sieno-graníticos. As principais fases minerais são K-
Faixa Riacho do Pontal foram subdivididas em rochas -feldspato pertítico, quartzo, aegirina-augita, diopsí-
relacionadas à tectônica tangencial e relacionadas à dio, titanita, apatita, biotita magnesiana, winchita-ri-
tectônica transcorrente (Angelim 1988, Gomes 1990). chterita e magnetita (Plá Cid et al. 2000). A geometria

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Figura IX.16 - Mapa geológico simplificado com a representação das unidades estratigráficas do Grupo Casa Nova e Faixa Riacho do Pontal.
(Ampliação de parte da figura IX.15)

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a
dos corpos é ovalada a circular, mostrando foliação
de baixo ângulo ou acamamento ígneo, com defor-
mação localizada em zonas de milonitização.

O quimismo é alcalino ultrapotássico, sílica-satu-


rado. Os padrões de (ETR) apresentam Terras Raras
leves fracionados e pesadas pouco fracionadas, des-
providas de anomalias de Eu. Seus spidergrams apre-
sentam enriquecimento em elementos (LIL) e anoma-
lias negativas de Nb e Zr. Jardim de Sá et al. (1996)
atentam ainda para o fato de que, apesar de intrusões
alcalinas serem normalmente associadas a ambien-
tes anorogênicos, esse não parece ser o caso para a
b
Suíte Serra da Esperança. Plá Cid et al. (2000) suge-
rem que a fonte dos magmas primários foi um manto
previamente metassomatizado, com enriquecimento
anômalo em (ETR) leves e elementos (LIL).

Uma isócrona Rb-Sr em rocha total obtida por Jardim


de Sá et al. (1996) forneceu uma idade de 555±10Ma
(Sri=0,7068; MSWD=0,9), considerada como uma es-
timativa mínima e muito próxima, tanto da intrusão
dos plúton em questão, quanto da deformação tan-
gencial associada.

Suíte Serra da Aldeia-Caboclo


c

A Suíte Serra da Aldeia-Caboclo (Fig.IX.15, IX.16), foi


formada por um magmatismo tardi a pós-colisional
de quimismo alcalino, com termos peralcalinos/
shoshoníticos/potássicos, do tipo A (anorogênico).
É composta por sienito e K-feldspato granito cinza,
creme ou avermelhado, de granulação fina a média
ou microporfirítico, com diopsídio, aegirina, arfevdso-
nita, riebeckita, hornblenda e biotita como minerais
varietais. As intrusões diapíricas, ovais a circulares,
apresentam caráter isotrópico, localmente com es-
truturas de orientação de fluxo. Pode ocorrer foliação
Figura IX.17 - Litotipos do Grupo Casa Nova. (a) Mica-xistos e incipiente e zonas de cisalhamento transcorrentes lo-
grauvacas da Formação Mandacaru, ao sul de Rajada (PE); (b) calizadas.
Rocha metamáfica cisalhada, Formação Paulistana-Monte Orebe,
região de Paulistana (PI); (c) Metacalcário rico em intraclastos,
Formação Barra Bonita, região de Vargem Grande (PI).

Fa i xa d e Do b ra m en to s Ri o Preto e Ri ach o d o Pontal • 119

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a
PALEOZOICO-MESOZOICO

3.2.7 Coberturas Fanerozoicas

Rochas sedimentares de idade paleozoica e mesozoica


constituem as Bacias do Parnaíba, a oeste, e do Ara-
ripe, ao norte, cobrindo discordantemente as rochas
precambrianas da Faixa Riacho do Pontal. Localmen-
te, aparecem delgadas coberturas detríticas recentes
que, ao sul, na região da Represa do Sobradinho, ad-
quirem grande extensão (Fig.IX. 15, IX.16).

b
3.3 Sedimentologia e Modelo
Deposicional

A unidade sedimentar plataformal (Formação Barra


Bonita, com quartzitos-metapelitos-metacalcários)
predomina a sul, próximo do Cráton do São Francisco
(Fig.IX.15, IX.16, IX.19). A Formação Mandacaru, com
micaxistos e metagrauvacas turbidíticas, predomi-
na na região central. A unidade vulcanossedimentar
(metavulcânicas e sedimentos turbidíticos) predomi-
na a norte. Este zoneamento sedimentar sugere uma
bacia em rampa, aberta para o norte, provavelmen-
te do tipo margem passiva, onde as rochas do Grupo Figura IX.18 - (a), (b).Granitoide sintectônico Rajada, em
afloramentos do açude do povoado homônimo. Observa-
Brejo Seco e da região de Monte Orebe poderiam ter
se foliação penetrativa, de baixo ângulo, relacionada à
sido, hipoteticamente, possíveis remanescentes ofio- tectônica tangencial, que é correlacionada à foliação S 1-2 nos
líticos neoproterozoicos (Fig.IX.19). Alternativamente, metassedimentos encaixantes.
porções dessas unidades poderiam representar depó-
sitos de arco magmático aprisionados em uma zona A fase (D1) apresenta transporte para o sul, em dire-
de sutura entre o Cráton do São Francisco a sul e um ção ao Cráton do São Francisco, e gerou uma xistosi-
bloco alóctone a norte, cujo embasamento apresen- dade proeminente (S1-S2), e uma lineação de estira-
ta rochas relacionadas ao ciclo Cariris Velhos (Suíte mento orientada N140-170;20NW, em quartzo-xistos,
Afeição). micaxistos e anfibolitos do Grupo Casa Nova. A fai-
xa dobrada mostra uma estrutura homoclinal, com
superposição de escamas tectônicas, que mostram
3.4 Geologia Estrutural e Tectônica foliação (S1-S2) aproximadamente leste-oeste, com
mergulho para norte-noroeste. Minidobras assimé-
Pode-se descrever e subdividir a evolução estrutural tricas apertadas a isoclinais, dobras em bainha, e
da faixa dobrada Riacho do Pontal em uma fase D1 estruturas S/C, indicam transporte tectônico para o
(tectônica tangencial) e outra fase D2 (tectônica trans- sul-sudeste. Estruturas S/C são bastante frequentes,
corrente). conferindo um aspecto milonítico para os micaxis-

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tos, especialmente ao sul, próximo do contato com -xistos, quartzitos e calcários) mostrando foliação (S1)
o embasamento (Fig.IX.20). Meso e macrodobras em sub-horizontal, com aspecto sigmoidal, e estruturas
escala de mapa geológico foram reconhecidas por S/C, diretamente em contato com gnaisses do emba-
Angelim (1988) e Gomes (1990). Destacam-se zonas samento (Jardim de Sá et al. 1992).
de cisalhamento dúcteis com geometria de empurrão,
de orientação E-W, com transporte para o sul, fron- Esta deformação (D1) está contida em granitoides sin-
tais ou oblíquas, dobras apertadas e rampas laterais. tectônicos tipo Rajada, intrusivos nos metassedimen-
Localmente, pode-se reconhecer uma xistosidade (S1) tos, onde se observa a forte foliação (S1’) sub-hori-
em micrólitons e uma xistosidade (S2), como super- zontal, impressa no ortognaisse foliado (tipo Rajada),
fície de crenulação apertada, relacionadas ao evento com lineações minerais, na forma de agregados len-
tangencial. Esta fase é conspícua na porção sul de fai- ticulares e alongados de quartzo e fedspatos. Na par-
xa dobrada (Angelim 1988, Gomes 1990, Santos & Sil- te norte da faixa, entre Afrânio e Paulistana, ocorre
va Filho 1990, Jardim de Sá et al. 1992, Rocha & Fuck, uma escama tectônica do embasamento, com gnais-
1996, Oliveira 1998). Destaca-se a klippe de Barra Bo- ses bandados, entre metassedimentos do Grupo Casa
nita, uma porção alóctone dos metassedimentos do Nova (Fig.IX.17, IX.20). Isto indica que a deformação
Grupo Casa Nova (Formação Barra Bonita, com mica- tangencial evoluiu, ao sul, como pelicular (thin skin)

Figura IX.19 - Quadro


estratigráfico mostrando as
relações de interdigitação
entre as três formações do
Grupo Casa Nova, Faixa Riacho
do Pontal. Modelo de bacia
sedimentar do Complexo Casa
Nova, sugerindo uma margem
passiva neoproterozoica. Em
parte segundo Angelim (1988),
Gomes (1990) e Oliveira (1998).

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passando, ao norte, para uma deformação tangencial
mais profunda, do tipo thick skin (Fig.IX.21).

O aumento do grau metamórfico para o norte, em di-


reção a cidade de Afrânio, e o mergulho da foliação
para o norte, são compatíveis com um metamorfismo
inverso em um contexto de nappes, variando da fácies
xisto verde (ao sul) até a fácies anfibolito (ao norte).
A idade mais provável desta deformação é de apro-
ximadamente 555±10Ma, obtida em sienito da Suíte
Serra da Esperança, intrusão sin a tardi-colisional
nos micaxistos do Grupo Casa Nova, próximo à cida-
de homônima (Jardim de Sá et al. 1992, Pla Cid et al. Figura IX.20 - Granada-mica xisto do Grupo Casa Nova com
estrutura S/C, indicando transporte para o sul. BR-407,
2000).Em síntese, a deformação (D1) da Faixa Riacho
500 metros ao sul do povoado de Pau-Ferro, 23km ao sul de
do Pontal mostra estruturas relacionadas a uma tec- Rajada (PE).
tônica tangencial, consistente com o modelo de de-
formação progressiva dúctil, em regime não coaxial,
com transporte de norte para sul.

A fase (D2) de deformação transcorrente, gerou a


Zona de Cisalhamento de Pernambuco, uma zona de
cisalhamento transcorrente dúctil dextral com cen-
tenas de quilômetros de extensão, além de zonas de
cisalhamento transcorrentes subordinadas, com ge-
ometria sigmoidal e anastomosada, foliação miloní-
tica subvertical (E-W; 90º)e lineação de estiramento
suborizontal (90;10ºE) Os compartimentos sul e nor-
te apresentam direção geral dos lineamentos NE-
-SW, enquanto o compartimento central apresenta
orientação ENE-WSW. Os máximos modais para (S2) Figura IX.21 - Gnaisse migmatítico do embasamento, aflorando
na parte interna da Faixa Riacho do Pontal, provavelmente como
e (L2) para cada compartimento (sul: N64oE;29oNW e
imbricação tectônica. BR-407, cêrca de 6,5km ao norte da divisa
N86oE;86oNW; central: N80oE;72oSE e NS;40oE; norte: Pernambuco-Piauí.
N49oE;15oSE e N15oE, respectivamente) caracterizam
a mudança de vergência entre os três compartimen-
tos. (S2) mergulha para noroeste no compartimento po Casa Nova, com metamorfismo da fácies anfibolito
sul, tornando-se progressivamente mais empinada (Fig.IX.24a, b). Sigmoides de foliação em escala regio-
em direção ao norte até atingir valores sub-verticais nal, assim como assimetria de cristais deformados,
no compartimento central, e invertendo seu mergu- sombras de pressão e foliações S/C indicam cinemáti-
lho para sudeste no compartimento norte. (Fig.IX.22) ca dextral (Angelim 1988, Gomes 1990, Oliveira 1998).
Vauchez et al. (1995) descrevem o padrão sinuoso das
Essa zona de cisalhamento afetou os gnaisses e grani- zonas de cisalhamento dextrais dos Lineamentos de
toides (Fig.IX.23a) do embasamento e os xistos, meta- Pernambuco e Patos, na Província Borborema, dan-
vulcânicas (Fig.IX.23b), anfibolitos e gnaisses do Gru- do enfase à foliação milonítica, sua cinemática, as

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condições metamórficas da deformação e história outras transcorrências subordinadas, possivelmente
magmática associada. Vauchez & Egydio-Silva (1992) ramificadas, que afetam, igualmente, o embasamento
descrevem a estrutura da Zona de Cisalhamento de e as supracrustais do Grupo Casa Nova (Fig.IX.22).
Pernambuco, na região de Floresta, cerca de 100km a
leste da Faixa Riacho do Pontal, caracterizando uma No domínio externo da faixa observa-se aloctonia e
deformação milonítica de alta temperatura, com ana- transporte de massa para o sul, sem evidente envol-
texia sintectônica em metassedimentos. vimento do embasamento (tectônica pelicular – thin
skin). Ao sul, observa-se que os lineamentos no Bloco
Uma seção geológica da Faixa Riacho do Pontal mos- Gavião, que representam o traço da foliação arquea-
tra seus principais elementos tectônicos (Fig.IX.22), no-paleoproterozoica no embasamento, mostram-se
conforme Uhlein et al. (2008). Ao sul, destaca-se orientados predominantemente na direção N-S (Oró-
um fold-and-thrust belt (domínio ou zona externa), geno Itabuna-Salvador-Curaçá, Barbosa & Sabaté,
com predomínio de rampas frontais de baixo ângulo, 2002, 2004, CAPÍTULO III) enquanto que a foliação
nappes e rampas laterais, envolvendo as Formações nos metassedimentos do Grupo Casa Nova mostra
Barra Bonita e Mandacaru. Destaca-se a klippe da orientação próxima de E-W (Fig.IX.25). No domínio
Barra Bonita, uma porção alóctone do Grupo Casa interno da Faixa Riacho do Pontal existe um envolvi-
Nova. No domínio interno, destacam-se as rochas vul- mento da deformação do embasamento que se mos-
canossedimentares da Formação Paulistana-Monte tra orientado E-W, conforme os metassedimentos do
Orebe e as rochas do Grupo Brejo Seco envolvidos Grupo Casa Nova (Fig.IX.15).
na deformação tangencial profunda (thick skin), que
afeta também o embasamento, assim como zonas de Um modelo geodinâmico para a Faixa Riacho do Pon-
cisalhamento subverticais transcorrentes destrógiras tal, Oliveira (1998) sugere, durante o neoproterozoico:
da Zona de Cisalhamento de Pernambuco (a oeste) e (i) o desenvolvimento de uma margem passiva, com

Figura IX.22 - Seção geológica da Faixa Riacho do Pontal e porção norte do Cráton do São Francisco, com indicação dos domínios externo e
interno da faixa dobrada. Veja figura IX.15 para localização de seção geológica.

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a
sedimentação marinha rasa e profunda, sedimentação
turbidítica, possivelmente numa rampa ou talude oce-
ânico, e provável formação de crosta oceânica (rochas
ultramáficas e máficas de Brejo Seco e Monte Orebe);
(ii) fechamento do oceano, com subducção e inversão
tectônica da bacia; (iii) colisão entre o Cráton do São
Francisco e o Maciço Pernambuco-Alagoas, geran-
do o cinturão de cavalgamentos e nappes no domínio
externo e as zonas de cisalhamento dúctil com rejeito
de empurrão, que envolvem o embasamento, assim
como transcorrências dextrais, subverticais, na porção
interna da Faixa de Dobramento Riacho do Pontal. En-
tretanto, a região é ainda muito carente de pesquisas
b
geocronológicas e, principalmente, estudos litogeoquí-
micos sobre as rochas máficas e ultramáficas.

3.5 Metamorfismo

O metamorfismo do embasamento é da fácies anfi-


bolito alto, com formação de gnaisses migmatíticos
bandados. A crosta granítico-granodiorítica-tona-
lítica parcialmente migmatizada do Bloco Gavião
evoluiu através de processos formadores da crosta
continental antiga, durante o arqueano e paleopro-
terozoico (CAPÍTULO III). Diferentes blocos arqueanos Figura IX.23 - Estruturas da Fase (D2) – tectônica transcorrente, na
Faixa Riacho do Pontal. (a) Granitoide porfirítico milonitizado, na
colidiram no paleoproterozoico (2,2 a 2,0Ga) gerando
região nordeste de Paulistana-PI; (b) Xisto máfico da Formação
cadeias de montanhas, metamorfismo de alto grau e Paulistana-Monte Orebe com foliação N80/subvertical, e lineação
importantes processos de deformação (Barbosa et al. de estiramento N80 a 90/sub-horizontal, na BR-407, entre Afrânio
e Paulistana (PI).
2003, Barbosa & Sabaté 2003, Alkmim 2004).

No Grupo Casa Nova observa-se um aumento do


grau de metamorfismo de sul para norte, desde a fá- onde escamas tectônicas superiores, situadas ao nor-
cies xisto verde alto, com biotita xistos granatíferos, te, mostram metamorfismo mais elevado do que as
que afloram ao norte da Represa do Sobradinho, na escamas basais, situadas ao sul (Fig.IX.22).
região de Casa Nova, até fácies anfibolito médio nas
proximidades de Afrânio e principalmente Paulistana Na porção interna da faixa observa-se a presença da
(PI). Porfiroblastos de cianita, estaurolita, cordierita e fase (D2) com uma tectônica dúctil transcorrente de
sillimanita são descritos por Angelim (1988) na região direção E-W, relacionada principalmente Zona de Ci-
de Santa Filomena, indicando condições metamórfi- salhamento de Pernambuco. Zonas de cisalhamento
cas da fácies anfibolito. Este metamorfismo crescen- transcorrente E-W, possivelmente associadas a essa
te para o norte está associado à tectônica tangencial zona, ocorrem dentro do Grupo Casa Nova, próximas
(fase D1), e representa um metamorfismo inverso, de Afrânio e Monte Orebe (Gomes 1990, Angelim 1988).

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Aparecem bandas miloníticas E-W com lineação de es- aflora nos arredores de Afrânio, foi datado por Bri-
tiramento suborizontal (N90;5 a 20º E) (Fig.IX.23). to Neves & Van Schmus, pelo método U-Pb SHRIMP
tendo alcançado o valor de 740Ma (Brito Neves & Pe-
Segundo Angelim (1988) o metamorfismo associado a dreira da Silva 2008). Este dado deve indicar a idade
deformação (D2) é de fácies xisto verde, com formação de sedimentação e vulcanismo do Grupo Casa Nova.
de muscovita/sericita, clorita. Para Vauchez & Egydio- Por outro lado, para Angelim (2001), o vulcanismo dos
-Silva (1992), a Zona ou Lineamento de Pernambuco Complexos Paulistana, Santa Filomena e Monte Orebe
configura uma zona de cisalhamento de alta tempe- é mesoproterozoico, pois estas rochas estão intrudidas
ratura, com formação de sillimanita nos metassedi- pelo granitoide Afeição, que foi datado por Van Schmus
mentos milonitizados e início de anatexia. et al. (1995) pelo método U-Pb (TIMS) em zircão de
966±10Ma. Para essa mesma amostra, foi obtida ida-
Almeida & Lima (1996) apresentaram dados de geo- de-modelo TDM de 1,46Ga com εNd (0,97)=+ 0,1.
termobarometria para as rochas do Grupo Casa Nova
nas proximidades de Cruz de Malta (PE), zona inter- Aparentemente, os dados geocronológicos apresen-
na da Faixa Riacho do Pontal. Segundo estes autores, tados por Angelim (2001) e Brito-Neves & Pedreira
o metamorfismo principal, relacionado à tectônica da Silva (2008) são contraditórios, indicando idades
tangencial, é representado pela paragênese biotita- distintas para o vulcanismo na porção norte da Faixa
-muscovita-granada-estaurolita-cianita/sillimanita- Riacho do Pontal. Porém, os dados são ainda muito
-plagioclásio e quartzo, em condições P/T da fácies escassos, sendo necessários estudos mais aprofunda-
anfibolito alto. As condições P-T em metapelitos indi- dos para esclarecer esse ponto. Em comparação com
cam temperaturas na ordem de 400-500°C e pressões as outras faixas dobradas marginais ao Cráton do São
de 5-7kb Para as rochas anfibolíticas intercaladas aos Francisco, admite-se no presente trabalho, uma idade
metapelitos foi aplicado o termobarômetro anfibó- neoproterozoica para todo o Grupo Casa Nova.
lio–plagioclásio, com T e P na ordem de 540-590°C
e 5-6kb. Uma idade neoproterozoica para a deformação tan-
gencial da Faixa Riacho do Pontal foi também obtida
por Jardim de Sá et al. (1996) em sienitos alcalinos
3.6 Geocronologia sin a tardi colisionais da Suíte Serra da Esperança.
Cinco amostras foram analisadas pelo método Rb/Sr,
A geocronologia do embasamento da Faixa Riacho do fornecendo uma isócrona de 555±10Ma (Ri = 0,7068;
Pontal (Bloco Gavião) mostra evolução durante o ar- MSWD=0,9). Para as intrusões sincolisionais, deter-
queano, com importante retrabalhamento no paleo- minações Rb/Sr foram conseguidas em ortognaisse a
proterozoico. Zircões paleoarqueanos, de até 3,5Ga, duas micas nos arredores de Rajada (PE), fornecen-
foram datados recentemente em xenólitos gabro-dio- do uma isócrona de 539±25Ma (Santos & Silva Filho,
ríticos em gnaisse por Dantas et al. (2010), pelo méto- 1990). Nos arredores de Dormentes (PE) uma isócro-
do U-Pb (ICPMS), demonstrando que, possivelmente, na Rb-Sr de 743±59Ma foi obtida (Jardim de Sá et al.
algumas das rochas mais velhas do continente su- 1992). Considerando a incongruência dos dados, Jar-
lamericano podem estar presentes nesse fragmento dim de Sá et al. (1992) confeccionaram uma isócrona
cratônico (CAPÍTULO III). composta com as determinações dessas duas locali-
dades, chegando a uma idade de 668±10Ma.
Determinações geocronológicas sobre a Faixa Riacho
do Pontal (Grupo Casa Nova) são ainda escassas. Um O Sienito Caboclo, tardi a pós-colisional, situado a
metatufo da Formação Paulistana-Monte Orebe, que nordeste da cidade de Afrânio (PE), forneceu uma

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Tabela IX.3 - Resumo dos dados geocronológicos disponíveis para a Faixa Riacho do Pontal (Jardim de Sá et al. 1992, 1996, Van Schmus et
al. 1995, Brito-Neves & Pedreira da Silva 2008, Dantas et al. 2010).

Embasamento Formação Paulistana - Suíte Rajada Suíte Serra da


(Bloco Gavião) Suíte Afeição Monte Orebe Sin colisional Boa Esperança
Sin a tardi-colisional

966±10Ma U-Pb 667±10Ma,


Zircões paleoarqueanos TIMS 740Ma isócrona composta 555±10Ma
de até 3,5Ga, U-Pb Rb-S
Tdm = 1,46Ga U-Pb SHRIMP em Rb-Sr
LA-ICPMS rocha total
ENd (0,97) = +0,1 zircão de metatufo rocha total

isócrona Rb-Sr de idade 634±8Ma (DNPM/CPRM in 3.7 Reflexo Tectônico da Faixa Riacho do
Jardim de Sá et al. 1992). Este dado apresenta-se in- Pontal no Antepais
congruente com os outros valores encontrados para
as intrusões sin e tardi-colisionais (668 e 555Ma, res- A Faixa Riacho do Pontal ocorre predominantemente
pectivamente). Dessa forma, são necessários estudos nos estados de Pernambuco e Piauí, estendendo-se
geocronológicos mais aprofundados para melhor na direção E-W, junto à divisa com o Estado da Bahia.
caracterizar as fases magmáticas na Faixa Riacho do
Pontal. Na região norte da Bahia, junto a Represa do Sobra-
dinho, afloram rochas da parte sul da Faixa Riacho
Os dados geocronológicos disponíveis indicam se- do Pontal. Pode-se reconhecer o embasamento,
dimentação e vulcanismo em torno de 740Ma e de- constituído por ortognaisses do tipo TTG, com estru-
formação ao redor de 550Ma para a Faixa Riacho do tura bandada, em parte migmatizados, com níveis ou
Pontal. Entretanto, a região é ainda pouco estudada e bandas de cor cinza, composição tonalítica/granodio-
carece de maiores dados sobre as condições de me- rítica, alternadas com bandas de cor rosada ou cinza-
tamorfismo e dados geocronológicos. A tabela IX.3 -esbranquiçada, de composição leucogranítica.
resume os dados geocronológicos disponíveis para a
Faixa Riacho do Pontal. A região situada a leste da Represa do Sobradinho
constitui a parte norte do Orógeno Itabuna-Salvador-
Recentemente, Van Schmus et al. (1995), Angelim -Curaçá (Barbosa et al. 2003, CAPÍTULO III), com to-
(2001) e Santos et al. (2010) têm apresentado dados nalitos/trondhjemitos, charnockitos, monzodioritos e
geocronológicos de ortognaisses próximos de Paulis- rochas supracrustais, com evolução arqueana e paleo-
tana, com idades U-Pb entre 960 e 970Ma. Segundo proterozoica.
Santos et al. (2010) estas idades indicam a possível pre-
sença de rochas envolvidas no evento orogênico Cariris Rochas vulcanossedimentares aparecem inclusas
Velhos na porção norte da Faixa Riacho do Pontal. nos ortognaisses do embasamento e recebem deno-
minações diversas, como os Greenstone Belts Lagoa
do Alegre, Salitre-Sobradinho e Barreiro-Colomi.

126 • G eolog i a da B a hi a

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a b

Figura IX.24 - (a) Mica-xisto do Grupo Casa Nova nos arredores da Represa do Sobradinho, município de Casa Nova.
(b) Granada-biotita xisto do Grupo Casa Nova com níveis quartzosos dobrados em estilo apertado a isoclinal, com foliação plano-axial.
BR-235, 30km a leste de Casa Nova-BA.

(CAPÍTULO III, IV), que ocorrem nos arredores da Re- truturalmente, a porção sul do Grupo Casa Nova mos-
presa do Sobradinho. Constituem associações de ro- tra deformação tangencial, com transporte para o sul.
chas metavulcânicas máficas, ultramáficas, e ácidas, Cavalgamentos e nappes definem o limite da Faixa
formações ferríferas bandadas, quartzitos, paragnais- Riacho do Pontal em relação ao Cráton do São Francis-
ses e mica-xistos, metamorfizadas na fácies anfibolito co, na forma de traços curvos, mostrando concavidade
e considradas de idade arqueana-paleoproterozoica para o norte. Foliações com direção aproximadamen-
(Angelim 1988, Angelim & Silva Filho 1993, Barbosa te E-W, com suave mergulho para o norte, lineações
& Dominguez 1996). de estiramento mineral na direção N170;20ºNW, com
baixo mergulho e superfícies S/C, indicando transpor-
O Grupo Casa Nova compreende as supracrustais da te para o Cráton do São Francisco. Rampas frontais e
Faixa Riacho do Pontal e aflora, na Bahia, nos arredo- também laterais, com movimentos oblíquos, são co-
res do Lago do Sobradinho, nas proximidades da ci- muns. Esses empurrões suborizontais alcançam a re-
dade de Casa Nova (Fig.IX.24). É representado por um gião sul da Barragem do Sobradinho e representam
pacote de litologias metassedimentares, como mica- um descolamento suborizontal das rochas do Grupo
xistos, clorita-muscovita xistos, granada-mica xistos, Casa Nova sobre o embasamento. Na região centro-
metagrauvacas e xistos feldspáticos, quartzitos e már- -leste, destaca-se a klippe de Barra Bonita (Gomes
mores (Souza et al. 1979, Figueirôa & Silva Filho 1990, 1990, Jardim de Sá et al. 1992), uma ocorrência isola-
Angelim & Silva Filho 1993, Barbosa & Dominguez da dos metassedimentos do Grupo Casa Nova, situada
1996). Aflora predominantemernte na base, a Forma- entre as duas margens do Rio São Francisco. Dobras
ção Barra Bonita (granada-mica xistos, metacalcários, tardias, de eixos N-S, são descritas ao sul da Represa
quartzitos) e, para o norte, a Formação Mandacaru do Sobradinho (Angelim 1997), deformando o contato
(micaxistos granatíferos, localmente com cordierita e milonítico basal do Grupo Casa Nova.
estaurolita, com intercalações de camadas pouco es-
pessas de metagrauvacas), conforme Angelim (1997). Estruturalmente, o embasamento no extremo norte
O metamorfismo do Grupo Casa Nova na Bahia é de da Bahia apresenta dobramentos apertados a isocli-
grau médio, variando de xisto verde a anfibolito. Es- nais, planos axiais verticalizados, com eixos em tor-

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Figura IX.25 - Mapa estrutural da Faixa Riacho do Pontal e porção norte do Cráton do São Francisco, com indicação da divisa norte do
Estado da Bahia. Observa-se a diferença entre o traço das foliações do embasamento e do Grupo Casa Nova.

no da direção norte-sul e foliação com alto ângulo brasiliana teve um caráter pouco penetrativo (mais
de mergulho. Os lineamentos estruturais no Bloco superficial e espaçada) no embasamento arquea-
Gavião são dominantemente orientados segundo a no da região, atingindo somente os níveis crustais
direção N-S (Fig.IX.25). Nas supracrustais da Faixa mais elevados. Acredita-se que a cobertura metas-
Riacho do Pontal os lineamentos estruturais mos- sedimentar do Grupo Casa Nova se descolou sobre o
tram orientação aproximada E-W, com baixo ângulo embasamento, sem retrabalhamento profundo. En-
de mergulho (Fig.IX.25). Isto sugere que a deformação tretanto, em Pernambuco, na zona interna da faixa, o

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NNW-SSE, características da Chapada Diamantina,
superpostas por um segundo evento deformacional
com dobras e falhas de empurrões E-W. Identifica-
ram, neste segundo evento, falhas de empurrão com
traço curvilíneo, com a concavidade para o norte, re-
jeitos crescentes na mesma direção, além de dobras
vergentes para o sul. Estas estruturas de deformação
compressional foram acomodadas lateralmente por
um sistema de zonas de cisalhamento rúpteis, repre-
sentando um par conjugado de falhas transcorrentes
sinistral e dextral. Dobras assimétricas de eixo apro-
ximadamente E-W nos carbonatos da Bacia de Irecê
Figura IX.26 - Dobras de eixo E-W nos carbonatos da Bacia de (Fig.IX.26), representam, então, estruturas da Faixa
Irecê, Chapada Diamantina, Bahia, que representam possível Riacho do Pontal, impressas em rochas da cobertu-
influência da deformação da Faixa Riacho do Pontal na região do
antepaís. Foto de Daniel Galvão C. Fragoso (UFMG). ra do antepaís da faixa dobrada (região da Chapada
Diamantina).

embasamento é totalmente envolvido na deformação Em resumo, a deformação brasiliana de dobras e em-


tangencial e transcorrente, de alta temperatura, da purrões vergentes para o sul, da Faixa Riacho do Pon-
Faixa Riacho do Pontal (Figs.IX.15, IX.22). tal, pode até ser encontrada na Bacia de Irecê, situada
300km ao sul, no interior do Cráton do São Francisco,
O modelo geotectônico da Faixa Riacho do Pontal, com representando um exemplo de reflexo tectônico no
formação de uma margem passiva e uma colisão neo- antepaís.
proterozoica da margem norte do Cráton do São Fran-
cisco com o Maciço Pernambuco-Alagoas, implica em
deformação intensa, que se propaga por uma grande
extensão, podendo atingir até 500km na área cratônica 4 Síntese
adjacente, denominada de antepaís e que correspon-
de a porção norte do Estado da Bahia. Desta forma, a A Faixa Rio Preto resultou da inversão tectônica de
borda norte da região da Chapada Diamantina mostra uma bacia neoproterozoica tipo rift, com metamor-
estruturas E-W que podem representar reflexos da tec- fismo que atingiu a transição entre as fácies xisto
tônica brasiliana da Faixa Riacho do Pontal (Fig.IX.1). verde e anfibolito, na porção interna exposta da faixa.
Na bacia precursora, os sedimentos das Formações
Danderfer Filho et al. (1993) identificaram um sis- Canabravinha foram depositados em um ambiente
tema de falhas de empurrão orientadas E-W, curvi- marinho profundo, por fluxos gravitacionais e pela
líneas, que mostram concavidade para o norte, re- decantação de finos em períodos de quiescência,
lacionadas a uma deformação brasiliana transver- compondo assim, um sistema deposicional do tipo
sal, com transporte para o sul, afetando a Bacia de leque submarino (slope-apron). Na porção sul da ba-
Irecê, um conjunto de carbonatos neoproterozoicos cia predominam metadiamictitos e quartzitos turbi-
na porção norte da Chapada Diamantina, na região díticos (fácies de borda de bacia, proximal) e na parte
cratônica (Grupo Una/Bambuí, Formação Salitre; Fig. norte, predominam metapelitos e quartzitos finos. A
IX.1). Danderfer Filho et al. (1993) identificaram um natureza dos clastos nos diamictitos e dos grãos nos
primeiro evento de deformação, com dobras de eixo quartzitos líticos, com abundante material carboná-

Fa i xa d e Do b ra m en to s Ri o Preto e Ri ach o d o Po ntal • 129

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tico e granitoides, é também um indicativo de que a que se interdigitam lateral e verticalmente, de sul para
sedimentação ocorreu de sul para norte, da região norte: Formação Barra Bonita (quartzitos, micaxistos,
do Cráton do São Francisco para a Bacia Rio Preto. metacalcários), Formação Mandacaru (micaxistos e
Não foram encontrados indícios diretos convincentes metagrauvacas) e Formação Paulistana-Monte Orebe
de influência glacial na sedimentação da Formação (micaxistos e rochas vulcânicas). Metatufos da For-
Canabravinha, tais como clastos caídos nas camadas mação Paulistana-Monte Orebe foram datados em
de metapelitos e clastos estriados nos metadiamic- 740Ma (U-Pb SHRIMP) por Brito Neves & Van Schmus
titos. Dados estruturais indicam que a tectogênese in Brito Neves & Pedreira da Silva (2008), constituin-
brasiliana ocorreu de forma policíclica na região da do, provavelmente, a idade de sedimentação do Gru-
Faixa Rio Preto, com três fases deformacionais distin- po Casa Nova. A faixa apresenta uma zona externa a
tas, possivelmente progressivas, entre 600 e 540Ma sul, com predomínio de metassedimentos envolvidos
atrás. A estruturação da Faixa Rio Preto representa numa deformação tangencial com transporte para o
um grande leque assimétrico, com um flanco sul lon- sul, para a região do Cráton do São Francisco. Nes-
go e vergente para o Cráton do São Francisco e um sa zona, granitoides sin a tardicolisionais mostram
flanco norte curto, com vergência para o Complexo idade Rb-Sr de 555Ma (Jardim de Sá et al. 1992), que
Cristalândia do Piauí. No centro dessa estrutura ocor- representa uma boa aproximação da idade da tectô-
re uma zona de cisalhamento destrógira, associada à nica tangencial. A Faixa Riacho do Pontal apresenta
principal fase de deformação. A inversão oblíqua das ainda uma zona interna, a norte, com embasamento
sequências supracrustais, ocasionada por uma movi- e supracrustais do Grupo Casa Nova envolvidos na
mentação horária entre os blocos de embasamento deformação transcorrente dúctil destrógira, de alta
envolvidos, pode ter sido a causa dessa estruturação temperatura, do Lineamento de Pernambuco. Na
incomum. Bahia, a Faixa Riacho do Pontal compreende os me-
tassedimentos do Grupo Casa Nova, que ocorrem nos
A Faixa Riacho do Pontal ocorre na porção norte do arredores da Represa do Sobradinho, representados
Cráton do São Francisco, na divisa entre os estados da pelas Formações Barra Bonita e Mandacaru. Na por-
Bahia, Pernambuco e Piauí. É constituída por um em- ção norte da Chapada Diamantina, em especial nos
basamento gnáissico migmatítico arqueano a paleo- carbonatos da Bacia de Irecê, observa-se influência
proterozoico, e metassedimentos de ambiente depo- tectônica da deformação tangencial neoproterozoica
sicional marinho raso a profundo, metavulcânicas e da Faixa Riacho do Pontal, embora ela não seja obser-
metaplutônicas máficas e ultramáficas, relacionadas vada no embasamento do Cráton que manteve ainda
ao Grupo Casa Nova, de idade neoproterozoica. O Gru- impressas e indestrutíveis as diferenças arqueanas e
po Casa Nova pode ser subdividido em três formações, paleoproterozoicas

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Orógeno
Capítulo X Araçuaí
Simone Cruz (UFBA)
Fernando Alkmim (UFOP)
Augusto José Pedreira da Silva (CPRM)
Leo Rodrigues Teixeira (CPRM)
Antônio Carlos Pedrosa Soares (UFMG)
Luiz César Corrêa Gomes (UFBA)
Jailma Santos de Souza (UFBA)
Ângela Beatriz de Menezes Leal (UFBA)

1 Introdução

1.1 Orógeno Araçuaí

Envolvendo a denominada Faixa de Dobramentos Araçuaí (Almeida 1977) o Orógeno Araçuaí, tal como definido
por Pedrosa-Soares et al. (2001), juntamente com a sua contraparte africana, a Faixa Congo Ocidental, formam
um singular edifício orogênico, de natureza confinada, que se desenvolveu entre os Crátons do São Francisco e
do Congo durante a amalgamação do Gondwana Ocidental, ao final da Era Neoproterozoica (Fig.X.1). Caracte-
rizações e modelos evolutivos sobre o Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental são encontrados em Pedrosa-Soares
et al. (1992a, b; 1998, 2001, 2007, 2008, 2011), Trompette 1994, Pedrosa-Soares & Wiedemann-Leonardos (2000),
Alkmim et al. (2006, 2007).

O Orógeno Araçuaí é limitado a oeste e a norte pelo Cráton do São Francisco, a leste pela margem continental
brasileira e passa, a sul, ao Orógeno Ribeira (Fig.X.1). Além de rochas arqueanas, paleoproterozoicas e mesopro-
terozoicas, que constituem unidades infracrustais e supracrustais do embasamento, o Orógeno Araçuaí envolve
uma suíte plutônica anorogênica (Suíte Salto da Divisa) e sucessões sedimentares das fases rift e de margem
passiva da bacia precursora (Grupo Macaúbas, Complexo Jequitinhonha, Grupo Rio Doce, Complexo Nova Venécia
e parte do Grupo Rio Pardo), e supersuítes graníticas orogênicas (Figs.X.2, X.3).

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Figura X.1. Orógeno Araçuaí no cenário do Gondwana, reconstruído pela justaposição de modelos digitais de terreno da porção leste do
Brasil e costa oeste africana. S: Salvador (Brasil). Fonte: Modificado de Alkmim et al. (2007).

Do ponto de vista tectônico (Fig.X.4), o Orógeno Ara- 1.2 Evolução do Conhecimento sobre o
çuaí em território baiano engloba partes da Faixa de Orógeno Araçuaí na Bahia
Dobramentos Araçuaí, marginal ao Cráton do São
Francisco (Almeida et al. 1977), e do núcleo do oróge- Em seu clássico artigo sobre a “Plataforma Brasilei-
no onde estão expostas rochas de alto grau metamór- ra”, Almeida (1967) esboça o limite leste da “Platafor-
fico do Complexo Jequitinhonha e suítes graníticas ma do São Francisco” como parte de uma extensa fai-
orogênicas (Pedrosa Soares et al. 2001, 2008, 2011, xa de deformação “baikaliana” (i.e, brasiliana), desig-
Alkmim et al. 2006). nada Paraíba, que se estenderia na direção nordeste
desde o Rio Grande do Sul, passando pelo extremo sul
Na Bahia se situa a porção setentrional Faixa Araçuaí da Bahia, até a altura da cidade de Ilhéus.
com, o Arco ou Saliência do Rio Pardo (a grande cur-
va descrita pela faixa ao longo da margem sudeste Entretanto, a fronteira setentrional do setor afetado
do Cráton do São Francisco), a zona de Cisalhamento pela Orogenia Brasiliana no extremo sul da Bahia foi
de Itapebi-Potiraguá e seu prolongamento até a mar- mais precisamente delineada por Cordani (1973) que,
gem atlântica (Fig.X.4). por meio de datações K-Ar, descreveu a existência de

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Figura X.2 - Mapa geológico simplificado com destaque para as rochas do Orógeno Araçuaí. Modificado de Pedrosa Soareas et al. (2007).
CD- Chapada Diamantina, ES- Espinhaço Setentrional. Na figura está apresentada a localização da seção A-A’-A” da figura X.22 zonas de
cisalhamento: 1- Santo Onofre, 2- Muquém, 3- Carrapato, 4- São Timóteo, 5- Iguatemi, 6- Paramirim, 7- Brumado-Malhada de Pedras, 8-
Cristalândia, 9- Barra do Mendes-João Correia, 10- Rio Pardo-Água Preta. (Modificado de Cruz 2004) Pedrosa et al. (2008)

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Figura X.3 - Coluna estratigráfica esquemática do Orógeno Araçuaí (modificada de Pedrosa-Soares et al. 2008). 1,conglomerados; 2,
arenitos; 3, pelitos; 4, diamictitos; 5, formação ferrífera diamictítica; 6, basalto transicional; 7, calcário dolomítico; 8, sedimentos exalativos
(chert sulfetado, sulfeto maciço, formações ferríferas e outros); 9, rochas máficas (com veios de plagiogranito) e ultramáficas oceânicas; 10,
wackes e pelitos; 11, rochas piroclásticas e vulcanoclásticas dacíticas; 12, seixos e blocos pingados.

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O artigo no qual Almeida (1977) definiu a Faixa de Do-
bramentos Araçuaí teve como objetivo fundamental
rever os limites do Cráton do São Francisco (Fig.X.6).
A Faixa Araçuaí passou, a partir de Almeida (1977), a
ser entendida como o cinturão brasiliano, situado à
margem meridional do Cráton do São Francisco, que
se estende na direção N-S entre os paralelos 21o e 16o,
daí infletindo-se para nordeste e, posteriormente, para
sudeste até atingir o litoral atlântico. Desta forma, o
setor setentrional da faixa descreve um grande arco
com a concavidade voltada para sul, o qual está mui-
to bem representado em território baiano. A fronteira
nordeste deste arco coincide com o limite de domínios
de idades K-Ar, estabelecido por Cordani (1973), onde a
foliação brasiliana na direção NW-SE é marcantemen-
te discordante da foliação do embasamento arqueano-
-paleoproterozoico do cráton, cuja direção é NE-SW.

O Mapa Geológico do Estado da Bahia (Inda & Bar-


bosa 1978), excepcionalmente detalhado para a esca-
la 1:1.000.000 e altamente coerente com o estado do
conhecimento àquela época, sintetiza os resultados
de diversos projetos de mapeamento anteriores. Este
mapa apresenta a “Região de Dobramentos Araçuaí”,
Figura X.4 - Compartimentação estrutural do Orógeno Araçuaí a qual corresponderia à maior parte do arco seten-
(Modificado de Alkmim et al. 2007). NC - Núcleo Cristalino,
trional da Faixa Araçuaí, subdividida nos setores de-
BG - Bloco Guanhães, SE - Cinturão da Serra do Espinhaço
Meridional, DS - Zona de Cisalhamento de Dom Silvério, CA - Zona nominados Zona do Espinhaço Meridional e Província
de Cisilhamento da Chapada Acauã, S - Zona de Dobramentos de Kinzigítica (Inda & Barbosa 1978).
Salinas, MN - Corredor Transpressivo de Minas Gerais, I - Zona de
Cisilhamento deItapebi
O limite nordeste da Zona do Espinhaço Meridional
segue, a leste, a fronteira de idades K-Ar reportada
um limite de direção NW-SE, ao longo do “Falhamen- por Cordani (1973), aproximadamente desde Belmon-
to de Itapebi”, entre domínios de idades superiores te a Itapetinga, e prossegue para oeste, rumo a Belo
a 1.000Ma, a norte, e inferiores a 700Ma, a sul, no Campo, Tremedal, Piripá e Mortugaba. O limite sul fi-
baixo vale do Rio Pardo (Fig.X.5). A partir disto, de- caria na altura de Caraíva, Eunápolis e Salto da Divisa.
lineou uma faixa de dobramentos com idades K-Ar Nesta zona, ocorrem metadiamictitos típicos do Grupo
entre 700Ma e 450Ma que incluiria todo o extremo sul Macaúbas, unidade clássica do Proterozoico Superior,
da Bahia até o Rio Pardo e desembocaria, seguindo com intercalações de metarcóseos e metagrauvacas,
a direção noroeste, no Vale do Paramirim. Esta faixa que afloram no médio vale do Rio Pardo, entre Itam-
brasiliana foi incluída na “Província Ribeira”, seguin- bé, Encruzilhada e Maiquinique. Mas, a unidade mais
do a denominação da unidade tectônica proposta por extensa desta zona é uma sucessão de xistos micáce-
Almeida et al. (1973) e correlacionada à Faixa Congo os com intercalações metareníticas e raro metacon-
Ocidental (Cordani 1973). glomerado, a qual foi correlacionada ao Supergrupo

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Figura X.5 - Mapa Geológico esquemático da região costeira do brasil, entre Salvador e Vitória. (Modificado de Cordani 1973)

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Figura X.6 - Delimitação do Cráton de São Francisco e suas faixas marginais segundo Almeida (1977).

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Espinhaço e atribuída ao Proterozoico Médio (Inda & do, que contém clastos das unidades inferiores e do
Barbosa 1978). Entretanto, esta sucessão de xistos embasamento, caracteriza o preenchimento da calha
pelíticos havia também sido correlacionada ao Gru- de antepaís. Desta forma, o preenchimento da Bacia
po Macaúbas por Almeida et al. (1978), em trabalho do Rio Pardo é subdividido em duas fases, a mais an-
que descreve o aumento de norte para sul do meta- tiga regionalmente afetada pela deformação brasilia-
morfismo brasiliano, com paragêneses que incluem na, correspondente à bacia remanescente que seria
granada, estaurolita, cianita e sillimanita. Além do contemporânea da bacia precursora do Orógeno Ara-
embasamento arqueano-paleoproterozoico retraba- çuaí, e a mais nova que caracteriza uma típica bacia
lhado na Orogenia Brasiliana, na então denominada de antepaís (ver síntese em Pedreira 1999).
de Zona do Espinhaço Meridional também ocorrem
intrusões graníticas, alcalinas (sienito a gabro) e en- Pedreira (1979) aplica um modelo de colisão de con-
xames de diques máficos, também atribuídos ao Pro- tinentes com margens irregulares, para explicar a
terozoico Médio por Inda & Barbosa (1978). evolução da Bacia do Rio Pardo, desde sua abertura
até a inversão brasiliana, no período compreendido
A Provínica Kinzigítica ocuparia o polígono balizado entre 1.160Ma e 600Ma. Postula que a deformação e
por Salto da Divisa, Eunápolis e Caraíva, a norte, e pela o metamorfismo de fácies xisto verde, registrados por
fronteira com o Estado do Espírito Santo, a sul, esten- unidades do Grupo Rio Pardo, estariam relacionados
dendo-se do litoral atlântico à divisa com Minas Gerais. à nucleação de uma zona de cisalhamento de direção
A unidade predominante consiste em paragnaisses pe- NW-SE.
raluminosos (kinzigíticos) com intercalações de grafita
gnaisse, quartzito, rocha calcissilicática e raro mármo- Mascarenhas (1979) visualiza uma evolução policíclica
re, metamorfizados na transição das fácies anfibolito e para a Faixa Araçuaí na Bahia, resultante da superpo-
granulito, aos quais se associam migmatitos diversos sição de pelo menos três eventos metamórfico-defor-
(caracterizados na época como metatexitos e diatexi- macionais, na época atribuídos aos ciclos Transama-
tos). Todo este conjunto litológico foi incluído em um zônico, Espinhaço e Brasiliano. É importante ressaltar
“Complexo Basal Transamazônico”, considerado como que Mascarenhas (1979) analisou, em conjunto, estru-
o embasamento regional, hospedeiro de algumas in- turas das rochas do embasamento arqueano-paleo-
trusões graníticas brasilianas (Inda & Barbosa 1978). proterozoico e das unidades que são, hoje, reconheci-
das como neoproterozoicas na porção centro oriental
A fronteira setentrional da deformação brasiliana no do Estado da Bahia. Em seu “Esboço Geotectônico
sudeste da Bahia é registrada, também, pelo Grupo do Precambriano do Estado da Bahia”, Mascarenhas
Rio Pardo que apresenta dois compartimentos tectô- (1979) delineia um extenso cinturão móvel, designado
nicos: um deformado, a sul da Falha do Rio Pardo- “Mobile Belt Costeiro Atlântico”, policíclico, de direção
-Água Preta (Fig.X.2), e outro, indeformado, a norte N-S, que se estenderia desde o Vale do Curaçá, no norte
(Pedreira 1976, 1979, Siqueira et al. 1978). O compar- da Bahia, passando por Salvador até a fronteira com
timento meridional mostra a sucessão inferior areno- o Estado do Espírito Santo, daí prosseguindo para sul.
-pelito-carbonatada (Subgrupo Itaimbé) do Grupo Naquele esboço geotectônico, a Faixa Araçuaí se resu-
Rio Pardo com deformação vergente de sudoeste me ao arco que vai da região de Itapetinga a Piripá.
para nordeste até a Falha do Rio Pardo-Água Preta,
a qual foi atribuída à tectônica brasiliana (Karmann Após o avanço do conhecimento experimentado até
1987, Pedreira 1999). No compartimento setentrional, a década de 1980, as investigações geológicas sobre
livre da deformação brasiliana, a sucessão superior a região baiana do Orógeno Araçuaí passaram por
areno-rudítica (Formação Salobro) do Grupo Rio Par- longo período de estagnação, principalmente devido

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à interrupção dos projetos de mapeamento e dos es- -Soares et al. 2001, 2007, 2008), considerado como
tudos geocronológicos. Isto se reflete na carta e texto exemplo de orógeno confinado na classificação pro-
explicativo do Mapa Geológico do Estado da Bahia, os posta por Rogers & Santosh (2004).
quais utilizam a denominação Faixa Araçuaí-Piripá
para a região orogênica brasiliana do sul da Bahia A partir do final dos anos 90 foram retomados os pro-
(Barbosa & Dominguez 1996), mas as unidades estra- gramas de mapeamento geológico e as investigações
tigráficas são as mesmas da compilação apresentada científicas sobre o Orógeno Araçuaí na Bahia, resul-
por Inda & Barbosa (1978). Mais uma vez, destaca-se tando nos trabalhos que hoje alicerçam o avanço do
a polêmica sobre a posição estratigráfica dos meta- conhecimento geotectônico sobre esta região (e.g.,
diamictitos do Vale do Rio Pardo, os quais, embora Celino et al. 2000, Sampaio et al. 2004, Alkmim et
correlacionados ao Grupo Macaúbas, são motivo de al. 2006, Cruz & Alkmim 2006, Moraes-Filho & Lima
dúvidas, suscitadas desde a década de 1970, quanto 2007, Silva et al. 2008).
a uma possível pertinência ao Supergrupo Espinhaço
(Inda & Barbosa 1978, Barbosa & Dominguez 1996).

Até o início da década de 1990, a despeito da sugestão 2 Faixa Araçuaí


de Almeida (1977) que referia a Faixa Araçuaí como um
“geossinclinal alpinótipo”, a evolução geotectônica da Na Bahia, a porção setentrional da Faixa Araçuaí in-
faixa foi tratada sob a ótica de modelos ensiálicos, i.e., corpora as unidades estratigráficas e os comparti-
sem envolvimento de abertura oceânica (ver síntese mentos tectônicos descritos nas seções adiante.
em Trompette 1994). Porém, a descoberta de remanes-
centes ofiolíticos neoproterozoicos na Faixa Araçuaí,
em Minas Gerais, levou à elaboração de um modelo 2.1 Estratigrafia
geotectônico que, àquela época, ilustraria também a
evolução da região baiana da faixa (Pedrosa-Soares Na Bahia, as principais unidades envolvidas na Faixa
et al. 1992a, b). Nesta síntese, a extensa sucessão rica Araçuaí são (Fig.X.2): (i) o embasamento arqueano a
em xistos micáceos da região de Piripá-Maiquinique orosiriano, mais velho que 1,8Ga; ii) a Suíte Intrusi-
e Itagimirim (antes considerada como pertencente ao va Lagoa Real, do Estateriano (CAPÍTULO V); (iii) o
Supergrupo Espinhaço) foi correlacionada ao Grupo Supergrupo Espinhaço, do Estateriano ao Calimiano
Macaúbas, a unidade representante da bacia precurso- (CAPÍTULO VII); (iv) as intrusões básicas do Esteniano
ra que teve formação de crosta oceânica em sua porção ao Toniano; (v) a Suíte Salto da Divisa, do Toniano; (vi)
meridional. Entretanto, a região a norte, que integra as unidades dos grupos Macaúbas, Rio Pardo e Una,
hoje a porção baiana desta bacia, teria permanecido neoproterozoicos; (vii) a Província Alcalina do Sul da
ensiálica. O modelo proposto por Pedrosa-Soares et Bahia, do Criogeniano.
al. (1992a, b) sugere uma bacia análoga à do Mar Ver-
melho atual e lança mão das zonas de cisalhamento
de Itabuna (NE-SW) e Itapebi (NW-SE) para acomodar ARQUEANO - PALEOPROTOZOICO -
tanto a sua abertura como o seu fechamento. MESOPROTEROZOICO

Durante a década de 1990, o entendimento geotectô- 2.1.1 Embasamento


nico da Faixa Araçuaí e sua contraparte na África, a
Faixa Congo Ocidental, evoluiu até se chegar à defini- As rochas do embasamento da Faixa Araçuaí perten-
ção do Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental (Pedrosa- cem aos blocos Gavião, Jequié e Itabuna-Salvador-

Oró g en o A raçua í • 139

Capitulo 10.indd 139 02/10/12 22:40


dani et al. 1992, Pimentel et al. 1994, Cruz et al. 2007),
cujo retrabalhamento ocorreu em, pelo menos, duas
etapas: a 961±21Ma (Pimentel et al. 1994; U-Pb em
titanita) e 487±7Ma (Turpin et al. 1988).

Supergrupo Espinhaço

O Supergrupo Espinhaço, nas suas ocorrências do


Espinhaço Setentrional e da Chapada Diamantina, é
constituído por um espesso pacote de rochas terríge-
nas com intercalações de vulcânicas ácidas, básicas
Figura X.7 - Embasamento ortognáissico na região de e carbonatos. Essa unidade é descrita em detalhe no
Belo Campo retrabalhado pelas deformações neoproterozoicas capítulo VIII deste livro. Por esta razão, não será aqui
do Orógeno Araçuaí.
abordada.

-Curaçá (CAPÍTULO III). Afloram nos vales do Pa- Intrusivas Básicas Mesoproterozoicas
ramirim, Gavião, São Francisco e Rio Pardo, e com-
preendem ortognaisses, granulitos, migmatitos e Na região da Chapada Diamantina e na Serra do Es-
granitos, além de sequências vulcanossedimentares pinhaço Setentrional, as rochas do Supergrupo Es-
(CAPÍTULO III), cujas idades são maiores que 1,8Ga. pinhaço são cortadas por diques de orientação geral
Em parte, essas unidades foram retrabalhadas pelo NNW-SSE e sills gabroicos de natureza toleiítica con-
evento brasiliano na zona de interação do Aulacógeno tinental (Brito 2008, Guimarães et al. 2008, Loureiro
do Paramirim com a Faixa Araçuaí (Fig.X.7). et al. 2009, Teixeira 2005).

Complexo Lagoa Real Os dados geocronológicos U/Pb disponíveis sugerem


um magmatismo com idades de 1.492±16Ma (Lourei-
Definido por Costa et al. (1985), o Complexo Lagoa ro et al. 2009), 1.496±3.2Ma (Guimarães et al. 2008) e
Real compreende à suíte intrusiva homônima (Arcan- 1.514Ma (Babinski et al. 1999).
jo et al. 2000) que, submetida a metassomatismo e
metamorfismo, gerou vários corpos de gnaisses e al-
bititos mineralizados em urânio. Além disso, contém NEOPROTEROZOICO
rochas anfibolíticas, diabásios e charnockitos.
2.1.2 Suíte Salto da Divisa
A Suíte Intrusiva Lagoa Real (CAPÍTULO V) é compos-
ta por rochas sieníticas, sienograníticas e graníticas A Suíte Salto da Divisa (magmatismo anorogênico)
(Fig.X.8), que deformadas e metamorfizadas no Ne- foi definida na região de Salto da Divisa-Itagimirim
oproterozoico, deram origem a ortognaisses (Fig.X.9) (Sampaio et al. 2004), mas ocorre também na Serra
e filonitos (Pimentel et al. 1994, Cruz 2004, Guima- do Biguá, Serra da Soneira, do Juazeiro, Itambé e Ven-
rães et al. 2008, Cruz & Alkmim 2006). Essa unida- tania (Moraes-Filho & Lima 2007). Essa suíte registra
de representa um episódio de magmatismo alcalino o plutonismo bimodal félsico-máfico da fase rift da
anorogênico (Teixeira 2000, Machado 2008), datado Bacia Macaúbas, e sua idade é de 875±8Ma (zircão,
em aproximadamente 1.7Ga (Turpin et al. 1988, Cor- U-Pb SHRIMP, Silva et al. 2008).

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ficos, em geral, é inferior a 5%, podendo atingir 15%
(Moraes-Filho & Lima 2007, Silva et al. 2007, 2008).

Embora predominem rochas augen mesomiloníticas,


domínios bem preservados, com a trama plutônica
original podem ser encontrados (Paixão & Perrella
2004, Sampaio et al. 2004, Silva et al. 2008). Encla-
ves máficos plutônicos são abundantes e seus con-
tatos com a rocha félsica são retos a angulosos, ou
côncavo-convexos, sugerindo assimilação parcial dos
Figura X.8 - Aspetco geral do sienito da Suíte Intrusiva Lagoa Real enclaves pela rocha granítica em processo semelhan-
em Caetité. te a magma mixing. Em geral, os enclaves também
estão deformados e com feições de alteração hidro-
termal, como a transformação do anfibólio em biotita
e do piroxênio em anfibólio (Silva et al. 2007).

A integração dos dados apresentados por Silva et al.


(2007) e Teixeira (2000) sugere que os componentes da
suíte são fortemente fracionados, com teores de SiO2
entre 70 e 76%, baixos teores de TiO2 (maioria<0,3%),
MgO (<0.3%) e CaO (maioria <1,3%). A média de Al2O3
é de cerca de 13%. Os teores de álcalis são elevados
(K2O+Na2O>7%) e razões K2O/Na2O>1. Os elevados te-
ores de FeO*, até mais de 4%, provocam valores muito
elevados na razão Fe/Fe+Mg. São metaluminosos a
Figura X.9 - Ortognaisse augen-mesomilonítico gerados pela levemente peraluminosos, potássicos (Teixeira 2002,
deformação neoproterozoica da Suíte Intrusiva Lagoa Real em 2006). No diagrama R1-R2 (Fig.X.10a), suas amostras
Caetité.
plotam próximo ao trend subalcalino, o que aponta
para um magmatismo do tipo A.
Os membros da suíte possuem composição sienogra-
nítica a monzogranítica (Moraes-Filho & Lima 2004) Os elementos-traço também mostram algumas ca-
e estão encaixados nos ortognaisses paleoproterozoi- racterísticas importantes, com elevados teores de Y,
cos (Corrêa-Gomes et al. 1998a, b, 2000, Silva et al. que atingem até 120ppm (nos demais granitos a mé-
2002, 2008). Mostram colorações cinza a rósea, gra- dia é de 30ppm). Em diagrama multielementar nor-
nulação média a grossa, fenocristais centimétricos malizado pelo manto, são notáveis as fortes anoma-
de feldspato potássico e contêm autólitos grabroicos lias negativas de Sr, P e Ti, aliadas a enriquecimentos
(Silva et al. 2007, 2008). São, predominantemente, importantes de Nb e Y. Os espectros de elementos
hipersolvus, mas granitos subsolvus também podem Terras Raras (ETR) são pouco fracionados nos maci-
ser encontrados. Entram na composição mineralógi- ços de Salto da Divisa e Itagimirim, variando de 200
ca ortoclásio, quartzo, albita, além de anfibólio ver- vezes maior do que o condrito para La, até 7 vezes
de-azulado, biotita, zircão, apatita, alanita, topázio, maior do que o condrito para o Yb, porém nos demais
fluorita, minerais opacos e, ocasionalmente, granada corpos, localizados mais a norte destes e mapeados
como mineral acessório. O conteúdo de minerais má- por Moraes-Filho & Lima (2007), os espectros têm os

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segmentos de ETR pesados, horizontalizados e forte- corpos de Monte Alto, Jundiá, Bolívia, Serras e Irmão
mente enriquecidos, além de grandes anomalias ne- César, respectivamente.
gativas de Eu.
2.1.3 Grupo Macaúbas
No diagrama (Nb+Y) versus Rb de Pearce (1996)
(Fig.X.10b), as amostras plotam no campo intraplaca, Na região compreendida entre as cidades de Mortu-
reforçando a caracterização como granitos do tipo A. gaba e Eunápolis afloram sucessões de xistos micá-
Os granitos são do tipo A2, cuja fonte provável é crus- ceos, quartzitos e metadiamictitos, correlacionáveis a
tal ou, alternativamente, mantélica com importante formações do Grupo Macaúbas (bacia neoproterozoi-
contribuição crustal. ca) que foram definidas em Minas Gerais (Almeida et
al. 1978, Pedrosa-Soares et al. 1992a, b, 2008, Souza
Recentemente, estudos geocronológicos e geoquími- et al. 2003, Sampaio et al. 2004, Moraes-Filho & Lima
cos realizados por Oliveira (2010) revelaram a exis- 2007).
tência de outros corpos de idade toniana na região
entre Itarantim e Potiraguá. Em seus estudos foram A sucessão de metadiamictitos do Médio Vale do Rio
identificados cinco stocks de granitos, com sieni- Pardo, aflorante, por exemplo, na região de Encruzi-
tos subordinados, elipsoidais e alinhados segundo lhada, é correlacionável à Formação Chapada Acauã
a orientação E-W. Trata-se de um magmatismo me- Inferior (Figs.X.2, X.3). Esta formação inclui intercala-
taluminoso e peraluminoso, com conteúdos de ele- ções de metarenitos e xistos pelíticos, compondo um
mentos-traço compatíveis com magmas anorogêni- conjunto de litofácies representantes de fluxos de de-
cos do tipo A1 com contribuição mantélica. Os dados tritos e turbiditos areno-pelíticos, metamorfizados na
Pb-Pb (monozircão) forneceram idades de 905±4Ma, fácies xisto verde a anfibolito. No contexto geral da
907±2Ma, 914±3Ma, 899±3Ma e 911±2,2Ma para os Bacia Macaúbas, a Formação Chapada Acauã Inferior

Figura X.10 - (a) Diagrama R1-R2 modificado de De La Roche et al. (1980), mostrando o trend próximo ao subalcalino dos granitoides tipo
A da Suíte Granítica Salto da Divisa. (b) Diagrama de Pearce et al. (1996) mostrando o caráter anorogênico da Suíte. Triângulo vermelho –
Serra das Araras, Quadrado Verde – Itarantim, Boja azul – Salto da Divisa.

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representa a sedimentação glácio-marinha distal, as-
sociada ao vulcanismo máfico transicional que marca
a passagem da fase rift para a fase de margem conti-
nental passiva (Pedrosa-Soares et al. 2008).

Uma extensa sucessão de xistos micáceos com gra-


nada, estaurolita, cianita e silimanita (Fig.X.11) e in-
tercalações de rochas calcissilicáticas, metarenitos
e xistos grafitosos, ocorre na região de Mortugaba-
-Piripá-Maiquinique-Itagimirim (Fig.X.2). Os xistos
grafitosos desta unidade podem constituir depósitos
econômicos de grafita, a exemplo dos que são mine-
rados na região de Maiquinique. Esta sucessão me- Figura X.11 - Metapelitos com granada da Formação Ribeirão da
Folha próximo a Maiquinique.
tassedimentar tem sido correlacionada à Formação
Ribeirão da Folha (Sampaio et al. 2004, Moraes-Filho
& Lima 2007), a unidade pós-glacial distal do Grupo al. (1978) reinterpretando a geologia da bacia, consi-
Macaúbas que, em Minas Gerais, inclui rochas repre- deraram como Grupo Rio Pardo as Formações Paneli-
sentantes de uma sedimentação areno-pelítica de nha, Serra do Paraíso e Camacan (esta última englo-
mar profundo com assoalho oceânico e rochas má- bando a Formação Água Preta; Tab.X.1). A Formação
ficas ofiolíticas (Pedrosa-Soares et al. 2007, 2008). Salobro foi interpretada, pelo mesmo autor, como
Entretanto, rochas ofiolíticas não foram identificadas Sequência Molássica. Esta concepção, que não con-
em território baiano e a correlação da sucessão de sidera a Formação Salobro como integrante do Grupo
xistos e metarenitos de Mortugaba-Maiquinique com Rio Pardo, tem sido adotada desde então.
a Formação Ribeirão da Folha foi feita apenas por
semelhança litológica. Por outro lado, pelo menos A Bacia do Rio Pardo é dividida em duas sub-bacias
parte desta sucessão areno-pelítica tem também se- (Pedreira 1976), separadas por uma falha reversa,
melhanças litológicas com a Formação Salinas e po- a Falha Rio Pardo-Água Preta (Karmann 1987, Kar-
deria representar sedimentação em bacia orogênica man et al. 1989) (Fig.X.12). As rochas que preenchem
(Pedrosa-Soares et al. 2007, 2008). a porção sul da bacia são reunidas, da base para o
topo, na Formação Panelinha e no Subgrupo Itaimbé,
2.1.4 Grupo Rio Pardo o qual se subdivide nas Formações Serra do Paraíso,
Água Preta e Camacan (Fig.X.12). Tendo em vista que
Diversas propostas de empilhamento estratigráfico a Formação Salobro encontra-se fora dos limites da
vêm sendo aventadas para a Bacia Neoproterozoica Faixa Araçuaí, ela não será aqui descrita. Informações
do Rio Pardo (Tab.X.1, X.2). Entretanto, a coluna estra- sobre essa unidade poderão ser obtidas em Pedreira
tigráfica proposta por Pedreira (1999) tem sido utili- (1996).
zada em trabalhos mais recentes (vide, por ex., Souza
et al. 2003, Moraes-Filho & Lima 2007, Xavier 2009). A Formação Panelinha (Figs.X.13, X.14), posicionada
na base do Grupo Rio Pardo (Fig.X.15), consiste em
A denominação Grupo Rio Pardo foi criada para conglomerados, brechas, grauvacas e arcóseos, pos-
abranger todas as rochas aflorantes na bacia homô- sivelmente depositados em rifts, por sistemas fluviais
nima, independentemente da sua gênese e ambiente e leques aluviais. Recentemente, alguns conglomera-
tectônico (cf. Salvador, 1994). Entretanto, Siqueira et dos desta formação, contendo blocos de granulito e

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siltitos e lentes carbonáticas, com marcas onduladas
e fendas de ressecamento, depositados em planície de
maré lamosa. A Formação Água Preta é composta por
filitos, arenitos, siltitos, ardósias e lentes carbonáti-
cas. A interestratificação desses litotipos e a existên-
cia de estratificações rítmicas, gradacionais e local-
mente marcas de sola, indicam, segundo Karmann et
al. (1989), deposição em águas mais profundas, na re-
gião central da bacia. A Formação Santa Maria Eterna
engloba quartzitos, conglomerados e intercalações
carbonáticas com estruturas de dessecação (tepees),
que sugerem um ambiente litorâneo para sua depo-
sição. Carbonatos e quartzitos constituem a unidade
mais nova do subgrupo, a Formação Serra do Paraíso
(Fig.X.16). Os carbonatos são localmente estromato-
líticos (tapetes algais, estromatólitos colunares), de
modo que ela pode ser interpretada como depósito de
inter e submaré.

Em seu estudo pioneiro, Hartt (1871, 1941) atribuíram


idade paleozoica às unidades de preenchimento da
Bacia do Rio Pardo. Oliveira & Leonardos (1943) des-
crevem a Formação Salobro no seu capítulo sobre o
Cambriano e a Formação Rio Pardo no capítulo so-
bre o Siluriano, ao passo que Lima et al. (1981) atri-
buíram-na ao Paleozoico Inferior. As primeiras data-
ções geocronológicas da bacia pelos métodos Rb-Sr
e K-Ar foram feitas por Cordani (1973), que analisou
amostras das Formações Camacan e Água Preta. Os
resultados, revisados e discutidos por Brito-Neves et
al. (1980), produziram uma isócrona indicativa de de-
Tabela X.1 - Colunas estratigráficas propostas para a Bacia do Rio posição em 650±170Ma, bem como idades de resfria-
Pardo, até 1969.
mento compreendidas entre 470-530Ma.

A primeira determinação de isótopos estáveis na Ba-


rocha vulcânica (dacito/andesito), foram reinterpre- cia do Rio Pardo foi levada a efeito por Costa-Pinto
tados como diamictitos de origem glacial (A. Misi, co- (1977). A autora analisou 120 amostras das diversas
municação verbal 2008). Formações do Grupo Rio Pardo e concluiu que a sequ-
ência foi depositada em ambientes continental, mari-
O Subgrupo Itaimbé (Karmann et al. 1989) reúne as nho restrito e marinho franco. Os dados δ13C apresen-
formações intermediárias do grupo (Fig.X.15), que tados por Sial et al. (2010) implicam grandes flutua-
mostram contatos gradativos entre si. A Formação ções para as Formações Camacan e Serra do Paraíso,
Camacan corresponde a uma sequência de pelitos, com magnitude similar a capas carbonáticas. Os va-

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Tabela X.2 - Colunas estratigráficas propostas para a Bacia do Rio Pardo, a partir de 1974.

lores dos isótopos de C e O sugerem uma transição 2.1.5 Grupo Una


de ambiente continental para marinho na Formação
Camacan (Costa-Pinto 1977). A continuação destes Como representante desse grupo de idade neoprote-
ambientes marinhos para sul, conforme expressos rozoica têm-se os carbonatos e diamictitos que aflo-
nas Formações Água Preta e Serra do Paraíso, de ram na Sinclinal de Ituaçu, na porção setentrional
acordo com as interpretações de Pedreira (1999), su- da Chapada Dimantina. Compreende as Formações
gerem a deposição do Grupo Rio Pardo em uma mar- Bebedouro e Salite (CAPÍTULO VIII) e encontra-se
gem passiva (Delgado et al. 2003). assentado em discordância erosiva sobre o embasa-
mento e sobre as unidades do Supergrupo Espinhaço.
Estudos isotópicos recentes de Sial et al. (2010) enfo-
caram metacalcários dolomíticos com estromatólitos 2.1.6 Complexo Gabro-Anortosítico Rio Pardo
não-colunares da Formação Serra do Paraíso. Os va-
lores de δ13 C obtidos são de aproximadamente -5‰ e Esse complexo aflora na forma de um corpo estreito e
aumentam coluna acima para +8 e +9‰. Estes valo- alongado segundo a direção N-S, com cerca de 20km2
res e outros obtidos ao longo da área de afloramentos de área aflorante, que ocorre intrusivo nos granuli-
da Formação Serra do Paraíso seriam, segundo Sial et tos do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá e associado
al. (2010), típicos de capas carbonáticas. com nefelina/sodalita sienitos Serra das Araras. Este

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Figura X.12 - Esboço geológico da Bacia do Rio Pardo. FRAP- Falha de Rio Pardo- Água Preta.

Figura X.13 - Formação Panelinha na


localidade de Biscó, município de São
João do Panelinha.

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Figura X.14 - Litologias e estruturas
sedimentares da Formação
Panelinha.

Figura X.15 - Litologia e


estruturas sedimentares das
formações componentes do
Subgrupo Itaimbé.

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Figura X.16 - Formação Serra do Paraíso em afloramento no ramal da Água Vermelha, município de Pau Brasil.

maciço distingue-se dos demais corpos do lineamen- de monzosienitos, segregações de sienito pegmatoide,
to por sua situação geológica peculiar em relação às sienitos finos e com fenocristais gigantes de feldspato
suas encaixantes. A sua colocação é controlada, a alcalino (até 10cm) reforçam a hipótese de que os dois
oeste, por um sistema de falhas submeridianas que grupos de rochas foram contemporâneos.
separa terrenos gnáissicos na fácies anfibolito, e a
leste pelos terrenos granulíticos (Bordini et al. 1999, Essa unidade é formada, principalmente, por anorto-
2002, 2003), tendo registrado um evento deformacio- sitos e, subordinadamente, por leucogabros, troctoli-
nal suplementar. tos e um conjunto de diques gabroicos. Este enxame
de diques de granulação fina acompanha a estrutura
As rochas anortosíticas ocorrem com frequência nas do corpo. As rochas anortosíticas deste maciço são de
cotas mais baixas da área, em contraste marcante colorações cinza-escuro a preta e apresentam textu-
com a topografia alta das intrusões alcalinas (Bordini ra grossa, predominantemente do tipo adcumulato, e
2003). A contemporaneidade entre anortositos e sie- estas texturas magmáticas acumulativas encontram-
nitos é sugerida pela observação de uma estreita zona -se preservadas (Bordini 2003).
de rochas transicionais entre eles. Além disso, a pre-
sença de porções de anortositos (~1,0 m) com formas Além do plagioclásio, os minerais primários das ro-
irregulares imersos numa massa mais leucocrática chas anortosíticas do Maciço de Potiraguá são olivina,

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clinopiroxênio ortopiroxênio, óxidos de Fe-Ti e apati- magmática. A presença de microfraturas nos grãos de
ta. O geotermômetro de Lindsley & Anderson (1983) plagioclásio, deslocamento das geminações magmá-
forneceu temperaturas de fechamento do clinopiro- ticas e de minerais de alteração atestam que este ma-
xênio entre 940 e 1.160oC e do ortopiroxênio entre 800 ciço foi afetado por uma deformação rúptil posterior à
e 900oC, que correspondem às temperaturas mínimas sua cristalização e com a presença de fluidos, embora
de equilíbrio de cada mineral. As temperaturas obti- não tenha sido possível precisar quando ocorreu este
das pelo geotermômetro de Holland & Blundy (1994) tipo de deformação (Carvalho 2005).
para o par anfibólio-plagioclásio, em assembleias
livres de quartzo e pressões de 5 a 10kbar, ficaram 2.1.7 Província Alcalina do Sul da Bahia
entre 837 e 902oC. As temperaturas assim determi-
nadas permitem inferir uma temperatura de cristali- A Província Alcalina do Sul da Bahia (PASEBA) (Fu-
zação das rochas do Maciço de Potiraguá entre 1.040 jimori 1967, 1972, Souto 1972, Silva-Filho et al. 1976,
e 950oC (formação de coroas). Reações subsolidus Pedreira et al. 1975, Lima et al. 1981, Arcanjo 1993)
foram efetivas pelo menos entre 950 e 800oC, com a (Fig.X.17) possui uma área de aproximadamento
formação de ortopiroxênio e anfibólio nas bordas da 8.000km2 sendo formada por inúmeros maciços dis-
olivina e substituição do clinopiroxênio pelo anfibólio postos na direção NE-SW, alguns batólitos, stocks de
(Bordini 2003). dimensões variadas e um grande número de corpos
filoneanos (Rosa et al. 2005a, b, 2007; Peixoto 2005).
A composição calculada para o magma parental das Entram na sua constituição desde nefelina sienitos,
rochas anortosíticas de Potiraguá revela um magma monzonitos a granitos alcalinos (Rosa et al. 2004a, b;
de natureza alcalina, rico em Fe-Al-Ti além de P, Ba, 2005a, b, 2007, Peixoto 2005), muitas vezes com soda-
Sr e ETR leves. A associação de anfibólio rico no com- lita, na fácies porfirítica e na fácies equigranular, com
ponente pargasita com clinopiroxênio do tipo salita granulação variando desde grossa a média (Fig.X.18),
é típica das rochas da série alcalina, e constitui mais além de diques de traquitos (quartzo-traquitos, tra-
uma evidência do caráter alcalino deste magma. As quitos e fonolitos) e diques máficos faneríticos e por-
características gerais de elementos maiores, elemen- firíticos (basanitos, álcali-basaltos, hawaiítos, mun-
tos-traço e ETR do Maciço de Potiraguá apontaram gearitos, dioritos e gabros) (Corrêa-Gomes 2000, Pei-
para uma origem mantélica de uma fonte do tipo OIB xoto 2005) (Fig.X.19). Tanto as rochas máficas quanto
(ambiente intraplaca continental) (Bordini 2003). as félsicas apresentam importantes feições de fluxo
magmático. Enclaves dioríticos também são encon-
A gênese desse complexo está associada com a tec- trados nas rochas félsicas dessa província (Peixoto
tônica extensional anorogênica, cujo evento também 2005).
foi responsável pela geração de rochas sieníticas da
Província Alcalina do Sul da Bahia, descrita a seguir, Os sienitos e granitoides da província teriam sido
além de rochas anortosíticas e diques de diabásio originados da diferenciação de dois magmas alcali-
(Carvalho 2003). Análises isotópicas Sm/Nd em rocha nos, metaluminosos a levemente peraluminosos, que
total forneceram idades TDM de 1.300Ma para o Maci- evoluíram de formas diversas (Rosa et al. 2004a, b,
ço de Potiraguá (Carvalho 2005). Os valores positivos 2005a, b 2007): um subsaturado, cujos principais pro-
de εNd para o maciço de Potiraguá sugerem que os dutos são nefelina sienitos com sodalita, sódico, e o
magmas que geraram estas rochas tiveram uma de- outro saturado, com termos sieníticos e granitos al-
rivação mantélica. calinos. O magma saturado é sódico na maioria das
amostras, contudo os termos graníticos tendem a ser
Os estudos microestruturais mostraram que este cor- potássicos. Conceição et al. (1992) consideram que o
po foi submetido a uma deformação essencialmente motivo para a presença dos dois magmas é o fracio-

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Figura X.17 - Localização da Província Alcalina do Sul do Estado da Bahia - PASEBA.
(Modificado de Rosa et al. 2005a, a partir de Oliveira 2010).

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Para os corpos máficos, da região de Itapé e Itaju do
Colônia, eles foram agrupados na Província Itabuna-
-Itaju do Colônia (CAPÍTULO XII) representando as
principais áreas de ocorrência dessas rochas, tendo
sido estudados por Arcanjo & Oliveira (1991), Araújo
et al. (1992), Corrêa-Gomes et al. (1993a, b), Corrêa-
-Gomes (1995), Pinheiro (2009), Pinheiro (em prepa-
ração), Machado (em preparação). (Fig.X.19) De acor-
do com esses autores, os diques estão encaixados nas
rochas granulíticas e se alinham, preferencialmente,
na direção NE-SW e, secundariamente, NW-SE, isto é,
ortogonalmente à direção da Zona de Cisalhamento
Figura X.18 - Sodalita-sienito Itabuna na Pedreira São Joaquim. Itabuna-Itaju do Colônia. Os corpos apresentam di-
(Peixoto 2005). mensões variadas, com largura variando de poucos

namento precoce do clinopiroxênio para os subsatu-


rados e da hornblenda para os saturados. Como este
comportamento é observado na grande maioria dos
corpos, no presente trabalho, os dados litogeoquími-
cos originados de Rosa et al. (2005a, b) sobre o maciço
de Serra das Araras, saturado, e Rosa et al. (2004a, b,
2005a, b) de Itarantim, subsaturado, serão considera-
dos representativos de toda a província.

A distribuição dos dados relativos aos dois magmas


no diagrama R1-R2 (Fig.X.20a) sugere a presença de
uma fonte comum para os dois magmas, porém suas
evoluções seguem trajetórias diferentes a partir de
determinado ponto, em torno de 60% SiO2. Em Ita-
rantim o líquido subsaturado evolui no sentido da re-
dução do teor de SiO2 para nefelina sienitos chegando
até aos diques pegmatíticos com sodalita. Na Serra
das Araras o líquido saturado evolui de forma normal
desde os termos mais sieníticos até aos granitos al-
calinos.

No diagrama da figura X.20b as amostras são plo-


tadas no campo dos granitos de ambiente intrapla-
ca (anorogênico). Segundo Rosa et al. (2004) e Rosa
et al. (2005a, b) este magmatismo é produto de uma Figura X.19 - Filão de rocha máfica intrusivo no embasamento
do Orógeno Araçuaí em Itapé, local onde pode ser observado um
fonte mantélica profunda análoga à dos basaltos de
enxame de diques alcalinos. A fotografia mostra um enclave de
ilhas oceânicas (OIB), com pouca ou nenhuma conta- granulito do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá rotacionado por
minação crustal. fluxo magmático com a caneta apontando para norte.

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centímetros até cerca de 3 metros e a extensão pode 2.2 Arcabouço Estrutural e
alcançar mais de 100 metros. Essas rochas apresen- Metamorfismo
tam texturas hipocristalina, inequigranular, porfiríti-
ca, com fenocristais de plagioclásio e piroxênio, imer- Como mencionado anteriormente, quatro compar-
sos numa matriz de granulação fina a média, ofítica e timentos tectônicos podem ser individualizados no
subofítica, diabásica, intergranular e glomeroporfirí- Orógeno Araçuaí exposto no território baiano. São
tica. São essencialmente compostos por plagioclásio, eles (Fig.X.2): a zona de interferência entre o Orógeno
ortopiroxênio (hiperstênio) e clinopiroxênio (augita). Araçuaí e o Aulacógeno do Paramirim, a Saliência do
Em menor quantidade ocorrem olivina (parcialmen- Rio Pardo, as zonas de Cisalhamento Itabuna-Itaju do
te a totalmente alterada para serpentina), anfibó- Colônia e Itapebi-Potiraguá, além da porção sul da
lio (hornblenda), minerais opacos, biotita, quartzo, Bacia do Rio Pardo.
calcita, clorita e titanita. Do ponto de vista químico,
variam entre toleiíticos a alcalinos segundo Pinheiro 2.2.1. Zona de interferência Orógeno Araçuaí e
(em preparação) e Machado (em preparação). Aulacógeno do Paramirim

Idades U-Pb, Rb-Sr, Ar-Ar e K-Ar de rochas da PASE- O Aulacógeno do Paramirim (sensu Pedrosa-Soares
BA, obtidas por diversos autores, são reproduzidas na et al. 2001) é a feição tectônica que abarca as co-
tabela.X.3. Dois picos de magmatismo podem ser des- berturas precambrianas do Cráton do São Francisco
tacados, quais sejam: (i) 730-650Ma para a colocação expostas na Serra do Espinhaço Setentrional e Cha-
de corpos sieníticos e a primeira geração de diques pada Diamantina. Originariamente designado como
alcalinos; (ii) 550-480Ma para a segunda geração de Aulacógeno do Espinhaço por Costa & Inda (1982),
diques alcalinos (Cordani et al. 1974, Lima et al. 1981, corresponde a uma bacia intracratônica parcialmente
Teixeira et al. 1997, Corrêa-Gomes 2000) (Tab.X.3). invertida. Originada como um dos ramos do sistema

Figura X.20 - (a) Diagrama R1-R2 modificado de De La Roche et al. (1980), mostrando o trend subsaturado dos nefelina sienitos de Itarantim
(círculos azuis) (os diques com sodalita) e o trend saturado dos nefelina sienitos/granitos da Serra das Araras. (b) Diagrama de Pearce et al.
(1996) mostrando o caráter anorogênico da Suíte.

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Tabela X.3 - Dados geocronológicos com as idades obtidas por diversos métodos para os principais corpos sieníticos da Província Alcalina
do Sul da Bahia. Adaptado de Corrêa-Gomes (2000) e Corrêa-Gomes & Oliveira (2002).

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estateriano de rifts do leste do Brasil (Brito-Neves et ma, Sighinolfi & Conceição (1974) propuseram que as
al. 1996), passou por vários episódios de subsidência deformações observadas nas unidades do Supergrupo
até a sua inversão parcial e soerguimento durante o Espinhaço na região estariam associadas com colisões
evento brasiliano, ao final do Neoproterozoico (Dan- de placas continentais, durante o Neoproterozoico.
derfer 1990, 2000, Lagoeiro 1990, Cruz & Alkmim Por sua vez, Almeida (1977) ao caracterizar o Cráton
2006). Nesta longa história de subsidência, recebeu do São Francisco como uma plataforma estabilizada
como unidades de preenchimento as rochas dos Su- por volta de 1,8Ga, classifica as deformações na região
pergrupos Espinhaço e São Francisco (CAPÍTULO em questão como limitadas às unidades de cobertura
VIII). A zona de máxima intensidade de deformação sem envolvimento do embasamento cratônico.
e inversão do aulacógeno configura o Corredor do
Paramirim (Alkmim et al. 1993) de orientação geral Sá et al. (1976) e Sá (1978a, b, 1981) e Costa & Inda
NNW-SSE. Na porção sul do Corredor do Paramirim, (1982) postulam que o desenvolvimento das estru-
situada a sul do paralelo 13ºS (Fig.X.2), o embasamen- turas dominantes do aulacógeno ter-se-iam ocorri-
to foi envolvido na deformação da cobertura e o me- do durante o Mesoproterozoico, entre 1,7 e 1,1Ga, em
tamorfismo associado atinge as condições de fácies resposta a diferentes mecanismos motrizes. Para Fer-
anfibolito. Por esta razão ela é incorporada à Faixa nandes et al. (1982), uma zona de subducção dirigi-
Araçuaí (Alkmim 2004, Alkmim et al. 2006, Pedrosa da esteve ativa na região do Espinhaço Setentrional
Soares et al. 2007) e aqui tratada como zona de inter- durante o Mesoproterozoico. A Chapada Diamantina
ferência entre o aulacógeno e o orógeno em questão. representaria uma bacia flexural localizada no ante-
Na caracterização pioneira que fez dos aulacógenos, país, que receberia contribuições sedimentares pro-
Shatsky (1960), enfatiza como uma das suas caracte- venientes do orógeno situado a oeste.
rísticas mais marcantes, o fato de irem de encontro a
protuberâncias e saliências dos cinturões orogênicos Costa & Inda (1982) contribuem significativamente
que bordejam as plataformas ou crátons, nos quais para o entendimento da geometria das grandes es-
se acham instalados. Assim ocorre com o Aulacógeno truturas deformacionais do Aulacógeno do Parami-
do Paramirim em relação à Faixa Araçuaí. rim. Para estes autores, a culminação do processo de
inversão teria ocorrido ao final do Mesoproterozoico
A inversão do Aulacógeno do Paramirim e, conse- com o alçamento do Bloco do Paramirim por sobre as
quentemente, o prolongamento do Orógeno Araçuaí unidades de cobertura, ao longo de falhas helicoidais.
por sua zona axial através do Corredor do Paramirim,
é um assunto polêmico na literatura geológica. A Caby & Arthaud (1987) sugerem que o padrão estru-
grande controvérsia centra-se na idade da deforma- tural e metamórfico observável na região do Vale do
ção das unidades ali presentes e no seu mecanismo Paramirim reflete uma colisão continental do tipo Hi-
motriz. malaiano ocorrida durante o Neoproterozoico.

Diversos modelos foram aventados para explicar a Trompette et al. (1992) e Trompette (1994) sugerem a
inversão do aulacógeno. A partir de dados geocrono- existência de uma Faixa Brasiliana que se estenderia
lógicos apresentados por Távora et al. (1967), Cordani do Quadrilátero Ferrífero até o norte do cráton, pas-
(1973) individualizou a Província Geocronológica do sando pelo vale do Paramirim, gerada pelo fecha-
Paramirim como uma faixa móvel de idade neopro- mento de um rift intracratônico. Esta faixa separaria
terozoica, que separaria o Cráton do São Francisco, a os crátons de Salvador e Paramirim, tal como propos-
oeste e o Cráton de Salvador, a leste. Da mesma for- to por Cordani (1973).

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Alkmim et al. (1993) postularam que a inversão da Amazônia e Borborema, envolvidas na Formação do
porção sul do aulacógeno teria sido desencadeada Gondwana Ocidental.
pela endentação do bloco do embasamento situado a
norte da Faixa Araçuaí na zona axial do aulacógeno. Principais traços estruturais
A movimentação em direção a norte da endentação
daria origem a um corredor de deformação de orien- O compartimento baiano da Faixa Araçuaí caracteri-
tação geral NNW, o Corredor do Paramirim, no qual zado como zona de interferência com o Aulacógeno
se observariam movimentos sinistrais a reversos, ao do Paramirim compreende a porção sul da Serra do
longo do Espinhaço Setentrional e dextrais a rever- Espinhaço Setentrional, o vale do Paramirim e a bor-
sos, ao longo da borda da Chapada Diamantina. da sudoeste da Chapada Diamantina (Fig.X.2). Com
um contorno alongado na direção NNW, conecta-se
Pedreira (1994) propôs que as deformações que afe- a sul à zona de culminação da Saliência do Rio Pardo
tam as rochas do Supergrupo Espinhaço na região e, além do embasamento, envolve o Complexo Lagoa
da Chapada Dimantina estariam associadas a três Real, o Supergrupo Espinhaço, o Grupo Macaúbas, o
eventos tectônicos. O primeiro deles, de idade paleo- Grupo Una e o Grupo Bambuí.
proterozoica (1.900Ma), teria ocorrido após a depo-
sição da porção basal do Supergrupo Espinhaço, em As estruturas mais proeminentes e que dominam
decorrência de uma colisão continente-continente. O o panorama tectônico da zona de interferência são
segundo evento, de idade mesoproterozoica, corres- grandes falhas reversas e de empurrão associadas
ponderia a uma fase de dobramentos suaves das uni- com dobras de orientação preferencial NNW.
dades do Supergrupo Espinhaço antes da deposição
dos sedimentos neoproterozoicos do Supergrupo São A oeste da Serra do Espinhaço Setentrional, na Ser-
Francisco Grupo Una. O terceiro e último evento, de ra de Palmas de Monte Alto, os carbonatos do Grupo
idade neoproterozoica, teria afetado todas as unida- Bambuí e os diamictitos e pelitos do Grupo Macaúbas
des precambrianas. repousam sobre os quartzitos do Supergrupo Espi-
nhaço e estes sobre o embasamento. A deformação
Danderfer Filho (1990, 2000), através de análise es- é acomodada nas unidades da cobertura através de
trutural e sedimentológica, reconheceu um único dobras abertas com orientação NNW (Alkmim et al.
evento deformacional absorvido igualmente pelas 1996). À medida que se dirige para sul, em direção à
rochas dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco cidade de Urandi, tornam-se progressivamente en-
na região da Chapada Diamantina e na Serra do Es- volvidos na deformação através de zonas de cisalha-
pinhaço Setentrional. O arcabouço estrutural seria o mento intra e interestratais, com dobras intrafoliais
reflexo da colisão entre os Crátons Amazônico e São envolvendo o acamadamento primário e desenvol-
Francisco, durante o ciclo Brasiliano. vendo uma foliação de clivagem. Essa foliação encon-
tra-se dobrada, com charneiras orientadas na direção
Cruz (2004), Cruz & Alkmim (2006), Cruz et al. (2007a, NE e vergência para NW (Bertholdo et al. 1993). Nesse
b, c) propuseram que as estruturas deformacionais caso, o embasamento também foi envolvido na defor-
que afetam os Supergrupos Espinhaço e São Francisco mação da cobertura e é possível observá-lo cavalga-
no Aulacógeno do Paramirim estariam relacionadas do sobre as rochas metassedimentares do Supergru-
à Formação do Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental, po Espinhaço.
durante o Evento Brasiliano, ao final da Era Neopro-
terozoica. Elas seriam manifestações à distância das Na Serra do Espinhaço Setentrional, em seu domínio
colisões entre as paleoplacas São Francisco-Congo, setentrional, a norte da cidade de Macaúbas, predo-

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minam estruturas monoclinais e falhas normais que
progressivamente são invertidas em direção a sul. De
oeste para leste, podem ser reconhecidas as falhas de
Muquém, Santo Onofre e Carrapato. Essas falhas, com
orientação geral NNW, teriam sido nucleadas na fase
de evolução bacinal e invertidas durante a principal
fase de evolução do Corredor do Paramirim (Dander-
fer Filho 2000). Entre as grandes falhas regionais o
arcabouço estrutural é constituído por dobras regio-
nais com orientação NNW, com predomínio de dobras
abertas em relação às fechadas. Dobras parasíticas
associam-se aos dobramentos regionais (Fig.X.21). Figura X.21 - Dobras parasíticas em Z desenvolvidas no Grupo
Santo Onofre próximo (CAPÍTULO VIII) ao seu contato com a Falha
de Santo Onofre, a norte da cidade de Caetité.
No Vale do Paramirim, as estruturas dominantes
manifestam-se como zonas de cisalhamento dúcteis
a dúctil-rúpteis, que afetam o Complexo Lagoa Real e et al. 1994, Cruz et al. 2007a), amplamente reportados
localmente reativam estruturas deformacionais mais na literatura.
antigas do que 1,8Ga nucleadas nas sequencias me-
tavulcanossedimentares arqueanas/paleoprotero- Na Chapada Diamantina ocidental os Supergrupos Es-
zoicas do Bloco Gavião (Fig.X.22). Distinguem-se, de pinhaço e São Francisco encontram-se estruturados
oeste para leste, as zonas de cisalhamento de Santo segundo um cinturão de cavalgamentos e dobramen-
Onofre, Muquém, Carrapato (Fig.X.23), São Timóteo tos com vergencia para E (Danderfer Filho 1990, Cruz
(Figs.X.9, X.24), Iguatemi, Brumado-Malhada de Pe- et al. 1998, Bento 2001, Cruz 2004, Cruz et al. 2007b,
dras (Fig.X.25), Paramirim (Fig.X.26), Cristalândia c). O padrão estrutural predominante são dobras aber-
(Fig. X.27) e Barra do Mendes-João Correia. Tais zonas tas com orientação geral NNW com vergência nula ou
apresentam larguras amplamente variáveis, podendo para leste. Essas estruturas podem apresentar foliação
atingir 7km nas sequencias metavulcanossedimenta- plano axial e rotacionam zonas de cisalhamento inter e
res do Bloco Gavião e 40km no Complexo Lagoa Real. intraestratais, leques imbricados e duplexes. Zonas de
Nessa família estão incluídas zonas de cisalhamento cisalhamento de alto ângulo, reversas e também com
reversas e dextrais-reversas, com orientação prefe- orientação NNW-SSE truncam todas as estruturas an-
rencial N-NNW/S-SSE e inflexões para NE/SW e ENE- teriormente mencionadas. Essas zonas hospedam im-
-WSW, que ocorrem associadas a dobras, nas mais di- portantes ocorrências e depósitos filoneanos hidroter-
versas escalas e por zonas de transferência sinistrais mais de quartzo rutilado, barita, hematita e ouro.
de orientação geral E-W.
No interior da zona de interferência, a intensidade da
A Suíte Intrusiva Lagoa Real é a unidade em que essas deformação associada com as estruturas dominan-
estruturas foram estudadas mais detalhadamente. As tes aumenta consideravelmente de norte para sul,
grandes zonas de cisalhamento, cuja geometria geral como registrado por Costa & Inda (1982) e Danderfer
é helicoidal, expressam-se em afloramentos através Filho (1990). Acima do paralelo 12o30’S, a cobertura
de uma foliação milonítica associada a um proemi- praticamente indeformada repousa horizontalmente
nente bandamento metamórfico e intensa recristali- sobre o embasamento. Em direção a sul, as rochas se-
zação de feldspatos e quartzo. Nelas é que estão hos- dimentares do Supergrupo Espinhaço são progressi-
pedados albititos mineralizados em urânio (Pimentel vamente mais deformadas e inversões estratigráficas

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Figura X.22 - Seções geológicas esquemáticas do setor setentrional da Faixa Araçuaí no orógeno homônimo . A seção A-A’-A” incorpora
as informações obtidas a partir de Danderfer Filho (2000). A localização do perfil encontra-se na figura X.2. Zonas de cisalhamento: 2-
Muquém, 3- Carrapato, 5- Iguatemi, 6- Paramirim, 8- Cristalândia, 9- Barra do Mendes- João Correia. Fonte: Modificado de Cruz (2004).

Figura X.23 - Zona de cisalhamento Carrapato nucleada na


Sequência Metavulcanossedimentar Caetité - Licínio de Almeida e
aflorante no Riacho Moita dos Porcos, em Caetité.

Figura X.24 - Albitito mineralizado em urânio na zona de Figura X.25 - Zona de cisalhamento Malhada de Pedras reativada
cisalhamento de São Timóteo em Maniaçu hospedada no Complexo no Neoproterozoico e hospedada em ortognaisses próximos à
Lagoa Real. Afloramento na Mina Cachoeira, em Maniaçu. cidade de Brumado.

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e São Francisco, possuem idade máxima neoprotero-
zoica. Neste contexto, lascas do embasamento podem
ser justapostas ao conjunto do Supergrupo Espinhaço
(CAPÍTULO III) (Fig.III.58), assim como inversões es-
tratigráficas podem ser reconhecidas, denotando uma
tectônica com embasamento envolvido na deformação
da cobertura (Danderfer Filho 1990, 2000, Cruz 2004,
Guimarães et al. 2008, Cruz & Alkmim 2006).

Estudos estruturais conduzidos na região de Ituaçu


Figura X.26 - Zona de cisalhamento Paramirim desenvolvida (Cruz 2004, Cruz & Alkmim 2006, Cruz et al. 2007b)
no contato entre o embasamento e os metassedimentos do indicam que os elementos anteriormente descritos,
Supergrupo Espinhaço, na estrada para a torre de televisão da
cidade de Paramirim (BA). embora dominantes, não são os únicos nem os mais
antigos que podem ser caracterizados nas unidades
de cobertura. Eles se superimpõem, na borda sudoes-
te da Chapada Diamantina, a zonas de cisalhamento
e dobras assimétricas, reclinadas, com vergência para
NNW. Na Sinclinal de Ituaçu, localizada no extremo
sul da Chapada Diamantina, essa família afeta os sedi-
mentos das Formações Bebedouro e Salitre (Fig.X.28).
Essas estruturas são o registro, na cobertura do Corre-
dor do Paramirim, do avanço do front de deformação
do Orógeno Araçuaí-Oeste Congo em direção a norte.

Além destes elementos mais antigos, registram-se


ainda, na zona de interferência, uma família de estru-
Figura X.27 - Zona de cisalhamento Cristalândia nas unidades turas distensionais que afetam os elementos domi-
precambrianas do Supergrupo Espinhaço na região de Jussiape.

são encontradas a sul do paralelo 13’00’S, na região


de Paramirim, com o embasamento cavalgando sobre
a cobertura (Figs.X.27, III.58).

As zonas de cisalhamento presentes no setor ocidental


da Chapada Diamantina e na região a sul da cidade de
Macaúbas, na Serra do Espinhaço Setentrional estão,
como anteriormente descrito, ancoradas no substrato
mais antigo do que 1,8Ga, reativando estruturas antigas
do embasamento do Aulacógeno do Paramirim. O ar-
cabouço estrutural reflete um campo de encurtamen-
to segundo WSW-ENE (Danderfer Fo 1990, 2000, Cruz
2004, Cruz & Alkmim 2006) e como foram igualmente Figura X.28 - Dobras assimétricas com vergência para NNW em
dolomitos da Formação Salitre, no núcleo da Sinclinal de Ituaçu.
reconhecidas em rochas dos Supergrupos Espinhaço

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nantes. São zonas de cisalhamento normais e dobras tentrional, a paragênese metamórfica associada com
associadas, que reativam e invertem os elementos as estruturas dominantes é composta por mica bran-
formados durante a compressão que estruturou o ca e quartzo. Na região de Paramirim, além desses
Corredor do Paramirim. Elas podem ser observadas minerais, ocorre ainda cloritoide. Nas rochas meta-
na Chapada Diamantina, no Espinhaço Setentrional e vulcânicas do Supergrupo Espinhaço, encontram-se
no embasamento (Cruz 2004). albita, quartzo, biotita verde e clorita como principais
minerais metamórficos sincinemáticos.
Metamorfismo
Dados geocronológicos com idade neoproterozoica
O metamorfismo associado com a inversão do Aula- vêm sendo revelados através da obtenção de idades
cógeno do Paramirim e, portanto, característico da Ar-Ar e U-Pb em rochas afetadas pelas zonas de ci-
zona de interferência, cresce de norte para sul, no salhamento características da zona de interferência
substrato, de leste para oeste, na Chapada Diaman- (Tab.X.1). Dois conjuntos de idades podem ser iden-
tina e de oeste para leste, no Espinhaço Setentrional. tificados. O primeiro, mais antigo, com idades U-Pb
em torno de 960 e Ar-Ar em 1064Ma, compreende
Na terminação norte do compartimento, região com- valores próximos aos obtidos em sills gabroicos por
preendida entre as cidades de Ibiajara e Itanajé, a pa- Loureiro et al. (2009) e Danderfer Filho et al. (2009)
ragênese metamórfica associada com as estruturas e possivelmente estão relacionadas com um episódio
dominantes é marcada pela presença de clorita, albi- distensional no início do Neoproterozoico (Schobbe-
ta e quartzo. Os processos deformacionais principais nhaus 1993, 1996, Pedrosa Soares et al. 2007). Essas
são o microfraturamento de feldspatos e deformação idades são também próximas às obtidas, via outros
plástica de filossilicatos e quartzo, sugerindo condi- métodos, por Brito-Neves et al. (1980), Macedo & Bo-
ções de pressão e temperatura compatíveis com a fá- nhomme (1981) e Macedo & Bonhomme (1984) em ro-
cies xisto verde (Cruz 2004, Cruz et al. 2007a). Mais a chas da cobertura. Em pelitos da Formação Bebedou-
sul, na altura de Maniaçu, rochas do Complexo Lagoa ro, Brito-Neves et al. (1980) encontraram idades Rb/
Real exibem a associação metamórfica constituída Sr variando entre 930 e 920Ma. Para esses autores, a
por hastingsita-pargasita, andradita-grossularita, sedimentação teria ocorrido há cerca de 1.000Ma e a
epidoto, biotita, titanita, hedembergita/diopsídio, diagênese em torno de 900Ma. Macedo & Bonhom-
quartzo, albita/oligoclásio e hematita (Fig.X.29). Es- me (1981), por sua vez, obtiveram uma idade Sr/Sr de
tudos geotermométricos conduzidos nestas rochas 960±31Ma que foi interpretada como a de uma fase
indicam temperaturas entre 580º e 630º (Cruz 2004). diagenética precoce dessa unidade. Para esses auto-
Paragênese tarditectônica é constituída por calcita e res, a diagênese tardia teria ocorrido há 896±30Ma.
epidoto (Fig.X.30). Nas sequencias de rochas metas- Idades K/Ar entre 901±21 e 876±20Ma, Rb/Sr e Sr/Sr
sedimentares do embasamento do Orógeno Araçuaí, variando entre 932±30Ma e 911±27Ma foram encon-
em especial, nas regiões de Caetité-Licínio de Almei- tradas em pelitos também da Formação Bebedou-
da, a paragênese progressiva sintectônica é constitu- ro por Macedo & Bonhomme (1984) e interpretadas
ída por granada, monazita, cianita, biotita e quartzo. como relativas à sua diagênese.
A paragênese sin a tarditectônica, pós pico meta-
mórfico, é representada por almandina/espessartita, O segundo conjunto de dados geocronológicos (Tab.X.4)
quartzo, monazita, cianita e estaurolita (Fig.X.31). compreende resultados U-Pb e Ar-Ar que variaram
entre 586Ma e 484Ma, que têm sido interpretados
Nas rochas metassedimentares do Supergrupo Espi- como reflexo da inversão do aulacógeno. Não existem
nhaço, na Chapada Diamantina e no Espinhaço Se- evidências geológicas confiáveis para a existência de

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Figura X.29 - Fotomicrografia mostrando a associação andradita Figura X.31 - Fotomicrografia mostrando estaurolita (Std) imersa
(Adr) em aegirina-augita (Aeg-Aug) nos albititos mineralizados em matriz com biotita (Bt) e quartzo (Qtz) com foliação interna
em urânio da Mina Cachoeira, Maniaçu. Luz plano-polarizada. (Si) incompatível com a externa (Se) em xistos do Sequência
Base da foto= 2mm. Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio de Almeida na Serra do
Espinhaço Setentrional. Nicóis cruzados. Base da foto= 2mm

Real de 1.397±9Ma, utilizando uma técnica pouco usu-


al de lixiviação de concentrados de minerais pesados e
amostras do albitito. Tudo indica que as frações anali-
sadas deveriam conter tanto minerais de U cristaliza-
dos em 1.750Ma (Cordani et al. 1992, Turpin et al. 1988)
como aqueles cristalizados, ou “zerados”, em 960Ma
(Pimentel et al. 1994), resultando em uma idade mista,
sem significado geológico.

2.2.2 Saliência do Rio Pardo

Figura X.30 - Fotomicrografia mostrando a substituição do Originalmente denominada Arco do Rio Pardo por
plagioclásio (Pl) por calcita (Ca)em albitito mineralizado em Almeida (1977), a grande curva descrita pela Faixa
urânio da Mina Cachoeira, Maniaçu. Nicóis cruzados.
Base da foto= 2mm Araçuaí na região compreendida entre Montezuma
e Maiquinique foi interpretada por Cruz & Alkmim
(2006) como uma típica saliência (sensu Macedo &
um evento orogenético no Mesoproterozoico. Os prin- Marshak 1999), isto é, uma culminação antitaxial com
cipais argumentos em favor desta hipótese baseiam-se a convexidade voltada para a zona cratônica (Fig.X.33)
em dados geocronológicos Rb/Sr obtidos, por exemplo, e o produto da interação entre um Aulacógeno e um
por Cordani et al. (1992) em rochas da Suíte Intrusiva Orógeno.
Lagoa Real que sofreram intensa albitização. Esses da-
dos podem ser explicados pela perturbação do sistema Principais traços estruturais
isotópico Rb/Sr durante o evento hidrotermal neopro-
terozoico de 960Ma, datado por Pimentel et al. (1994). Na Saliência do Rio Pardo, o arcabouço estrutural
Turpin et al. (1988) haviam obtido uma idade U/Pb para dominante desenvolve-se nas rochas do Complexo
a mineralização de urânio nas rochas da Suíte Lagoa Itapetinga e nas rochas metassedimentares do Gru-

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po Macaúbas. É representado, principalmente, por O acervo estrutural observado no embasamento da
zonas de cisalhamento de baixo ângulo (Conjunto I, região da saliência é cinematicamente equivalenete
Fig.X.32) que, no Complexo Itapetinga, associa-se a ao que foi encontrado nas rochas do Grupo Macaúbas.
uma proeminente foliação gnáissica (Figs.X.6, X.32). Em função disto pode-se supor que a idade máxima
Nas rochas metassedimentares, a foliação principal para sua formação é neoproterozoica.
é paralela ao bandamento composicional. Em ambos
os casos, dobras isoclinais intrafoliais são encontra- Metamorfismo
das envolvendo um bandamento mais antigo, que no
caso das rochas do Grupo Macaúbas corresponde, Através do estudo de paragêneses minerais na Sa-
possivelmente, ao acamadamento. A orientação geral liência do Rio Pardo e áreas adjacentes, Almeida et
dessas estruturas varia desde NE, na porção ocidental al. (1978) demonstraram um aumento progressivo
da saliência, passando por E-W na sua culminação, do grau metamórfico em direção às porções centrais
até NW-SE, na sua terminação oriental. A lineação de da Faixa Araçuaí. A assembléia mineralógica sintec-
estiramento, tanto no Complexo Itapetinga, quanto no tônica, constituída por biotita, granada, estaurolita e
Grupo Macaúbas segue o rumo do mergulho da fo- cianita, nas porções externas da saliência, seria pro-
liação. Uma variedade de indicadores de movimento gressivamente substituída por silimanita, estaurolita
(estruturas s/c/C’, sombras de pressão, dobras assi- e feldspato alcalino ao se adentrar a saliência e, mais
métricas e em bainha) pode ser encontrada e todos adiante ainda, pela associação de feldspato alcalino e
eles sugerem movimento dirigido para NW, N e NE espinélio. Uma segunda geração de estaurolita cresce
nas porções ocidental, central e oriental da saliência, truncando a foliação dominante. Neste caso, os cris-
respectivamente (Moraes-Filho & Lima 2004, Cruz & tais são bem formados, sem orientação preferencial,
Alkmim 2006) (Figs.X.6, X.33). Dobras recumbentes geminados e chegam a atingir 8cm de comprimento.
a reclinadas com caimento (sensu Van Der Pluijm
& Marshak 2007), com parasíticas em S, M e Z, são 2.2.3 Zonas de cisalhamento Itabuna-Itaju do
observadas tanto no embasamento quanto nas uni- Colônia e Itapebi-Potiraguá
dades do Grupo Macaúbas (Fig.X.11) e estão associa-
das a uma segunda fase de deformação (Conjunto II, Tomam parte do segmento oriental da Faixa Ara-
Fig.X.32). A orientação geral das suas charneiras e a çuaí na Bahia duas grandes zonas de cisalhamento
vergência acompanha o traçado da grande curva. rúpteis de alto ângulo e direções NE-SW e NW-SE,
conhecidas, respectivamente, como Itabuna-Itaju
Um terceiro conjunto de dobras (Conjunto III, Fig.X.32), do Colônia e Itapebi-Potiraguá (Pedreira et al. 1975,
abertas, com plano axial posicionado na direção Corrêa-Gomes 2000) (Fig.X.2). Além do embasamen-
NNW/SSE, se superpõe ao conjunto anteriormente to, elas afetam a Bacia do Rio Pardo e se associam ao
mencionado. A interação entre essa fase de dobra- alojamento de corpos da Província Alcalina do Sul da
mentos e as anteriores gera um padrão de interfe- Bahia (Silva-Filho 1974, Lima et al. 1981, Arcanjo 1993,
rência do tipo domos e bacias (sensu Ramsay 1987). Corrêa-Gomes et al. 1996, 1998, Corrêa Gomes 2000).
Zonas de cisalhamento reversas a reversas dextrais
truncam essas estruturas (Conjunto IV) e, em geral, Principais Traços Estruturais
apresentam orientação geral NNW/SSE e alto ângu-
lo de mergulho. Essas estruturas ocorrem tanto no A Zona de Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia
embasamento mais antigo do que 1,8Ga, quanto nas possui orientação geral N45oE e dimensões de 150km
unidades do Grupo Macaúbas e refletem um encurta- por 30km, podendo ser reconhecida nas cidades de
mento geral segundo WSW-ENE. Ilheús, Itabuna, Itapé e Itaju do Colônia-Corrêa Gomes

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Tabela X.4 - Síntese dos dados geocronológicos disponíveis para as zonas de cisalhamento no Corredor do Paramirim.

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Ti- titanita, Zr- zircão, Sr- Sericita, Bt- Biotita, Anf – Anfibólio, Mnz- monazita.

Autores Litologias K-Ar Ar-Ar U-Pb (TIMS) U-Pb


(Laser Ablation )

Jardim de Sá et al. Dique gabroico na Chapada Diamantina 492±25Ma


(1976)

162 • G eolog i a da B a hi a
Albititos na zona de cisalhamento Lagoa Real, 961±21Ma
Pimentel et al. (1994) na Mina de Cachoeira, em Maniaçu. 487Ma
(intercepto inferior, Ti)

Complexo Lagoa Real na zona de 491 a 514 (Anf)


Cordani et al. (1992) cisalhamento de São Timóteo, em São 538 e 573 (Bt)
Timóteo

Turpin et al. (1988) 487±7Ma (Zr)

Granito Rio do Paulo Santo, na zona de 507±6Ma (Bt)


cisalhamento de Paramirim

Granito Caculé na zona de cisalhamento 1064±12Ma


Bastos-Leal (1998) Iguatemi , em Caculé 551±6Ma
(Bt)

Granito Espírito Santo na zona de 490±12Ma (Bt)


cisalhamento Iguatemi, em Ibitira

Maciço Iguatemi, na zona de cisalhamento 483±5 (Bt)


Iguatemi

Hidrotermalitos na zona de cisalhamento 484±2Ma


Guimarães et al. (2008) Paramirim, na Chapada Diamantina, nos a 487±2Ma (Sr)
garimpos de Pedra Preta e Santa Teresa 513±2Ma a 515±2Ma
(Sr)
586±2Ma (Sr)

Sequência Metavulcanossedimentar Licínio 560Ma; 525±4Ma (Mnz)


de Almeida, na zona de cisalhamento Licínio
de Almeida, em Caetité
Cruz et al. (em
preparação) Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba na zona de 560Ma; 517±4Ma (Mnz).
cisalhamento Iguatemi, em Ibiassucê

Complexo Lagoa Real na zona de 986±7Ma


cisalhamento São Timóteo, em São Timóteo
484±0.8Ma (Bt)

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Figura X.32 - Mapa geológico simplificado da Saliência do Rio Pardo. O mapa apresentado é baseado em Schobbenhaus et al. (1981),
Almeida (1977), Barbosa & Dominguez (1996) e em dados de campo. MG- Minas Gerais, BA- Bahia.

(2000) (Figs.X.2, X.36). Os planos de falhas e fratu- A Zona de Cisalhamento de Itapebi-Potiraguá marca
ras apresentam mergulhos superiores a 70º e estrias o contato entre a Faixa Araçuaí os granulitos da parte
com caimentos para SW inferiores a 30º. A sua histó- sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá do Paleo-
ria evolutiva é marcada por uma tectônica rúptil, que proteozoico (Fig.X.2). Apresenta orientação preferen-
se inicia com transpressão sinistral (Corrêa-Gomes cial segundo N50ºW (Corrêa-Gomes 2000) e em sua
et al. 1998a, b, Corrêa-Gomes 2000), em resposta à maior expressão representa parte de um corredor de
tensão principal máxima posicionada na direção N-S cisalhamento dextral.
(Corrêa-Gomes et al. 1998a,b, Corrêa-Gomes 2000).
Evolui em seguida para transcorrência dextral (Ar- Corrêa-Gomes (2000) sugere que o registro compres-
canjo 1993, Corrêa-Gomes et al. 1998b, Corrêa-Gomes sional mais antigo dessa última zona de cisalhamen-
2000), quando a tensão principal máxima passa a se to é de natureza dúctil e está associado com foliações
posicionar na direção E-W. Seus elementos truncam que se orientam segundo N90º-50ºW, com fraco mer-
diques félsicos datados entre 730 e 650Ma, o que per- gulho para SSW e lineação de estiramento posiciona-
mite lhes atribuir uma idade máxima de 650Ma (Cor- da no rumo do mergulho, com leve componente dire-
rêa-Gomes 2000). cional dextral. Posteriormente, o sistema dúctil teria

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2.2.4 Bacia do Rio Pardo

A porção sul da Bacia do Rio Pardo é limitada, a norte,


pela Falha Rio Pardo-Água Preta, e a sul, por falhas
e zonas de cisalhamento reversas que lançam rochas
do Complexo Itapetinga sobre as rochas metassedi-
mentares do Grupo Rio Pardo (Moraes-Filho & Lima
2004). A falha reversa do Rio Pardo-Água Preta (Kar-
mann 1987), ao justapor as rochas das Formações
Água Preta e Salobro, divide a bacia em dois domí-
nios: o da tectônica epidérmica, a nordeste, e o da
tectônica endodérmica, isto é, com envolvimento do
Figura X.33 - Estrutura S/C neoproterozoica em milonitos embasamento, a sudoeste (Karmann 1987, Moraes-
bandados do Complexo Itapetinga, nas proximidades da cidade -Filho & Lima 2004). O limite oeste da bacia também
homônica, sugerindo vergência para NNE.
é marcado por falhas reversas (Karmann 1987).

Principais Traços Estruturais


sido cortado por um conjunto de falhas e fraturas de
alto ângulo e direções entre N50ºW e N90ºW. As line- O arcabouço estrutural da porção sul da Bacia do Rio
ações associadas são de baixa obliquidade, com cai- Pardo é marcado por estruturas de três gerações. O
mentos inferiores a 20º, e refletiriam uma transtração conjunto mais antigo envolve uma foliação (S0//S1’)
sinistral. (Fig.X.34) que contém dobras isoclinais e intrafoliais,
muitas vezes sem raiz e em bainha. Essa foliação é
Em uma outra abordagem, Sampaio et al. (2004) e ardosiana a filítica S1’, com orientação geral NW-SE
Moraes-Filho & Lima (2004) interpretaram a Zona que estrutura os contatos entre as unidades e marca
de Cisalhamento de Itapebi-Potiraguá como uma descolamentos intra e interestratais. Sobre a foliação
estrutura dúctil-rúptil, cuja maior expressão seria (S1) tem-se uma proeminente lineação de estiramen-
uma megaflor positiva, de extensão quilométrica. to mineral posicionada, preferencialmente, na dire-
Na região de Potiraguá essa estrutura apresenta-se ção NE-SW (Karmann et al. 1987).
truncando as unidades do embasamento e uma proe-
minente foliação gnáissica é desenvolvida. A lineação As principais estruturas da segunda geração, domi-
de estiramento mineral é de baixa obliquidade e L- nantes regionalmente, são dobras com dimensões va-
-tectonitos são observados. A leste da cidade de Ita- riadas, desde quilométricas a centiméticas (Fig.X.35),
petinga essa zona de cisalhamento justapõe unidades abertas a fechadas, cilíndricas e vergentes para NE,
do embasamento e unidades da Formação Serra do com parasíticas em S, M, W e Z, as quais apresen-
Paraíso, do Grupo Rio Pardo. tam uma foliação plano axial, orientada segundo
N30oW/50o-70o SW (Karmann et al. 1987). A foliação
O sistema de cisalhamento em foco trunca rochas de de plano axial S1’’ se expressa como uma clivagem
idade paleoproterozoicas e está tectonicamente as- de crenulação ou como uma xistosidade. Em certos
sociado com o alojamento de corpos sieníticos neo- domínios, ricos em pelitos, metacarbonatos e quart-
proterozoicos da Província Alcalina do Sul da Bahia zitos, as dobras de segunda geração são isoclinais e
(Corrêa-Gomes 2000). há a paralelização entre as estruturas S0 S1‘ e S1’’. De

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acordo com Karmann et al. (1987), durante essa fase
de deformação formaram-se as falhas e zonas de ci-
salhamento mais proeminentes e limitantes da bacia.

Karmann et al. (1987) descrevem ainda a presença de


uma terceira geração de dobras abertas, que ondu-
lam as cristas das dobras anteriormente descritas. A
posição dos seus eixos varia em torno de N10º-20ºW,
o que dá origem a interferências do tipo domos e ba-
cias tipo (1) (Ramsay 1987) e, subordinadamente, do
tipo bumerangue tipo (2) (Ramsay 1987). Essas estru-
turas refletem encurtamentos segundo E-W.

A história deformacional e campos de tensão respon-


sáveis pela deformação das unidades de preenchi-
mento da porção sul da Bacia do Rio Pardo, postula-
dos por Karmann et al. (1987), são semelhantes aos
que foram registrados na Saliência do Rio Pardo por
Cruz & Alkmim (2006).

Metamorfismo

Figura X.34 - Foliação S0//S1 em quartzitos do Grupo Rio Pardo. As rochas da Bacia do Rio Pardo exibem paragêne-
ses compatíveis com um incremento metamórfico
de norte para sul. A sul da falha do Rio Pardo-Água
Preta, o metamorfismo é de fácies xisto verde baixo,
com a presença de talco em metacalcários e metado-
lomitos das Formações Serra do Paraíso e Água Pre-
ta. Além disso, clinocloro, quartzo, zoizita, clinozoizi-
ta, moscovita são também encontrados. O principal
evento metamórfico acompanhou o desenrolar das
três fases de deformação anteriormente mencionadas
(Karmann 1987).

3 Núcleo Orogênico de
Figura X.35 - Laminitos algais da Formação Serra do Paraíso
Alto Grau
dobrados assimetricamente. Fazenda Serra do Paraíso, município Pequena parte do núcleo orogênico de alto grau do
de Potiraguá.
Orógeno Araçuaí ocorre no extremo sul da Bahia,
entre Itagimirim e Medeiros Neto (Fig.X.36), a sul da
zona de cisalhamento de Itapebi-Potiraguá.

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Figura X.36 - Mapa simplificado do Núcleo Orogênico de Alto Grau do Orógeno Araçuaí.
FRAP- Falha do Rio Pardo-Água Preta, SRP- Saliência do Rio Pardo, ZCIIC- Zona de Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia,
ZCIP- Zona de Cisalhamento Itapebi-Potiraguá.

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NEOPROTEROZOICO do Complexo Jequitinhonha poderiam incluir depósi-
tos com contribuição do arco magmático do Orógeno
3.1 Estratigrafia Araçuaí (Pedrosa-Soares & Wiedemann-Leonardos
2000, Teixeira 2002, Sampaio et al. 2004, e Moraes-
No extremo sul da Bahia ocorrem, no domínio do -Filho & Lima 2007).
núcleo de alto grau metamórfico do orógeno, o Com-
plexo Jequitinhonha, a Suíte Salto da Divisa, e pluto-
nitos das supersuítes G2, G3 e G5, descritos adiante
(Figs.X.2, X.36).

3.1.1 Complexo Jequitinhonha

O Complexo Jequitinhonha é constituído, predominan-


temente, por paragnaisses kinzigíticos (Fig.X.37) de
granulação fina a grossa, localmente com concentra-
ções de grafita e graus variados de migmatização, aos
quais podem se associar leucogranitos do tipo S. Além
disso, gnaisses charnockíticos podem ser encontrados
(Fig.X.38). O bandamento gnáissico é marcado pela
alternância de níveis leucossomáticos, de composição Figura X.37 - Gnaisses kinzigíticos com domínios migmatizados do
Complexo Jequitinhonha em pedreira nas proximidades de Teixeira
granítica a sienogranítica, com granada e fenocristais
de Freitas.
de feldspatos, com niveis mesossomáticos, constituí-
dos por biotita-gnaisse cinza-escuro com proporções
variáveis de quartzo, biotita, feldspatos e granada,
além de níveis com proporções variáveis de biotita,
grafita, silimanita, cordierita e granada (Sampaio et al.
2004). De acordo com esses autores, gnaisses cinza-
-esverdeados, finos a médios, com plagioclásio, quart-
zo, hiperstênio, biotita, granada, feldspato potássico,
além de apatita, zircão e opacos, bem como quartzitos
e rochas calcissilicáticas também podem ser encon-
trados nessa unidade. O bandamento apresenta es-
pessuras variadas, desde métrica a decimétrica.

A idade máxima do Complexo Jequitinhonha em sua


área-tipo, nos arredores da cidade homônima em Mi-
nas Gerais, limita-se em torno de 900Ma, conforme
datações U-Pb (LA-ICPMS) em grãos detríticos de
zircão; e, assim, comprova-se que esta parte do com-
plexo representa os produtos de alto grau metamór-
fico da sedimentação areno-pelítica distal do Grupo
Macaúbas (Gonçalves-Dias et al. 2010). Entretanto, Figura X.38 - Gnaisses charnockíticos do Complexo Jequitinhonha
na região de Medeiros Neto.
dada a sua grande extensão, as partes sul e sudeste

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3.1.2 Supersuítes Plutônicas datações U-Pb da supersuíte G3 concentra-se no in-
tervalo 545-530Ma, indicando cristalização no está-
Após as sínteses sobre os episódios de magmatismo gio tardi- a pós-colisional. Contudo, há estudos que
orogênico apresentadas por Pedrosa-Soares & Wiede- sugerem que batólitos G5 podem impor fusão parcial
mann-Leonardos (2000) e Pedrosa-Soares et al. (2001), em granitos G2, formando, na auréola de contato, um
um grande conjunto de novos dados levou ao reagru- leucogranito que é petrograficamente similar ao G3
pamento dos plutonitos que refletem os estágios pré-, (Whittington et al. 2001, Silva et al. 2010, Pedrosa-
sin-, tardi- e pós-colisionais do Orógeno Araçuaí em -Soares et al. 2011). Um dos grandes desafios atuais
cinco supersuítes (G1 a G5; Pedrosa-Soares et al. 2011), para o entendimento dos episódios de granitogênese
cujas características são adiante sintetizadas. no Orógeno Araçuaí é, justamente, distinguir entre
verdadeiros leucogranitos G3 (tardi a pós-colisionais)
A supersuíte G1 representa o arco magmático cal- e leucogranitos similares, mas originados nas auréo-
cialcalino que se desenvolveu em margem continen- las de contato dos batólitos G5 (ou seja, produtos da
tal ativa no período de 630 a 585Ma. Esta supersuíte migmatização imposta pelo calor emanado destas
engloba tonalito e granodiorito, geralmente ricos em grandes intrusões).
enclaves dioríticos a máficos. A supersuíte G1 ainda
não foi encontrada no Estado da Bahia (Pedrosa-Soa- A supersuíte G4 ainda não encontrada na Bahia, con-
res et al. 2011 e publicações já citadas). siste em granitos tipo “S”, geralmente a duas micas,
com ou sem granada, que formam intrusões circuns-
A supersuíte G2 engloba os granitoides formados critas, nitidamente alóctones, cristalizadas entre 530
no estágio sincolisional, entre 585Ma e 560Ma. Esta e 500Ma (Silva et al. 2010, Pedrosa-Soares et al. 2011).
supersuíte é, predominantemente, representada por
granitos do tipo “S”, peraluminosos, com quantidades A supersuíte G5 é constituída por corpos com compo-
variadas de biotita, granada, cordierita e/ou sillima- sição predominantemente granítica ou charnockítica,
nita, e granitos a duas micas granadíferos ou não. com termos enderbíticos a noríticos subordinados.
Estes granitos se formaram a partir da fusão parcial Essa supersuíte representa o plutonismo tipo I e A2,
de paragnaisses, tais como os que ocorrem no Com- calcialcalino rico em potássio e ferro, de idade entre
plexo Jequitinhonha. A exemplo da supersuíte G1, os 520 e 490Ma. As supersuítes G4 e G5 são pós-colisio-
granitos G2 geralmente registram a deformação re- nais e se relacionam à fase do colapso gravitacional
gional, mostrando-se desde incipientemente foliados do Orógeno Araçuaí (Pedrosa-Soares et al. 2011 e pu-
a milonitizados. Entretanto, tanto G1 quanto G2 po- blicações já citadas).
dem apresentar-se bem preservados da deformação
regional (Pedrosa-Soares et al. 2011). Na Bahia, os granitoides do Orógeno Araçuaí foram
mapeados e agrupados, segundo critérios estruturais,
A rocha típica da supersuíte G3 é um leucograni- em sin-, tardi- e pós-tectônicos (Sampaio et al. 2004,
to sempre portador de granada e/ou cordierita e/ou e Moraes-Filho & Lima 2007). Essas rochas ocorrem
sillimanita, muito pobre em biotita e livre da foliação como intrusões no Grupo Macaúbas e Complexo Je-
regional, mas que comumente apresenta restitos fo- quitinhonha, dos quais frequentemente englobam
liados das rochas que o originaram (Pedrosa-Soares xenólitos e restos de teto (roof pendants) compostos
et al. 2011). O leucogranito G3 é um produto da fu- de xistos pelíticos, rochas calcissilicáticas e gnaisses.
são parcial de granito G2 e paragnaisse, nos quais A grande maioria dos corpos não têm datação U-Pb,
se encontra encaixado na forma de veios, vênulas, mas em função das suas características petrográficas
corpos irregulares e pequenos stocks. O acervo de e litogeoquímicas, assim como pelas suas relações

168 • G e olog i a da B a hi a

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com a deformação regional, eles são aqui agrupados
em granitos tipo S sincolisonais a póscolisionais, e na
supersuíte G5.

Os granitos tipo “S” sincolisionais a pós-colisionais


(Fig.X.39) correspondem aos granitos de mesmo tipo
que foram considerados sin-, tardi- ou pós-tectônicos
por Sampaio et al. (2004), e ocorrem desde a região
de Eunápolis-Guaratinga até a divisa com os estados
de Minas Gerais e Espírito Santo (Fig.X.36). O granito
que seria correlacionável à supersuíte G2 mostra con-
tato transicional com o Complexo Jequitinhonha na
região a sul de Ibirapuã e a oeste de Medeiros Neto, Figura X.39 - Granito tipo S sincolisionais a pós-colisionais a oeste
de Guaratinga.
onde é denominado Granito Nanuque (Sampaio et al.
2004). Este granito se encontra foliado, gnaissificado e/
ou milonitizado pela deformação regional, e é geral- correlacionáveis à supersuíte G5, cujos principais ma-
mente rico em granada, podendo conter quantidades ciços estudados localizam-se nas imediações de Sa-
muito significativas de sillimanita, cordierita e apatita. lomão, Guaratinga e São Paulinho, que foram classi-
Predomina um sienogranito porfirítico, mas podem ficados informalmente por Teixeira (2002) como fácies
ocorrer variações de monzogranito a tonalito, também Salomão (com opx), Guaratinga (cinza, equigranular
granadíferos, devido à quantidade de plagioclásio her- médio) e Morro do Pescoço (róseo, porfirítico).
dado do paragnaisse (Pedrosa-Soares et al. 2011). É
importante destacar que é comum o aparecimento de Os granitoides do tipo “S” da área são quimicamen-
vênulas, veios, “manchões” (patches) e stocks de leuco- te muito semelhantes, ao menos quando observados
granito a granada e/ou cordierita, associados ao Grani- em nível regional, podendo assim ser descritos em
to Nanuque e correlatos (i.e. demais granitos G2 do sul conjunto sem prejuízo da sua caracterização. São gra-
da Bahia). Este leucogranito a granada e/ou cordierita nitoides muito evoluídos, potássicos, cujos teores de
pode representar a granitogênese G3, por fusão parcial SiO2 estão entre 70 e 72%, de Al2O3 em torno de 14%
de granito G2; mas, também, pode se formar em de- e K2O superiores a 5%. São peraluminosos, com ele-
corrência da anatexia induzida por intrusões G5 sobre vados conteúdos de corindon normativo (CIPW). Os
o Complexo Jequitinhonha e granitos G2, a exemplo do teores de CaO são, frequentemente, menores que 1%.
que ocorre na auréola térmica do grande batólito de
Santo Antônio do Jacinto - Guaratinga (Whittington et No diagrama R1-R2 (Fig.X.40a) são caracterizados
al. 2001, Silva et al. 2010, Pedrosa et al. 2011). como granitos sensu stricto, cujos pontos representa-
tivos se colocam sobre a parte final do trend subalca-
Para a caracterização litogeoquímica dos corpos de lino, uma vez que só existem termos com altos teores
granitoides neoproterozoicos que afloram no Estado de SiO2. Na figura X.40b os pontos representativos dos
da Bahia foram utilizados os dados de Teixeira (2002). granitoides tipo “S” ocupam o campo dos granitos sin-
Os granitos do tipo S estudados foram os da região de colisionais, o que é normal para este tipo litológico.
Nanuque, correspondentes à Suíte G2, e das regiões
de Salomão e Buranhém, correspondentes à Suíte G3. Nos corpos de menor porte e de contatos mais di-
Além desses, também estão presentes granitoides do fusos, como Nanuque e Salomão, as características
tipo I (granitos póstectônicos de Sampaio et al. 2004) herdadas de suas fontes metassedimentares estão

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Figura X.40 - a) Diagrama R1-R2 modificado de De La Roche et al. (1980), mostrando os posicionamento dos granitos “S” junto ao final do
trend subalcalino. Nesta região se posicionam todos os granitos fortemente diferenciados; b) diagrama de Pearce (1996) mostrando o
caráter sincolisional dos granitos.

mais bem preservadas, enquanto nos corpos maiores, No diagrama R1-R2 (modificado De la Roche et al.
como Buranhém, que ocorrem associados a granitoi- 1980) (Fig.X.41a), as amostras ficam posicionadas
des do tipo I, suas composições sugerem a presença junto ao trend evolutivo subalcalino, equivalente
marcante de mistura, a ponto de ficar difícil definir à série calcialcalina de alto K e a shoshonítica. Sua
qual o tipo presente. localização, um pouco acima da linha de diferencia-
ção, típica da série, sugere o efeito de uma mistura
Os granitoides tipo I da supersuíte G5 apresentam um entre um magma mantélico (provavelmente alcalino)
amplo leque composicional, que vai desde 57 até 72 % com líquidos produzidos por fusão crustal. Este me-
de SiO2 Os teores de CaO variam desde 5,5%, em uma canismo é comum nas séries calcialcalinas de alto K
amostra com 55% de SiO2, até 1%, em amostras com e caracterizam os granitoides gerados em ambientes
mais de 70% de SiO2. O caráter potássico do conjunto de soerguimento pós-colisional na conceituação de
é evidenciado pelos conteúdos de K2O em torno de 5% Batchelor & Bowden (1985).
e razões K2O/Na2O em torno de 2. As rochas são me-
taluminosas a fortemente peraluminosas nos termos Em diagrama multielementar normalizado pelo
mais diferenciados. A norma (CIPW) mostra a pre- manto os espectros exibem fortes anomalias negati-
sença de coríndon (indicativo de excesso de alumina) vas de Nb e Ti, além de empobrecimento notável de
nas amostras com pouco mais de 65% de SiO2. Este Y e Yb, típicos de magmas formados sob a influência
enriquecimento muito precoce deve ser atribuído, ou de um manto metassomatizado. Os espectros de ETR
à composição original da fonte do magma, ou, o que mostram forte fracionamento e altos teores de ETR
é mais provável, à assimilação de material enriqueci- leves (média superior a 700 maior do que o condrito
do em Al2O3. No diagrama AFM, os pontos represen- no granitoide cinza de Guaratinga), anomalias nega-
tativos das amostras desses granitos se colocam ao tivas de Eu pouco acentuadas e baixos teores de ETR
longo de um trend retilíneo contínuo desde os termos pesados (em torno de 3 vezes maior do que o condrito
intermediários até os mais diferenciados da linhagem de Yb) sugerem a possível presença de magmas alca-
calcialcalina. linos em sua gênese.

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Figura X.41 - (a) Diagrama R1-R2 modificado de De La Roche et al. (1980), mostrando os posicionamento das amostras dos granitos I acima
do trend subalcalino. Este posicionamento é sugestivo de magmas produzidos pela mistura de material ígneo mantélico e crustal, típico dos
magmas calcialcalinos de alto K. b) diagrama de Pearce (1996) mostrando o caráter pós-colisional dos granitos.

No diagrama (Nb+Y) x Rb (Pearce 1996), da figura


X.41b, os pontos representativos deste magmatismo
se posicionam dentro do círculo definido como dos
granitoides pós-colisionais, parte sobre o campo dos
granitoides de arco vulcânico, parte sobre o cam-
po intraplaca e alguns no campo sincolisional. Este
posicionamento está caracterizando um magmatis-
mo pós-colisional, cuja colocação se deu em termos
temporais, bem distante da época da colisão; assim,
mostram tanto características herdadas do ambiente
de arco, quanto outras mais indicativas de ambiente
anorogênico.

De acordo com Teixeira (2002), a origem dos granitos Figura X.42 - Diagrama R1-R2 modificado de De La Roche et al.
(1980), mostrando o desvio composicional do trend retilíneo ígneo
considerados como do tipo I da supersuite G5 deve
em direção às composições dos granitos “S” em função da mistura
estar ligada a um magma mantélico alcalino, que ao entre os dois magmas. As amostras I (círculos) são de Guaratinga
ascender se misturou com líquidos produzidos pela e São Paulinho, as S (pentágonos) são de Buranhém.

fusão parcial de uma crosta ígnea. A presença de en-


caixantes metassedimentares favoreceu a produção
de magmas de composição “S” que acabou sendo O diagrama R1-R2 (Fig.X.42), onde estão todas as
assimilado de forma considerável pelo líquido I. Se- amostras das fácies Guaratinga e Morro do Pescoço,
gundo Winter (2001) a mistura entre magmas do tipo além das amostras dos granitos “S” de Buranhém,
I e do tipo “S” é um processo comum, às vezes com a sintetiza de maneira muito didática o desvio compo-
formação de magmas híbridos já nas câmaras mag- sicional causado pela mistura entre os dois líquidos:
máticas. o trend ígneo I normal é bruscamente desviado e os

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teores se deslocam até se juntarem e se confundirem nando NW-SE. A complexidade estrutural é ampliada
com os dos granitoides “S”, no final da diferenciação. pela presença de granitoides com posicionamento
Este mecanismo de mistura seria, também, a razão sin, tardi a pós-tectônico. Os antiformes e sinformes
porque as amostras I, cujos teores estão no segmento possuem superfícies axiais subverticais e padrões de
acima de 65%, são peraluminosas e semelhantes aos interferência em laço podem ser encontrados entre as
granitos “S”. dobras das fases de duas fases de deformação. Mais
raramente, o padrão do tipo boumerangue pode ser
observado por interferência entre essas duas fases de
3.2 Arcabouço Estrutural e deformação.
Metamorfismo
Zonas de cisalhamento com orientação geral NE-SW
A porção baiana do Núcleo Granítico e de Alto Grau com movimentação sinistral e dextral truncam as
apresenta uma grande complexidade estrutural. Ela grandes dobras regionais entre Buranhém, Guaratin-
foi investigada por Sampaio et al. (2004), que de- ga e Umburatiba (Sampaio et al. 2004).
monstrou a forte complexidade desse compartimento
do Orógeno em território baiano. 3.2.2 Metamorfismo

3.2.1 Principais Traços Estruturais O complexo Jequitinhonha é predominantemente


constituído por kinzigitos que mostram paragêneses
O limite entre o Núcleo Granítico de Alto Grau e a Fai- compatíveis com as condições das fácies anfibolito
xa Araçuaí é feito pela Zona de Cisalhamento Itapebi- e granulito. Essas rochas apresentam variáveis con-
-Potiraguá, anteriormente descrita (Corrêa-Gomes teúdos em biotita, almandina, cordierita e sillima-
2000, Sampaio et al. 2004, Moraes-Filho & Lima nita, com estágios variados de migmatização. Veios
2007). A estrutura geral deste setor do núcleo é uma quartzo-feldspáticos e granitos tipo “S”, sincinemáti-
megaflor positiva com orientação NW-SE (Sampaio cos em relação à foliação regional, marcam o episó-
et al. 2004, Moraes-Filho & Lima 2007). As rochas dio anatéxico relacionado com o estágio sincolisional
metassedimentares do Complexo Jequitinhonha, po- do Orógeno Araçuaí (585-560Ma) (Noce et al. 2004,
sicionadas no ramo SW da megaflor, mostram dobras Pedrosa Soares et al. 2008). Remobilizados graníticos
abertas a fechadas e falhas de empurrão vergentes sem foliação são comuns e sugerem um estágio de
para SSW. Nas zonas transcorrentes dextrais, raízes fusão parcial tardiorogênico entre 535-500Ma (Pb-Pb
da estrutura em flor, uma lineação de baixa obliqui- em zircão, Basílio et al. 1998, Noce et al. 2000; U-Pb
dade e dobras em bainha podem ser encontradas. Es- em zircão e monazita, Whittington et al. 2001, Silva et
truturas do tipo S/C são os principais indicadores de al. 2002.
movimento.

Na medida em que se afasta da área de influência


da megaestrutura em flor, passa a predominar uma 4 Síntese e Evolução
foliação associada a dobras intrafoliais e sem raiz.
Estas estruturas são redobradas em mais duas fa-
Tectônica
ses de deformação, em estilos diversos (Sampaio et Avolumaram-se consideravelmente nos últimos anos
al. 2004). As dobras desenvolvem-se principalmente as investigações sobre os mais variados aspectos tan-
nos paragnaisses kinzigíticos do Complexo Jequiti- to do Orógeno Araçuaí como um todo, como sobre
nhonha e adquirem orientações diversas, predomi- sua porção presente no Estado da Bahia. Os resulta-

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dos nelas obtidos e o que foi apresentado nas seções A continuidade do processo de abertura dos rifts Ma-
anteriores indicam que a evolução deste importante caúbas levou ao desenvolvimento de um amplo gol-
componente do sistema orogênico brasiliano/pana- fo entre a península do São Francisco e o continente
fricano sucedeu-se de acordo com os estágios que são do Congo. Por volta de 660Ma, o Golfo Macaúbas era
discutidos a seguir. parcialmente oceânico e parcialmente continental,
como indicam os ofiolitos do Ribeirão da Folha, Minas
Gerais, recentemente datados (Queiroga et al. 2006,
4.1 Bacia Precursora Macaúbas 2007). Nas margens passivas dessa bacia acumula-
ram-se, sob influência glacial, os sedimentos das
Estima-se que entre 920 (Babinski et al. 2012) e 850Ma porções média e superior do Grupo Macaúbas e seus
(Fig.X.43), na segunda metade do período Toniano da correlatos no continente africano (Pedrosa Soares et
Era Neoproterozoica, a massa continental correspon- al. 2008). Os representantes deste estágio na Bahia
dente aos atuais crátons do São Francisco e do Congo são o Subgrupo Itaimbé, na Bacia do Rio Pardo, e as
e suas margens tenha sido afetada por tectonismo Formações Chapada Acauã e Ribeirão da Folha, in-
distensional em associação com episódio de magma- corporadas na Saliência do Rio Pardo.
tismo bimodal (Machado et al. 1989, Corrêa-Gomes et
al. 1996, Silva et al. 2002, 2007, Angelim et al. 2004). As margens passivas da Bacia Macaúbas deveriam
Desenvolve-se assim um sistema de rifts que recebe- estar conectadas a pelo menos quatro rifts interiores
rá a sedimentação da base do Grupo Macaúbas. Na (Alkmim et al. 2007) (Figs.X.1, X.43): na península do
parte baiana do Orógeno Araçuaí, a instalação da São Francisco, aos aulacógenos de Pirapora (Alkmim
Bacia Macaúbas manifesta-se através da deposição et al. 2006) e Paramirim (Schobbenhaus 1996, Dan-
da Formação Panelinha na Bacia do Rio Pardo, da co- derfer Filho 2000, Cruz & Alkmim 2006); no continen-
locação dos granitos anorogênicos da Suíte Salto da te Congo, ao Aulacógeno Sangha ou Bacia de Com-
Divisa, datada em 875±9Ma (Silva et al. 2002, 2007), ba (Trompette 1994, Alvarez & Maurin 1991) e a um
bem como da injeção dos diques máficos da Província grande graben na terminação norte da Faixa Oeste-
Filoniana Litorânea (Corrêa-Gomes et al. 1996) (CA- -Congolesa (Bassot 1988).
PÍTULO XII) e da Chapada Diamantina, datados entre
1,1 e 0,8Ga (Danderfer Filho et al. 2009, Loureiro et al. Vale mencionar ainda que, na Bahia, ao estágio de
2009). franco desenvolvimento da Bacia Macaúbas se asso-
ciam os dois episódios de magmatismo que caracte-
Estudos tectônicos realizados na porção sul do oró- rizam a Província Alcalina do sul do Estado, datados
geno, em Minas Gerais e no interior do Cráton do São em 730-650Ma e 550-480Ma (Tab. X.4).
Francisco, mostram que o rift Macaúbas, em grande
parte, instalou-se sobre uma antiga matriz tectônica,
constituída pelo sistema de rifts Espinhaço. Desenvol- 4.2 Fechamento Inicial da Bacia
vido em pelo menos dois estágios principais, o mais Macaúbas
antigo, estateriano, de aproximadamente 1,75Ga (Bri-
to Neves et al. 1980, Schobbenhaus et al. 1994, Ba- Ao final do período criogeniano, por volta de 630Ma,
binski et al. 1999, Danderfer Filho et al. 2009) e o mais teve início o processo de fechamento da Bacia Macaú-
novo calimiano, de cerca de 1,50Ga (Danderfer Filho bas, uma vez que datam de 625Ma os granitos mais
et al. 2009), o sistema Espinhaço foi preenchido pelos velhos relacionados à subducção até agora registra-
sedimentos continentais e rochas vulcânicas da por- dos no Orógeno Araçuaí (Pedrosa-Soares & Wiede-
ção basal do supergupo homônimo (CAPÍTULO VIII) mann-Leonardos 2000, Pedrosa-Soares et al. 2001,

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Figura X.43 - Características da Bacia Macaúbas, precursora do orógeno, por volta de 700Ma. a) Elementos da Bacia Macaúbas e seu cenário
tectônico, vistos em mapa. b) Seção através do setor ensiálico (norte). c) Seção através do setor oceânico (sul). Fonte: (Alkmim et al. 2007).

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2007, 2008, 2011) (Fig.X.44). Neste estágio, pré-coli- do à reentrância entre os crátons do São Francisco e
sional, instalou-se, na margem leste do grande golfo do Congo (vide, dentre outros, Pedrosa-Soares et al.
Macaúbas, uma zona de subducção, que permaneceu 1992a,b, Trompette et al. 1992, Maurin 1993, Alkmim
ativa até 585Ma. Em consequência de sua atividade, et al. 2006). Para os últimos autores, o fechamento
desenvolveu-se o arco magmático do Rio Doce, ma- da Bacia Macaúbas, localizada na porção terminal do
terializado pelos granitoides da Suíte G1 (Pedrosa-So- oceano ediacarano Adamastor, teria sido induzido pela
ares & Wiedemann-Leonardos 2000, Pedrosa-Soares interação entre as paleoplacas Amazônia e São Fran-
et al. 2001, 2007, 2008, 2011) e por rochas vulcânicas e cisco-Congo. Tais colisões teriam produzido rotações,
sedimentares do Grupo Rio Doce, ambos aflorantes na respectivamente, anti-horária e horária da península
porção central do orógeno em Minas Gerais. A Suíte G1 São Francisco e do continente Congo, em um proces-
congrega batólitos e stocks deformados de tonalitos, so que lembra o funcionamento de um quebra-nozes
granodioritos, e granitos que se distribuem por uma (Fig.X.45). Ou seja, as rotações mencionadas, acomo-
larga faixa entre o extremo sul e o norte de Minas Ge- dadas no domínio continental, possibilitariam a colisão
rais, sem chegar, todavia, ao território baiano. Supõe- e soerguimento das duas margens da Bacia Macaúbas.
-se que as terminações da zona de subducção e do
respectivo arco estejam situadas na altura da cidade As estruturas deformacionais mais antigas recupera-
de Teófilo Otoni, em Minas Gerais. Daquela região para das na Faixa Araçuaí, tanto em Minas Gerais, quanto
norte, a Bacia Macaúbas seria de natureza ensiálica, na Bahia, estão associadas a fluxo de material de sul
cessando lá, portanto, o consumo do assoalho oceâ- para norte, isto é, ao longo do eixo do orógeno (Pe-
nico (Alkmim et al. 2003, 2006, 2007). Os sedimentos res 2000, Peres et al. 2004, Cruz & Alkmim 2006). Ao
acumulados neste setor da Bacia Macaúbas são repre- avançar, a colisão entre as duas margens da bacia
sentados, na Bahia, pelo Complexo Jequitinhonha. precursora induziu a propagação do front orogênico
em direção às áreas cratônicas, dando origem assim
ao quadro cinemático que se observa nas Faixas Ara-
4.3 Estágio colisional çuaí, no Brasil e Oeste Congolesa, na África (Pedrosa
-Soares et al. 2007, 2008).
A convergência entre a península São Francisco e o
continente do Congo levou à colisão e conversão de Nesse estágio tectônico, a Bacia do Rio Pardo evo-
suas margens no atual Orógeno Araçuaí-Congo Oci- luiu para uma bacia do tipo foreland (Pedreira 1976,
dental. Este processo atingiu o seu clímax por volta 1979, 1996, 1999, Karmann et al. 1989, Pedreira 1996,
de 585Ma, que é a idade do pico metamórfico sinci- 1999), com progressão de deformação de sul para
nemático registrado no orógeno (Alkmim et al. 2003, norte. A Formação Salobro é depositada em uma
2006, 2007) antefossa resultante de deflexão da crosta causada
por empilhamento de escamas de empurrão, repre-
O estágio colisional, que se estendeu entre 585 e sentando assim uma sequência molássica (Pedreira
560Ma, é caracterizado pela deformação e metamor- 1999).
fismo regionais, além de extensiva granitogênese do
tipo S, registrada pelas Suítes G2 e G3 (Pedrosa-So- A inversão tectônica alcançou o Aulacógeno do Para-
ares & Wiedemann-Leonardos 2000, Pedrosa-Soares mirim, situado no interior da península São Francisco,
et al. 2001, 2007, 2008, 2011). provavelmente no início do processo colisional. Em res-
posta a um encurtamento geral segundo WSW-ENE, a
Vários modelos foram propostos para a Formação do porção aulacógeno experimentou inversão frontal, dan-
Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental no espaço confina- do origem às estruturas compressionais de orientação

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Figura X.44 - Ilustração da fase de convergência inicial das margens da Bacia Macaúbas, por volta de 600Ma. a) Início da operação da
tectônica do quebra-nozes, com o consumo forçado do assoalho da porção oceânica da bacia precursora, visto em mapa. b) Interação inicial
das margens do setor ensiálico da bacia precursora, início da sedimentação sin-orogênica (flysch) da Formação Salinas e inversão tectônica
da margem passiva leste. c) Subdução do assoalho do setor oceânico da bacia precursora e instalação do arco magmático na margem leste,
agora convertida em placa superior. Fonte: Alkmim et al. (2007).

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Figura X.45 - Cartoon ilustrativo dos estágios (a) colisional, por volta de 560Ma, e (b) de colapso gravitacional, após escape lateral da
porção sul do orógeno, por volta de 500Ma. (Alkmim et al. 2007).

NNW-SSE lá dominantes (Danderfer Filho 1990, 2000, et al. 2001, 2008, 2011, Campos et al. 2004, Marshak et
Cruz 2004, Guimarães et al. 2008, Cruz & Alkmim 2006). al. 2006, Alkmim et al. 2007). As estruturas distensio-
Além disso, foram reativadas as zonas de cisalhamento nais que marcam essa fase encontram-se expostas na
de Potiraguá-Itapebi, que adquiriram movimentações região da Chapada Acauã, em Minas Gerais (Marshak
reversas a dextral e sinistral normal respectivamente et al. 2001, 2002), assim como na Chapada Diaman-
(Corrêa-Gomes 2000, Sampaio et al. 2004). tina, na Serra do Espinhaço Setentrional e na Bacia
do Rio Pardo. Trata-se de zonas de cisalhamento nor-
mais que reativam as estruturas pré-existentes.
4.4 Colapso Pós-Colisional
A evolução magmática do orógeno foi concluída com
No estágio pós-colisional, que se estende entre 530 a injeção dos inúmeros corpos graníticos das suítes
e 480Ma, do final do período ediacarano ao início do G4 e G5 (Pedrosa-Soares et al. 2001, Pedrosa Soares
período ordoviciano, ocorreram no Orógeno Araçuaí et al. 2008, Pedrosa Soares et al. 2011). Na Bahia, os
processos deformacionais e plutonismo relacionados corpos G5 ocorrem no extremo sul do estado e mar-
à sua entrada em colapso gravitacional (Pedrosa-So- cam a fase mais tardia do magmatismo do Orogeno
ares & Wiedemann-Leonardos 2000, Pedrosa-Soares Araçuaí.

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Faixa de Dobramento
Capítulo XI Sergipana
Elson Paiva Oliveira (Unicamp)

1 Introdução
A Faixa Sergipana é uma das mais importantes faixas orogênicas precambrianas do Nordeste do Brasil, não so-
mente porque cinquenta anos atrás ela foi utilizada como evidência para ajudar a consolidar a teoria da deriva
continental (Allard & Hurst 1969) mas também porque ela contém vários domínios litoestruturais que possibili-
tam que seja comparada com faixas orogênicas neoproterozoicas, no contexto da tectônica global.

A Faixa Sergipana já foi interpretada como um geossinclinal típico (Humphrey & Allard 1968, Silva Filho & Brito
Neves 1979), uma colagem de domínios litoestratigráficos (Davison & Santos 1989, Silva Filho 1998) e como uma
faixa de dobras e empurrões produzida pela inversão de uma margem passiva localizada na borda nordeste da
antiga placa São Francisco (D’el-Rey Silva 1999).

Atualmente admite-se que a Faixa Sergipana foi formada pela colisão continental entre o Cráton São Francisco, a
sul, e o Domínio Pernambuco-Alagoas (PEAL) da Província Borborema, a norte, durante a orogênese Brasiliana,
no neoproterozoico (Brito Neves et al. 1977, Van Schmus et al. 2008, Bueno et al. 2009, Oliveira et al. 2010). Duran-
te esta convergência, o domínio (PEAL) atuou como um bloco crustal, comprimindo unidades da Faixa Sergipana
entre ele e o Cráton São Fancisco e empurrando muitas unidades da faixa para o sul, sobre o cráton.

De acordo com Santos & Souza (1988), Davison & Santos (1989) e Silva Filho (1998), a Faixa Sergipana consiste
em seis domínios litoestratigráficos. De norte para sul são eles: Canindé, Poço Redondo, Marancó, Macururé,
Vaza Barris e Estância, cada um deles separado do outro por zonas de cisalhamento regionais (Fig.XI.1). Os três
últimos são constituídos principalmente por rochas metassedimentares, com grau metamórfico aumentando de
pouco ou não-metamórfico no Domínio Estância, para xisto verde no Domínio Vaza Barris até fácies anfibolito
no Domínio Macururé. Granitos neoproterozoicos ocorrem em todas as regiões ao norte da Falha São Miguel do
Aleixo (Fig.XI.1) e são ausentes nos domínios mais meridionais, isto é, Vaza Barris e Estância. Essas duas últi-
mas áreas têm como embasamento rochas paleoproterozoicas e arqueanas correlacionáveis ou pertencentes ao
Cráton São Francisco. Silva Filho & Torres (2002) e Silva Filho et al. (2003) sugeriram dois domínios adicionais

Fa i xa d e Do b ra m en to S erg i pa na • 179

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na Faixa Sergipana: Rio Coruripe e Viçosa. O Domí- O Domínio Vaza Barris é constituído dominantemente
nio Macururé junta-se a nordeste com o Domínio Rio por rochas sedimentares clásticas e químicas meta-
Coruripe, que foi metamorfizado na fácies granulito morfizadas na fácies xisto verde. D’el-Rey Silva & Mc-
e posteriormente retrometamorfizado para facies an- Clay (1995) subdividiram as rochas desse domínio nos
fibolito e xisto verde. Embora ainda seja assunto de grupos: (i) Miaba (quartzito-conglomerado, na base,
debate, com base na continuidade lateral de litotipos sucedido por filitos, metagrauvacas, clorita-xisto e
e similaridade dos mesmos, o Domínio Rio Coruripe metacalcário); (ii) Simão Dias (arenitos, argilitos, me-
pode ser o equivalente de alto grau do Domínio Ma- tassiltitos, metagrauvacas, filitos e metarritmitos) e,
cururé (Oliveira et al. 2006). (iii) Vaza-Barris (metadiamictitos, filitos e metacalcá-
rios).
O Domínio Estância consiste, da base para o topo,
em conglomerados, arenitos e argilitos da Forma- D’el-Rey Silva (1999) interpretou a deposição de se-
ção Juetê, dolomitos e calcários da Formação Acauã, dimentos nos Domínios Estância e Vaza Barris como
arenitos e argilitos da Formação Lagarto e arenitos e o registro de dois ciclos de sedimentação sobre a
lentes subordinadas de conglomerado da Formação margem passiva da antiga placa São Francisco. Nes-
Palmares (Silva Filho et al. 1978, Silva Filho & Brito te modelo infere-se que o Cráton São Francisco foi a
Neves 1979). Ocorrências de estruturas sedimentares fonte de detritos. Todavia, apoiado em populações de
primárias são comuns neste domínio. zircões detríticos com idades entre 570Ma e 657Ma

Figura XI.1 - A Faixa Sergipana, os domínios litoestratigráficos e as zonas de cisalhamento regionais (ZCM - Macururé;
ZCBMJ - Belo Monte-Jeremoabo; ZCSMA - São Miguel do Aleixo; ZCI - Itaporanga).

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Oliveira et al. (2005a, b, 2006) propuseram que as ocorrem a sul desta zona de cisalhamento e todos os
unidades sedimentares clásticas mais superiores dos plútons ao norte dela têm idades modelo Sm-Nd me-
Domínios Vaza Barris e Estância foram depositadas soproterozoicas (Van Schmus et al. 1995, Oliveira et al.
em bacias de antepaís, com fontes de detritos locali- 2006), sugerindo que a crosta do Cráton São Francisco,
zadas na Faixa Sergipana e em outras regiões mais ao se presente, deve estar abaixo da profundidade de ge-
norte na Província Borborema. ração de magmas (Van Schmus et al. 2008). O Domínio
Macururé é constituído principalmente por granada
As idades modelo Sm-Nd ao manto empobrecido micaxistos e filitos, com quartzito e mármore subor-
(TDM) para rochas metassedimentares clásticas fi- dinados, todos intrudidos por plútons graníticos, com
nas dos Domínios Macururé, Vaza Barris e Estância idades nos intervalos 628-625Ma e 590-570Ma (Bueno
também são consistentes com proveniência de fontes et al. 2009, Long et al. 2005), e alguns corpos máficos
distintas do Cráton São Francisco (Fig.XI.2), embora a ultramáficos com idade indeterminada. Zircões de-
uma contribuição subordinada do cráton não possa tríticos deste domínio concentram-se principalmente
ser descartada. entre 980 e 1.100Ma e 1.800-2.100Ma em quartzito
próximo à cidade de Macururé, a oeste na Bahia, e em
O Domínio Macururé situa-se a norte do Domínio Vaza 940Ma e entre 1.600-2.200Ma em micaxisto próximo
Barris e ocorre por toda a extensão da Faixa Sergi- a Gararu, a leste em Sergipe. Não há nenhum zircão
pana. A Zona de Cisalhamento São Miguel do Alei- mais novo que 800Ma (Oliveira et al. 2006, Oliveira
xo (ZCSMA) separa esses dois domínios e é um limi- 2008), o que indica um intervalo muito longo e incer-
te crustal expressivo. Granitos neoproterozoicos não to, entre 800Ma e 625Ma, para a deposição dos sedi-
mentos.

O Domínio Marancó contém uma sequência metavul-


canossedimentar (quartzito, conglomerado, micaxis-
tos, filitos e lentes de andesito, dacito e quartzo-pórfi-
ro) com lentes de peridotito, anfibolito e gabros estra-
tiformes, e alguns corpos graníticos. Menezes Filho
et al. (1988a,b) agruparam essas rochas, de sul para
norte, nas unidades Monte Azul, Belém, Monte Alegre,
Morro do Bugi e Minuim. Zircões detríticos em quatro
amostras de rochas metassedimentares das unida-
des Belém, Morro do Bugi e Minuim revelaram idades
U-Pb SHRIMP concentradas, principalmente, entre
950 e 1.100Ma, com um zircão mais novo que 914Ma,
o que indica deposição após esta idade e detritos pro-
venientes de fontes dominantemente mesoprotero-
zoicas e neoproterozoicas precoces, semelhantes aos
migmatitos do Domínio Poço Redondo (Carvalho et al.
2005, Oliveira et al. 2006). Intercalações de lentes de
andesito e dacito, com idade de 604-602Ma (Carvalho
et al. 2005), em filitos da unidade Monte Azul indicam
Figura XI.2 - Histogramas de idades modelo Sm-Nd (TDM) para
rochas sedimentares e metassedimentares da Faixa Sergipana e de que a deposição dos protólitos sedimentares provavel-
prováveis fontes de clastos, segundo Oliveira et al. (2005b, 2006). mente ocorreu no final do neoproterozoico.

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O Domínio Poço Redondo está constituído por mig- o monzogranito-sienito Curituba (617±7Ma, Silva Fi-
matitos, biotita gnaisses e várias intrusões graníticas, lho et al. 2005a), e isócronas Rb-Sr como as folhas
como o augen gnaisse Serra Negra (952±2Ma; U-Pb leucograníticas tipo Xingó (609±11Ma, Silva Filho et
SHRIMP, Carvalho et al. 2005), Complexo Granítico al. 1997).
Sítios Novos (624 Ma; Brito et al. 2006) e folhas leu-
cograníticas. Gnaisses cinza do paleossoma dos mig- O ambiente tectônico para a formação das rochas do
matitos forneceram idades U-Pb SHRIMP de 960 a Domínio Canindé é polêmico, já tendo sido interpre-
980Ma (Carvalho et al. 2005). Este domínio é de par- tado como ofiolito (Silva Filho 1976), arco insular (Be-
ticular importância porque ele é a primeira evidência zerra et al. 1991) e rift continental (Oliveira & Tarney
de rochas ígneas com cerca de 1,0Ga ao sul do domí- 1990). Com base em geoquímica de elementos maio-
nio (PEAL). res e traço, e isótopos de Nd, Nascimento et al.(2005)
e Oliveira et al. (2010a) sugeriram que o Domínio Ca-
O Domínio Canindé é constituído por várias unida- nindé é a raiz de uma sequência de rift continental
des informalmente designadas por Silva Filho et al. deformada.
(1981). A unidade aparentemente mais antiga é uma
folha granítica alongada (Unidade Garrote) datada A Faixa Sergipana foi moldada por três episódios
em 715Ma por Van Schmus (dados inéditos e citados principais de deformação (D1 a D3, Jardim de Sá et al.
em Santos et al. 1998). Associado à unidade Garro- 1986, Campos Neto & Brito Neves 1987, D’el-Rey Silva
te ocorre uma sequência metavulcanossedimentar 1995, Araújo et al. 2003) relacionados à colisão neo-
(Unidade Novo Gosto), representada por anfibolitos proterozoica durante a orogênese do Brasiliana. Esses
finos, mármore, grafitaxisto, micaxisto e metagrau- eventos deformacionais são bem reconhecidos nas
vaca, esta com zircões detríticos datados entre 670- sequências supracrustais dos Domínios Vaza Barris e
1.030Ma (U-Pb SHRIMP; Nascimento et al. 2005). Macururé (Fig.XI.3).
A unidade Gentileza é um complexo subvulcânico
gabroico-monzodiorítico com microgabros, quartzo- A colisão retrabalhou fábricas mais antigas no emba-
-monzodiorito porfirítico (688±15Ma, U-Pb SHRIMP, samento gnáissico-migmatitico que podem ser rema-
Nascimento et al. 2005), granito rapakivi subordina- nescentes de eventos deformacionais pré-Brasilianos
do (684±7Ma U-Pb TIMS, Nascimento et al. 2005) e ou estruturas relacionadas ao início da colisão. D1’ é
quartzo-pórfiro. Um complexo gabroico-leucogra- caracterizado por nappes e zonas de empurrão ver-
bróico parcialmente estratiforme (Complexo Canin- gentes para o sul. A fase de deformação D1’’ é marca-
dé) é composto por gabro, gabronorito, leucogabro, da pela pronunciada reativação do evento D1’ e está
peridotito e gabro pegmatítico. Este gabro forneceu associada com um regime transpressivo que afetou
idade de 690±16Ma (U-Pb SHRIMP, Nascimento et al. toda a faixa. Alguns granitos no Domínio Macururé,
2005). com cerca de 625Ma, foram alojados entre D1’ e D1’’,
visto que eles foram afetados pela fase D1’’ de de-
Vários corpos graníticos ocorrem no Domínio Canin- formação e contém xenólitos dos xistos encaixantes
dé, a maior parte deles designados originalmente por (Bueno et al. 2009). D1’’’ provavelmente ocorreu após
Seixas & Moraes (2000). Assim, o tonalito Lajedinho 600Ma quando toda a faixa foi soerguida principal-
contém enclaves máficos orientados e foi datado em mente ao longo das zonas de cisalhamento regional.
634±10Ma (U-Pb SHRIMP, Nascimento et al. 2005), Dois perfis estruturais são mostrados na figura XI.4,
enquanto o granito rapakivi Boa Esperança apresen- um na região ocidental da Faixa Sergipana e outro na
tou idade de 642±5Ma (Nascimento et al. em prepara- porção centro-oriental. A localização desses perfis
ção). Outros corpos foram datados com zircões, como está na figura XI.4.

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Figura XI.3 - Principais estruturas na Faixa Sergipana, com indicação dos domínios litoestratigráficos (PEAL - Pernambuco-Alagoas;
DC - Canindé; DPRM - Poço Redondo e Marancó; DMR - Macururé; DVB - Vaza Barris; DE - Estância), e principais zonas de cisalhamento
(ZCM - Macururé; ZCBMJ - Belo Monte -Jeremoabo; ZCSMA - São Miguel do Aleixo; ZCI - Itaporanga). Perfis AB e CD ilustrados na figura
XI.5. Adaptado de Oliveira et al. (2010c).

Figura XI.4 - Seções geológicas esquemáticas da Faixa Sergipana, com indicação dos domínios litoestratigráficos, principais zonas de
cisalhamento e as fábricas das fases de deformação (adaptado de Oliveira et al. 2010c). Localização dos perfis na figura XI.3. Abreviações
das zonas de cisalhamento como na figura XI.3. Granitos não ilustrados nessa figura.

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2 Faixa Sergipana na Bahia Sergipana. Segundo Oliveira et al. (2005b) as unida-
des sedimentares superiores dos Domínios Estância
Na Bahia, a Faixa Sergipana está separada por rochas e Vaza Barris foram depositadas em ambiente de ba-
sedimentares fanerozoicas da bacia do Recôncavo em cia de antepaís e portanto os domos de Simão Dias
duas regiões (Fig.XI.5). A oeste desta bacia, ocorrem e de Itabaiana podem corresponder ao soerguimento
amplas exposições de rochas dos Domínios Estância, flexural do embasamento associado com o desenvol-
Vaza Barris e Macururé, e, a leste da mesma, exposi- vimento de tais bacias. No Domo de Simão Dias foi
ções menores desses três domínios e de rochas dos coletado um biotita gnaisse do paleossoma de mig-
Domínios Marancó, Poço Redondo e Canindé. Tam- matito (Fig.XI.6a), que forneceu zircões com idade de
bém nesta última região há uma pequena exposição 2.868±25Ma (Fig.XI.6b) e idade modelo Nd de 3,0Ga e
do domo de Simão Dias, que é o embasamento mig- ЄNd=1,71. A idade em zircões confirma que o embasa-
matítico-gnáissico no interior no Domínio Vaza Barris, mento da Faixa Sergipana em sua porção meridional
além de uma unidade sedimentar clástica (Formação é representado por rochas arqueanas do Cráton São
Juá) mais nova que rochas do Domínio Macururé. Na Francisco.
região de exposição da Faixa Sergipana a leste, o Do-
mínio Vaza Barris está subdividido em formações. A
seguir serão apresentadas relações de campo e novos Neoproterozoico
dados da literatura, ou inéditos, que caracterizam as
unidades da Faixa Sergipana no Estado da Bahia. Os 2.1.2 Domínio Estância
domínios são descritos de sul para norte.
Na Bahia, este domínio ocorre principalmente a oeste
da Bacia do Recôncavo (CAPÍTULO XIII), entre as cida-
2.1 Domínios Tectônicos des de Euclides da Cunha e Bendegó, e ao sul da cida-
de de Curaçá. Ocorrências menores afloram ao norte
e nordeste da cidade de Uauá (Fig.XI.5). O domínio
ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO está representado pelas Formações Juetê e Acauã, a
primeira basal e composta por diamictitos, argilitos e
2.1.1 Embasamento arenitos, e a segunda, sobreposta à primeira, e cons-
tituída por calcários, dolomitos e intercalações subor-
O embasamento da Faixa Sergipana está bem repre- dinadas de argilitos. A descrição mais completa des-
sentado pelos terrenos de alto grau e greenstone belts sas duas unidades foi apresentada por Silva Filho et
do Cráton do São Francisco, a oeste na figura XI.5. al. (1978). Por causa da deformação, essas formações
Rochas metamórficas de posicionamento incerto, podem ser autóctones, para-autóctones ou alóctones
ao norte, foram incluídas no Domínio Pernambuco-
-Alagoas e boa parte delas pode ser correlacionável A melhor exposição autóctone da Formação Juetê e
aos terrenos de alto grau do Cráton do São Francisco. a sua relação de contato com a Formação Acauã é
Descrições detalhadas dessas rochas são apresenta- observada na estrada para a Fazenda São Gonçalo, a
das no capítulo III deste livro. Todavia, a pequena noroeste de Euclides da Cunha. Aí, um pacote de con-
exposição de migmatitos e gnaisses do embasamento glomerado matriz-suportado (diamictito) marrom-
que ocorre próximo a Paripiranga, a leste (Fig.XI.5), -avermelhado da Formação Juetê assenta-se em dis-
merece comentários adicionais uma vez que essas cordância erosiva sobre gnaisses miloníticos do Bloco
rochas fazem parte do Domo de Simão Dias que foi Serrinha (Fig.XI.7a) e são sobrepostos por calcário
soerguido durante a deformação que afetou a Faixa creme laminado Acauã (Fig.XI.7c). Zircões detríticos

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Figura XI.5 - A Faixa Sergipana no Estado da Bahia, ilustrando as duas regiões de ocorrência, separadas pela bacia sedimentar fanerozoica e
Tucano (adaptado de Barbosa 1994). São indicados os domínios litoestratigráficos e principais zonas de cisalhamento que os separam (ZCM
- Macururé; ZCBMJ - Belo Monte-Jeremoabo; ZCSMA - São Miguel do Aleixo; ZCI - Itaporanga).

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a
O afloramento da estrada da Fazenda São Gonçalo é de
grande relevância para a compreensão de mudanças
climáticas globais no Neoproterozoico (p.e. Hoffman
et al. 1998), pois o diamictito Juetê pode representar a
sedimentação glacial e o calcário Acauã, sobreposto, o
carbonato de capa.

Mais ao norte, as unidades do Domínio Estância po-


dem ser para-autóctones ou alóctones, pois foram
mais afetadas pela deformação durante a colisão do
Domínio Pernambuco-Alagoas (PEAL) com o Cráton
São Francisco. Algumas estruturas sedimentares su-
b
gerem que a sedimentação pode ter sido concomitan-
te com a deformação. De fato, em seção na Serra do
Coiqui, ao norte de Bendegó, as nappes regionais no
domíno destacam-se bem na topografia (Fig.XI.8a) e
um perfil estratigráfico mostra calcário cinza, lami-
nado, sobreposto a um pacote de intercalações cen-
timétricas a decimétricas de calcioarenitos e brechas
carbonáticas, estas com clastos entelhados que su-
gerem transporte de clastos para sul (Figs.XI.8b, c).
O conjunto tem acamadamento caindo em ângulo
médio (40º) para leste, o qual aumenta gradualmente
para oeste até alcançar 75º nas falhas inversas que
caracterizam as fases de deformação D1’’ e D1’’’. Em al-
guns locais neste perfil o calcário cinza apresenta do-
Figura XI.6 - Migmatito do domo de Simão Dias (E631172; bras assimétricas abertas com eixo mergulhando em
N8813628), mostrando o paleossoma de biotita gnaisse (a), datado baixo ângulo para sul (23º→160º), indicando esforços
em 2868±25Ma (b). Dados inéditos de Oliveira (2008).
contracionais de ENE para WSW.

do diamictito formam um principal agrupamento em Ao sul da cidade de Curaçá, calcários e dolomitos do


torno de 2148Ma (Fig.XI.7b) e nenhum grão mais novo Domínio Estância também foram deslocados signifi-
que 2.000Ma foi encontrado, indicando que as rochas cativamente para sul. Isto é claramente comprovado
paleoproterozoicas do embasamento foram as prin- em sondagem realizada pela Mineração Caraíba na
cipais fontes para os clastos (Mello et al. 2006, Rios qual foram identificados cerca de 30 metros de espes-
et al. 2009, Oliveira et al. 2004a, b, 2010b, 2011) (CA- sura de milonito na porção basal dos calcários (Fig.
PÍTULOS III, IV, V). O calcário Acauã é bem laminado XI.8d).
e apresenta estrutura primária teepee de exposição
subaérea e deformação pós-deposicional incipiente Exposições das unidades superiores do Domínio Es-
(Fig.XI.7d). Em outros afloramentos, o calcário Acauã tância, isto é, as Formações Lagarto e Palmares,
pode apresentar fósseis de estromatólitos dos tipos ocorrem apenas no Estado de Sergipe. Entretanto,
esferoides e hemiesferoides ligados lateralmente informações sobre as mesmas são relevantes para a
(Figs.XI.7e, f). evolução da Faixa Sergipana na Bahia. A Formação

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a b

c d

e f

Figura XI.7 - Relações de campo em unidades autóctones do Domínio Estância, a noroeste de Euclides da Cunha, Bahia. (a) Contato erosional
entre milonito vertical do embasamento e diamictito Juetê; (b) histograma de idades U-Pb SHRIMP em zircões detríticos do diamictito Juetê
(dados inéditos de Oliveira 2008); (c) Calcário laminado Acauã sobreposto ao diamictito Juetê, mostrando pequenas dobras abertas e falha
inversa (seta); (d) Estrutura primária teepee (seta) no calcário, indicando exposição subaérea; (e) Calcário Acauã pisolítico com seção basal de
estromatólito esferóide (setas); (f) mesmo afloramento com estromatólito hemiesferóide ligado lateralmente (seta). Figuras (a) a (d) na estrada
para Fazenda São Gonçalo (E489563; N8851834) e (e) e (f) em pedreira de extração de pedra ornamental, mais ao norte (E485374; N8859720).

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a b

b d

Figura XI.8 - Relações de campo em unidades alóctones ou para-autóctones do Domínio Estância. (a) Vista regional das nappes associadas
a D1 ‘’ e D1’’’; (b) Perfil na serra do Coiqui (E478459; N8908446) com intercalações de calcioarenitos (mais claro) e brechas calcárias (mais
escuro) com acamadamento caindo para leste; (c) Detalhe de um nível de brecha calcária com entelhamento de clastos para sul, no
afloramento anterior; (d) Testemunho de sondagem mostrando nível basal de milonito na sola de nappe de dolomito Estância ao sul da
cidade de Curaçá (localização na figura XI.5).

Lagarto é constituída principalmente por arenitos, formação também pode ter sido depositada em ba-
siltitos e argilitos, com várias estruturas sedimen- cia de antepaís. A figura XI.9 mostra a distribuição de
tares preservadas, enquanto a Formação Palmares idades de zircões detríticos para esta formação, com
contém os mesmos tipos de rochas anteriores além principais populações de idades ao redor de 570Ma,
de conglomerados. A Formação Palmares, há mui- 634Ma e 958Ma. Algumas idades paleoproterozoicas
to, é interpretada como molassa relacionada à fase ou mais antigas, cujas fontes podem estar no Cráton
orogênica da Faixa Sergipana (p.e. Silva Filho et al. São Francisco, foram reconhecidas mas são minori-
1978, Sá et al. 1986), com deposição em ambiente de tárias. As principais populações de grãos encontram
leques costeiros e intensa subsidência da bacia (Saes áreas-fonte na Província Borborema e na Faixa Ser-
& Vilas Boas 1989). Datações U-Pb em zircões detrí- gipana. Portanto, é possível que estudos semelhan-
ticos de arenito da Formação Lagarto revela que esta tes a serem realizados no Domínio Estância na Bahia

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de falhas inversas e nappes que deslocaram as rochas
por sobre o Domínio Estância e o embasamento. Pro-
vavelmente, todo o pacote de unidades do domínio é
alóctone. Algumas das rochas do domínio e seus as-
pectos de campo são ilustrados na figura XI.10a, b, c.
O limite entre este domínio e o Domínio Macururé ao
norte é através da zona de cisalhamento São Miguel
do Aleixo mostrada na figura XI.10d.

Na região oriental, o domínio foi separado em forma-


Figura XI.9 - Histograma de idades U-Pb SHRIMP em zircões ções (p.e. Barbosa 1994), tendo na base a Formação
detríticos de arenito representativo do Domínio Estância Frei Paulo, sucedida pela Formação Palestina e no
(segundo Oliveira et al. 2006).
topo a Formação Olhos d’Água. A primeira é cons-
tituída por meta-grauvacas, filitos e metassiltitos, a
segunda por metadiamictitos e filitos, e a última por
também revelem contribuições de clastos de outras metacalcários. Os metadiamictitos Palestina são cor-
fontes diferentes do Cráton do São Francisco. relacionáveis aos diamictitos de Rosário, ao sul de Ca-
nudos, na região ocidental de exposição do Domínio
2.1.3 Domínio Vaza Barris Vaza Barris, e provavelmente são registros de sedi-
mentação glacial neoproterozoica.
Este domínio está exposto a oeste e a leste da bacia
sedimentar de Tucano (CAPÍTULO XIII), e é represen- Como a região oriental da Faixa Sergipana é a mais
tado por rochas sedimentares deformadas e meta- estudada, vários autores interpretaram a sequência
morfizadas na fácies xisto verde. A leste, o domínio sedimentar do Domínio Vaza Barris como depositada
foi subdividido nas Formações Frei Paulo, Palestina na paleomargem continental do Cráton São Francisco
e Olhos D’água, enquanto a oeste não foi subdividido (p.e. Humphrey & Allard 1968, Silva Filho 1976, San-
(Fig.XI.5). Para fins descritivos, a área de exposição do tos et al. 1998, D’el-Rey Silva 1999). Todavia, estudos
domínio a oeste será denominada “ocidental” e aque- de proveniência de sedimentos, utilizando tanto a
la a leste “oriental”. geoquímica de isótopos de Nd quanto a geocronolo-
gia U-Pb em zircões detríticos de diversas unidades
Na região ocidental, o domínio ocorre ao norte e su- (p.e. Oliveira et al. 2006, Oliveira 2008), têm revelado
deste de Bendegó, e descontinuamente até a região a uma história mais complexa, com clastos provenien-
leste da cidade de Curaçá. O domínio é constituído por tes tanto do Cráton quanto de fontes mais ao norte.
rochas sedimentares metamorfizadas em baixo grau, Por exemplo, quartzitos da Formação Itabaiana (não
como filito, metacalcário, metacalciarenito e meta- exposta no Estado da Bahia), que estão sobrepostos a
diamictito, ocasionalmente intersectadas por corpos migmatitos e gnaisses do embasamento, contem ape-
de metadiabásio. Entretanto, estabelecer uma estra- nas zircões paleoproterozoicos ou mais antigos (Oli-
tigrafia para o domínio não é simples porque as ro- veira 2008) e portanto a proveniência é mais provável
chas foram afetadas por três eventos deformacionais do Cráton. Entretanto, rochas das unidades sobreja-
dúcteis que geraram dobras apertadas, com caimen- centes, como as Formações Frei Paulo e Palestina,
to dos planos axiais frequentemente de baixo ângu- contem populações expressivas de zircões com idades
lo. Além disso, as duas últimas fases de deformação média de 650-660Ma e 1.000Ma, além de grãos mais
também foram acompanhadas pelo desenvolvimento antigos (Figs.XI.11a, b). Esses dados demonstram que

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a b

b d

Figura XI.10 - Relações de campo em unidades do Domínio Vaza Barris. (a) Dobras em calcários intercalados com filitos Vaza Barris na
estrada Bendegó-Macururé (E482193, N8903174); (b) Diamictito em leito de riacho junto ao povoado Rosário, ao sul de Canudos (E497016;
N8885776); (c) Sill de diabásio deformado por D1’’ intercalado em micaxisto Vaza Barris, ao norte de Bendegó (E484535; N8914092); (d)
Crista de veios de quartzo em zona de falha de empurrão (ZCSMA- Zona de Cisalhamento São Miguel do Aleixo) limitante dos domínios
Macururé e Vaza Barris.Vista para o norte no Departamento Nacional de Obras Contra a Seca - DNOCS em Canudos.

Figura XI.11 - Histograma de idades U-Pb SHRIMP em zircões detríticos do Domínio Vaza Barris. (a) metagrauvaca da Formação Frei Paulo
(Oliveira et al. 2006); (b) diamictito da Formação Palestina (dados inéditos de Oliveira, 2008). As amostras estão com a sigla FS.

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os sedimentos originais foram depositados sintec- alojaram-se no intervalo de tempo 625-628Ma (Bue-
tonicamente em bacias de antepaís e resultaram da no et al. 2009). O Granodiorito Coronel João Sá, no
erosão de fontes distintas fora do Cráton São Francis- Estado da Bahia, e o Tonalito Camará, em Sergipe, são
co, mais provavelmente da Província Borborema, ao corpos representativos deste grupo. O Granodiorito
norte, e também de outros domínios litoestratigráfi- Coronel João Sá foi investigado por Long et al. (2005)
cos da Faixa Sergipana, como os Domínios Canindé e que o dataram em 625Ma e concluíram que o mag-
Poço Redondo-Marancó. ma que originou o plúton resultou da fusão parcial
das rochas metassedimentares regionais e do emba-
2.1.4 Domínio Macururé samento. Na maioria dos afloramentos, este grano-
diorito é indeformado e preserva estruturas primárias
Este domínio também ocorre em ambos os lados da (Fig.XI.13a) mas nas bordas foi deformado pela fase
bacia sedimentar do Recôncavo e suas característi- D1’’ juntamente com os micaxistos encaixantes (Fig.
cas litológicas e deformacionais são semelhantes nos XI.13b).
dois setores.

O domínio é constituído principalmente por micaxis- 2.1.5 Domínio Marancó


tos granadíferos, intrusões graníticas e quartzitos su-
bordinados, metamorfizados na fácies anfibolito. As Este domínio ocorre ao norte do Domínio Macururé,
três fases de deformação regional estão muito bem na região oriental de exposição da Faixa Sergipana no
registradas nos micaxistos como ilustradas na figura Estado da Bahia, e está separado deste pela Zona de
XI.12. Cisalhamento Belo Monte-Jeremoabo (ZCBM). Ele é
constituído dominantemente por rochas metassedi-
Entretanto, uma característica marcante no domínio mentares clásticas, com intercalações de vulcânicas
é a presença de vários plútons graníticos, os quais fo- félsicas e máficas, e corpos gabroicos e peridotíticos,
ram alojados principalmente entre as fases D1’’ e D1’’’. a maioria afetada por três fases de deformação. A últi-
Um exemplo de folhas graníticas sin-D1’’ é mostrado ma fase é aquela relacionada à Zona de Cisalhamento
na figura XI.12d. Bueno et al. (2009) investigaram de- Belo Monte-Jeremoabo e falhas transcorrentes com
talhadamente a cronologia do alojamento dos grani- orientação NE-SW. Além disso, o domínio foi injetado
tos no Domínio Macururé e a deformação regional. por corpos graníticos diversos. O embasamento para
Segundo esses autores há dois grupos principais de a deposição das rochas metassedimentares é repre-
granitos no domínio: granitos pós-D1’ e granitos sin- sentado por migmatitos e gnaisses do Domínio Poço
a tardi D1’’. Os granitos do último grupo são os mais Redondo.
abundantes, ocorrem como folhas de espessura va-
riada injetadas ao longo da foliação S1’’, ou nas char- Menezes Filho et al. (1988a, b), Santos & Souza (1988)
neiras de dobras D1’’, e foram afetadas também pela e Santos et al.(1988) individualizaram as rochas me-
deformação D1’’ – alguns corpos são um pouco mais tassedimentares do Domínio Marancó nas seguin-
tardios a esta fase e não apresentam a foliação S1’’ ou tes unidades, de sul para norte: Monte Azul, Belém,
estruturas primárias orientadas segundo D1’’. Esses Monte Alegre, Morro do Bugi e Minuim. A unidade
granitos foram alojados entre 590Ma e 580Ma duran- Monte Azul é constituída por filitos, metassiltitos e
te a fase principal de colisão continental (Bueno et al. metarenitos com intercalações de metavulcânicas
2009). Os granitos do primeiro grupo, por outro lado, félsicas (Figs.XI.14a, b). Carvalho et al. (2005) e Oli-
absorveram a deformação D1’’, estão bastante foliados veira et al. (2006) reportam idade U-Pb SHRIMP de
ou com foliação concentrada mais em suas bordas, e 602-603Ma em zircões de andesito e dacito desta

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a b

b d

Figura XI.12 - Relações de campo em rochas do Domínio Macururé. (a) Micaxisto com S0//S1’ dobrado em D1’’ e com veios de quartzo e falha
inversa de alto ângulo associados a D1’’’, estrada Bendegó-Macururé (E487472; N8926142); (b) desenho esquemático de (a); (c) Micaxisto com
S0//S1’ dobrado em zona de cisalhamento associada à D1’’; estrada Bendegó-Macururé (E485129, N8919106); (d) Micaxisto com foliação S1’’ e
folhas de granitos sin-D1’’ concordantes (setas); estrada Bendegó-Macururé (E485129, N8919106).

a b

Figura XI.13 - Relações de campo para o Granodiorito Coronel João Sá. (a) Aspecto dominante no batólito, sem deformação e com estruturas
de fluxo e enclaves preservados (E:610874; N8862588); (b) Contato norte com micaxistos Macururé, mostrando deformação no granito
paralela à S1’’ na encaixante (E621484; N8862788).

192 • G eolog i a da B a hi a

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a b

c d

e f

Figura XI.14 - Relações de campo em rochas do Domínio Marancó. (a) Dacito pórfiro encaixado em filito cinza da unidade Monte Azul
(E579294; N8889432); (b) Fotomicrografia representativa do dacito mostrado na foto (a); (c) Quartzito conglomerático da unidade Belém
(E588671; N8894876); (d) Histograma de idades U-Pb SHRIMP em zircões detríticos de quartzito da unidade Belém mostrado na foto (c)
(dados inéditos de Carvalho, 2005); (e) metabasalto epidotizado da unidade Minuim (E602038; N8913230); (f) Augen Gnaisse Serra Negra
(E596759; N894466).

Fa i xa d e Do b ra m en to S erg i pa na • 193

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unidade. A unidade Belém é composta por ardósias, foi datado em 952Ma por Carvalho et al. (2005). Por-
filitos, metarenitos, às vezes conglomeráticos (Fig. tanto, se este ortognaisse de fato intersecta as quatro
XI.14c), metaconglomerados, metacalcários e corpos unidades supracitadas, o que nem sempre é fácil de
peridotíticos a gabroicos em conformidade estrutu- constatar por causa da deformação, então os sedi-
ral. Um arenito metaconglomerático desta unidade mentos dessas unidades devem ter-se depositado en-
contém uma população dominante de zircões detrí- tre esta idade (952Ma) e aquela dos zircões detríticos
ticos com cerca de 970Ma (Fig.XI.14d) e nenhum zir- mais novos das unidades Morro do Bugi e Minuim,
cão mais novo que 900Ma. Isto significa que as prin- para os quais Carvalho (2005) e Oliveira (2008) rela-
cipais fontes de clastos são terrenos com idades do tam idade de cerca de 960Ma. O mesmo não pode ser
início do neoproterozoico (Toniano, Tab.III.1), os quais assegurado para a unidade Monte Azul, a mais me-
ocorrem, por exemplo, na Zona Transversal da Pro- ridional de todas, pois filitos desta unidade estão in-
víncia Borborema, ao norte, (Terrenos Cariris Velhos, tercalados com metadacitos de 602-603Ma, os quais
cf. Brito Neves et al. 1995) ou no Domínio Poço Re- provavelmente estabelecem a idade mínima de depo-
dondo, embasamento do Domínio Marancó (Carvalho sição para os protólitos sedimentares.
2005, Oliveira et al. 2006). A unidade Monte Alegre
é também constituída por filitos e metarenitos, com
intercalações subordinadas de vulcânicas félsicas e
a
corpos gabroicos. A unidade Morro do Bugi, por outro
lado, é caracterizada pela presença de corpos peri-
dotíticos cromitíferos, como o da Serra do Marancó,
com metagabros e anfibolitos associados, alojados
em metarenitos e metaconglomerados. Por fim, a
unidade Minuim contém metassedimentos rítmicos e
micaxistos, com intercalações de anfibolitos, metaga-
bros cumuláticos, metabasaltos (Fig.XI.14e) e lentes
de subvulcânicas graníticas.

Silva Filho (2006) interpreta o Domínio Macururé como


uma cunha de subducção e os corpos máficos e ultra-
máficos do domínio como pertencentes a uma pilha b
ofiolítica desmembrada.

Com exceção da unidade Monte Azul, as quatro outras


foram injetadas por granitoides. As relações entre es-
ses granitoides e as rochas encaixantes são relevantes
para estabelecer limites tanto para a deposição dos
sedimentos quanto para a deformação subsequente.

O mais antigo dos corpos ígneos é um granito porfi-


rítico gnaissificado, denominado Augen Gnaisse Serra Figura XI.15 - Características geoquímicas do Augen Gnaisse
Serra Negra, mostrando semelhanças com granitos do tipo A
Negra (Fig.XI.14f). Ele alojou-se ou está em contato
(anorogênicos) em (a) e assinatura do tipo granito intraplaca ou
tectônico com rochas metassedimentares das unida- pós-colisional em (b) (dados inéditos de E.P. Oliveira). Campos em (a)
des Monte Alegre, Morro do Bugi, Belém e Minuim e segundo Whalen et al.(1987) e em (b) segundo Pearce et al.(1984).

194 • G eolog i a da B a hi a

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a
As características geoquímicas do augen gnaisse Ser-
ra Negra são de granitos anorogênicos ou pós-coli-
sionais (Fig.XI.15).

Outro marcador importante para a deformação que


afetou as unidades do domínio é o batólito Sienitico
Curituba (ornamentado com S na figura XI.5), que
trunca as unidades Belém e Minuim, e o Augen Gnais-
se Serra Negra. O Sienito Curituba também corta os
migmatitos do Domínio Poço Redondo e quase todas
as rochas do Domínio Canindé. Ele não foi afetado
pelas duas primeiras fases de deformação do domí-
nio, mas apenas por falhas com orientação NE-SW,
b
relacionadas ao estágio final de colisão entre o Do-
mínio Pernambuco-Alagoas e o Cráton São Francisco.
Zircões desse sienito foram datados em 617±7Ma por
Silva Filho et al. (2005a), o que estabelece uma idade
máxima para a terceira fase de deformação que afe-
tou o Domínio Marancó.

2.1.6 Domínios Poço Redondo e Canindé

Esses dois domínios ocorrem associados no Estado da


Bahia e por este motivo serão tratados conjuntamen-
c
te aqui.

O Domínio Poço Redondo está representado por mig-


matitos com paleossoma de biotita gnaisse e neosso-
ma variado, desde leucogranítico a pegmatítico e bio-
tita-hornblenda granodiorítico (Figs.XI.16a, b). Duas
amostras do paleossoma foram datadas por Carvalho
et al. (2005) revelando idades de 980Ma e 961Ma. As
características geoquímicas do paleossoma biotita
gnáissico mostram tendência calcialcalina a cálcica
para elementos maiores e dominantemente de gra- d
nitos de arco para elemento-traço (Figs.XI.16c, d). Os
dados de isótopos de Nd revelam εNd(T) positivos a le-

Figura XI.16 - Aspectos de campo dos migmatitos do Domínio Poço


Redondo (a) e (b) e características geoquímicas do paleossoma (c)
e (d), dados inéditos de Oliveira). Campos em (c) segundo Frost et
al. (2001) e em (d) segundo Pearce et al. (1984). Os afloramentos
das fotos (a) e (b) são no Estado de Sergipe.

Fa i xa d e Do b ra m en to S erg i pa na • 195

Capitulo 11.indd 195 02/10/12 22:44


vemente negativos (0,87a–1,64; Carvalho 2005), por- nado ao ambiente inicial de rift que gerou o Domínio
tanto compatíveis com arco estilo andino. Canindé (Nascimento et al. em preparação, Oliveira
et al. 2010a).
No Estado da Bahia, o Domínio Canindé está repre-
sentado apenas pelas unidades Novo Gosto e Garrote,
informalmente criadas por Silva Filho et al. (1981).
3 Síntese e Modelo
A primeira é uma sequência vulcanossedimentar
constituída por intercalações de metabasaltos e me-
Tectônico Regional
tassedimentos clásticos e químicos. Os metabasaltos O modelo aqui apresentado é aquele sugerido por
têm características geoquímicas de basaltos conti- Oliveira et al.(2010a) para toda a Faixa Sergipana.
nentais com tendência para basaltos da transição
continente-oceano (Fig.XI.17). De acordo com esses autores, a evolução da Faixa
Sergipana começa com o desenvolvimento de um
A segunda unidade é formada por folhas estreitas arco andino no início do neoproterozoico (~980-
de granitos róseos deformados, para os quais Van 960Ma), representado pelos protólitos graníticos do
Schmus obteve idade de 715Ma em zircões (dados iné- paleossoma de migmatitos do Domínio Poço Redon-
ditos citados em Santos et al. 1998). As características do, provavelmente instalado na margem do bloco pa-
geoquímicas de rochas dessa unidade são também de leoproterozoico Pernambuco-Alagoas (Figs.XI.18a, b).
granitos anorogênicos (Nascimento et al. em prepa- A posterior extensão deste bloco continental formou
ração), o que permite concluir que essas rochas, jun- os Granitos Serra Negra do tipo A (Fig.XI.18c), o proto-
tamente com os metabasaltos da unidade Novo Gos- -oceano Canindé, entre o Bloco Pernambuco-Alagoas
to, podem constituir o magmatismo bimodal relacio- e o Domínio Poço Redondo (Fig.XI.18d), sedimentos
associados na margem passiva dos Domínios Maran-
có e Macururé (quartzito da Formação Santa Cruz e
pelitos) e provavelmente também a deposição das
unidades basais do Domínio Vaza Barris (Formações
Itabaiana e Ribeirópolis) sobre a margem passiva do
Cráton São Francisco.

A deposição dos sedimentos na margem passiva do


Bloco Pernambuco-Alagoas começou após cerca de
900Ma, isto é, a idade dos zircões detríticos mais no-
vos em rochas sedimentares dos Domínios Macururé
e Marancó. No Domínio Canindé, o início da sedimen-
tação é incerto, mas provavelmente ocorreu antes ou
concomitante com derrames e sills básicos da uni-
Figura XI.17 - Características geoquímicas dos anfibolitos da dade Novo Gosto e o alojamento do granito Garrote
unidade Novo Gosto do Domínio Canindé, ilustradas no diagrama
tipo A, há cerca de 715Ma. A deposição das Formações
Th/Ta vs. La/Yb de Condie (2001). Campos adicionais para arco
oceânico a partir de dados de Pearce et al. (1995) e Woodhead et al. Juetê e Itabaiana na margem passiva do Cráton São
(1998) e de basaltos da transição continente-oceano (OCT) a partir Francisco pode ter iniciado em qualquer época após
de dados de Fitton et al. (2000), Schaerer et al.(2000) e Hanghoj et
1.975Ma, que é a idade dos zircões mais novos na For-
al. (2003). Dados inéditos de Nascimento (2005 ) e Oliveira.
mação Itabaiana (Oliveira et al. em preparação).

196 • G e olog i a da B a hi a

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a

Figura XI.18 - Proposta de evolução tectônica para a Faixa Sergipana do final do Mesoproterozoico (ca. 1.000 Ma) até o Neoproterozoico (ca. 570
Ma). As principais zonas de cisalhamento são indicadas (ZCM - Zona de Cisalhamento Marancó; ZCBMJ - Zona de Cisalhamento Belo Monte/
Jeremoabo; ZCSMA - Zona de cisalhamento São Miguel do Aleixo; ZCI - Zona de Cisalhamento Itaporanga). Adaptado de Oliveira et al. (2010a).

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No Domínio Canindé, a fase rift continuou até aproxi- (2005a) para o Sienito Curituba que não foi afetado
madamente 640Ma com o alojamento de suítes bási- por essas deformações.
cas continentais, como o complexo gabroico Canindé
(ca. 690Ma), microgabros, quartzo-monzodioritos Subducção de uma placa oceânica provavelmente
(688Ma) e granito rapakivi (684Ma) da unidade Gen- aconteceu sob os Domínios Poço Redondo e Maran-
tileza, e o alojamento do Granito Boa Esperança com có, para explicar a ocorrência de rochas vulcânicas
textura rapakivi (642Ma). de arco com 602-603Ma no Domínio Marancó (Fig.
XI.18f). O encurtamento crustal evolui nos domínios
A convergência do Bloco Pernambuco-Alagoas e o sedimentares, com a instalação das fases deforma-
Cráton São Francisco (Fig.XI.18e) iniciou a deforma- cionais D1’’ e D1’’’ e o alojamento de granitos sincolisio-
ção e o metamorfismo da pilha vulcano-plutonosse- nais no Domínio Macururé (Fig.18f) entre 590-570Ma
dimentar do Domínio Canindé e das bacias marginais (Bueno et al. 2009).
dos Domínios Macururé e Marancó, com simultâ-
neo alojamento de granitos do tipo arco andino nos Ao mesmo tempo, ou um pouco após, a exumação e
Domínios Canindé (granodiorito Lajedinho, 621Ma, erosão do Bloco Pernambuco-Alagoas e dos Domí-
Nascimento 2005, Oliveira et al. 2010a), Poço Redon- nios Poço Redondo, Marancó, Canindé e Macururé
do (Granito Sitios Novos, 624Ma, Brito et al. 2006) e (Figs.XI.18f, g) conduziram à deposição das formações
Macururé (Granitoides Coronel João Sá e Camará, clásticas mais superiores dos Domínios Vaza Barris e
628-625Ma, Long et al. 2005, Bueno et al. 2009, res- Estância, que são portadoras de zircões detríticos de
pectivamente). As fases de deformação D1’ e D1’’ nos 615-570Ma. Durante este evento, as rochas supra-
Domínios Marancó e Canindé encerram-se antes de crustais foram empurradas sobre a margem conti-
617±7Ma que é a idade obtida por Silva Filho et al. nental do Cráton São Francisco situado ao sul.

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Capítulo Xii Diques Máficos
Angela Beatriz de Menezes Leal (IGEO-UFBA)
Luiz César Corrêa-Gomes (IGEO-UFBA)
José Torres Guimarães (CPRM)

1 Introdução
Neste capítulo serão caracterizadas as principais ocorrências de diques máficos no Estado da Bahia, denomina-
das de províncias filonianas. O termo província se aplica a qualquer conjunto de rochas filonianas que apresente
peculiaridades em termos de localização e abrangência geográfica, posição cronoestratigráfica e, principalmen-
te, relação com um determinado evento de tafrogênese (Shaw 1980, Halls 1982, Windley 1984, Halls & Fahrig
1987, Condie 1984, Oliveira 1989, Halls 1991, Teixeira 1993, Corrêa-Gomes et al. 1996). Desse modo, procurou-se
sintetizar no texto as informações dos principais trabalhos desenvolvidos nestes conjuntos de rochas, sobretudo
do ponto de vista se suas características de campo, estruturais, petrográficas, litogeoquímicas e geocronológicas,
objetivando a atualização de dados referentes ao tema proposto. Estas ocorrências de diques serão descritas em
função das suas idades de colocação e/ou posicionamento temporal no embasamento arqueano-paleoprotero-
zoico, nas coberturas cratônicas precambrianas (Supergrupo Espinhaço) e nas faixas de dobramentos neoprote-
rozoicas (Sergipana e Araçuaí) e/ou nos seus embasamentos.

Os diques máficos são importantes de serem estudados, visto que são sensíveis indicadores de processos geo-
lógicos fundamentais no contexto geodinâmico da Terra. Eles fornecem informações substanciais para a com-
preensão de processos de extensões crustais (tafrogêneses), sobre as fontes magmáticas, rifteamento inicial ou
incipiente e para estudo da evolução dinâmica da litosfera e do manto.

A importância do estudo de diques máficos vem sendo cada vez mais destacada em diversos trabalhos científicos
na forma de artigos-síntese e livros, do início da década de 80 para os tempos atuais (Shaw 1980, Halls 1982,
Windley 1984, Halls & Fahrig 1987, Condie 1984, Oliveira 1989, Halls 1991, Teixeira 1993, Corrêa-Gomes et al. 1996,
dentre outros). Dentre as várias características pode-se destacar que os corpos filonianos: (i) preenchem fraturas
que revelam condições extensivas na crosta; (ii) fornecem indicações das condições reológicas tanto do magma
intrusivo quanto das rochas encaixantes; (iii) são alimentadores e condutores de ascensão magmática do manto
para a crosta; (iv) permitem estabelecer as condições que operavam em ambientes intraplaca ou nas margens de
placas continentais, muitas vezes determinando eventos de rifteamento e presença de junções tríplices, e esta-

Di q u es M á ficos • 199

Capitulo 12.indd 199 02/10/12 22:46


belecendo a natureza do magmatismo nessas zonas, ARQUEANO - PALEOPROTEROZOICO
cujos produtos vulcânicos tenham sido cobertos ou
mesmo destruídos por posteriores colisões de placas;
(v) possibilitam a compreensão dos processos tectô- 2 Províncias de Diques
nicos crustais, já que são monitores de deformações
associadas às zonas de cisalhamento e indutores de
Máficos
subsidência em áreas continentais; (vi) definem cam- As províncias do arqueano-paleoproterozoico atual-
pos de paleoesforços locais e regionais; (vii) contri- mente conhecidas acham-se, quase que totalmente,
buem para o entendimento das idades do magmatis- alojadas na borda leste do Cráton do São Francisco
mo basáltico fissural, através de um número cada vez (Fig.XII.1). São elas as Províncias de Uauá-Caratacá
maior de dados geocronológicos; (viii) fornecem indi- e a Metamáfica de Salvador. Ocorrências de diques
cações das fontes mantélicas no tempo geológico e de máficos com menor expressão localizam-se em Feira
possíveis mineralizações associadas e, finalmente, (ix) de Santana-Lamarão, São José de Jacuípe-Aroeira e
permitem o entendimento da composição do manto Juazeiro-Sobradinho.
litosférico subcontinental, sua evolução, as taxas de
extensão associadas e profundidade de extração dos
magmas produzidos além da consequente variação 2.1 Província Uauá-Caratacá (PUC)
composicional ao longo do tempo.
2.1.1 Aspectos de Campo e Estruturais
No Estado da Bahia, ocorrem inúmeras províncias fi-
lonianas que apresentam idades, estilos formacionais A Província Uauá-Caratacá é constituída por um ver-
e composições químicas distintas. Estudos dessas dadeiro enxame de diques máficos aflorantes em tor-
manifestações ígneas têm permitido uma avaliação no das cidades homônimas e ocorrem intrusivos em
tectônica e, ao mesmo tempo, uma ideia do compor- rochas granítico-gnáissicas do Complexo Uauá. Estes
tamento do Manto Superior durante as suas gerações. diques concentram-se ao longo de uma faixa de di-
Estas províncias foram agrupadas com base nas suas reção NNW-SSE e N-S com inflexão para norte, com
características químico-mineralógicas, idades, locali- aproximadamente 85km de comprimento e 30km
zações geográficas e distribuições geométricas. de largura média, possuindo uma geometria distri-
butiva sigmoidal lenticular, sendo representada por
Neste capítulo serão descritas as principais províncias uma megalente tectônica produzida por um sistema
filonianas da Bahia (Fig.XII.1), devendo-se assinalar transtensivo dextral (Corrêa Gomes et al. 1991a, Bas-
que, de um modo geral, as definições sobre os estilos tos Leal 1992) de idade em torno de 2,4 a 2,1Ga (Bas-
tectônicos, relacionados às suas gêneses, não estão tos Leal 1992, Bastos Leal & Teixeira 1992, Menezes
ainda bem esclarecidas e que o número de informa- 1992) (Fig.XII.2). Dados mais recentes (E.P. Oliveira,
ções em cada caso, ainda carente, é muito variável. comunicação verbal) indicam que uma deformação
Apesar destas dificuldades, os dados sobre as provín- sinistral afetou as zonas periféricas dessa província e
cias serão apresentados adotando-se uma sequência que alguns desses corpos filonianos podem ter ida-
temporal das mais antigas para as mais novas. Outras des arqueanas. Os diques máficos dessa província são
ocorrências de diques máficos, de menor expressão considerados como os maiores e mais expressivos do
que as províncias, serão também destacadas e estão Cráton do São Francisco.
inseridas na figura XII.1.

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Figura XII.1 - Localização e delimitação geográfica das áreas de influência das principais províncias e
ocorrências filonianas máficas do Estado da Bahia (Modificado de Corrêa Gomes et al. 1996).

Di q u es M á f icos • 201

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a b

Figura XII.2 - Província Uauá-Caratacá. (a). À esquerda imagem do Google Earth destacando os lineamentos da província onde as linhas
escuras com duas bolas nas extremidades correspondem aos corpos filonianos. (b) À direita, representação esquemática dos diques da PUC,
que se encontram concentrados dentro de uma megalente de formato sigmoidal (Modificado de Andritsky 1968, 1969, 1971).

Tanto em imagens de satélite (Fig.XII.2) quanto em em fotointerpretação, foi produzido pela Missão Ale-
campo, os diques máficos dessa província apresen- mã (Andritsky 1969), que revelou a distribuição geo-
tam um bom contraste com as rochas encaixantes métrica atualmente conhecida e sugeriu a existência
do Complexo Uauá (CAPÍTULO III). Ocorrem bastante de duas gerações de filões máficos. Foram identifica-
expressivos, aflorando na forma de corpos tabulares dos nada menos que 323 segmentos de filões máficos.
aparecendo alinhados, sob a forma de blocos e como Posteriormente, Bastos Leal (1992) e Menezes (1992)
lajedos identificados em cortes de estradas e cami- detalharam, ainda mais, este enxame, separando duas
nhos carroçáveis. Exibem, de modo geral, coloração gerações de diques por aspectos de campo, caracterís-
cinza a cinza-esverdeado, granulação fina a média, ticas petrográficas e datações geocronológicas.
isotrópicos e maciços (Fig.XII.3). Possuem espes-
suras que variam de poucos centímetros a dezenas A primeira geração de diques máficos datado em
de metros, com predomínio em torno de 2 a 5 me- 2,38Ga, pelo método Rb-Sr (Bastos Leal 1992) é re-
tros e extensões bastante variáveis de até 10km. As presentada por diques anfibolíticos, ocorrendo de
principais orientações dos corpos estão em torno de forma pouca expressiva na província e situados a sul
N50°-40° (conjunto de formato sigmoidal) e N150°- da cidade de Caratacá. A segunda geração de diques
140° (conjunto subparalelo ao comprimento maior da datado em 2,1Ga, também pelo método Rb-Sr (Bas-
megalente) (Fig.XII.2). tos Leal 1992) é mais expressiva geograficamente, re-
presentada por diques máficos e diques metabásicos
Este sistema de diques foi inicialmente estudado por que afloram em torno das cidades de Uauá e Carata-
Andritsky (1968, 1969, 1971), Barbosa (1970), Winge & cá (Menezes 1992, Menezes Leal et al. 1995). Oliveira
Danni (1980), Winge (1981, 1984) e Gava et al. (1983). (2010a, b) engloba esses últimos diques na geração
Um levantamento da geometria dos diques, baseado mais antiga, incluindo os diques anfibolíticos e diques

202 • G e olog i a da B a hi a

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a b

c d

e f

Figura XII.3 - Aspectos de campo e forma de ocorrência dos diques máficos da Província Uauá-Caratacá. (a) Dique máfico milimétrico
intrusivo no Complexo Uauá; (b) Dique máfico aflorante em corte de estrada; (c) Dique máfico no leito do Rio Caratacá; (d) Dique máfico em
contato com rochas gnaíssico-migmatíticas do Complexo Uauá; (e) Blocos de rochas dos diques maficos; (f) Detalhe da ocorrência de diques
máficos no leito do Rio Caratacá. (Fotos de (a) a (d): Menezes 1992; Fotos (d) e (e) cedidas por João Batista).

Di q u es M á ficos • 203

Capitulo 12.indd 203 02/10/12 22:47


máficos de composição norítica, com direção geral biotita e titanita ocorrem como minerais acessórios.
NW e idade TDM maiores que 3,0Ga. Na segunda ge- Calcita e mica branca provêm da alteração parcial dos
ração, mais jovem, Oliveira (2010) reconheceu diques plagioclásios. Clorita origina-se da alteração do anfi-
noríticos e toleiíticos de direção predominantemente bólio (Menezes 1992, Menezes Leal et al. 1995). Os di-
NE e com idade TDM entre 2,52 a 2,83Ga. ques de composição norítica também pertencentes a
esta geração (Oliveira 2010) possuem granulação fina
2.1.2 Dados Petrográficos e mostram texturas de resfriamento, como “agulhas”
de piroxênios de forma radiada.
A primeira geração de diques máficos dessa província,
representada pelos diques anfibolíticos, apresenta 2.1.3 Dados Litogeoquímicos
predominantemente texturas nematoblástica e gra-
noblástica. Sua granulometria é fina (média de 0,4 Todos os grupos de diques (1ª e 2ª gerações) corres-
-0,5mm) e são constituídos, essencialmente por hor- pondem, de uma maneira geral, a basaltos toleiíticos
nblenda, plagioclásio andesina e quartzo. Titanita, e, subordinadamente, a basaltos transicionais (De La
minerais opacos, epidoto, rutilo e apatita são acessó- Roche et al. 1980, Bellieni et al. 1981). Em geral, os di-
rios comuns, enquanto que mica branca e calcita são ques máficos mostram um moderado enriquecimento
produtos secundários (Menezes 1992, Menezes Leal et de FeO total em relação ao MgO, comparável ao trend
al. 1995). Os diques noríticos representam cumulatos da suíte toleiítica do Hawaii (MacDonald & Katsura
de granulação grossa, alguma vezes, com plagioclá- 1964) (Fig.XII.4).
sio bem preservados e cristais de piroxênio do tipo
hiperstênio-bronzita (Oliveira 2010).

Os diques máficos da segunda geração caracterizam-


-se por apresentar texturas ofítica a subofítica e inter-
granular. Sua granulometria é fina (0,1-1,0mm) e são
constituídos essencialmente por plagioclásio (An=
53-76%) e augita (Wo=41-46%), ortopiroxênio (Wo=
0.4-4.5%) e rara pigeonita (Wo=12%). O anfibólio
(Mg-hornblenda e hastingsita) e clorita estão asso-
ciados comumente às bordas dos piroxênios, sendo o
primeiro raramente observado em pequenos grãos na
matriz. Minerais opacos, apatita, quartzo e biotita são
minerais acessórios, e calcita, epidoto, mica branca,
produtos de alteração do plagioclásio. Os diques me- Figura XII.4 - Diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOt), M (MgO),
segundo Irvine & Baragar (1971), para os diques máficos da
tabásicos, também considerados da segunda geração,
Província Uauá-Caratacá. A linha cheia representa a suíte
apresentam texturas blasto-ofítica a subofítica e mo- toleiítica do Hawaii, segundo MacDonald & Katsura (1964).
dificação parcial a total do piroxênio em anfibólio. É Campo em vermelho, diques anfibolíticos da primeira geração;
campos em cinza e preto, diques máficos e metabásicos,
muito comum uma leve recristalização metamórfica
respectivamente, da segunda geração.
na matriz. As rochas possuem granulação variando
de fina (0,6mm) a média (1,5mm) e são constituídas
por anfibólio (Mg-hornblenda e edenita), plagioclásio Em termos litogeoquímicos, os diques não metamor-
(An=44-45%), sendo este último presente como res- fizados pertencentes à 2ª geração, apresentam ten-
quício no anfibólio. Minerais opacos, quartzo, epidoto, dência toleiítica, correspondem a basaltos evoluídos,

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evolução esta marcada pelo fracionamento do tipo alcançado o pico distensivo do sistema, propiciando
gabro, com variações de alto e baixo titânio (Olivei- que um volume apreciável de magma fosse injetado
ra 1990, Bastos Leal & Menezes 1991, Menezes 1992) nas fissuras-conduto.
e com fontes levemente empobrecidas em elemen-
tos LFS - low-field strength (Rb, Ba, K) e Elementos As geometrias integradas dos filões dessa província
Terras Raras leves. Correlação positiva entre a razão revelam bifurcações que indicam uma propagação
inicial 87Sr/86Sr, SiO2, K2O, Ba, Rb e negativa com MgO do fluxo magmático no sentido das suas aberturas
(Cr e Ni) é sugestiva de que o processo de evolução (Corrêa-Gomes et al. 1996) (Fig.XII.5). Assim puderam
magmática se fez através da cristalização fracionada ser identificadas duas tendências de propagação. A
com contaminação crustal ou com alterações metas- primeira seria em faixas, ora de SW para NE (a mais
somáticas (Bellieni et al. 1991, Menezes 1992, Bellieni marcante), ora de NE para SW, o que poderia indicar
et al. 1995, Menezes et al. 1995). duas fontes geograficamente distintas, porém não
necessariamente díspares em termos composicio-
2.1.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos nais. A segunda seria a partir do centro em direção
às bordas. Isto poderia ser explicado pelo mecanismo
Duas idades de colocação foram apresentadas para de formação da lente de cisalhamento dentro de um
os diques máficos da Província Uauá-Caratacá por ambiente tectônico transcorrente porque, neste caso,
Bastos Leal et al. (1992, 1994). Os diques mais antigos haveria uma tendência de as aberturas iniciais se
apresentaram idade Rb/Sr de 2.384±114Ga, enquanto concentrarem no “miolo” do sistema. Posteriormente
que os diques mais jovens formaram-se há cerca de ocorreria uma propagação, no sentido das margens
1.938±31Ma a 2.133±24Ma (Rb/Sr). Idades K-Ar (Bastos do conjunto, sempre acompanhada pela expansão e
Leal et al. 1992, 1994) obtidas para o conjunto mais jo- rotação da área cisalhada, até a configuração final ser
vem forneceram valores entre 2.003±86 e 1.975±2Ma, atingida, o que conduziria a uma geometria encurva-
através de minerais neoformados (anfibólio). da para os filões.

Idades TDM maiores que 3,0Ga. foram encontradas Tomando como base as formas dos corpos tabulares
para os diques noríticos da primeira geração, en- existentes na Província Uauá-Caratacá, quatro famí-
quanto que uma isócrona de referência Sm-Nd obtida lias podem ser separadas: (i) sigmoidal com encur-
em 10 amostras dos diques toleiíticos da segunda ge- vamento abrupto; (ii) sigmoidal com encurvamento
ração produziu idade de 2.589±8.6Ma, com idades TDM suave; (iii) retilínea ocupando fraturas do tipo T (pa-
entre 2,52 a 2,83Ma (Oliveira 2010). ralelas aos planos s1 x s2) e (iv) retilínea paralela à
zona principal de cisalhamento.
D’Agrella Filho (1992) através de estudos paleomagné-
ticos indicou que os diques máficos da Província Uauá- Comentando somente os diques sigmoidais das duas
-Caratacá possuem direção N-NE e que a magnetiza- primeiras famílias, naqueles de direção N50°-40°,
ção foi adquirida há cerca de 1,9Ga, durante os estágios existe a possibilidade de que os filões das partes mais
finais (resfriamento) do evento paleoproterozoico. centrais terem idades um pouco maiores que as dos
filões posicionados mais externamente. No caso dos
Uma interpretação tectônica destas informações se- diques de direção N150°-140°, os seus paralelismos
ria a de que inicialmente, na primeira fase, a taxa de com a maior extensão do conjunto, além do fato de
distensão crustal na lente de cisalhamento foi muito que os mesmos não apresentam encurvamento e si-
baixa, implicando uma reduzida quantidade de ma- nais de rotação, parece indicar que estes corpos pos-
terial magmático introduzido. Na segunda fase, foi sam ter idades mais recentes.

Di q u es M á ficos • 205

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das pelo método Rb/Sr. Neste caso, mais uma vez, os
diques seriam importantes marcadores de variações
regionais dos campos de paleotensão.

É ainda interessante observar que a deformação dos


corpos tabulares, mais intensa na periferia do que no
centro do sistema (Winge & Danni 1980, Winge 1981,
1984, Bastos Leal 1992, Menezes 1992), poderia ser
indicativa de variadas hipóteses, entre elas pode-se
citar: (i) que o tectonismo foi contemporâneo à colo-
cação do magma e prosseguiu mesmo após a finaliza-
ção do preenchimento das fraturas-conduto e (ii) que
a deformação ficou concentrada nas zonas laterais do
sistema, onde localmente pode ser alcançada até a
fácies anfibolito, preservando porções mais interiores
que sofreram principalmente rotação, sendo assim
menos cisalhadas e metamorfizadas.

2.2 Província Salvador (PS)

2.2.1 Aspectos de Campo e Estruturais


Figura XII.5 - A interpolação dos traços dos planos dos diques da
Província Uauá-Caratacá, materializa inúmeras geometrias de As rochas da cidade de Salvador são atravessadas por,
filões bifurcados e ramificados. Estas bifurcações e ramificações
podem ser indicativas dos sentidos de propagação das fraturas- pelo menos, duas famílias de rochas filonianas máfi-
conduto e, possivelmente, do magma. Esta idéia é reforçada pela cas. Uma destas famílias, a mais jovem, será detalha-
coerência de padrões em faixas onde os sentidos de propagação
da no item referente à Província Litorânea (Item 4.2).
para NE e NW (áreas em cinza) se alternam com os sentidos
para SW e SE, formando corredores com sentidos alternados de A segunda, aqui descrita, é representada por um con-
propagação (Corrêa-Gomes et al. 1996). junto de diques metamorfizados, tabulares ao centro
e boudinados nas bordas, denominados de metamór-
ficos (DM1) por Moraes Brito (1992) (Fig.XII.1). Estes
Uma hipótese alternativa merece ser considerada. filões são subverticais a verticais, exibem espessura
Existe a possibilidade de que os filões tenham sido co- média em torno de 2,0m e apresentam localmente
locados em um regime tectônico dextral pré-paleo- marcas de dobramentos. A época de colocação desses
proterozoico e posteriormente terem sido encurvados corpos situa-se em torno de 1,5Ga (K-Ar), no paleo-
mais acentuadamente nas periferias da lente que os proterozoico (Mascarenhas et al. 1986).
compartimentam, por um cisalhamento sinistral que
é a marca registrada da segunda fase da tectônica Os diques metamorfizados estão quase sempre asso-
paleoproterozoica da borda leste do Cráton do São ciados com corpos de monzo-sienograníticos. A orien-
Francisco (Barbosa & Dominguez 1996). Em reforço a tação geral dos diques é N60o-N90o, mas apresentam
esta hipótese, datações radiométricas Sm-Nd (Olivei- direções N160° e mostram foliação bem marcada
ra 2010) sugerem que vários destes diques podem ter pela biotita e hornblenda. No afloramento de uma
idades maiores, neoarqueanas, do que aquelas obti- antiga pedreira da Praia da Paciência, Bairro do Rio

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a b

c d

Figura XII.6 - Esquema (a) e fotografia (b) do afloramento-tipo das rochas tabulares da Província Salvador. As fotografias (c) e (d) mostram
a relação de contato entre os magmas monzo-sienograníticos e basáltico (modificado de Corrêa Gomes et al. 1996). A seta indica o sentido
de visada N285o. Os corpos tabulares estão orientados próximos à E-W.

Vermelho, pode ser vista a íntima relação entre uma andesitos basálticos a andesitos e são compostos por
metamáfica filoniana e um granitoide róseo anatético plagioclásio e fenoblastos de diopsídio, quartzo e tita-
tabular, atestando a co-temporalidade de formação nita (2-10%). Apatita e zircão são acessórios. Biotita
entre os dois litotipos. Pode ser notado que: (i) tanto o e hornblenda são secundárias, produto do metamor-
granito engloba porções do dique metamáfico quanto fismo sincolocação dos diques e provenientes da al-
este engloba porções do granito; (ii) os contatos entre teração do diopsídio e opacos. Diminutos cristais de
ambos os litotipos variam de retilíneos a festonados plagioclásio e quartzo também são considerados me-
e, (iii) localmente podem ser observadas feições que tamórficos.
lembram mistura mecânica entre o magma granítico
e o basáltico (Fig.XII.6). 2.2.3 Dados Litogeoquímicos

2.2.2 Dados Petrográficos Os diques deformados-metamórficos (DM1) da Pro-


víncia Salvador, mais antigos, se originaram a partir
Segundo Moraes Brito (1992) os diques máficos da de magma calcialcalino (Fig.XII.7), com teores de SiO2
Província Salvador variam composicionalmente de próximos de 57%, Al2O3 de 15%, Na2O entre 2 a 3% e

Di q u es M á ficos • 207

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dicando que a encaixante reagiu de modo plástico à
sua penetração. A contemporaneidade entre os dois
representantes magmáticos granítico e basáltico, de
composições contrastantes, foi relatada por Corrêa-
-Gomes et al. (1987), Moraes Brito et al. (1989, 1990,
1991) e Moraes Brito (1992). Levando em consideração
a composição levemente alcalina dos granitos existe
a possibilidade de que a colocação de ambos os mag-
mas esteja relacionada a uma ampla extensão N-S de
baixo ângulo que, em Salvador, aparece na forma de
zonas de cisalhamento extensionais que posterior-
mente foram parcialmente camufladas por cisalha-
mentos sinistrais submeridianos tardios.

Figura XII.7 - Diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOt), M (MgO), segundo O significado tectônico preciso destes corpos félsicos
Irvine & Baragar (1971), para diques máficos metamorfizados e máficos é ainda indefinido, principalmente devido à
da Província Salvador (DM1). A linha cheia representa a suíte
toleiítica do Hawaii, segundo MacDonald & Katsura (1964). Dados pequena expressão geográfica das manifestações fi-
químicos de Moraes Brito (1992), Mestrinho et al. (1982, 1988) e lonianas. Especula-se a respeito da possibilidade de
Barbosa et al. (2005).
que a massa basáltica teria fornecido o calor suficien-
te para a fusão da crosta continental, resultando na
produção dos granitoides róseos (Moraes Brito 1992).
K2O em torno de 8% (Moraes Brito 1992, Barbosa et
al. 2005).

2.2.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos 3 Ocorrências de Diques


No conjunto, a Província Salvador mostra uma íntima
Máficos
associação entre os seus diques e corpos pequenos
monzo-sienograníticos tabulares, róseos (CAPÍTU- 3.1 Ocorrência Feira de Santana-Lamarão
LOS III, V) que, por vezes, funcionam como “molduras” (OFSL)
para os diques, ou os englobam (Fig.XII.6). Os grani-
tos deixam ainda preservadas porções arredondadas Situada ao leste-nordeste do Estado, são poucas
de enclaves dos diques, fenômenos que podem estar ainda as informações petrográficas, geoquímicas e
associados com: (i) atividade química da SiO dos gra- tectônicas relacionadas a esta ocorrência de diques
2
nitos sobre os filões máficos, ao invés de fusão par- (Fig.XII.1). Entretanto a distribuição geométrica das
cial local e (ii) mistura mecânica de magmas (magma rochas filonianas materializa, de norte para sul, um
mingling). As formas tabulares irregulares dos filões grande “Y” seguido de “S” aberto, orientado aproxi-
máficos e dos granitoides róseos e arredondados madamente N-S. Isso sugere a atuação de um amplo
dos contatos são indicativas de um nível crustal de cisalhamento sinistral submeridiano, amplamente
colocação razoavelmente profunda para ambos. Por impresso nos litotipos da região (Fig.XII.8). Conceição
vezes, as manifestações félsicas começam discor- et al.(1993), com base em dados de campo indica-
dantes ao bandamento principal da rocha granulítica ram idades mínimas em torno de 2,1Ga, para os di-
encaixante e paulatinamente se amoldam a esta, in- ques máficos dessa ocorrência, porém o fato de que

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os mesmos se encontram intensamente deformados normalmente sincrônicos à geração de charnocki-
e foram provavelmente tocados pela fácies granulito, tos cinza-rosados, anatéticos, sincolisionais, cujas
e retrometamorfizados para a fácies anfibolito, pode idades situam-se em torno de 2,2Ga (Loureiro et al.
reforçar a idéia de que alguns destes corpos poderiam 1991, Melo et al. 1991). Suas espessuras podem va-
ser ainda mais antigos, até mesmo arqueanos. É pro- riar de poucos centímetros até mais de cem metros,
vável também que dentro do emaranhado de filões enquanto que as orientações aparecem paralelas a
discordantes e, por vezes, subconcordantes com a fo- subparalelas ao trend estrutural das rochas regionais
liação regional, mais de uma geração possa ser iden- (N20°-10°) e com forte mergulho local para SE. Cor-
tificada. Isto poderia explicar as semelhanças quími- rêa Gomes et al. (1993a), notaram a presença de, pelo
cas entre as assinaturas destes diques (Conceição & menos, quatro gerações de filões, identificados em
Conceição 1993) com aqueles da geração mais antiga afloramento no sangradouro da principal barragem
da Província Uauá-Caratacá, cujas idades estão próxi- da região que se situam nas proximidades da cidade
mas a 2,38Ga. Suas composições são toleiíticas. de São José de Jacuípe.

Quanto às gerações dos filões, foram identificadas,


das mais antigas para as mais novas: (i) filões má-
ficos subtabulares, de formato algo difuso, “diluídos”
na massa charnockítica; (ii) filões máficos tabulares,
com insinuações de dobramento, contendo manchas/
nódoas de material félsico, subconcordantes à orien-
tação regional; (iii) filões máficos tabulares, subpa-
ralelos à orientação regional, porém sem manchas
graníticas e, (iv) filões máficos tabulares, claramente
discordantes da foliação regional, com formatos em
degraus e ramificações assimétricas (Fig.XII.9).

As geometrias dos filões assim como os marcadores


cinemáticos (e.g. cristais deformados) indicam uma
contemporaneidade entre a penetração do magma e
uma tectônica reversa sinistral. Também, os marca-
dores de propagação das fraturas-conduto e do mag-
ma (tais como dobras de arrasto magmático, ramifi-
cações laterais e enclaves rotacionados) denunciam o
fluxo do magma no sentido NE. As feições de contato
Figura XII.8 - Representação esquemática da distribuição com as encaixantes, do tipo sinuosas e onduladas,
dos diques máficos da ocorrência Feira de Santana-Lamarão
além da ausência de margens de congelamento e
(Modificado de Conceição et al. 1993; Corrêa-Gomes et al. 1996).
resfriamento podem indicar: um nível crustal de co-
locação profundo, compatível com as fácies anfibolito
3.2 Ocorrência São José de Jacuípe- e granulito e/ou a atuação do metamorfismo e da de-
Aroeira (OSJJA) formação modificando formas e obliterando parcial-
mente feições magmáticas.
Localizada no centro nordeste do Estado, este con-
junto (OSJJA) é composto por diques metamórficos

Di q u es M á f icos • 209

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Figura XII.9 - Mapa geológico esquemático, planta (a) e perfil (b), das manifestações intrusivas máficas observadas nos afloramentos
do sangradouro da barragem de São José do Jacuípe (Corrêa-Gomes et al. 1996). Na planta são destacados os sentidos de propagação
dos corpos ígneos obtidos nos locais pela análise de marcadores cinemáticos ainda preservados. No perfil são destacadas algumas das
diferentes formas de ocorrência das diferentes gerações de rochas intrusivas máficas descritas no texto.

3.3 Ocorrência Juazeiro-Sobradinho (OJS) atingidos pelo metamorfismo da fácies granulito e


retrometamorfizados posteriormente (Figueirôa &
Localizada a nor-nordeste do Estado (Fig.XII.1), este Silva Filho 1990, Angelim & Silva Filho 1993). Além
conjunto de diques máficos apresenta poucas infor- disto, não são raras as vezes em que podem ser vistas
mações petrográficas, geoquímicas e tectônicas. A formas dobradas, onduladas e boudinadas atestan-
distribuição geográfica dos seus filões faz supor um do o avançado estado de deformação local de alguns
modelamento deformacional, relacionado a fortes desses diques máficos, em contraste com geometrias
cisalhamentos transcorrentes dextrais e sinistrais, bem mais retilíneas de outros, o que seria indicativo
que inclusive moldam as trajetórias da foliação da existência de mais de uma geração. Isto colocaria
principal das rochas encaixantes segundo lentes parte dessa ocorrência como uma das mais antigas,
tectônicas bem delineadas (Fig.XII.10). Existe a pos- incluindo as províncias entre todas as apresentadas
sibilidade de que, até mesmo alguns representantes aqui. A mineralogia primária parcialmente preserva-
filonianos máficos possuam idades superiores às pa- da nos filões analisados indica uma tendência tolei-
leoproterozoico, pelo fato de que estes corpos foram ítica.

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co Cardoso, Catolés, Ibiajara, Ibipitanga, Inúbia, Itana-
jé e Piatã, em sua porção mais a norte, e nas cidades
de Paramirim, Brumado, Caetité e Rio de Contas, no
setor mais a sul (Fig.XII.1).

4.1.1 Aspectos de Campo e Estruturais

Em termos de geologia regional, as Bacias do Espi-


nhaço e Chapada Diamantina foram classificadas
como intracratônicas, do tipo sucessora poli-histórica,
formada em regime extensional e cuja origem foi con-
siderada relacionada a um rift abortado que remonta
a 1,7Ga (Dominguez 1993). Importantes eventos de
subsidência e soerguimento aconteceram associados
a uma atuação em “sanfona” dos anteparos laterais
da bacia, representados por blocos do embasamento,
durante um período de aproximadamente 1,0Ga.

Menezes Leal et al. (2002), Brito (2005) e Brito (2008)


desenvolveram trabalhos mais detalhados nos diques
Figura XII.10- Representação esquemática dos diques máficos de e sills máficos intrusivos nos metassedimentos da
Juazeiro-Sobradinho. O formato sigmoidal do conjunto de filões se
Chapada Diamantina, principalmente relacionados à
destaca dentro de um cisalhamento dextral, porém alguns diques
menos deformados aparecem ocupando posições T (fraturas de caracterização petrográfica e geoquímica. Damasceno
tração) N-S que poderiam estar relacionadas a uma transcorrência (2009) e Pereira Varjão (2007, 2011) estudaram os diques
sinistral (Modificado de Figueirôa & Silva Filho 1990).
máficos intrusivos nas rochas gnáissicas-migmatíticas
do embasamento do Bloco Gavião, principalmente nos
arredores das cidades de Caetité e Brumado.
MESOPROTEROZOICO-NEOPROTERO-
ZOICO A ocorrência dos diques máficos da (PCDP) se dá nos
grandes vales da Chapada Diamantina e estão relacio-
nados a antigas fraturas das rochas encaixantes. São
4 Províncias de Diques corpos que apresentam pequenas variações de granu-

Máficos lometria, textura e estrutura. Na superfície os diques


máficos aparecem alinhados, sob a forma de blocos e
lajedos, em cortes de estradas e caminhos carroçáveis.
4.1 Província Chapada Diamantina- Exibem coloração preta a verde acinzentada, granu-
Paramirim (Pcdp) lação fina a média, podendo chegar até a grossa. São
isotrópicos e maciços, apresentando, em raros casos, ti-
A Província Chapada Diamantina-Paramirim, situada pos mais diferenciados localizados principalmente nas
no centro do Estado, aloja um dos mais expressivos porções mais centrais dos corpos. Possuem espessuras
conjuntos de diques e sills máficos, abrangendo uma que variam de poucos centímetros a dezenas de metros,
área superior a 4.000km2. Eles estão mais concentra- com predomínio em torno de 2 a 5 metros e extensões
dos nas circunvizinhanças das cidades de Abaíra, Éri- bastante variáveis alcançando até 10km. Apresentam-

Di q u es M á f icos • 211

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-se orientados preferencialmente na direção NW/SE e, momento em que boa parte dos mesmos foi colocada,
secundariamente, na direção NE/SW (Fig.XII.11). existia, além de uma clara situação extensiva, uma
importante componente tangencial característica de
Os contatos com as rochas encaixantes dificilmen- uma transtração sinistral (Fig.XII.12). Esta ambiência
te são observados, devido ao alto grau de alteração tectônica é notada: (i) pela presença e orientação da
intempérica. São identificados a partir de matacões bacia rômbica (tipo pull apart) reportada por Pedrei-
associados a um solo vermelho característico. Estes ra & Margalho (1990); (ii) pelo diagonalismo de vá-
matacões muitas vezes apresentam-se com capas rias ocorrências posicionadas segundo uma rotação
concêntricas em torno de um núcleo mais duro da ro- anti-horária com relação ao traço principal da calha
cha, lembrando as escamas de uma cebola (disjunção tectônica e (iii) pelo sugestivo formato em “S aberto”
esferoidal ou exfoliação). de alguns dos conjuntos filonianos da área.

No que se refere à geometria de distribuição, a maio- No que diz respeito à colocação dos filões dessa pro-
ria dos filões está concentrada na porção SSW da víncia, o caráter discordante destes corpos evoluiu
(PCDP), em grande parte posicionada segundo uma desde as litologias mais antigas, com maior frequên-
faixa N160°-140°, porém orientações situadas em tor- cia nos Grupos Rio dos Remédios e Paraguaçu, mas
no de N90° e N40°-20° podem aparecer. A disposição podem atingir até a Formação Caboclo do Grupo
espacial dos corpos sugere a existência de centros lo- Chapada Diamantina (CAPÍTULO VIII). A partir daí
calizados de propagação radial que materializam for- o magma basáltico tende a se comportar de modo
matos em grandes “Y”, encontrados nas proximidades concordante, formando soleiras (Bomfim & Pedreira
de Paramirim, Ibitiara, Lençóis e Rio de Contas, SSE 1990, Guimarães & Pedreira 1990, Pedreira & Marga-
da Chapada. Com relação aos diques de direção N90°, lho 1990), aparentemente não cortando as formações
da região de Mucugê, segundo Pedreira & Margalho mais novas da Chapada Diamantina. Isto poderia ser
(1990), estes se colocaram segundo planos s1 x s2 (fra- um indício de que houve uma perda no poder de pene-
turas tipo T), de um cisalhamento sinistral de direção tração do magma com o afastamento da fonte, soma-
mais ampla N120°. Esta situação resultaria na forma- da a uma variação na resposta mecânica das rochas
ção de uma bacia transtensiva rômbica local. encaixantes com a mudança de nível crustal. A pas-
sagem progressiva de filões para soleiras em rochas
Tomando como base a distribuição geral dos diques sedimentares não é um fato raro de se encontrar (e.g.
máficos dessa província, é possível se supor que, no Pollard et al. 1975, Quadros 1976, Pollard & Holzhau-

a b

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c d

e f

g h

Figura XII.11- Fotografias dos diques máficos da Província Chapada Diamantina-Paramirim (PCDP) mostrando aspectos de campo e formas
de ocorrências. (a) Aspecto geral dos diques máficos sob a forma de blocos e matacões. (b) Afloramento mostrando alinhamento dos diques
máficos ao sul de Paramirim das Crioulas. (c) Aspecto geral dos diques máficos, mostrando coloração cinza escura e granulação fina.
(d) Diques máficos sob a forma de blocos em Lagoa do Dionísio. (e) Detalhe do dique máfico mostrando plagioclásio (porção mais
esbranquiçada) em meio a uma massa de coloração escura. (f) Afloramento de dique máfico mostrando exfoliação esferoidal.
(g) Afloramento de dique máfico sob a forma de lajedo, apresentando bloco maciço ao sul de Paramirim das Crioulas. (h) Aspecto geral
do dique máfico associado a tonalitos-granodioritos, aflorando na margem do riacho Mocambo. (Brito 2008, Damasceno 2009,
Pereira Varjão 2011).

Di q u es M á f icos • 213

Capitulo 12.indd 213 02/10/12 22:47


Figura XII.12 - Distribuição esquemática dos diques da Província Chapada Diamantina-Paramirim (Bomfim & Pedreira 1990, Guimarães
& Pedreira 1990, Pedreira & Margalho 1990, Corrêa-Gomes et al. 1996). Uma ambiência transcorrente sinistral possivelmente dominou
a construção das principais fraturas-conduto dos diques. As setas cinzas indicam os sentidos de propagação dos diques inferidos pelas
bifurcações observadas e, as setas pretas, a orientação do tensor máximo principal (δ1).

sen 1979, Kano 1989, Conceição & Zalán 1990). Além vez, na Serra de Jacobina as indicações geométricas
disto, esta evolução poderia indicar certa contempo- no campo apontam para uma propagação para leste.
raneidade entre a colocação do magma e os proces-
sos sedimentares/diagenéticos. As rochas em fase de 4.1.2 Dados Petrográficos
litificação se constituiriam em verdadeiras barreiras
mecânicas à propagação das fraturas-conduto (e por Brito (2005, 2008) identificou através da caracterização
consequência à penetração do magma), que seriam petrográfica, três grupos de diques: diques básicos, di-
assim, refratadas e direcionadas para as interfaces ques metabásicos 1 e diques metabásicos 2 encaixa-
dos estratos. Este fenômeno também foi reportado por dos nos metassedimentos do Supergrupo Espinhaço.
Motoki et al. (1988) em filões do Arraial do Cabo no O primeiro grupo corresponde ao conjunto de diques
Rio de Janeiro. Neste trabalho, corpos discordantes mais preservados, com plagioclásio e piroxênios, pre-
passaram, paulatinamente, a concordantes devido a dominantes e contendo texturas reliquiares (ofítica,
variações nas orientações do campo de tensão local. subofítica e intergranular). O segundo conjunto é con-
siderado uma fase de transição entre o primeiro e o
A propagação dos diques e suas geometrias nesta último e o terceiro grupo apresenta abundância em
província sugerem um sentido principalmente para minerais de alteração (clorita, sericita, hornblenda,
NW, na porção sul da Chapada Diamantina. Por sua moscovita e epidoto), com raras texturas reliquiares.

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Por outro lado, Pereira (2007), Damasceno (2009) e Pe-
reira Varjão (2011) caracterizaram os diques máficos,
que ocorrem intrusivos no Bloco Gavião, constituídos
por plagioclásio (labradorita e andesina) e piroxênio
(augita) como minerais essenciais, seguidos de minerais
opacos, quartzo, zircão e apatita. Hornblenda, biotita,
clorita, carbonato, mica branca e esfeno formam a pa-
ragênese de alteração hidrotermal/deutérica. Apresen-
tam-se com granulação fina a média, predominando a
textura sub-ofítica e, subordinadamente, ofítica, inter-
granular além de uma textura fracamente porfirítica.

4.1.3 Dados Litogeoquímicos

Os diques máficos da Província Chapada Diamantina- Figura XII.13 - Diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOt), M (MgO),
segundo Irvine & Baragar (1971), para diques máficos da (PCDP).
-Paramirim são subalcalinos, de natureza toleiítica
A linha cheia representa a suíte toleiítica do Hawaii, segundo
(Fig.XII.13). Em geral, possuem comportamento geo- MacDonald & Katsura (1964). Símbologia: campo azul = 1º grupo;
químico para elementos maiores, traços e Elemen- campo verde =2º grupo e campo vermelho = 3º grupo; linha
tracejada = diques máficos intrusivos no Bloco Gavião. Dados
tos Terras Raras bastante similares, independentes
químicos de Menezes Leal et al. (2002); Brito (2008); Damasceno
da unidade intrusiva. Os padrões de distribuição dos (2009) e Pereira Varjão (2011).
Elementos Terras Raras apresentam padrão levemen-
te enriquecido em Elementos Terras Raras leves em
relação aos Elementos Terras Raras pesados, embora tencerem a uma mesma província, ocupam posições
aqueles diques do terceiro grupo apresentam-se mais geográficas e geológicas distintas. Constataram que
enriquecidos em relação ao primeiro e segundo gru- são muito semelhantes em relação aos dados de cam-
pos. O padrão de distribuição dos Elementos Terras po, petrográficos e geoquímicos. No entanto, os diques
Raras (ETR) normalizados para condrito aproxima-se e sills máficos da Chapada Diamantina mostraram-se
dos valores entre E-MORB e OIB. O Zr versus elemen- menos evoluídos (mg#maiores) e com padrões de ETR
tos incompatíveis indica fonte relativamente homo- menos diferenciados que aqueles encaixados nas ro-
gênea. Os padrões dos elementos incompatíveis dos chas metamórficas do Bloco Gavião (Fig.XII.13).
diques do primeiro grupo são mais empobrecidos em
relação aos outros, porém guardam o mesmo com- 4.1.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos
portamento, apresentando, de maneira geral, anoma-
lias negativas de Nd e Sm e positivas de Sr, Eu, Ti e Nb. Dados geocronológicos existentes indicam a presença
Observa-se, ainda, que todos os conjuntos apresentam de três gerações distintas, datadas através do méto-
enriquecimento de Rb, Ba e Nb e Elementos Terras Ra- do Rb-Sr, formadas nos intervalos de 1,3 a 1,2Ga, 1,1
ras leves (La e Ce) em relação aos outros elementos a 0,9Ga e 0,7 a 0,5Ga (Couto et al. 1983, Boukili 1984,
(Brito 2008, Damasceno 2009, Pereira Varjão 2011). Lopes & Souza 1985). Isto reflete a atuação de gran-
des eventos distensivos distintos no tempo. O evento
Bandeira (2010) e Pereira Varjão (2011) fizeram uma 1,1-0,9Ga teria afetado também a Serra de Jacobina,
comparação entre os diques máficos intrusivos nos situada à ENE da Chapada, a julgar pela idade de
metassedimentos do Supergrupo Espinhaço e no Blo- 1,060Ma obtida por Boukili (1984), para um dique
co Gavião, uma vez que os filões máficos apesar de per- máfico toleiítico, orientado E-W e que corta aquela

Di q u es M á ficos • 215

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serra. Babinski et al. (1989) dataram em 1.514±22Ma,
pelo método U-Pb, uma rocha básica intrusiva nos
arenitos da Formação Mangabeira, pertencente ao
Grupo Paraguaçu (CAPÍTULO VIII). Guimarães et al.
(2005), no Projeto Ibitiara–Rio de Contas, dataram um
dique máfico da localidade de Lagoa do Dionísio em
1.496±3,2Ma, também pelo método U-Pb. Oliveira et
al. (2011) produziram idade de 1.501±9,1Ma em grãos
de badeleiita no diques máfico da mesma localidade.

Loureiro et al. (2008) dataram por laser ablation para


U/Pb em cristais de zircão um sill gabroico aflorante
próximo à cidade Gentio do Ouro produzindo idade de
934Ma, o que caracteriza um magmatismo toniano,
ainda desconhecido nesta parte da Chapada Diaman-
tina (CAPÍTULO VIII).

4.2 Província Litorânea (PL)


Figura XII.14 - Distribuição geográfica dos diques máficos da
Província Litorânea, em Salvador (SAL) e em Ilhéus-Olivença (IOC)
Localizada a su-sudeste do Estado, abrange as áreas
com a indicação dos sentidos gerais da propagação magmática
de Salvador, Itacaré, Ilhéus, Olivença e, mais interna- (setas pretas) obtidos através da observação de campo de
mente, Camacan (Fig.XII.1). A (PL) tem sido pesquisa- marcadores cinemáticos de fluxo (Corrêa-Gomes 1992, Corrêa-
Gomes & Oliveira 2000).
da por diversos autores, entre eles: Souto & Vilas Boas
(1969) (Ilhéus), Barbosa de Deus (1972) e Souto et al.
(1972) (Camacan), Lima et al. (1981) e Moraes Brito et 4.2.1 Aspectos de Campo e Estruturais
al. (1989, 1991), D´Agrella Filho et al. (1989), Corrêa
Gomes et al. (1988), Corrêa Gomes (1992, 1995a) (Sal- Os diques da província litorânea situada em Salvador,
vador, Ilhéus e Olivença), Moraes Brito (1992) (Salva- denominados aqui de (DM2) e diferentes dos (DM1)
dor), Tanner de Oliveira (1989), Oliveira & Corrêa Go- de Província Salvador (item 2.2.), não são deforma-
mes (1981) (Ilhéus e Olivença), Tanner de Oliveira et dos, são pretos, finos, tabulares, verticais, mas podem
al. (1991) (Camacan, Ilhéus e Olivença), Corrêa Gomes mergulhar de até 50o com suas espessuras variando
et al. (1991b) (Salvador, Ilhéus, Olivença e Camacan), de 1cm a 50m e, em geral, estão orientados segundo
Cruz et al. (1993) (Itacaré). Estudos mais recentes de N120o e N160o (Moraes Brito 1992) (Fig.XII.15). Ocor-
monografias e dissertações de mestrado têm aborda- rem tanto na orla marítima de Salvador (Fujimori &
do aspectos de campo, petrográficos e geoquímicos de Allard 1966, Fujimori 1968, Tanner de Oliveira & Con-
diques dessa província (Santos 2010, Luciano 2010). ceição 1982, Farias & Conceição 1985, Mestrinho et al.
1988, Moraes Brito 1992, Corrêa-Gomes 1992, Corrêa-
Em termos de ocorrências o número de filões máficos -Gomes et al. 1996) como no seu interior (Moraes Bri-
dessa província vai desde poucas dezenas, em Salva- to 1992, Corrêa-Gomes 1992, Barbosa et al. 2005).
dor, até verdadeiros enxames em Ilhéus, Olivença e Ca-
macan, permitindo identificar e localizar áreas da pro- Os diques da província litorânea situada em Ilhéus e
víncia com diferentes taxas de distensões (Fig.XII.14). Olivença apresentam direções, por ordem de abun-

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a b c

d e f

Figura XII.15 - (a) Dique metamórfico associado com metamonzo-sienogranito deformado na zona central, com bordas indeformadas.
(b) Parte indeformada do conjunto metamorfizado mostrando mistura heterogênea de magma basáltico e granítico. (c) Dique metamórfico
e metamonzo-sienogranito deformados. (d) Dique metamórfico vertical cortando rochas granulíticas com foliação/bandamento
subhorizontal. (e) Dique não metamórfico, vertical. (f) Monzo-sienogranito preenchendo fratura vertical, N40º (Barbosa et al. 2005).

dância NNE-NE, E-W, raras N-S e NNW-NW com ques máficos (Figs.XII.16c, e, f), embora algumas vezes
mergulhos verticais a subverticais, além de espessu- esses contatos não sejam facilmente reconhecíveis,
ras que variam de 0,3 a 50m, com maior frequência devido a espessa cobertura de solo. Outra característi-
no intervalo de 1 a 2m. São intrusivos em rochas do ca comum aos filões máficos de Camacan é a presen-
embasamento cristalino, caracterizado por metamor- ça de matacões apresentando capas concêntricas em
fitos de fácies granulito. torno de um núcleo mais duro da rocha, lembrando
escamas de uma cebola, denominado de escamação
Os diques máficos da província litorânea situada em ou exfoliação esferoidal. As principais áreas de ocor-
Camacan apresentam coloração cinza a preta, granu- rência dos diques máficos de Camacan situam-se em
lometria variando de muito fina a grossa e são isotró- cortes de estrada principalmente dispostos entre as
picos e maciços (Figs.XII.16a, b). A forma dos diques cidades de Camacan e Santa Luzia e entre Santa Luzia
máficos varia de reta (Figs.XII.16c, d) a levemente si- e Arataca.
nuosos (Fig.XII.16e) a angulosos (Fig.XII.16f). Preen-
chem fraturas distensivas nas rochas granulíticas da 4.2.2 Dados Petrográficos
região em variadas direções, como N10°, N25°, mas
predominam direções entre N60° e N80°. Possuem es- Os diques de Salvador não metamorfizados apresen-
pessuras que variam de poucos centímetros a dezenas tam grande variação textural em função da espessura
de metros, mas predominam os menos espessos (de 5 e profundidade de resfriamento. Os de menor espes-
a 31cm) (Figs.XII.16c, f). É comum observar, em campo, sura são afaníticos e os mais espessos possuem na
o contato entre a rocha encaixante granulítica e os di- porção central textura fanerítica, como no dique de

Di q u es M á f icos • 217

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a b

c d

e f

Figura XII.16 - Imagem de diques máficos de Camacan mostrando aspectos de campo e principais formas de ocorrência. (a) Diques máficos
de granulometria fina, isotrópicos e maciços. (b) Dique máfico de granulometria grossa. (c) Dique máfico reto com 5cm de espessura. (d)
Dique máfico reto espesso. (e) Dique máfico com forma sinuosa. (f) Dique máfico com forma angulosa.
(Santos 2010).

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50m de largura, situado atrás do Othon Palace Ho- clásios) e biotitização, uralitização e cloritização (para
tel, bairro de Ondina (Mestrinho et al. 1988). Quando os piroxênios), também estão presentes (Santos 2010).
porfiríticos possuem fenocristais de labradorita (43-
55%), pigeonita (10-35%) e olivina (2-10%) (Moraes 4.2.3 Dados Litogeoquímicos
Brito 1992). Opacos (1-15%), hornblenda (3-5%), bio-
tita e clorita são secundários a partir dos piroxênios. Quanto ao comportamento geoquímico da Provín-
cia Litorânea, os diques máficos de Salvador tiveram
Os diques de Ilhéus-Olivença englobam rochas de origem a partir de magma toleiítico (Fig.XII.17), com
colorações cinza-escuro a preta esverdeada e predo- teores de SiO2 variando entre 46 e 48%, Al2O3 de 12 a
minam os tipos porfiríticos, embora diques com gra- 13%, Na2O de 2,4 a 2,6% e K2O em média aproximada
nulação fanerítica fina também ocorram. As rochas de 0,6%. Os DM2 são mais ricos em MgO (~5%) e CaO
foram classificadas como basanito, basalto alcalino, (~9%) quando comparados com os DM1 (subitem 2.2.1).
hawaiito, fonotraquito e quartzo traquito (Tanner de O padrão de Elementos Terras Raras confirma o cará-
Oliveira 1989). Os tipos máficos, ricos em titânio, são ter toleiítico dos diques DM2, pois exibem padrão re-
constituídos por labradorita-andesina, na maioria das lativamente plano, com pouca variação da razão CeN/
vezes saussuritizados. A augita é o piroxênio predomi- YbN (Moraes Brito 1992, Barbosa et al. 2005).
nante, por vezes acompanhada por aegirina-augita.
Normalmente encontram-se transformados em hor- Os diques máficos de Ilhéus-Olivença são toleiíticos
nblenda, biotita, clorita e minerais opacos, embora a mostrando enriquecimento em FeOt mais pronunciado
hornblenda primária também ocorra. Olivina é mais nos Ati do que nos BTi (Fig.XII.18) (Tanner de Oliveira,
frequente nos basaltos alcalinos e hawaiitos. Foram 1989). Os tipos ATi são caracterizados por conteúdos
classificados como basaltos subalcalinos, tendo sido mais elevados de elementos incompatíveis com rela-
utilizado o Ti como qualificador e desta forma foram ção aos BTi. Os padrões de distribuição dos Elemen-
encontrados os tipos alto Ti (ATi) e baixo Ti (BTi). Os ti- tos Terras Raras (ETR) são semelhantes e ambos são
pos subalcalinos são constituídos de plagioclásio cál- mediamente enriquecidos em ETR leves. Os padrões de
cico, dois piroxênios (pigeonita ou hiperstênio e augita distribuição de Elementos Terras Raras mostram enri-
ou augita subcálcica) e óxidos de Fe-Ti em menores quecimento dos ETR leves em relação aos ETR pesa-
quantidades. A olivina é rara ou ausente. Os tipos al- dos, apresentando padrões medianamente fracionados
calinos são constituídos por plagioclásio cálcico, um ((La/Yb)n=3,18 a 5,0)) (Araújo et al. 1992). A distribuição
piroxênio (augita), óxidos de Fe Ti e olivina ferrífera. dos elementos-traço indica diferenças importantes
não evidenciadas pelos elementos maiores. Estes di-
Os diques máficos de Camacan apresentam grande ques máficos pertencem a um magmatismo toleiíti-
variação textural em função da profundidade de co- co continental cujo magma foi gerado por diferentes
locação e das espessuras. Alguns foram classificados graus de fusão parcial (menor fusão nos tipos ATi) a
como de granulação fina a afanítica e de granulação partir de uma fonte mantélica subcontinental hetero-
grossa, faneríticos (Santos 2010). Apresentam, inde- gênea do tipo “PLUME” e possivelmente colocado num
pendentemente da granulometria, texturas ofítica, su- sistema de rift abortado (Tanner de Oliveira 1989).
bofítica e intergranular. Mineralogicamente são com-
postos por andesina, clinopiroxênio (augita e diopsí- Os diques máficos de Camacan apresentam, de forma
dio), ortopiroxênio (hiperstênio). Subordinadamente geral, enriquecimento em FeOt em relação ao MgO
têm-se hornblenda, biotita, minerais opacos, apatita, (trend de Fenner) (Fig.XII.19) e baixas razões sílica/
titanita, rutilo, quartzo e zircão. Processos de alteração álcalis características de suítes toleiíticas. Através do
como saussuritização e sericitização (para os plagio- comportamento geoquímico dos elementos maiores

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Figura XII.17- Diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOT), M (MgO), Figura XII.19 - Diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOT), M (MgO), segundo
segundo Irvine & Baragar (1971) para os diques máficos não Irvine & Baragar (1971) para os diques máficos de Camacan. A linha
deformados de Salvador (DM2). A linha cheia representa a suíte cheia representa a suíte toleiítica Hawaii, segundo MacDonald &
toleiítica Hawaii, segundo MacDonald & Katsura (1964). Dados Katsura (1964). Dados químicos de Santos (2010).
químicos de Moraes Brito (1992), Mestrinho et al. (1988) e Barbosa
et al. (2005).

e traço foi constatada a importância das fases mine-


rais plagioclásio e clinopiroxênio no fracionamento
magmático. Diagramas de ambiência tectônica utili-
zando como parâmetros o Ti, Zr e Y sugerem que a
colocação dos diques máficos ocorreu em ambiente
continental intracratônico (Santos 2010).

4.2.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos

Os diques de Salvador apresentam idade de 1,0Ga


(D’Agrella Filho et al. 1989), enquanto que idades Ar/
Ar e K/Ar apontam idade variando de 1,1 a 1,0Ga para
os diques de Ilhéus-Olivença (Renné et al. 1990).

De modo geral, em relação aos aspectos de campo, os


diques da Província Litorânea variam em espessura
de poucos milímetros até 50m, com uma significativa
participação no intervalo de 1 a 2 metros (Corrêa Go-
mes 1992, Moraes Brito 1992). Os condutos são pre-
Figura XII.18- Diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOT), M (MgO), dominantemente verticais a subverticais, sendo que
segundo Irvine & Baragar (1971) para os diques máficos de as direções evoluem como um “leque”: de N160°-140°,
Ilhéus-Olivença. A linha cheia representa a suíte toleiítica Hawaii,
segundo MacDonald & Katsura (1964). Campo cinza mostra os em Salvador, para N100°-80°, em Ilhéus, Olivença e
ATi e o campo azul, os diques de BTi. Dados químicos de Tanner de Camacan. Nestes diques as marcas das trajetórias de
Oliveira (1989).
fluxo indicam uma migração magmática no sentido
do oceano atual para o continente adentro (Corrêa

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Gomes et al. 1988). Isto somado às idades isotópicas
obtidas entre 0,92Ga (Heaman 1991, Pb/Pb) e 1,1Ga
(D´Agrella Filho et al. 1989, Ar/Ar, Renné et al. 1990)
e além das similaridades químico-mineralógicas en-
tre os corpos filonianos, levam a apontar para uma
área-fonte (ou áreas-fonte) localizada na África, mais
precisamente na Bacia Mayombiana, no Congo, em
uma época onde os continentes americano e africa-
no ainda estavam unidos (Fig.XII.20) (Corrêa-Gomes
1992, Corrêa-Gomes & Oliveira, 2000). Nessa bacia o
Grupo La Bikossi, do Supergrupo Mayombiano, apre-
senta uma sequência de rochas máfico-ultramáficas
de idades próximas a 1,0Ga, com assinatura MORB
que poderia ser a fonte magmática dos diques da
Província Litorânea, o que é reforçado pelos sentidos
de propagação dos filões (Corrêa-Gomes & Oliveira,
2000). No total a área de influência dos enxames filo-
nianos teria 800km de extensão lateral por 1.200km
de extensão longitudinal, incluindo, além dos en-
xames de Salvador, Ilhéus e Olivença, no Brasil, os
enxames de Sembe-Ouesso e Comba, no Congo e
Ebolowa, nos Camarões. Mais recentemente, Oliveira Figura XII.20 - (a) Modelo proposto para o entendimento da
distribuição geográfica, geométrica e das feições reológico-
Chaves & Correia Neves (2005) confirmaram e esten-
tectônicas dos diques máficos das principais áreas da Província
deram esse enxame mais para a porção sul, no Estado Litorânea (enxames 1 e 2). Um domeamento litosférico, cujo
de Minas Gerais, do Cráton do São Francisco, no Brasil centro de propagação ter-se-ia se localizado na porção central
da Bacia Mayombiana no Congo, África, pode ter sido o gatilho
(Fig.XII.21).
que deu início ao fraturamento crustal por onde o magma
toleiítico penetrou. Em (b) a configuração dos cinco principais
Outro importante aspecto está relacionado à ambiên- enxames de diques máficos Brasil-África, com seus sentidos
de propagação indicados pelas setas. As cruzes representam
cia tectônica responsável pela colocação do magma o embasamento precambriano, o marrom, as sequências
e pela definição da geometria distributiva destes di- metassedimentares mesoproterozoicas, o azul-claro, as
ques máficos. Neste caso, as formas dos filões e as sequências metassedimentares neoproterozoicas e o pontilhado,
as coberturas sedimentares fanerozoicas (modificado de Corrêa-
estruturas internas relacionadas ao resfriamento são Gomes 1992, Corrêa-Gomes & Oliveira 2000).
cruciais. Não são raras as ramificações assimétricas,
arranjos em degraus e finas margens cisalhadas,
bordejando os contatos dos corpos, além das fraturas combinação dextral-sinistral transtrativa e, por vezes,
de resfriamento (cooling joints) que, não raro, estão transpressiva. Nestes dois últimos locais, a ambigui-
em posição diagonal em relação às caixas filonianas. dade do cisalhamento deveu-se, possivelmente, às
Todas estas evidências denunciam a atuação de um movimentações em cunhas (ou em faixas) de partes
campo externo de tensão, oblíquo aos condutos e con- do embasamento/encaixante, lubrificadas pelo maior
temporâneo à colocação e ao resfriamento do magma volume de magma injetado (Corrêa-Gomes 1992).
(Corrêa-Gomes 1992). Em Salvador a ambiência tec-
tônica foi principalmente transtrativa sinistral, en- A dinâmica de penetração magmática foi complexa.
quanto que mais a sul (Ilhéus e Olivença), existiu uma D´Agrella Filho et al. (1989) indicando em Ilhéus e

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Figura XII.22 - Bloco diagrama sugerindo modelo geodinâmico de
pluma mantélica e domeamento litosférico proposto para todo
Figura XII.21- Ampliação da distribuição geográfica da Província
o conjunto de diques máficos toleiíticos da Província Litorânea e
Litorânea para a porção sul do Cráton do São Francisco (Oliveira
sua contraparte africana. Os números correspondem aos enxames
Chaves & Correia Neves 2005). As setas vermelhas indicam os
1= Salvador, 2= Ilhéus-Olivença, ambos no Brasil, 3= Ebolowa,
sentidos de propagação dos diques toleiíticos com idades entre
em Camarões, 4=Sembé-Ouesso e 5=Comba, no Congo, todos
1,0Ga e 0,9Ga (linhas com círculos branco). As linhas com círculos
na África (modificado de Corrêa-Gomes 1992, Corrêa-Gomes &
preto marcam as orientações de diques mesozoicos.
Oliveira 2000).

Olivença a existência de quatro gerações filonianas idades dos diques máficos, materializa-se um padrão
separadas em intervalos de vinte milhões de anos radial com terminações transcorrentes, geradas pro-
cada. Isto foi interpretado tomando-se como base as vavelmente devido à perda do poder de penetração do
idades obtidas, além das orientações e polaridades magma e às oscilações nas orientações dos tensores
dos eixos magnéticos de minerais dos diques máficos. devido ao afastamento da área-fonte, ou áreas-fonte
Nestes intervalos de tempo, relativamente amplos, (Figs.XII.20, XII21). Esta estruturação estaria associada
não é difícil se imaginar as possibilidades de modifi- a um domeamento litosférico, de eixo maior orienta-
cações localizadas: (i) na ambiência tectônica; (ii) no do N-S, que teria ocorrido há aproximadamente 0,9Ga
posicionamento da fonte magmática (Choudhuri et al. (Fig.XII.22) (Corrêa-Gomes 1992, Corrêa-Gomes &
1991); e, até mesmo (iii) nos fenômenos de derivação Oliveira 2000). Este arranjo dômico é reforçado pela
do magma, que poderiam conduzir a importantes va- distribuição radial dos filões, tendo em vista que uma
riações nas assinaturas químicas do sistema. subsidência, em condições tectônicas semelhantes,
conduziria a um padrão anelar (Komuro 1987). Apesar
Confrontando as informações obtidas, que levaram de serem encontrados diques máficos basálticos alca-
em consideração: distribuição geométrico-geográfica, linos dentro da área de influência da Província Litorâ-
formas, marcas de fluxo, fraturas de resfriamento e nea, a grande maioria apresenta tendência toleiítica.

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4.3 Província Caraíba-Curaçá (PCC)

4.3.1 Aspectos de Campo e Estruturais

O enxame de diques máficos que ocorre na Provín-


cia Caraíba-Curaçá situa-se na região do vale e do rio
homônimo, no nor-nordeste do Estado da Bahia (Fig.
XII.1). Os diques são intrusivos em rochas metamór-
ficas de médio a alto grau do Complexo Caraíba (Fi-
gueiredo 1982, 1989), (CAPÍTULO III) no setor seten-
trional do Cráton do São Francisco, sendo recobertos
pelas supracrustais do Grupo Canudos, de idade ne-
oproterozoica. (CAPÍTULO XI) Os diques representam
uma manifestação magmática tardia de caráter ano- Figura XII.23 - Distribuição geográfica dos diques alcalinos de
parte da Província Caraíba-Curaçá (CBPM, 2000 e modificado de
rogênico (Delgado & Dalton de Souza 1975, Oliveira
Delgado & Dalton de Souza 1981, Corrêa-Gomes et al. 1996). Em
& Tarney 1990, Bastos Leal 1992) apresentando um (a) podem ser notadas as variações de concentração, mais elevada
padrão geométrico bem mais regular que a maioria no centro da província, dos corpos filonianos por área. (b). As setas
cinzas, em (a) indicam os sentidos de propagação das fraturas-
das outras províncias antes referidas, com inúmeros
conduto deduzidos pelas bifurcações dos diques. O sentido
corpos filonianos dispostos de modo plano-paralelo NE predomina sobre o sentido SW. As setas pretas marcam a
segundo orientações N50°-40° (Fig.XII.23). Estes cor- orientação do tensor máximo principal (σ1) regional. Notar que
essa orientação de campo de tensão é próxima àquela relacionada
pos exibem poucas evidências de deformação/meta- à colisão da Faixa de Dobramento Sergipana (CAPÍTULO XI) com o
morfismo. Cráton do São Francisco.

Os primeiros trabalhos geológicos de cunho regional gional característico do setor nordeste do Cráton do
da área investigada trouxeram informações superfi- São Francisco. Falhamentos de direção N-S e NW-SE
ciais acerca do enxame de diques máficos do vale do são responsáveis por pequenos deslocamentos pós-
Rio Curaçá, sendo que Delgado & Dalton de Souza -colocação dos diques. Todavia, os diques preservam
(1975), no projeto Cobre-Curaçá, mapearam e descre- suas feições de corpos intrusivos retilíneos, sem qual-
veram as principais feições de campo e petrográficas quer deformação, demonstrando que a sua colocação
destes diques. Posteriormente, Gava et al. (1983) e se deu em época posterior ao metamorfismo regional
Seixas et al. (1985) sugeriram a contemporaneidade do Complexo Caraíba (Bastos Leal 1992, Bastos Leal
entre os enxames de diques de Curaçá e Uauá (este et al. 1995). Em geral, possuem larguras variando de
último situado a leste do primeiro), com base em alguns centímetros até dezenas de metros, chegando
estudos petrográficos e de campo. Gava et al. (1983) a um máximo de 25 metros, com extensões da ordem
agruparam ambos os enxames sob a denominação de alguns quilômetros. Podem apresentar variação
de “Vulcanismo Caratacá’’. Por outro lado, Oliveira granulométrica da borda para o centro, além de xe-
& Tarney (1990) e Oliveira (1991), com base na assi- nólitos das rochas encaixantes no seu interior (Bas-
natura geoquímica dos diques de Curaçá, propuse- tos Leal 1992, Bastos Leal et al. 1995). Via de regra, os
ram uma associação tectônica deste enxame com a diques encontram-se intemperizados, intemperismo
implantação do “sistema” Espinhaço, admitindo uma este que pode estar ligado à presença do fraturamen-
idade mesoproterozoica para os mesmos. Os diques to superimposto.
do Curaçá apresentam direções NE-SW e estão es-
truturados segundo um padrão de fraturamento re-

Di q u es M á ficos • 223

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4.3.2 Dados Petrográficos

Os diques máficos da (PCC) possuem granulação que


varia de fina a média. Nas bordas dos corpos mais
espessos, as texturas são afíricas e moderadamente
porfiríticas, enquanto que nas porções mais internas
são subofíticas, ofíticas e holocristalinas. Eventual-
mente, alguns diques podem apresentar texturas ve-
siculares. Produtos de cristalização tardia estão pre-
sentes na maioria dos diques, sendo representados
por anfibólio, clorita, carbonato e sericita. Os diques
menos alterados são constituídos, basicamente, por
augita (Wo36-43, En35-39) e plagioclásio (An68-42)
em matriz, que, eventualmente, apresenta intercres- Figura XII.24 - Diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOt), M (MgO),
segundo Irvine & Baragar (1971), para diques máficos da Província
cimentos quartzo -feldspáticos. Os minerais acessó-
Caraíba-Curaçá. A linha cheia representa a suíte toleiítica do
rios são magnetita, apatita, pirita e pirrotita. Essas Hawaii, segundo MacDonald & Katsura (1964). Dados químicos de
amostras menos alteradas podem ainda conter cris- Bastos Leal et al. (1995).

tais de quartzo reabsorvidos (xenocristais?) (Bastos


Leal 1992, Bastos Leal et al. 1995). entre si (Bastos Leal 1992, Bastos Leal et al. 1995).
Esta hipótese é apoiada pelos padrões dos Elemen-
4.3.3 Dados Litogeoquímicos tos Terras Raras, uma vez que os diques de alto TiO2
possuem razões (La/Sm)n e (La/Yb)n relativamente
Os diques da Província Caraíba-Curaçá cristalizaram- maiores do que aqueles com baixo conteúdo em TiO2
-se a partir de magmas basáltico-andesíticos com (Bastos Leal 1992, Bastos Leal et al. 1995).
afinidade toleíitica (quartzo normativo = 2-6% olivi-
na/hiperstênio normativos = 0,4-0,6) e subordinada- 4.3.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos
mente, de basaltos transicionais (olivina hiperstênio
normativos = 1,4-5,4) (Bastos Leal 1992, Bastos Leal et Com relação às idades destes diques existem con-
al. 1995) (Fig.XII.24). Variações significativas na geo- trovérsias entre os autores. Inicialmente Gava et al.
química de elementos-traço foram constatadas nos (1983), relataram datações entre 2,0 e 2,2Ga, o que
diques dessa província. As amostras com baixo con- colocaria estes filões como cronocorrelatos ao even-
teúdo em TiO2 (<2%) e elementos incompatíveis pos- to paleoproterozoico que atuou fortemente no Esta-
suem, em geral, valores maiores de CaO, A12O3, Cr+Ni do. Porém, como visto anteriormente, é possível que
e de mg# em relação aos exemplares com maior con- estas idades estejam relacionadas a algum conjunto
teúdo em TiO2 (> 2%) e elementos incompatíveis (Bas- mais antigo de filões (e.g. da Província Uauá-Carata-
tos Leal 1992, Bastos Leal et al. 1995). Os diques dessa cá, geograficamente próxima). Atualmente admitem-
província não sofreram modificações significativas -se duas possibilidades para explicar a origem desta
em termos da composição química geral. Diagramas província.
de variação com base em valores de mg# e Zr indi-
cam que os basaltos com teores altos em Ti podem Na primeira, ela estaria relacionada aos eventos ge-
ser relacionados aos do tipo baixo Ti através de um otectônicos do Mesoproterozoico ou Neoproterozoico
modelo de cristalização fracionada a partir de gabros e à existência de uma anomalia importante (pluma)
originados de magmas parentais pouco diferentes que existiu a norte da calha da “bacia” da Chapada

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Diamantina (Oliveira 1991). Neste caso, a propagação alternância nos sentidos de propagação e, (iii) o senti-
do magma seria para NE e as idades encontradas es- do de propagação para NE ou para SW, indicando que
tariam situadas entre 1,7Ga e 1,6Ga, época do começo uma provável fonte magmática poderia ter funciona-
da abertura da referida “bacia”. Esta hipótese seria re- do abaixo e nas proximidades dessa província.
forçada por observações no campo (marcas de fluxo
nos filões) e pela geometria distributiva dos corpos, Do ponto de vista geotectônico, pode ser notada na
que poderiam definir os sentidos de propagação mag- (PCC) a existência de algumas configurações sigmoi-
mática. dais longas (contrastando com os padrões sigmoidais
curtos, da Província Uauá-Caratacá). Elas seriam in-
A segunda possibilidade, indicada por Bastos Leal dicativas de que o cisalhamento sinistral foi atuante,
(1992), que obteve isócronas internas Rb-Sr de ao tempo da colocação dos corpos filonianos máficos
704±56Ma e 650±94Ma para os diques do Vale do em discussão e que, o rasgamento litosférico na (PCC)
Curaçá, estes poderiam estar relacionandos a uma foi menos drástico, e mais rápido, do que na (PUC).
colisão continente-continente, entre o Cráton do São A tendência litogeoquímica geral desta província é
Francisco e o Maciço Pernambuco-Alagoas, durante o alcalina. A fonte mais provável estaria relacionada
Neoproterozoico. De posse destes dados, Bastos Leal à subida de material astenosférico através de plu-
(1992) e Oliveira & Knauer (1993) concluíram que a mas com fracionamento importante de granada. Os
gênese destes diques poderia estar ligada à tectôni- diques apresentam semelhanças químicas com ba-
ca geradora da Faixa Sergipana. Quando da produção saltos de ilhas oceânicas modernas, muito embora
desta faixa, zonas extensivas ortogonais às frentes de as encaixantes granulíticas indiquem um ambiente
colisão, se instalaram, propiciando a entrada do mag- continental de colocação (Oliveira & Knauer 1993). A
ma basáltico nas fraturas de extensão. Estes últimos fonte pode ter importante contribuição astenosférica.
autores salientaram, entretanto, que seria necessária
a obtenção de mais dados geocronológicos para a Mais recentemente, Oliveira et al. (2011) obtiveram
confirmação desta última hipótese. idade U-Pb (em zircão) de 1.507±6,9Ma para os diques
máficos do Vale do Curaçá, idade muito semelhante
Por outro lado, a observação da distribuição geográ- aos diques máficos da Chapada Diamantina (PCDP).
fico-geométrica dos filões conduz a admitir uma ter-
ceira possibilidade para explicar a geração dos diques
da (PCC), que não necessariamente exclui as duas an- 4.4 Província Itabuna-Itaju do Colônia
teriores. A gênese dos filões estaria relacionada às zo- (PIIC)
nas de cisalhamento locais, orientadas N100°, e cuja
movimentação é sinistral. Entretanto, deve ser frisado 4.4.1 Aspectos de Campo e Estruturais
que as relações entre esta tectônica e o contexto re-
gional só poderiam ser elucidadas por meio da aná- As regiões de Itabuna e Itaju do Colônia, localizadas
lise do sentido do fluxo magmático. Desta maneira no su-sudeste da Bahia (Fig.XII.1), possuem inú-
ter-se-ia uma noção mais concreta de onde estaria meras ocorrências de rochas plutônicas alcalinas
localizada a área-fonte (ou as áreas-fontes); se mais da denominada Suíte Intrusiva de Itabuna (Pedreira
para NE, ou mais para SW, ou ainda logo abaixo do et al. 1975), que posteriormente foi denominada de
enxame. Na figura XII.23 pode ser notada: (i) a maior Província Alcalina do Sul do Estado da Bahia (PASE-
tendência de dominância do sentido de propagação BA) (CAPÍTULO X). Estes litotipos alcalinos possuem
para NE e menor para SW; (ii) assim como na Provín- idades variando entre 680Ma e 450Ma (Cordani et
cia Uauá-Caratacá (item 2.1), a existência de faixas de al. 1974, Inda & Barbosa 1978, Lima et al. 1981). São

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Figura XII.25 - Principais unidades litotectônicas da área de influência das zona de cisalhamentos de Itabuna-Itaju do Colônia - (ZCIIC) e de
Itapebi-Potiraguá (ZCIP) (Corrêa-Gomes et al. 1993b, 1996, 2010).

litchfielditos, gabros, monzonitos, sienitos e granitos de Cisalhamento de Itabuna-Itaju de Colônia (ZCIIC)


alcalinos, todos de caráter tipicamente anorogênicos. (Fig.XII.25). A (ZCIIC) apresentou como última movi-
Estes foram devidamente pesquisados por Fujimori mentação tectônica uma transcorrência dextral (Ar-
(1967, 1972), Souto & Vilas Boas (1969), Silva Filho et canjo 1993).
al. (1974), Pedreira et al. (1975), Oliveira et al. (2002),
Peixoto et al. (2002), Oliveira (2003), Rosa et al. (2003), Ocupando uma posição aproximadamente inter-
Rosa et al. (2005), que ressaltaram a sua contempo- mediária entre as suítes alcalinas de Itabuna e Itaju
raneidade com os grandes falhamentos existentes na do Colônia, localiza-se a área-chave de Itapé, cujos
região. Estes corpos plutônicos alcalinos são cortados diques máficos foram estudados por Arcanjo & Oli-
por uma vasta rede de rochas filonianas, orientadas veira (1991), Araújo et al. (1992), Corrêa-Gomes et al.
principalmente segundo direções N50°-40°, paralelas (1993b), Corrêa-Gomes (1995b) e Pinheiro (2009). O
aos grandes falhamentos da região, inclusive à Zona conjunto filoniano encontrado nesta localidade cor-

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responde a um sumário de praticamente todo o am- diques máficos e a constante presença de bordas de
plo sistema regional. Em Itapé, por exemplo, podem resfriamento são compatíveis com uma colocação em
ser observadas centenas de filões, em afloramentos níveis crustais rasos.
ao longo do Rio Colônia, materializando um dos mais
expressivos enxames de diques do Estado da Bahia. Os diques máficos do (PIIC) ocorrem preenchendo fra-
Aí aparecem diques faneríticos e porfiríticos (tanto turas distensivas na encaixante granulítica, alinhados
nas bordas como no centro), além de diques com- segundo a direção preferencial NE-SW e, secundaria-
postos e com as mais variadas geometrias. Entre elas mente NW-SE, ortogonalmente à direção da Zona de
destacam-se as geometrias em degraus, bifurcadas, Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia. Apresentam
curvas e em zigue-zague, que indicam uma colocação dimensões variáveis, com suas espessuras variando
controlada por duas fases de transcorrências: uma de poucos centímetros até pouco mais de 3 metros e
sinistral, mais antiga e localmente mais marcante a extensão chega a alcançar mais de 100 metros. No
(Fig.XII.26), e outra dextral. As formas retilíneas dos entanto, análises pontuais correlacionadas indicam

Figura XII.26 - Provável situação tectônica (a) contemporânea à geração dos condutos tabulares que viriam a alojar o magma alcalino
da (PIIC). Segundo um amplo cisalhamento sinistral com produção de fraturas secundárias de diferentes famílias (T, C, R e R’), com um
posicionamento específico dentro da Zona de Cisalhamento de Itabuna-Itaju do Colônia, (ZCIIC). Em (b), rosácea de direção correspondente
às direções dos lineamentos estruturais rúpteis da (ZCIIC). Em (c) rosácea de direção correspondente às direções dos diques alcalinos. Pode-
se constatar que a maioria dos diques parece ocupar posições T, R e C do modelo sugerido (modificado de Corrêa-Gomes et al. 1996). Para
comparação as linhas grossas cinza em (b) e (c) reproduzem a orientação da (ZCIIC).

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a b

c d

e f

Figura XII.27 - Diques máficos da Província Itabuna-Itaju do Colônia mostrando aspectos de campo e principais formas de ocorrência.
Em (a) e (b) afloramento de diques no Rio Colônia. (c) Detalhe de afloramento de dique no Rio Colônia.
(d) Direção Geral dos diques atravessando o leito do Rio Colônia. (c) e (f) Relaçoes de contato entre os diques e os granulitos
encaixantes do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Pinheiro 2009).

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que os diques cortam, de uma ponta à outra, o leito do
Rio Colônia, que mede aproximadamente 250 metros
de largura (Fig.XII.27).

4.4.2 Dados Petrográficos

Pinheiro (2009) caracterizou os diques máficos da re-


gião de Itapé e portanto da (PIIC) como possuidores
texturas hipocristalina, inequigranular, fortemente
porfirítica, marcada pela presença de fenocristais de
plagioclásio e piroxênio, imersos numa matriz de gra-
nulação fina a média, ofítica e subofítica, diabásica,
intergranular e glomeroporfirítica. Observou ainda
importantes feições relacionadas a processos hidroter- Figura XII.28 - Diagrama A (Na2O + K2O), F (FeOT), M (MgO),
segundo Irvine & Baragar (1971) para os diques máficos de
mais como saussuritização/sericitização, uralitização,
Itabuna-Itaju do Colônia. A linha cheia representa a suíte toleiítica
biotitização, cloritização e outros ligados à variação de Hawaii, segundo MacDonald & Katsura (1964).
temperatura durante o processo de cristalização mag- Símbologia: campo roxo = diques máficos de Itapé; campo
vermelho = diques máficos de Itaju do Colônia. Dados químicos
mática, como o zoneamento de fenocristais de plagio-
de Machado (no prelo) e Pinheiro (2012).
clásios e piroxênios. São essencialmente compostos
por plagioclásio, ortopiroxênio (hiperstênio) e clinopi-
roxênio (augita). Em menor quantidade ou acessoria- apresentam-se fortemente fracionados. Diagramas de
mente ocorrem minerais como olivina (parcialmente a ambiência tectônica utilizando como parâmetros o Ti,
totalmente alterada para serpentina), anfibólio (horn- Zr e Y sugerem que a colocação dos diques máficos
blenda), minerais opacos, biotita, quartzo, calcita, clo- ocorreu em ambiente continental intracratônico (Ma-
rita e titanita. chado, em preparação).

4.4.3 Dados Litogeoquímicos 4.4.4 Dados Geocronológicos e Tectônicos

Os diques máficos que ocorrem nas proximidades da A história tectônica regional começou com uma com-
cidade de Itaju do Colônia são toleiíticos mostrando pressão cujo sigma 1 do campo de tensão remoto es-
enriquecimento em FeOt em relação ao MgO e baixas teve orientado N-S e posteriormente passou para E-W.
razões sílica/álcalis características de suítes toleiíticas Procura-se aqui correlacionar a frequência direcio-
(Machado no prelo). Por outro lado, aqueles que ocor- nal e as espessuras destes corpos, a fim de observar
rem em torno da localidade de Itapé possuem carac- relações estruturais entre a existência dos diques al-
terísticas alcalinas (Pinheiro 2012) (Fig.XII.28). Através calinos e as diferentes fases tectônicas que atuaram
do comportamento geoquímico dos elementos maio- nas zonas de cisalhamento citadas anteriormente e
res e traços foi constatada a importância das fases mi- estabelecer as idades relativas destes diques, a par-
nerais plagioclásio e clinopiroxênio no fracionamento tir de informações de campo e dos dados estatísticos.
magmático. Os padrões de distribuição dos Elementos Com essa finalidade foram estudados 786 diques (607
Terras Raras mostram enriquecimento dos ETR leves máficos e 179 félsicos), e elaborados diagramas de fre-
em relação aos ETR pesados, apresentando padrões quência direcional e de espessuras. Notou-se através
medianamente fracionados para os diques de Itaju do da associação dos dados, que: (i) os diques félsicos são
Colônia, enquanto que para os diques de Itapé esses mais antigos e ocupam preferencialmente fraturas

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tipo T (N10º-N20º) e A (N80º-90º) da fase tectônica
onde o sigma 1 esteve orientado N-S; enquanto que (ii)
os diques máficos ocupam fraturas tipo Y (N40º-50º) e
T (N90º-100º) da segunda fase, onde o sigma 1 esteve
orientado E-W. Os diques ocorrem preenchendo fra-
turas distensivas na encaixante granulítica, alinhados
segundo a direção preferencial NE-SW e, secundaria-
mente NW-SE, ortogonalmente à direção da Zona de
Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia, na qual eles
estão inseridos. Apresentam dimensões variáveis des-
de poucos centímetros até pouco mais de 3 metros, e a
extensão chegando a alcançar mais de 100 metros. No Figura XII.29 - Localização da Província Coronel João Sá, em
uma reconstituição do continente africano e do subcontinente
entanto, análises pontuais correlacionadas indicam
sulamericano na posição pré-deriva continental e abertura do
que os diques cortam, de uma ponta à outra, o leito do Atlântico Sul (Corrêa-Gomes et al. 1996). Esta província poderia
Rio Colônia, que mede aproximadamente 250 metros estar relacionada a um dos braços de uma junção tríplice, a partir
da qual teria sido iniciada a separação continental (Windley 1984).
de largura.
Neste modelo o sentido de propagação mais provável para os
diques seria de NE para SW.
Os marcadores de fluxo magmático (e.g. cristais, rami-
ficações e enclaves) denunciam sentidos de colocação
antagônicos, para NE e para SW na proporção de 2:1 sendo, posteriormente, reativadas e ocupadas pelo
(Corrêa-Gomes et al. 1993b, Pinheiro 2009). Eles suge- magma basáltico em tempos mais recentes. Isto é re-
rem que: (i) Itapé teria sido um importante “corredor” de forçado pelos seguintes detalhes: (i) existe uma idade
injeções magmáticas opostas, partindo tanto de Itabu- Rb/Sr de 212Ma (Silva Filho et al. 1981), e duas ida-
na quanto, com maior frequência, de Itaju de Colônia; des Ar/Ar de 103Ma e 104Ma (Magnavita 1993) obti-
ou (ii) Itapé teria sido o centro de propagação magmá- das para filões máficos da região; (ii) estes corpos não
tica, com um poder de injeção diferenciado, duas vezes se encontram marcadamente afetados pelos eventos
mais frequente no sentido de Itabuna, que fica a NE, do dúcteis da construção da Faixa Sergipana, e (iii) fis-
que no sentido de Itaju do Colônia, que fica a SW. suras paralelas às das fraturas-conduto que cortam
de modo muito nítido granodioritos tarditectônicos
da Faixa Sergipana, com um traço aflorante retilíneo,
sugere um caráter crustal raso de formação.
5 Ocorrências de Diques
Máficos Com isto, a possibilidade de uma eventual relação
entre a gênese destes diques, a separação dos con-
tinentes Americano e Africano e a geração das bacias
5.1 Ocorrência Coronel João Sá (OCJS) sedimentares cronocorrelatas, mais precisamente, à
segunda fase distensiva orientada NNW-SSE da Bacia
São poucos os trabalhos geológicos realizados neste do Recôncavo-Tucano-Jatobá (Magnavita 1993), não
conjunto de diques (e.g. Santos et al. 1988) contudo, poderia ser descartada. Neste caso, até mesmo um
as posições das fraturas-conduto (orientação N30- sentido de fluxo poderia ser sugerido (NE para SW),
-50º), quase ortogonais à Faixa Sergipana (CAPÍTU- tomando como base o modelo indicado por Windley
LO XI), sugerem que estas fissuras poderiam ter sido (1984, Figs.16.2, 16.3) para a separação da porção nor-
produzidas durante o Ciclo Geotectônico Brasiliano deste do subcontinente sulamericano, em relação ao

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africano, através de um sistema em junção tríplice 1995). Finalmente fica clara a predominância da am-
durante o Mesozoico (Fig.XII.29). biência tectônica contemporânea ou posterior ao alo-
jamento dos filões destas províncias, onde em todas
A ocorrência de diques de Coronel João Sá aparece podem ser encontrados vestígios de potentes zonas de
delimitada principalmente pela combinação entre os cisalhamento, sinistrais, dextrais, reversas e normais,
trabalhos de campo e mapeamentos aerogeofísicos que afetaram, com intensidade variável os diques má-
que detectaram fortes anomalias magnéticas de sub- ficos e, mesmo, submetendo as fraturas-conduto ao
superfície, indicativas da possível presença em pro- seu controle geométrico. Os estilos metamórficos e
fundidade de corpos tabulares máficos/ultramáficos, deformacionais impressos nos diques máficos arque-
verticais a subverticai. Levando-se em consideração ano-paleoproterozoicos estão associados às fases tec-
os fatos expostos, a tendência litogeoquímica mais tônicas paleoproterozoicas.
plausível para esta ocorrência é a toleiítica.
Diferente das províncias filonianas mais antigas, no
caso dos enxames mais recentes, existe uma alternân-
cia nas tendências litogeoquímicas entre toleiíticas e
6 Síntese sobre os Diques alcalinas, sendo que estas últimas aparecem particu-

Máficos larmente concentradas no final do mesoproterozoico


e, principalmente, no neoproterozoico. Mais uma vez
Chama atenção a predominância do magmatismo dominam as relações entre o magmatismo e as zonas
toleiítico associado às manifestações filonianas mais de cisalhamento podendo também haver uma combi-
antigas no Estado da Bahia. Outro dado de destaque nação entre a colocação do magma e um domeamento
está na similaridade litogeoquímica das diferentes litosférico ou com braços de possíveis junções tríplices.
províncias, indicando que os processos de extração
mantélica e de evolução magmática podem ter sido A figura XII.30 mostra uma síntese das mais marcan-
basicamente os mesmos para os diferentes sistemas tes características associativas e tectonogenéticas das
de diques máficos (Bellieni et al. 1991, Bellieni et al. principais províncias filonianas do Estado da Bahia.

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Figura XII.30 - Distribuição, idades, provável ambiência tectônica, potencialidade metalogenética e densidade relativa de ocorrência das principais manifestações
de diques do Estado da Bahia (modificado de Corrêa-Gomes et al. 1996).

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Bacias Paleozoicas
Capítulo xiii e Mesozoicas
Antonio Sérgio Teixeira Netto (Consultor)

1 Introdução
O registro Paleozoico no Estado da Bahia é pouco expressivo e fronteiriço, porque ocupa menos de 1% da área
do Estado com espessura máxima de poucas centenas de metros, e porque aparece no Mapa Geológico da Bahia
como ‘orelhas’ nas fronteiras noroeste e nordeste (Fig.XIII.1). Apesar de pouco expressivo, ele tem enorme signi-
ficado geo-histórico porque registra a sedimentação do Iapetus, o oceano raso que inundou a crosta continental
e dominou a fisiografia da parte norte do que hoje é o continente sulamericano, cujos registros glaciais no Alto
Amazonas (Caputo 1984) permitiram a hipótese da snow-ball earth. Na Bahia, tais rochas paleozoicas são mine-
radas para sal na Ilha de Matarandiba, Bacia de Camamu, a uma profundidade de 1.100m, e agora em 2010 todo
o entorno da ocorrência está requerido ao DNPM à procura do sal paleozoico do Iapetus.

O registro mesozoico, por outro lado, constitui a unidade cronoestratigráfica mais expressiva no Mapa Geológico
da Bahia ao milionésimo (Inda & Barbosa 1978), dominando inteiramente a borda oeste, hoje um polo de agricul-
tura intensiva, a borda leste emersa, se adentrando pela plataforma continental e pelo talude. O rift-valley cre-
táceo que contém as bacias sedimentares petrolíferas mesozoicas de leste já produziu mais de 1 bilhão de barris
de petróleo e se apresenta como o intervalo cronoestratigráfico mais bem estudado do país.

Para efeito de registro neste livro, a geologia do paleozoico e do mesozoico na Bahia está apresentada na seguinte
sequência:

(i) As ocorrências paleozoicas do noroeste do Estado: borda sul da Bacia do Parnaíba.

(ii) As ocorrências paleozoicas do nordeste e em subsuperfície por sob o rift-valley mesozoico.

(iii) A bacia sedimentar jurássica da Depressão Afro-Brasileira.

(iv) O rift-valley cretáceo (que atravessa todo o Estado pelo lado leste).

Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 233

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(v) O mesozoico marinho na plataforma continental mescência crustal com vulcanismo jurássico no inte-
(geologia e geomorfologia submarina). rior da Bacia do Parnaíba, sendo que esse vulcanismo
não afeta o Estado da Bahia.
(vi) A bacia sedimentar cretácea do Urucuia.
Rochas do período permiano correlacionáveis com o
Grupo Balsas ocorrem por baixo das bacias mesozoi-
Paleozoico cas em Alagoas, Sergipe, Tucano, Recôncavo e Cama-
mu, estas três últimas na margem leste do Estado da
Bahia; mas em linha reta, entre Baluarte e Itaparica
2 Borda Sul da Bacia do (Fig.XIII.1), não existe ocorrência paleozoica regis-

Parnaíba trada. Ao nível do conhecimento atual a continuida-


de marinha entre a Bacia do Parnaíba e a Bacia de
No canto noroeste do Estado, entre Baluarte (9,5ºS, Camamu deve ter sido contornando o Cráton do São
43,5ºW) e a fronteira com o Piauí, afloram numa área Francisco pelo norte, inundando o que hoje é parte
de 700km2 de caatinga rochas sedimentares paleozoi- dos estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e leste
cas (Fig.XIII.1); as do período siluriano são mapeadas da Bahia, com limite sul na altura de Itacaré e limite
como Grupo Serra Grande e as do período devoniano leste derivado para a África por baixo do que hoje são
como as Formações Pimenteiras e Cabeças, estas re- as bacias entre a Namíbia e o Gabão (Fig.XIII.2).
cobertas discordantemente por 200m de sedimentos
desérticos da Formação Sambaíba (Triássico). Esta Antenor Muricy, da ANP - Agência Nacional de Petró-
ocorrência no noroeste é a borda sudeste da Bacia leo, um dos revisores do manuscrito, observou (inf.
do Parnaíba, uma bacia de área equivalente a todo o verbal, 2009) que o contorno das isópacas da sequên-
Estado da Bahia, onde as sequências paleozoicas re- cia paleozoica na Bacia do Parnaíba, mapeadas com
gistram na base sedimentação marinha transgressiva base nos 36 poços perfurados nesta bacia, dão suporte
sobre um substrato continental, com diamictitos gla- à conexão postulada na figura XIII.2, sugerindo uma
ciais silurianos (Caputo & Lima 1984), Formação Ipu, ligação com as ocorrências paleozoicas de leste pas-
evoluindo em sequência shallowing up para deltas sando entre Teresina e Floriano (PI). As maiores es-
e planícies de maré da Formação Tianguá. A sedi- pessuras de rochas paleozoicas fora do que se definiu
mentação é interrompida num ciclo de deformação como Bacia do Parnaíba estão em Jatobá e no Tucano
durante o Carbonífero, tectonismo Herciniano, que Norte, com espessura total de mais de um quilômetro
levantou o Arco Ferrer-Urbano Santos num proces- de rochas preservadas (Caixeta et al. 1994, p.169).
so que começou a desconectar a circulação oceânica,
isolando um oceano do mar raso interior.

A sedimentação é retomada no Permiano com o re- 3 Ocorrências Paleozoicas


gistro marinho raso do Grupo Balsas (Formação Pe-
dra de Fogo); este mar raso secou no final do Permia-
do Nordeste e seus Registros
no, em condições de clima árido, deixando depósitos em Subsuperfície por sob o
de evaporitos no interior do continente. Durante o
Rift-Valley Mesozoico
Triássico as rochas paleozoicas foram retrabalhadas
por ventos desérticos que depositaram a Formação Comparando as figuras XIII.1 e XIII.2, o oceano que
Sambaíba capeando o Grupo Balsas (Góes & Feijó ocupou a Bacia do Parnaíba entrou na Bahia por
1994). Após este ciclo sedimentar ocorre uma intu- onde é hoje a fronteira com Pernambuco, no limite

234 • G eolog i a da B a hi a

Capitulo 13.indd 234 02/10/12 22:49


Figura XIII.1 - Mapa geológico esquemático do Estado da Bahia ressaltando as áreas cobertas por rochas sedimentares paleozoicas
(marrom) e mesozoicas (verde). Compilado de Inda & Barbosa 1978.

das bacias de Tucano Norte e Jatobá. O poço 2-IMst- p.63). A área de terrenos paleozoicos aflorantes no
1-Pe, na Bacia de Jatobá, perfurou no intervalo 2.540 canto nordeste do Estado da Bahia é de 900km2, da
à profundidade final, 2.861m, uma seção correlacio- mesma ordem de grandeza da ocorrência de noroes-
nável com o Grupo Canindé da Bacia do Parnaíba, te. Mas aqui a ocorrência paleozoica se estende em
conforme referida na figura 5.3 de Góes & Feijó (1994, subsuperfície por baixo das bacias mesozoicas, e até

Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 235

Capitulo 13.indd 235 02/10/12 22:49


40ºW 0º
aflora pontualmente na BR-101 e na BA-001, nada que
possa ser representado na escala 1:1.000.000. Os are-
nitos finos, conglomerados e folhelhos silurianos re- 0º
Belém

ceberam a denominação litoestratigráfica de Forma- Lagos

ção Tacaratu, e só foram mapeados na área de Santa


Natal
Bacia do Parnaíba

Brígida. Os folhelhos, arenitos e conglomerados tidos



como permianos foram mapeados em 1:50.000 como
Formação Santa Brígida, num graben encaixado en-
tre os sedimentos silurianos na borda leste da Bacia Salvador

do Tucano Norte (Ghignone 1963), e como Formação


Afligidos no Recôncavo e em Camamu (Aguiar & Mato
1990).

Luanda

No km 150 da BR-101, próximo a Conceição do Jacuipe Bacia do Congo


Bacia do
(Lat.12º17,21’S, Long.38º42,37’W) a Formação Afligidos Paraná

aflora em contato com o embasamento granulitíco


(CAPÍTULO III), e a sequência sedimentar pode ser em-
pilhada para cima na direção nordeste com razoável
LEGENDA
continuidade até níveis bem datados como do Cretá-
Depressão Afro-Brasileira Áreas sem controle
ceo. Esta íntima associação com as rochas jurássicas
sobrepostas, a semelhança litológica constatada não Bacias Permo-Triássicas Costa dos Continentes Atuais

somente nos afloramentos como em centenas de po- Bacias Siluro-Devonianas


Justaposição na Quebra da
ços exploratórios para petróleo, e a pobreza fossilífera Plataforma Continental
Embasamento Pré-cambriano
do intervalo (foi datado Permiano no Recôncavo com
base em pólens) fizeram com que este intervalo estra-
tigráfico fosse operacionalmente mapeado como parte Figura XIII.2 - Mapa paleogeológico do Gondwana no início do
cretáceo reconstituindo a conexão marinha que contornou o
do Grupo Brotas nas bacias do Recôncavo e Tucano Sul
Cráton do São Francisco e juntando a Bacia do Parnaíba com as
(Inda & Barbosa 1978). de Jatobá, Tucano, Alagoas, Sergipe, Recôncavo, Camamu e as
africanas. Adaptado de Netto (1978).

A seção inferior do Grupo Brotas tem datação Rb/Sr


do Permiano ao Jurássico (Thomaz Fº & Lima 1981),
e o grupo como um todo está sotoposto a uma seção afigura como o resquício fisiográfico e subsidente que
muito bem datada com ostracodes como cretácea. sobrou após a secagem do Oceano Iapetus.
Apesar da pobreza bioestratigráfica, o Grupo Brotas
é facilmente rastreável com sísmica, é correlaciona-
do em milhares de poços perfilados e já foi motivo de Mesozoico
vários projetos de análise estratigráfica. Além da im-
portância econômica como produtor de petróleo, de O Mesozoico no Brasil em geral e na Bahia em parti-
água, de sal e argila para cerâmica, o Grupo Brotas é o cular, devido a conter petróleo, foi dividido num deta-
registro de uma sedimentação em condições de clima lhe maior do que as colunas estratigráficas baseadas
árido numa bacia que ocupou parte do leste brasileiro nos estágios europeus que serviram de modelo para
e do oeste africano antes da deriva continental, a De- os geólogos brasileiros até a metade do século XX. A
pressão Afro-Brasileira (Fig.XIII.2). Esta depressão se divisão bioestratigráfica padrão é baseada em fósseis

236 • G eolog i a da B a hi a

Capitulo 13.indd 236 02/10/12 22:49


marinhos, e a seção mesozoica na Bahia é dominan- andares datados com as idades da bioestratigrafia lo-
temente não-marinha, o que exigiu um zoneamento cal, com a coluna padrão marinha. No final do século
particular que foi executado com muito rigor e deta- passado, com o advento de datações absolutas e da
lhe com base em ostracoda, uma classe de crustáceos quebra da seção em sistemas deposicionais, a cor-
bivalves que evoluiu no ambiente de água doce, tor- relação com a nomenclatura internacional passou a
nando-se uma ferramenta poderosa de mapeamen- ter uma importância menor. Neste capítulo estamos
to e diagnóstico de trapas estruturais para petróleo. usando para a seção não-marinha a nomenclatura
Mas sempre houve uma tendência a correlacionar os cronoestratigráfica local, conforme a figura XIII.3.

Figura XIII.3 - Bio, crono e litoestratigrafia do registro Mesozoico no Recôncavo (Conforme Netto 1978, com modificações de Barroso 1984).
Os contatos das unidades litoestratrigráficas transectam as linhas de tempo.

Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 237

Capitulo 13.indd 237 02/10/12 22:49


4 Bacia Sedimentar 4.1 Rift-Valley Cretáceo. Configuração
Jurássica da Depressão Estrutural

Afro-Brasileira No início do Cretáceo a bacia sedimentar da Depres-


são Afro-Brasileira excedeu o limite de deformação
A Depressão Afro-Brasileira é registrada na Bahia plástica e se rompeu num rift-valley alongado que
pelo Grupo Brotas, o qual se correlaciona em tempo se estendeu de Alagoas para o sul por toda a atual
e em litologia com seus equivalentes nas bacias do costa leste brasileira, evoluindo de norte para sul.
Araripe, Alagoas, Sergipe, Gabão, Congo e Cabinda. Para além da área sedimentar da Depressão Afro-
Tais correlações permitiram reconstituir a área depo- -Brasileira, do Espírito Santo para sul, o rompimento
sicional representada na figura XIII.2. crustal foi mais tardio e houve vulcanismo durante os
Andares Aratu e Buracica. O rift-valley teve uma ex-
O Grupo Brotas tem amplitude estratigráfica coinci- tensão de 2.700km, e se abriu numa área de mais de
dente com os limites do Andar Dom João (Fig.XIII.3), 200.000km2. A fase inicial, com uma junção tripla na
definido pela zona amplitude RT-001 de Bisulcocypris altura da cidade de Salvador, fragmentou a já consoli-
pricei, e na Bahia ocorre continuamente numa faixa dada Depressão Afro-Brasileira, para efeitos do Mapa
alongada entre os meridianos 38ºW e 39ºW e entre Geológico da Bahia, em sete bacias contíguas e se-
os paralelos de 8º30’S e 15ºS, cobrindo uma área de paradas por falhas transformantes e altos estruturais
60.000km2 (Fig.XIII.4a). (Figs.XIII.4b, c).

Deformações estruturais no Grupo Brotas são fre- A figura XIII.4c mostra o efeito desta compartimenta-
quentes em toda a área estudada, mas são monoto- ção: no sul, o Alto de Olivença (15ºS), um nariz estru-
namente falhas normais que configuram uma tectô- tural que projeta para leste os metassedimentos do
nica de distensão. Os falhamentos, na maior parte, Grupo Rio Pardo (quartzitos, calcários e filitos do Pa-
foram reativados e afetam a seção mais nova, dos leoproterozoico), está implantado desde o Brasiliano
Andares Rio da Serra, Aratu e Buracica. A subsidência e limita a ocorrência meridional dos sedimentos do
diferencial no Grupo Brotas controlou a distribuição Andar Dom João. Especula-se aqui que este “nariz es-
faciológica, promovendo com a evolução do Andar trutural” na linguagem dos geólogos do fanerozoico,
Dom João uma sucessão transicional de sistemas de- seja a projeção para dentro do mar da Faixa de Dobra-
posicionais. mento Araçuaí (Inda & Barbosa 1978), (CAPÍTULO X) e
que esta faixa brasiliana contorne a Depressão Afro-
O registro do Andar, no geral, reflete deposição suba- -Brasileira pelo leste indo se juntar com a sua con-
érea, com uma diferenciação paleoclimática que, por temporânea em Alagoas (Fig.XIII.2). A Bacia de Alma-
ironia, é o inverso do que ocorre atualmente: Camamu da somente registra sedimentos da parte superior do
e Recôncavo experimentaram clima árido no jurássico, Andar, estando a fácies mediano da Formação Sergi
atestado por retrabalhamento eólico e paleossolos de sobreposto discordantemente sobre o embasamento
caliche, enquanto que Tucano e Jatobá sustentavam (Fig.XIII.5).
condições climáticas mais amenas, atestadas por ves-
tígios de uma floresta de coníferas (Dadoxylon benderi, A Bacia de Camamu (14ºS) registra uma seção do
conforme Brito & Campos 1982). Nestas bacias subaé- Grupo Brotas que só não está completa porque a
reas, as áreas menos subsidentes registram sedimen- parte superior foi erodida junto à borda da bacia (Fig.
tos mais distais. As áreas mais subsidentes são preen- XIII.4a). Existe uma notável continuidade desde a Ba-
chidas com arenitos conglomeráticos. cia de Camamu até a Bacia de Tucano Sul, Recôncavo

238 • G eolog i a da B a hi a

Capitulo 13.indd 238 02/10/12 22:49


39º 38º 39º 38º 39º 38º

+ + +
FLORESTA
+ + +
PERNAMBUCO + E
+ 248
IA D +
+ + BAC BÁ +
JATO ALTO DO SÃO
FRANCISCO
9º + + +
+ + ALAGOAS +
+ + +
PAULO
+ + AFONSO +

+ + + BACIA DE + + +
TUCANO NORTE
Rio ALTO DO VAZA
Vaz
a Bar BARRIS
ris
10º SERGIPE
+ + +
+ + JEREMOABO +

+ BACIA DE + +
+ + +
300

TUCANO CENTRAL
BAIXO DO SITIO
DO QUINTO
TUCANO
+ + +
11º Rio
20

+ + +
0

TOBIAS

Ita
BACIA DE

pi
BARRETO

cu
TUCANO SUL

ru
CALHA
+ + CENTRAL +

00 + +
+ 4

+ + + + ALTO DE + +
0 BAHIA APORÁ
50
60
12º 0
ALAGOINHAS
0

+ + +
20

MA
+ + +

ALT -CATU
500

TA
BACIA DO

OD
700

RECÔNCAVO

E
800 50m 50m 50m

E
900

OJIP
+ 1000 +
ARAG
1100
+ + +
DE M
1200

13º Salvador Salvador Salvador


A
FALH

+ + FALHA DA
BARRA

MORRO DE
SÃO PAULO
ico

ico

ico
+ + BACIA DE CAMAMU +
t

tlânt

tlânt
Atlân

no A

no A
0
90

14º
no

CAMAMU
Ocea

Ocea

Ocea

+ + +

0 BACIA DE ALMADA
10
+ + ILHÉUS
+

15º o 0 50 0 50 ALTO DE 0 50
OLIVENÇA
+ km + km + km

(a) ISÓPACAS TOTAIS (b) GEOGRAFIA E (c) FEIÇÕES ESTRUTURAIS


DO GRUPO BROTAS SITUAÇÃO DAS BACIAS ATUAIS

Figura XIII.4 - O registro do Grupo Brotas na Depressão Afro-Brasileira. (a) isópacas em metros; o ponto afastado ao norte, com isópaca
248m, é o poço 2-IMst-1-PE, que penetrou abaixo do Grupo Brotas 341m de sedimentos paleozoicos. (b) a compartimentação da bacia
jurássica em sete segmentos exploratórios no Cretáceo. (c) efeitos estruturais configurados no cretáceo. Adaptado de Netto et al. (1982).

Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 239

Capitulo 13.indd 239 02/10/12 22:49


S N
BACIA DE BACIA DE BACIA DO BACIA DE TUCANO BACIA DE BACIA DE
BACIA DE TUCANO SUL TUCANO
ALMADA CAMAMU RECÔNCAVO CENTRAL JATOBÁ
NORTE

BAS-64
BAS-36

BAS-19

SDST-1

RAST-1
RCST-1

IMST-1
MIST-1
OST-1

MC-1
QE-3
TM-1

BA-1

DS-1
CC-1
I-22
0 XI XI XII XI
XII XIII XII X
X
IX
IX
VIII VIII
X
VI
V
V

0 50km 39º 38º


VI
500 VII
IV exagero vertical 150x +
+

+
VI +
9º +
+
V +

+ +

III 10º
+
+

1000 II +
+

FÁCIES SEDIMENTARES +
I 11º
+

m XIII Arenitos Maturos +

Sergi Proximal
+
XII + +

Fm. Sergi XI Distal de Topo em Tucano 12º


+
+
X Sergi Mediano
IX Sergi Distal +

VIII Capianga 13º


+
Salvador
+
VII Arenitos Conglomeráticos do Sudoeste do Recôncavo
Fm. Aliança
VI Arenitos Finos Micáceos

ntico
+

o Atlâ
V Arenitos Médios com Feldspato Corroídos 14º

Ocean
IV Arenitos Lenticulares +

III Folhelhos Estratificados


Fm. Afligidos +
II Evaporitos em Lama 15º
0 50

I Arenitos Basais + km

Mapa de Localização
da seção

Figura XIII.5 - Seção estratigráfica longitudinal mostrando a continuidade do Grupo Brotas, com datum no topo do Andar Dom João,
evidenciando as relações espaciais entre as sete bacias individualizadas com o rifteamento. Modificado de Netto et al. (1982). Os números
em romano representam as facies sedimentares.

W E
. .. . .. . . .. . . .. . . .. . . .. . . .. . . .. . . .. . . .. . . .. . . .. .
. .. . . .. . . .. .
........ . . . . . .. . . .. .
. ... . . . . .. . . .. . . .. .
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. . .. .
. ... . .. . .. .
. .. . . .. . . .. .
. .. . .. .
. .. .
. .. .
. .. . . .. . . .. .
. .. . 1. Altos estruturais no
....

.. . .
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.. .. . . .. .
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. ... . . . . . . .. . . .. . . .. . . .. . . . . . . . .. .. . . . .. ... . . .. .. . ... . . . .


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pré-rift.
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. ... . . . . . . . . . .... ... . . ... .. . . . . .. . . +
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2
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2. Roll-over nas sequências
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.... . .
+ .... . .
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. .. . . .. . . .. . . .. . . . . .
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.. . . .... .... . . . . . . . . . . . .
.. ..

7
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. . .... . .
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. .. .
deltaicas do rift.
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. . . ... .. .. . ... .... .... ... . .. .. .. .... .... .... . ... .


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. .. . .
. . .. . .. . .. . .
1 3. Pinch-out em turbiditos
.. .. . .
..

.... . .. . . .. ..
. .. . . . . ... . .. . . . . . . . .... . . .
+
..

. .. .
5
. .. . . . . .. . . ..
.
. .. . . . . . .. . .... . . . .... . . . . . .. .... .... . . . . .
. .. . . .. ..
. ... . ..
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+ . .. . ..
. . .. .
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. ...
. .... .
. .. . na base do rift.
. .. .

+ + . .. . .
. .. . . .. . . .. .
. .. .
. .. .
. .. .
+ .
. .. .
. . . . .. . . .
. .. . .. .
..
.
. ..
. .. . 4 . .. .
+ 4. Truncamentos por diápiros.
. .. . . .. .
. .. . .
+ . .. .
.. .. . .
. . .. .
5. Fechamento estrutural em
. .. .
. .. .

. .. . .

+
. .. .
. .. 3 . .. .
+ bloco baixo.
. .. . . . .. .
. .. . . . .. .
. . . . . .. . . . . .
. .. .
. .. . .. .
.. . . ..
. . .. .
+ 6. Truncamento de reservatórios
+ . .. . . . .
.. . .
. . 8. .. .
por cânions preenchidos com lama.
. .. . . . . . . .. .
+
. .. .
. .. . .. +
. . .. . 7. Fluxo turbiditos com
. .. .
fechamento estratigráfico.
+ . .. . .
.. .
. .. . . . . . . . .. . . .. .
+
. .. . .
..
.
. .. . . . . 8. Reservatórios fraturados na
+ + frente dos conglomerados de borda.
+

Figura XIII.6 - Seção transversal no Recôncavo mostrando os tipos de fechamento das jazidas de petróleo. Conforme Netto (1984).

240 • G e olog i a da B a hi a

Capitulo 13.indd 240 02/10/12 22:49


no caminho (Fig.XIII.5). O Alto de Aporá (12ºS), de ex- lagos que individualizaram as bacias como as nome-
pressão imponente no Mapa Geológico do Estado da amos hoje. Algumas seções do rift lacustre contêm
Bahia (Fig.XIII.1), passa desapercebido na continuida- altas porcentagens de matéria orgânica (2-3%), tor-
de estratigráfica do Grupo Brotas sendo que, confor- nando-se, com o soterramento, as rochas geradoras
me a figura 4a, as isópacas do Andar truncam o alto do petróleo. Na parte sul do rift-valley, entre o Espíri-
sem qualquer “cerimônia”, indicando seu nanismo to Santo e Santa Catarina, essas rochas geradoras fo-
no jurássico. Na figura XIII.5 nota-se uma transição ram capeadas por depósitos de sal no Aptiano (Andar
estratigráfica entre as bacias de Tucano Sul e Tucano Alagoas) e o petróleo gerado ficou preso por baixo da
Central: desaparecem os sedimentos basais (Fácies seção marinha no que hoje se inicia a explorar como o
I a IV, equivalentes à Formação Afligidos) e há uma “pré-sal”. Mas na parte onshore da Bahia, que tornou-
diminuição na razão arenito/folhelho, sugerindo que -se um aulacógeno, a fase rift foi abortada no Andar
a norte do atual vale do Rio Itapicuru, a área do Tuca- Jiquiá, como se pode ver na figura XIII.3, e o petróleo
no Central foi dominada por gradientes topográficos produzido no Recôncavo ficou acumulado em jazidas
mais suaves e condições ambientais de baixa energia. de controle estrutural e/ou estratigráfico, tanto na
seção rift dos Andares Rio da Serra e Aratu quanto
O Alto do Vaza Barris (10ºS, Fig.XIII.4c) que hoje se- principalmente na seção pré-rift do Andar Dom João.
para Tucano Central do Tucano Norte, e o Alto do São
A figura XIII.6 mostra os tipos de fechamento das
Francisco (9ºS) que separa Tucano Norte de Jatobá,
jazidas da Bacia do Recôncavo .
são feições rejuvenescidas do Sistema de Dobramen-
tos Sergipano, da mesma maneira que o Alto de Oli- A partir do Andar Rio da Serra (biozona RT-003, Fig.
vença (15ºS) é uma feição rejuvenescida da Região XIII.3) cada compartimento do rift-valley tomou uma
de Dobramentos de Araçuaí (Inda & Barbosa 1978). configuração fisiográfica e estrutural particular que
A Faixa de Dobramento Sergipano (CAPÍTULO XI) e a se refletiu no registro litoestratigráfico. Nos primór-
Região de Dobramento Araçuaí (CAPÍTULO X) estão dios da exploração do petróleo (1940-1960), quando
consolidadas desde o Brasiliano (cerca de 600Ma), e as correlações eram baseadas na bioestratigrafia, os
seus contornos delimitam a continuidade do Andar compartimentos foram separados em bacias indepen-
Dom João na Bahia. dentes devido ao mapeamento dos altos estruturais,
mas a nomenclatura estratigráfica tendia a retratar a
continuidade constatada na presença dos fósseis que
4.2 Preenchimento do Rift-Valley identificavam as biozonas. Nos anos 60 do Século XX,
com o ganho de informação de subsuperfície (poços
Na transição entre o Jurássico e o Cretáceo, houve perfilados) se verificou que embora o registro tem-
uma mudança climática na Depressão Afro-Brasi- poral no Cretáceo Inferior não marinho fosse esten-
leira, registrada na amplitude da biozona de The- dível interbacias, havia diferenças litoestratigráficas
riosynoecum varietuberatum (RT-002, Fig.XIII.3). O notáveis que exigiam uma revisão da nomenclatura
registro sedimentar tornou-se muito mais argiloso e e uma separação dos critérios. Procederam-se então
dominado por sistemas fluviais, mas ainda subsidindo a revisões estratigráficas de porte, com diferenciação
com deformação dúctil. O limite de deformação plás- rigorosa dos critérios bio, crono e litoestratigráficos
tica foi excedido no Andar Rio da Serra (biozona RT- (Schaller 1969, Viana et al. 1971). O trabalho de Viana
003, de Cypridea candeiensis), quando o rift-valley et al. (1971) serviu em 1986 de modelo para o Códi-
entrou numa fase de subsidência acentuada marcada go Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica (Petri et
por espessas seções de conglomerados nas bordas al. 1986). Nos anos 70, com o aumento da demanda
do rompimento e foi preenchido com água, formando da commodity petróleo, a estratigrafia “cartorial” foi

Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 241

Capitulo 13.indd 241 02/10/12 22:49


perdendo espaço para a interpretação dos sistemas sional, com deslocamento horizontal e deformação
deposicionais, uma necessidade da indústria para lo- compressional, possivelmente consequente ao rom-
calizar jazidas que os métodos tradicionais não per- pimento crustal que deu margem ao vulcanismo.
mitiam vislumbrar, e nos anos 80 ocorreu na Bahia
uma fase de reexploração que permitiu a descoberta Durante o Andar Aratu, há cerca de 135 milhões de
de novas jazidas, invertendo um perfil declinante na anos, final do neocomiano na estratigrafia marinha,
produção (Netto 1984, Netto & Oliveira 1985). Essas a taxa de subsidência diminuiu nas bacias do Recôn-
mudanças conceituais, não incorporadas nos mapas cavo e Tucano e o rift-valley passou a uma fase de
antigos pré 1970, dão suporte a que o Serviço Geo- colmatação dos lagos, registrando sistemas deltaicos
lógico do Brasil (CPRM) esteja remapeando agora no com altas taxas de deposição, o que criou uma mu-
século XXI as áreas sedimentares do Estado. dança no ambiente deposicional, quando os lagos do
rift foram assoreados e o registro sedimentar passou
No Andar Rio da Serra as bacias da Depressão Afro- para um padrão de deltas lacustres denominados por
-Brasileira foram então individualizadas com dis- Netto & Oliveira (1985) como Deltas do Pojuca, na Ba-
tribuição de sedimentos que compunham sistemas cia do Recôncavo. A introdução da estratigrafia gené-
deposicionais distintos interbacias, e o Gondwana tica permitiu uma mudança conceitual na coluna es-
passou a se fragmentar de forma rúptil. No Andar tratigráfica da figura XIII.3, a qual é aqui apresentada
Aratu o rift extrapolou longitudinalmente os limites na figura XIII.7.
da antiga Depressão Afro-Brasileira e ocorreu vulca-
nismo no norte (Bacia de Barreirinhas) e no sul (ba- A colmatação ocorrida no Andar Aratu, bem docu-
cias de Campos, Santos e Pelotas), onde o início do mentada no Recôncavo, se estende com o padrão del-
rifteamento é registrado pelos basaltos da Formação taico para norte (Tucano) e evolui para um sistema
Serra Geral, que constituem as “terras roxas” da la- fluvial que completa a sedimentação no rift durante
voura de café de São Paulo. Estes basaltos sotopostos os Andares Buracica e Jiquiá. Para sul de Salvador a
ao rift, de idade Aratu, são nomeados como Formação evolução é distinta, e durante o Andar Buracica ocorre
Camboriú na Bacia de Santos e como Formação Ca- uma retomada do processo de subsidência com uma
biúnas na Bacia de Campos. Na Bahia, na Bacia do segunda fase-rift na Bacia de Camamu e Almada.
Recôncavo, a mais bem amostrada e estudada, defor-
mações transformantes deslocaram o compartimen- A seção geológica AA’ (Fig.XIII.8), transversal na Bacia
to central para leste, levantando diápiros e separan- do Recôncavo, mostra o aulacógeno encaixado nas
do a bacia em três compartimentos (Netto & Oliveira duas bordas com embasamento aflorante, como um
1985). No Tucano, ao longo do vale do Rio Itapicuru graben assimétrico abortado no Andar Jiquiá. A se-
ocorreu uma transcorrência dextral que separou o ção CC’, na Bacia de Camamu, tem uma configuração
Tucano Sul do Tucano Central. Em Camamu e Almada muito distinta: a borda leste ainda não foi amostrada
o rift se expandiu para leste, desenvolveu uma nova e está afundada porque a bacia subsidiu no cretáceo
charneira permitindo a deposição da Formação Rio superior dando espaço à seção marinha ausente no
de Contas, que Netto (2000) mapeou como Rift II (Fig. Recôncavo.
XIII.8). A análise de milhares de fraturas e estrias em
afloramentos na seção mesozoica e no embasamento No Recôncavo, a linha de charneira dos sedimentos
adjacente nas bacias de Camamu e Almada levaram lacustres do Andar Rio da Serra (Rift I) contorna o em-
Corrêa-Gomes et al. (2005a, b) a concluir que houve basamento na borda leste (mapa na segunda parte da
uma mudança na configuração tectônica, que passou Fig.XIII.8). No norte da Bacia de Camamu, a charneira
de um padrão distensivo para um padrão transexten- do rift Rio da Serra é cortada por uma mais nova, de

242 • G eolog i a da B a hi a

Capitulo 13.indd 242 02/10/12 22:49


Figura XIII.7 - Coluna estratigráfica do Recôncavo incluindo a estratigrafia genética. Compare com figura XIII.3. A litoestratigrafia
formal é utilizada para acompanhamento de poços durante a perfuração. A estratigrafia genética é utilizada para orientar a exploração,
principalmente no caso de armadilhas estratigráficas. (Conforme Netto & Oliveira 1985)

idade Aratu, que se estende para nordeste e implan- ca e Jiquiá, passa a ser o representante da fase rift, a
ta o Rift II com mais 2km de sedimentos lacustres da geradora de petróleo ao longo das bacias da margem
Formação Rio de Contas durante as idades Aratu, Bu- continental brasileira, com exceção de Camamu onde
racica e Jiquiá, equivalente temporal aos sedimentos o Rift I, a Formação Morro do Barro, tem maior espes-
fluviais da Formação São Sebastião no Recôncavo. sura e está na janela de geração.

A separação estrutural entre o Recôncavo e Camamu A transição Jiquiá-Alagoas tem datação absoluta de
é ilustrada na seção longitudinal BB’, controlada com 120Ma, o que equivale ao registro inferior do Albiano
sísmica de reflexão e com poços. A feição denominada na coluna marinha. Nesta época, a Bacia de Pelotas
“Alto de Salvador” aflora a leste, no Farol da Barra, e já registra a abertura do Atlântico Sul, o qual evolui
conforme vista em sísmica (seção 34-RL130, da ANP, de sul para norte, inicialmente com uma circula-
1970) mergulha para sul, com uma componente de 7º ção restrita que deixou depósitos evaporíticos, bem
para oeste conforme registro de testemunho em poço desenvolvidos na Bacia de Santos, onde capeou as
na Ilha de Itaparica. comentadas jazidas petrolíferas do “pré-sal”. O pro-
cesso inicial de abertura do Atlântico Sul durou todo
A segunda linha de charneira que define o Rift II se o espectro do Andar Alagoas, pouco mais que 10Ma,
estende pela plataforma continental do Estado para extinguindo a fauna de ostracodes no registro sedi-
norte e para sul de Salvador, bem próxima à linha de mentar. Do Andar Alagoas para cima a bioestratigra-
costa, de forma que o Rift II, de idade Aratu, Buraci- fia é baseada em foraminíferos marinhos, sendo que a

Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 243

Capitulo 13.indd 243 02/10/12 22:49


A A’ km
0
Ksa Kitc
Kmf RECÔNCAVO CAMAMU
Jab
Ag Kssa Crd
Fm. Rio Doce

CENOZOICO
Fm. Barreiras Terrígeno marinho raso
Leques aluviais Fm. Caravelas

DRIFT
de clima úmido Cc
Plataforma carbonática
Kbd Fm. Urucutuca
Kuc

NIANO
SENO
Depósito de talude

CENOMANIANO
Fm. Algodões

ALBO-
Jab Kal
Calcário marinho

MARINHO RASO
Ag
5

APTIANO
Fm. Marizal Fm. Taipus Mirim
Kmz
Leques aluviais Marinho restrito;
B B’ km evaporitos
0
Crd

BARREMIANO

RIFT II
Kssa Krc Fm. Rio de Contas
Krc
Sistema Fluvial
Kbd Kmb Kss São Sebastião

Ksa Kpd Deltas do Pojuca

RIFT I
Kmf Leques Rasos do Marfim Fm. Morro do Barro
Jab Kmb Fan delta da ilha

NEOCOMIANO
Ksa Kitc Cânion de Taquipe Itaparica
Ag Turbiditos de
Jab Kbd Bom Despacho
Kssa Flanglomerado Salvador
5

PROTO
Ksa

RIFT
Fm. Santo Amaro - planície aluvial e lago raso
C C’ km
0

PRÉ-RIFT
Ksa

JURÁSSICO
Depressão Afro-Brasileira - Fm. Aliança e Sergi
Jab Kuc
Jab Folhelhos vermelhos e arenitos, clima árido, subaéreo
Kal

EMBASA
MENTO
ARQUEANO
Ag Ag Gnaisses, granulitos
Kmb
Krc

Jab

39°00’W 38°30’ W
12°30’ S São Sebastião 12°30’ S
Santo Amaro
A BA

Kss
026

Ksa

Kitc Kmz
Cachoeira

Kpd

Cruz das Almas Candeias

Mataripe . .. .
Itapema .. . .
. . .. .
. . .. .
. . .. . . .
.. . ..
Jab . . ..
...

Simões Filho
Maragojipe
Ag
Ksa A’
Kbd

Kssa
50
Itaparica m

. Crd
. B Monte
Serrat
.
. Itapuã
.
.
.
.
Kmb
Salvador
50 m

. . .
. .
.
. .
13°00’S . Barra
13°00’S
.
Nazaré . .
. Ksa
BA
Crd
001

C C’
Figura XIII.8 - Seções
geológicas e arcabouço
estrutural nas imediações
100
m
da cidade do Salvador. Vide
legenda na primeira parte
m
B’ 00
10 da figura. Adaptada de Netto
(2000).
Crd

39°00’W 38°30’ W

244 • G e olog i a da B a hi a

Capitulo 13.indd 244 02/10/12 22:49


biozona 110, segundo a codificação da PetrobrAs, se Inicia-se a deriva continental com criação de crosta
estende por todo o Aptiano até o Cenomaniano, cerca oceânica e a bacia marginal passa à fase (ii), de ocea-
de 90Ma atrás, quando o nível do mar passou por um no aberto, com plataforma, talude e planície abissal,
máximo, 250m acima do atual. onde os calcários dominam a plataforma continental
e os turbiditos e lamitos se acumulam em águas pro-
Na Bahia, com os dados de poços das bacias margi- fundas abaixo da quebra da plataforma. Com o pre-
nais, Netto (1992) mostrou um espessamento gradual enchimento gradual da bacia e a progradação normal
da seção marinha de 13ºS para 18ºS. No limite leste observada em margens passivas, um poço bem posi-
da área amostrada na plataforma, o embasamento de cionado sobre a crosta continental que foi submetida
crosta continental é estimado a uma profundidade es- à subsidência térmica com a deriva, amostra toda a
tável da ordem de 6km, portanto o espessamento da seção vertical e permite ao geólogo diagnosticar o
seção marinha mais nova ocorre concomitante com o tipo de bacia com muita segurança.
afinamento da seção mais velha (Fig.XIII.9). A seção-
-rift, de Camamu para sul, não só da Bahia como do
Brasil em geral, vai ficando mais nova e mais delgada, Jequitinhonha Almada Camamu
Cumuruxatiba
mas mantém as características de rocha geradora do 0
1100
4000 3000 1950 BAS - 67
petróleo que migrou e se acumulou na seção marinha BAS - 40 BAS - 68 BAS - 83
730
mais nova nas bacias do Espírito Santo e de Campos. 2
Marinho Aberto 252 BAS
- 20
77
BAS -
2450
Na Bacia de Cumuruxatiba a seção cretácea da fase BAS - 7
4 3000 3000
rift é dominantemente arenosa, bem menos espessa 1400 Marinho Restrito BAS - 3 BAS - 84
BAS - 28 Rift
que sua equivalente no norte, e datada com dúvidas 1150 Pré-Rift 1100
2400
6 km BAS - 48 IDM - 1
como Jiquiá. Assenta sobre um embasamento de CPN - 1

“gnaisse”. No andar Alagoas há registro de anidrita


nas áreas marginais e halita mais para o depocentro.
O Albo-Cenomaniano é dominado por carbonatos da Figura XIII.9 - Carta estratigráfica esquemática das bacias
marginais da Bahia na área da plataforma continental até a
Formação Regência, a mesma nomenclatura usada
lâmina d’água de 100m, onde o embasamento ainda é a crosta
na Bacia do Espírito Santo. Após o Turoniano inicia-se continental. Registrada a espessura máxima das sequências em
uma sedimentação marinha aberta, Formação Uru- poço, por bacia. Alvos exploratórios principais por bacia.

cutuca, que perdura até hoje em águas profundas.

A figura XIII.10 resume a coluna estratigráfica típica


4.3 Mesozoico Marinho na Plataforma de uma bacia marinha em margem passiva, como as
Continental da Bahia da costa da Bahia, bacia esta que se expandiu à razão
de 6cm/ano como consequência da deriva continen-
A implantação do Oceano Atlântico, em direção con- tal, da geração de crosta oceânica nova na fratura
trária à evolução do rift, ocorre na Bahia de sul para central da placa tectônica, e da subsidência termal da
norte, e o registro da seção marinha é separado em margem oceânica por resfriamento da crosta conse-
duas fases muito características das bacias de mar- quente do afastamento da fratura central.
gem passiva: (i) o oceano restrito fica registrado por
rochas terrígenas associadas a evaporitos, que transi- Na Bahia, o registro do oceano restrito de idade Ala-
cionam para calcários quando a bacia abre espaço em goas começa com a Formação Taipus Mirim, que
consequência do rompimento da crosta continental. aflora no Morro de Taipus, Ponta de Mutá, município

Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 245

Capitulo 13.indd 245 02/10/12 22:49


de Maraú. Na coluna da figura XIII.10 ela está divi- de sul para norte, entre o cenomaniano e o coniaciano
dida em dois membros: Serinhaém, que designa os (Fig.XIII.10 para relembrar a geocronologia do cretá-
arenitos, localmente com folhelhos intercalados, e ceo superior), e fica preservada na base da Formação
Igrapiúna, com calcário dolomítico, anidrita e hali- Urucutuca, uma nomenclatura uniforme na platafor-
ta. Nas partes mais profundas da Bacia de Camamu ma dos estados do Espírito Santo e da Bahia. A subsi-
existem indicações sísmicas de halocinese (Netto et dência térmica acentuada e a transgressão que atin-
al. 1994). Na borda oeste da bacia os níveis de ani- giu seu máximo no cenomaniano propiciaram que
drita foram substituídos hidrotermalmente por barita na fase regressiva subsequente houvesse um aporte
(Netto 1977) formando um depósito de dois milhões continuado de sedimento terrígeno que interrompeu
de toneladas minerado há mais de meio século na o ciclo carbonático. A sedimentação carbonática só
Ilha Grande. Para cima, a Formação Taipus Mirim volta a ocorrer quando se torna a desenvolver uma
passa concordantemente para a Formação Algodões, plataforma na margem continental consequente da
que aflora na localidade homônima, também na Pon- progradação da Formação Urucutuca.
ta de Mutá (S14º 04,672’ W38º 57,293’). A Formação
Algodões também se diferencia em dois membros: A Formação Urucutuca tem suas maiores espessuras
Germânia, de calcarenitos e calcirruditos oolíticos e na Bacia de Cumuruxatiba, mas é mais bem estudada
pisolíticos, em parte dolomitizados; e o membro Quie- na Bacia de Almada, onde aflora e foi formalizada por
pe, de calcilutitos com foraminíferos planctônicos. Os Kilson Carvalho (1965). Ironicamente os afloramentos
foraminíferos, nanofósseis e palinomorfos contidos na vila de Urucutuca, próximo a Ilhéus, são essen-
datam a Formação Algodões como do Albiano ao cialmente conglomeráticos, enquanto a formação é
início do Turoniano, a época quando o nível do mar dominada por folhelhos de talude, com turbiditos lo-
atingiu os valores mais altos na Costa Atlântica, mais calizados. Os conglomerados da Formação Urucutuca
de 250m acima do nível atual. Estes calcários albo- são produtores de petróleo na Bacia do Espírito Santo,
-cenomanianos se estendem para norte com pouca nos campos de Lagoa Parda e Fazenda Cedro. Bruhn
variação de espessura e mantêm a designação de & Moraes (1989) apresentaram uma comparação da
Formação Algodões na Bacia de Jacuipe, passando a geometria dos reservatórios produtores nestes cam-
serem denominados de Formação Ricahuelo em Ser- pos com parâmetros medidos em superfície, nos con-
gipe e Alagoas. Para sul de Almada os calcários mais glomerados expostos na Bacia de Almada. No mesmo
que dobram de espessura nas bacias de Jequitinho- trabalho, Bruhn & Moraes (1989) fazem uma integra-
nha e Cumuruxatiba (Fig.XIII.9), e passam a ser deno- ção da ocorrência em superfície com a configuração
minados de acordo com a nomenclatura da Bacia do delineada com sísmica de reflexão na plataforma con-
Espírito Santo, Formação Regência; a correlação em tinental adjacente, restaurando e isopacando o Canion
Campos é com a Formação Macaé, em Santos com de Almada preenchido com sedimentos da Formação
a Formação Guarujá e em Pelotas com a Formação Urucutuca. A parte emersa da Bacia de Almada tem
Porto Belo. O topo da sequência carbonática é datado 200km2, e foi reavaliada em 1991 por Netto & Sanches,
pelo início do Turoniano, e é marcado não só na Bahia que publicaram um roteiro abordando aspectos da
como em toda a margem atlântica por importante estratigrafia e da estrutura, viabilizando que qualquer
discordância regional, quando o nível do mar come- geólogo possa visitar a área sem guia e compreender
çou a baixar numa tendência contínua por 50 milhões toda a bacia numa excursão de três dias.
de anos, até o Oligoceno.
O Canion de Almada é ilustrado no primeiro plano da
A discordância regional que separa o registro do oce- figura XIII.11. Na fisiografia das Bacias de Camamu e
ano restrito do oceano aberto também fica mais nova Almada existem dois canions, o do Rio Almada, recons-

246 • G eolog i a da B a hi a

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Figura XIII.10 - Carta
estratigráfica da Bacia de
Camamu (simplificada de
Netto 1993).
Importante analisar a
sequência marinha, que se
inicia no Andar Alagoas, o
Aptiano da coluna padrão.

Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 247

Capitulo 13.indd 247 02/10/12 22:49


N
tituído por Bruhn & Morais (1989), e o do Rio Jequiriçá,
normalmente referido como Canion de Salvador desde
o seu reconhecimento por França em 1979. No meio
do bloco-diagrama da figura XIII.11, saindo da linha +

de costa, está o delta do Rio Camamu, uma rara feição +


+

de delta construtivo dominado por rio na costa leste +


+
brasileira (Netto & Barrocas 1981). A plataforma conti- +
+

nental na costa da Bahia, desde a saída do Rio Real na +


+

+ +
+ +
fronteira com Sergipe, até a saída do Rio Jequitinho-
+
nha, em Belmonte, pouco a norte de 16ºS, é dominada +

por sedimentos terrígenos que constituem a Formação


Rio Doce, areias e arenitos de plataforma de um oce-
ano regressivo, incluindo as praias atuais, que se de- Figura XIII.11 - Fisiografia e geologia das bacias de Camamu e
Almada. O limite operacional entre as bacias é o Alto de Taipus,
senvolvem do Eoceno até hoje. A Formação Rio Doce é
a norte do qual o Rift I é bem desenvolvido (Formação Morro
reconhecida com o mesmo nome nas bacias do Espírito do Barro, verde-escuro) e a sul do qual, no bloco baixo da linha
Santo e Jacuipe, e se correlaciona em tempo e litologia de charneira de idade Aratu, o Rift II se espessa (Formação Rio
de Contas, verde-claro). A camada azul escuro acima do rift é o
com a Formação Emboré na Bacia de Campos e com a
registro do oceano restrito, Formações Taipus-Mirim e Algodões,
Formação Marituba em Sergipe-Alagoas. e o cinza-escuro com base discordante é a Formação Urucutuca,
que preenche as áreas de mar profundo do campaniano (83Ma,
quando houve uma forte inversão de polaridade magnética no
A 16ºS de latitude ocorre uma mudança notável na planeta) até hoje. Outros comentários, vide texto.
fisiografia da plataforma continental da Bahia. Esta
plataforma que vem desde o norte do Estado com
uma largura entre 10 e 20km passa a apresentar uma Pedras

4000
largura de 50 a mais de 200km. 16ºS é o limite sul da
Bacia de Jequitinhonha; no norte desta bacia, na foz Canavieiras
Belmonte
do Rio Corurupe (14º52’8’’S, 39º01’4’’W) os sedimentos
Banco Royal Charlotte
da Formação Taipus Mirim são intrudidos por diabásio 1200

40
100

00
1205

(Netto & Sanches 1991). A 16ºS fica o arco vulcânico de


Royal Charlotte, uma feição pouco conhecida que se Trancoso

Caraíva
infere como implantada na transição Cretáceo/Terciá- 100
50
rio. Parte da atividade magmática é intrusiva, confor- Cumuruxatiba
300
50 0
2000
me documentado em sísmica de reflexão (Netto 1992).
Recife das Timbebas
Entre o arco de Royal Charlotte e o arco vulcânico de 1312
1000
1310

Abrolhos, fica a Bacia de Cumuruxatiba (Fig.XIII.12), e 1301


1300

Recifes de Viçosa Abrolhos


o banco vulcânico suporta a larga plataforma conti- 50

nental onde existe desde o Eoceno uma construção re-


cifal que hoje se estende por dois graus de longitude.
0
10

Conceição da Barra 50 70 km
GPS Map Detail

Os calcários que se desenvolvem e expandem do Eo-


ceno até hoje são mapeados como Formação Cara- Figura XIII.12 - Os bancos vulcânicos da Bacia de Cumuruxatiba
sustentam uma larga plataforma continental dominada por
velas. Esta formação varia lateralmente para a cos-
recifes de coral protegidos desde 1983 como Parque Nacional
ta interdigitando-se com as areias da Formação Rio Marinho. Batimetria em metros.
Doce, que hoje se estendem da linha de praia mar

248 • G e olog i a da B a hi a

Capitulo 13.indd 248 02/10/12 22:49


adentro até pouco menos de 10km, alimentadas pe- entre as duas ocorrências cretáceas, diferenças essas
los rios e transportadas pelas correntes litorâneas. que descartam ao nível do conhecimento atual a in-
Na quebra da plataforma a Formação Caravelas varia terpretação de rift para a Bacia do Urucuia, a saber:
lateralmente interdigitando-se com os folhelhos da
Formação Urucutuca, a qual em águas profundas é (i) Espessura sedimentar reduzida (inferior a 500m
perfurada por domos de sal, à semelhança da indica- nas porções mais espessas). O rift do Tucano/Recôn-
ção na figura XIII.10, segundo interpretação sísmica. cavo apresenta espessura superior a 5.000m sendo o
A plataforma carbonática atual é dominada por re- intervalo cretáceo de leste correlacionável com o que
cifes de coral, sendo a espécie endêmica Mussismilia se conhece do Urucuia é a Formação Marizal, pós-rift,
brasiliensis a principal construtora dos recifes. Como e tem espessura inferior a 300m;
o nível do mar esteve um pouco mais alto que o atu-
al há 5200 anos, alguns recifes hoje estão mortos e (ii) Razão comprimento/largura da bacia da ordem de
encalhados na beira da praia. A 18ºS de latitude, 40 3, em contraste com o rift Tucano-Recôncavo cuja ra-
milhas náuticas offshore, ficam as 5 ilhas do arquipé- zão é em torno de 5 e;
lago de Abrolhos circundadas por construções reci-
fais. Um poço de petróleo perfurado na Ilha de Santa (iii) Ausência de bordas falhadas com conglomerados
Bárbara em 1961 atravessou 725m de basalto e pe- associados a altos do embasamento, bem como au-
netrou em tufos vulcânicos até a profundidade final sência de estruturas de transferência e acomodação
(1.400m), confirmando as indicações da fisiografia e que invertem a polaridade dos rifts, alternando as
das anomalias magnéticas e gravimétricas interpre- bordas de falhas para bordas flexurais.
tadas como uma província vulcânica. O vulcanismo
hoje está extinto, e a datação dos testemunhos recu- Campos & Dardenne na mesma ocasião (1997b) in-
perados na perfuração, indicou que o pico da ativida- tegraram as ocorrências fanerozoicas sedimentares
de vulcânica ocorreu no paleoceno (Netto 1994). e vulcânicas que bordejam pelo oeste o Cráton do
São Francisco, e reconstituíram o que denominaram
de Bacia Sanfranciscana, do Piaui a Minas Gerais,
4.4 Bacia Sedimentar Cretácea do cuja coluna estratigráfica está reproduzida na figura
Urucuia XIII.13. A maior área preservada de rochas sedimenta-
res da Bacia Sanfranciscana fica na Bahia, onde eles
A borda oeste do Estado da Bahia fica geograficamen- consideraram as ocorrências “mais distais” (sic) como
te demarcada pela Serra Geral de Goiás, que separa sub-bacia do Urucuia. Mas a localidade de Urucuia
as bacias hidrográficas do Rio Tocantins, a oeste, da fica em Minas Gerais, 100km a sul da fronteira com
do Rio São Francisco, a leste. O relevo da Serra Ge- a Bahia, 1.000km a sudoeste de Salvador e 240km a
ral de Goiás – que fica na Bahia – é sustentado por leste de Brasília, no limite sul da sub-bacia que a no-
crostas lateríticas e silicosas do Grupo Urucuia, uma meia. Esta proximidade de Brasília fez com que quem
sequência sedimentar cretácea preservada numa ba- se interessasse pela área tenha sido o pessoal da Uni-
cia levantada isostaticamente. A área ocidental do versidade de Brasilia (UnB). Os baianos só recente-
Estado pintada de “verde cretáceo” no mapa geoló- mente começaram a mapear o oeste do Estado, mes-
gico da Bahia ao milionésimo é alongada e paralela mo assim de forma não sistemática e em 1:250.000,
à outra área verde, oriental, que representa as bacias numa Rede Cooperativa de Pesquisa – CPRM-UFBA.
de Tucano e Recôncavo (Fig.XIII.1). Campos & Darden- Os primeiros resultados foram relatados por Lopes &
ne (1997a) postulam que existem diferenças notáveis Lima (2007) e estão comentados adiante.

Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 249

Capitulo 13.indd 249 02/10/12 22:50


Figura XIII.13 - Estratigrafia da Bacia
Sanfranciscana modificada de Campos
& Dardenne (1997b). Principais litotipos:
Grupo Bambuí: 1 - sequência pelito
carbonática, 2 - arcóseos e siltitos. Grupo
Santa Fé: 3- diamictitos, tilitos e tiloides,
4 - folhelhos com dropstones, 5 - arenitos
heterogêneos, 6 - arenitos maciços
calcíferos com intercalações argilosas.
Grupo Areado: 7 - conglomerados e
arenitos, 8 - folhelhos, 9 - arenitos.
Grupo Urucuia: 10 - folhelhos da
Formação Geribá, 11 - arenitos eólicos
da Formação Posse, 12 - arenitos com
crostas de sílex e limonita da Formação
Serra das Araras. Grupo Mata da Corda:
13 - lavas e piroclásticos alcalinos, 14
- conglomerados do retrabalhamento
vulcânico. Formação Chapadão: 15 -
conglomerados de terraços, e 16 - areias
inconsolidadas.

Vale registrar que a Agência Nacional do Petróleo já re- Posse, fácies eólico com paleocorrente para oeste, e
alizou duas rodadas de licitações na Bacia do São Fran- Serra das Araras, fluvial.
cisco, onde o alvo exploratório é a sequência neopro-
terozoica do Grupo Bambuí, com indícios de petróleo Na coluna de Campos & Dardenne (1997b) o Grupo
no Estado de Minas Gerais (Lima & Petersohn 2008), Urucuia está datado como senoniano, posterior à
e sotoposta como embasamento da Bacia Sanfran- Formação Marizal do Tucano/Recôncavo, contempo-
ciscana de Campos & Dardenne (1997a). Foram arre- râneo com a Formação Urucutuca da fase regressiva
matados 42 blocos, o que gera a expectativa que nos da deriva continental, quando já havia oceano aberto
próximos três anos o conhecimento geológico da área no leste da Bahia. Aceitando esta datação, o vulca-
vá suplantar tudo que se levantou até hoje. nismo alcalino ultramáfico do Grupo Mata da Corda
(Fig.XIII.13), diamantífero em Minas Gerais, pode es-
Com referência ao mapeamento recente, os diagra- tar relacionado com o vulcanismo do Banco Royal
mas de fraturas de Lopes & Lima (2007) associados Charlotte na plataforma continental. Mas Campos &
à interpretação da geomorfologia, permitiram-lhes Dardenne (1997b) não registram o critério da datação
diagnosticar que o marcante padrão de drenagem do Urucuia, citam a tese de doutoramento de Cam-
local (Fig.XIII.1) tem um controle tectônico. Um poço pos (1996), que criou a coluna original sem tampou-
para água no município de Luiz Eduardo Magalhães co registrar o suporte à posição de senoniano para o
identificou uma formação que não havia sido reco- Urucuia. Inda & Barbosa (1978) posicionam o Urucuia
nhecida em superfície, e agora Lopes & Lima dividem como cretáceo inferior pós-rift, por correlação com a
o Grupo Urucuia em três formações: Geribá, uma fá- Formação Marizal, a qual na coluna de Caixeta et al.
cies mais argiloso com base no perfil de raios gama; (1994) é posicionada no Andar Alagoas (Albo-Aptia-

250 • G eolog i a da B a hi a

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no). Assim, fica aqui o alerta para a necessidade de
melhor amarração geocronológica do Urucuia, que
tanto pode ser feita com paleontologia usando os cri-
térios da Petrobras, quanto por datação absoluta 8460000

das vulcânicas Mata da Corda associadas.

Campos & Dardenne (1997a), considerando que o 8410000

Grupo Urucuia se acumulou numa fase posterior ao


rift da margem leste, postulam que a área da Ba- Segunda Derivada

cia Sanfranscicana experimentou uma inversão do

-1E-007
-5.1E-006

-3.1E-006

-2.1E-006
-4.1E-006

-1.1E-006

4E-007

1.4E-006

2.4E-006

4.4E-006
3.4E-006
8360000

campo de tensões de extensivo para compressivo, re- 490000


340000 390000 440000 540000

sultando que os esforços intraplaca amplificaram a


subsidência flexural gerando uma calha ampla e rasa
como ambiente de deposição. Figura XIII.14 - Mapa de anomalia gravimétrica residual na área
dos rios Arrojado e Formoso, canto sudoeste do Estado da Bahia
(conforme Lopes & Lima 2007).
Lopes & Lima (2007) dão suporte à interpretação de
ambiente tectônico compressivo no Grupo Urucuia
mapeando falha inversa na Formação Posse (Lopes & UnB, e mais recentemente do interesse da CPRM em
Lima 2007), para a qual invocam tectônica transcor- entender o potencial dos aquíferos para gerar subsí-
rente. Eles integraram a interpretação geomorfológi- dios ao licenciamento do uso da água subterrânea.
ca do padrão de drenagem na Bacia do Urucuia com
o residual gravimétrico de reconhecimento disponível Para a elaboração deste capítulo, foi feito um reco-
em 1:100.000 (Fig.XIII.14), e postularam a possibilida- nhecimento de campo (Fig.XIII.15), que constatou a
de de alinhamentos altos e baixos encobertos pela Formação Geribá aflorando na borda leste da Bacia
cobertura cretácea. Interpretando o mapa Bouguer, do Urucuia.
inferem que a parte oeste da bacia é um bloco baixo
que acomodou a Formação Posse, e que a bacia fica No km 645 da BR-242, Lat. 12º13,76’S, Long. 43º50W,
mais funda para noroeste. altitude 620m, está o contato discordante Bambuí-
-Urucuia. O Urucuia começa com conglomerado, tipo
A área coberta pelo Urucuia, só no oeste da Bahia, leque aluvial, seixos de sílex e calcário cimentados
ocupa mais de 70.000km2. Esta bacia cretácea se por sílica e óxido de ferro. Por cima dele em contato
estende pelo Piaui, Tocantins, Goiás e Minas Gerais, gradacional estão os lamitos e folhelhos da Formação
sempre bordejada pelo Grupo Bambuí, do neoprote- Geribá de Lopes & Lima (2007), amostrados para da-
rozoico, sotoposto, sendo que se observa localmente tação paleontológica (Fig.XIII.16).
a ocorrência de sedimentos paleozoicos (Carbonifero-
-Permiano), que em Goiás são denominados de Gru- O Laboratório de Sedimentologia da Petrobras na
po Santa Fé (Fig.XIII.13) e no Piaui de Grupo Balsas. Bahia realizou com presteza a preparação e análise
O que se conhece do Urucuia é consequencia de tra- da amostra, que infelizmente mostrou-se estéril para
balhos de reconhecimento, da Petrobras em Minas nanofósseis e ostracodes. Parte da amostra foi para
Gerais que datou o que hoje é reconhecido como Gru- o Cenpes para análise palinológica, cujos resultados
po Areado (Fig.XIII.13), com base na flora fóssil, como não ficaram prontos até a data de edição final deste
Aptiano (Oliveira 1967); do DNPM (p.e. Moutinho da capítulo. Os afloramentos da Formação Geribá são
Costa 1976), dos trabalhos acadêmicos do pessoal da descontínuos ao longo da estrada, mas constatam-se

Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 251

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TO-040
Rio São Francisco
TO-280 135

TO-010
BA-460
Barreiras
Muquém de São Francisco

242
020 BA-161

Tocantins

Paratinga
TO-110
ia
Bah
TO-050 Macaúbas
iás
Go
GO-118
Bom Jesus da Lapa
Correntina
Santa Maria da Vitória
020
Serra do Ramalho
Riacho de Sant
BA-349

BA-430

co
is
ranc
ão F
Posse

Rio S
Guanambi
Bahia Carinhanha Ba50 km
Minas Gerais
GO-112 GPS Map Detail

Figura XIII.15 - Em carmim, o roteiro do reconhecimento feito para este Capítulo XIII.

folhelhos e lamitos até o km 664 da BR-242 na alti- rada a alta , submetidos a intensa lixiviação na zona
tude de 800m. vadosa e com bioturbação recente, o que imprime um
caráter maciço ao grupo aflorante como um todo. Na
No km 671 da BR-242 (Muquém do São Francisco cuesta da Serra Geral de Goiás para oeste, na zona
na Fig.XIII.15), próximo à longitude 44ºW, começa o de fronteira estadual, quando a topografia baixa para
planalto arenoso na cota 850, que continua subindo o entorno de 800 metros, são descritos afloramentos
para sudoeste até um máximo de 985m, 300km em com estratificações cruzadas de grande porte, que
linha reta a sudoeste, próximo ao entroncamento da ensejaram a Lopes & Lima (2007) uma interpretação
BR-020 com BA-349 (Fig.XIII.15). Nesta região do pla- eólica para os 10.000km3 de arenito que recobrem o
nalto reconhecida como Serra Geral de Goiás, a vege- oeste da Bahia. Admitindo conservadoramente uma
tação primária é de cerrado, e aí está implantado um porosidade média de 15%, este aquífero contém
polo agrícola de porte, para produção de soja, milho e 1.500km3 de água doce. Para uma área de infiltração
algodão, com unidades de beneficiamento que agre- de 50.000km2, se a lavoura permitir a recarga do aquí-
gam valor ao produto. A atividade está promovendo fero de metade da precipitação anual, pode-se contar
rápido desenvolvimento econômico e social e seu com a renovação anual de 30km3 de água, ou seja,
consequente impacto ambiental, como soe acontecer tem-se a disponibilidade possível de 6*105m3/km2/
com monoculturas extensivas. ano, algo da ordem de 1.600m3/km2/dia! Enquanto
não existem dados confiáveis e um monitoramento
Os afloramentos do Urucuia são monotonamente de dos aquíferos, a SRH - Secretaria de Recursos Hídri-
arenito fino, boa seleção, maturidade textural mode- cos da Bahia, está autorizando a perfuração de um

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poço a cada 2km. A irrigação com água superficial já 20km para dentro da fronteira oeste da Bahia) um eixo
mostrou que o processo não é sustentável, os rios que N-S divisor do fluxo subterrâneo, drenando para oeste
descem para o São Francisco não conseguiram man- para a bacia hidrográfica do Rio Tocantins, e para leste
ter a retirada para os pivots de irrigação. Portanto, drenando para a bacia hidrográfica do Rio São Fran-
com a estimativa atual, um poço que produz 300m3/h, cisco; esses autores dividem e caracterizam o aquífero
para manter o sistema sustentável deve irrigar 5km2 Urucuia em quatro subtipos: um superficial aberto,
(na área, uma fazenda de 500hectares é considerada dois intermediários confinados, e um livre profundo.
pequena).
A estratigrafia do Grupo Urucuia, segundo Campos &
Devido ao interesse da ANP - Associação Nacional de Dardenne (1997b), contempla a Formação Posse, os
Petróleo em incentivar a exploração de gás na bacia arenitos finos que dominam toda a região, e a Forma-
proterozoica do São Francisco, os 42 blocos arrema- ção Serra das Araras, de arenitos finos com crostas de
tados, 11 deles por empresas de porte (Petrobras sílex e limonita, que recobre todo o planalto. O que é
e Shell), devem gerar a curto prazo poços que vão reconhecido como Serra das Araras se afigura como
atravessar o Cretáceo e enriquecer o conhecimento o mesmo arenito Posse que desenvolve uma cimen-
geológico da área. Na área coberta pelo Urucuia na tação na zona vadosa em todo o tabuleiro, criando as
Bahia, a ANP está investindo US$42 milhões na exe- crostas que sustentam o relevo. Na cuesta da Serra
cução de 1.500km de sísmica 2D, material que será Geral de Goiás, na borda oeste do Estado da Bahia,
disponibilizado às empresas que venham a se cre- para além (oeste) da zona de recarga da água que
denciar para a próxima licitação. O processamento drena para leste, as crostas desaparecem e a erosão
de campo das linhas atiradas em 2009 já permite forte e assoreamento são dominantes. É nesta área
inferir intrusão vulcânica que não aflora, mas afe- estreita que acompanha a cuesta que são reconhe-
ta o Urucuia, dobrando e comprimindo os arenitos cidos os afloramentos da Formação Posse. Mas estes
(N.Fernandes & A.Rugenski, inf.verbal, nov.2009). mesmos arenitos são perfurados pelos poços para
água, que consistentemente têm que atravessar a
O Urucuia se afigura como um aquífero excelente, crosta laterito-silicosa próxima à superfície. Foi em
limpo, possante, de boa permeabilidade e produtivi- dois destes poços de oeste que Lopes & Lima (2007)
dade, com espessa zona vadosa que previne a evapo- reconheceram no perfil de raios gama e na base do
ração. Com a implantação do polo agrícola do oeste Grupo Urucuia, a Formação Geribá, que aflora na bor-
da Bahia, essa água vem sendo usada de forma inten- da leste da bacia (Fig.XIII.16).
siva e desordenada na irrigação, e o gestor da bacia
hidrográfica vai ter que regulamentar o seu uso. A fisiografia da Serra Geral de Goiás é sustentada
por uma crosta laterítica e silicosa que vem sendo
O aquífero é alimentado na área alta na fronteira oci- removida para servir de revestimento às estradas da
dental da Bahia e escoa para ENE, mergulho abaixo região. As áreas planas do topo do chapadão, bem
na direção do Rio São Francisco. A topografia é de como os vales do sistema tributário estão sendo des-
uma rampa suave também caindo para ENE. Lopes & matados para o manejo de soja, algodão e milho, de
Lima (2007) postulam que a Formação Geribá funciona forma que as cuestas da Serra Geral de Goiás estão
como o substrato que impermeabiliza o fundo do aquí- em processo acelerado de erosão e os vales fluviais
fero aberto, o qual sofre descontinuidades devido a estão sendo assoreados, exigindo a manutenção de
deslocamentos em blocos falhados. Gaspar & Campos uma faixa de vegetação ciliar efetiva. Sobre o tabulei-
(2007), apesar de não reconhecerem a Formação Geri- ro do planalto, o que sobra de cerrado é muito pou-
bá, mapeiam no entorno do meridiano 46ºW (cerca de co para garantir a infiltração e recarga do aquífero,

Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 253

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A representatividade do Paleozoico e do Mesozoico no
Estado da Bahia cresce quando se observa que suas
rochas sedimentares ocupam 1/3 da área emersa
do Estado. Fica pouco expressiva quando se avalia
a história tectônica de um intervalo temporalmente
tão limitado, mas por outro lado se realça nos cam-
pos da Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia,
particularmente no Mesozoico, onde ocorreu um es-
forço do conhecimento consequente à descoberta de
petróleo nos primórdios da produção brasileira de
petróleo, um dos eventos que motivou a criação das
Escolas de Geologia no país.
Figura XIII.16 - Lamitos da Formação Geribá (base do Grupo
Urucuia) no km645 da BR-242 Apesar da literatura geológica no Estado da Bahia fo-
car com mais freqüência as rochas metamórficas do
uma vez que as construções, a rede viária e a cultu- embasamento cristalino das bacias sedimentares, e
ra mecanizada extensiva tendem a impermeabilizar do interesse limitado da comunidade geológica sobre
o solo aprofundando o nível freático. Para garantir as áreas sedimentares produtoras de petróleo, onde
a sustentabilidade do processo agrícola de escala, é os geólogos a serviço da PETROBRAS atuaram pra-
necessário implementar um cadastramento e acom- ticamente sozinhos, a riqueza de detalhes advinda do
panhamento dos recursos hídricos e uma política de conhecimento de subsuperficie com o imageamento
preservação ambiental mais efetiva. geofísico e a perfuração de milhares de poços fez com
que o conhecimento da geologia do Paleozoico e do
Mesozoico do Estado da Bahia esteja à altura de om-
brear com o conhecimento tanto do Cenozoico onde
5 Síntese atua uma enorme quantidade de geólogos devido
à facilidade de acesso e observação quanto do pre-
O 0,5bilhão de anos do Paleozoico e Mesozoico repre- cambriano onde se concentra o maior contingente de
senta 1/4 do intervalo de tempo do Proterozoico, 1/3 profissionais que atendem à exploração mineral que
do Arqueano e quase 10 vezes o tempo do Cenozoico. alavanca a economia do Estado.

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Tectônica das
Bacias Paleozoicas
Capítulo XIV e Mesozoicas
Luiz César Corrêa-Gomes (UFBA)
Nivaldo Destro (PETROBRAS)

1 Introdução
Em termos tectônicos as bacias sedimentares paleozoicas e mesozoicas baianas podem ser classificadas como
dos tipos flexural e rift. Algumas dessas bacias têm histórias tectônicas unicamente paleozoicas, outras começam
no Paleozoico e avançam até o Mesozoico e ainda outras apresentam história restrita ao Mesozoico. Classicamen-
te as evoluções dessas bacias estão inseridas em vários estágios termomecânicos, que aconteceram de modo dia-
crônico, com relação ao megaevento que levou à ruptura do supercontinente Pangea entre 150-140Ma. São dois
os estágios principais nos quais inúmeras dessas bacias baianas foram formadas: (i) sinéclise, entre o Carbonífero
e o Permiano e (ii) rift, no início do Cretáceo.

Para se ter uma ideia da temporalidade dos eventos geradores, o diacronismo dos diferentes estágios de evolução
das bacias sedimentares das fases sinéclise e rift pode ser visto na figura XIV.1 (Souza-Lima & Hamsi Jr. 2003).

Assim não é de todo estranho que entre as principais bacias tectônicas se encontrem as bacias do tipo rift, assim
como o fato de que as depressões das bacias flexurais tenham sido posteriormente reaproveitadas em eventos
de rifteamento, como é o caso de várias bacias paleozoicas reativadas no Mesozoico. Isso se deve ao fato de que o
afinamento crustal que antecedeu o rifteamento prepara e facilita os processos mais drásticos de “rasgamento”
da crosta que acontecerão posteriormente na formação dos rifts. Portanto, a taxa de extensão litosférica é de
fundamental importância no desenvolvimento tipológico das bacias tectônicas (Fig.XIV.2).

Porém, além da taxa de extensão, diversos outros fatores podem influenciar na formação e evolução das bacias
tectônicas, tais como (Allen & Allen 2005, Kearey et al. 2009): fluxo térmico local, mecanismos de cisalhamento
relacionados à abertura da bacia, mecanismos de formação de falhamentos múltiplos, composição mineralo-

Tectô n i ca d a s Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 255

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Figura XIV. 1 - Principais estágios temporais da evolução das bacias sedimentares brasileiras, com as bacias do tipo rift de interesse deste capítulo, de Cumuruxatiba até Jatobá, destacadas em
amarelo (modificado de Souza-Lima & Hamsi Jr. 2003). Jurássico: Lia - Inferior, Dog - Médio, Mlm - Superior. Cretácio: Ber - Berriasiano, Vlg - Valanginiano, Hau - Hauteviviano,
Brm - Barremiano, Apt - Aptiano, Alb - Albiano, Cen - Cenomaniano, Tur - Turoniano, San - Santoniano, Cmp - Campaniano, Maa - Maastrichtiano.

15/10/12 23:40
Parnaíba, no NNW do estado e as coberturas sedi-
mentares de Paulo Afonso e Santa Brígida, no NNE;
a Bacia do Urucuia, no W, e as porções emersas das
bacias tipo rift (Bacias do Almada, Camamu e sistema
de Bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá), localizadas na
borda E do Estado.

A tectônica e as estruturas rúpteis associadas às ba-


cias paleozoicas e mesozoicas baianas aparecem des-
critas em diversos trabalhos publicados, entre eles,
Asmus & Porto (1972), Asmus & Ponte (1973), Inda &
Barbosa (1978), Asmus & Porto (1980), Netto & Oli-
veira (1985), Ussami et al. (1986), Milani & Davison
(1988), Caixeta et al. (1994), Villas Boas (1996), Mag-
navita (1992), Magnavita (1993), Aragão (1994), Ara-
gão & Peraro (1994), Magnavita et al. (1994), Campos
(1996), Milani & Thomas Filho (2000), Destro (2002),
Bueno (2004), Zalan (2004), Corrêa-Gomes et al.
Figura XIV.2. - Evolução de bacias tectônicas em função da taxa de (2005a, b), Magnavita et al. (2005), Silva (2009). Esses
extensão crustal (fator β) (Allen & Allen 2005). autores destacaram, entre outros aspectos: as causas
e os processos de estiramento litosférico, as flexuras
crustais, a atuação de plumas mantélicas-hot spots,
-química da litosfera, estruturas rúpteis e dúcteis pre- a presença de superfícies de descolamento-desta-
-existentes, espessura litosférica original, constância camento, a herança estrutural do embasamento, os
de orientação dos campos de tensão regional (far- padrões de falhamentos, as orientações de campos de
-field) e local (near-field), magmatismo e fluidos as- paleotensão, os estilos tectônicos e os possíveis mo-
sociados e carga sedimentar. Além disso, dentro das delos evolutivos que moldaram a arquitetura dessas
bacias os pacotes sedimentares podem influenciar bacias.
a formação e propagação das falhas a depender do
grau de litificação, da composição mineroloquímica É importante ressaltar que o nível de conhecimento
dos sedimentos e da disposição espacial dos estratos. tectônico-estrutural dessas bacias está diretamente
relacionado ao interesse econômico das mesmas e
Assim nas bacias tectônicas existe um grau elevado às suas localizações geográficas. Desse modo, bacias
de complexidade de formação e evolução, envolven- com potencial para exploração de hidrocarbonetos e
do interações geomecânicas que afetam a crosta, água subterrânea, e mais próximas de importantes
os mantos litosférico e astenosférico com frequente centros urbanos e industriais, são as mais estudadas.
participação ativa ou remota de plumas mantélicas e
episódios de quebra de paleossupercontinentes. No Estado da Bahia as bacias sedimentares podem
ter história apenas paleozoica, caso dos depósitos de
Com respeito a esse tema no Estado da Bahia a his- Paulo Afonso e Santa Brígida, paleozoica que evoluiu
tória evolutiva do Paleozoico e do Mesozoico aparece para mesozoica, casos das Bacias do Parnaíba e do
principalmente registrada nas coberturas sedimen- Urucuia, e apenas mesozoica, caso das bacias do tipo
tares dessas idades. São elas (Fig.XIV.3): a Bacia do rift.

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Figura XIV.3. - Mapa geológico esquemático da Bahia ressaltando apenas as áreas cobertas por bacias sedimentares paleozoicas (marrom
escuro) e mesozoicas (verdes médio e claro). Algumas dessas bacias apresentam histórias que começam no Paleozoico e evolui até o
Mesozoico (modificado de Inda & Barbosa 1978, Barbosa & Dominguez 1996).

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Paleozoico - Mesozoico 2.2 Bacia do Parnaíba

A porção sul da Bacia do Parnaíba (BP), aparece na


2 Bacias Paleozoico - Bahia apenas em uma pequena exposição localiza-

Mesozoicas da no NNW do Estado, próxima à cidade de Baluarte


(Figs.XIV.3, XIV.5). A história dessa bacia é dividida em
Dentre as bacias paleozoicas a mesozoicas se desta- duas etapas temporais: a paleozoica e a mesozoica.
cam os depósitos sedimentares da região de Paulo A (BP) apresenta um forte controle das estruturas do
Afonso e Santa Brígida, a Bacia do Parnaíba (ou do embasamento, estando posicionada entre faixas de
Maranhão), e a Bacia do Urucuia. De maneira geral, a dobramentos, sendo considerada como uma bacia
evolução dessas bacias é ainda muito pouco conheci- intracratônica formada por afundamento (intracon-
da, porém guardam uma íntima relação com as zonas tinental sag basin). Esse afundamento estaria ligado
da depressão Afro-Brasileira e regiões circunvizinhas, com a subsidência litosférica progressiva devido a
sendo consideradas como bacias de subsidência fle- resfriamento crustal que teria acontecido ao final do
xural, dentro de um grande processo tectônico que Ciclo Brasiliano (Cunha 1986, Góes et al. 1990, Góes &
antecedeu a ruptura mesozoica do Pangea. Feijó 1994, Milani & Zalan 1999). Com base em dados
de campo e de mapas de anomalias Bouguer e mag-
néticas, a (BP) aparece estruturalmente dividida em
2.1 Depósitos Sedimentares das Regiões três partes (Milani & Zalan 1999) (Fig.XIV.5): (i) porção
de Paulo Afonso e Santa Brígida sul, mais tipicamente intracratônica, cujas estruturas
são controladas pelo Lineamento Transbrasiliano e
Ocorrem ao longo da borda oeste da Bacia de Tuca- pelo Arco do São Francisco (essa é a porção que in-
no, de modo paralelo às suas formações mesozoicas, teressa ao mapa Geológico do Estado da Bahia) onde
e em porções isoladas do embasamento dessa ba- dominam falhas de cinemática transcorrente; (ii)
cia. Apresentam a mesma idade paleozoica da Bacia porção central, cujas estruturas são principalmente
do Parnaíba e, possivelmente, faziam parte de uma orientadas na direção N-S, com importante presença
mesma bacia àquela época, relacionada à depressão de intrusões basálticas mesozoicas, e (iii) porção nor-
Afro-Brasileira (Fig.XIV.4), tendo, portanto, à luz dos te, mais próxima da costa nordestina, com estruturas
dados atuais, gêneses similares. Também chama a orientadas de modo paralelo ao contorno continental
atenção o paralelismo entre as orientações dos linea- WNW-ESSE e com provável história tectônica mais
mentos estruturais do embasamento cristalino e: (i) a relacionada à abertura do Atlântico Central. Desse
orientação espacial e distribuição geográfica das uni- modo, são considerados três eventos paleozoicos re-
dades sedimentares desses depósitos, e (ii) o contorno lacionados às histórias formacional e evolutiva dessa
de parte do sistema de Bacias Recôncavo-Tucano-Ja- bacia, alternando períodos de subsidência e deposi-
tobá. Esse paralelismo pode indicar que a trama de ção, com outros de soerguimento e erosão (Cunha
estruturas do embasamento exerceu alguma influên- 1986, Góes et al. 1990, Milani & Zalan 1999). No pri-
cia na geometria das depressões que viriam a receber meiro ciclo, do Ordoviciano ao Siluriano, teria ocor-
os sedimentos dessas bacias. rido uma subsidência termomecânica e o início de
formação da bacia com transgressão marinha vinda
de NE; no segundo ciclo, do Devoniano ao Mississipia-
no, teria havido uma subsidência ainda relacionada à
acomodação termomecânica local e processos flexu-
rais com alternâncias de transgressões e regressões

Tectô n i ca d a s Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 259

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rais mais antigos, relacionadas aos campos de tensão
desses eventos.

2.3 Bacia do Urucuia

No Estado da Bahia, a Bacia do São Francisco (BSF), é


representada por pacotes sedimentares de idade me-
sozoica que se alojaram na Bacia do Urucuia. Porém a
história da Bacia do São Francisco mostra uma evolu-
ção muito mais complexa do que se poderia esperar,
começando no Neopaleozoico e evoluindo até o Me-
sozoico; nesse último caso com boa aproximação de
idade com os eventos das bacias do tipo rift.

O Grupo Urucuia (anteriormente considerado como


Formação Urucuia) compõe parte do preenchimento
sedimentar da (BSF), a qual cobre boa parte da por-
Figura XIV.4. - Mapa paleogeológico do Gondwana no início ção oeste do Cráton do São Francisco. Segundo Ghig-
do Cretáceo reconstituindo a conexão marinha que contornou
none (1979) a sedimentação do Urucuia, no Albiano-
o Cráton do São Francisco e juntando a Bacia do Parnaíba com
as de Tucano, Alagoas, Sergipe, Recôncavo, Camamu e as -Aptiano, constituiu parte de uma extensa cobertura
africanas. Notar o paralelismo entre a orientação e localização da plataformal, na qual depósitos fluviais com contribui-
Depressão Afro-Brasileira o contorno atual dos continentes e o
ções eólicas refletem, no interior do continente, uma
limite inferido da quebra da plataforma continental
(linha tracejada). Adaptado de Netto (1978). transgressão que se seguiu à separação do subconti-
AG - Formação Água Grande, AL - Formação Aliança. nente sulamericano e continente africano. Um grande
acervo de informações sobre a Bacia do São Francisco
marinhas, e no terceiro ciclo, do Pensilvaniano ao Tri- e o Grupo Urucuia pode ser encontrado em Pinto &
ássico, predomina sedimentação continental. Martins-Neto (2001) (Capítulo XIII). A evolução tectô-
nica associada ao Grupo Urucuia aparece sintetizada
Em tempos mais recentes aparece a Formação Sa- em Campos (1996), Alkmim & Martins-Neto (2001)
mambaia, composta por arenitos e níveis esparsos de e Martins-Neto & Alkmim (2001), que descrevem a
sílex laminado (Vilas Boas 1996). A história mesozoi- história evolutiva da Bacia do São Francisco desde o
ca da (BP) pode ser vista em Milani & Thomaz Filho Paleoproterozoico até a abertura do Atlântico Sul no
(2000), os quais indicam a existência de dois pulsos de Cretáceo. Essa bacia é descrita como intracratônica,
atividades magmáticas. O primeiro de idade triássico- poli-histórica, composta por bacias sucessoras. No
-jurássica, da Formação Mosquito, é correlacionável caso da Bacia do Urucuia a relação tectônica mais ín-
ao rifteamento do Atlântico Central, e o segundo, da tima é com o colapso do Gondwana, cujo arranjo de
Formação Sardinha, de idade cretácea inferior seria tensões intraplaca causou a formação de uma sinécli-
cronocorrelata à abertura do Atlântico Sul. Desse se que propiciou a sedimentação Urucuia (Chang et
modo, os eventos tectônicos mesozoicos estiveram al. 1992). Do Paleozoico ao Cenozoico, Campos (1996)
ligados aos fenômenos de rifteamento do Atlântico descreve os seguintes estágios tectônicos para a Bacia
e às reativações tectônicas de lineamentos estrutu- do São Francisco (Fig.XIV.6):

260 • G eolog i a da B a hi a

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a b

c d

Figura XIV.5 - (a) Mapa de anomalia Bouguer da região de influência da Bacia do Parnaíba. Cores azuis indicam anomalias negativas
(≤50mGal) e cores vermelhas anomalias positivas (≥50mGal) (Petershon 2009), (b) Mapa de anomalia magnética da região de influência da
Bacia do Parnaíba. Cores azuis indicam anomalias positivas (<30 nT) e cores vermelhas anomalias positivas e negativas (>30nT)( Petershon
2009). (c) Arcabouço geológico simplificado da Bacia do Parnaíba. Linha tracejada indica a localização da seção geológica da figura (d).
Notar o perfeito ajuste entre as estruturas indicadas nos mapas (a) e (b) com as estruturas maiores da bacia (Milani & Zalan 1999).
(d) Secção geológica da Bacia do Parnaíba (modificado de Góes et al. 1990, Góes & Feijó 1994).

a) no Paleozoico a calha sedimentar foi representada de margem atlântica; d) no Albiano-Cenomaniano,


pela depressão entre as cadeias de montanhas da Fai- a extensão anterior passa para compressão E-W que
xa Brasília e a combinação entre a Faixa Araçuaí e o ampliou localmente a subsidência flexural da bacia,
Espinhaço, todas produzidas no Neoproterozoico; b) no sendo nesse estágio gerada a tectônica rasa que alo-
Neopaleozoico/Eomesozoico aconteceram rearranjos jou os depósitos Urucuia, sendo esse evento correla-
isostáticos pós-glaciais com soerguimentos diferen- cionável com a fase pós-rift das bacias atlânticas; e) o
ciais dentro da bacia; c) o período Barremiano-Aptiano, Campaniano-Maastrichtiano, no qual foi desenvolvido
correspondente à principal fase de estiramento crustal sistema transcorrente-transformante da fase pós-rift
E-W, com maior extensão e reativação de estruturas atlântica, com geração local de bacias tipo gráben e
brasilianas, neoproterozoicas na porção sul da bacia, magmatismo; e f) no Terciário, que aparece bem mar-
essa fase é correlacionável aos estágios rift das bacias cado na reativação de estruturas do embasamento, re-

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Figura XIV.6 - Principais estágios tectônicos do Paleozoico ao Terciário registrados na Bacia do São Francisco, em vermelho
(modificado de Campos 1996). Setas Cinzas indicam compressões e extensões associadas à evolução da bacia.
Para maiores detalhes ver o texto.

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Figura XIV.7 - Mapa de anomalia gravimétrica residual na área dos rios Arrojado e Formoso, canto sudoeste do Estado da Bahia.
Notar o arranjo ortogonal dos alinhamentos das anomalias, sendo os orientados NE-SW, mais longos e os NW-SE, mais curtos –
conforme Lopes & Lima (2007).

fletidas nas drenagens retangulares da Sub-bacia do e de sequências vulcanoclásticas associadas; (ii) a


Urucuia, cujo padrão conjugado é indicativo de uma presença de inúmeros depósitos de Pb-Zn e Au, ro-
compressão E-W. Esse forte controle estrutural asso- chas fosfáticas e calcárias, argilas e ardósias; e ainda
ciado ao Grupo Urucuia pode ser visto na figura XIV.7, (iii) o potencial para prospecção de gás natural e de
onde os alinhamentos de anomalias gravimétricas recursos hídricos de superfície e subterrâneos.
Bouguer aparecem muito regulares e em arranjo orto-
gonal, com lineamentos N60o, longos, e N150o, curtos,
obedecendo às orientações principais dos lineamentos Mesozoico
regionais.

Atualmente, diversos fatores têm contribuído para 3 Bacias Mesozoicas


aumentar o interesse na prospecção de recursos
minerais na Bacia do São Francisco como um todo Dentre as bacias mesozoicas se destacam as Bacias do
(Sgarbi et al. 2001, Pinto et al. 2001, Fugita & Clark Fi- Parnaíba, no extremo NNW do estado, no que se refe-
lho 2001): (i) a constatação da presença de diamantes re à Formação Sambaíba; do Urucuia, no W do estado,
encontrados em aluviões recentes, e suas possíveis dentro da Bacia do São Francisco e, principalmente
relações com um magmatismo alcalino-ultramáfico às porções onshore das bacias do tipo rift, localizadas

Tectô n i ca d a s Baci a s Paleozo i ca s e M esozo ica s • 263

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nas proximidades do limite continente-plataforma
continental, no E do Estado. A evolução tectônica li-
gada às duas primeiras bacias já foi discutida no sub
item anterior. Quanto às bacias do tipo rift, um vasto
cabedal de informações aparece na literatura ligada
ao tema, como será visto a seguir.

3.1 Bacias Tipo Rift

As bacias do tipo rift estão concentradas na porção


E da Bahia, nas proximidades da plataforma conti-
nental, sendo que apenas a partir da cidade de Ilhéus
aparecem boas exposições onshore, a começar pela
Bacia do Almada, indo à Bacia de Camamu e ao Siste-
ma de Bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá (SBRTJ) (aqui
denominado de sistema de bacias por se tratarem de
três bacias distintas produzidas em um mesmo even-
to de rifteamento). As bacias mesozoicas estão inti- Figura XIV.8 - Evolução da abertura do Atlântico Sul entre 230Ma
e 98Ma. A quebra final esteve associada com a ruptura do Cráton
mamente relacionadas à quebra do supercontinente
Congo-São Francisco e da Província Borborema (Mizusaki et al.
Pangea e à abertura e propagação de sul para nor- 1998, Mizusaki & Thomaz Filho 2005)
te do oceano Atlântico Sul entre 230Ma e 98Ma (Fig.
XIV.8). Neste intervalo de tempo várias etapas diacrô- tado N30o-40º, com o ramo secundário acompanhan-
nicas podem ser notadas, sendo elas: (i) pré-rift, li- do as estruturas dúcteis do (OISC) e o ramo principal
gada aos eventos que precederam, sem qualquer tipo as estruturas dúcteis desse Cinturão.
de ligação com o rifteamento; (ii) cedo-rift, ligada aos
eventos mais precoces do rifteamento; (iii) sinrift, li- No local de bifurcação do rift se encontra o sistema
gada ao clímax do rifteamento com geração das gran- Falha da Barra, cujos planos de falha na Bacia de Ca-
des falhas nas bacias; (iv) tardi-rift, ligada ao final do mamu se orientam N-S e, aproximadamente no meio
rifteamento, mas ainda dentro do processo como um da Ilha de Itaparica, passam a se orientar E-W. Tra-
todo, e (v) pós-rift, ligada aos eventos já sem relação dicionalmente, atribui-se uma geometria em junção
direta com o rifteamento. O diacronismo da abertura tríplice (com ângulos próximos a 120º entre os três
do sistema rift Atlântico Sul aparece bem detalhado ramos de propagação) para formação de bacias do
em Bueno (2004). tipo rift, com evolução para um sistema de aulacó-
geno/rift abortado. Porém, nesse caso, o ângulo de
Em termo de evolução no Estado da Bahia a propa- separação entre os braços principal e o secundário é
gação do rift cortou o Orógeno Araçuaí (CAPÍTULO de 30º indicando que ambos os ramos de propaga-
X), adentrou o Cráton do São Francisco parasitando ção decidiram acompanhar as diferentes orientações
as estruturas dúcteis N-S do Orógeno Itabuna-Sal- das anisotropias mecânicas presentes no (OISC) e no
vador-Curaçá (OISC) (CAPÍTULO III). O rift dividiu-se Cinturão Salvador-Esplanada. Como será visto mais
aproximadamente nas proximidades da região onde adiante, esse fenômeno pode dever-se mais à interfe-
se encontra a Cidade do Salvador, na confluência en- rência da herança estrutural do embasamento do que
tre o (OISC) e o Cinturão Salvador-Esplanada, orien- a um sistema em junção tríplice.

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3.1.1 Modelos de Formação de Bacias Tipo Rift retamente ligadas à presença de anomalias termais
(e.g. plumas, hotspots) e de zonas de fraqueza e/ou
Diversos modelos de geração de bacias do tipo rift mais finas em ambiente continental.
podem ser vistos na literatura, envolvendo um vasto
arsenal de situações (Fig.XIV.9), entre estas a presen- À luz do conhecimento atual, em termos de quebra
ça de plumas mantélicas, flexuras de placas, colapso de supercontinentes e das bacias do tipo rift baianas,
de orógenos, zonas transtensionais, rollback e bacias dois modelos de geração podem ser destacados: (i) o
de retroarco e impactógenos, com suas respectivas relacionado a um rifteamento ativo, no qual a subida
implicações tectônicas e geomecânicas. No caso das do manto astenosférico precede a extensão, gerando
bacias tipo rift as suas gêneses podem estar mais di- um domeamento litosférico que é seguido por subsi-

a b

c d

e f g

Figura XIV.9 - Causas da gênese e localização dos rifts (adaptado de Van der Pluijm & Marshak, 1997). (a) Rifteamento sobre uma
pluma termal; (b) Rift desenvolvido no arco externo da flexura de uma placa oceânica em uma zona de subducção; (c) Rifteamento devido
ao estiramento de uma litosfera continental contendo uma zona de fraqueza (orógeno antigo); (d) Colapso gravitacional de
litosfera espessada em um orógeno; (e) Bacia pull-apart formada em zona de deflexão de uma falha transcorrente; (f) Extensão
em domínio de retroarco associada a uma zona de convergência e (g) Rifteamento na região de antepaís de um orógeno devido à
colisão de margens continentais irregulares.

Tectô n i ca d a s Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 265

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dência térmica e (ii), o relacionado a um rifteamen- portantes concentrações de hidrocarbonetos nas por-
to passivo, no qual a extensão é anterior à subida do ções offshore (oceânicas) das mesmas, notadamente
manto astenosférico. nas camadas dos sistemas deposicionais do pré-sal.
Porém são diversos os parâmetros físico-químicos
Na geração destas bacias, as descontinuidades hori- que influenciam e, ao mesmo tempo, tornam com-
zontais petrológico/mecânicas da crosta e do manto plexo o entendimento da gênese dessas bacias. Esses
podem exercer um papel importante na geometria parâmetros podem ser notados na dinâmica profun-
final das bacias. Nos processos de extensão litosfé- da de interação Núcleo-Manto da Terra, na estrutura
rica essas superfícies podem ser reaproveitadas por mais antiga da litosfera e até nas descontinuidades
planos de descolamento (décollement) e de desta- crustais mais rasas. São claras as relações que exis-
camento (detachment). Dentre as descontinuidades tem entre essas bacias e: (i) a presença de plumas
podem ser citadas as mais superficiais, que marcam mantélicas e a quebra de supercontinentes; (ii) as
o limite embasamento-cobertura sedimentar, até as estruturas herdadas dos seus embasamentos cristali-
mais profundas que marcam o limite rúptil-dúctil nos e, (iii) as superfícies litosféricas de descolamento
do embasamento, o limite crosta-manto litosférico e e destacamento. Por outro lado, o entendimento da
o limite litosfera-manto astenosférico (Choukroune evolução das bacias do tipo rift necessita do estudo
1995). Em alguns casos é ainda preciso considerar o dos padrões de fraturamento das rochas, da obtenção
limite entre a crosta hidratada e a crosta anidra (re- dos campos de tensão geradores das falhas e fraturas,
lacionada aos fácies anfibolito e granulito) como im- a identificação e separação dos eventos tectônicos re-
portante descontinuidade mecânica. lacionados e, a construção de modelos geodinâmicos
que expliquem suas arquiteturas temporais. Esses tó-
Em termos de mecanismos de extensão litosférica picos serão vistos a seguir e se aplicam com bom grau
associada, as bacias sedimentares podem apresen- de aproximação às bacias tipo rift baianas.
tar três modelos (Fig.XIV.10): o simétrico de McKenzie
(McKenzie 1978), com geração da bacia associada ao
cisalhamento puro; o assimétrico de Wernick (Werni- 3.2 Bacias Tipo Rift, Quebra de
cke 1981, 1985), com geração de bacia ligado ao cisa- Supercontinentes e Anomalias Termais
lhamento simples e o de delaminação de Lister (Lister
et al. 1986, 1989), com geração de bacia associada ao Existe uma íntima relação entre a presença de gran-
cisalhamento simples com fatiamento do manto e da des anomalias termais sub-litosféricas, do tipo super-
porção dúctil da crosta. plumas, e a quebra de supercontinentes e bacias do
tipo rift. É necessário uma grande quantidade de fai-
Todos esses modelos podem ser produzidos de modo xas de afinamento litosférico para iniciar, e manter, a
combinado, apresentando prós, contras e diferenças ruptura de um supercontinente. Uma explicação inte-
importantes em termos de: (i) geometria final da ba- ressante, apesar de amplamente discutida (Anderson
cia, simétrica ou assimétrica; (ii) localização de depo- 2007, Yuen et al. 2007, Foulger 2010) e que cada vez
centros, no meio ou nas laterais da bacia e, (iii) pre- mais ganha reforço, é aquela que mostra uma gran-
sença de magmatismos dentro ou fora da bacia, ou de concentração de zonas de subducção bordejando
ausência de magmatismo. e se instalando sob os supercontinentes. A presença
de slabs litosféricos repousando na zona de transi-
O interesse de se entender a formação e a evolução ção do manto superior e na base do manto inferior
das bacias do tipo rift tem aumentado consideravel- da Terra tem sido constatada por imagens obtidas por
mente nos anos recentes, devido à descoberta de im- tomografia sísmica ultraprofunda, (TSUP) (Fig.XIV.11)

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a

Figura XIV.10 - Principias modelos de extensão litosferica: (a) o simétrico de McKenzie, (b) o assimétrico de Wernicke
e (c) o assimétrico com delaminação de Lister (Kearey et al. 2009).

(Zhao 2004, Maruyama et al. 2007). Nessas imagens, à compressão causada pelas orogenias laterais do
zonas mais e menos rígidas apresentam, respectiva- supercontinente. Neste momento, bacias flexurais,
mente, maiores e menores velocidades das ondas sís- intracratônicas e rifts passivos podem ser produzi-
micas P e S. dos, principalmente em zonas onde a litosfera esti-
ver mais fragilizada (mas não necessariamente onde
Inicialmente, a subducção dos slabs (Fig.XIV.12a) pro- estiver mais afinada). A contínua convergência dos
voca uma extensão litosférica passiva em resposta slabs frios para a descontinuidade D” causa o tampo-

Tectô n i ca d a s Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 267

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Figura XIV.11 - Imagens de tomografia sísmica ultraprofunda- TSUP, mostrando os slabs estagnados na zona de transição e o deposito de
slabs frios no limite Manto-Núcleo (Zhao 2004). Os perfis A-A’ e B-B’ aparecem indicados no mapa do hemisfério norte da Terra, abaixo
da faixa das % em cores, ambos no Mar do Japão (ou da China). Os triângulos pretos correspondem às manifestações vulcânicas e as
trincheiras e os círculos brancos representam os focos de terremotos. As cores azuis correspondem às zonas de alta velocidade e vermelhas
às zonas de baixa velocidade das ondas sísmicas P.

namento térmico e composicional do limite Manto- Entre os principais resultados da presença dessas
-Núcleo da Terra (Fig.XIV.12b). plumas mantélicas estão as Grandes Províncias Íg-
neas (Large Igneous Provinces-LIP), cujas concentra-
Esse “cemitério” (graveyard) de slabs bloqueia e con- ções temporais entre 150-0Ma têm sido reportadas
centra a subida do material aquecido da base do man- por Ernst & Buchan (2001), a exemplo das Províncias
to, fazendo com que, após algum tempo de “digestão”, Magmáticas do Atlântico Central (Central Atlantic
uma quantidade apreciável de material armadilhado Magmatic Province-CAMP, May 1971) e Paraná-Eten-
e superaquecido suba na forma de jorros (as super- deka (Erlank et al. 1984, Bellieni et al. 1984). Essas
plumas quentes) (Fig.XIV.12c). Quando as cabeças de superplumas poderiam ser, portanto, o gatilho da
plumas (plume heads) alcançam a litosfera do super- quebra dos supercontinentes.
continente, os processos de rifteamento ativo se ins-
talam a partir de domeamentos litosféricos, com pos- Como a subida do material aquecido nem sempre
sibilidade de ampla produção de magmas dos tipos é constante, por vezes podem existir diferenças nos
alcalino, carbonatítico, tholeiítico e mesmo riolítico, tempos de chegada das cabeças de pluma na base da
a exemplo do que ocorre hoje no Grande Rift do Leste litosfera. Com isto pode haver modificações de forma,
Africano. de taxas de extensão, de fluxo térmico e de continui-

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dade geométrico-geográfica nas plumas produzidas,
fazendo com que domeamentos-rifteamentos ativos
possam conviver lateralmente com subsidências me-
cânicas-rifteamentos passivos.

A depender do formato das superplumas e das suas


continuidades laterais, os domeamentos litosféricos
relacionados podem acontecer ou não e podem ter
diferentes formatos: mais estreitos com geração de
bacias longas e estreitas, ou mais circulares com ge-
ração de bacias relacionadas a junções tríplices. Essa
evolução pode ser ainda fortemente influenciada pela
estruturação pré-existente na litosfera, cuja expressão
na crosta é denominada de herança do embasamento.

Uma visão geral, com a reconstituição paleogeográ-


fica do Gondwana, e os posicionamentos de impor-
tantes anomalias termais (hot spots), há 140Ma atrás
pode ser vista na figura XIV.13 (Souza-Lima & Hamsi
Júnior 2003). Nesta figura aparecem destacados os
pontos quentes de Fernando de Noronha, Ascensão,
Santa Helena, Tristão da Cunha, Gough e Bouvet, as
Figura XIV.12 - (a), (b) e (c) Estágios da evolução da quebra de um áreas cratônicas, as faixas móveis marginais, os crá-
supercontinente a partir da concentração de slabs na interface tons e as sinéclises paleozoicas.
Manto/Núcleo e geração de superplumas
(modificado de Zhao 2004, Maruyama et al. 2007).

4 Evolução Tectônica da
Borda Atlântica da Bahia
Outro forte elemento controlador da formação das
bacias tipo rift seriam as estruturas herdadas do em-
basamento cristalino. Essa influência pode ser me-
lhor entendida quando a história evolutiva da mar-
gem atlântica do Estado da Bahia for contada (Fig.
XIV.14). Do Paleoproterozoico ao Mesoproterozoico,
Neoproterozoico e Fanerozoico, a evolução tectôni-

Figura XIV.13 - Reconstituição paleogeográfica do Gondwana há


140Ma com a localização dos hot spots (estrelas vermelhas) em
relação às áreas cratônicas, faixas moveis e sinéclises paleozoicas
(Souza-Lima & Hamsi Júnior 2003).

Tectô n i ca d a s Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 269

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ca dos grandes domínios geológicos é “coalhada” de que vários dos blocos colados participaram de pro-
exemplos de formação e reaproveitamento de estru- cessos de subducção de slabs (CAPÍTULO III).
turas dúcteis e rúpteis, planares e lineares.
A fase tectônica seguinte foi marcada por eventos
Os principais litotipos do embasamento cristalino das extensionais relacionados ao colapso do (OISC) en-
bacias tipo rift emersas são os conjuntos granulíticos tre 2,06 e 2,04Ga (Fig.XIV.14c). Nesta fase houve a
do Orógeno Paleoproterozoico Itabuna-Salvador-Cu- inversão de orientação dos tensores máximo e míni-
raçá (OISC) e gnaisse-migmatitos do Cinturão Salva- mo em relação à fase anterior, com formação local
dor-Esplanada (CSE), ambos do Paleoproterozoico, de foliações sub-horizontais extensionais e presença
e do Bloco Serrinha (BS) (Barbosa & Dominguez, de magmatismo monzo-sienogranítico em zonas de
1996) pertencentes ao Cráton do São Francisco (CSF) abertura. Uma síntese do modelo estrutural 3-D des-
(Almeida, 1977) (CAPÍTULO III). A forte estruturação sa sucessão de fases deformacionais pode ser visto na
desses terrenos se deve à sua complexa e diacrônica figura XIV.15.
evolução tectônica polifásica (Gomes et al. 1991, Lou-
reiro 1991, Padilha & Mello 1991, Padilha 1992, Sabaté O resultado final dessa evolução tectônica ficou re-
1996, Barbosa & Sabaté 2004). gistrado na trama tectônica pervasiva com planos de
foliação/bandamento orientados N-S e com mergu-
Apesar de, não raramente, esses terrenos apresenta- lhos subverticais e lineações de estiramento mineral
rem protólitos de idades arqueanas, a estruturação strike-slip. Toda essa deformação aconteceu em ní-
regional foi principalmente modelada no Paleopro- veis crustais compatíveis com os fácies granulito a
terozoico, por volta de 2,1Ga com um forte encurta- anfibolito (CAPÍTULO III).
mento crustal, colisão e colagem de vários blocos
tectônicos (Fig.XIV.14a) (CAPÍTULO III). O tensor má- Após um longo tempo de quiescência tectônica, no li-
ximo (σ1) do far-field dessa fase esteve orientado or- mite Mesoproterozoico-Neoproterozoico, a área hoje
togonalmente às estruturas geradas, resultando em compreendida pelo litoral baiano, foi afetada por um
rampas reversas frontais e foliações sub-horizontais amplo domeamento litosférico de formato elíptico
com lineações de estiramento mineral dip-slip. Hoje a (Fig.XIV.14d) com eixo maior orientado N-S ligado ao
orientação desse (σ1) regional corresponderia a E-W. enxame radial de diques tholeiíticos Brasil-África de
idades próximas a 1,0Ga (Renné et al. 1990, Corrêa-
A progressão do encurtamento crustal conduziu a -Gomes & Oliveira 2000, Chaves & Neves 2005) (CAPÍ-
um transporte tectônico marcado por rampas laterais TULO XII). Cinco sub-enxames de diques se destacam,
predominantemente sinistrais entre 2,08Ga e 2,05Ga, estando três deles hoje localizados na África: Ebolowa
cujo (σ1) regional esteve orientado diagonalmente às (Camarões), e Sembé-Ouesso e Comba (Congo) e dois
estruturas geradas, nesse caso foliações subverticais no Brasil, Ilhéus-Olivença e Salvador (Corrêa-Gomes
com lineações de estiramento mineral strike-slip (Fig. & Oliveira 2000) (CAPÍTULO XII). A distribuição radial
XIV.14b). A evolução dessa fase transpressiva levou à desses filões associada aos marcadores macroscópi-
formação de zonas de cisalhamento sinistrais menos cos de fluxo indicou que a fonte estaria localizada na
penetrativas e mais espaçadas. Hoje a orientação do África. A Formação La Bikoussi, base da Bacia Mayom-
(σ1) dessa fase corresponderia a WNW-ESE. O arran- biana, composta por membros máfico-ultramáficos
jo final dessas duas fases compressivas foi o de uma com assinatura geoquímica do tipo MORB, seria uma
megaflor positiva. Em ambas as fases, o magmatismo forte candidata. Posteriormente, Chaves & Correia Ne-
calcialcalino dominou o cenário, reforçando a ideia de ves (2005) ampliaram a área de abrangência dos en-

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xames brasileiros mais a sul do Cráton do São Francis- colapso do orógeno (Fig.XIV.14f). A (ZCIP) possui geo-
co, mostrando que a pluma mantélica que deu origem metria assimétrica com planos de falha mergulhando
a esses enxames foi maior ainda do que se imaginava predominantemente para SW, enquanto que a (ZCIIC)
anteriormente. Chama a atenção o paralelismo entre apresenta uma geometria mais complexa, que evo-
o eixo maior N-S do domeamento elíptico relacionado lui de assimétrica, nas proximidades da (ZCIP), para
à colocação do megaenxame de diques tholeiíticos e simétrica, com mergulhos convergentes para o cen-
as orientações: (i) das estruturas dúcteis dos litotipos tro do tipo flor em porções mais intracratônicas. Ao
do embasamento cristalino; (ii) do eixo longitudinal do menos três fases tectônicas podem ser distinguidas
(SBRTJ), e (iii) o eixo longitudinal das Bacias Mayom- nessas zonas de cisalhamento, a julgar pelo mag-
biana e Oeste Congolesa, ambas na África. matismo associado (Correa-Gomes 2000): a primeira
transextensiva, a segunda transpressiva e a terceira
No Neoproterozoico, a história nas proximidades do transextensiva com tensores máximos principais do
limite sul do (CSF), no Estado da Bahia, tem como far-field alternando localmente entre as orientações
principal evento a colisão do Orógeno Araçuaí (OA) N-S e E-W. A (ZCIP) e a (ZCIIC), na fase compressiva,
(Almeida et al. 1978) com esse cráton, entre 620Ma apresentavam uma geometria em flor positiva e pas-
e 550Ma (Pedrosa-Soares et al. 1998, 2001, Corrêa- saram a ter geometria em flor negativa na fase exten-
-Gomes & Oliveira 2002, Alkmim 2004, Corrêa-Go- siva. Na extremidade NE da (ZCIIC) iria instalar-se no
mes et al. 2005c, Alkmim et al. 2006, Cruz & Alkmim Mesozoico a Bacia do Almada. Na parte norte do Es-
2006) (CAPÍTULO X). Essa colisão foi responsável pela tado da Bahia no período de tempo entre 0,7 e 0,5Ga, a
obliteração parcial das estruturas da parte sul do do- partir de uma margem continental passiva, se desen-
meamento litosférico meso-neoproterozoico criando volveu a Faixa de Dobramento Sergipana (FSE), com
um contraste interessante: a norte do (OA) os diques transporte tectônico de NNE para SSW resultando em
máficos não apresentam deformação penetrativa e, forte orientação N120o nos pacotes sedimentares des-
dentro do (OA), eles são encontrados foliados e meta- se orógeno. Nas proximidades da região limite entre
morfisados no fácies anfibolito. De um ponto de vista o (FSE) e o (CSF) aparecem as Falhas de Jeremoabo e
mais amplo, a colisão do orógeno com o cráton re- de Caritá relacionadas à tectônica de construção da
sultou na materialização de vários aulacógenos, com Bacia de Tucano.
propagação no formato de “crista de galo”, entre eles
o do Paramirim e Pirapora, no Brasil, e de Sangha, na No Mesozoico, a abertura de sul para norte do Atlânti-
África (Alkmim et al. 2007). Em nível de especulação, co Sul teve como consequência a formação de inúme-
é possível também que essa colisão tenha fragiliza- ras bacias do tipo rift (Asmus & Porto 1972, 1980, As-
do-afinado o limite atual entre o subcontinente su- mus & Ponte 1973, Souza-Lima & Hamsi Junior 2003,
lamericano e o continente africano, preparando esse Bueno 2004) (CAPÍTULO XIII). A formação do limite
limite para a ruptura mesozoica do Atlântico Sul. Essa atlântico brasileiro foi fortemente influenciada pela
colisão ter-se-ia iniciado com uma forte compressão posição relativa de estruturas dúcteis e rúpteis herda-
de sul para norte com rampas frontais do (OA) sobre das do embasamento cristalino durante a ruptura do
o (CSF) (Fig.XIV.14e) cujo impacto teria resultado em supercontinente Pangea e a formação da porção sul
uma foliação com orientação local entre N90o e N120o do oceano Atlântico (Figs.XIV.14g, h). Essas estrutu-
e na formação intracratônica de duas zonas de cisa- ras herdadas e reativadas foram acompanhadas por
lhamento rúpteis conjugadas: a de Itapebi-Potiraguá outras estruturas rúpteis neoformadas das mais va-
(ZCIP), orientada N140o e a de Itabuna-Itaju do Colô- riadas dimensões, que combinadas formataram as ar-
nia (ZCIIC), orientada N45o. Após o pico compressivo, quiteturas externa e interna das bacias sedimentares
o (OA) evoluiu para uma fase extensional ligada ao costeiras do tipo rift de sul para norte em, pelo menos,

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Figura XIV.14 - Sequência evolutiva tectônica para a área de influência das bacias do tipo rift baianas, de a até h, do Paleoproterozoico
ao Mesozoico. OISC= Orógeno Itabuna-Salavador-Curaçá, CSE= Cinturão Salvador-Esplanada, OA=Orógeno Araçuaí, FSE= Faixa de
Dobramento Sergipana, ZCIP= Zona de Cisalhamento Itapebi-Potiraguá, ZCIIC= Zona de Cisalhamento de Itabuna-Itaju do Colônia,
SBRTJ= Sistemas de Bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá. Setas pretas indicamcompressões, setas brancas indicam estensões.
Ver o texto para maiores detalhes.

dois macroestágios: o rifteamento propriamente dito 5 Herança Estrutural do


(220 a 98Ma) e a deriva continental (98Ma ao recen-
te). O rifteamento se desenvolveu diacronicamente
Embasamento nas Bacias
em três estágios (Bueno 2004), causando a abertura Tipo Rift
da bacia Atlântico Sul: inicialmente a sul (entre 220
e 140Ma), no norte (entre 140 e 110Ma) e finalmente A estrutura profunda da litosfera exerce forte influên-
no centro (entre 113 e 98Ma). Pelo menos duas fases cia nas trajetórias de propagação das bacias do tipo
tectônicas teriam acontecido durante o rifteamento rift. Vários autores têm sugerido que as estruturas do
(Magnavita , 1992, Magnavita et al. 2005), a mais pre- embasamento controlam significativamente a trama
coce com extensão regional orientada E-W seguida de de falhas de bacias tipo rift, sejam elas rasas ou pro-
NW-SE, na fase mais evoluída do rifteamento. fundas (e.g. McConnell 1972, Dunbar & Sawyer 1988,

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(a) (c)

(b) (d)

Figura XIV.15 - Esquema tridimensional e fotografias de campo mostrando as relações espaciais dip-slip (a e b) e strike-slip (c e d) entre
as foliações principais (SP) e as lineações minerais (LX), das estruturas impressas pelas fases tectônicas que afetaram o Orógeno Itabuna-
Salvador-Curaçá. Notar em (b) as fraturas ortogonais às (LX). No esquema 3-D aparece a indicação da orientação das superfícies e lineações
mineral, em rede estereográfica igual-área, Schmidt-Lambert, no hemisfério inferior. As setas nos grandes círculos indicam a cinemática de
cada fase, ou subfase, tectônica (modificado de Corrêa-Gomes et al. 2005a, 2011).

Versfelt & Rosendahl 1989, Ring 1994, Delvaux et al. Valeriano et al. 2004, Corrêa-Gomes et al. 2005a, b,
1999, Modisi 2000, Modisi et al. 2000, McKenzie et al. Kosin 2009, Ferreira et al. 2009, Silva 2009, Corrêa-
2004). Outros autores consideram que esse controle -Gomes et al. 2011) que destacaram, entre outros as-
é menos importante e restrito a situações mais loca- pectos, o paralelismo entre as falhas de borda das
lizadas (Atekwana 1996, Versfelt & Rosendahl 1989, bacias e as orientações das foliações dos metamorfi-
Morley 1999, a,b). tos e lineações minerais do embasamento proximal.
Essa influência pode ser notada nas escalas regional
No caso das bacias do tipo rift baianas, a importân- e local.
cia de estruturas antigas nas suas construções e evo-
luções tem sido mencionada e discutida há algum Como reforço ao que foi anteriormente comentado,
tempo por vários autores (e.g. Milani & Davison 1988, em termos de análise em escala regional, Rodar-
Magnavita 1993, Rodarte & Coutinho 1999, Corrêa- te & Coutinho (1999) (Fig.XIV.16) mostram que, de
-Gomes 2000, Destro 2002, Destro et al. 2003a, b, Salvador até as proximidades da fronteira entre os

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Figura XIV.16 - Principais lineamentos estruturais continentais
e da plataforma continental, das principais bacias sedimentares
do tipo rift, de Salvador até as proximidades do limite entre os
estados da Bahia e Espírito Santo, com destaque para os limites
continente/oceano e crostas continental (CC) e oceânica (CO).
ZCIIC e ZCIP= Zonas de Cisalhamento de Itabuna-Itaju do Colônia
e de Itapebi-Potiraguá, AL=Alto estrutural de Itacaré, AO = Alto
estrutural de Olivença, RO= Alto estrutural de Royal Charlotte.
Percebe-se que diversas estruturas continentais se prolongam
dentro da plataforma, modelando as bacias, e que as ZCIIC e
ZCIP controlam, respectivamente, as Bacias do Almada e de
Cumuruxatiba (extraído de Rodarte & Coutinho, 1999)
(CAPÍTULO XVIII).

estados da Bahia e do Espírito Santo, diversos linea-


mentos continentais se propagam oceano adentro e
influenciam de modo decisivo a orientação estrutural
de bacias mesozoicas offshore (CAPÍTULO XV, XVIII).
Dentre esses lineamentos estão as Zonas de Cisalha-
mento Rúptil de Itabuna-Itaju do Colônia, orientada
N45o, e de Itapebi-Potiraguá, orientada entre N120o e
N140o. Outros trabalhos sobre o tema aparecem em Figura XIV.17 - Relações entre as falhas de borda e o controle
estrutural do embasamento para o Sistema de Bacias Recôncavo-
Magnavita (1992, 1993) que classificam as falhas de
Tucano-Jatobá (adaptado de Magnavita 1992, Destro 2002).
borda do (SBRTJ) como fortemente, fracamente e não BF- Borda fortemente controlada pelo embasamento; Bf – Borda
controladas pela herança estrutural do embasamen- fracamente controlada pelo embasamento; BN - Borda não
controlada pelo embasamento.
to (Fig.XIV.17). Essa classificação é feita em função do
paralelismo entre as falhas e os trends das estruturas
regionais. Como será visto mais adiante, não somente Fazendo uma maior aproximação das relações estru-
as falhas de borda, mas praticamente todo o contorno turais entre as bacias e o embasamento proximal das
de contato bacias/embasamento apresenta forte con- mesmas, podem ser destacados dois tipos de herança
trole estrutural do embasamento, seja ele mais su- estrutural do embasamento, o rúptil e o dúctil. Trata-
perficial ou mais profundo (Corrêa-Gomes et al. 2011). -se de estruturas planares, na forma de foliações,

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bandamentos metamórficos e falhas pretéritas re- N45o, para se instalar. Corrêa-Gomes (2004, 2007) e
ativadas, ou lineares, na forma de lineações de esti- Corrêa-Gomes et al. (2005a, 2011) mediram 7.194 pla-
ramento/crescimento mineral ou estrias de desliza- nos de falhas localizadas na área de influência dessa
mento e degraus em planos de falhas. bacia, sendo 6.465 planos no embasamento proximal
e 729 planos na Bacia do Almada (Fig.XIV.18), e con-
Na herança rúptil, o mais notável caso é o da Bacia cluíram que, apesar da presença de inúmeras falhas
do Almada (BA), orientada N45o, localizada a norte orientadas N00o, paralelas à foliação principal do em-
da cidade de Ilhéus que, claramente, se aproveita dos basamento, os planos rúpteis da ZCIIC, dispostos nas
lineamentos estruturais da Zona de Cisalhamento de direções N45o, N90o e N120o, foram mais importantes
Itabuna-Itaju do Colônia (ZCIIC), também orientada no controle estrutural da BA.

Figura XIV. 18 - Plotagem dos planos de falhas e fraturas – como grandes círculos e em campos de isodensidade de frequência em rede
estereográfica igual-área, hemisfério inferior, e em rosáceas de direções, intervalos de 10o . Os dados são para o embasamentos distal
(incluído (a) e retirando (b) os lineamentos orientados N40o-50o). (c) Embasamento proximal e pacotes sedimentares da Bacia do Almada
(Corrêa-Gomes et al. 2005a).

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Como anteriormente comentado, a estrutura em flor mento, orientados N00o, foi consideravelmente maior.
negativa da fase final transextensiva dextral neopro- Corrêa-Gomes et al. (2011) compararam 12.421 planos
terozoica-fanerozoica da (ZCIIC) (Corrêa-Gomes 2000) de falhas, 2.530 lineamentos estruturais extraídos de
foi claramente reaproveitada para a instalação da BA imagens de Modelo Digital de Terreno (MDT), 538 li-
(Fig.XIV.19). neações minerais e 201 foliações principais de rochas
do embasamento proximal da (BC), correspondente
Duas fases extensionais foram identificadas na Bacia aos marcantes traços estruturais das zonas de cisa-
do Almada (Corrêa-Gomes et al. 2005a) (Fig.XIV.20): lhamento que modelam o Orógeno Itabuna-Salvador-
(i) uma primeira, caracterizada como gravitacional, -Curaçá (Fig.XIV.21). Pode-se notar que três direções
com (σ1) vertical e (σ3) (direção de extensão) horizon- principais se destacam para os lineamentos estruturais
tais em três direções a 60º entre si e com magnitudes extraídos do (MDT) N-S, N40o-50º e N120o-130º, todos
próximas entre os (σ2) e (σ3), indicativa de extensões eles relacionáveis a importantes estruturas regionais.
do tipo ortorrômbico ou radial (Fig.XIV.20a), e (ii) uma Quando se observam os comprimentos desses linea-
segunda, caracterizada como transextensiva, com (σ1) mentos nota-se que há uma pequena queda na roseta
horizontal, e extensões (σ3) horizontais paralelas e or- correspondente aos lineamentos próximos a N40o-50º,
togonais ao comprimento maior da Bacia do Almada o que indica que os mesmos devem possuir traços me-
(Fig.XIV.20b). nores que os das outras concentrações direcionais.

No caso das Bacias de Camamu (BC) e do Recôncavo Para as estruturas dúcteis (SP e LX) (Fig.XIV.22) uma
(BR), cujos limites oeste são orientados N00o, a in- notável concentração direcional pode ser observada
fluência das estruturas dúcteis, na forma da foliação próxima a NNE-SSW, sendo que para as (SP) os mer-
principal (SP) e lineação mineral (LX), do embasa- gulhos subverticais são quase igualmente distribuídos

Figura XIV.19 - (a) Estrutura 3-D das


Zonas de Cisalhamento de Itabuna-Itaju
do Colônia (ZCIIC) e Itapebi-Potiraguá,
ZCPI, com base na interpretação de
6.307 planos de falhas e fraturas com
orientações próximas a N45o e N140o. As
inclinações dos flancos estão exageradas
para uma melhor visualização (Corrêa-
Gomes 2000). (b) Perfis dos blocos
estudados com indicação dos planos
rúpteis principais (linhas contínuas) e
secundários (linhas tracejadas). Notar a
progressiva torção dos flancos esquerdo
e central da ZCIIC conforme se afasta, de
SW para NE, da interface (OISC/CSF). O
Bloco IIC-3 mostra a estrutura em flor
negativa da fase transextensiva da ZCIIC
que foi reaproveitada na instalação da
Bacia do Almada.

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Figura XIV.20 - Orientações das extensões (σ3) (setas brancas maiores) nas duas fases extensionais. (a) Fase normal e (b) fase transcorrente,
da Bacia do Almada (verde). (Corrêa-Gomes et al. 2005a). As setas pretas representam as projeções horizontais dos tensores máximos
principais (σ1) assim como as brancas indicam o mesmo para os tensores mínimos principais (σ3).

para E e W, com uma pequena concentração sub-hori- verticais para suborizontais. O mesmo tipo de influ-
zontal; para as LX as orientações direcionais são para- ência pode ser notado para a parte sul da borda W do
lelas às (SP) com caimentos predominantes para NNE. Sistema de Bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá.

As principais conclusões tiradas dessa análise foram Também foi sugerida uma sequência temporal de
(Corrêa-Gomes et al. 2005a, Corrêa-Gomes et al. 2011): eventos para explicar a geração de diferentes siste-
mas de falhas pré- e sin-formação da Bacia de Cama-
(i) existe um notável paralelismo entre as estruturas mu (Fig.XIV.24):
planares dúcteis e rúpteis;
(1) para ter havido a exposição de litotipos da fácies
(ii) três tipos de padrões de fraturamento foram ob- granulito, uma camada de crosta de 20-30km deve
servados no embasamento, todos controlados pela ter sido removida; essa remoção pode ter ocorrido
trama/fábrica mineral das rochas, ortorrômbico, mo- lentamente e/ou ter sido acelerada pela presença de
noclínico e triclínico (Fig.XIV.23); anomalias termais, implicando um considerável re-
laxamento litosférico, cujo efeito sobre as rochas foi
(iii) não somente as foliações principais, principal- o de expandir descontinuidades mecânicas pré-exis-
mente as subverticais, mas também as lineações mi- tentes impressas nas tramas minerais dúcteis e nos
nerais, principalmente suborizontais, exerceram im- sistemas antigos de falhas,
portante papel na estruturação da bacia, e
(2 e 3) com (σ1) vertical, durante os eventos tectônicos
(iv) no concernente às lineações minerais, a sua im- cedo- a sinrifteamento, aconteceram duas fases de
portância no controle estrutural da bacia aumenta extensão ortorrômbica 3-D, com magnitudes de σ2≅σ3;
principalmente quando as foliações passam de sub- a primeira incentivando a produção e/ou reaprovei-

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Figura XIV. 21 - (a) Lineamentos estruturais extraidos de mapa de modelo digital de terreno para a Bacia de Camamu, com diagramas de
rosetas de frenquência de direção (A) e comprimento acumulados por direção (B); (b) Mapa com a plotagem de 12.421 planos de falhas
da Bacia de Camamu, com diagramas de rosetas de direção (A) e de mergulho (B) e de isodensidade polar (C), hemisfério inferior, rede
estereográfica igual-área Schmidt-Lambert (Silva 2009, Corrêa-Gomes et al. 2011).

tamento de falhas, com cinemáticas normais pre- orientação do campo de tensão regional, com exten-
dominantemente, N-S e E-W e a segunda NNE-SSW sões regionais (σ3) acontecendo segundo orientações
e ESE-WNW – respectivamente paralelas a subpa- NW-SE, reativando falhas WNW-ESE, e NE-SW, reati-
ralelas e perpendiculares a subperpendiculares ao vando falhas NNE-SSW.
comprimento maior da (BC), com reativação-forma-
ção de falhas normais ortogonais às respectivas ex- As principais famílias de falhas do embasamen-
tensões, e to e das bordas da Bacia de Camamu são paralelas
a subparalelas à foliação principal (SP), subvertical
(4 e 5) com (σ1) horizontal, durante as fases mais do embasamento, N00°, e diagonais a esta, N45o e
avançadas de rifteamento, houve uma mudança na N120°. O fato de os mergulhos da (SP) serem subver-

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Figura XIV.22- (a) Bacia de Camamu com diagramas em rosetas para 201 planos de foliação principal (SP), obtidos no seu embasamento
proximal sendo (A) rosetas de orientação de strikes dos planos; (B) rosetas de sentido de mergulho dos planos e (C) diagramas de
isodensidade de frequência de pólos, em rede estereográfica igual-área hemisfério inferior, Schmidt-Lambert. (b) Diagramas em rosetas
para 538 lineações de estiramento mineral obtidas no campo no embasamento proximal da Bacia de Camamu. (A) rosetas de orientação
de strikes das lineações; (B) rosetas de sentido de caimento das linhas e (C) diagramas de isodensidade de frequência de linhas em rede
estereográfica igual-área hemisfério inferior, Schmidt-Lambert (Corrêa-Gomes et al. 2011).

ticais, tanto para E quanto para W, deve ter facilitado Quanto às tramas de fraturamento foram observadas:
a abertura da Bacia de Camamu. Uma combinação (i) a monoclínica e a triclínica, a mais frequente, que
entre a presença de falhas antigas, das orientações aparecem onde as relações entre superfícies S-C são
das extensões regionais E-W, NW-SE e NE-SW, e das menos estreitadas ou houve sobreposição de fases
tramas minerais do embasamento, deve ter facilita- de deformação, e (ii) a ortorrômbica que aparece em
do a geração de falhas N00o, N30o, N90o e N120o. Não zonas de cisalhamento de deformação muito intensa
somente as (SP) mas também as (LX) (principalmen- onde as (SP) e as (LX) tendem a se tornar paralelas.
te quando as (SP) são suborizontais) tiveram papel Foram geradas tanto estruturas planares paralelas,
importante na geração das falhas de borda da (BC). quanto ortogonais às (SP) e (LX).

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a d

b e

c f

Figura XIV.23 - (a), (b) e (c) Afloramentos da borda da Bacia de Camamu com tramas de simetria mineral (pseudo)ortorrômbica,
monoclínica e triclínicas, suas correspondentes tramas de simetria de fraturamento reais e os modelos idealizados 3-D de blocos fraturados
(d), (e) e (f). Nas fotografias e nos blocos idealizados, notar as relações espaciais entre as foliações principais – (SP) (representadas
no campo pelas superfícies C), as lineações de estiramento mineral - (LX) (indicadas pelas setas) e as famílias de falhas e fraturas
produzidas. As tramas de fraturamento tendem a acompanhar (SP) quando a mesma for vertical e as (LX) quando as (SP) são
horizontais(Corrêa-Gomes et al. 2011).

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Figura XIV.24- Blocos-diagramas esquemáticos da evolução tectônica da área de influência da Bacia de Camamu,
com a orientação dos tensores principais e das principais estruturas produzidas no embasamento em eventos pré-rifteamento
e na geração da (BC) (Corrêa-Gomes et al. 2011).

a b

Figura XIV. 25 - (a) Configuração geométrica dos principais domínios geológicos e embasamentos cristalinos das bacias tipo rift (modificado de
Destro, 2002). (b) Síntese das orientações dos principais lineamentos estruturais dúcteis e rúpteis do embasamento cristalino, e suas relações
geométricas com as bacias do tipo rift emersas do Estado da Bahia, destacadas em verde (modificado de Corrêa-Gomes, 2007).

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Assim, na borda oeste da Bacia de Camamu, não so- Vários tipos de influência podem ser associados aos
mente os campos remotos de tensão mas também as padrões positivos ou negativos de relevo em bacias
fábricas dúcteis planares e lineares, e rúpteis antigas sedimentares (Fig.XIV.27). Eles vão desde os mais
das rochas do embasamento cristalino adjacente, con- simples, ligados à composição e grau de endureci-
trolaram de forma marcante a formação e a evolução mento dos litotipos, coesão interna das rochas e peso
tridimensional das falhas/fraturas durante a extensão da coluna sedimentar, tais como:
relacionada ao rifteamento continental que originou a
bacia em foco e as bacias de similar gênese. (i) erosão diferencial físico-química de litotipos (Fig.
XIV.27a). Litotipos com diferentes tipos de minerais e/
Todas as informações anteriores, somadas com a ob- ou estágios de litificação podem resultar em relevos
servação dos mapas geológicos das áreas de abran- diferentes, como no caso dos relevos positivos asso-
gência das bacias do tipo rift baianas e correlatas, ciados a arenitos quartzosos puros e mais intensa-
permitem constatar as claras influências (Fig.XIV.25): mente litificados, que são mais resistentes ao intem-
(i) do lineamento Pernambuco, contato sul da Pro- perismo e à erosão quando comparados com arenitos
víncia Borborema, orientado E-W, na construção da com matriz argilosa e a litotipos pelíticos em geral,
Bacia do Jatobá; (ii) da Faixa Sergipana, N130o, na que tendem a estar relacionados a relevos mais des-
orientação da Falha de Caritá e da região do Alto do gastados por serem menos resistentes à atuação dos
Vaza-Barris; (iii) dos lineamentos estruturais N-S do agentes erosivos em geral;
Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, na orientação
das Bacias de Tucano e Camamu, e N300 do Cinturão (ii) “ressalto elástico” de falhas (elastic rebound) (Fig.
Salvador-Esplanada, na orientação da Bacia do Re- XIV.27b). Quando uma falha é nucleada ocorre, em
côncavo, incluídas aí as clássicas Falhas de Salvador um determinado momento, uma grande concentra-
e do Iguatemi, que afetam o embasamento da capital ção de tensão local. Essa concentração de tensão irá
baiana; (iv) da Zona de Cisalhamento de Itabuna-Itaju atuar contra a coesão interna do material tensiona-
do Colônia orientada em, N45o, na orientação da Bacia do. Quando a coesão interna é vencida a liberação da
do Almada, e (v) dos lineamentos estruturais relacio- tensão define o plano da falha e impõe uma resposta
nados ao Orógeno Araçuaí e à Zona de Cisalhamento elástica que recebe o nome de “ressalto elástico”. No
de Itapebi-Potiraguá, N120o-140º, na orientação das caso das falhas normais, este ressalto faz o bloco do
Bacias do Jequitinhonha e de Cumuruxatiba. piso subir e se empinar em relação ao bloco do muro,
resultando em relevos positivos de um lado e negati-
vos do outro lado da falha;

6 Relevo Associado às (iii) afundamento da bacia pela carga de sedimentos

Bacias Tipo Rift (Fig.XIV.27c). Com o avanço da extensão da bacia, au-


menta a quantidade de sedimentos depositados no
Um aspecto importante, e pouco conhecido, no en- seu interior, resultando em uma subsidência flexural
tendimento geodinâmico de bacias tipo rift, é o do re- devido ao peso dos pacotes sedimentares deposita-
levo associado. Localmente, o relevo pode variar nas dos, que tende a afundar mais nas porções onde os
bacias e no embasamento cristalino proximal. Isto pacotes são mais espessos e/ou mais pesados;
pode ser observado claramente nos Modelos Digitais
de Terreno (MDT) mostrando as variações topográfi- (iv) relevo sustentado por bandas de deformação
cas do Sistema de Bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá (shear bands). Durante a deformação de partes da
(Fig.XIV.26). bacia, localmente podem ser formadas bandas de de-

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Figigura XIV.26 - (a) Modelo Digital
de Terreno (MDT). (b) Lineamentos
estruturais rúpteis do (SBRTJ) Sistema
de Bacias do Recôncavo-Tucano-Jatobá.
Notar em (a), a partir da cidade de
Salvador, o alinhamento N-S do relevo
do (SBRTJ) até a Bacia de Jatobá,
em Pernambuco, quando passa a se
orientar ENE-WSW, e que a porção sul
deste sistema de bacias apresenta um
relevo mais arrasado do que a porção
norte (notadamente nas Bacias de
Tucano e Jatobá).

formação com preenchimento de soluções ricas em mento crustal em bacias sedimentares, em decorrên-
sílica que sustentam o relevo (Fig.XIV.28). cia do aumento local do gradiente geotérmico (Fig.
XIV.27d) ou modelo de Lister et al. (1989). Nas situa-
Os três primeiros tipos de influência (i, ii e iii) têm ca- ções de bacias formadas tanto por cisalhamento puro
racterísticas crustais mais rasas e podem acabar se quanto por cisalhamento simples o afinamento crus-
associando entre si, quando a erosão dos blocos fa- tal pode estar ligado a superfícies de descolamento/
lhados acontece. Já os mais complexos envolvem a li- destacamento que afinam a crosta e facilitam a fusão
tosfera, o manto astenosférico e interações de placas parcial localizada, que pode conduzir a uma estoca-
tectônicas, com afinamento litosférico, estocagem de gem de magma (underplating) que induz a subida da
magma e um complexo jogo de distribuição de ten- crosta por empuxo.
sões, como nos casos:
(vi) descolamento do limite crosta-litosfera induzido
(v) da delaminação por fatiamento litosférico com por convecção do manto astenosférico (Fig.XIV.27e),
aquecimento e soerguimento relacionado ao afina- ou modelo de Edge Driven Convection de King & An-

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a b

c d

e f

Figura XIV.27 - Alguns dos fatores de influência na formação de relevos em bacias sedimentares (e mesmo em outros ambientes
tectônicos). (a) Erosão diferencial de pacotes sedimentares, (b) Ressalto elástico ligado à liberação de energia em blocos de falha. (c) Carga
de sedimentos e subsidência flexural, seta para baixo. (d) Soerguimento termal ligado a um aumento no fluxo térmico sublitosférico, seta
para cima, e underplating, (e) Descolamento crosta-manto devido à convecção astenosférica, com estocagem de magma. (f) Distribuição de
tensão intraplaca, com geração de zonas locais elevadas ou afundadas (maiores detalhes ver no texto).

derson (1998). Nas margens continentais existe uma ser acompanhado por magmatismo; posteriormente,
brutal diferença de espessura entre a litosfera con- com o arrefecimento termal a bacia pode passar por
tinental (mais espessa) e a litosfera oceânica (mais uma subsidência térmica e localmente afundar.
fina) nas proximidades da plataforma continental. As
correntes de convecção do manto astenosférico po- (vii) da distribuição de tensões intraplacas relacio-
dem causar o descolamento de parte da litosfera con- nada ao jogo de tensões regionais dentro de placas
tinental que tem como consequência a fusão parcial tectônicas bordejadas por outras placas (Fig.XIV.27f).
da cunha do manto, geração e estocagem de magma Este é o caso de placas continentais bordejadas por
sob a crosta continental (underplating). A diferença zonas de subducção ou em situações combinadas de
de densidade resultante gera um intumescimento limites convergentes e divergentes em diferentes po-
local, com consequente elevação do relevo que pode sições de uma placa continental. Esses tipos de influ-

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ência podem atuar de modo isolado ou combinado na No caso de haver um descolamento convectivo do li-
escultura do relevo em bacias sedimentares tipo rift. mite crosta/manto, as correntes de convecção deve-
rão ser vigorosas o suficiente para vencer a coesão in-
Os três últimos tipos de influência (iv, v e vi), têm ori- terna da litosfera e empurrar para baixo a fatia rasga-
gem mais profunda e sua influência na bacia (dentro da, para que seja possível haver a fusão parcial local.
ou fora, no centro ou nas laterais) vai depender de
uma série de outros fatores. No caso de tensão intraplaca pode ser melhor enten-
dida, por exemplo, quando uma porção continental de
Se o rifteamento é ativo, com subida do manto aste- uma placa tectônica é comprimida lateralmente por
nosférico precedendo o afinamento litosférico, haverá zonas de subducção (margens continentais ativas) e
um domeamento e soerguimento precoce do local por esforços de expansão de dorsais e concentração
onde será produzida a bacia. Se for passivo, com afi- de tensões nas margens continentais passivas. Nesse
namento litosférico precedendo a subida da astenos- caso, a distribuição de tensões intraplaca pode levar à
fera, o soerguimento será posterior ao estiramento. formação regional e local de ambientes compressivos
(com soerguimentos associados) e extensivos (com
Se o modelo de construção da bacia for por cisa- subsidências associadas).
lhamento puro (modelo de McKenzie), a bacia terá
geometria simétrica, e o maior afinamento crustal,
e consequente aquecimento, acontecerá no centro
da bacia. Se o modelo for por cisalhamento simples 7 Modos de Falhamento e
(modelos de Wernicke e Lister), a geometria será as-
simétrica e os maiores afinamentos e aquecimentos
Bacias Tipo Rift
acontecerão nas laterais, ou mesmo, fora da bacia; Um próximo passo natural para o entendimento da
como consequência disto, havendo estiramento sufi- formação e evolução de bacias do tipo rift consiste
ciente (fator β = taxa de estiramento litosférico) e/ou na discussão dos diferentes modos de falhamento
delaminação mantélica durante o rifteamento, pode (e fraturamento) que podem estar relacionados aos
haver magmatismo cuja localização na bacia, ou fora modelos de propagação e aos aspectos geométricos
dessa, será função do modelo de rifteamento. de sistemas múltiplos de falhas. O conhecimento dos
modos de falhamento é importante para entender as
relações espaciais entre os planos de falha e os cam-
pos de tensão geradores e o comportamento mecâni-
co dos materiais deformados nas bacias do tipo rift.

No primeiro aspecto, modelos de propagação, quatro


modos de falhamento são reconhecidos (Fig.XIV.29)
(Twiss & Moores 2007):

As falhas de extensão (ou de tração ou de distensão)


são de dois tipos:

- Modo I (opening mode I) de falhamento, no qual a


Figura XIV. 28 - Exemplo de relevo sustentado por shear bands, o propagação se dá por abertura com extensão orto-
Morro do Cuscuz, na Bacia de Tucano, trecho Jeremoabo-Canudos. gonal, às paredes da falha consideradas como falhas

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planos produzidas pelo outro modo. Dessa maneira
ambas as rupturas descritas são abertas e permitem
o preenchimento por soluções percolantes.

As falhas de cisalhamento são de dois tipos:

- Modo II (sliding mode), que produz falhas fechadas


cuja linha de propagação é paralela ao vetor de des-
locamento do plano de cisalhamento gerando fissu-
ras de deslizamento;

- Modo III (tearing mode), que apresenta linha de


propagação ortogonal ao vetor de deslocamento do
plano de cisalhamento gerando fissuras em tesoura.

Os Modos II e III podem produzir padrões escalonados


de falhas e falhas rotacionais. Também é possível ha-
ver combinações entre os diferentes modos de falha-
mento em uma determinada área.

Figura XIV. 29 - Quatro tipos principais de modos de falhamento/ No segundo aspecto, padrões geométricos de sistemas
fraturamento. O Modo I está relacionado às falhas-fraturas múltiplos das falhas são também quatro os modos de
extensionais; o Antimodo I, está ligado à juntas estilolíticas e
à dissolução por pressão, o Modo II é relativo à falhas-fraturas falhamento (Nieto-Samaniego 1999) (Fig.XIV.30):
de cisalhamento por deslizamento e o Modo III está ligado as
falhas-fraturas de cisalhamento com propagação em tesoura.
(i) padrão de falhas isoladas (Fig.XIV.30a), por produ-
Setas pretas = σ1, setas brancas = σ 3 e setas vermelhas = vetor de
propagação da fratura (modificado de Twiss & Moores 2007). ção de falhas ou reativação de falhas pré-existentes,
conforme o modelo de Bott (1959), sendo geradas por
deformações rotacionais bidimensionais ou tridimen-
de extensão (tipo T) e alivio (tipo A), às quais, quan- sionais e geração de slickenlines convergentes para
do preenchidas por carbonatos e quartzo, recebem o as interseções das falhas, isto é no sentido do σ2; e
nome de tension gashes. Se não há rotação, as falhas
produzidas são ortogonais ao tensor mínimo princi- (ii) padrão Coulomb ou conjugado (Fig.XIV.30b), no
pal (σ3); qual dois sets conjugados de falhas são produzidos
por deformação não-rotacional bidimensional, e um
- Antimodo I (anti-opening mode I), acontece por dis- dos planos de falha compensando o outro lateral-
solução por pressão (pressure solution) com a propa- mente, com geração de estrias convergentes para a
gação acontecendo ortogonalmente à compressão e interseção das falhas e também no sentido do σ2.
gerando estilólitos. Se não há rotação as falhas produ-
zidas são ortogonais ao tensor máximo principal (σ1). No entanto, padrões mais complexos podem ocorrer,
como os dos tipos:
Geralmente os Modo e Antimodo I podem acontecer
de maneira associada, tendo em vista que o material (iii) padrão ortorrômbico-romboédrico (Fig.XIV.30c),
que é dissolvido em um modo, pode se depositar em no qual se formam quatro sets de falhas com simetria

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a

Figura XIV. 30 - Ilustrações dos diferentes sistemas de fraturamento múltiplos (adaptado de Nieto-Samaniego 1999 e Corrêa Gomes et al. 2005a).

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ortorrômbico-romboédrica, produzidos por deforma- principal característica ter bacias quase completa-
ção tridimensional (triaxial) não-rotacional, segundo o mente inseridas em condição onshore, o que facilita
modelo de deslizamento de Reches (1978), com estrias sobremaneira os trabalhos de campo. O (SBRTJ) é
paralelas às interseções das falhas, esse parece ser o composto por três bacias: as do Recôncavo, de Tuca-
caso das falhas de alivio – release faults (Destro 1995); e no (que pode ser ainda subdividida em Sul, Central e
Norte) e de Jatobá, que ocupam o espaço aberto pelo
(iv) padrão complexo (Fig.XIV.30d), sem restrições Rift Recôncavo-Tucano-Jatobá. É um sistema ideal
quanto ao número de sets e à simetria, no qual são para o estudo da evolução geodinâmica e para o en-
produzidas falhas por deformação bi- ou tridimen- tendimento de como se forma uma bacia tectônica do
sional, rotacional ou não-rotacional, com slickenlines tipo rift em termos de padrões de falhas e campos de
paralelas às interseções das falhas e, em um mesmo tensão geradores.
plano, podendo ter orientações totalmente diferentes,
conforme o modelo de interação de blocos de Nieto- Introdutoriamente, pode ser visto um mapa com os
-Samaniego & Alvarez (1997). principais lineamentos estruturais rúpteis, com os
compartimentos estruturais e divisões internas do
Os padrões mais complexos, ortorrômbico-romboé- (SBRTJ) (Fig.XIV.31) (Aragão 1994 e Aragão & Peraro
dricos e múltiplos complexos, podem ser produzidos 1994). Nesse mapa aparecem destacados os princi-
desde em ensaios em blocos de argila até em bacias pais sistemas de falhas longitudinais e transversais
sedimentares tipo rift-valley (Reches 1978). Por outro que modelam estruturalmente e compartimentam
lado, como pôde ser notado, existe uma íntima rela- essas bacias.
ção entre os padrões de falhas, os planos das falhas
e fraturas (slickensides), as posições espaciais dos Recentemente, em quatro subáreas do (SBRTJ) foi re-
marcadores cinemáticos lineares (slickenlines, tipo alizado um trabalho sistemático de mapeamento, no
estrias, degraus, etc.) e dos tensores principais dos qual 417 afloramentos foram estudados em termos
campos de tensão geradores das falhas. de análises cinemática e dinâmica (Fig.XIV.32). De sul
para norte: A1= Bacia do Recôncavo; A2 = porções sul
Todos esses aspectos mecânicos auxiliam a entender e central da Bacia de Tucano; A3 = porções central e
os diferentes tipos de falhas que podem existir em norte da Bacia de Tucano e A4 =Bacia de Jatobá.
uma bacia do tipo rift e mostram também a comple-
xidade de análise que existe por trás da tentativa de Nesses afloramentos foram medidos cerca de 33.635
se reconstituir os campos de paleotensão em bacias planos de falhas distribuidos de modo razoavelmen-
polifásicas. te homogêneo dentro das bacias, e no seu embasa-
mento proximal, ao longo das principais estradas e
rodovias que as cortam (Fig.XIV.33). Em inúmeros
desses planos de falha, marcadores cinemáticos
8 Visão Geral do Sistema de confiáveis foram medidos (p.e. estrias, degraus, fra-

Bacias Recôncavo-Tucano- turas de Riedel, cavidades em colher e em cenoura,


entre outros) permitindo a dedução do movimento
Jatobá (SBRTJ) tridimensional dos blocos e a obtenção, com uso de
métodos de inversão, das orientações espaciais dos
O Sistema de Bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá (SBR- tensores máximo, intermediário e mínimo principais
TJ), é um dos mais bem estudados sistemas de bacias dos campos de tensão geradores dessas estruturas
do tipo rift (ou aulacógeno) do mundo, tendo como rúpteis.

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Figura XIV.31 - Mapa de localização e do arcabouço estrutural simplificado do (SBRTJ), com os principais sistemas de falha e
compartimentos estruturais. Adaptado de Aragão (1994) e Aragão & Peraro (1994).

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Figura XIV. 32 - Localização no Brasil, inset superior direito, e mapa geológico simplificado com a divisão das 4 subáreas (A1, A2, A3 e A4) do
(SBRTJ) , e a localização geográfica dos afloramentos estudados (base geológica de CPRM 2000).

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Figura XIV. 33 - Mapa geológico simplificado com a plotagem das atitudes dos 33.635 planos de falhas encontrados no (SBRTJ) e no
embasamento proximal (base geológica da CPRM 2000). Em preto aparecem os planos de falhas sem cinemática definida, em vermelho,
cinemática normal, em verde, cinemática transcorrente (sinistral e dextral), e em azul, cinemática reversa.

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8.1 Planos de Falhas. Visão Geral blocos, quando eram visíveis marcadores cinemáticos
3-D confiáveis (p.e. degraus, estrias, ranhuras em co-
Nos 33.635 planos de falhas medidos, as principais lher e em cenoura, fraturas conjugadas, etc.).
orientações encontradas foram (Fig.XIV.34), N00o a
N30º, N40 o a N70o e N90 o a N140 o, com uma con- Desse total de planos com cinemáticas obtidas, 8.246
centração secundaria em N160 o. Os mergulhos são falhas (Fig.XIV.35) apresentaram cinemática normal
principalmente para E, porém algumas concentrações (com rake das estrias > 45º), com orientações prin-
podem ser observadas ainda para NW, SE e NNE. Exis- cipais em N-S, NE-SW, E-W e ENE-WNW, com mer-
te um grande predomínio de falhas verticais a subver- gulhos inclinados principalmente para leste e, com
ticais, sendo notadas famílias suborizontais NNE com menor frequência, para SE e S, W e NW (Fig.XIV.36).
mergulho para WNW e ESE. Todas essas orientações Ainda em termos de mergulho predominam falhas
são conhecidas na história do (SBRTJ), sendo elas verticais a subverticais, distribuídas de modo aproxi-
representadas pelas falhas longitudinais próximas madamente ortogonal em dois grupos com direções
a N-S, para as Bacias do Recôncavo e Tucano, e ENE N-S e E-W e NNE-SSW e ESE-WNW; porém falhas
para a Bacia de Jatobá. As falhas E-W e NE-SW/NW- sub-horizontais podem ser também notadas com
-SE estariam relacionadas a extensões das bacias com mergulho para NW e para S.
geração, tanto de falhas de transferência quanto de
alívio, porém as falhas NNE suborizontais poderiam Com relação às falhas transcorrentes (com rake
estar ligadas a superfícies de destacamento, ora mer- das estrias < 45º), foram medidos 8.782 planos (Fig.
gulhando para NW ora mergulhando para SE. XIV.37), com concentrações de direções semelhan-
tes àquelas das falhas de cinemática normal, porém
8.1.1 Planos de Falhas com Cinemática com algumas diferenças a serem consideradas (Fig.
Deduzida XIV.38). Enquanto as direções das falhas normais se
encontram majoritariamente concentradas entre as
Nem sempre no campo foi possível a obtenção das ci- direções N-S, NE-SW e E-W, as falhas transcorren-
nemáticas dos planos de falha. Assim, em 17.028 desses tes apresentam uma maior dispersão direcional, com
planos puderam ser deduzidas as movimentações dos boa presença de falhas E-W e NW-SE, principalmente

Figura XIV.34 - Plotagem em diagramas de rosetas de direção e mergulho e isodensidade de frequência polar-hemisfério inferior da rede
estereográfica igual-área de Schmidt-Lambert, das atitudes dos 33.635 planos de falhas do (SBRTJ) e do embasamento proximal.
Os valores percentuais equivalem ao número de medições por intervalo direcional de 10º em 10º .

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Figura XIV.35 - Plotagem das atitudes dos 8.246 planos de falhas de cinemática predominantemente normal, em vermelho,
do (SBRTJ) e do embasamento proximal (base geológica da CPRM, 2000)

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Figura XIV.36 - Plotagem em diagramas de
rosetas de direção e mergulho e isodensidade
de frequência polar-hemisfério inferior da rede
estereográfica igual-área de Schmidt-Lambert, das
atitudes dos 8.246 planos de falhas de cinemática
predominantemente normal do (SBRTJ) e do
embasamento proximal.

Figura XIV. 37 - Plotagem das


atitudes dos 8.782 planos de falhas
de cinemática predominantemente
transcorrente, em verde, do
(SBTRJ) e do embasamento
proximal (base geológica da CPRM,
2000).

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Figura XIV. 38 - Plotagem em diagramas de rosetas
de direção e mergulho e isodensidade de frequência
polar-hemisfério inferior da rede estereográfica
igual-área de Schmidt-Lambert, das atitudes dos 8.782
planos de falhas de cinemática predominantemente
transcorrente do (SBRTJ) e do embasamento proximal.

mergulhando para N e NE. Por outro lado, não foram 8.2 Orientações dos Campos de Tensão
observadas falhas transcorrentes sub-horizontais
em quantidade apreciável, reforçando a ideia de que A partir do estudo dos marcadores cinemáticos dos
a maioria dessas falhas tem cinemática normal com planos de falha e utilizando métodos de inversão
alto rake. (programa FaultkinWin®, Almendinger 2001), um to-
tal de 358 medidções de orientação 3-D dos tensores
Os seguintes detalhes podem ser destacados para os principais dos campos de tensão foram obtidos para
sistemas de falhas do (SBRTJ) com relação às falhas o (SBRTJ).
totais, às falhas de cinemáticas normal e transcor-
rente. Em termos totais, as principais falhas se orien- A distribuição geográfica das orientações dos ten-
tam próximas aos eixos longitudinais das bacias, do- sores máximos principais por afloramento pode ser
minando aquelas orientadas NNE-SSW, NE-SW, E-W vista na figura XIV.39. Para o (σ1), as principais orien-
e ESE-WNW. Com relação aos mergulhos existe uma tações (Fig.XIV.40) ficaram próximas à N-S, NE-SW,
tendência majoritária para E e alternâncias de mer- E-W e NW-SW, ou seja, duas orientações são respecti-
gulho para SE, NW e NE. Com relação às inclinações vamente paralela e ortogonal ao comprimento maior
dos mergulhos existe um predomínio das falhas de da bacia e duas orientações são diagonais à mesma.
alto ângulo, porém algumas falhas de mergulho sua- Além disso, nota-se a presença de três grupos com
ve também podem ser percebidas. diferentes ângulos de caimento; um mais vertical, e
outro subvertical (espalhado ao redor do eixo verti-
Esse quadro aparece ligeiramente modificado quan- cal), ambos podendo estar associados a uma tectô-
do são separadas as falhas por cinemática. Para as nica gravitacional, e o terceiro mais horizontal, que
falhas normais, se destacam as orientadas N-S, NE- pode estar relacionado a uma tectônica transcorren-
-SW, E-W e ESE-WNW, com mergulhos de alto ângulo te. Uma análise mais apurada desses caimentos indi-
para E e SE, porém falhas sub-horizontais podem ser ca que as concentrações mais verticais estão em NE,
destacadas. Para as falhas de cinemática transcor- SE e NW, enquanto que as concentrações com menor
rente, as orientações principais têm um leve giro para caimento estão em N-S e NNE-SSW.
NNE-SSW, mantendo as orientações NE-SW, E-W e
ESE-WNW, com mergulhos verticalizados com cai- A distribuição geográfica das orientações dos tenso-
mento para E e SE, e menos frequentemente para N, res intermediários principais por afloramento pode
NE, SW e NW. É portanto notável a presença de falhas ser vista na figura XIV.41. Para o σ2 (Fig.XIV.42) foram
transcorrentes paralelas ao comprimento maior das notadas orientações próximas a N-S, NE-SW e NW-
bacias, quando o esperado seria o da presença predo- -SE. Normalmente, as orientações do σ2 são parale-
minante de falhas normais. las à linha de interseção dos planos conjugados de

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Figura XIV. 39 - Distribuição
geográfica das orientações
dos tensores máximos
principais, (σ1), 358 medições,
para as quatro subáreas do
(SBRTJ) (base geológica da
CPRM, 2000).

Figura XIV.40 - Diagramas de rosetas de direção e de


isodensidade de frequência de caimento, hemisfério inferior da
rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert para as 358
medições dos tensores máximos principais (σ1) do (SBRTJ) e do
embasamento proximal.

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Figura XIV.41 - Distribuição
geográfica das orientações
dos tensores intermediários
principais (σ2), 358 medições,
para as quatro subáreas do
(SBRTJ) (base geológica da
CPRM 2000).

Figura XIV.42 - Diagramas de rosetas de direção e de


isodensidade de frequência de caimento, hemisfério inferior da
rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert, para as 358
medições dos tensores intermediários principais (σ2) do (SBRTJ)
e do embasamento proximal.

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falhas do sistema fissurado. Sendo assim, as orienta- nos tensores máximos (σ1) e mínimos (σ3) principais,
ções espaciais do σ2 poderiam corresponder às inter- correspondentes respectivamente, às principais com-
seções das falhas dentro da bacia; porém em bacias pressões e extensões do (SBRTJ).
polifásicas nem sempre isso acontece dependendo do
modo de falhamento múltiplo associado à geração De sul para norte, começando pela Bacia do Recôn-
dessas estruturas rúpteis. Do mesmo modo que para cavo, subárea 1 (Fig.XIV.45), com 95 medições, tem-se
o σ1, pelo menos duas concentrações de caimento po- que as principais orientações do (σ1) são N-S, ESE-
deram ser separadas para o σ2: uma com caimento -WNW e NE-SW. Existem quatro situações de cai-
mais horizontal, tentativamente associada à tectônica mentos distintas: horizontais, baixo caimento, médio
normal, e outra com caimento mais vertical, que pode caimento e caimento vertical. Os com caimentos hori-
estar associada à tectônica transcorrente. As orienta- zontais estão próximos a N e S e SE; os com caimentos
ções com caimento próximo à horizontal ficam próxi- baixos se inclinam para NW e SE; os com caimentos
mas a N-S (com uma concentração importante com médios para NNE, WNW e SE, havendo ainda os de cai-
cerca de 30º-40º de caimento no sentido S), NE-SW mento vertical. Para os (σ3), as principais orientações
e NW-SE. extensionais são para E-W e NW-SE, em dois grupos
de caimentos horizontais e sub-horizontais com me-
A distribuição geográfica das orientações dos tensores nores concentrações próximas a N-S e NE-SW.
mínimos principais por afloramento pode ser vista na
figura XIV.43. Para os σ3, correspondentes às direções Para as porções sul e central da Bacia de Tucano, sub-
de extensão das bacias, as principais orientações, lis- área 2 (Fig.XIV.46), com 46 medições, as principais
tadas das mais para as menos numerosas, estão pró- orientações do (σ1) são: NE-SW, com caimentos mé-
ximas a NW-SE, E-W, NE-SW e N-S (Fig.XIV.44), sendo dios e horizontais para NE e SW; N-S, com caimen-
duas respectivamente orientadas de modo paralelo e tos médios para N e horizontais para N e S); NW-SW,
ortogonal ao comprimento maior das bacias e duas com caimentos principalmente para SE, e E-W, com
diagonais ao mesmo comprimento. Os caimentos de caimentos para E e W. Nessa subárea os caimentos
(σ3) são majoritariamente sub-horizontais, reforçan- verticais são pouco frequentes. As extensões (σ3) apa-
do a ideia de que as tectônicas normais e transcor- recem com caimentos horizontais e sub-horizontais
rentes dominaram o cenário de formação das falhas e distribuídas em quatro orientações com caimentos
do (SBRTJ), com menor participação local de falhas concentrados nos quadrantes NW e SW, e NNE e SSW.
reversas. Porém, podem ser separadas ainda duas
concentrações de orientação com caimentos um pou- Para as porções central e norte da Bacia de Tucano,
co distintos: uma mais horizontal (nas orientações subárea 3 (Fig.XIV.47), com 87 medições, as principais
NNW-SSE e E-W) e outra com caimento entre 30º-40º orientações do (σ1) são próximas a E-W (com cai-
(nas orientações WNW, SW, SE e E-W). mentos horizontais e médios principalmente para E e
secundariamente paraW), N-S (com caimentos hori-
8.2.1 Orientações dos Campos de Tensão por zontais para N e S e médios para S), NW-SE (com cai-
Subárea mentos médios principalmente para SE e secundaria-
mente para NW) e NE-SW (com caimentos horizontais
O estudo em separado das quatro subáreas da sub- para NE e SW e médios para NE). No concernente aos
divisão do (SBRTJ) permitiu uma melhor apreciação tensores mínimos as orintentações são majoritaria-
das orientações dos campos de tensão em diferentes mente para WNW e ESE, com caimentos horizontais a
partes da bacia. Para uma abordagem mais rápida sub-horizontais para ambos os lados.
serão tratadas as orientações por subárea com base

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Figura XIV.43 - Distribuição
geográfica das orientações
dos tensores mínimos
principais (σ3), 358 medições,
para as quatro subáreas do
(SBRTJ) (base geológica da
CPRM 2000).

Figura XIV.44 - Diagramas de rosetas de direção e de


isodensidade de frequência de caimento, hemisfério inferior da
rede estereográfica igual-área Schmidt-Lambert, para as 358
medições dos tensores mínimos principais (σ3) do (SBRTJ) e do
embasamento proximal.

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Figura XIV.45 - Diagramas de rosetas de direção e de isodensidade de frequência de caimento, hemisfério inferior da rede estereográfica
igual-área Schmidt-Lambert, para as 95 medições dos tensores máximos e mínimos principais (σ1 e σ3) da subárea 1, Bacia do Recôncavo,
do (SBRTJ) e do embasamento proximal.

Figura XIV.46 - Diagramas de rosetas de direção e de isodensidade de frequência de caimento, hemisfério inferior da rede estereográfica
igual-área Schmidt-Lambert, para as 46 medições dos tensores máximos e mínimos principais (σ1) e (σ3) da subárea 2, porções sul e central
da Bacia de Tucano, do (SBRTJ) e do embasamento proximal.

Figura XIV. 47- Diagramas de rosetas de direção e de isodensidade de frequência de caimento, hemisfério inferior da rede estereográfica
igual-área Schmidt-Lambert, para as 87 medições dos tensores máximos e mínimos principais (σ1 e σ3) da subárea 3, porções central e
norte da Bacia de Tucano, do (SBRTJ) e do embasamento proximal.

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Figura XIV.48 - Diagramas de rosetas de direção e de isodensidade de frequência de caimento, hemisfério inferior da rede estereográfica
igual-área Schmidt-Lambert, para as 130 medições dos tensores máximos e mínimos principais (σ1) e (σ3) da subárea 4, Bacia de Jatobá, do
(SBRTJ) e do embasamento proximal.

Para a Bacia de Jatobá, subárea 4, com 130 medições -SE, cujas orientações podem estar ligadas à geração
(Fig.XIV.48), as principais orientações do (σ1) são NW- de falhas transcorrentes-transferentes.
-SE, NE-SW e N-S, com caimentos verticais, subver-
ticais, ao redor do eixo vertical, e horizontal (notada- Quanto às situações de variação nas orientações es-
mente aqueles oientados N-S e WNW-ESE). Os tenso- paciais dos tensores (σ1) e (σ3), e nos seus caimentos,
res mínimos ficam orientados NNW-SSE (ortogonais algumas dessas podem ser vistas na figura XIV.49: (i)
à orientação da bacia) e dispersos secundariamente combinação de orientações de tensores de falhas nor-
em orientações N-S, NE-SW, E-W e NW-SE, com cai- mais coevas com falhas transcorrentes-transferentes
mentos horizontais e sub-horizontais. (transfer faults); (ii) presença de falhas-mestras nor-
mais produzindo falhas gravitacionais de alívio (rea-
Em síntese, como já havia sido antecipado nos dados lese faults Destro, 2002; Destro et al. 2003a, b) e até
gerais de tensores do (SBRTJ), os seguintes aspectos mesmo reversas; (iii) mudança no ambiente tectônico,
podem ser destacados no que diz respeito às orien- de gravitacional para transcorrente; (iv) rotação e im-
tações e caimentos dos tensores máximo e mínimo bricação de blocos de falhas no avanço da extensão
principais nas diferentes subáreas. Quatro orienta- da bacia, e (v) posição diferente do nível de erosão de
ções podem ser separadas em relação ao compri- blocos de falha relacionados à falhas lístricas mes-
mento maior das subáreas estudadas: (i) uma pa- tras.
ralela e outra ortogonal, fortemente indicando uma
extensão ortorrômbica 3-D, ligada possivelmente a Os sistemas de falhas longitudinais e transversais (fa-
sistemas de falhas ortogonais normais, cujos strikes lhas de transferência e de alívio) e suas relações com
são paralelos ao comprimento maior da bacia (falhas os campos de tensão operantes na formação das ba-
longitudinais) e ortogonais à bacia (falhas transver- cias serão itens mais profundamente discutidos mais
sais), e (ii) duas diagonais, orientadas NE-SW e NW- adiante no texto.

Tectô n i ca d a s Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 301

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Figura XIV.49 - Algumas possíveis
explicações para as mudanças de
orientação e caimento dos tensores
máximos principais e mínimos em
bacias tectônicas, além da mudança no
regime tectônico de gravitacional para
transcorrente. (a) A presença de falhas
normais e de transferência (em vermelho);
(b) A concorrência local de falhas normais
mestras e de alívio (em vermelho) (Destro
2002, Destro et al. 2003a, b); (ambas as
figuras a e b estão em planta). Blocos
diagramas com: (c) Rotação de blocos
na evolução da extensão da bacia, e (d)
Medida de campos de tensão em locais com
diferentes niveis de erosão em planos de
falhas lístricas.

9 Sistemas de Falhas, Grande Rift Este Africano–GREA. Nesse local, diferen-

Estágios Evolutivos e tes estágios de formação e evolução de rifts (p.e. pré-,


cedo-, sin-rift) podem ser observados e estudados.
Orientações de Campos de
Tensão em Bacias Tipo Rift No concernente aos estágios iniciais de rifteamento
(ou fase cedo-rift, ou rift precoce, ou pré-climax), uma
Classicamente existem dois tipos de sistemas de fa- região fundamental é a do delta do Rio Okavango, em
lhas em bacias do tipo rift: as longitudinais, paralelas Botswana, correspondente à propagação para SSW do
ao comprimento maior das bacias, e as transversais, (GREA) (Figs.XIV.50a, b). Nesse local, padrões ortogo-
diagonais e ortogonais ao comprimento maior das nais de falhas normais podem ser notados reforçan-
bacias. Como visto anteriormente, diversos fatores do a ideia de que nos estágios iniciais do rifteamento,
podem influenciar nas orientações desses sistemas tanto as falhas longitudinais quanto as transversais
de falhas, notadamente as estruturas herdadas do podem atuar como falhas gravitacionais (Modisi 2000,
embasamento cristalino, anisotropias mecânicas dos Kinabo et al. 2007). Falhas normais transversais ao
próprios pacotes sedimentares e as orientações dos comprimento maior da bacia e nucleadas a partir de
tensores dos campos de tensão regional e local. falhas longitudinais mestras (ou materna) são deno-
minadas de falhas de alívio ou release faults (Destro
2002, Destro et al. 2003a, b). Esse tipo de falha é ainda
9.1 Grande Rift Este Africano pouco entendido em termos de geomecânica. Mais a
norte, no mesmo (GREA), onde o estágio de rifteamen-
Em termos de laboratório natural, um ensaio do que to é mais avançado, pode-se notar que as falhas trans-
pode ter acontecido em termos de formação e reativa- versais apresentam cinemáticas já com componente
ção de falhas nas bacias tipo rift mesozoicas baianas direcional típico de falhas transferentes ou transfer
pode ser visto no Este da África, mais precisamente no faults, cujos strikes são considerados como paralelos

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Figura XIV.50 - (a) Mapa do sistema (GREA) mostrando a localização da zona do rift Okavango (Kampunzu et al. 1998, Kinabo et al. 2007).
(b) Padrão ortogonal de falhas associado à extremidade SW da Bacia do Okavango. Notar que: (i) tanto as falhas longitudinais quanto as
transversais são falhas normais de alto rake e (ii) a orientação das falhas transversais acompanha a extensão local, melhor que a extensão
relacionada ao campo remoto de tensão (Modisi et al. 2000). A= bloco alto. B= bloco baixo.

à orientação da direção regional de extensão (far-field do Rift Recôncavo-Tucano-Jatobá e bacias adjacentes


stress). Assim, enquanto as falhas longitudinais apre- teria sido acomodada por movimento sinistral ao lon-
sentam cinemática normal, as falhas transversais po- go do lineamento de Pernambuco/Ngaoundere , que
dem apresentar cinemática normal ou transcorrente. àquela época passaria a compor um alto estrutural,
uma vez que o bloco a norte teria ficado relativamen-
te fixo em relação ao bloco sul. Isto é reforçado por
9.2 Evolução Tectônica Polifásica do Rift evidências estratigráficas que indicam aquela porção
Recôncavo-Tucano-Jatobá do bloco norte como sendo a última onde a margem
leste da América do Sul separou-se da África (Cam-
Observando-se agora a situação tectônica relacionada pos et al. 1974). Essa amarra estrutural poderia, na
à geração das bacias tipo rift brasileiras, para o Rift Re- fase tectônica seguinte, ter atuado como um pivô de
côncavo-Tucano-Jatobá, Magnavita (1992) e Magnavita rotação, resultando em situações transpressivas lo-
et al. (2005) propuseram um modelo de rifteamento cais, cuja intensidade de encurtamento diminuiria no
duplo (Fig.XIV.51), ou em duas etapas, baseando-se no sentido Rio Grande do Norte-Ceará-Maranhão e tam-
reconhecimento de dois eventos tectônicos na região, bém das bordas para o interior das placas africana e
ambos atuantes durante a fase sin-rift. sulamericana. É interessante notar que a cinemática
dominante pré-mesozoica do Lineamento Pernambu-
O primeiro evento teria acontecido durante o andar Rio co/Ngaoundere foi dextral, inclusive com penetração
da Serra Médio (Berriasiano, aproximadamente entre e deformação de inúmeros corpos granitoides data-
145,5-140,2Ma), quando uma extensão E-W ao longo dos do Neoproterozoico, entre 550-500Ma.

Tectô n i ca d a s Baci a s Paleozo i ca s e M esozoica s • 303

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Figura XIV.51- Modelo de rifteamento duplo para o Rift Recôncavo-Tucano-Jatobá (Magnavita 1992). (a) Extensão E-W durante o
rifteamento inicial. (b) Extensão NW-SE durante o rifteamento final (reconstrução baseada em Rabinowitz & LaBrecque 1979).

O segundo evento tectônico estaria relacionado à de cisalhamento Pernambuco-Patos e em toda a Pro-


propagação da abertura do Atlântico Sul, quando se víncia Borborema. Essa orientação de extensão foi ro-
iníciou o espalhamento oceânico. Assumindo uma tacionada para sul, no sentido anti-horário, e passou
propagação de sul para norte no Eoaptiano (ca. 125- a WNW-ESE no Cráton do São Francisco. Esse ajuste
120Ma, Andar Jiquiá), uma rotação horária relativa da de orientação foi praticamente acomodado para den-
América do Sul em relação a África causaria uma ex- tro da bacia de Tucano, pelo Arco-zona de acomoda-
tensão NW-SE na região, com reativação sinistral das ção do Vaza Barris e, para o embasamento, pelo Bloco
falhas paralelas ao Lineamento Pernambuco/Nga- Araticum, de formato triangular. Esse último bloco
oundere. Com a continuação da abertura, a extensão sofreu uma compressão, que imprimiu cinemáticas
seria transferida para a margem atlântica, isolando o nas falhas que o delimitam, de Jeremoabo, sinistral-
rift, o qual iniciaria então sua fase de evolução pós- -reversa e de Caritá, dextral-normal (Vasconcellos,
-rift, marcada por lenta e restrita subsidência térmica 2003, Destro et al. 2003b), que atuaram como um par
e por diversas fases de soerguimento e erosão. Uma conjugado de falhas de transferência.
visão mais detalhada dessa fase tectônica pode ser
vista em Destro (2002) onde os principais lineamen-
tos estruturais da região nordeste do Brasil apare- 9.3 Falhas Transversais em Bacias Tipo
cem destacados no tempo em que a extensão NW-SE Rift. Falhas de Transferência e de Alívio
afetou o Rift Recôncavo-Tucano-Jatobá (Fig.XIV.52).
O giro do continente africano resultou, nessa época, Em termos de falhas transversais, se destacam nas
na reativação com deformação rúptil associada a um bacias do tipo rift, as falhas de transferência e as de
cisalhamento sinistral e extensões NNW-SSE na zona alívio.

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Figura XIV.52 - Quadro dinâmico para os rifts do nordeste brasileiro durante o Cretáceo Inferior. A área situada entre as falhas de
Itaporanga e de Jeremoabo, embora na Província da Borborema, possui estilo tectônico similar ao do Cráton do São Francisco. As setas
em vermelho indicam extensão local associada à Falha de Jeremoabo. Adaptado de Szatmari et al. (1987), Milani (1987), Bedregal (1991),
Magnavita (1992), Matos (1992), Françolin et al. (1994), Destro (1995), Destro (2002).

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De maneira geral uma falha transferente (Fig.XIV.53a) ortogonal a essa. Ambas têm em comum a mesma
pode ser produzida a partir da segmentação de dois orientação do (σ1) (vertical) com troca na orientação
centros de expansão dentro da bacia (no caso de uma espacial entre os (σ2) e (σ3). Embora, em geral, elas
crosta oceânica seriam duas dorsais), que darão ori- tendam a ser ortogonais ao eixo de propagação das
gem a depocentros distintos. Essa segmentação ocor- bacias, embora localmente, elas possam ser oblíquas
re devido a uma diferença na velocidade de abertura a esta direção, em função da curvatura, em mapa, das
entre um centro de expansão e outro que, para ser falhas-mestras. As falhas de alívio tendem a ser sem-
compensada, particiona a tensão local produzin- pre ortogonais às curvas de contorno estrutural ou à
do uma falha com cinemática transcorrente (Gibbs direção do acamadamento na posição das rampas de
1984, 1990). Em outras palavras, o campo de tensões direção das falhas parentais (Destro 1995, 2002).
das falhas normais que vão originar os depocentros
(σ1)=vertical, (σ2)=horizontal e paralelo ao eixo maior
da bacia, e (σ3)=horizontal e ortogonal ao eixo da ba- 9.4 Magnitudes Relativas dos Tensores
cia) é totalmente diferente do da falha transferente Principais e os Sistemas de Falha em
gerada (σ3 )=horizontal e diagonal à falha transferen-
Bacias Tipo Rift
te, (σ2)= vertical e (σ3)=horizontal e diagonal à falha
transferente). Em uma bacia do tipo rift, diferentes taxas de exten-
são podem ser resultado de uma maior ou menor
A falha de alívio (Fig.XIV.53b) parece ser produzida resistência mecânica local aos processos de rasga-
para acomodar expansões secundárias e a variação mento dos litotipos afetados, sejam eles da bacia ou
de rejeito vertical ao longo da direção de uma falha do embasamento, com importantes influências do
materna (ou mestra) dentro da bacia (Destro 2002). fluxo térmico local, do grau de litificação dos paco-
Geralmente a falha-mestra é paralela ao compri- tes sedimentares e das estruturas herdadas do em-
mento maior da bacia e a falha de alívio tende a ser basamento. Em termos de gênese, além dos aspectos

Figura XIV.53- Orientações e cinemáticas das falhas transferentes (a) e de alívio (b) em relação às falhas mestras geradoras
assim como o posicionamento espacial dos tensores principais em cada situação, as falhas mestras e as transversais não necessariamente
são ortogonais. c) Bloco diagrama ilustrando as relações espaciais entre a falha mestra, as falhas de alívio, as orientações dos pacotes
sedimentares e os tensores principais (Destro 2002, Destro et al. 2003a, b). Notar que até mesmo falhas reversas podem ser produzidas
nesse tipo de situação (D).

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mecânicos já citados, outro fator fundamental na di- lhas pré-existentes. Por outro lado, no estudo do rift
ferenciação da tipologia das falhas transversais seria Recôncavo-Tucano-Jatobá, nota-se que falhas trans-
a magnitude relativa dos tensores principais. Como ferentes podem ter idades próximas às das falhas
visto anteriormente, é possível que, em alguns casos de alívio, o que indica que a temporalidade descrita
nos estágios iniciais do rifteamento, em situações de anteriormente nem sempre é respeitada. Isso abre
σ1>σ2≅σ3, tenham sido, localmente, tanto longitudi- espaço para uma indagação: as magnitudes relativas
nais quanto ortogonal ao eixo maior do rift, como no entre os tensores principias (σ1), (σ2) e (σ3), poderiam
caso das extensões observadas no rift Okavango. Ou definir as cinemáticas e as idades de sistemas combi-
seja, as extensões poderiam ocorrer tanto paralelas nados de falhas longitudinais/transversais em bacias
ao (σ2) quanto ao (σ3). Em estágios mais avançados sedimentares?
de rifteamento, em condições nas quais as magnitu-
des relativas dos tensores seriam σ1≅σ2>σ3, as falhas Seja como for, o que se pode notar é que muito pouco
longitudinais permaneceram com cinemática nor- se sabe ainda sobre as possibilidades de convivência e
mal enquanto que as diagonais passariam a ter ci- competição em termos geomecânicos entre as falhas-
nemáticas com forte componentes strike-slip, devido -mestras longitudinais, as falhas de transferência e
ao particionamento de tensão ou à reativação de fa- as falhas de alívio em um mesmo ambiente tectônico

Figura XIV.54 - (a) Complexas possibilidades de: sistemas, arranjos espaciais, cinemáticas de falhas e orientações de extensões regionais
e locais dentro de uma bacia tipo rift. (b) Orientações espaciais, em rede estereográfica igual área, dos tensores principais máximo (σ1),
intermediário (σ2) e mínimo (σ3) para os diferentes tipos de falhas observados na situação (a). (c) Magnitudes relativas dos tensores e
enquadramento nos domínios de falhas transferentes e de alívio.

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(Destro 2002). Na figura XIV.54 é feita uma tentativa uma falha transferente (estria strike-slip) em rela-
de combinar algumas possibilidades de interação de ção aos diferentes campos de tensão e magnitudes
blocos de falha, conduzindo a situações locais com- relativas dos tensores principais, e (ii) os diferentes
plexas e propícias para a formação dos mais variados sistemas de falhas (longitudinais, transferentes e de
tipos de falhas, tais como reversas, normais, trans- alívio) e suas respectivas dominâncias locais em re-
correntes puras, transpressivas e transextensivas em lação às magnitudes relativas dos mesmos tensores
apenas uma única fase extensional (Fig.XIV.54a). Es- principais. Nesse último item, em situação onde (σ1)=
sas situações podem ser resultado de rearranjos nas σ2>σ3, a extensão transversal acontece paralela ao
orientações dos tensores principais locais em relação (σs3) e favorece a formação de falhas longitudinais,
ao campo de tensão regional (Fig.XIV.54b), devido a em situação σ1> σ2> σ3, começa a ser possível a for-
diferentes respostas mecânicas locais. Dentro desse mação de falhas transferentes e, em situação σ1> σ2=
âmbito, é possível se supor que sejam criadas den- σ3, as extensões transversal e longitudinal, paralelas
tro das bacias do tipo rift: zonas locais onde as falhas aos (σ3) e (σ2) favorecem a formação de falhas longi-
transferentes predominem e outras zonas onde as fa- tudinais e de alívio.
lhas de alívio são dominantes, a depender das mag-
nitudes relativas dos tensores principais (Fig.XIV.54c).
9.5 Falhas Translacionais versus
Também é possível se imaginar (Fig.XIV.55): (i) a va- Rotacionais
riação na orientação espacial de marcadores cinemá-
ticos (tipo slickenlines) materializados em planos de Todos os exemplos anteriormente citados pressu-
falha em uma situação de uma falha de alívio (estria põem que as falhas dentro de uma bacia são predo-
dip-slip), uma falha intermediária (estria híbrida) e minantemente translacionais. Isto pode ser uma re-

Figura XIV.55 - (a) Plano de falha transversal, posição das estrias para falhas transferentes (cinemática strike-slip), híbridas e de alívio
(cinemática dip-slip). b) Disposição espacial para as falhas longitudinais em situação de σ1 = σ2>σ3. (c) Disposição espacial de falhas
longitudinais e transferentes em situação de σ1> σ2> σ3. (d) Disposição de falhas longitudinais e de alívio em situação de σ1> σ2 = σ3.

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alidade em bacias simétricas nas quais as falhas de tacional no sentido dos depocentros das bacias. Essa
uma borda compensam o rejeito das falhas da outra acomodação pode acontecer de maneira abrupta ou
borda, atuando como um par conjugado no Modo II por falhamento distributivo, onde o movimento dife-
de falhamento. Porém, no caso de bacias assimétricas rencial é caracterizado por deslocamentos sistemá-
a discrepância de rejeito entre uma borda e a outra ticos, de pequena grandeza, ao longo de numerosas
tende à levar a formação de falhas rotacionais (Modo falhas pouco espaçadas.
III de falhamento) ou pivotantes, ou ainda em tesoura
(Fig.XIV.56). No caso das bacias com depocentros as-
simétricos e variáveis ao longo das sub-bacias, essa
acomodação é feita nas falhas transversais de modo 10 Sistemas de Falhas no
mecânico, mais adequado por falhas rotacionais do
que por falhas de transferência ou de alívio. Assim
Terreno. O Complexo Quadro
também acontece com bacias que variam de espes- de Campos de Tensão do
sura longitudinalmente, pois as falhas paralelas ao
Sbrtj
eixo da bacia vão apresentar um rejeito que aumen-
ta no sentido da bacia mais rasa para a bacia mais As bacias sedimentares tectônicas apresentam prin-
profunda. Desse modo, falhas como a de Mata-Catu cipalmente dois tipos de falhas, que na realidade se-
(apenas como exemplo) podem ser falhas rotacionais, riam melhor definidos como sistemas múltiplos de
que funcionam como rampas de acomodação gravi- falhas:

(i) os longitudinais, com falhas paralelas ao compri-


mento maior da bacia, que normalmente apresentam
cinemática dominante normal (com estrias de alto
rake), e

(ii) os transversais, com falhas que podem ter cine-


mática transcorrente (falhas de transferência) pos-
suindo estrias de rake variável entre baixa a média
obliquidade e cinemática normal (falhas de alívio)
com estrias de alto rake.

Essas falhas podem ser encontradas tanto no emba-


samento proximal como dentro das bacias, e suas ci-
nemáticas refletem a maneira como se deu o afunda-
mento dos blocos de falha durante a expansão do rift
e como se orientaram, distribuíram e se dispersaram
os campos de tensão regional e local nas diferentes
Figura XIV.56 - Modelo esquemático e idealizado de uma fases de formação e evolução do rift (Fig.XIV.57). No
bacia assimétrica tanto longitudinal quanto transversal, com
caso do sistema de Bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá
depocentro indicado na convergência das partes mais rasas para
as mais profundas. As setas com linhas tracejadas mostram a (SBRTJ), as seguintes características cinemáticas pu-
movimentação rotacional tanto das falhas longitudinais quanto deram ser notadas.
das transversais normais para acomodar os rejeitos diferenciais. O
eixo longitudinal da bacia aparece indicado pela seta longa.

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10.1 Falhas Longitudinais

As falhas longitudinais do (SBRTJ) apresentam,


principalmente, strike próximo a N-S. Os principais
exemplos são o sistema de falhas de Maragogipe, nas
proximidades da cidade de Valença, borda oeste do
(SBRTJ), com planos de falha orientados N10o/80oSE,
apresentando marcadores cinemáticos em forma de
colher (spoon marks), estrias e degraus que denun-
ciam uma cinemática normal-sinistral (Fig.XIV.58).
Do outro lado, borda leste, no sistema de falhas de
Salvador, com planos orientados N30o/70oNW, estrias
indicam uma cinemática normal-dextral. A junção
das cinemáticas para os sistemas de falhas de Mara-
gogipe e de Salvador, pode indicar basculamento de
blocos com depocentro para sul ou afundamento de
blocos para norte acompanhando a linha de interse-
ção dos planos de falha. Dentro da bacia, na Ilha do
Frade, sistemas antitéticos da Falha de Salvador, com
planos de falhas N30o/70oSE, apresentam estrias de
cinemática normal-dextral , indicando que durante
a formação dos sistemas sintético e antitético dessa
falha houve uma cinemática dextral importante as-
sociada ao afundamento de blocos. Em termos de re-
ativação de planos de falhas longitudinais, em Morro
de São Paulo pode ser encontrado um plano de falha
curvo orientado N10o/80oSE, com estrias e degraus,
ora com cinemática dextral-normal, ora com cinemá-
tica sinistral-normal (Fig.XIV.59). A geometria curva
do plano de falha é indicativa de que se trata de uma
estrutura em flor negativa e as diferentes cinemáti-
cas indicam uma história polifásica com inversão de
orientação de campo de tensão, com extensões para
NW-SE e para NE-SW. Ainda no item “reativação
de planos longitudinais”, na Pedreira Odelsa, Nor-
te da cidade de Valença (Fig.XIV.60), planos de falha
N160o/80oNE aparecem com estrias denotando ci-
nemáticas normal-dextral que são sobrepostas por
estrias indicativas de cinemática sinistral-normal, ou
seja, o componente normal (σ1 vertical) cedeu lugar Figura XIV.57 - Principais lineamentos estruturais do (SBRTJ),
delineados a partir de mapas de modelo digital de terreno e dados
para o componente transcorrente (σ1 horizontal).
de campo. Podem ser notados os principais sistemas longitudinais
e transversais às bacias.

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tradas falhas N120o/80oNE, polifásicas com ranhuras
em forma de colher indicando cinemática mais antiga
sinistral-normal, com sobreposição de degraus e es-
trias relacionados a uma cinemática sinistral mais re-
cente (Fig.XIV.61). Em Candeias, Bacia do Recôncavo,
falhas N100o/80oNE apresentam cinemática normal
sem marcas de reativação. Na ponte do Funil, BA-001,
que liga a ilha de Itaparica ao continente, em aflora-
mento próximo à travessia no sentido ilha-continen-
te, pode ser encontrada exposição de falha transver-
sal N40o/80oSW, polifásica normal-dextral sucedida
por dextral-normal (Fig. XIV.62). Ou seja, houve uma
mudança importante na orientação dos tensores en-
tre as duas fases deformacionais, com uma tectônica
gravitacional mais antiga sendo “rendida” por uma
tectônica transcorrente afetando as falhas diagonais
do embasamento proximal e de dentro do (SBRTJ).

Em síntese, as falhas longitudinais podem ter tanto


cinemática normal, relacionada a uma fase tectô-
nica mais antiga, a transcorrente, com componente
normal que pode evoluir até mesmo para puramente
transcorrente.

As falhas transversais podem apresentar cinemática


normal, refletindo uma identidade de falhas de alívio
(release faults), a transcorrente com componentes
transcorrentes que podem variar a obliquidade do rake
de normal-transcorrente até transcorrente-normal,
mais características de falhas de transferência (trans-
fer faults). Essas variações de cinemática das falhas
longitudinais e transversais aparecem refletidas nos
gráficos de caimento dos (σ1) anteriormente mostra-
Figura XIV.58 - Marcadores cinemáticos, no embasamento proximal. dos. As orientações das falhas diagonais estão associa-
(a) Estrutura em colher, para os sistemas longitudinais de falhas de das às direções de extensão regional (σ3CR – orienta-
Maragogipe, cinemática normal-sinistra. (b) Estrias e degraus para
o sistema de falhas de Salvador, cinemática normal-dextral. ção da extensão do campo remoto), porém a presença
de falhas ortogonais com cinemática normal (release
faults) pode indicar que houve também uma impor-
10.2 Falhas Transversais tante extensão paralela ao eixo maior da bacia, prin-
cipalmente entre as terminações da falha parental a
As falhas transversais do (SBRTJ) apresentam strikes qual as falhas de alívio estão associadas (Destro 1995,
principalmente orientados N40o, N60o, N90o, N120o e Destro et al. 2003a) . O fato de que planos de falha com
N140o. No embasamento proximal podem ser encon- semelhantes atitudes, por vezes, apresentarem ou não

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a b

Figura XIV.59 - (a) Falha longitudinal N10o do Morro de São Paulo, afetando a Formação Sergi. Em destaque, o formato curvo do plano
de falha, a escala representada pela pessoa aponta para norte. (b) O caráter polifásico da falha é marcado pela sobreposição de estrias e
degraus com alternância de cinemáticas dextral-normal (DN, fase mais antiga) e sinistral-normal (SN, fase mais recente).

Figura XIV.60 - Embasamento proximal, em plano de falha


polifásica N160o/80oNE, da Pedreira Odelsa, norte da cidade de
Valença. As estrias relacionadas à cinemática normal-dextral,
são parcialmente obliteradas pelas estrias relativas à cinemática
sinistral-normal.

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a
evidências de reativação, pode significar uma diferença
na idade de formação das falhas ou que, localmente,
alguns planos de falha não foram afetados pelas mu-
danças nas orientações dos campos de tensão.

11 Considerações Finais
Dentro do que foi exposto nos ítens anteriores, pode-
-se concluir que as histórias evolutivas das bacias pa-
b
leozoicas e mesozoicas do Estado da Bahia apresen-
tam uma gama variável de quantidade e qualidade de
dados interpretativos. Isto se deve, principalmente, ao
interesse econômico sobre as mesmas e às suas pro-
ximidades maiores ou menores dos centros mais den-
samente povoados. Seja como for, existe um par-e-
-passo nessas histórias que começam no Paleozoico,
na Bacia do São Francisco, e nos rudimentos iniciais
da formação da Grande Depressão Afro-Brasileira, no
que seria o protótipo das bacias paleozoicas e do tipo
rift mesozoicas.
Figura XIV.61 - Sistema de falhas transversais N120o/80oNE
afetando o embasamento proximal da Bacia de Camamu, próximo
da cidade de Valença (a). Acima à esquerda, visão geral do
afloramento com aproximação do plano de falha e estrutura em 11.1 Início do Afinamento Litosférico
colher (b) indicando cinemática mais antiga normal-sinistral
(NS), com sobreposição (c) de degraus e estrias indicativos de
Lembrando do supercontinente Pangea, rodeado por
cinemática sinistral, ligeiramente reversa (S).
inúmeras zonas de subducção (Fig.XIV.63), a ideia de
uma extensão reflexa passiva intraplaca deve ter mar-
cado os primórdios de formação de bacias intraplaca
em locais onde a crosta se encontrava mais fragilizada.
A enorme quantidade de slabs, afundando sob o super-
continente pode ter propiciado a deposição dos mes-
mos, no limite Manto-Núcleo, causando um tampona-
mento térmico nas proximidades da descontinuidade
D”, com acúmulo e represamento anormal de material
quente (Zhao 2004, Maruyama et al. 2007). A quebra
de um supercontinente não é uma tarefa fácil, necessi-
tando de alguma mudança enérgica nas condições di-
Figura XIV.62 - Plano de falha polifásica transversal N40o/80oNW, nâmicas da Terra. Possíveis candidatas a responsáveis
em afloramento da Formação Sergi fluvial anterior à ponte do por estas mudanças seriam grandes anomalias ter-
Funil, Ilha de Itaparica, com estrias e degraus relacionados à
cinemática normal-sinistral, parcialmente obliteradas por estrias mais (superplumas?) que acelerariam as velocidades
e degraus relacionados à cinemática dextral-normal. de convecção mantélica, e por consequência possibi-

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Fig. XIV.63 - Reconstituição paleogeográfica do Pangea no Triássico Inferior (ca.237Ma). Nessa época uma grande quantidade de zonas de
subducção envolvia o supercontinente principalmente ao redor do Gondwana (Scotese 1997).

litariam a ruptura supercontinental. As profundidades hen (1985), Szatmari et al. (1985, 1987), Ussami et al.
de formação e as características físico-químicas dessas (1986), Castro Jr. (1987), Milani (1987), Milani & Davi-
avaliações são ainda motivo de discussão (Anderson son (1988), Bedregal (1991), Chang et al. (1992), Mag-
2007, Yuan et al. 2007, Foulger 2010). Os modelos de navita (1992), Matos (1992), Françolin et al. (1994),
anomalias termais coevos a, e como causa de ruptura, Aragão (1994, 1995, 1999), Aragão & Peraro (1994),
continental e de processos de rifteamento são clara- Magnavita et al. (1994), Destro (1995, 2002), Destro
mente visíveis no Grande Rift Este Africano. et al. (2003 a, b), Vasconcellos (2003), Silva (2009),
Corrêa-Gomes et al. (2005a, b, 2011).

11.2 Modelos de Formação de Bacias Tipo Dentre estes autores, os principais modelos tectôni-
Rift cos propostos para explicar um rift clásico (tal como
o Rift Recôncavo-Tucano-Jatobá) são: (i) o modelo de
Por outro lado o modo como a litosfera sofreu exten- descolamento (Ussami et al. 1986), (ii) o modelo de
são e evoluiu para a formação das bacias do tipo rift descolamento duplo (Castro Jr. 1987), (iii) o modelo
permanece em debate. de cantilever flexural (Magnavita et al. 1994), (iv) o
modelo da microplaca (Szatmari et al. 1985, Milani
Vários autores destacaram os aspectos tectônicos as- 1987, Milani & Davison 1988), (v) o modelo do mega-
sociados à formação e à evolução das bacias do tipo -cisalhamento (Cohen 1985), e (vi) o modelo de riftea-
rift baianas, entre eles, Asmus & Guazelli (1981), Co- mento duplo (Magnavita 1992).

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Figura XIV.64 - (a) Bacia Tucano-Gabão, com a localização de corte A-A’. (b) Modelo de evolução tectônica da Bacia Tucano-Gabão sugerido
por Ussami et al. (1986), para o período entre o Neocomiano e o Aptiano/Albiano, com superfície de destacamento (detachment) se
aprofundando de NW para SE, gerando as duas bacias assimétricas de Tucano e do Gabão.

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Figura XIV.65 - Seções transversais NW-SE esquemáticas através das bacias Tucano Norte e Tucano Sul, no inset, onde também
estão localizadas estas seções mostrando as superfícies múltiplas de destacamento e a subida do manto, indicada pelas
setas pretas (Castro Jr. 1987).

Os modelos de Ussami et al. (1986) e Castro Jr. (1987) epicentros de terremotos como observado na porção
(Figs.XIV.64, XIV.65) reforçaram a possibilidade da NE do Grande Rift Este Africano (Kearey et al. 2009)
existência de superfícies simples ou múltiplas de des- (Fig.XIV.66).
colamento-destacamento (decollement-detachment)
na base dos sistemas de rift Recôncavo-Tucano-Jato- Magnavita et al. (1994) propuseram a geração dos
bá e litorâneo, com afinamento litosférico local e su- rifts do Recôncavo e de Tucano Norte por mecanismo
bida do manto astenosférico. Esses modelos tentam de cisalhamento puro usando o modelo de cantilever
explicar também o porquê da forma assimétrica dos flexural (Fig.XIV.67), no qual a assimetria das bacias
rifts, tendo em vista que estes teriam sido produzidos se deveria ao rejeito diferencial, com provável parti-
por um mecanismo de cisalhamento simples com cipação da carga de sedimentos, entre as falhas que
alguma contribuição de delaminação. É importante contornam as mesmas. Nesse modelo não foi men-
sublinhar que superfícies de destacamento podem cionada a possibilidade da existência de superfícies de
ser denunciadas pela localização e concentração de destacamento associadas à extensão da bacia.

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a

Figura XIV.66 - Padrões de sismicidade associados à extremidade NNE do Grande Rift Este Africano. (a) Distribuição dos epicentros
dos terremotos e localização da seção A-A’. (b) Seção com os hipocentros dos terremotos alinhados segundo superfícies sub-horizontais
(Kearey et al. 2009).

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Figura XIV.67 - Estrutura crustal e estratigrafia das Bacias do Recôncavo (1) e Tucano Norte (2) pelo modelo de cantilever
(Magnavita et al. 1994). (a) Nas fases sinrift neocomiano e (b) atualmente. A sequência sinrift é indicada pelo preenchimento em amarelo.
(c) Os perfis β previstos de Beta (fator de estiramento) para estiramento por cisalhamento puro na crosta inferior
e manto são indicados pela região hachureada.

Nos modelos de Cohen (1985), Szatmari et al. (1985), cias quanto esse descompasso rotacional teriam sido
Milani (1987), Milani &Davison (1988), a geometria do fortemente influenciados por anisotropias mecânicas
sistema de rift é influenciada pela interação de micro- pretéritas do embasamento das bacias sedimentares.
placas e polos de rotação de placas tectônicas e gera-
ção e/ou reativação de megazonas de cisalhamento Por sua vez o modelo de rifteamento duplo (Magnavi-
simples e conjugadas, devido ao descompasso de ro- ta 1992) propõe que o Rift Recôncavo-Tucano-Jatobá
tação entre as placas sulamericana e a africana, du- se abriu segundo dois estágios principais de extensão,
rante a abertura do Atlântico Sul (com efeitos já dis- o primeiro E-W e o segundo WNW-ESE, também se
cutidos no item anterior). Tanto a geometria das ba- subordinando aos ajustes nas taxas de extensão e de

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rotação entre o subcontinente sulamericano e o con- simples com delaminação associado à presença de
tinente africano. alguma superfície de destacamento importante.

Um dado relevante quanto aos modelos de formação


das bacias é o da produção de magmatismo basáltico 11.3 Extensões nas Bacias Tipo Rift
fissural contemporâneo ao rifteamento Recôncavo-
-Tucano-Jatobá, reportado em Magnavita (1993) com O modelo de extensão dupla proposto por Magnavita
obtenção de idades K/Ar de 105±9,5Ma, para diques (1992) permite iniciar uma discussão sobre as orien-
orientados NE-SW, e 73Ma para filões orientados tações E-W e NW-SE das extensões na gênese das
ENE-WSW, encontrados respectivamente no embasa- bacias tipo rift baianas (que pode ser adequado para
mento cristalino nas bordas leste e oeste do (SBRTJ). situações similares em outros locais). Por outro lado,
Isto indica que, de alguma maneira, houve afinamen- os trabalhos de Destro (2002) e Destro et al. (2003a, b)
to litosférico e fusão parcial do manto fora e nas la- sobre as falhas de alívio lançaram uma nova luz so-
terais das bacias, sugerindo, juntamente com a forma bre o tema, tendo em vista que eles inseriram o con-
assimétrica das bacias, um modelo por cisalhamento ceito de falhas normais para as falhas transversais do

Figura XIV.68 - Mapas geológicos simplificados com os três principais compartimentos temporais das bacias tipo rift baianas
(pré-, sin- e pós-rift), com as orientações das extensões E-W (a) e N-S (b). O (σ1) é vertical.

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Figura XIV.69 - Mapas geológicos simplificados com os três principais compartimentos temporais das bacias tipo rift baianas (pré-, sin- e
pós-rift), com as orientações das extensões NE-SW(c) e NW-SE(d). O (σ1) é vertical.

(SBRTJ). Esse detalhe tornou possível supor que asso- dinais quanto as transversais, começam com estrias
ciada às extensões transversais do rift poderia ter ha- de alto rake, ao passo que nas reativações, os rakes
vido também uma extensão longitudinal de tal mon- são de menor inclinação. Nota-se que posteriormente
ta que permitiria uma dilatação ortorrômbica local, mesmo as falhas longitudinais passam a ter cinemá-
contemplando com cinemática dip-slip, tanto para as tica transcorrente dominante.
falhas mestras longitudinais quanto para as de alívio
transversais. A julgar pela quantidade de falhas de Estes dados devem ser cruzados com aqueles de uma
alívio identificadas é provável que esta extensão lon- situação mais típica de falhas em bacias tipo rift.
gitudinal seja mais importante do que o previamente Nesta situação o quadro seria de falhas longitudinais
suposto para bacias tipo rift. normais, com estrias de alto rake, e falhas transver-
sais transcorrentes, com estrias de baixo rake. A iden-
Agora é importante que sejam retomadas as observa- tificação de falhas de alívio permitiu incorporar a este
ções de campo sobre as cinemáticas das falhas com- quadro falhas transversais normais com estrias de
ponentes do (SBRTJ). O que se nota é que, nos casos alto rake. Portanto falhas longitudinais normais e fa-
de reativação de planos de falhas tanto as longitu- lhas transversais transcorrentes e normais estão bem

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Figura XIV.70 - Mapas geológicos simplificados com os três principais compartimentos temporais das bacias tipo rift baianas (pré-, sin- e
pós-rift), com as orientações das compressões NE-SW(e) e NW-SE(f). O (σ1) é horizontal.

inseridas neste contexto. Mas qual o significado das Tendo em vista: (i) a distribuição geográfica das orien-
falhas longitudinais transcorrentes? Uma explicação tações dos tensores principais (máximo e mínimo)
poderia estar no tipo de modo de falhamento com- nas Bacias de Camamu, Recôncavo, Tucano e Jatobá,
plexo de Nieto Samaniego & Alaniz-Alvarez (1997) (ii) Separação das formações classicamente em su-
para falhas reativadas cujos deslizamentos (e conse- persequências pré-, sin- e pós-rift e (iii) a história de
quentemente as estrias) acompanhariam as interse- abertura da Bacia de Jatobá é um pouco diferente das
ções sub-horizontais dos planos de falha produzidos outras. As duas primeiras (Figs.XIV.68, XIV.69) mos-
pela tectônica gravitacional. Sendo assim, os blocos tram as orientações dos (σ3) (extensões) horizontais
de falha, ao serem reativados durante a extensão das para situações de (σ1) vertical a subvertical (tectôni-
bacias deslizariam e se acomodariam segundo linhas ca gravitacional). Na figura XIV.70, são mostradas as
de baixo caimento, causando as estrias strike-slip em orientações com (σ1) e (σ3) horizontais a sub-horizon-
falhas longitudinais e transversais. A outra é que te- tais (tectônica transcorrente). Pode-se notar que não
ria havido uma tectônica transcorrente importante no há uma separação ideal de orientações dos tensores
final, ou mesmo após, o rifteamento. máximo e mínimo nas formações de diferentes ida-

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des, porém algumas concentrações predominantes Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (OISC), orientado
podem ser percebidas: N00o-10º e, a norte de Ilhéus, encontrou a extremida-
de NE da estrutura em flor negativa da (ZCIIC), para
(i) para os (σ3) horizontais e (σ1) verticais, as orienta- entalhar a Bacia do Almada. A formatação da Bacia
ções do tensor mínimo E-W (ortogonal às bacias) e de Camamu acompanhou fielmente a orientação do
N-S (longitudinal às bacias) ficam concentradas nas (OISC) e, secundariamente, os traços de lineamentos
bordas das bacias onde as sequências mais antigas antigos N120o, E-W e N45o do embasamento. A seguir
afloram (pré- e sin-rift). Para as orientações NW-SE encontrou a confluência entre o (OISC) e o Cinturão
e NE-SW existe uma maior concentração nas por- Salvador-Esplanada (CSE), orientado N30o-40º, que
ções sin-rift. Isto sugere que as orientações E-W e foi decisiva para a bifurcação entre o ramo principal
S-N sejam ligeiramente mais antigas que as NW-SE do rifteamento, que seguiu a orientação do (CSE) e o
e NE-SW. Não raramente nos mesmos afloramentos, ramo abortado seguiu as orientações do (OISC). No
os dois grupos de orientações ortogonais podem ser local da bifurcação foi gerada a porção orientada E-W
encontrados, indicando extensões ortorrômbicas em da Falha da Barra. O ramo continental da Bacia do
dois eventos temporalmente próximos. Recôncavo acompanhou na sua borda oeste, as orien-
tações do (OISC) e, até onde pôde, as orientações do
(ii) as orientações de (σ1) horizontais ficam espalha- (CSE), na sua borda leste. A Bacia de Tucano, com seu
das por todas as formações das bacias, sendo a orien- longo eixo N-S, acompanhou as orientações dúcteis
tação NW-SE mais marcante na Bacia de Camamu, do (OISC), sofrendo localmente influências de pro-
no Sul da Bacia do Recôncavo, e a NE-SW em toda a pagação do Faixa Sergipana (FS), orientado N120o, e
Bacia de Tucano. do limite do Cráton do São Francisco com a Província
Borborema (PB), orientado E-W. A seguir, perdendo
força de propagação, se curvou às fortes anisotro-
11.4 Herança Estrutural do Embasamento pias mecânicas da (PB), com suas potentes zonas de
cisalhamento dúctil-rúptil, na formação da Bacia de
Lembrando que a espessura do conjunto de pacotes Jatobá. Como pode ser visto a história evolutiva das
sedimentares da Bacia de Camamu é maior que os das bacias tipo rift baianas é fortemente talhada sobre
Bacias do Almada, imediatamente a sul, e do Recôn- estruturas mais antigas impressas no cráton, nas
cavo, imediatamente ao norte, com isso pode-se dizer suas faixas marginais e províncias tectônicas outras.
que a evolução do rifteamento na costa do Estado da Além das estruturas planares dúcteis e rúpteis, tam-
Bahia foi diacrônica, não necessariamente acompa- bém pode ser destacada a influência das lineações de
nhando pari passu a propagação de sul para norte, estiramento/crescimento mineral na canalização de
preconizada para a evolução do oceano Atlântico Sul. propagação das falhas dessas bacias. As estruturas li-
neares ganham importância neste controle principal-
Começando de sul para norte a propagação da aber- mente onde as superfícies dúcteis são suborizontais.
tura atravessou o Orógeno Araçuaí e aproveitou es-
truturas antigas tais como as Zonas de Cisalhamen-
to de Itapebi-Potiraguá (ZCIP), orientada N140o, e de 11.5 Relevo das Bacias
Itabuna-Itaju do Colônia (ZCIIC), orientada N45o; a
Bacia do Rio Pardo, orientada N120o, assim como o Em se tratando do relevo dessas bacias sedimentares,
contato entre o Orógeno Araçuaí (OA) e o Cráton do é possível que, fatores locais como: a erosão diferen-
São Francisco (CSF), orientado também N120o, na for- cial dos pacotes sedimentares, o ressalto elástico de
matação das Bacias de Cumuruxatiba e Jequitinho- falhas de borda, concentração local de shear bands,
nha. Evoluindo para norte, cortou paralelamente o e o peso dos pacotes sedimentares, tenham exercido

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a b

c d

Figura XIV.71 - (a) Mapa de anomalia Bouguer para a região nordeste do Brasil, com destaque para os baixos gravimétricos que contornam
os Sistemas de Bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá, e Potiguar-Araripe (em azul)(Oliveira, 2008). (b) Disposição espacial dos alinhamentos
estruturais das bacias tipo rift do NE do Brasil. (c)Simplificação dos alinhamentos estruturais na forma das linhas pretas.
(d)Possível interpretação tectônica para as geometrias dos dois sistemas de bacias. A linha amarela marca o limite sugerido, crosta
continental-crosta oceânica. A conformação dos dois sistemas de bacias sugere que ambos podem ter-se comportado como uma
combinação entre bacias sigmoidais pull-apart e um par paralelo concorrente de propagação. Sua geometria final assimétrica,
se deveu a um cisalhamento regional, que impôs cinemáticas sinistrais à planos orientados E-W, e dextrais à planos orientados N-S.
Setas pretas = vetor máximo de tensão horizontal (SHMAX), setas brancas= vetor mínimo de tensão horizontal (SHMIN).
(SBRTJ)=Sistema de Bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá, SBPA=Sistema de Bacias Potiguar-Araripe.

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influências na formação dos relevos positivos e ne- mam. Se existe um cisalhamento simples atuando, o
gativos encontrados. Por outro lado, fenômenos de efeito nas terminações vai depender do sentido de ro-
escala regional como tensões intraplaca e under- tação imposto pelo cisalhamento rotacional. Como re-
plating ligados à superfícies de destacamento e ao sultado, as terminações podem se aproximar (ou con-
fatiamento convectivo podem ser causadores dessas vergir) ou se afastar (ou divergir). No caso do (SBRTJ),
discrepâncias de relevo. O magmatismo fissural ba- propagando-se para norte, e do Sistema de Bacias
sáltico localizado nas laterais das bacias representa Potiguar-Araripe, propagando-se para SSW, em um
uma forte evidência da estocagem de magma durante determinado momento alcançaram uma importan-
o processo de rifteamento. te barreira mecânica representada pelo Lineamen-
to Pernambuco-Patos (que poderia ter atuado como
uma zona de transferência do tipo Conjugate Diver-
11.6 Modelo Complementar para gent Approaching, (CDA), de Morley et al. 1990 e Bose
a Formação e Evolução das Bacias & Mitra 2010). Isso, juntamente com o cisalhamento
dextral associado às estruturas próximas a N-S, pode-
Intracontinentais do Tipo Rift do NE do
riam ter provocado o desvio de ambas as terminações
Brasil no sentido horário. Portanto, (i) uma interação de pro-
pagações de rifts combinando um sistema sigmoidal
Uma pergunta instigante que representa o gatilho pull-apart do Sistema de Bacias Potiguar-Araripe,
para a sugestão de um modelo tectônico seria: por associado a uma cinemática sinistral, com (ii)um sis-
que a propagação do (SBRTJ) sofreu uma refração tema de pares paralelos concorrentes divergentes
para ENE e não para WNW ou continuou reto atraves- (SBRTJ) associado a uma cinemática dextral, poderia
sando a Província Borborema? ser aventado para explicar a distribuição espacial des-
ses rifts intracontinentais do NE do Brasil (Fig.XIV.71).
Para responder essa pergunta deve ser lembrado que Porém, como todo modelo proposto , esse deve ser
o uso de métodos geofísicos tem auxiliado sobrema- amplamente testado para ser considerado como ade-
neira na interpretação de como se estrutura em pro- quadamente válido.
fundidade a litosfera da Terra. O caso dos métodos
gravimétricos é um destes. Observando os dados de
anomalias Bouguer para o nordeste do Brasil (Oliveira
2008) nota-se um alinhamento de baixos gravimétri- 12 Síntese
cos que delineia perfeitamente, por um lado o Sistema
de Bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá (SBRTJ), e, por As bacias paleozoicas e mesozoicas baianas podem ser
outro, com menor nitidez, um alinhamento que vai da observadas apenas em porções onshore serem parte
Bacia Potiguar até a Bacia do Araripe. Para essas últi- onshore e parte offshore, ou ainda, serem exclusiva-
mas uma geometria sigmoidal tipo pull-apart relativa mente offshore. Isto aumenta significativamente a im-
à cinemática sinistral aparece materializada. Já para portância do estudo das bacias emersas para poder es-
o contorno dos dois alinhamentos, mais o de um ter- tender o seu conhecimento dinâmico às bacias imersas.
ceiro baixo gravimétrico situado exatamente entre as À luz dos dados apresentados, fica a ideia da com-
duas terminações dos sistemas, materializa uma ge- plexidade evolutiva da formação dessas bacias sedi-
ometria muito semelhante àquela de pares paralelos mentares no Estado da Bahia. Esta história envolveu
de propagação concorrente (Olson & Pollard 1989). interações com os mantos astenosférico e litosférico e
Durante a propagação de dois braços paralelos exis- com estruturas herdadas do embasamento cristalino
te um momento em que suas terminações se aproxi- representados por um cráton e por faixas marginais.

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Se para as bacias mais antigas as evoluções tectôni- muito provável que, com o avanço de suas aberturas,
cas ainda são pouco conhecidas, mas possivelmente tanto as falhas longitudinais quanto transversais te-
relacionadas à extensões flexurais da litosfera, para nham assumido um caráter pivotante, para acomodar
as bacias do tipo rift existe uma quantidade de infor- a extensão das bacias. Finalmente as fases transex-
mações muito maior. Estas bacias foram polifásicas tensivas podem estar relacionadas ao jogo de tensões
com fases precoces lembrando a situação tectônica da separação Brasil-África e refletir a orientação do
atual do rift Okavango (extremidade SSW do Grande (SHMAX)
do final dessa separação, representar um even-
Rift Este Africano), com extensões ortorrômbicas se- to mais novo transcorrente ou ainda ser reflexo de
guindo o modelo de Reches (1978). amplos reajustes em “gavetas” de blocos de falha com
movimento horizontal paralelo às linhas de interse-
Essas bacias, notadamente o (SBRTJ), alternaram ção desses blocos, seguindo o modelo de Nieto-Sa-
de extensões N-S e E-W, e NW-SE e NE-SW, ambas maniego & Alanis-Alvarez (1997). Uma representação
com (σ1) verticais, e com compressões (σ1 horizontal) em blocos diagramas desse quadro evolutivo pode
NW-SE e NE-SW. Como as bacias são assimétricas, é ser visto na figura XIV.72.

Figura XIV.72 - Representação esquemática em blocos- diagramas, do quadro evolutivo tectônico para o (SBTRJ). (a)Tectônica gravitacional
com extensão ortorrômbica N-S/E-W. (b) Tectônica gravitacional com extensão ortorrômbica NW-SE/NE-SW. (c)Tectônica transextensiva
com compressões NW-SE/NE-SW. São ressaltadas as superfícies de destacamento, a geometria assimétrica das bacias, as posições de
possíveis fontes magmáticas, o magmatismo fissural, as variações de posição dos depocentros e as orientações dos tensores principais
máximos (σ1= setas pretas) e mínimos (σ3= setas brancas) de cada fase tectônica. Os prolongamentos das falhas transversais são
exagerados para melhor visualização das suas posições espaciais.

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Capítulo XV Margem Continental
Webster Mohriak (Petrobras, Rio de Janeiro)

1 Introdução

A Bahia é um estado com uma das maiores extensões da margem continental brasileira, englobando diversos
segmentos associados a bacias sedimentares com características geológicas distintas e com diferentes graus de
conhecimento do potencial exploratório (p.e. Asmus 1984, Mohriak 2003). As bacias sedimentares ocorrem em
segmentos da margem com diferentes extensões litorâneas (Fig.XV.1): (i) extensão litorânea de cerca de 100km a
NE de Salvador (Bacia de Jacuípe, situada a sul da Bacia de Sergipe); (ii) 70km a SW de Salvador (Bacia de Cama-
mu); iii) 120km de plataforma estreita na direção NE (Bacia do Almada); (iv) mais 170km na direção NW-SE até o
alto vulcânico de Royal Charlotte (Bacia de Jequitinhonha); e (v) cerca de 100km na reentrância batimétrica entre
Royal Charlotte e a Plataforma de Abrolhos (Bacia de Cumuruxatiba). A Plataforma de Abrolhos estende-se por
230km entre a Bahia e Espírito Santo, estando caracterizada na parte norte pela Bacia de Mucuri, em território
baiano. Nesta bacia destaca-se a Ilha de Santa Bárbara, situada no Arquipélago de Abrolhos, onde foi perfurado
o primeiro poço estratigráfico na plataforma continental baiana, em 1958 (Fig.XV.1). Na região de crosta oceânica
destacam-se vários montes submarinos, como Sulphur, Hotspur e os montes submarinos da Bahia alinhados na
direção NW.

O principal objetivo deste trabalho é sintetizar e discutir algumas dessas feições à luz de novos conceitos geo-
lógicos, advindos da interpretação da região de águas profundas e ultraprofundas, apresentando-se dados ge-
ológicos e geofísicos em mapas regionais obtidos através de informações de domínio público, integradas com
resultados da perfuração de poços exploratórios pela Petrobras e outras companhias de petróleo. Também
são abordados alguns aspectos da geologia de petróleo da região submersa do Estado da Bahia, destacando-
-se os vários dados geoquímicos obtidos durante as atividades exploratórias e que constam do banco de dados
disponibilizado publicamente pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Vários blocos nas bacias da margem
continental baiana têm sido ofertados em diversos leilões da ANP, sendo aqui resumidos os principais resultados
desse esforço exploratório pela Petrobras e outras companhias até o ano de 2009.

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Figura XV.1 - Imagem de satélite na região emersa do Estado da Bahia, com mapa batimétrico simplificado e principais feições regionais
das bacias sedimentares da margem continental. Ao sul da Bacia de Jequitinhonha observam-se vários altos vulcânicos. Os montes
submarinos da Bahia ocorrem em crosta oceânica, além do limite distal do rift.

1.1 Base de Dados Neste trabalho apresenta-se a integração de dados


de métodos potenciais da Petrobras e da CPRM com
A margem continental do Estado da Bahia tem sido dados do Geosat, de domínio público (Sandwell &
alvo de diversos levantamentos geológicos regionais Smith 1997), e de instituições de pesquisa (p.e. Insti-
efetuados por instituições governamentais (p.e. Pro- tuto Astronômico e Geofísico da Universidade de São
jeto Remac, Projeto Leplac), pela Petrobras e também Paulo), resultando na elaboração de mapas regionais
por instituições de pesquisa geológica (p.e. CPRM) integrados de batimetria, gravimetria (ar-livre e Bou-
além de diversas empresas ligadas à indústria de pe- guer) e magnetometria.
tróleo, que realizaram inúmeros levantamentos de
dados especulativos, principalmente sísmicos, gravi- Com a criação da ANP – Agência Nacional do Petróleo, o
métricos e magnéticos (p.e. Fainstein 1999, Fainstein banco de dados geológicos e geofísicos das bacias sedi-
et al. 2001). mentares da margem continental brasileira, anterior-
mente levantado primordialmente pela Petrobras

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durante os trabalhos de investigação do potencial de 2005). Conforme discutido em outros capítulos desta
hidrocarbonetos, passou a ter acréscimos substanciais publicação, a região nordeste brasileira, em particular
com dados de levantamentos não-proprietários (spec a pertencente ao Estado da Bahia, foi afetada por di-
surveys) adquiridos por diversas companhias ligadas versos eventos tectônicos antes da formação do Gon-
à indústria de petróleo, e também por instituições de dwana e da margem atlântica, destacando-se o Even-
pesquisa. Nesse contexto de base de dados multidisci- to Riaciano (2,05-2,3Ga) (CAPÍTULO III), que resultou
plinar, são utilizados neste trabalho dados geológicos na aglutinação do segmento crustal Paramirim–Ga-
(principalmente resultados estratigráficos de poços bão, com os Crátons São Francisco–Congo (Fig.XV.2)
exploratórios perfurados pela Petrobras) e geofísi- apresentando idades do embasamento maiores que
cos (em particular, sísmicos e potenciais). Esses dados 1,8Ga (Cordani et al. 2000, Pinto & Martins Neto 2001).
subsidiam a interpretação da evolução tectonossedi-
mentar das bacias dos diversos segmentos da margem A tafrogênese do mesoproterozoico (1,75Ga) resul-
baiana, que é complementada pela análise de alguns tou na formação dos rifts do Supergrupo Espinhaço
levantamentos de sísmica profunda executados pela (CAPÍTULO VIII), que, por sua vez, evoluíram para a
Petrobras (p.e. Mohriak & Latgé 1991, Mohriak et formação de uma margem continental passiva (em
al. 1993) e pela Marinha (Projeto Leplac, Gomes et al. Minas Gerais), cujo fechamento resultou na Faixa de
1997, Jinno et al. 1999, Russo et al. 1999). É apresenta- Dobramento Orógeno Araçuaí (CAPÍTULO X) – Ga-
da uma síntese do conhecimento das principais feições bão (Franceviliano, Fig.XV.2). A região do Cráton do
geológicas das bacias da margem continental baiana, São Francisco tornou-se estável até o advento da ta-
com suporte geofísico de linhas sísmicas regionais 2-D frogênese do neoproterozoico (900Ma), que resultou
que atravessam a plataforma continental e adentram na formação do rift Macaúbas e na margem passiva
a região de crosta oceânica. Algumas linhas de le- Bambuí (Pinto & Martins-Neto 2001, Alkmim 2004).
vantamento sísmico 3-D, apresentadas em trabalhos A orogenia Brasiliana–Panafricana (600–500Ma) re-
técnicos externos à Petrobras, são também utilizadas sultou na inversão dos rifts e na formação de faixas
para subsidiar a interpretação geológica e geofísica. As dobradas ao redor dos crátons (Faixas de Dobramento
principais informações referentes à geologia de petró- Rio Preto-Riacho do Pontal, Araçuaí, Sergipana, Bra-
leo das bacias da margem continental da Bahia estão sília, Ribeira e oeste africano) (CAPÍTULOS IX, X, XI),
disponibilizadas nas apresentações técnicas da ANP englobando rochas sedimentares e intrusões ígneas
preparadas para os diversos leilões de áreas petrolí- que atingem até o Eopaleozoico (Fig.XV.2).
feras, sendo sumariadas em alguns de seus aspectos
mais relevantes. A orogenia neoproterozoica/eopaleozoica é seguida
por uma fase de sedimentação intracratônica nas
bacias sedimentares paleozoicas (Paraná, Parnaíba,
Amazonas), que também é registrada na margem
2 Evolução Tectônica da continental nordeste brasileira, com ciclos deposi-

Região Leste Brasileira cionais que atingem o Paleozoico e o Mesozoico, for-


mando a depressão periférica que se estendia nas
O supercontinente de Gondwana (Fig.XV.2) formou-se regiões leste brasileira e oeste africana (CAPÍTULO
no neoproterozoico como resultado da assembléia de XIII). A espessura preservada dessa sequência de ro-
terrenos acrescidos aos crátons do Amazonas e do São chas sedimentares é de no máximo algumas poucas
Francisco durante a orogenia Brasiliana ou Panafrica- centenas de metros (Chang et al. 1992, Mohriak 2003),
na (Almeida et al. 1976, Cordani et al. 1984, Almeida et constatada através de um número reduzido de poços
al. 2000, Heilbron et al. 2000, Alkmim 2004, Mohriak exploratórios.

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Figura XV.2 - Principais crátons na reconstrução palinspástica do continente Gondwana, resultante da amalgamação das placas durante o
Brasiliano (Neoproterozoico). O detalhe da figura inferior mostra as áreas arquenas-paleoproterozoicas (Faixas Riacianas), as áreas meso e
neoproterozoicas (Faixas de Dobramentos Brasilianas), bem como a localização das bacias sedimentares de margem divergente formadas
durante a ruptura mesozoica que deu origem ao Atlântico Sul. Modificado de Alkmin (2004).

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Importantes zonas de fraqueza crustal no interior do vulcanismo subaéreo, geneticamente associadas com
continente, provavelmente herdadas de orogenias a implantação de centros de espalhamento oceânico
pretéritas, foram utilizadas nas fases posteriores de (Mohriak et al. 1998, Mohriak 2001).
formação de bacias sedimentares. No nordeste bra-
sileiro, destaca-se o alinhamento leste-oeste de Per- O estiramento litosférico que levou à ruptura do Gon-
nambuco-Paraíba, que exerceu papel fundamental dwana culminou com a formação de crosta oceânica
no controle tectônico das bacias interiores formadas no Eocretáceo (Rabinowitz & LaBrecque 1979, Chang
no Mesozoico (Cordani et al. 1984, Chang et al. 1992). et al. 1992, Müller et al. 1997, Cainelli & Mohriak
Na região da margem continental baiana destacam- 1999b, Davison 1999, Karner & Driscoll 1999, Müller
-se as zonas de falhas transformantes de direção et al. 2008, Torsvik et al. 2009, Moulin et al. 2010). Da-
leste-oeste que ocorrem na região de crosta oceânica vison (1997) sugere que o estreitamento da margem
e afetam as bacias da margem continental, como ve- continental, na região nordeste brasileira, está rela-
rificado, por exemplo, na região a leste de Salvador cionado com o substrato precambriano das bacias, de
(Mohriak 2005, Blaich et al. 2008). modo que os processos extensionais resultaram em
bacias estreitas nas regiões do embasamento cratô-
A ruptura continental no Mesozoico (Neojurássico/ nico, e em bacias mais largas, com ampla distribui-
Eocretáceo) resultou na quebra do Gondwana e for- ção dos rifts, nas regiões onde o embasamento cor-
mação do Atlântico Sul, estando registrada por gran- responde a faixas dobradas neoproterozoicas. Duas
des feições extensionais de rifts superpostos às rochas hipóteses têm sido propostas para a interpretação
sedimentares anteriormente depositadas nas regiões da transição entre crosta continental e crosta oceâ-
leste brasileira e oeste africana (Ponte & Asmus 1978, nica: (i) modelos envolvendo afinamento litosférico
Asmus 1982, Conceição et al. 1988, Cainelli & Mohriak com subida do Moho, resultando em feições extensio-
1998a, Chang et al. 1992, Milani & Thomaz Filho 2000, nais e magmatismo (modelo de cisalhamento puro,
Rosendahl et al. 2005, Blaich et al. 2008). MacKenzie 1978); e (ii) modelos envolvendo falhas
de descolamento de baixo ângulo (modelo de cisa-
O rifteamento da margem é diácrono, com idades lhamento simples, Wernicke 1985), localmente com
variando entre Jurássico e Neocomiano nas extremi- exumação do manto (Lavier & Manatschal 2006). A
dades meridional e setentrional da América do Sul, aplicação desses modelos geodinâmicos conceituais
podendo atingir idades bem mais novas (Aptiano–Al- para as bacias da margem continental baiana são
biano) na região nordeste do Estado da Bahia (Caixeta discutidas com base nos dados geofísicos apresenta-
et al. 2007). dos neste capítulo.

Embora as bacias no interior do continente (Recôn-


cavo-Tucano-Jatobá) sejam basicamente desprovi- 2.1 Evolução Estrutural e Estratigráfica
das de magmatismo sinrift, registra-se na margem das Bacias da Margem Continental
continental baiana, principalmente no segmento
sul (na direção das Bacias do Espírito Santo e Cam- Neste item são revistos alguns aspectos relacionados
pos), a ocorrência de rochas vulcânicas associadas à evolução tectonossedimentar das bacias da mar-
à abertura do Atlântico Sul (Cordani 1970, Misuzaki gem continental da Bahia, incluindo a caracterização
et al. 2002). Deve-se ressaltar como importante fei- estratigráfica das rochas sedimentares distribuídas
ção tectônica a ocorrência de cunhas de refletores desde as fase pré-rift e sinrift nas bacias. Essas rochas
mergulhantes para o mar na transição para a cros- afloram na região emersa continental e avançam na
ta oceânica, interpretadas como feições associadas a direção da plataforma continental até o limite cros-

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ta continental/crosta oceânica, tendo sido perfura- 2.1.1 Megassequência Pré-Rift
das em vários poços exploratórios, notadamente nas
Bacias de Camamu e do Almada. Os sedimentos das Esta megassequência representa a fase intracra-
fases transicional e pós-rift, que ocorrem na região tônica do Supercontinente Gondwana, precedendo
submersa e avançam até a região de crosta oceânica, o rift do Atlântico Sul e formando amplas e suaves
são amostrados também por vários poços explorató- depressões que foram preenchidas por sedimentos
rios na plataforma e na região de águas profundas. marinhos marginais (Neopaleozoico) a lacustres e
fluvioeólicos (Neojurássico–Eocretáceo). Nas regiões
O estágio sin-rift está associado à separação das pla- nordeste brasileira e oeste africana, a supersequên-
cas sul-americana e africana, resultando em bacias cia paleozoica expressa-se apenas por remanescen-
sedimentares que evoluíram para uma margem di- tes de rochas paleozoicas, que ocorrem nas Bacias de
vergente após a formação do Oceano Atlântico (Ponte Sergipe-Alagoas, nos rifts do Recôncavo-Tucano-Ja-
& Asmus 1976, Asmus & Porto 1980, Asmus & Baisch tobá e nas bacias da margem continental da Bahia,
1983, Asmus 1984, Cainelli & Mohriak 1998, Mohriak onde atingem espessura máxima de poucas centenas
2004, Zalán 2004). de metros (Figueiredo 1985, Garcia 1991, Netto et al.
1994, Cainelli & Mohriak 1998).
Uma composição de figuras reconstituindo a fisio-
grafia do Atlântico Sul atual (Fig.XV.3a) e com os rifts A Supersequência do Jurássico é separada da Super-
das bacias marginais na época pré-deriva continental sequência do Paleozoico por um hiato que envolve
(Fig.XV.3b) destaca a correlação das bacias do nor- todo o Triássico. Um novo pulso de subsidência re-
deste brasileiro com as do oeste africano, sendo que sultou no desenvolvimento de depressões regionais
ambas as regiões foram afetadas por esforços exten- relacionadas ao estiramento litosférico inicial que
sionais datados do Neojurássico a Eocretáceo. A figura precedeu a fase principal de rifteamento, formando
XV.3a mostra um mapa fisiográfico com as principais uma grande bacia que é designada como depressão
feições do Oceano Atlântico, destacando-se o centro afro-brasileira (Ojeda 1982). Essa área de sedimenta-
de espalhamento atual, localizado aproximadamente ção pode atingir 100 a 300m de espessura na Bacia de
à meia-distância entre o continente sulamericano e Sergipe-Alagoas, cobrindo remanescentes de rochas
africano. A figura XV.3b apresenta uma reconstituição paleozoicas ou précambrianas (Feijó 1994). Na mar-
palinspástica com as principais bacias sedimentares gem continental baiana há registro de sequências
formadas com a separação das placas sulamericana paleozoicas a mesozoicas pré-rift na margem conti-
e africana (Mohriak 2003). nental, notadamente na região de Camamu-Almada,
onde foram constatadas por perfuração de poços ex-
O arcabouço estratigráfico adotado para as bacias ploratórios (Netto et al. 1994, Caixeta et al. 2007) (CA-
da margem continental da Bahia (Fig.XV.4) acomoda PÍTULO XIII). Estima-se que a máxima espessura da
estágios tectônicos distintos, com fases de subsidên- Formação Afligidos (Permiano) possa atingir 500m,
cia e acumulação sedimentar agrupadas em quatro enquanto as Formações Aliança e Sergi (Neojurássi-
megassequências deposicionais: a pré-rift, a sinrift, a co), somadas, alcançam um máximo de 1.000m (Cai-
transicional e a pós-rift, divididas hierarquicamente xeta et al. 2007).
em supersequências e sequências estratigráficas (As-
mus & Ponte 1973, Asmus & Porto 1980, Asmus 1982, Na Bacia de Camamu, a megassequência pré-rift ca-
Asmus 1984, Dias et al. 1993, Dias 2005, Cainelli & racteriza-se por rochas sedimentares pertencentes às
Mohriak 1999a, Mohriak 2003). formações Afligidos, Aliança, Sergi, Itaparica e Can-
deias (Membro Tauá). A Formação Afligidos é definida

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Figura XV.3a - Mapa tectônico com reconstituição paleogeográfica. Reconstrução pré-ruptura continental
com máxima aproximação das placas (LMA ~133Ma). Modificado de Moulin et al. 2010.

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Figura XV.3b - Mapa tectônico com reconstituição paleogeográfica. Reconstrução pré-drift (~124Ma) com a identificação de bacias de
margens conjugadas. Modificado de Mohriak et al. (2003)

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por uma sequência regressiva de ambiente marinho signada de megassequência continental) é controlado,
marginal/sabkhas costeiras (Membro Pedrão) a la- de maneira geral, por uma flexura no embasamento
custre (Membro Capianga). As Formações Aliança e ou por um sistema de falhas normais com mergulho
Sergi constituem o Grupo Brotas, de idade neojurás- predominante para leste (falhas sintéticas, como nas
sica. As rochas sedimentares que caracterizam estas Bacias de Camamu e Almada), embora também ocor-
unidades constituem o registro de sistemas aluviais, ram falhas antitéticas, com caimento para oeste, como
desenvolvidos sob clima árido, em uma bacia intra- na parte proximal da Bacia de Jacuípe.
cratônica denominada de Depressão Afro-Brasileira,
situada na parte central do Paleocontinente do Gon- O limite leste da megassequência sin-rift é de extre-
dwana (CAPÍTULO XIII). ma importância por condicionar a área de ocorrência
de rochas lacustrinas potencialmente geradoras de
As Formações Aliança, Sergi, Itaparica e Água Gran- hidrocarbonetos. Essa interpretação baseia-se na in-
de, estas duas já de idade eocretácea, definem ciclos tegração de métodos sísmicos e potenciais (Mohriak
fluvioeólicos (Membro Boipeba da Formação Aliança, et al. 1995, Bassetto et al. 1996, Mohriak et al. 2000),
Formação Sergi e Formação Água Grande), aos quais se sendo discutida em outros itens deste capítulo.
intercalam sistemas lacustres transgressivos (Membro
Capianga da Formação Aliança e Formação Itaparica). Na parte norte da margem continental da Bahia o
Folhelhos lacustres caracterizam o Membro Tauá. rift é bem desenvolvido, admitindo-se espessuras
de alguns milhares de metros na Bacia de Camamu
Não há registro de sedimentos paleozoicos a jurássi- (Gonçalves et al. 2000), notadamente na região de
cos nas Bacias de Jequitinhonha e Mucuri (Fig.XV.4). águas profundas (Menezes & Milhomem 2008). Na
Na Bacia de Cumuruxatiba, Rodovalho et al. (2007) parte sul das bacias baianas, na região de Abrolhos,
sugerem que o Grupo Cumuruxatiba (Formações os fácies lacustrinas pré-sal são menos contínuas,
Monte Pascoal e Porto Seguro) corresponda aos de- provavelmente devido ao preenchimento sedimentar
pósitos pré-rift do Neojurássico/Eocretáceo inicial. fortemente influenciado por material vulcânico ou
Na Bacia do Almada, a seção pré-rift envolve rochas pela acresção vulcânica da fase drift, que dificulta a
sedimentares relacionadas às Formações Sergi (Neo- visualização da megassequência sinrift (Biassusi et
jurássico), com depósitos fluvioeólicos, e Itaípe (Eo- al. 1990, França et al. 2007, França & Mohriak 2008).
cretáceo), lacustre.
A megassequência sinrift é composta por três prin-
2.1.2 Megassequência Sin-rift cipais associações de litofácies sedimentares e lito-
lógicas: (i) leque aluvial/leque deltaico e depósitos
Esta megassequência foi depositada durante o riftea- transicionais; (ii) folhelhos e margas lacustrinos, e
mento crustal no Eocretáceo, resultando na acumu- (iii) carbonatos com pelecípodes lacustrinos), que re-
lação de espessas sequências sedimentares relacio- sultam em espessa sequência alúvio-fluvio-deltaico-
nadas a um ambiente continental fluvio-deltaico e -lacustre. Esses sedimentos foram depositados no
lacustrino (Asmus & Ponte 1973, Asmus 1984). Eocretáceo, estando associados à Formação Morro
do Barro, no intervalo neocomiano-barremiano, à
Os depocentros da fase rift ocorrem nas bacias da re- Formação Rio de Contas, no barremiano-eoaptiano,
gião continental (Recôncavo-Tucano-Jatobá) e ao lon- e ao Membro Itacaré da Formação Taipus Mirim, no
go da margem continental leste. Nas bacias marginais Eo-Neoaptiano (Netto et al. 1994, Gontijo et al. 2007,
o limite oeste da megassequência sinrift (também de- Caixeta et al. 2007).

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Os fácies proximais das bordas dos rifts são dominadas rior e termina com rochas sedimentares evaporíticas
por conglomerados e arenitos, que comumente apre- (predominantemente halita, com anidrita subordina-
sentam fragmentos de rochas ígneas e metamórficas. da, e, localmente, com deposição de sais mais solú-
Litologias de fácies mais distais, com granulometrias veis de potássio), depositadas entre o neoaptiano e o
mais finas, relacionam-se aos depocentros dos lagos eoalbiano (Palagi 2008).
mais profundos e confinados, onde condições anóxicas
extremas permitiram a deposição e conservação de fo- A megassequência transicional é marcada pelo tér-
lhelhos pretos, ricos em matéria orgânica, que consti- mino da fase de estiramento litosférico e rifteamento
tuem a principal rocha geradora para os hidrocarbone- da crosta continental, cessando a atividade de grande
tos da Bacia do Recôncavo e da margem continental da parte das falhas envolvendo o embasamento. Carac-
Bahia (Mello et al. 1988, Mello et al. 1994). teriza-se por um período de peneplanização das cris-
tas dos blocos de rift rotacionados, que prevaleceu
Nas Bacias de Cumuruxatiba e Mucuri, a fase sinrift até que as primeiras ingressões marinhas cobrissem
é representada pela Formação Cricaré (Neocomia- os sedimentos depositados no barremiano e no eo-
no–Eoaptiano), que se caracteriza, principalmente na aptiano. Esse evento erosivo resultou na formação de
sua porção mais basal, por silissiclásticos grossos, clásticos com granulometria grossa (arenitos e con-
interpretando-se o predomínio de pelitos em porções glomerados), depositados sobre a discordância angu-
distais (Santos et al. 1994). Na Bacia de Jequitinhonha, lar (break-up unconformity), nas regiões proximais,
esta seção ainda não foi amostrada por poço, sendo e na deposição de carbonatos e silissiclásticos finos,
interpretada a partir do dado sísmico. Na Bacia de nas regiões mais distais.
Mucuri fase inicial sinrift é composta por rochas se-
dimentares de granulometria grossa, depositadas em As primeiras incursões marinhas nas bacias da mar-
ambiente continental. Rochas vulcânicas, representa- gem continental baiana são registradas no neoaptia-
das pela Formação Cabiúnas, repousam discordante- no (idade Alagoas Superior), em golfos restritos onde
mente sobre o embasamento precambriano, na base se depositaram rochas siliciclásticas, carbonáticas e
da coluna sedimentar desta bacia, ou intercalam-se evaporíticas da Formação Taipus Mirim, englobando
com rochas sedimentares da fase sinrift (Biassusi et o Membro Serinhaém (silissiclásticos) e o Membro
al. 1990, Vieira et al. 1994). Igrapiúna (evaporitos), nas Bacias de Camamu e Al-
mada (Netto et al. 1994, Gontijo et al. 2007, Caixeta et
Acima da Formação Cricaré, geralmente tendo como al. 2007). Nas Bacias de Jequitinhonha, Cumuruxatiba
limite uma discordância angular marcante, ocorre e Mucuri, a sequência transicional do aptiano superior
uma espessa sequência sedimentar siliciclástica pou- é designada de Formação Mariricu, com rochas silici-
co controlada por falhas, sendo a mesma atribuída a clásticas no Membro Mucuri e evaporíticas no Mem-
uma fase secundária de rifteamento ou a uma transi- bro Itaúnas (Santos et al. 1994, Biassusi et al. 1999).
ção entre a fase continental e a fase marinha, com ida- As espessuras de evaporitos na margem baiana são
de eoaptiana a neoaptiana (Cainelli & Mohriak 1998). maiores no sul, em Jequitinhonha e Mucuri, diminuin-
do na direção da Bacia de Jacuípe, onde não há regis-
2.1.3 Megassequência Transicional tro de evaporitos nos poços perfurados até o presente.

Esta megassequência marca a transição do estágio 2.1.4 Megassequência Pós-Rift


sinrift (continental) para o estágio pós-rift ou drift
(fase de deriva continental, marinha). A sucessão li- A passagem da Megassequência Transicional (evapo-
tológica inicia-se com silissiclásticos do aptiano infe- rítica) para a Megassequência Pós-Rift ou marinha

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Capitulo 15.indd 336 15/10/12 23:47


Figura XV.4 - Cartas estratigráficas das bacias da margem continental do Estado da Bahia mostrando a correlação das sequências e eventos
tectonossedimentares. Modificado de Mohriak (2004).

(carbonática a siliciclástica) é gradacional, pontuada ção no proto-oceano resultaram na implantação de


por várias pequenas discordâncias (Cainelli & Mo- um ambiente marinho aberto.
hriak 1998). O decaimento temporal da anomalia tér-
mica gerada durante a fase de estiramento litosférico A megassequência pós-rift ou marinha é caracteriza-
(McKenzie 1978) e o progressivo movimento das pla- da por uma fase transgressiva e uma fase regressiva
cas sul-americana e africana, afastando-se do centro nas diversas bacias da margem continental da Bahia
de espalhamento ativo na cordilheira meso-oceânica, (Cainelli & Mohriak 1998).
resultou no resfriamento e contração da litosfera e,
como consequência isostática, no aumento da subsi- Nas Bacias de Jacuípe, Camamu e Almada, a super-
dência termal na direção da bacia profunda. A subsi- sequência marinha transgressiva compreende uma
dência contínua e a dissipação das barreiras de restri- espessa seção sedimentar de ambiente inicialmente

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mais restrito, carbonático, relacionado a um contexto (Formação Urucutuca). Na região emersa da bacia,
marinho raso, plataformal, com progressivo afoga- ocorrem registros esparsos da Formação Barreiras,
mento para o topo. de origem aluvial e de idade terciária a quaternária.

Após a deposição dos evaporitos e formação do Oce-


ano Atlântico, implantou-se uma plataforma carbo- 2.2 Modelos Evolutivos Conceituais
nática eoalbiano/cenomaniano, que condicionou a
deposição dos calcarenitos e calcilutitos da Formação O modelo geral adotado para a formação das bacias
Algodões. No Cretáceo Superior, em ambiente mari- da margem continental divergente atlântica baseia-
nho aberto e profundo, depositaram-se os folhelhos -se em conceitos tectonofísicos propostos por McKen-
da Formação Urucutuca, cuja deposição se estende zie (1978), que admite um estiramento litosférico e afi-
até o Recente. O contato basal da Formação Urucu- namento da crosta e litosfera, durante a fase rift, se-
tuca se dá com os carbonatos da Formação Algodões guido por uma fase de subsidência termal associada
através de importante discordância regional de cará- ao resfriamento da anomalia térmica da astenosfera
ter erosivo (Netto et al. 1994, Gontijo et al. 2007, Caixe- (Fig.XV.5). O estiramento litosférico que resultou no
ta et al. 2007, Graddi et al. 2007). A fase regressiva tem afinamento crustal e subida do manto é caracteriza-
início no Terciário e culmina com a progradação dos do por refletores sísmicos profundos visualizados na
sistemas silissiclásticos e carbonáticos relacionados, base da crosta, como se observa em vários segmen-
respectivamente, às Formações Rio Doce e Caravelas, tos da margem continental leste brasileira (Mohriak
sobre a Formação Urucutuca. et al. 1998, Mohriak 2000, 2003).

O preenchimento das bacias sedimentares da mar- A evolução sequencial do Atlântico Sul, em sua mar-
gem continental sul da Bahia (Mucuri, Cumuruxa- gem divergente, é marcada por cinco fases principais,
tiba e Jequitinhonha) é bastante semelhante entre com diferentes padrões de tectônica e sedimentação
si, caracterizando-se por um estilo retrogradacional (Cainelli & Mohriak 1998, Cainelli & Mohriak 1999b).
durante o Neocretáceo, com ambiente de deposição A primeira fase (Fig.XV.5a) é marcada pelo início de
marinho profundo, seguido por uma progradação processos extensionais, que subsequentemente leva-
geral no Terciário, com feições de offlap nas sequên- ram à separação entre os continentes sulamericano e
cias sismo-estratigráficas, e vários cortes de cânions africano. O modelo conceitual para esta fase admite
(Cainelli & Mohriak 1998). No início da sedimentação um pequeno soerguimento astenosférico, e um afi-
marinha ocorrem silissiclásticos e carbonatos neríti- namento litosférico regionalmente distribuído, com
cos do Grupo Barra Nova (respectivamente Formação falhas incipientes na crosta superior controlando
São Mateus e Formação Regência), depositados entre o depocentros locais associados a uma deposição sedi-
Albiano e o Cenomaniano (Santos et al. 1994, França et mentar ampla e pouco espessa
al. 2007, Rangel et al. 2007, Rodovalho et al. 2007). No
Cretáceo Superior e no Terciário Inferior ocorrem de- O início da fase seguinte, que se caracteriza por um
pósitos transgressivos de talude e bacia, representados aumento do estiramento litosférico, coincide com a
por pelitos e arenitos finos da Formação Urucutuca. A extrusão de lavas basálticas, logo seguida por gran-
partir do Eoceno, instala-se na bacia uma fase marinha des falhas afetando a crosta continental, e resultando
regressiva, com fácies litorâneas e plataformais pro- na formação de semigrabens (Fig.XV.5b), preenchidos
gradantes associadas a um sistema de leques aluviais por sedimentos continentais lacustrinos (Neocomia-
(Formação Rio Doce) e carbonatos de plataforma (For- no-Barremiano). Ao final do episódio de rifteamento,
mação Caravelas) que gradam para folhelhos batiais há um novo aumento da extensão litosférica, mar-

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cado por grandes falhas que rotacionam os blocos sedimentos marinhos de águas profundas (Fig.XV.5e).
de rift anteriormente formados (Fig.XV.5c), que são Ao final do cretáceo, a margem sudeste brasileira é
gradualmente cobertos por sedimentos menos rota- afetada por soerguimento das serras do Mar e Man-
cionados. O centro de espalhamento mesoatlântico, tiqueira, dando origem a uma notável progradação de
responsável pela implantação de crosta oceânica, rochas siliciclásticas, com desenvolvimento de gran-
provavelmente intrude a crosta ao final dos episódios des cunhas sedimentares que avançam na direção da
de rifteamento. Em várias bacias de margem diver- quebra de plataforma, e forçam uma regressão mari-
gente observa-se que as primeiras manifestações de nha. Esses eventos são também associados a reativa-
formação de um centro de espalhamento oceânico ções de falhas do embasamento e a episódios magmá-
estão associadas a vulcanismo subaéreo, responsável ticos (Cainelli & Mohriak 1998).
pela formação de espessas cunhas de refletores sís-
micos mergulhantes para o mar (Hinz 1981, Mutter et Na literatura geológica da margem leste brasileira
al. 1982, Mutter 1985, Mohriak et al. 1995). também se discute a aplicação de modelos conceituais
envolvendo descolamentos litosféricos de baixo ângu-
O possível mecanismo para este episódio envolve a lo (Wernicke 1985, Ussami et al. 1986, Castro Jr. 1987),
focalização do estiramento litosférico, anteriormen- além de modelos de exumação de manto (exemplo,
te distribuído em ampla área na região do rift, para Lavier & Manatschal 2006, Caixeta et al. 2009).
um centro de espalhamento localizado na cordilhei-
ra mesoatlântica (Harry & Sawyer 1992). A esta fase
também se associam episódios de magmatismo con- 2.3 Principais Feições Morfoestruturais
tinental e oceânico, reativação de grandes falhas, e da Região Oceânica
frequentemente observa-se a erosão de blocos de rift
por uma discordância regional que arrasa a topogra- Apresenta-se neste item uma análise sucinta das
fia anterior, separando os ambientes de deposição ti- características geológicas e geofísicas dos diversos
picamente continental (lacustrino e fluviodeltaico) de segmentos da margem leste brasileira, discutindo-se
ambientes transicionais e marinhos (Fig.XV.5d). o contexto geodinâmico da formação das bacias rift
de Jacuípe, Camamu, Almada, Jequitinhonha, Cumu-
Sobre essa discordância angular, e abaixo das rochas ruxatiba e Mucuri. São abordadas, da mesma forma,
sedimentares da sequência transicional evaporítica, as principais feições tectônicas e estruturais de maior
algumas bacias registram uma espessura significati- relevância regional identificadas em mapas de méto-
va de expressivos depósitos aptianos, pouco afetados dos geofísicos, com base em dados de domínio públi-
por falhas, que constituem uma sequência sedimentar co (gravimetria, magnetometria, sísmica de reflexão).
atribuída a um estágio final do rift (sag basin), poden- Esses métodos permitem o mapeamento regional das
do apresentar, localmente, rochas geradoras de hi- sequências sedimentares sinrift e pós-rift ao longo de
drocarbonetos (Henry & Brumbaugh 1995) ou reser- toda a margem do Estado da Bahia.
vórios carbonáticos e silissiclásticos. Essa sequência
é coberta por evaporitos neoaptianos, e subsequente- Os mapas de métodos potenciais (Figs.XV.6, XV.9) per-
mente, a sedimentação torna-se predominantemente mitem caracterizar importantes feições geomorfoló-
carbonática, , com o desenvolvimento de plataformas gicas na região de águas profundas, particularmente
de águas rasas, durante o Eoalbiano. Ao fim desse in- a quebra da plataforma, o talude e a região abissal
tervalo, adentrando no cenomaniano e no turoniano, com montes submarinos vulcânicos, as zonas de fra-
ocorre um aumento de paleobatimetria, que encerra turas, e os diversos lineamentos estruturais que serão
a deposição carbonática e resulta na acumulação de discutidos posteriormente. Serão destacadas, em ou-

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Figura XV.5 - Modelo geodinâmico esquemático para a formação das bacias da margem continental leste brasileira. Modificado de Mohriak 2003

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tro item, a tectônica de sal e a ocorrência de intenso Esses mapas de métodos potenciais integrados com
magmatismo na região próxima do limite crustal. interpretação tectônica (Fig.XV.10) caracterizam as
principais feições fisiográficas da margem leste, em
O mapa topobatimétrico da margem continental bra- particular: (i) o centro de espalhamento atual entre
sileira (Fig.XV.6a) sugere a presença de uma ampla as placas sul-americana e africana, localizado muito
plataforma continental na região limítrofe entre o Es- mais próximo da linha de costa na margem nordeste
pírito Santo e a Bahia (Complexo Vulcânico de Abro- do que na margem sudeste; (ii) destaca-se a direção
lhos), que se estreita para o norte, na direção da con- aproximadamente leste-oeste de feições tectônicas
junção dos braços do Rift do Recôncavo e da margem associadas a falhamentos transformantes em crosta
continental (Bacias de Jacuípe e Sergipe-Alagoas). oceânica; e (iii), o sistema de rifts da margem leste
brasileira, com eixos longitudinais de direção aproxi-
Nesse segmento nordeste da margem continental há mada N-S, ortogonais à direção do eixo de espalha-
indicação de componentes direcionais para as princi- mento mesoatlântico, sofrem inflexão na direção NE
pais falhas da fase rift, resultando em segmento trans- (segmento transformante) próximo da junção tríplice
formante (Milani et al. 1988, Szatmari & Milani 1999, de Salvador. Outras feições geomorfológicas impor-
Mohriak & Rosendahl 2003). Na junção tríplice do sis- tantes na margem leste brasileira, frequentemente
tema de rifts abortados do continente as bacias margi- mencionadas por diversos pesquisadores (p.e. Asmus
nais, o limite crustal (transição entre crosta continental & Guazelli 1981, Alves et al. 1997, Jinno & Souza 1999),
e crosta oceânica) apresenta uma forte inflexão da dire- correspondem à Cadeia Vitória-Trindade e a Zona de
ção regional N-S (entre Almada e Camamu) para uma Fratura de Martin Vaz, localizadas a sul do Complexo
direção NE, seguindo na direção das Bacias de Jacuípe e Vulcânico de Abrolhos. Nas bacias marginais da Bahia
Sergipe (Fig.XV.6b). Os mapas batimétricos e de méto- destacam-se os altos vulcânicos situados próximos do
dos potenciais também sugerem a ocorrência de linea- limite distal da província de diápiros de sal, que tam-
mentos leste-oeste avançando de crosta oceânica até a bém é marcado por um acentuado estreitamento na
região a leste de Salvador, sugerindo zonas de fraturas direção da junção tríplice de Salvador (Mohriak 2003).
(Mohriak & Rosendahl 2003, Rosendahl et al. 2005).
Na região adjacente ao Complexo Vulcânico de Abro-
Os mapas de anomalias gravimétricas ar-livre (Fig. lhos ocorrem vários montes submarinos, principal-
XV.7) e o mapa de anomalias Bouguer (Fig.XV.8) su- mente na planície abissal, como por exemplo, o Mon-
gerem que a transição crosta continental-crosta oce- te Submarino Besnard na Bacia do Espírito Santo.
ânica também se aproxima da borda do rift na dire- Alguns altos vulcânicos atingem o nível do mar, cons-
ção da junção tríplice de Salvador (Mohriak 2003). O tituindo ilhas (p.e. Santa Bárbara, Martin Vaz e Trin-
mapa de anomalias Bouguer identifica ainda os depo- dade). Na plataforma continental da Bacia do Mucuri
centros da fase rift (em cores frias, azuladas), a crosta destacam-se as pequenas ilhas do Arquipélago de
transicional (em tons de verde), e a crosta oceânica Abrolhos, onde afloram arenitos eoterciários cober-
(em cores quentes, de vermelho a violeta). tos por rochas ígneas e vulcânicas (Mohriak 2006).

O mapa de anomalia magnética do campo total (Fig. O Complexo Vulcânico de Royal Charlotte constitui o
XV.9) indica massas magnéticas próximas do limi- limite entre as Bacias de Cumuruxatiba e Jequitinho-
te crustal na região da junção tríplice de Salvador nha. Na região nordeste brasileira destacam-se ainda
(Blaich et al. 2008). Observa-se também que ocorrem vários lineamentos E-W e NW-SE ao largo das Bacias
marcantes anomalias magnéticas de direção leste- da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco-Paraíba.
-oeste a sul de Salvador. Essas feições estão associadas a montes submarinos

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Figura XV.6 - (a) Mapa topobatimétrico com imagem de satélite da margem continental do Estado da Bahia. (b) Mapa de relevo com
localização do limite crustal na margem continental .

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Figura XV.7 - Mapa de anomalia gravimétrica ar-livre. Na cor roxa indica-se o limite crustal do Leplac.

Figura XV.8 - Mapa de anomalia gravimétrica Bouguer.

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Figura XV. 9 - Mapa de anomalia magnética (campo total).

Figura XV.10 - Interpretação de mapas regionais de topobatimetria e anomalia gravimétrica na margem continental do Estado da Bahia.

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Figura XV.11 - Mapa topo-batimétrico com a localização de linhas sísmicas regionais representativas
dos segmentos da margem continental baiana.

e cones vulcânicos, cuja datação radiométrica posi- de métodos potenciais (Bassetto et al. 1996, Mohriak
ciona o magmatismo no neocretáceo (Cherkis et al. et al. 2000, Blaich et al. 2008).
1989).
Os dados de anomalia ar-livre mostram uma faixa de
Algumas das feições mencionadas são analisadas em anomalias gravimétricas positivas (até 80mGal) na
linhas sísmicas regionais representativas das Bacias região da quebra da plataforma continental da mar-
de Jacuípe, Camamu, Almada, Jequitinhonha, Cumu- gem leste, bem como um acentuado decréscimo da
ruxatiba e Mucuri (Fig.XV.11). anomalia gravimétrica até o limite distal dos blocos
de rift e transição para a crosta oceânica (Karner &
2.3.1 Interpretação Geológica e Geofísica de Driscol 1999, Blaich et al. 2008). Essa variação coin-
Feições Crustais cide com a ocorrência de feições antiformais na base
da crosta, provavelmente relacionadas ao acentuado
A anomalia gravimétrica na região do sistema de rifts afinamento litosférico e consequente subida do man-
intracontinentais Recôncavo-Tucano-Jatobá é for- to, ou ao aprisionamento de material ultrabásico na
temente negativa, indicando uma ausência de com- crosta inferior (underplating), constituindo um corpo
pensação mantélica para o depocentro sedimentar de velocidade sísmica anômala (Furlong & Fountain
(Ussami et al. 1986, Milani 1991). Nesse caso, não se 1986, Mohriak et al. 1990).
observa uma subida da Moho (descontinuidade sís-
mica na base da crosta) que é marcante na região das Em algumas bacias a subida da descontinuidade de
bacias marginais do nordeste brasileiro, onde o afina- Mohorovicic coincide com a falha de borda dos rifts
mento crustal é bem calibrado por dados sísmicos e marginais (Mohriak et al. 1990, Meisling et al. 2001),

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enquanto que em outras regiões, o soerguimento da A formação de crosta oceânica está relacionada com
Moho ocorre em águas profundas (p.e. Sergipe-Ala- a ocorrência de cunhas de refletores mergulhantes
goas, Mohriak et al. 1995a). Exemplos de linhas sís- para o mar, que marcam um estágio inicial da aber-
micas profundas mostrando estruturas crustais que tura, com vulcanismo subaéreo sendo registrado tan-
marcam a transição entre crosta continental e manto to nas bacias do continente quanto na margem con-
superior podem ser analisadas em vários segmentos tinental sudeste brasileira (Mohriak 2004). Na região
da margem brasileira (p.e. Mohriak et al. 1990b, Mo- sul e sudeste brasileira ocorrem fraturas e zonas de
hriak et al. 1998, Mohriak et al. 2000, Bassetto et al. falhas transformantes separando segmentos distintos
2000, Gomes et al. 2000). Neste capítulo serão incluí- da margem, cuja abertura se deu através de propaga-
das algumas linhas sísmicas com resolução profunda dores oceânicos que avançam do sul para o norte na
e discutidas as interpretações da descontinuidade de região meridional da Bacia de Santos (Mohriak 2001,
Moho e possíveis refletores intracrustais alternativa- Bueno 2004). Na região distal da Bacia de Jacuípe (Fig.
mente interpretados como descontinuidade de Con- XV.12) são caracterizadas feições interpretadas como
rad ou falhas de exumação do manto (Caixeta et al. cunhas de refletores mergulhantes para o mar (sea-
2009, Zalán et al. 2009). ward-dipping reflectors), interpretadas como crosta
proto-oceânica (Mohriak et al. 1995, Rosendahl et al.
Linhas sísmicas regionais com resolução profunda 2005).
foram adquiridas nas bacias da margem continental
brasileira a partir da década de 1990, e permitem vi- Zonas de transferência separando depocentros de
sualizar as estruturas associadas a fortes refletores rifts são reconhecidas em várias bacias sedimentares.
profundos na base da crosta, as quais são interpre- Tendo por base o sistema de rifts do leste africano,
tadas como associadas a processos de underplating Rosendahl (1987) propõe que essas zonas são aproxi-
ou ao soerguimento da descontinuidade da Moho em madamente paralelas ao vetor principal da extensão
função do estiramento litosférico e afinamento crus- horizontal, modelo também proposto por Magnavita
tal (Mohriak et al. 1990, Mohriak et al. 1995, Mohriak & Cupertino (1988) para os rifts intracontinentais do
et al. 2000, Meisling et al. 2001). Em algumas bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá.
(p.e. Sergipe-Alagoas e Espírito Santo) essa zona mais
refletiva forma estruturas entre a crosta média e infe- Várias zonas de transferência são interpretadas na
rior, e parece coincidir com uma região ou superfície região nordeste da margem continental brasileira,
de descolamento para as grandes falhas do rift, sendo estando representadas por traços sigmoidais das fa-
provavelmente associada a mudanças de comporta- lhas extensionais por elas cruzadas (Matos 1992, Ro-
mento reológico na transição de crosta rúptil para sendahl et al. 2005). As zonas de transferência tam-
crosta dúctil (Meissner 2000). Localmente ocorrem bém podem controlar a inversão de polaridade das
amalgamação dos refletores profundos na direção da falhas, afetando e rotacionando as camadas sin-rift
crosta oceânica, com a base da crosta sendo sismica- (mecanismo flip-flop de Rosendahl 1987). Sua ex-
mente marcada por um forte contraste de impedân- pressão sismica é de falhas normais de alto ângulo
cia atribuído às mudanças litológicas que ocorrem ou estruturas em flor, algumas das quais mostrando
na transição para o manto superior (Meissner 2000). separação reversa (flores positivas), como evidencia-
Essa interpretação (por exemplo, Bacia de Jacuípe, do na região de Camamu e Jacuípe (Wanderley Filho
Fig.XV.12) é também suportado por modelagem gra- & Graddi 1995, Menezes & Milhomem 2008).
vimétrica baseada na conversão em profundidade dos
horizontes sísmicos (Mohriak et al. 1998, Blaich et al. Algumas das falhas transformantes identificadas ao
2008). longo da margem nordeste brasileira relacionam-se

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às zonas de fraturas e lineamentos que penetram em adentrando a região oceânica (Menezes & Milhomem
crosta continental como falhas ou descontinuidades, 2008). Destaca-se também a zona de falha de Vaza-
sugerindo um prolongamento de fraquezas pretéritas -Barris/Itaporanga, que se estende desde a Bacia de
na crosta continental, reativadas durante a formação Tucano (Alto de Vaza-Barris) até a Bacia de Sergipe-
do rift e da crosta oceânica, resultando em zonas de -Alagoas (Milani et al. 1988, Milani & Davison 1988,
fraturas oceânicas (Asmus & Guazelli 1981, Asmus Szatmari & Milani 1999). Esta zona de falha separa
1982, Asmus 1984, Gomes et al. 2000, Matos 2000). o Cráton do São Francisco da Faixa de Dobramento
Como exemplo dessas estruturas pretéritas utiliza- Sergipana, estendendo-se até a Bacia de Sergipe,
das durante a fase rift e aproveitadas durante a de- onde forma a falha principal do Baixo de Mosqueiro,
riva continental, pode-se sugerir o limite pré-aptiano e depois inflete na direção leste-oeste, alinhando-se
que controla a borda do rift de Camamu, e que con- com a zona de fratura de Sergipe (Mohriak et al. 2000,
tinua como um lineamento na direção leste-oeste, Rosendahl et al. 2005).

Figura XV.12 - Linhas sísmica com resolução profunda 239-341 (Bacia de Jacuípe, próximo da divisa com Bacia de Sergipe), com modelo
gravimétrico e perfil de anomalia Bouguer superposta. Observar notáveis feições de refletores mergulhantes para o mar e descontinuidade
de Moho em torno de 9s de tempo de trânsito duplo, abaixo da cunha de SDR. Modificado de Mohriak et al. (1998).

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Na região sul da Bacia de Jacuípe destaca-se a ocor- relaciona-se uma ampla extensão do rift e da bacia
rência de intrusões ígneas provavelmente relaciona- evaporítica no lado brasileiro, particularmente no
das às zonas de fraturas oceânicas que avançam na Platô de São Paulo, onde a Bacia de Santos comporta
direção da junção tríplice de Salvador (Wanderley a maior parte do sal aptiano, em detrimento da mar-
Filho & Graddi 1995, Mohriak 2003). A interpretação gem conjugada africana (Leyden 1976, Szatmari et al.
dos dados de métodos potenciais e sísmicos (Fig. 1985, Macedo 1989, Chang et al. 1992, Szatmari 2000,
XV.13) sugere uma transição crustal próximo dessas Mohriak et al. 2000, Mohriak 2001).
intrusões ígneas, localmente associadas com feições
compressionais afetando a crosta continental e cros- Uma possível interpretação da transição da região de
ta oceânica. crosta continental para uma crosta oceânica é ilustra-
da na região distal da Bacia de Camamu (Fig.XV.14),
O rompimento da crosta continental e formação de onde se pode interpretar feições sísmicas associadas à
crosta oceânica foi um processo que se desenvolveu extensão crustal afetando o embasamento continen-
com notáveis assimetrias no Atlântico Sul. Na região tal (com rochas precambrianas) e também o embasa-
sudeste, a inserção do centro de espalhamento me- mento com substrato vulcânico na direção da crosta
soatlântico deu-se bem mais próximo do limite da oceânica (Mohriak et al. 2005). Observa-se na base
margem continental africana do que na brasileira dessa crosta transicional uma zona com fortes con-
(Chang et al. 1992, Rosendahl et al. 2005). A esse fato trastes de impedância, sugerindo uma transição gra-

Figura XV.13 - Seção sísmica interpretada 232-141 (Bacia de Jacuípe) com anomalias Bouguer e magnética (campo total) superpostas.
Observar provável intrusão ígnea associada à falha transformante de direção aproximada leste-oeste. A transição entre crosta continental
e oceânica é marcada por feições compressionais, com notável arqueamento do embasamento e da sequência sedimentar, provavelmente
associado a underplating e intrusões ígneas. Mohriak (1998).

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Figura XV.14 - Seção sísmica interpretada na região distal da margem continental da Bahia, mostrando modelo de transição de crosta com
vulcanismo associado á formação de crosta oceânica. Nessa interpretação, a base da crosta é caracterizada por uma zona de refletores com
alta impedância (underplating). Mohriak (2005).

dual para o manto superior, com as falhas descolando ção de crosta oceânica (Mohriak et al. 1995, Mohriak
próximo da descontinuidade Moho, e com material íg- et al. 2000). Na direção da crosta oceânica também
neo acrescido na base da crosta (underplating). ocorrem refletores com mergulho na direção do con-
tinente, provavelmente relacionados a focos magmá-
Alternativamente, esses fortes refletores sísmicos ticos que afetam a parte superior do embasamento
na crosta transicional poderiam estar relacionados vulcânico, notadamente ao longo de zonas de fraturas
com contrastes de impedância entre tipos litológicos (Mohriak & Rosendahl 2003).
distintos, com uma transição para gabros e outras
rochas de crosta inferior, ou para peridotitos ser- Refletores sísmicos profundos, bastante proeminen-
pentinizados do manto superior (Mohriak et al. 1990, tes, são observados na parte inferior de uma seção
Meissner 2000). Conforme sugerido por Mohriak et al. sísmica processada recentemente em profundida-
(1995) para a Bacia de Sergipe-Alagoas, o sistema de de na Bacia de Camamu (Fig.XV.15). Esses refletores
refletores sísmicos na base da crosta atinge entre 9s a profundos, atribuídos por alguns autores à desconti-
10s (tempo de trânsito duplo) na região da plataforma nuidade intracrustal de Conrad (Caixeta et al. 2009,
e talude, e alcança cerca de 8 a 9s (tempo de trânsi- Zalán et al. 2009) aparentemente marcariam a tran-
to duplo) na região de águas profundas, onde ocorre sição de uma crosta média a inferior, composta por
amalgamento com refletores da descontinuidade de rochas granulíticas do embasamento précambria-
Mohorovicic em crosta oceânica. Localmente obser- no, com assinatura sísmica mais transparente, para
va-se também uma zona de transição marcada por uma crosta inferior mais refletiva, com topo entre 10
refletores mergulhantes para o mar, interpretados e 13km, e exumação do manto na direção da crosta
como rochas vulcânicas formadas durante a incep- oceânica, com a descontinuidade de Moho subindo de

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15 para 6-7km. Nesse modelo, baseado na ocorrência 3.1 Margem Nordeste (Segmento
de rochas serpentinizadas do manto em poços perfu- Transversal)
rados em margens não vulcânicas (Boillot et al. 1987),
a transição para a crosta oceânica se dá através de fa- 3.1.1 Bacia de Jacuípe
lhas de descolamento crustal. A ocorrência de man-
to serpentinizado na transição crustal é comprovada A Bacia de Jacuípe localiza-se na porção marítima
por perfuração em algumas bacias sedimentares das do litoral norte do Estado da Bahia (Fig.XV.1), entre
margens continentais do Canadá e Ibéria, e também a cidade de Salvador e o limite dos Estados da Bahia
observada em afloramentos de rochas sedimentares e Sergipe. Alonga-se por cerca de 210km, na direção
e ígneas nos Alpes suíços, atribuídas à transição de SW-NE, e caracteriza-se por uma estreita platafor-
uma margem continental não vulcânica para uma ma continental com largura média de 35km até a
crosta oceânica que foi abortada (Manatschal 2004). cota batimétrica de 2.000m. A bacia abrange uma
Neste modelo, o bloco mais distal da margem con- área de aproximadamente 7.500km2, sendo que cerca
tinental (Bloco H) sofreria esforços extensionais du- de 4.500km2 localizam-se sob lâmina d’água de até
rante a fase de exumação do manto, resultando em 400m. Limita-se a norte com a Bacia de Sergipe-Ala-
deposição de sedimentos numa fase tardia de rifte- goas, através da Falha de Vaza-Barris, e a sul com a
amento, precedendo a formação da crosta oceânica Bacia de Camamu, pela zona de transferência de Ita-
(Péron-Pinvidic & Manatschal 2008). puã. No continente, a separação com a Bacia do Re-
côncavo se dá pela falha da Barra (Gontijo & Santos
1992, Netto et al. 1994, Mohriak 2003).

3 Características O arcabouço estratigráfico atualmente conhecido

Estruturais das Bacias (Graddi et al. 2007) inclui duas megassequências,


correspondentes às fases sin-rift (continental) e pós-
A margem continental leste brasileira pode ser divi- -rift (transicional e marinha). Na fase sin-rift , pouco
dida em diversos domínios tectônicos, englobando o desenvolvida na plataforma, foram amostrados pelo
segmento nordeste, no limite com a Bacia de Sergipe poço 1-BAS-53 rochas sedimentares de granulome-
(onde há uma maior influência de falhas transfor- tria grossa, pertencentes à Formação Rio de Contas
mantes na margem continental), e a margem diver- (Cretáceo Inferior), e à porção basal da Formação
gente, com um segmento central, a sul de Salvador, e Taipus-Mirim, ambas compostas por arenitos, con-
os segmentos próximos de intrusões vulcânicas, loca- glomerados e folhelhos. A fase pós-rift inclui depó-
lizadas na área de influência do Complexo Vulcânico sitos transicionais relacionados à porção superior da
de Abrolhos (Mohriak 2003). Formação Taipus-Mirim, aos quais se sobrepõe a se-
quência marinha transgressiva, predominantemente
As diversas bacias sedimentares da margem conti- carbonática, durante o Albiano-Cenomaniano (For-
nental do Estado da Bahia são analisadas nos itens e mações Algodões), que grada para a sequência pre-
subitens seguintes. dominantemente argilosa da Formação Urucutuca,
ao longo do Neocretáceo e do Eoterciário. A sequência
marinha regressiva é representada por fácies areno-
sas proximais e litorâneas (Formação Rio Doce) e por
carbonatos de plataforma (Formação Caravelas), que
progradam sobre folhelhos de talude da Formação
Urucutuca, a partir do Oligoceno.

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O arcabouço estrutural simplificado da bacia consiste Na margem leste do Estado da Bahia, a sul de Salva-
em dois domínios distintos. Adjacente à costa, na re- dor, destaca-se a ocorrência de evaporitos de idade
gião da plataforma continental, ocorre um patamar aptiana, que formam grandes diápiros e muralhas
com embasamento raso, limitado por uma falha de de sal nas Bacias de Cumuruxatiba e Jequitinhonha.
grande rejeito, que o separa de um domínio de em- Para norte, as espessuras de evaporitos se reduzem,
basamento profundo, onde a seção sedimentar pode estando os mesmos virtualmente ausentes na Bacia
atingir 7.000m de espessura (Wanderley Filho & Gra- de Jacuípe. De uma maneira geral, a plataforma con-
ddi 1995, Mohriak 2004, Graddi et al. 2007). tinental, assim como a área de ocorrência da megas-
sequência sinrift , e também a área de distribuição do
Duas interpretações alternativas têm sido propostas sal aptiano, são relativamente estreitas na margem
para a sequência rift, na região de águas profundas: nordeste, alargando-se na direção sul, no segmento
(i) ocorrência de espessa sequência sinrift neocomia- divergente da margem continental, até a região das
na a aptiana (possivelmente recobrindo sedimentos Bacias do Espírito Santo, Campos e Santos.
pré-rift) até a região de altos vulcânicos das zonas de
fraturas (Pontes et al. 1991) e (ii) grande rotação de
blocos da fase rift por falhas que descolam na base 3.2 Margem Leste (segmento divergente)
da crosta, com uma abrupta diminuição de espes-
sura desses sedimentos na região do talude e bacia 3.2.1 Bacia de Camamu
profunda, e presença de seaward-dipping reflectors
(refletores mergulhantes para o mar) na transição
para crosta oceânica (Mohriak et al. 1995, Wanderley A Bacia de Camamu situa-se na porção central do li-
Filho & Graddi 1995, Mohriak, 2004). A proximidade toral do Estado da Bahia, estendendo-se desde a pla-
com as falhas transformantes de crosta oceânica e nície costeira até o sopé continental. Apresenta cerca
a provável movimentação lateral dos blocos de em- de 125km de comprimento na direção N-S, e 70km de
basamento cratônico, entre a margem brasileira e a largura, na direção E-W. Sua área total, até a cota ba-
margem africana, resultam em uma abrupta transi- timétrica de 2.000m, é de cerca de 9.000 km2, sendo
ção de crosta não estendida para crosta hiperafinada 2.000km2 em terra e 7.000km2 no mar. A bacia limita-
na transição para o domínio oceânico (Mohriak et al. -se ao sul com a Bacia do Almada, através do Alto de
1995, Rosendhal et al. 2005). Nesse contexto, a Bacia Itacaré, e ao norte, com as Bacias de Jacuípe e do Re-
de Jacuípe estaria enquadrada no segmento trans- côncavo, através das zonas de transferência de Itapuã
versal do nordeste brasileiro, onde são registradas e da Barra, esta última com características de falha
falhas direcionais com movimento lateral afetando de transferência, com direção E-W (Netto et al. 1994).
a sequência rift (Matos 2000, Mohriak & Rosendahl
2003). A integração de métodos potenciais e sísmicos O arcabouço estrutural da Bacia de Camamu caracteri-
numa transecta da Bacia de Jacuípe (Fig.XV.12) suge- za-se por falhas normais de direção aproximadamen-
re uma estreita plataforma continental e um rift mais te Norte-Sul (N5ºE/N10ºE) e N30ºE, com mergulhos
profundo além da quebra do talude. Na região mais para leste e paralelas a estruturas do embasamento
ao sul da bacia, próximo das zonas de fraturas a leste précambriano, representado pelo Cráton do São Fran-
de Salvador, observa-se uma grande feição arqueada cisco (Caixeta et al. 2008, Menezes & Milhomem 2008).
na base da crosta, que é marcada por fortes refletores A acumulação de Manati situa-se em patamar estru-
sísmicos na transição para a região de crosta oceâni- tural limitado, a leste, pela Falha de Mutá, importante
ca (Fig.XV.13). lineamento estrutural NNE-SSW da fase rift da bacia.

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Scotchman & Chiossi (2009) sugerem que a Bacia de cionada à formação da crosta proto-oceânica (Karner
Camamu tenha sofrido um notável soerguimento na & Driscoll 1999, Rosendahl et al. 2005).
fase pós-rift, resultando em exumação da seção sin-
rift na região proximal da margem. Também na re- 3.2.2 Bacia do Almada
gião distal da bacia, próximo do limite crustal, onde
foi perfurando o poço 1-BAS-129, dados de refletância A Bacia do Almada, como a de Camamu, está locali-
de vitrinita indicam soerguimento e erosão de expres- zada na porção central do litoral do Estado da Bahia,
siva parte da sequência transicional a marinha. abrangendo parte da planície costeira e avançando
através da plataforma, talude e sopé continentais.
Seções sísmicas regionais através da plataforma Possui cerca de 80km de comprimento na direção
continental e atingindo a bacia profunda (Figs.XV.14, N-S, e aproximadamente 50km de largura, na direção
XV.15) sugerem um espesso rift aptiano/neocomia- E-W. Sua área total, considerando-se a cota batimé-
no mais proximal, e uma transição crustal com fa- trica máxima de 2.000m, é de 4.000km2, com uma pe-
lhas extensionais afetando sequências sedimentares quena ocorrência de rochas sedimentares aflorantes
albianas/aptianas (Caixeta et al. 2009). Próximo do na parte terrestre. A bacia limita-se ao norte com a
limite distal da província de diápiros de sal, na par- Bacia de Camamu, através do Alto de Itacaré, e ao sul
te sul da bacia, identifica-se uma notável anomalia com a Bacia do Jequitinhonha, através do Alto de Oli-
magnética em águas profundas, provavelmente rela- vença (Netto et al. 1994).

Figura XV.15 - Seção sísmica interpretada com modelo geodinâmico de exumação do manto proposto para a Bacia de Camamu.
Modificado de Caixeta et al. (2009).

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Seu arcabouço estrutural consiste em um comparti- 3.2.3 Bacia do Jequitinhonha
mento de embasamento raso, adjacente à costa, no
bloco alto da falha de Aritaguá; um compartimento A Bacia do Jequitinhonha está localizada na costa sul
intermediário, no bloco baixo desta falha; e a região do Estado da Bahia, em frente à foz do rio Jequitinho-
além da quebra do talude, onde a seção sedimentar nha. A norte, limita-se com a Bacia do Almada atra-
pode atingir até 8.000m de espessura (Netto et al. vés do Alto de Olivença. A sul, o banco vulcânico de
1994). No sul da bacia, destaca-se uma expressiva es- Royal Charlotte a separa da Bacia de Cumuruxatiba
cavação submarina, denominada cânion de Almada, (Fig.XV.1). Ocupa uma área de cerca de 10.000km2, dos
que atravessa os compartimentos intermediário e de quais apenas 500km2 ocorrem na parte emersa.
embasamento raso, na direção NW-SE, estendendo-
-se também pelo continente adentro. Do ponto de vista estrutural, a porção norte da bacia
distingue-se de sua porção sul pela presença de um
Na região de águas profundas, além da quebra do patamar no embasamento, na região da plataforma
talude, ocorrem rochas sedimentares siliciclásticas continental rasa (Fig.XV.17). Nesta bacia, a megas-
intercaladas com evaporitos aptianos, provavelmente sequência transicional caracteriza-se por evaporitos
equivalentes ao Membro Ibura da Bacia de Sergipe- neo-aptianos pertencentes ao Membro Itaúnas (For-
-Alagoas (Uesugui 1987, Menezes & Milhomem 2008). mação Mariricu), marcando o início de uma ingressão
A figura XV.16 apresenta uma seção sísmica na Bacia marinha (Rangel et al. 2007).
do Almada, ilustrando o estilo estrutural da tectôni-
ca de sal, caracterizada por grandes dobramentos na Na porção norte da Bacia do Jequitinhonha observa-
seção cretácica, e por diápiro de sal próximo do limite -se um notável estilo de tectônica de sal associado
crustal. Na transição para crosta oceânica interpreta- a falhamento antitético (Fig.XV.17). São observadas
-se a ocorrência de intrusões ígneas afetando o em- cunhas de refletores que correspondem a uma espes-
basamento vulcânico (Mohriak 2003). sa sequência sedimentar progradante de idade neo-

Figura XV.16 - Seção sísmica interpretada na Bacia do Almada, mostrando estruturação halocinética em águas profundas. Um poço
exploratório além da quebra da plataforma constatou uma espessa sequência de rochas siliciclásticas do Aptiano Superior, com niveis de
evaporitos (halita) intercalados na porção basal. Mohriak (2003).

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cretácea a terciária, com depocentros espessando e sultantes da evacuação do sal (Magnavita et al. 1998,
tornando-se mais jovens para leste como resultado da Mohriak & Szatmari 2008).
atuação de falhas halocinéticas que localmente apre-
sentam mergulho para o continente (Magnavita et al. A bacia evaporítica compreende vários domínios tec-
1998, Caixeta et al. 2008). A sobrecarga sedimentar tônicos, desde os compartimentos extensionais com
diferencial promoveu a mobilização da massa de sal, almofadas de sal, o compartimento com diápiros de
cujo fluxo na direção da bacia foi controlado por uma sal, e a região de muralhas de sal com grandes em-
grande falha de rejeito antitético, possivelmente as- purrões e dobramentos, localmente invertendo as
sociada a reativações de falhas de embasamento. Em mini-bacias (Mohriak & Nascimento 2000, Caixeta
águas profundas, formam-se estratos sedimentares et al. 2008). Observam-se grandes falhas reversas e
altamente rotacionados pelas falhas lístricas, criando empurrões com vergência para o mar, com grande
uma lacuna de estratos sedimentares albianos (Al- erosão dos estratos pós-sal junto aos diápiros suba-
bian gap, conforme discutido por Mohriak et al. 1995 florantes no fundo do mar, feição característica desse
para a Falha de Cabo Frio na Bacia de Santos). segmento da margem continental.

A região de águas profundas apresenta notáveis fei- Segmentos da margem continental caracterizados
ções compressionais associadas à tectônica gravita- por reentrâncias ou concavidades na bacia evapo-
cional envolvendo sal (Mohriak & Nascimento 2000, rítica apresentam um fluxo convergente de sal, na
Davison 2005). direção do centro do arco, sendo comuns estruturas
compressionais, como empurrões e gotas de sal (Co-
A tectônica salífera, particularmente na região de bbold & Szatmari 1991). Nas bacias da margem leste,
diápiros e muralhas de sal, resultou em depressões particularmente em Cumuruxatiba e Jequitinhonha,
acentuadas, formando calhas de subsidência, grábens destacam-se notáveis feições compressionais, repre-
de evacuação e mini-bacias, nas quais se empilharam sentadas por falhas de empurrão com vergência para
sucessivamente diversos sistemas turbidíticos. Estes o mar (Mohriak & Nascimento 2000, Caixeta et al.
depósitos de águas profundas amalgamaram-se ver- 2008, Menezes & Milhomem 2008).
ticalmente e coalesceram lateralmente, em função do
fluxo do sal, resultando em cunhas espessas que, por 3.2.4 Bacia de Cumuruxatiba
vezes, apresentam inversão de depocentros, numa
estrutura associada ao chamado efeito gangorra, A Bacia de Cumuruxatiba localiza-se em porções
causado por movimentação halocinética entre diápi- emersas e submersas da margem leste brasileira,
ros adjacentes (Mohriak & Szatmari 2008). no extremo sul do Estado da Bahia, abrangendo uma
área total de 21.000km2 . Sua porção emersa estende-
A movimentação do sal iniciou-se no Neoaptiano/Eo- -se ao longo do litoral, entre as cidades de Alcobaça
albiano, dando origem a uma série de falhas lístricas e Porto Seguro, compreendendo uma área de aproxi-
que se propagam para a seção sedimentar mais nova. madamente 7.000km2, onde ocorrem apenas rochas
A estruturação resultante da halocinese é complexa, sedimentares terciárias, dispostas sobre o embasa-
com desenvolvimento de almofadas de sal, cascos mento precambriano (Santos et al. 1994, Menezes &
de tartaruga, diápiros de sal, muralhas de sal, falhas Milhomem 2008). A parte submersa possui uma área
extensionais e compressionais (Fig.XV.18). A tectônica de 9.000km2, até a lâmina d’água de 400m. A parte
de sal, associada com sobrecarga diferencial devido de águas profundas, com lâmina d’água entre 400 e
à progradação sedimentar, também controla a for- 2.500m, possui área aproximada de 5.000km2. A Bacia
mação de depocentros sedimentares em calhas re- de Cumuruxatiba encontra-se circundada pelos ban-

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Figura XV.17 - Seção geológica esquemática na Bacia de Jequitinhonha, mostrando estruturação halocinética
em águas profundas. Mohriak (2006) após Seixas (2003).

Figura XV.18 - Seção sísmica interpretada na Bacia de Jequitinhonha, alcançando o limite do sal em águas profundas. Mohriak (2003).

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cos vulcânicos de Royal Charlotte, ao norte, Abrolhos, ocupam uma área de cerca de 200.000km2 até uma
ao sul e Sulphur Minerva, a leste. lâmina d´água de aproximadamente 3.000m. A sul, o
limite da Bacia do Espírito Santo com a Bacia de Cam-
O arcabouço estrutural e estratigráfico da bacia é de- pos manifesta-se com acentuada depressão da bati-
finido por três compartimentos principais, delimitados metria, a leste do Alto de Vitória. O limite norte, entre
por um falhamento mestre da borda do rift, com dire- as Bacias de Mucuri e Cumuruxatiba é marcado pela
ção SSW-NNE, e por falhas de transferência com dire- Falha de Porto Seguro, que em terra condiciona um
ção NW-SE, destacando-se a Falha de Porto Seguro, bloco de embasamento raso, designado como Alto de
que atuaram como zonas de acomodação diferencial Alcobaça (Vieira et al. 1994).
durante a evolução da bacia (Gontijo & Santos 1992).
No compartimento proximal, em águas rasas, ocorrem Na região compreendida pelas Bacias de Mucuri e do
somente rochas terciárias pertencentes às Formações Espírito Santo observa-se um estilo de tectônica de sal
Rio Doce e Caravelas. O compartimento intermediário bastante peculiar (Fig.XV.22). Seções sísmicas e expe-
apresenta uma coluna sedimentar mais expressiva, rimentos de modelagem física sugerem a formação de
contendo rochas sedimentares das fases rift e transicio- frentes de falhas de empurrão com vergência na dire-
nal. Não é observada, neste compartimento, a seção de ção do continente (Van der Ven et al. 1998, Biassusi et
idade neocretácea/eoterciária da Formação Urucutuca. al. 1999, Mohriak 2004), provavelmente condicionada
O terceiro compartimento, mais distal, compreende os pela sobrecarga das vulcânicas de Abrolhos. Numa
baixos regionais onde se desenvolveram as maiores es- primeira fase de halocinese, ocorreu a formação de
pessuras e a coluna sedimentar mais completa da bacia falhas extensionais normais com mergulho predomi-
(Santos et al. 1994, Rodovalho et al. 2007). Destaca-se, nante para leste, à semelhanças das falhas lístricas
na estruturação geral e evolução estratigráfica da bacia normalmente observadas nas Bacias de Campos e do
(Fig.XV.19), a atuação do tectonismo e do vulcanismo Espírito Santo. Numa segunda fase, a barreira formada
terciários, bem como a notável reentrância de batime- pela extrusão e intrusão de lavas basálticas e rochas
tria, localizada a oeste do alto vulcânico Sulphur-Mi- ígneas, extrudidas na região de Abrolhos durante o
nerva, que provavelmente controlou a tectônica haloci- neocretáceo/eoterciário, resultou num obstáculo para
nética (Fig.XV.20). A tectônica de sal é fortemente mar- o fluxo de sal na direção da bacia profunda. A mobili-
cada por feições compressionais relacionadas ao fluxo zação de evaporitos e folhelhos deu-se, então, em di-
convergente do sal (Cobbold & Szatmari 1991, Mohriak reção contrária (oeste), estando associada a falhas de
2004, Caixeta et al. 2008). A figura XV.21 apresenta uma empurrão com vergência na direção do continente e
seção sísmica regional entre a plataforma continental à formação de feições compressionais como dobras e
e a região de crosta oceânica, mostrando a tectônica pop-ups (Mohriak & Szatmari 2008). Num terceiro es-
de sal e a ocorrência de intrusões ígneas associadas ao tágio, ocorreu a formação de diápiros de sal penetran-
complexo vulcânico de Sulphur-Minerva. tes nas camadas sedimentares mais jovens, alguns dos
quais afetam o neoterciário e quaternário. Experimen-
3.2.5 Bacia de Mucuri tos de modelagem física reproduzem com bastante fi-
delidade esse tipo de estruturação (Guerra et al. 1992).
As Bacias de Mucuri e do Espírito Santo ocupam uma
área explorável de 18.000km2 em sua parte terrestre, Nas regiões de talude e de bacia profunda, particular-
ao longo dos litorais sul do Estado da Bahia e cen- mente no embainhamento das partes norte e sul do
tro-norte do Estado do Espírito Santo. Estas bacias Complexo Vulcânico de Abrolhos (Bacias de Cumuru-
estendem-se ainda para a plataforma continental, xatiba, Mucuri e Espírito Santo), destaca-se também
na região do Complexo Vulcânico de Abrolhos, onde a ocorrência de diápiros de sal que afetam o fundo

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Figura XV.19 - Composição de imagem de satélite na região sul do Estado da Bahia com um mapa geológico simplificado da Bacia de
Cumuruxatiba. Modificado de Menezes & Milhomem (2008) (consoante Rodovalho et al. 2003).

Figura XV.20 - Seção geológica regional esquemática na Bacia de Cumuruxatiba. Modificado de Menezes & Milhomem (2008)
(consoante Rodovalho et al. 2003).

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Figura XV.21 - Seção sísmica intepretada na Bacia de Cumuruxatiba, mostrando a transição entre
a crosta continental e a crosta oceânica. Mohriak (2003).

Figura XV.22 - Seção sísmica regional na região do Complexo Vulcânico de Abrolhos (Bacia de Mucuri) mostrando feições compressionais
e canal aprofundado próximo do banco submarino Besnard. Modificado de Mohriak (2003).

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do mar (Cainelli & Mohriak 1998, França & Mohriak O Complexo Vulcânico de Abrolhos (Fig.XV.22) é ca-
2008, Menezes & Milhomem 2008). A tectônica de sal racterizado por rochas vulcânicas extrusivas que re-
é ainda responsável por diversas estruturas com sal cobrem os sedimentos do terciário inferior/cretáceo
descolado da camada mãe, algumas das quais com superior nas Bacias de Mucuri e do Espírito Santo (Cor-
potencial exploratório para reservatórios subsal alóc- dani 1970, Cordani & Blazekovic 1970, Sobreira 1996,
tone (Mohriak 2008). Mohriak 2006, Sobreira & França 2006). A sequência
vulcanoclástica amostrada em poços exploratórios e
aflorante na Ilha de Santa Bárbara inclui tipos lito-
3.3 Vulcanismo Pós-Rift lógicos distintos como tufos, basaltos, hialoclastitos,
brechas, diabásio, e gabro, com datações pelo método
No início do terciário, a região entre as Bacias de K-Ar apresentando idades entre 64 e 32Ma (Cordani
Jequitinhonha e do Espírito Santo foi intrudida por & Blazekovic 1970, Mizusaki et al. 2002). Resultados
vários focos magmáticos, tanto na região de crosta obtidos pelo método Ar-Ar sugerem uma concentra-
oceânica como na região de crosta continental, atin- ção de idades no intervalo paleoceno-eoceno (Szat-
gindo principalmente a região de Abrolhos e Royal mari et al. 2000, Sobreira et al. 2006). Por analogia
Charlotte (Sobreira & França 2006, Mohriak 2006). com seções amostradas na Bacia de Cumuruxatiba,
O magmatismo também se fez presente ao longo de interpreta-se que as rochas sedimentares aflorantes
zonas de fraturas e lineamentos oceânicos, como por na ilha de Santa Bárbara (Figs.XV.23, XV.24) teriam
exemplo, na região dos montes submarinos da Bahia idade eoterciária, constituindo-se no único análo-
(Palma 1984, Cherkis et al. 1989, Alves et al. 1997). go de vulcanismo do eoceno aflorante na margem
continental. Esse registro é reconhecido como uma
Os altos vulcânicos de Royal Charlotte e Sulphur ocor- “janela no Atlântico Sul“ para os processos sedimen-
rem na parte distal da bacia sedimentar, próximo do tares relacionados aos turbititos ou hiperpicnitos do
limite crustal (Fig.XV.21). Os montes submarinos da terciário, que constituem reservatórios de petróleo
Bahia ocorrem além do limite crustal, em região oce- nas Bacias do Espírito Santo e de Campos (Mohriak
ânica, e apresentam uma geometria característica das 2006). Trabalhos de campo e estudos geológicos e ge-
feições vulcânicas registradas em vários segmentos ofísicos desenvolvidos nessa região da Ilha de Santa
da margem leste brasileira, como na região do alinha- Bárbara (Fig.XV.24) sugerem que tenha ocorrido um
mento de Vitória-Trindade e de outros montes subma- grande aporte siliciclástico na porção média do Com-
rinos das bacias do sudeste brasileiro (Mohriak 2003). plexo Vulcânico de Abrolhos, uma paleobatimetria
Intrusões ígneas são também caracterizadas em zonas provavelmente entre nerítico médio e batial superior,
de fraturas, como, por exemplo, ao longo da Zona de e culminado com um soerguimento da ilha em época
Fratura de Salvador, que se estende em uma direção posterior ao vulcanismo (Mohriak 2006). Uma notá-
leste-oeste da crosta oceânica até a plataforma da Ba- vel discordância angular no neoterciário, afetando o
cia de Jacuípe (Wanderley Filho & Graddi 1995). flanco oeste da Ilha de Santa Bárbara, é bem marcada
em linhas sísmicas regionais, indicando um bascula-
Bacoccoli (1982) e Sobreira (1996) propõem modelos mento progressivo das camadas vulcanossedimenta-
geológicos em que as vulcânicas de Abrolhos são ali- res do eoterciário que afloram acima do nível do mar
mentadas por diápiros do manto e intrusões ígneas lo- (Fig.XV.23).
cais, com focos magmáticos na plataforma continental
da Bacia do Espírito Santo. Parsons et al. (2001), por
outro lado, interpretam que as rochas vulcânicas são
extrusivas e com fonte distante da área de ocorrência.

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Figura XV.23 - Seção sísmica nas proximidades do poço estratigráfico perfurando em 1958 na Ilha de Santa Bárbara, no Arquipélago de
Abrolhos. Mohriak (2004).

a b

Figura XV.24 - (a) Vista geral do Arquipélago de Abrolhos, com a ilha de Santa Bárbara alongada na direção leste-oeste e as ilhas Redonda
(esquerda, inferior), Siriba (centro, a sul da Ilha Redonda) e Sueste (extremo direito da foto). (b) Afloramento da Ilha de Santa Bárbara,
cujo topo é capeado por basaltos de idade eoterciária. Observa-se, nesta ilha, uma espessa sequência de arenitos maciços, com geometria
externa lobada, intercalados com camadas de ritmitos (siltitos). Localmente registram-se prováveis depósitos de fluxos hiperpicnais e cortes
de canais submarinos preenchidos por conglomerados e arenitos de granulometria grossa.

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4. Geologia de Petróleo O Campo de Manati está localizado na porção central
do litoral do Estado da Bahia, distando cerca de 9km
A exploração de petróleo na margem continental do da costa do Município de Cairu, em lâmina d’água de
Estado da Bahia resultou em algumas descobertas 35 a 50m, a leste de Morro de São Paulo (Fig.XV.25,
de acumulações subcomerciais na plataforma conti- XV.26). Foi descoberto em 2000 através do poço 1-BR-
nental, mas nenhuma em águas profundas, até o mo- SA-14-BAS (1-BAS-128), perfurado com o objetivo de
mento. O único campo em produção é o de Manati, na testar reservatórios pré-rift adjacentes a um canyon
Bacia de Camamu, com explotação de reservatórios da fase rift (Scotchman & Chiossi 2009). A vazão diá-
silissiclásticos da seção pré-rift, que é constatada em ria máxima para a produção inicial é estimada em 8
poços exploratórios pouco profundos. milhões de metros cúbicos de gás não associado nas

Figura XV.25 - Imagem de satélite da Bacia de Camamu com mapa de localização do campo de gás de Manati. Fonte: ANP 2009.

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condições padrão, a partir de reservatórios da Forma- meabilidade é de 158mD. O óleo é de boa qualidade,
ção Sergi, constituídos por arenitos fluvioeólicos de atingindo 41º API.
idade neojurássica.
Admite-se que a rocha geradora da acumulação do
Na Bacia do Jequitinhonha foram perfurados, des- BAS-37 esteja associada à sequência transicional, de
de a década de 1960, pouco mais de três dezenas de idade aptiana, apresentando matéria orgânica do tipo
poços exploratórios, sendo seis em terra e o restante I/II, COT (Carbono Orgânico Total) de 1%, e potencial
na plataforma continental. Foram constatadas acu- gerador de até 15kg HC/ton.rocha. Também foram
mulações subcomerciais de hidrocarbonetos no poço registrados indícios de hidrocarbonetos nos poços
1-BAS-37, mas os poços de extensão resultaram se- 1-BAS-52, 1-BAS-68 e 1-BAS-121.
cos. Segundo a análise da ANP–Agência Nacional de
Petróleo, o volume de hidrocarbonetos na acumu- Na Bacia de Cumuruxatiba, a ocorrência de hidrocar-
lação é pequeno, com VOIP de 27 x 106 m3 e VGIP de bonetos no poço 1-BAS-11 define uma acumulação
2.147,4 x 106 m3. A reserva total é de 5,4 x 106 m3 de subcomercial de óleo em reservatórios do eoterciário.
óleo e 441,332 x 106 m3 de gás. Os hidrocarbonetos Essa acumulação, designada Arraia, relaciona-se a
estão presentes em reservatórios da Formação Mari- uma estrutura anticlinal controlada por falha lístri-
ricu, com net pay de 18m e porosidade de 13%. A per- ca halocinética. Foram constatadas rochas gerado-

Figura XV.26 - Seção geológica esquemática entre o campo de Manati e um poço em águas profundas.
Modificado de Menezes & Milhomem (2008) consoante Chiossi et al. (2003)

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ras em folhelhos lacustres da fase rift, pertencentes preenchimento representado por depósitos continen-
à Formação Cricaré (Neocomiano-Barremiano), com tais fluviodeltaicos e lacustres. A megassequência
matéria orgânica do tipo I, COT variando de 2 a 6%, transicional está associada a um golfo marinho, com
e HI de até 900 mgHC/g TOC. Também há registro de depósitos evaporíticos. A megassequência pós-rift
hidrocarbonetos na área do 1-BAS-104 (gás e con- pode ser dividida em uma sequência marinha trans-
densado), bem como acumulações subcomerciais nos gressiva e outra regressiva. A sequência marinha
poços 1-BAS-48, 1-BAS-39 e 1-BAS-91. transgressiva é inicialmente marcada por deposição
de carbonatos em plataforma rasa, seguindo-se uma
À semelhança do que ocorre em águas profundas sedimentação francamente oceânica, em contex-
da Bacia do Espírito Santo, onde o gerador marinho to de relativa estabilidade ambiental, sob condições
é responsável pela acumulação de petróleo em al- de mar cada vez mais franco a partir do turoniano.
gumas acumulações (Katz & Mello 2000), admite-se A sequência marinha regressiva caracteriza-se pela
que, em águas profundas da margem continental progradação de sistemas silissiclásticos litorânenos e
baiana, as rochas da seção marinha (albiana/turo- carbonatos plataformais sobre pelitos de bacia, com
niana), com matéria orgânica do tipo II, possam estar intercalação de turbiditos em folhelhos batiais.
submetidas às condições adequadas de soterramento
e fluxo térmico, tornando-se potencialmente gerado- Como as diversas bacias possuem substratos diferen-
ras de hidrocarbonetos (Scotchman & Chiossi 2009). tes, relacionados tanto ao Cráton do São Francisco
como a cinturões dobrados na orogenia brasiliana, há
um importante controle dos terrenos do embasamen-
to sobre sua arquitetura crustal, resultando na forma-
5 Síntese ção de rifts estreitos e rifts largos. Na região nordeste,
a plataforma continental é bastante mais estreita que
A evolução tectonoestratigráfica das bacias da mar- na região sudeste, ocorrendo uma abrupta transição
gem continental leste brasileira é uma consequência entre talude e bacia profunda, marcada por um limite
da ruptura do Gondwana e da abertura e desenvol- crustal relativamente próximo da quebra de platafor-
vimento do Oceano Atlântico Sul, em processo ini- ma. A transição para a crosta oceânica, em algumas
ciado no Mesozoico. Os rifts que constituem a mar- áreas, é associada com cunhas de refletores que mer-
gem continental do Estado da Bahia subdividem-se gulham para o mar. Em várias bacias do mundo estas
em rifts abortados, abrangendo uma série de bacias cunhas formam pacotes designados como seaward-
que ocorrem particularmente na região emersa, e em -dipping reflectors, que marcam a transição de crosta
rifts marginais, que evoluíram para formar as bacias continental para crosta oceânica através do extrava-
de margem divergente, relacionadas a segmentos de samento de lavas basálticas em ambiente subaéreo.
margem transformante e de margem divergente. Em segmentos onde não ocorre vulcanismo é possível
que ocorra a exumação do manto através de falhas de
Nessas diversas bacias, caracterizam-se quatro me- descolamento crustal, como observado nas margens
gassequências: pré-rift, sin-rift , transicional e pós- da Ibéria e Canadá.
-rift. A megassequência pré-rift é representada por
remanescentes da sedimentação intracratônica do Após a formação dos rifts continentais, preenchidos
paleozoico e do mesozoico. A megassequência sin-rift por sedimentos lacustres e fluviodeltaicos, ocorreu
é controlada por falhas extensionais sintéticas e anti- a ingressão marinha, que resultou na deposição de
téticas, formando diversos semigrábens com direção espessa sequência de evaporitos (anidrita, halita),
aproximadamente paralela à linha de costa atual e associados a folhelhos e carbonatos. A megassequ-

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ência transicional é caracterizada por uma relativa Como já referido, a megassequência marinha inicia-
quiescência tectônica após a rotação e basculamento -se com a deposição de carbonatos em condições
de blocos de rift, que são dissecados por uma discor- ambientais rasas e oxigenadas, com subsequente afo-
dância regional que nivela a topografia pré-existente gamento pela subida do nível do mar. O terciário, par-
(break-up unconformity). Acima da discordância, al- ticularmente nas bacias da margem leste brasileira,
gumas bacias apresentam uma espessa sequência de é caracterizado por cunhas sedimentares progradan-
sedimentos aptianos pouco controlados por falhas tes, que resultaram na deposição de arenitos turbidí-
(sag basins). A deposição de evaporitos no neoaptiano ticos em águas profundas. Falhamentos relacionados
inicia-se com camadas de carbonatos e anidrita, que à tectônica de sal constituem-se em possível caminho
com o aumento da aridez gradam para camadas de de migração para hidrocarbonetos gerados na sequ-
halita e atingem condições de deposição de sais mais ência pré-sal, que podem eventualmente acumular-
solúveis de potássio. -se em reservatórios carbonáticos do albiano e silissi-
clásticos do albo-cenomaniano até o mioceno.
A halocinese define domínios tectônicos distintos ao
longo da margem, com feições extensionais na plata- Importantes episódios tectonomagmáticos, com clí-
forma, e compressionais em águas profundas. Obser- max no neocretáceo e no terciário, são registrados
va-se também uma menor quantidade de evaporitos em alguns segmentos da margem leste brasileira,
nas bacias localizadas em substrato cratônico. Na re- particularmente nas regiões de Abrolhos e de Royal
gião onde o substrato é de embasamento brasiliano, Charlotte. Há indicação de feições compressionais
ocorre uma tectônica de sal compressional formando afetando a sequência pré-sal e pós-sal nas bacias
empurrões e nappes na direção de crosta oceânica. da margem continental do Espírito Santo e da Bahia.
Segmentos da margem caracterizados por reentrân- Algumas dessas feições estão associadas com sal
cias na bacia evaporítica (p.e. Bacia de Cumuruxatiba) autóctone e alóctone, eventualmente condicionando
apresentam um fluxo convergente de sal. trapas de petróleo.

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Capítulo XVI Tabuleiros Costeiros
Dilce de Fátima Rossetti (INPE)
José Maria Landim Dominguez (UFBA)

1 Introdução
No litoral do Estado da Bahia, de modo quase contínuo, ocorrem depósitos relacionados à Formação Barreiras,
que são bem expostos ao longo de inúmeras falésias e cortes de estrada (Fig.XVI.1). Estes depósitos têm impor-
tância histórica por se constituírem no primeiro relato de uma unidade geológica em território brasileiro, feito por
Pero Vaz de Caminha em carta ao rei de Portugal, em 1500. A extensa área de ocorrência da Formação Barreiras
ao longo da costa brasileira, desde o Rio de Janeiro até o Amapá, faz deste o registro sedimentar exposto mais
importante do Mioceno no Brasil. Seu estudo é, portanto, de grande interesse para a reconstituição de eventos
geológicos miocênicos do continente sulamericano.

Dada sua extensa faixa de ocorrência, o uso do termo “Barreiras” tem sido utilizado de forma diversificada na
literatura. Em suas primeiras citações geológicas, esses depósitos foram referenciados como “Série Barreiras”
(Oliveira & Leonardos 1943) e “Formação Barreiras” (Oliveira & Ramos 1956). Posteriormente, sugeriu-se o termo
“Grupo Barreiras” (Bigarella & Andrade 1964, Mabesoone et al. 1972, Bigarella 1975), procedimento adotado por
vários autores em estudos mais recentes (p.e. Leite et al. 1997, Vilas Bôas et al. 2001, Brito-Neves 2009). Neste tra-
balho, será empregado o termo litoestratigráfico “Formação Barreiras”, uma vez que não há, ainda, detalhamento
estratigráfico adequado, tampouco consensual, sobre a complexidade interna desta unidade em suas diferentes
áreas de ocorrência que justifique sua inserção na categoria de grupo.

Apesar da referência remota, a análise faciológica da Formação Barreiras é, ainda, insuficiente para permitir o
completo entendimento de processos e ambientes de sedimentação, bem como de fatores que tiveram maior
relevância em sua evolução ao longo do tempo geológico. Tanto para o Estado da Bahia, como em todo o litoral
nordeste do Brasil, esta formação tem sido vista como decorrente de sedimentação tipicamente continental,
consistindo principalmente em coalescência de leques aluviais e em sistemas fluviais entrelaçados desenvolvi-
dos sob condições climáticas quentes e secas (p.e. Mabesoone et al. 1972, Bigarella 1975, Góes 1981, Vilas Bôas
et al. 2001, Lima et al. 2006). Em geral, esta interpretação tem sido fornecida com base, principalmente, na
constituição arenosa a conglomerática e na abundância de depósitos com geometria de canais. Entretanto, com

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raras exceções, pouca ênfase tem sido dada à carac- nordeste. Breves comunicações científicas, entre-
terização faciológica detalhada desses estratos. Isto é, tanto, aventaram a possibilidade de ocorrência de
pelo menos em parte, atribuído à dificuldade de vi- estratos marinhos na Formação Barreiras do Estado
sualização de estruturas decorrentes do elevado grau do Rio Grande do Norte (Salim et al. 1975, Menezes
de intemperismo atual, e à oxidação e pedogênese, et al. 1998). Adicionalmente, publicação recentemen-
pela associação com espessos horizontes de paleos- te abordando esta unidade, no litoral do Estado de
solos lateríticos. A carência de dados faciológicos de- Alagoas (Rossetti & Góes 2009), resultou em amplo
talhados, aliada à natureza afossilífera, tem limitado registro de estruturas sedimentares diagnósticas de
reconstituições paleoambientais mais precisas. processos de maré, bem como de associações icnoló-
gicas representativas de ambientes costeiros, que são
Estudos da Formação Barreiras na região nordeste similares às documentadas na região norte do Brasil.
do Estado do Pará e no litoral do Maranhão revela- Como base neste estudo, os autores sugeriram que a
ram uma abundância de estruturas sedimentares, transgressão marinha miocênica deixou um registro
que favoreceram análise faciológica detalhada, bem sedimentar mais significativo ao longo da costa bra-
como entendimento da arquitetura estratal (p.e. Ros- sileira do que o considerado até então.
setti et al. 1989, 1990, Rossetti 2000, 2006, Rossetti &
Santos Jr. 2004, Rossetti 2004, Rossetti & Góes 2004). Este capítulo fornece uma visão regional sobre as
A análise de falésias e de minas a céu aberto, onde ocorrências da Formação Barreiras no Estado da
exposições da Formação Barreiras são lateralmente Bahia, bem como de suas associações faciológicas, vi-
contínuas por vários quilômetros, revelou abundân- sando contribuir para o melhor entendimento de seus
cia de estruturas sedimentares primárias diagnósti- paleoambientes de deposição. Como será registrado
cas da ação de correntes de maré. Além disto, esses aqui, esses depósitos são mais variados faciologica-
depósitos são fortemente bioturbados, sendo as as- mente do que havia sido documentado em trabalhos
sociações icnológicas típicas de ambientes litorâ- prévios (p.e. Vilas Bôas 2001, Lima 2002, Lima et al.
neos mixoalinos ou marinho-transicionais (Netto & 2006), tendo sido formados em diversos ambientes
Rossetti 2003). Com base nesses dados, a Formação deposicionais que registram significante contribuição
Barreiras na região norte do Brasil foi atribuída a sis- de processos marinhos. Dada a natureza deste traba-
temas dominantemente estuarinos (Rossetti 2000, lho, mais do que exaurir o tema, a presente contri-
Rossetti & Santos Jr. 2004). Ainda segundo esses au- buição enfatiza a descrição dos aspectos faciológicos
tores, a análise da arquitetura estratal permitiu pro- gerais desta unidade, de forma a instigar investiga-
por preenchimento estuarino composto, relacionado ções futuras visando detalhamento paleoambiental e
a episódios múltiplos de variação do nível do mar de estratigráfico e discussão sobre sua evolução no tem-
alta frequência, superpostos à tendência geral trans- po geológico.
gressiva miocênica. Este efeito de elevação do nível
do mar teria sido aumentado por efeito tectônico re-
lacionado provavelmente à reativação de falhas pré-
-existentes (Rossetti 2006). 2 Distribuição Geográfica e
O predomínio de sedimentação com influência mari-
Contexto Geológico
nha na Formação Barreiras do norte do Brasil, bem A Formação Barreiras no Estado da Bahia ocupa uma
como sua associação com a transgressão miocênica ampla faixa distribuída na zona litorânea, sendo os
conflitam com a natureza tipicamente continental melhores afloramentos localizados em corte de estra-
proposta para estratos correlatos expostos na região das e em falésias. As exposições atingem, no máximo,

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40 ou 50m de altura, muitas apresentando várias cen- A extensão da faixa de ocorrência da Formação Bar-
tenas de metros de extensão, em especial nas falésias, reiras é de, em média 50 a 60km a oeste da planície
que podem ser seguidas por até alguns quilômetros. costeira atual. Entretanto, existe diminuição sistemá-
Os afloramentos mais representativos concentram-se tica desta faixa de sul para norte no estado, sendo
especialmente entre Prado-Porto Seguro, Canaviei- mais larga nas proximidades do Rio Itanhaém, próxi-
ras-Ilhéus e ao longo da BA-099 (Linha Verde), até mo a Caravelas, onde chega a atingir cerca de 120km
aproximadamente 75km a sul de Conde (Fig.XVI.1), e da planície costeira (Fig.XVI.1). De maneira geral, esta
entre Mucuri e a divisa Bahia-Espírito Santo. unidade é contínua ao longo do litoral sul, tornando-se

Figura XVI.1 - Mapa geológico, indicando ocorrências da Formação Barreiras no Estado da Bahia.
(Modificado do Mapa Geológico-DNPM/1995).

Ta b u lei ro s Co ste iros • 367

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a
uma notável semelhança com a Formação Barreiras,
no que diz respeito à faciologia, textura e grau de in-
temperização. É muito provável, portanto, que repre-
sentem remanescentes da Formação Barreiras nesta
região.

As ocorrências mais ocidentais da Formação Barrei-


ras encontram-se na região sul do Estado, onde são
registradas em altitudes que chegam a 250m, ha-
vendo diminuição progressiva dessa cota para leste,
até alcançar a planície costeira, em geral, localizada
abaixo de 10m de altitude (Figs.XVI.2a, b). Ao longo
desta área, a Formação Barreiras constitui extensos
platôs tabulares (Fig.XVI.3).
b

Geologicamente, a Formação Barreiras forma um


“onlap” costeiro sobre rochas do embasamento cris-
talino arqueano-paleoproterozoico, bem como sobre
rochas jurássicas e cretáceas associadas às várias
bacias sedimentares formadas durante o processo de
abertura do Oceano Atlântico, quando da separação
dos continentes sulamericano e africano (CAPÍTULO
Figura XVI.2 - Distribuição da Formação Barreiras no sul do Estado XIII). Sobrepostos à Formação Barreiras ocorrem de-
da Bahia, ilustrando sua ocorrência próxima ao Rio Itanhém,
pósitos quaternários variados.
onde esta unidade acha-se distribuída em uma larga faixa,
perfazendo mais de 100km de extensão a partir da planície
costeira, de onde atinge altitudes progressivamente mais elevadas
para oeste, chegando a cerca de 250m no contato com

3 Estudos Prévios Sobre a


o embasamento cristalino. (a) Modelo de Elevação Digital
derivado do “Shuttle Radar Topography Mission”-SRTM, ilustrando
a ocorrência da Formação Barreiras e o perfil topográfico I-I’
mostrado em b. (b) Perfil topográfico derivado dos dados SRTM Formação Barreiras
(ver localização na figura XVI.2a)
Estudos abordando a Formação Barreiras no Estado
da Bahia são escassos, principalmente no que con-
progressivamente descontínua para norte, principal- cerne a seus aspectos paleoambientais. Porém, na
mente a partir de Canavieiras, onde ocorre o Alto de documentação disponível, a exemplo dos demais tra-
Olivença. Na região de Salvador, há exposições isola- balhos feitos nesta unidade em outras áreas do litoral
das da Formação Barreiras sobre rochas cretáceas da nordeste do Brasil, esses depósitos têm sido conside-
Bacia do Recôncavo, sendo que aquela unidade volta rados sistematicamente como formados somente em
a aparecer de forma mais contínua somente no extre- ambientes tipicamente continentais.
mo norte do estado. A Formação Barreiras aparente-
mente está ausente no trecho entre Itacaré e Morro Investigação visando à reconstituição de processos
de São Paulo, na Bacia de Camamu. Entretanto, nesta de deposição na região de Conde, norte do estado,
região, afloramentos comumente atribuídos à For- relacionou a origem de arenitos grossos e conglome-
mação Taipus-Mirim, de idade cretácea, apresentam ráticos a ambientes fluviais entrelaçados e fluxos de

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Quaternário, com controle marcante na orientação
dos rios atuais. Duas direções principais de juntas
conjugadas foram reconhecidas, sendo as principais
para NW-SE e as secundárias para NE-SW, que são
compatíveis com campo de tensão por compressão
horizontal máxima NW-SE proposto para a costa
brasileira (Lima et al. 1997, Saadi 2000, Bezerra et al.
2008) (CAPÍTULO XIX).

Figura XVI.3 - Foto obliqua mostrando a Formação Barreiras no 4 Caracterização de


sul do Estado da Bahia. Observar a clara geometria em “onlap”
desta formação, sobre as unidades geológicas mais antigas Associações Faciológicas
(ao fundo), representadas principalmente pelo embasamento
precambriano A diversidade faciológica da Formação Barreiras no
Estado da Bahia é consideravelmente mais elevada
do que tem sido descrita em trabalhos anteriores. De
detritos em leques aluviais formados sob condições maneira geral, uma ampla variedade de associações
climáticas áridas e semiáridas (Vilas Bôas et al. 2001). faciológicas pode ser reconhecida. Apesar da ocor-
rência frequente de areias grossas e conglomeráti-
No sul da Bahia, a Formação Barreiras foi atribuída cas, mal selecionadas e maciças, que tem servido, em
dominantemente a sistemas fluviais do tipo entrela- grande parte, para embasar seu relacionamento com
çado (Lima 2002, Lima et al. 2006). Para estes auto- ambientes fluviais e de leques aluviais, esses depósi-
res, depósitos gerados por fluxos gravitacionais, se tos são comumente intergradados a uma variedade
presentes, foram integralmente retrabalhados su- de outros estratos de granulometrias finas. Estes in-
baquosamente em canais rasos. Ainda, segundo os cluem, principalmente, argilitos maciços, argilitos la-
autores, o sistema deposicional teria mudado com o minados, depósitos heterolíticos dos tipos lenticular
tempo, com o desenvolvimento de canais entrelaça- a wavy, além de uma ampla distribuição de arenitos
dos cada vez maiores, estes associados com amplas muito finos, finos e médios, bem a moderadamente
planícies de inundação. selecionados, que apresentam, em inúmeras expo-
sições, uma variedade de estruturas sedimentares e
Além da atribuição continental similar, os estudos biogênicas bem preservadas. Estas estruturas inter-
supracitados concordam com a associação da Forma- nas permitem uma reanálise dos processos de sedi-
ção Barreiras com tectonismo resultante de tensões mentação, previamente propostos para essa unidade
intraplaca por reativação de falhas de origem crustal geológica.
(CAPÍTULO XIX). Para Vilas Bôas et al. (2001), estes
esforços teriam ocorrido durante a sedimentação Com propósito descritivo, os depósitos da Formação
Barreiras, o que teria favorecido o desenvolvimento Barreiras no Estado da Bahia podem ser organizados
de sistemas de leques aluviais, como produto da to- em dez associações faciológicas, que são, conjunta-
pografia gerada pela movimentação de falhas. Para mente, representativas de sistemas deposicionais flu-
os demais autores, as reativações tectônicas seriam viais a marinho-transicionais, como discutido a seguir
pós-deposicionais, tendo ocorrido provavelmente no e sintetizado na tabela XVI.1.

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a

b c

d e f

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PÁGINA ANTERIOR zenas de metros. Estes pacotes podem representar
Figura XVI.4 - Associação de fácies de canal fluvial (CF) e o amalgamamento de vários corpos menores. Inter-
planície de inundação (PI). A) Depósitos de canal fluvial namente, os estratos são maciços ou estratificados, e
conglomerático que grada a depósitos de planície de inundação
ao alto, sobrepostos a depósitos de canal arenoso, relacionados podem estar organizados em sucessões decrescentes
a canal fluvial distal ou canal distributário (CD), e argilitos de ascendentes (Fig.XVI.4e). Estratificações cruzadas de
laguna (ver ponto 29 na figura XVI.1). Notar a base tipicamente
médio a pequeno porte do tipo acanalada e tabular
côncava e erosiva dos estratos canalizados. B) Depósitos de
canal fluvial conglomerático, com estratificação inclinada são as dominantes, ocorrendo raramente estratifi-
composta e estratificações internas descendentes. Notar que cações inclinadas de grande porte do tipo composta
a direção do paleofluxo é para a esquerda da foto (ponto 40
(Fig.XVI.4b, c). Raramente esta associação de fácies,
na figura XVI.1; quadro interno indica posição da figura C). C)
Detalhe de B, ilustrando estratificações internas ao depósito bem como a descrita a seguir, ocorre isoladamente
de canal fluvial (ver localização na figura B). D) Depósitos de nos afloramentos, sendo mais frequentemente inter-
canal fluvial, representados por conglomerados intercalados
com arenitos estratificados, sobrepostos a depósitos de barra de
digitada com as demais associações faciológicas. É
desembocadura (BD) e prodelta (PD). E) Perfil litoestratigráfico importante mencionar que arenitos interacamadados
representativo do afloramento mostrado na figura D (ver legenda aos conglomerados desta associação são localmente
na figura H). F) Detalhe de icnofácies Glossifungites que marca
o topo dos depósitos de barra de desembocadura mostrados nas bioturbados (Fig.XVI.4e) e que o contato basal com
figuras D e E. G) Vista em detalhe dos conglomerados fluviais estratos subjacentes pode ser marcado por icnofácies
ilustrados nas figuras D e E. H) Legenda do perfil litoestratigráfico
Glossifungites (Fig.XVI.4f).
da figura E (ver localização das figuras F e G na figura E). (D a
G=ponto 3 na figura XVI. 1)

4.2 Associação de Fácies PI


4.1 Associação de Fácies CF (planície de inundação; Fig.XVI.4A)
(canal fluvial; Fig.XVI.4A-H)
Forma depósitos finos, i.e., argilosos a siltosos, que in-
Caracteriza-se por litologias, em geral de granulo- tergradam diretamente com a associação CF. As lito-
metria grossa, representadas por arenitos médios e logias são, em geral, maciças, de coloração cinza-cla-
grossos a conglomeráticos e conglomerados (Figs. ro a violácea e amarelo-esbranquiçada. Para cima,
XVI.4d, e, g). Estes últimos são compostos por seixos esses depósitos podem gradar a estratos fortemente
de quartzo e de materiais diversos oriundos de rochas avermelhados e mosqueados, que contêm marcas de
do embasamento cristalino adjacente, que são dis- raízes e/ou gretas de contração. Raramente, a asso-
persos em matriz arenosa média a grossa ou areno- ciação de fácies PI é laminada plano-paralelamente.
-argilosa. Grãos de feldspatos, predominantemente Camadas tabulares de até 1m, lateralmente contínuas
alterados, por vezes angulares, fazem parte da com- e apresentando alternâncias de cores, são frequentes.
posição destes depósitos, juntamente com grãos de
quartzo. Os depósitos ocorrem sob forma de lençóis
tabulares lateralmente contínuos por toda a extensão 4.3 Associação de Fácies BD
dos afloramentos, ou, mais comumente, como cor- (barra de desembocadura; Figs.XVI.4D-E,
pos de base côncava e topo planar (Fig.XVI.4a). Em
XVI.5A-F, XVI.6A-C, XVI.7A-D)
ambos os casos, a base é definida por superfície de
contato brusca e erosiva, localmente salientada por Esta é, certamente, a associação de fácies mais fre-
depósitos residuais formados por clastos de dimen- quente, e volumetricamente significativa, da For-
sões centimétricas. A espessura desta associação de mação Barreiras no Estado da Bahia, ocorrendo em
fácies é de até 8 a 10m, mas em geral variando de 2 praticamente todas as áreas analisadas, embora em
a 5m, e seu comprimento chega a atingir várias de- proporções variadas. Sua principal característica é a

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PÁGINA ANTERIOR pequeno a médio porte, estratificação plano-paralela,
Figura XVI.5 - Associação de fácies de barra de desembocadura em geral suavemente inclinada, e estratificação con-
(BD) e prodelta (PD) no ponto 18 (ver XVI.1 para localização). A) voluta. Superfícies de reativação são comuns inter-
Vista geral de dois lobos arenosos superpostos, separados por fina
camada de argilito de prodelta, a qual também reveste os lobos. namente aos estratos cruzados, sendo muitas vezes
B) Detalhe de barra de desembocadura, representada por lobo associadas com filmes delgados de argilito, até mes-
arenoso com estratificações cruzadas tabulares na base, e maciço
mo no caso de litologias mais grossas. A associação
e convolucionado no topo. Notar geometria fortemente convexa
do topo do lobo e seu revestimento por argilas de prodelta BD pode, ainda, apresentar estratificação inclinada
(PD). C) Lobos de barra de desembocadura distal separados por de grande porte, que varia de ângulo de inclinação
depósitos de prodelta (PD). D) Detalhe de estratificações cruzadas
lateralmente, e contém inúmeras reativações inter-
acanaladas em arenitos grossos a conglomeráticos de barra de
desembocadura. E) Detalhe de topo de barra de desembocadura, nas, também salientadas por camadas delgadas de
ilustrando contato brusco com estratos sobrejacentes de prodelta argilito, formando clinoformas progradacionais (Fig.
e natureza bioturbada. F) Detalhe de barra de desembocadura
com base maciça e topo extremamente bioturbado. G) Detalhe
XVI.6c). Marcas de onda simétricas e assimétricas
da base de barra de desembocadura, ilustrando seu arranjo com até 2m de amplitude podem ser observadas no
granocrescente ascendente, representado por arenito fino com topo dos lobos. Além disto, suas porções superiores
laminação cruzada acanalada (Alc) na base, que grada para cima
a arenito grosso maciço (Am) (Martelo para escala em E e G=35 podem ser fortemente bioturbadas (Fig.XVI.5f). Tu-
cm de comprimento) bos encontrados nestes locais, bem como dispersos
nos lobos arenosos, consistem dominantemente em
Ophiomorpha, Skolithos e Planolites.
geometria, que consiste em feições lobadas sigmoi-
dais ou de base planar a ondulada e topo convexo
com disposição horizontal ou, mais comumente, su- 4.4 Associação de Fácies PD
avemente inclinada (Figs.XVI.4d-e, XVI.5a-c). Nes- (prodelta; Figs.XVI.4D-E, XVI.5A-F,
te último caso, é frequente encontrar vários desses
XVI.6A-B, XVI.7A-D)
elementos estratais lateralmente distribuídos. Outra
característica marcante é que estes depósitos gradam Consiste em pacotes sedimentares de litologias do-
para litologias finas para baixo, formando sucessões minantemente finas, essencialmente representadas
tipicamente granodecrescentes ascendentes (Figs. por argilitos, siltitos e arenitos muito finos, de colo-
XVI.4e, XVI.5b, XVI.5e, XVI.5g). Por vezes, a base dos ração variando de cinza-esbranquiçado, amarelada,
lobos tem contato brusco com depósitos subjacentes, vermelho-claro a violácea. Estas litologias podem ser
embora lateralmente esta se torne também grada- maciças ou, mais comumente, ocorrem intergradadas
cional, ao mesmo tempo em que ocorre diminuição a argilitos laminados e depósitos heterolíticos, estes
na espessura dos lobos. Os lobos ocorrem isolados geralmente dos tipos streaky, lenticular e wavy. Mi-
ou são sobrepostos (Figs.XVI.5a-c, XVI.6a-b, XVI.7a- crolaminações cruzadas acanaladas são comuns nos
-d) formando depósitos amalgamados de até 5m de intervalos arenosos. A associação PD é delgada, em
espessura e várias dezenas de metros de extensão, geral formando camadas inferiores a 5m de espessu-
embora lobos individuais apresentem espessuras ge- ra (média de 2m) que configuram sucessões grano-
ralmente de até 1m. As litologias são variadas, con- crescentes ascendentes (Fig.XVI.4d-e) intergradadas
sistindo em arenito fino a médio, e arenito grosso a com a associação BD (Figs.XVI.5a-c, XVI.5e); local-
conglomerático, moderadamente selecionados a mal mente, estes estratos são erosivamente interceptados
selecionados. Internamente, o acamadamento pode pelas associações BD e CD. Bioturbações não são co-
ser maciço, porém depósitos bem estratificados são muns nestes estratos, mas quando ocorrem, o volume
também presentes (Fig.XVI.5d). Acham-se presentes de icnofósseis é alto, o que dificulta a determinação
estratificações cruzadas tabulares e acanaladas de de traços individuais.

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Figura XVI.6 - Associação de fácies de barra de desembocadura (BD) e prodelta (PD) no ponto 19 (ver figura XVI.1 para localização). A) Vista
geral e B) desenho sobre fotografia ilustrando várias barras de desembocadura amalgamadas. Notar que as barras gradam para baixo a
argilitos de prodelta. Notar, ainda, que estes depósitos bruscamente revestem o conjunto arenoso amalgamado representativo das barras.
C) Lobo arenoso com estratificação inclinada de grande porte, formando clinaformas progradacionais

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Figura XVI.7 - Complexo contendo associação de fácies de barra de desembocadura, prodelta e canais distributários no ponto 37 (ver
figura XVI.1 para localização). A) Vista geral e B) desenho sobre fotomosaico (amarelo=complexo de barras de desembocadura e canais
distributários; entorno não ressaltado=prodelta, localmente com pequenos lobos arenosos distais; quadrado interno localiza a figura C). C e
D) Detalhe de dois lobos deltaicos sobrepostos (ver localização na figura A)

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4.5 Associação de Fácies CD 4.7 Associação de Fácies P
(canal distributário; Fig.XVI.4A) (praia; Figs. XVI.9A, D-F, XVI.10A-G)

Esta associação de fácies é similar à associação CF no Inclui litologias arenosas tipicamente finas a médias e
que diz respeito aos aspectos geométricos, litológicos, muito bem selecionadas, em geral de cor branca a le-
estruturais. Entretanto, feição comum nesta associa- vemente amarelada, que forma pacotes lateralmen-
ção, e que não ocorre naquela, são abundantes su- te contínuos de 2 a 3m de espessura, caracterizando
perfícies de reativação separando pacotes de foresets. geometria tabular. Internamente, estes estratos são
Além disto, embora ainda ocorram litologias grossas a tipicamente bem estratificados, sendo dominados por
conglomeráticas, existe um aumento relativo na pro- estratificações plano-paralelas e estratificações cru-
porção de arenitos finos a médios. Adicionalmente, es- zadas de muito baixo ângulo, suavemente ondulante
tes depósitos podem apresentar icnofósseis dispersos e truncante. Minerais pesados são frequentes, con-
similares aos encontrados na associação de fácies BD, centrando-se ao longo de planos de acamadamento
com a qual está geneticamente intergradada. e superfícies de reativação e tubos de Ophiomorpha,
Thalassinoides, Skolithos e Planolites são localmente
dispersos. A associação de fácies P é geneticamen-
4.6 Associação de Fácies BE/DM te relacionada à associação de fácies AP, podendo
(bacia estuarina/delta de maré; Figs. sobrepor-se a esta de forma gradacional, compondo
sucessões granocrescentes ascendentes.
XVI.8A-C, XVI.9A-C)
Esta se constitui na associação de fácies mais fina da
área de estudo, sendo representada dominantemen- 4.8 Associação de Fácies AP
te por argilito negro ou cinza-esverdeado, e depósitos (antepraia; Figs.XVI.10A-G, XVI.11A-C)
heterolíticos de cores variadas. Localmente, estes de-
pósitos podem chegar até 10m de espessura. Sua base Consiste em arenitos finos a médios, bem selecio-
pode ser planar ou suavemente côncava (Fig.XVI.8a), nados, e pelitos, que são arranjados em camadas
formando amplas depressões suaves. Os argilitos ne- lateralmente contínuas de 2 a 3m de espessura,
gros são ricos em restos vegetais (Fig.XVI.8b-c), tendo configurando corpos de geometria tabular planar a
sido encontrado folhas, galhos e fragmentos de tron- suavemente ondulante (Fig.XVI.10a). De cor branca a
cos (Fig.XVI.9c) carbonizados de até 30cm de compri- amarelo-esbranquiçada, localmente com mancha-
mento; estes ocorrem juntamente com finas camadas mentos avermelhados, os arenitos apresentam uma
de enxofre. Depósitos argilosos e heterolíticos dos ti- variedade de estruturas internas, incluindo estratifi-
pos lenticular e, secundariamente wavy, podem com- cações cruzadas de pequeno e médio porte dos tipos
por inteiramente a associação de fácies BE/DM, ou es- acanalada e, mais raramente, tabular. Adicionalmen-
tes estratos gradam para lentes de areia fina a média, te, verificam-se estratificações cruzadas swaley e
bem selecionada, que se assemelham às formas loba- hummocky (Fig.XVI.10b) de até médio porte (espes-
das sigmoidais descritas para a associação de fácies suras médias de 0,5cm e amplitudes de 2 a 3m) que
BD (Fig.XVI.9a-b). Neste caso, lobos individuais, que gradam a laminações quase-planares truncantes.
podem ocorrer em sucessões laterais progradacionais, Estes estratos estão geralmente intergradados com
possuem cerca de 1,5 a 3m de espessura. É interessan- as associações de fácies P e PM (Fig.XVI.10c). Arenitos
te mencionar a presença de barita nesta associação de muito finos e pelitos formam estratos interacamada-
fácies, que ocorre principalmente sob forma concre- dos lenticulares internamente contendo laminações
cionária ou preenchendo tubos de icnofósseis. cruzadas suavemente ondulantes e truncantes. Estes

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a

b c

Figura XVI.8 - Associação de fácies de laguna/delta de maré (L/DM) no ponto 11 (ver figura XVI.1 para localização). A) Argilito negro e
depósitos heterolíticos lenticulares em pacote com geometria côncava, relacionado à deposição em canais de baixa energia formados em
áreas de trás de barreira, em associação a depósitos lagunares. B) Detalhe do argilito negro ilustrado em A, o qual contém lentes de enxofre
(S). C) Folha fóssil encontrada em abundância no argilito negro

depósitos finos podem, ainda, ser totalmente maci- 4.9 Associação de Fácies CM
ços, devido à intensa bioturbação. Icnofósseis tam- (canal de maré; Figs.XVI.9A e G,
bém são abundantes de forma dispersa (Figs.XVI.10e-
XVI.12A-C, XVI.13A-J)
-g, XVI.11a-c), tendo sido reconhecidos Ophiomorpha,
Thalassinoides, Skolithos, Rhizocorallium, Teichich- Similarmente à associação BD, esta se constitui em
nus, Diplocraterion e Planolites. uma das associações de fácies mais frequentemente

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a b c

d e

f g

Figura XVI.9 - Associação de fácies de laguna/delta de maré (L/DM), e depósitos geneticamente relacionados, no ponto 13 (ver figura XVI.1
para localização). A) Perfil litoestratigráfico ilustrando depósitos de laguna/delta de maré em sua porção intermediária, formando sucessão
geneticamente relacionada com depósitos de canais de maré, praia, antepraia e barras de desembocadura. B) Detalhe dos depósitos de
laguna, contendo dois lobos arenosos superpostos, atribuídos a delta de maré. C) Detalhe de tronco carbonizado presente no argilito negro.
D, E) Arenito tabular com estratificação plano-paralela, formado em ambiente de praia. F) Detalhe de estratificação plano-paralela a
cruzada truncante de baixo ângulo de depósitos de praia, cujos planos são marcados por minerais pesados. G) Base brusca de arenito com
estratificação cruzada de médio porte, formado em ambiente de canal de maré. H) Legenda do perfil litoestratigráfico da figura A

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f g

Figura XVI.10 - Associação de fácies de praia (P) e antepraia (AP). A) Vista geral da exposição no ponto 12 (ver figura XVI.1 para localização),
ilustrando pacote tabular, suavemente ondulado, relacionado com ambientes de antepraia, que capeiam arenitos e depósitos heterolíticos
de planície de maré (PM) (quadros localizam as figuras B, à direita, e C, à esquerda). B) Detalhe do pacote arenoso ondulado formado em
ambiente de antepraia (ver localização na figura A). Notar laminações internas de baixo ângulo, revestidas por laminações ondulantes
convexas para cima, caracterizando estratificação cruzada hummocky (setas). C) Arenito com estratificação plano-paralela a suavemente
ondulante relacionada com face de praia, que grada para cima a depósitos heterolíticos, possivelmente representativos de planície de maré.
A estes se sobrepõem depósitos de antepraia. D) Detalhe de arenito com estratificação plano-paralela, suavemente ondulante e truncante.
As setas indicam estratos suavemente convexos para cima, configurando estratificação cruzada hummocky de pequena escala. E-G) Tipos
de icnofósseis comuns nos estratos de antepraia e praia, ilustrando Skolithos (E, vista em planta) e Ophiomorpha (F e G, vistas em perfil)

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a

Figura XVI.11 - Icnofósseis comuns nas associações de fácies de praia, antepraia, e canais de maré.
A) Ophiomorpha e Rhizocorallium. B) Diplocraterion e Teichichnus. C) Skolithos

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a

Figura XVI.12 - Associação de fácies de canal de maré (CM), ilustrando sua característica geométrica côncava nos pontos 42 (A, B) e 23 (C).
Em ambos os casos, os depósitos de canais interceptam erosionalmente argilitos e depósitos heterolíticos. O quadro em A localiza a figura
B. Notar em C uma sucessão de três depósitos de canais sobrepostos (círculo em todas as figuras indica pessoa para escala)

encontradas na Formação Barreiras ao longo do lito- (Figs.XVI.13a, b), localmente com orientações bidire-
ral do Estado da Bahia. Como as associações CF e CD, cionais. Feição típica desses arenitos é a abundância
os depósitos caracterizam-se por geometria côncava de superfícies de reativação marcadas por filmes de
(Fig.XVI.12a-c), topo planar ou suavemente ondu- argilito, que delineiam limite de sets e pacotes de
lante, espessuras geralmente inferiores a 3 ou 4m e foresets em geral a cada 5 ou 10cm (Fig.XVI.13a-f).
comprimentos de várias dezenas de metros. Como no Estes podem estar organizados em bandamentos al-
caso daquelas associações, vários canais sobrepostos ternadamente mais finos e mais delgados, formando
acham-se presentes (Figs.XVI.9a, XVI.9g). Entretan- sucessões laterais rítmicas (Fig.XVI.13e-f). Além disto,
to, a composição litológica destes depósitos é mais os estratos cruzados, que podem conter abundantes
variável, incluindo arenitos de granulações diversas, intraclastos de argila localmente retrabalhados dos
depósitos heterolíticos e argilitos. Os arenitos são filmes argilosos, internamente contêm bioturbação
bem estratificados, sendo dominados por estratifica- abundante (Fig.XVI.13g-j). Onde reconhecíveis, os icg-
ções cruzadas tabulares e acanaladas de médio porte nofósseis são similares aos descritos nas associações

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a b

c d e

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Figura XVI.13 - Características sedimentares da associação de fácies de canal de maré (CM). A) Estratificações cruzadas tabular e acanalada
de médio porte, cujos limites de sets e superfícies de reativação que delimitam pacotes de foresets são salientados por filmes de argila
(linhas brancas). B) Detalhe dos sets e superfícies de reativação salientados por filmes de argila (martelo de escala em A e B ~35cm de
comprimento). C) Dois ciclos de arenitos com estratos cruzados, mostrando adelgaçamento de camadas e aumento de argilosidade para
cima. Notar a presença de icnofósseis dispersos nestes estratos. D) Detalhe de superfícies de reativação salientadas por filmes de argila
(setas) em estratos cruzados, contendo icnofósseis dispersos (círculos). E, F) Detalhes de estratos cruzados contendo pacotes de foresets
limitados por filmes de argila duplos (setas maiores de cada par indica marés dominantes e setas menores, marés subordinadas). G-I)
Traços de Ophiomorpha (quadro em H localiza figura I). J) Arenitos com estratificação primária quase que totalmente obliterada por
abundante atividade de organismos

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b c

e f

Figura XVI.14 - Associação de fácies de planície de maré (PM) no ponto 5 (ver figura XVI.1 para localização). A) Perfil litoestratigráfico
ilustrando sucessões granodecrescentes ascendentes, resultantes da superposição de fácies de inframaré para intermaré e supramaré,
tipificando costa com natureza progradacional. B,C) Detalhes de depósitos de intermaré (Itm) a supramaré (Spm) (ver localização da figura
B em A, e da figura C em B). Notar que os estratos, dominantemente heterolíticos, wavy e lenticular na base e topo respectivamente, são
fortemente bioturbados. D) Detalhe da base de ciclo com granodecrescência ascendente, representativo de depósitos de inframaré (Ifm)
(ver localização na figura A), que se sobrepõem bruscamente a depósitos de supramaré (Spm). E) Gretas de ressecamento encontradas em
associação a depósitos de supramaré. F) Legenda da figura A

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AP e P, mas com predomínio de Ophiomorpha (Fig.
XVI.13g-i). Pacotes de arenitos com geometria cônca-
va e internamente completamente bioturbados (Fig.
XVI.13j) foram também incluídos nesta associação
de fácies. Onde bem estratificados, entretanto, os
estratos cruzados são verticalmente distribuídos de
forma a caracterizar sucessões com adelgaçamento
ascendente de sets (Figs.XVI.9a, g) ao mesmo tempo
em que ocorre gradação para granulometrias mais
finas, podendo finalizar, no topo, com argilitos e/ou
acamadamentos heterolíticos. Argilitos e depósitos
heterolíticos podem ocorrer preenchendo totalmente
depressões, desde suas bases.
Fig. XVI.15 - Modelo esquemático ilustrativo do sistema
deposicional dominante proposto para a Formação Barreiras no
litoral do Estado da Bahia
4.10 Associação de Fácies PM
(planície de maré; Fig.XVI.14A-F)
somente paleoambientes deposicionais continentais,
Formam depósitos similares à associação de fácies de principalmente relacionados a canais fluviais, planí-
canal de maré, exceto pela geometria em pacotes ta- cies de inundação e fluxos de detritos em sistemas
bulares, lateralmente contínuos, com espessuras, em de leques aluviais, os dados apresentados neste ca-
geral, inferiores a 4m. É composta por intercalações pítulo demonstram que esta unidade geológica pode
de arenito fino a médio, amarelo-avermelhado, com ser considerada faciologicamente mais complexa e
espessuras inferiores a 0,5m, além de depósitos hete- variada. A figura XVI.15 mostra um modelo concei-
rolíticos e argilitos de cores variadas (amarelo, bran- tual esquemático dos ambientes de sedimentação da
co, vermelho e violácea). Estes estratos estão arranja- Formação Barreiras no litoral baiano. Canais fluviais
dos mais frequentemente em sucessões granodecres- são localmente presentes, sendo representados pela
centes ascendentes (Fig.XVI.14a-d). Na base formam associação de fácies CF. A natureza canalizada é in-
camadas paralelas que, para o topo, podem gradar a dicada por base erosiva, comumente côncava e pelo
argilito cinza-esverdeado ou vermelho claro (em ní- topo plano. Estas características são típicas de am-
veis cimentados por óxido de ferro), totalmente ma- bientes confinados, onde fluxos de alta energia pre-
ciço, onde foram observadas gretas de ressecamento valecem e processos erosivos favorecem o desenvol-
(Fig.XVI.14e) e marcas de raízes. Esta associação de vimento de depressões. Sucessões granodecrescentes
fácies é, com frequência, erosivamente interceptada ascendentes, como verificado neste caso, são espera-
pela associação CM. das em ambientes de canais, registrando progressiva
diminuição da energia de fluxo com o passar do tem-
po. A abundância de estratos cruzados estratificados
tabulares e acanalados é relacionada à migração de
5 Paleoambientes de formas de leito no fundo do canal, enquanto que es-

Deposição tratificações inclinadas compostas, de grande porte,


registram barras internas aos canais. O predomínio
Embora a documentação sedimentar prévia da For- de granulometrias grossas e conglomeráticas denota
mação Barreiras no Estado da Bahia tenha registrado maior proximidade com a fonte de sedimentos relati-

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vamente às demais associações de fácies aqui regis- presente estudo, não se descarta a possibilidade de
tradas, o que é condizente com a sua natureza fluvial. que depósitos de fluxos de detritos tenham sido in-
Entretanto, a presença de bioturbação nestes estratos corporados aos depósitos fluviais. Porém, é possível,
levanta a possibilidade de que, mesmo canais com também, que sua presença não seja tão significativa
características dominantemente fluviais, possam ter quanto inicialmente proposto.
sido localmente afetados por processos marinhos.
Em especial, a presença da icnofácies Glossifungites Portanto, mais importante do que os depósitos flu-
na base de alguns canais dos depósitos conglome- viais e, eventualmente, de leques aluviais, propõe-se
ráticos pode ser sugestivo de que, apesar do domínio que a Formação Barreiras do Estado da Bahia contém
fluvial, estes depósitos tenham sido localmente retra- volumes significativos de estratos relacionados a bar-
balhados por processos marinhos. ras de desembocadura. Estes estão representados na
associação de fácies BD, cujo domínio de lobos sig-
Os corpos tabulares são relacionados a canais rasos, moidais, em geral amalgamados, é consistente com
energéticos e com tendência de forte migração la- deposição em ambiente não confinado e sujeito a
teral. O fato de os depósitos atribuídos a canais flu- elevado influxo sedimentar. O fato de esses estratos
viais ocorrerem amalgamados sugere que planícies formarem sucessões granocrescentes com depósitos
de inundação eram pouco expressivas, embora estas finos da associação de fácies PD denota natureza pro-
estivessem localmente presentes, sendo registradas gradante, com sobreposição de barras de areia sobre
na associação de fácies PI. Além do relacionamento ambientes distais de prodelta. Tais características são
genético com depósitos de canais fluviais, a interpre- naturalmente relacionadas com barras de desembo-
tação desta associação como planícies de inundação cadura desenvolvidas em ambiente de frente deltaica
deve-se ao predomínio de litologias finas, com geo- (p.e. Imperato et al. 1988, Sha & de Boer 1988, Sha
metria tabular, e com evidências de exposição suba- 1990). A presença de estruturas deformacionais pe-
érea, indicadas pela presença de gretas de contração necontemporâneas atesta perturbação do sedimento
e/ou raízes. Conjuntamente, estas duas associações ainda em estado inconsolidado ou semiconsolidado
de fácies sugerem sistema fluvial do tipo entrelaça- (p.e. Johnson 1977, Elliot 1986, Van Loon & Brodzoko-
do (p.e. Miall 1987, Ethridge et al. 1999), reforçando o wski 1987), comuns em ambientes deltaicos, sendo
proposto em estudos anteriores. devida tanto à presença de talude deposicional, quan-
to à instabilidade gravitacional causada pela rápida
Entretanto, contrariamente ao verificado por Vilas desaceleração do fluxo e constante sobreposição de
Bôas et al. (2001), depósitos fluviais não aparecem areias em argilas (p.e. Coleman 1988, Orton & Rea-
juntos a depósitos grossos e conglomeráticos forma- ding 1993, Glover & O’Beirne 1994). A ocorrência de
dos por fluxos de detritos em leques aluviais. O pre- lobos amalgamados sustenta proximidade com as
sente estudo está em acordo com Lima et al. (2006), desembocaduras de canais, onde o influxo sedimen-
que atribuíram a ausência destes depósitos devido tar era forte o suficiente para o acúmulo de sedimen-
ao seu retrabalhamento em canais fluviais. Durante tos sob forma de barras na desembocadura.
a presente investigação, houve o reconhecimento de
importantes depósitos relacionados a fluxos gravi- A deposição da associação BD é atribuída a ambiente
tacionais, porém estes não fazem parte da Formação de frente deltaica, o que é também consistente com
Barreiras, ocorrendo sobrepostos a ela e incorporan- a ocorrência de clinoformas progradacionais. Marcas
do fragmentos de concreções ferruginosas oriundas de ondas simétricas e assimétricas de médio porte
de paleossolo laterítico presente no topo da mesma sugerem erosão pela combinação de fluxos unidire-
(ver discussão a seguir). Dada a natureza regional do cionais e orbitais, o que permite inferir retrabalha-

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mento local por ondas de tempestade. O alto volu- A confirmação de deposição em ambientes litorâ-
me de bioturbação no topo dos lobos, bem como os neos localmente afetados por fluxos combinados é
tipos icnológicos presentes são feições similares às particularmente revelada pelas associações AP e P.
registradas em muitos outros ambientes litorâneos A natureza tabular dessas associações atesta depo-
(p.e. MacEachern & Pemberton 1994). Dentro deste sição em amplas áreas relativamente planas, como
contexto paleoambiental, a frequência de superfícies ocorre em ambientes marinhos rasos. A assembleia
de reativação marcadas por filmes de argilito denota icnológica, com representantes como Ophiomorpha,
constante oscilação da energia do fluxo, o que po- Thalassinoides, Skolithos, Rhizocorallium, Teichich-
deria ser relacionada a flutuações na velocidade de nus, Diplocraterion e Planolites, é típica de ambientes
correntes de maré. Entretanto, não se descarta a pos- litorâneos de alta energia, como mostra comparações
sibilidade de que inclusos nesta associação estejam, com os trabalhos de Pemberton & Wightman (1992),
também, lobos de deltas de cabeceira de baía. Pemberton et al. (1992) e MacEachern & Pemberton
(1994). Esta interpretação é reforçada pela presença
A presença de lobos amalgamados e as bases bruscas de estruturas sedimentares como estratificações cru-
em sua porção central atestam a natureza fortemente zadas swaley e hummocky, que sugerem formação
energética e erosiva do fluxo. Apesar disto, estes de- acima da base de ondas de tempestade, característi-
pósitos diferenciam-se de canais fluviais, pela geome- cas da zona de praia e antepraia, como registrado em
tria sigmoidal ou base côncava e topo convexo, e pela vários trabalhos (p.e. Walker 1984, McCrory & Walker
intergradação lateral com estratos finos subjacentes, 1986, Duke & Prave 1991, Plint & Norris 1991, Hadley
configurando sucessões granocrescentes ascenden- & Elliot 1993). A gradação dos estratos cruzados para
tes. Além da elevada energia do fluxo, o domínio de laminações paralelas ondulantes quase-planares
areias finas a grossas é devido à grande proximida- é consistente com a atuação de fluxos combinados
de das fontes primárias de sedimento, como indicado (Nøttvedt & Kreisa 1987, Arnott 1992). Estratificações
pelo fato da Formação Barreiras se sobrepor a rochas cruzadas tabulares e acanaladas podem ter sido tam-
do embasamento cristalino, além de ocorrer a curtas bém atribuídas à ação de fluxos combinados, onde o
distâncias (em geral, inferiores a 50km) destas. componente unidirecional foi mais importante que o
movimento oscilatório, ou são devidas à atuação de
Pelas razões antes salientadas, depósitos da associa- eventuais correntes litorâneas. Os estratos tabulares
ção de fácies CD, relacionados com canais distribu- internamente com estratificações plano-paralelas
tários, também contêm elevado volume de arenitos e as estratificações cruzadas de muito baixo ângulo,
grossos a conglomeráticos. Porém, esta associação suavemente ondulante e truncante, são típicos de
registra influência de processos marinhos, provavel- ambientes formados em face de praia (p.e. Reineck &
mente devidos ao retrabalhamento local pela ação Singh 1980). Concentrações de minerais pesados ao
de correntes de maré, como sugerido pela associação longo do acamadamento são típicas de ambientes de
com superfícies de reativação e presença de icnofós- praia. A gradação vertical de depósitos de antepraia
seis similares aos depósitos de barras de desemboca- para praia está em concordância com costas de natu-
dura. A presença de depósitos de geometria côncava reza progradacional.
contendo estas características permite sua atribuição
a canais distributários que, devido ao desenvolvimen- As associações de fácies CM e PM constituem evidên-
to nas proximidades de barras de desembocadura, cias adicionais em suporte à importância da influên-
estão mais sujeitos ao eventual efeito de processos cia marinha durante a deposição da Formação Barrei-
marinhos, principalmente originados pela ação de ras na faixa litorânea baiana. De especial relevância é
correntes de maré. a abundância de superfícies de reativação, salienta-

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das por filmes de argila entre pacotes de foresets, que finos, com abundância de argilitos e acamadamentos
são ritmicamente organizados em bandas alternadas heterolíticos que forma sucessões granodecrescentes
mais finas e mais delgadas. Tais feições, presentes na ascendentes, é condizente com a progradação de am-
associação CM, são também características da Forma- bientes formados na zona de supramaré sobre áreas
ção Barreiras no norte do Brasil (Rossetti et al. 1989, de intermaré. O fato de o topo dessas sucessões se
1990, Rossetti 2000, 2001, Rossetti & Santos Jr. 2004) constituir em argilitos maciços com gretas de resse-
e no litoral alagoano (Rossetti & Góes 2009), sendo camento e marcas de raízes é plenamente consistente
consideradas diagnósticas da ação de correntes de com a atribuição dos depósitos superiores dos ciclos
maré (p.e. Visser 1980, Boersma & Terwindt 1981, Dal- a áreas de supramaré, que estão sujeitas a exposições
rymple 1984, Yang & Nio 1985, Leckie & Singh 1991). subaéreas frequentes, com possibilidade de desenvol-
vimento de solos.
Bandamentos de maré similares aos registrados na
Formação Barreiras são relacionados com a oscilação O domínio de espessos pacotes de argilitos na asso-
diurna entre as marés vazante e enchente, bem como ciação de fácies BE/DM aponta para deposição signi-
com períodos de estofo das marés que ocorre durante ficativa a partir de suspensões em ambiente sujeito a
a inversão das mesmas, responsável pelos filmes de períodos prolongados de condições de baixa energia
argila duplos. Estratos cruzados bidirecionais confir- de fluxo. A ocorrência de depósitos com acamada-
mam esta interpretação, já que estas estruturas são mentos heterolíticos lenticular e wavy denota que,
típicas em ambientes de maré, onde ocorre migração apesar da energia ser predominantemente baixa, o
de formas de leito sob condições de fluxo fortemen- ambiente deposicional esteve sujeito a entradas pe-
te instáveis pela inversão das correntes (Boer et al. riódicas de areia. O relacionamento genético entre
1989, Nio & Yang 1991). A ocorrência de icnofósseis canais e planícies de maré com a associação de fácies
similares aos encontrados nas associações AP e P é BE/DM sugere que estes momentos de maior energia
condizente com deposição em ambientes costeiros de do ambiente podem ter sido promovidos pela ação de
alta energia, comum em áreas afetadas por correntes correntes de maré mais energéticas. A ocorrência de
de maré. Similarmente às associações CF e CD, a base argilitos negros contendo elevado volume de restos
côncava dos estratos denota fluxos confinados, típi- vegetais carbonizados, aliada à presença de lentes
cos de canalizações, o que também concorda com a com concentrações de enxofre, atesta condições am-
organização interna em sucessões com granodecres- bientais favoráveis à anoxia.
cência e adelgaçamento de sets ascendentes. Portan-
to, a associação de fácies CM é interpretada como re- Tendo-se em vista as características antes salientadas,
presentativa de canais influenciados por correntes de a interpretação mais provável é que a associação de
maré. A presença de amplos canais sobrepostos re- fácies BE/DM tenha sido formada na região de ba-
vela domínio de condições de fluxos confinados, onde cia central de estuários do tipo dominado por ondas
as velocidades das correntes de maré podem ter sido (Dalrymple et al. 1992, Zaitlin et al. 1994). A natureza
significativamente aumentadas, favorecendo erosão e local desses depósitos, limitados por superfície basal
resultando em feições de corte e preenchimento. erosiva côncava, pode estar relacionada ao registro de
canais de baixa energia formados na retroárea de bar-
No contexto paleoambiental proposto, a intergrada- reiras arenosas. A presença de barita, observada nes-
ção de depósitos de canais de maré com a associação ta associação de fácies, foi previamente documentada
PM sugere que a última possa corresponder a planí- na Formação Barreiras da área de estudo, tendo sido
cies de maré desenvolvidas lateralmente aos siste- relacionada à deposição sob influência marinha em
mas de canais de maré. O predomínio de depósitos condições climáticas áridas a semiáridas (Lima 2008).

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Considerando-se a natureza estuarina proposta, os basal da Formação Barreiras. Esta forma superfície
lobos arenosos sigmoidais intercalados aos depósitos erosiva sobre estratos do embasamento cristalino, que
da associação de fácies BE/DM são prontamente re- ocorre a poucos metros acima do nível do mar atual
lacionados com influxos episódicos de areia em áre- em afloramentos a sul de Ilhéus (i.e., BA-12). Além
as protegidas por barreiras arenosas, caracterizando disto, esta superfície é bem representada a norte de
ambientes de deltas de maré enchente (p.e. Fisher & Salvador, ao longo da Linha Verde, nas proximidades
Stauble 1977, Schwartz 1982, Murakoshi & Masuda de Conde (i.e. BA-26 a BA-29), em altitudes de quase
1991). A combinação de depósitos estuarinos com del- 70m. Neste último caso, a discordância basal da For-
tas de maré já foi registrada na porção intermediária mação Barreiras pode ocorrer sobrejacente a rochas
da Formação Barreiras exposta em falésias ao longo sedimentares mais antigas, provavelmente correlatas
do litoral maranhense (Rossetti 2000). a estratos cretáceos da Bacia do Recôncavo adjacente
(CAPÍTULO XIII). Detalhe importante observado nestas
Com base nos dados aqui apresentados, a diversida- localidades foi a associação dessa discordância com
de de associações de fácies presente no litoral baiano paleossolo laterítico, representado por horizonte cau-
denota sistemas deposicionais que gradam de fluvial linítico e por horizonte de concreções ferruginosas bem
a costeiro, este último exibindo trechos e/ou períodos desenvolvidas. Esta observação foi significante porque,
progradacionais. Tal contexto paleoambiental teria para o conhecimento destes autores, não existem refe-
promovido o desenvolvimento de deltas e de sistemas rências prévias a este paleossolo no Estado da Bahia.
parálicos, estes caracterizados por estuários possivel-
mente dominados por ondas, cuja entrada é parcial- É interessante notar que a Formação Barreiras expos-
mente bloqueada por barreiras arenosas. ta no litoral norte do Brasil é definida em sua base por
discordância similar, também salientada por paleos-
solo laterítico que, naquele caso, pode conter concre-
ções tanto ferruginosas, quanto bauxíticas (Trucken-
6 Distribuição Espacial brodt et al. 1995, Kotschoubey et al. 1996, Costa et al.
1997). A formação desta superfície estratigráfica no
A análise da arquitetura estratal visando melhor re- norte do Brasil tem sido relacionada com prolongado
gistrar a distribuição dos depósitos no tempo e espaço período (cerca de 40 milhões de anos) de quiescência
permanece, ainda, por ser desenvolvida na Formação tectônica pós-cretácea que precedeu a deposição da
Barreiras da região da Bahia. Os dados coletados Formação Barreiras (Rossetti 2004).
permitem comentários preliminares, que podem
servir para orientar investigações futuras. Apesar da A outra superfície de relevância estratigráfica é a que
abundância de descontinuidades internas, os dados delimita o topo da Formação Barreiras. Esta superfície
disponíveis não são suficientes para relacioná-las a está presente, principalmente, nos platôs mais eleva-
superfícies com significado estratigráfico relevante. A dos da faixa de ocorrência dessa unidade, em cotas de
maioria das descontinuidades parece ser inerente à até 110m (p.e. BA-25), onde é também delimitada por
dinâmica interna dos ambientes deposicionais, sendo paleossolo laterítico. Entretanto, foi observada, ainda,
devida, principalmente, a fases erosivas associadas no topo de diversas exposições em cotas topográficas
com o estabelecimento de canais fluviais, canais de variáveis entre 10 e 40m (p.e. BA-07, BA-10, BA-14,
maré e canais distributários. BA-16, BA-21, BA-24), onde nem sempre ocorrem
concreções lateríticas em associação ao paleossolo.
Entretanto, duas superfícies estratigráficas merecem
ser comentadas. A primeira refere-se à discordância

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Da mesma forma que para sua base, a Formação 7 Considerações sobre a
Barreiras do norte do Brasil é também marcada por
discordância com paleossolo laterítico similar, que
Tectônica
foi associada com evento de rebaixamento do nível A retomada da sedimentação que deu origem à For-
do mar global durante o Tortoniano, i.e. ~11,6 a 7,4 mação Barreiras em vários sistemas de vales incisos
milhões de anos atrás (Rossetti 2004). Além disto, estuarinos na região norte do Brasil, após período
superfície similar tem sido registrada na região nor- prolongado de tempo de mais de 40Ma de erosão e/
deste do Brasil, especialmente na porção sul da Pro- ou não deposição, tem sido atribuída à causa tectôni-
víncia Borborema, onde datação 40Ar/39Ar e (U-Th)/ ca, combinada com elevação do nível do mar durante
He de concreções derivadas de paleossolos lateríticos a transgressão miocênica (Rossetti 2006). Adicional-
confirmaram o desenvolvimento de fases pedogené- mente, existem inúmeras referências salientando a
ticas principais em várias idades próximas desta faixa importância de reativações tectônicas contemporâ-
de idade (Lima 2008). Acima da discordância de topo neas e pós-deposição desta unidade no nordeste do
da Formação Barreiras, foram, registrados somente Brasil (p.e. Bezerra & Vita-Finzi 2000, Morais Neto &
estratos pleistocênicos tardios e holocênicos. Alkmim 2001, Bezerra et al. 2001, 2005, 2008, Neves
et al. 2004, Nogueira et al. 2006, Ferreira et al. 2008).
De maneira geral, a maioria das associações de fácies
limitadas pelas duas discordâncias supracitadas está Como comentado anteriormente neste capítulo, tra-
presente em praticamente todas as áreas estudadas. balhos prévios concordam que reativações tectônicas
Em um mesmo afloramento, pode-se até mesmo re- também tiveram influência na sedimentação Barrei-
gistrar uma complexidade de paleoambientes deposi- ras do Estado da Bahia, seja contemporaneamente,
cionais intergradacionais. Dentre as associações des- seja pós-deposicionalmente. Evidências, principal-
critas, a menos característica é a fluvial, que ocorre mente geomorfológicas, têm sido apresentadas em
esporadicamente, principalmente situada nas partes suporte a esta proposição, porém evidências tectôni-
altas dos platôs, logo abaixo da discordância de topo. cas são ainda insuficientemente documentadas nos
Uma proporção significativa das exposições contém afloramentos para permitir uma melhor compreen-
depósitos deltaicos. Estes são especialmente caracte- são do grau de influência de atividades tectônicas na
rísticos nas áreas entre Canavieiras e Prado, em as- sedimentação Barreiras (CAPÍTULO XIX).
sociação a depósitos de canais fluviais, bem como no
trecho de afloramento registrado ao longo da Linha Durante a realização do presente estudo, pode-se
Verde, onde diminuem de frequência de norte para observar uma variedade de estruturas que suportam
sul, passando a depósitos progressivamente mais efeito tectônico na Formação Barreiras, porém estas
finos e dominantemente influenciados por maré (i.e, parecem ter sido desenvolvidas, pelo menos em gran-
canais de maré, laguna e planície de maré). As únicas de parte, pós-deposicionalmente. Estratificação con-
associações de fácies de ocorrência restrita na área voluta e pequenos enclaves de argilito (p.e. <2m de
de estudo correspondem a depósitos de antepraia e diâmetro) em meio a arenito, registrados localmente
praia, verificados somente no trecho de afloramentos em algumas exposições, poderiam sugerir deforma-
entre Ilhéus e Canavieiras, não tendo sido verificado ção sinsedimentar causada por efeito sísmico. Entre-
em nenhuma das demais exposições. tanto, aqui estes são explicáveis por causas deposicio-
nais, decorrentes de gradientes de densidade resul-
tantes da sobreposição de tipos litológicos distintos.
Ambientes deposicionais deltaicos, como registrado
neste caso, são favoráveis a instabilidades gravitacio-

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a b c

f g h

Fig. XVI.16 - Estilos de deslocamentos de camadas presentes na Formação Barreiras. A,B) Falhas normais de internas à unidade, deslocando
arenito (Ar) e conglomerado (Cg) no ponto 7 (A) e arenito interacamadado com depósito heterolítico no ponto 8 (B). C) Falha normal no
topo da Formação Barreiras, que resultou no posicionamente lateral desta uniadade com os Sedimentos Pós-Barreiras sobrejacentes. D)
Sucessão de blocos de falha em depósitos subjacentes (provavelmente cretáceos) à Formação Barreiras no ponto 26. Notar que a Formação
Barreiras foi depositada sobre a paleotopografia formada pelo deslocamento de blocos. E) Deslocamento de estratos relacionados com
deslizamentos gravitacionais ao longo de encostas abruptas no ponto 31. F) Falha preenchida por arenito na base da Formação Barreiras
próximo ao contato com o embasamento cristalino no ponto 12 (vista em planta). G) Detalhe de fratura preenchida por arenito (vista em
planta) do ponto anterior. Notar que esta foi deslocada lateralmente por outra fratura formada subsequentemente à primeira. H) Argilito
cinza (Ac) em contato brusco lateral com argilitos e pelitos mosqueados (Am), também observados no ponto 12, que provavelmente resulta
do deslocamento de estratos por falha (vista em planta). (Setas em todas as fotos indicam sentido de deslocamento dos estratos ao longo
das falhas; martelo para escala em F-H~35 cm de comprimento)

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nais, principalmente em ambientes de barras de fren- planos de fratura ou falhas. A presença de tais feições
te deltaica, que são volumetricamente abundantes nas proximidades do embasamento cristalino, aliada à
na área de estudo. A ocorrência local destas feições é ausência de perturbação para cima na seção são for-
mais consistente com sua atribuição a processos de- tes indícios em suporte da influência tectônica apenas
posicionais (CAPÍTULO XIX). durante os estágios iniciais de deposição da Formação
Barreiras. Adicionalmente, falhas registradas interna-
Por outro lado, a Formação Barreiras contém uma sé- mente a essa unidade causam pequenos rejeitos de
rie de fraturas e falhas com rejeitos de poucos metros, caráter local, não causando deformações em estratos
cujo desenvolvimento é mais compatível com defor- sobrejacentes (CAPÍTULO XIX).
mações pré- e pós-deposicional. Isto é documentado
em vários afloramentos, ocorrendo falhas internas Levando-se em conta as considerações supracitadas,
a esta unidade (Figs.XVI.16a, b), bem como falhas de não se pode descartar a hipótese de geração de espa-
maior amplitude que deslocam a descontinuidade do ço para acomodação da Formação Barreiras tenha-se
topo da Formação Barreiras (Fig.XVI.16c) e/ou estra- dado, pelo menos em parte da área, por subsidência
tos sobrejacentes a esta unidade (Fig.XVI.16d). Falhas tectônica.
ocorrem isoladamente nos afloramentos, ou formam
conjuntos de blocos escalonados normalmente (Fig.
XVI.16d). Na porção norte da área de estudo, é comum
encontrar falhas deslocando somente rochas crista- 8 Síntese
linas ou rochas cretáceas subjacentes à Formação
Barreiras, sem necessariamente causar deformações As informações aqui apresentadas ressaltam a neces-
nesta. Enquanto ocorrem falhas que são nitidamente sidade de revisão das interpretações das condições
de origem tectônica, outras podem ser explicadas por deposicionais da Formação Barreiras no Estado da
deslizamentos em encostas (Fig.XVI.16e) . Bahia. Isto porque, contrariamente à natureza exclu-
sivamente continental considerada em trabalhos pré-
Apesar da natureza pré- e pós-deposicional das falhas, vios, estes estratos possuem um volume importante
é possível que, localmente, a Formação Barreiras tenha de depósitos relacionados a ambientes marinho-
sida afetada por reativações tectônicas durante o pro- -transicionais, o que é constatado tanto com base em
cesso de sedimentação. Isto é particularmente sugeri- estruturas físicas, quanto por feições icnológicas. Es-
do no ponto BA-12, onde esta unidade foi diretamente tudos faciológicos detalhados poderão fornecer ele-
depositada sobre o embasamento cristalino. Embora mentos adicionais para melhor subsidiar a influência
grande parte dos depósitos nesta localidade não mos- marinha nestes estratos.
tre quaisquer perturbações, estratos imediatamente
acima do embasamento contêm fraturas preenchidas Além disto, abordagens futuras devem enfatizar a
por arenito com espessura de até 15cm, que se esten- reconstituição da distribuição espacial e temporal
dem por vários metros de comprimento (Fig.XVI.16f). das várias associações faciológicas reconhecidas na
Uma abundância de fraturas está presente, sendo que, Formação Barreiras da Bahia. Este procedimento será
em alguns casos, essas deslocam lateralmente as fra- fundamental para o entendimento da evolução dos
turas preenchidas por arenito (Fig.XVI.16g). Além disto, depósitos no tempo, bem como para o registro da dis-
vista em planta, mostra pacote de argilitos de coloração tribuição geográfica do sistema deposicional.
cinza de quase 2m de espessura, em contato brusco la-
teral com argilitos e pelitos distintamente mosqueados A presença de boas exposições, onde se pode mape-
(Fig.XVI.16h). Esta descrição sugere preenchimento de ar a distribuição vertical das fácies por até 50m de

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altura e sua continuidade lateral por centenas e até Recomenda-se, ainda, que os estudos faciológico-es-
quilômetros de extensão, favorece este tipo de inves- tratigráficos sejam conduzidos de forma combinada à
tigação. Entretanto, a elevada diversidade faciológica análise de estruturas tectônicas. Este esforço conjun-
característica destes depósitos, mesmo em um único to poderá fornecer informações de grande significado
afloramento, requer que mapeamentos em nível de para a melhor definição dos sistemas deposicionais.
detalhe, utilizando não só perfis litoestratigráficos, Isto porque os dados disponíveis não são suficientes,
mas também seções geológicas. Este trabalho, que ainda, para definir se houve a coexistência temporal
pode ser em grande parte auxiliado por fotomosaicos, de deltas com lagunas associadas a ilhas-barreiras e/
propiciará o registro mais completo das associações ou estuários ao longo da costa, ou se estes sistemas
faciológicas e de seus relacionamentos espaciais, à evoluíram um para o outro com o tempo, em função
semelhança dos trabalhos executados no litoral do da variação do nível relativo do mar. Não se pode des-
Estado do Maranhão (p.e. Rossetti 2000). Somente cartar, também, a hipótese de os depósitos deltaicos
com este tipo de investigação, melhor executado no serem parte do sistema estuarino, constituindo-se em
contexto de pesquisas de dissertações e teses, poderá ambientes progradacionais específicos destes. A pos-
ser possível identificar possíveis superfícies internas sibilidade de deslocamentos tectônicos pode resultar
com eventual significado estratigráfico. A integração na disposição lateral de blocos contendo depósitos
do mapeamento dessas superfícies com o registro formados em diferentes contextos paleoambientais,
espacial das associações faciológicas possibilitará dificultando a tarefa de correlação estratigráfica. Por-
reconstituir a evolução temporal e espacial dos sis- tanto, somente estudos integrados poderão contribuir
temas deposicionais, e potencialmente relacioná-los para resolver estas questões.
com fatores como variação do nível do mar, flutua-
ções climáticas ou atividade tectônica.

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Tabela XVI.1 - Associações faciológicas reconhecidas na Formação Barreiras do Estado da Bahia, com descrição sucinta
de suas principais características e interpretação do ambiente deposicional proposto.

Associação de Interpretação
Descrição
Fácies Paleoambiental
Arenitos médios e grossos a conglomeráticos e conglomerados sob forma de lençóis tabulares
lateralmente contínuos, ou, mais comumente, como corpos de base côncava e topo planar.
CF Canal fluvial
Internamente maciços ou com estratificações cruzadas acanalada e tabular, e sucessões de
granodecrescência ascendente.
Argilosos e siltitos maciços e, raramente com laminação plano-paralela, com marcas de raízes Planície de
PI
e/ou gretas de contração, que intergradam à associação CF. inundação
Arenitos fino a médio, moderadamente selecionado e arenito grosso a conglomerático,
moderadamente a mal selecionado, que ocorre sob forma de lobos sigmoidais ou corpos
de base planar a ondulada e topo convexo com disposição horizontal ou, mais comumente, Barra de
BD
suavemente inclinada. Internamente organizados em ciclos granocrescentes ascendentes, com desembocadura
estruturação maciça ou estratificações cruzadas tabulares e acanaladas, estratificação plano-
paralela, em geral suavemente inclinada, e estratificação convoluta.
Argilitos, siltitos e arenitos muito finos, maciços ou intergradados a argilitos laminados e
depósitos heterolíticos dos tipos streaky, lenticular e wavy. Gradação para a associação CD,
PD Prodelta
compondo ciclos granocrescentes ascendentes. Localmente com abundância de icnofósseis
indeterminados.
Arenitos com características geométricas similares à associação CF, porém com
CD granulometrias relativamente mais finas que aquela. São abundantes superfícies de reativação Canal distributário
separando pacotes de foresets dos estratos cruzados tabulares e acanalados.
Arenitos finos a médios, bem selecionados e pelitos, sob forma de corpos tabulares planares
a suavemente ondulante, e contendo uma variedade de estruturas internas, incluindo
estratificações cruzadas de pequeno e médio porte dos tipos acanalada e, mais raramente,
AP Antepraia
tabular. Adicionalmente, ocorrem estratificações cruzadas swaley e hummocky e laminações
quase-planares truncantes. Icnofósseis incluem Ophiomorpha, Thallassinoides, Skolithos,
Rhizocoralium, Teichichnus, Diplocraterion e Planolites.
Areias finas a médias e muito bem selecionadas, sob forma de estratos contínuos lateralmente
e contendo estratificações plano-paralelas e estratificações cruzadas de muito baixo ângulo,
P suavemente ondulante e truncante, que gradam para a associação AP. Minerais pesados Praia
ressaltam planos de acamamento e icnofósseis são comuns, principalmente Ophiomorpha,
Thallassinoides, Skolithos e Planolites.
Características geométricas similar às associações CF e CD, porém com composição litológica
mais variável, incluindo arenitos de granulações diversas, depósitos heterolíticos e argilitos.
CM Arenitos estratificados com orientações bidirecionais e abundantes superfícies de reativação Canal de maré
marcadas por filmes de argilito, localmente formando bandamentos de maré. Biorturbações
similares às associações AP e P são abundantes nestes estratos.
Arenitos finos a médios intercalados a depósitos heterolíticos e argilitos maciços, sob forma
de pacotes tabulares, arranjados em sucessões granodecrescentes ascendentes). Gretas de
PM Planície de maré
ressecamento e marcas de raízes estão presentes. Observados, com freqüência, juntamente
com a associação CM.
Argilito negro ou cinza-esverdeado, e depósitos heterolíticos de cores variadas, com base
planar ou suavemente côncava, ricos em restos vegetais carbonizados associados com
lâminas de enxôfre. Depósitos argilosos e heterolíticos dos tipos lenticular e, secundariamente Bacia estuarina/delta
BE/DM
wavy, ou lentes de areia fina a média, sob forma de lobos sigmoidais formando sucessões de maré
progradacionais de dimensões bem menores do que as observadas na associação BD.

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Capítulo XVII Zona Costeira
José Maria Landim Dominguez (UFBA)
Abilio Carlos da Silva Pinto Bittencourt (UFBA)

1 Introdução
A zona costeira é uma região de interface entre o continente e o oceano. Seus limites são normalmente definidos
da seguinte maneira: na região continental o limite interno corresponde à penetração máxima da influência das
marés; na região marinha este limite corresponde à profundidade média de interação das ondas com o fundo
marinho (Fig.XVII.1). Esta zona de interação, entretanto, não permaneceu fixa no tempo e no espaço, por causa
das variações eustáticas do nível do mar, particularmente ao longo do Quaternário. Desta forma alguns autores
propõem que a plataforma continental também seja incluída na zona costeira (Masselink & Hughes 2003). Neste
texto considera-se a zona costeira em sua definição mais restrita, principalmente porque um capítulo específico
sobre a plataforma continental também integra esta obra (CAPÍTULO XVIII).

De outro lado, do ponto de vista da gestão costeira, os municípios costeiros, mesmo naquelas porções do territó-
rio onde não apresentam qualquer interação com o oceano, são integralmente incluídos na zona costeira, visto
que constituem a unidade básica administrativa do País. Nos dias atuais, a zona costeira se reveste de particular
importância, devido ao fato de mais de 50% da população mundial se concentrar em uma faixa com largura de
menos de 60km bordejando a linha de costa (Charlier & Bologa 2003) o que gera uma série de demandas pelos
seus recursos múltiplos e problemas ambientais decorrentes da explotação destes recursos.

Este capítulo objetiva, assim, oferecer uma síntese sobre a geologia da zona costeira baiana, sua compartimen-
tação, suas principais unidades geológicas e história evolutiva. O conjunto de informações apresentado, além do
interesse geológico, contribui também para subsidiar a gestão da zona costeira.

2 Origem da Zona Costeira


A zona costeira baiana, do mesmo modo que as zonas costeiras situadas em margens continentais passivas, teve
sua origem controlada pela separação de blocos continentais (neste caso América do Sul e África). Esta heran-

Zo n a Co steira • 395

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Figura XVII.1 - Representação esquemática da zona costeira
e seus limites

ça geológica determinou em larga escala as grandes


linhas da sua fisiografia. A interação desta herança
geológica com outros fatores, como as variações do
nível do mar e do clima, o suprimento de sedimen- Figura XVII.2 - Geologia simplificada da zona costeira baiana e
limites de seus principais compartimentos
tos e a evolução das bacias sedimentares marginais,
ajudou a modelar nossa zona costeira, produzindo a
variedade de formas costeiras que hoje a caracteriza -se aproximadamente desde Belmonte até a divisa
(Fig.XVII.1). com o Estado de Sergipe (Mangue Seco). O principal
componente do cráton que bordeja a zona costeira é
o Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa 1997,
2.1 Principais Controles Alkmim 2004) (CAPÍTULO III). As duas áreas de aflo-
ramento de maior expressão desta unidade ocorrem
2.1.1 Geologia Pré-Quaternária na região de Salvador e entre Itacaré e Ilhéus.

Afloram ao longo da zona costeira do Estado da Bahia 2.1.3 Faixa de Dobramentos Araçuaí
as seguintes unidades geológicas pré-quaternárias:
(i) Cráton do São Francisco, (ii) Faixa de Dobramentos As unidades dessa faixa, embora não aflorem ao longo
Araçuaí, (iii) Bacias Sedimentares Mesozoicas, e (iv) da linha de costa, determinam o relevo da parte mais
Tabuleiros Costeiros (Fig.XVII.2). interna da zona costeira no sul do Estado (CAPÍTULO III).

2.1.2 Cráton do São Francisco 2.1.4 Bacias Sedimentares Mesozoicas

O Cráton do São Francisco constitui a principal unida- As unidades mesozoicas são representadas pelas bacias
de geotectônica da zona costeira baiana, estendendo- do Almada, Camamu e Recôncavo, que interceptam a

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linha de costa entre Ilhéus e Salvador. Atualmente, as- tros, associadas ao avanço e recuo dos lençóis de gelo
sociadas a estas bacias, ocorrem algumas das maiores em regiões de alta latitude, principalmente no Hemis-
baías do litoral brasileiro, como é o caso das baías de fério Norte (Lambeck et al. 2002, Miller et al. 2005).
Todos os Santos e de Camamu (CAPÍTULO XIII). Em realidade, desde o Oligoceno, com o início da acu-
mulação de gelo na Antártica, o globo esteve subme-
2.1.5 Tabuleiros Costeiros tido a variações eustáticas causadas essencialmente
pela variação do volume de gelo (Abreu & Anderson
A Formação Barreiras, que sustenta os tabuleiros cos- 1998, Zachos et al. 2001). Durante o Quaternário, par-
teiros, ocorre ao longo de toda a zona costeira baia- ticularmente, verificam-se dois padrões de variação
na, com exceção possivelmente da região da Bacia de do nível eustático. Até 800.000 anos AP, a periodici-
Camamu. Sua maior expressão entretanto, coincide dade destas variações ficava em torno de 40.000 anos,
com o trecho no qual a mesma se sobrepõe à Faixa com a amplitude de variação do nível do mar sempre
de Dobramentos Araçuaí. Neste trecho, esta formação inferior a 100 metros. A partir desta data, a periodi-
alcança a linha de costa formando falésias vivas. cidade aumentou para 100.000 anos e a amplitude
aumentou para mais de 100 metros (Lambeck et al.
2002, Miller et al. 2005) (Fig.XVII.4a). Grande parte
2.2 Suprimento de Sedimentos destas reconstruções dos níveis pretéritos do mar foi
feita a partir de dados isotópicos do δ 18O medidos em
A principal fonte de sedimentos para a zona costeira carapaças de foraminíferos bentônicos (Lambeck et al.
é de origem fluvial (Dominguez 2009, Dominguez et 2002, Berger,2008) (Fig.XVII.4b). Os estágios isotópicos
al. 2009), seguida da erosão de unidades mais anti- correspondentes aos períodos quentes e, portanto, as-
gas aflorantes ao longo da linha de costa e por se- sociados a níveis de mar elevados, são indicados por
dimentos presentes na plataforma continental. Estes números ímpares, enquanto aqueles relativos a pe-
foram mobilizados em direção à linha de costa pela ríodos frios ou de nível de mar baixo são indicados
ação das ondas, principalmente nos últimos 5.700cal por números pares (Fig.XVII.4b). Nos últimos 500.000
anos AP, (idade calibrada Antes do Presente, 1950) em anos, apenas em quatro ocasiões o nível eustático do
decorrência de um abaixamento do nível relativo do mar esteve acima do nível do mar atual, o que cor-
mar da ordem de 4-5m que afetou a região (Martin responde aos estágios isotópicos marinhos (MIS, Ma-
et al. 2003). Os rios que significativamente aportam rine Isotopic Stage) 1 (atual), 5e (123.000 anos AP), 9
mais sedimentos para a costa da Bahia são o Jequi- (330.000 anos AP) e 11 (430.000 anos AP).
tinhonha (464m3/s) , o Pardo (60m3/s) e o das Contas
(100m3/s). Os demais apresentam valores de des- Na zona costeira do Estado da Bahia, como será dis-
cargas pequenos, como é o caso dos rios Paraguaçu cutido mais adiante, existem testemunhos geológicos
(83m3/s) e Itapicuru(27m3/s). Na costa sul do Estado dos níveis de mar altos de 123.000 anos (MIS 5e) e o
a contribuição dos aportes fluviais é menor ainda, atual (MIS 1) (Figs.XVII.4a, c). Testemunhos de um ní-
sendo o maior rio a desaguar neste trecho o Mucuri vel de mar alto mais antigo, ainda não datado, mas
(74m3/s) (Fig.XVII.3). possívelmente associado ao MIS 9, ou mesmo ao MIS
11, estão presentes no litoral norte do Estado, sob a
forma de uma linha de falésias fósseis esculpida na
2.3 Variações do Nível do Mar Formação Barreiras (Martin et al. 1980). Nos últimos
700 anos cal AP (idade calibrada Antes do Presente,
O período quaternário foi caracterizado por variações 1950) o nível relativo do mar desceu na costa baiana
eustáticas do nível do mar de várias dezenas de me- cerca de 4-5m (Martin el al. 2003) (Fig.XVII.4d).

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Figura XVII.3 - Modelo digital de elevação das bacias hidrográficas dos rios que desaguam na zona costeira baiana

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a
2.3.1 Clima e Fatores Oceanográficos

De modo geral as maiores precipitações médias anu-


ais, na zona costeira da Bahia ocorrem no trecho
entre Salvador e Ilhéus (1.800-2.600mm/ano) (Fig.
XVII.5). Estes valores diminuem para sul no sentido
de Caravelas (1.400mm/ano) e para norte no sentido
de Mangue Seco (1.400mm/ano). A altura das marés
varia entre 118 e 271cm (Fig.XVII.5). As maiores altu-
ras de maré são encontradas no interior da Baía de
Figura XVII.4a - Variações do nível do mar durante os últimos
1,2milhão de anos (modificado de Miller et al. (2005) Todos os Santos e na região de Caravelas (Sales et al.
2000, Cirano & Lessa 2007). A figura XVII.2 apresenta
os sentidos de dispersão de sedimentos ao longo da
b
linha de costa (Bittencourt et al. 2005, Bittencourt et
al. no prelo, Dominguez et al. 2009). Os valores mé-
dios de altura e período de onda para esta região do
Atlântico situam-se entre 1 e 3m e períodos entre 6 e
10seg (Pianca et al. 2010)

3 Compartimentação da
Figura XVII.4b - Razão isotópica 18O/16O em foraminiferos Zona Costeira
bentônicos para os últimos 1,2milhão de anos (modificado de
Lisiecki & Raymo 2005) Com base nas suas caraterísticas fisiográficas, fruto
da interação entre a herança geológica, variações do
c
nível do mar, clima e suprimento de sedimentos, a
zona costeira baiana pode ser subdividida em quatro
compartimentos principais (Figs.XVII.2, XVII.6, XVII.7,
XVII.8, XVII.9).

3.1 Costa do Litoral Norte (Fig.XVII.6)

Este compartimento se estende da cidade de Salvador


até a divisa com o Estado de Sergipe (Mangue Seco). É
Figura XVII.4c - Variação do nível do mar durante os últimos
120.000 anos (modificado de Hanebuth et al 2003) caracterizado por uma orientação quase retilínea da
linha de costa segundo NE-SW, pela presença de rios
d
de pequeno porte, e com o embasamento cristalino
(Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá) (CAPÍTULO III)
sempre próximo à linha de costa. O aporte de sedi-
mentos embora pequeno (Genz et al. 2003), permitiu
Figura XVII.4d - Variações do nível relativo do mar para a região a acumulação de depósitos praiais associados aos
de Salvador (modificado de Martin et al. 2003)

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Figura XVII.5 - Distribuição da precipitação e da altura da maré ao longo da zona costeira baiana

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Figura XVII.6 - Geologia simplificada do compartimento Costa do Litoral Norte

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estágios isotópicos 5e (Areias Litorâneas Regressivas sedimentos (Almeida 2006, Dominguez et al. 2009).
Pleistocênicas ou Terraços Marinhos Pleistocênicos) A própria Lagoa Encantada no município de Ilhéus,
e 1 (Areias Litorâneas Regressivas Holocênicas ou é hoje em dia um remanescente desta baía. No com-
Terraços Marinhos Holocênicos). Ocorrem também partimento da Costa dos Rift Mesozoicos, o embasa-
terraços arenosos mais internos, com idade ain- mento cristalino aflora ao longo da linha de costa em
da indefinida, porém anteriores a 123.000 anos AP, Itacaré e Salvador, devido à proximidade de impor-
bordejando paleofalésias esculpidas nos tabuleiros tantes linhas de charneira das bacias mesozoicas. A
costeiros. Estes terraços têm sido interpretados e ma- grande disponibilidade de substratos, principalmente
peados como depósitos de leques aluviais pleistocê- sob a forma de terraços de abrasão esculpidos nas
nicos (Vilas Bôas et al. 1979, Martin et al. 1980). Mais rochas mesozoicas , favoreceu o desenvolvimento
recentemente esta interpretação foi questionada e é de recifes de coral franjantes (Leão et al. 2003) neste
possível que os mesmos constituam testemunhos do compartimento da linha de costa.
estágio isotópico marinho 9 ou 11 (Dominguez et al.
2009). Adicionalmente deve-se ressaltar que este é o
único trecho da costa baiana onde ocorrem depósitos 3.3 Costa Deltaica do Jequitinhonha-
eólicos expressivos de idade quaternária. Pardo (Fig.XVII.8)

Este compartimento, com aproximadamente 150km


3.2 Costa dos Rifts Mesozoicos de extensão, corresponde ao trecho de linha de cos-
(Fig.XVII.7) ta alimentado principalmente pelos aportes dos rios
Jequitinhonha e Pardo. O Jequitinhonha é o principal
Este compartimento se estende de Salvador até Ilhéus rio a desaguar no Estado da Bahia. Este comparti-
e é caracterizado pelo fato de as rochas sedimentares mento constitui assim o delta dominado por ondas
das bacias mesozoicas do Recôncavo, Camamu e Al- do Rio Jequitinhonha, com a linha de costa formando
mada aflorarem e servirem de substrato para a zona dois amplos arcos de praias de areia fina a média, in-
costeira. O abaixamento geral progressivo no nível do terrompidos por pequenas desembocaduras fluviais e
mar desde o Mioceno Médio (Miller et al. 2005), asso- canais de maré (Dominguez 1983, 1987).
ciado ao clima úmido neste trecho, favoreceu a ero-
são diferencial entre as rochas sedimentares (menos
resistentes) e as rochas do embasamento cristalino 3.4 Costa Faminta do Sul da Bahia
(mais resistentes), provocando o rebaixamento topo- (Fig.XVII.9)
gráfico daquelas, principalmente durante os períodos
de nível de mar mais baixo do Quaternário (Domin- Este compartimento se estende da localidade de San-
guez & Bittencourt 2009). De fato, durante o último to André até a divisa com o Estado do Espírito Santo
milhão de anos, como mostra a figura XVII.4a, o nível e caracteriza-se por apresentar a maior expressão
médio do mar esteve a maior parte do tempo abaixo dos tabuleiros costeiros da Formação Barreiras em
do nível atual. Durante os períodos de nível de mar toda a costa leste do Brasil. As bacias hidrográficas
alto, como o atual, estas áreas baixas foram inunda- dos rios que aí desaguam são muito pequenas, ra-
das originando baías, como as de Camamu e de Todos zão pela qual este trecho praticamente não recebe
os Santos, com suas ilhas, canais de maré e litoral re- sedimentos siliciclásticos aportados do continente.
cortado. A região da Bacia do Almada embora cons- Este caráter faminto de sedimentos se materializa na
tituindo uma baía durante o máximo da Transgressão presença de inúmeras falésias vivas esculpidas nos
Holocênica, já foi completamente preenchida por tabuleiros costeiros. A erosão destas falésias pela

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Figura XVII.7 - Geologia simplificada do compartimento Costa dos Rift Mesozoicos

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Figura XVII.8 - Geologia simplificada do compartimento Costa Deltaica do Jequitinhonha-Pardo

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Figura XVII.9 - Geologia simplificada do compartimento Costa Faminta do Sul da Bahia

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ação conjunta das ondas, águas pluviais e fluxos gra- contendo desde argila até seixos. A maior expressivi-
vitacionais constitui a principal fonte de sedimentos dade destes depósitos ocorre na Costa do Litoral Norte
para a linha de costa, terminando por originar as (Figs.XVII.6, XVII.10a). Sua origem tem sido atribuída
planícies de Caravelas e Corumbaú, respectivamente ao resultado da deposição em sistemas de leques alu-
na retaguarda dos complexos recifais de Abrolhos e viais, que retrabalharam os sedimentos da Formação
dos Itacolomis. A presença destas construções reci- Barreiras em uma época de clima mais árido que o
fais induz uma convergência do transporte litorâneo atual. Mais recentemente, como já mencionado, esta
patrocinado pelas ondas, resultando na acumulação origem foi questionada, tendo sido sugerido que parte
daquelas planícies arenosas (Andrade et al. 2003, Bit- destes depósitos pode, em realidade , constituir-se em
tencourt et al. 2008, Dominguez et al. 2009). Embora testemunhos de um nível de mar mais alto que o atu-
nas planícies de Corumbaú e de Caravelas o estoque al associado ao MIS 9 ou 11 (Dominguez et al. 2009).
de sedimentos seja elevado, optou-se, por questão de Neste caso, sua idade se situaria em torno de 330.000
simplicidade, em não se criar para estes dois trechos, anos AP (MIS9) ou 420.000 anos AP (MIS11). Sua geo-
subcategorias de compartimentos costeiros, uma vez metria em rampa seria o resultado do retrabalha-
que a progradação da linha de costa nos mesmos não mento pelo vento de depósitos praiais. As dunas as-
resultou de aportes fluviais e sim de sedimentos tra- sim formadas cavalgaram a Formação Barreiras em
zidos pela deriva litorânea. A reduzida disponibilidade alguns trechos, estando preservadas até hoje as suas
de sedimentos neste compartimento favoreceu o de- faces de deslizamento mais internas (Fig.XVII.10b).
senvolvimento de recifes de corais naqueles trechos
onde substratos adequados estavam disponíveis, tais
como terraços de abrasão em horizontes lateríticos 4.2 Depósitos de Areias Litorâneas
da Formação Barreiras, e nas rochas vulcânicas e su- Regressivas Pleistocênicas (QPl)
perfícies cársticas da Formação Caravelas na região
de Abrolhos (Bittencourt et al. 2008). Estes depósitos têm sido referidos na literatura como
Terraços Marinhos Pleistocênicos e exibem relevo
plano a levemente ondulado, altitudes variando de 6
a 11m e ocorrem na porção interna da planície cos-
4 Depósitos Quaternários teira, via de regra, encostados a falésias inativas da
Formação Barreiras ou aos depósitos do tipo QPla,
São descritos a seguir os principais depósitos quater- neste último caso, na Costa do Litoral Norte. Estes
nários presentes na Zona Costeira do Estado da Bahia depósitos estão distribuídos ao longo de toda a costa
do Estado da Bahia, e alcançam sua maior expressi-
vidade nas regiões de Caravelas (Fig.XVII.9); delta do
4.1 Depósitos de Leques Aluviais Rio Jequitinhonha (Fig.XVII.8); península de Maraú; e
Pleistocênicos (QPla) nas planícies do Pratigi e Guaibim (Fig.XVII.7). Apre-
sentam em sua superfície vestígios de antigas cristas
Estes depósitos, mapeados originalmente por Martin de cordões litorâneos (Figs.XVII.11a, b). Os cordões
et al. (1980) e Vilas Bôas et al. (1979), como de idade litorâneos pleistocênicos são largos, em média com
pleistocênica, colocam-se normalmente no sopé das cerca de 40 metros, elevados, e são separados entre
encostas da Formação Barreiras, principalmente ao si por zonas baixas que podem ou não estar ocupadas
longo de uma linha de paleofalésias e exibem altitu- por terras úmidas (brejos) (Figs.XVII.11a, b). Estes ter-
des variando de 10 a 20m. Trata-se de acumulações raços são constituídos por sedimentos arenosos, de
predominantemente arenosas e mal selecionadas, granulometria média a grossa, de cores variando de

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a a

Figura XVII.10a - Aspectos morfológicos das unidades QPla – Figura XVII.11a - Aspectos morfológicos dos depósitos QPl–
Depósitos de Leques Aluviais Pleistocênicos, QPl–Depósitos de Depósitos de Areias Litorâneas Regressivas Pleistocênicas e QHl–
Areias Litorâneas Regressivas Pleistocênicas e QHl–Depósitos de Depósitos de Areias Litorâneas Regressivas Holocênicas. Observar
Areias Litorâneas Regressivas Holocênicas. Costa do Litoral Norte a diferença na largura dos cordões litorâneos. Planície costeira de
próximo à localidade de Praia do Forte (visada para norte) Caravelas, Compartimento Costa Faminta do Sul da Bahia

b b

Figura XVII.10b - Aspectos morfológicos das unidades QPla– Figura XVII.11b - Vista de sobrevoo da mesma área
Depósitos de Leques Aluviais Pleistocênicos, QPl–Depósitos de apresentada na figura 11a
Areias Litorâneas Regressivas Pleistocênicas e QHl–Depósitos de
Areias Litorâneas Regressivas Holocênicas. Costa do Litoral Norte
próximo à localidade de Praia do Forte (visada para sul). Observar
face de deslizamento na porção mais interna dos depósitos QPla c

branco a marrom, bem selecionados e com boa per-


meabilidade. É um material pouco coeso, à exceção
de um nível cimentado por ácidos húmicos (horizonte
espódico) situado a 3-4 metros abaixo da superfície
(Fig.XVII.11c). Nestes casos específicos é possível visu-
alizar estruturas sedimentares que incluem estratifi-
cações cruzadas acanaladas da zona de surfe e traços
fósseis de Ophiomorpha sp (Fig.XVII.11d). Em todo o
Estado da Bahia existe apenas uma datação destes Figura XVII.11c - Afloramento da unidade QPl–Depósitos de
terraços, na região de Olivença, ao sul de Ilhéus. Nes- Areias Litorâneas Regressivas Pleistocênicas mostrando horizonte
espódico bem desenvolvido na parte inferior
ta localidade, fragmentos de corais encontrados na

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d
mais antigas estão presentes. Estes terraços exibem
uma topografia levemente ondulada devido à pre-
sença, em superfície, de cristas de cordões litorâneos
(Figs.XVII.11a, XVII.12a). Nestes terraços, ao contrário
dos terraços marinhos pleistocênicos, os cordões são
bem delineados, estreitos, pouco elevados, na maioria
das vezes paralelos entre si e com grande continui-
dade lateral. São separados por zonas baixas, muitas
vezes ocupadas por terras úmidas. Estes terraços são
constituídos por areias finas a médias, com boa per-
Figura XVII.11d - Traço fóssil de Ophiomorpha sp em depósito da meabilidade, de cor amarelada, bem selecionadas e
unidade QPl com a presença de níveis de conchas de moluscos e
traços fósseis do tipo Ophiomorpha sp. (Fig.XVII.12b).
base de um terraço arenoso com estas características A estrutura sedimentar dominante na porção superior
foi datado pelo método do Io/Th, fornecendo idade em aflorante destes depósitos é a laminação paralela da
torno de 123.000 anos AP (Bernat et al. 1983), o que face praial, que mergulha com baixo ângulo de incli-
permite associar estes terraços com o MIS5e, tam- nação no sentido do mar (Fig.XVII.12c). Datações de
bém conhecido no Estado da Bahia como a Penúltima conchas de moluscos presentes nesta unidade forne-
Transgressão e a descida do nível do mar subsequen- ceram idades sempre mais recentes que 7.500 anos cal
te. A Penúltima Transgressão alcançou um máximo AP (Martin et al. 1980, Dominguez 1983, 1987, Andrade
em torno de 123.000 anos AP, quando o nível do mar 2000, Andrade et al. 2003, Almeida 2006).
se posicionou cerca de 8+2 metros acima do nível do
mar atual (Martin et al. 1980). Nesta unidade também
estão incluídos terraços arenosos depositados em 4.4 Depósitos Argilo-Orgânicos de
ambientes estuarinos, como é o caso da contracosta Planícies de Maré (QHpm)
da Ilha de Itaparica.
Correspondem aos sedimentos que se acumularam
em associação com os mangues atuais. O substrato
4.3 Depósitos de Areias Litorâneas sobre o qual o mangue se encontra instalado é pre-
Regressivas Holocênicas (QHl) dominantemente constituído de materiais argilo-sil-
tosos ricos em matéria orgânica (Figs.XVII.13a, b). As
Estes depósitos têm sido referidos na literatura como maiores expressividades destes depósitos ocorrem na
Terraços Marinhos Holocênicos e apresentam altitu- planície de Caravelas (Figs.XVII.9, XVII.13c), na porção
des variando de alguns decímetros a seis metros. As norte do delta do Jequitinhonha-Pardo (Fig.XVII.8),
regiões de maior expressividade coincidem, de modo na Baía de Camamu (Fig.XVII.7) e na planície costeira
geral, com aquelas dos depósitos análogos de idade do Rio Itapicuru (Fig.XVII.6). Uma grande exposição
pleistocênica, principalmente na planície de Caravelas destes depósitos é encontrada na planície costeira
(Fig.XVII.9) e no delta do Jequitinhonha-Pardo (Fig. de Caravelas, no trecho entre a Ponta do Catoeiro e
XVII.8). Estes depósitos bordejam praticamente toda a a Barra do Tomba, onde a linha de costa experimen-
linha de costa do Estado, à exceção dos trechos onde ta erosão severa (Andrade 2000, Andrade et al. 2003)
falésias ativas da Formação Barreiras e de rochas (Figs.XVII.14a, b).

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a a

Figura XVII.12a - Cordões litorâneos na superfície da unidade QHl– Figura XVII.13a - Unidade QHpm–Depósitos Argilo-Orgânicos
Depósitos de Areias Litorâneas Regressivas Holocênicas de Planícies de Maré. Localidade de Maragogipe. Costa dos Rift
Mesozoicos

b b

Figura XVII.12b - Afloramento da unidade QHl–Depósitos de Figura XVII.13b - Unidade QHpm–Depósitos Argilo-Orgânicos de
Areias Litorâneas Regressivas Holocênicas. Observar a laminação Planícies de Maré. Porção sul da planície costeira de Caravelas.
plano-paralela com mergulho suave para o mar (direita) Costa Faminta do Sul da Bahia
característica da face praial

c c

Figura XVII.12c - Traço fóssil de Ophiomorpha sp. na unidade QHl– Figura XVII.13c - Detalhe da Unidade QHpm–Depósitos Argilo-
Depósitos de Areias Litorâneas Regressivas Holocênicas Orgânicos de Planícies de Maré

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a a

Figura XVII.14a - Trecho em erosão severa entra a Ponta do Figura XVII.15a - Unidade QHtu–Depósitos Argilo-Orgânicos de
Catoeiro e a Barra do Tomba (ao fundo), na porção sul da planície “Terras Úmidas”. Costa do Litoral Norte
costeira de Caravelas, Costa Faminta do Sul da Bahia

b b

Figura XVII.14b - Detalhe do trecho em erosão severa mostrado Figura XVII.15b - Detalhe da Unidade QHtu–Depósitos Argilo-
na figura XVII.14a Orgânicos de “Terras Úmidas”

4.5 Depósitos Argilo-Orgânicos de turfa com espessuras decimétricas (Dominguez 1982).


“Terras Úmidas” (QHtu) Muitas vezes estes depósitos recobrem depósitos argi-
lo-orgânicos de origem estuarina, como demonstrado
Esses depósitos constituem os sedimentos que se acu- por Dominguez (1987) e Martin & Dominguez (1994)
mularam em associação com as “Terras Úmidas” (bre- para a região ao norte de Canaveiras, Andrade et al.
jos) atuais (Figs.XVII.15a, b). Estes depósitos ocupam (2003) para a planície de Caravelas e Almeida (2006)
as áreas mais baixas das planícies quaternárias. Nes- para a região da Lagoa Encantada, através de sonda-
tas áreas acumularam-se sedimentos argilosos ricos gens nas terras úmidas que separam os terraços mari-
em matéria orgânica, e, por vezes, com camadas de nhos holocênicos dos pleistocênicos (Fig.XVII.16).

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a

Figura XVII.17a - Exemplo da unidade QHfl–Depósitos Areno-


Argilosos Fluviais. Rio Jequitinhonha. Costa Deltaica do Jequiti-
nhonha-Pardo

Figura XVII.16 - Seções esquemáticas na Paleobaía da Lagoa


Encantada (modificado de Almeida 2006) e no Paleoestuário
de Canavieiras (modificado de Martin & Dominguez 1994). b
Normalmente estes depósitos estuarinos, associados ao máximo
do MIS1, são recobertos por depósitos da unidade QHtu, que
podem alcançar espessuras de até 1metro como em Canavieiras

4.6 Depósitos Areno-Argilosos Fluviais


(QHfl)

Esses depósitos são constituídos por sedimentos de


diques marginais, de barras de meandros e de canais
abandonados que ocorrem em estreita associação com
os principais rios que deságuam na zona costeira baia- Figura XVII.17b - Exemplo da unidade QHfl–Depósitos Areno-
na (Fig.XVII.17a). As melhores expressões destes depó- Argilosos Fluviais. Paleocanal do Rio Jequitinhonha, datado de
6.000 cal anos AP. Costa Deltaica do Jequitinhonha-Pardo
sitos são encontradas no delta do Rio Jequitinhonha,
datando de 6.000 cal anos AP, época em que aquele
rio desaguava onde hoje está implantada a cidade de
c
Canavieiras (Figs.XVII.17b, c). Depósitos desta nature-
za ocorrem também associados aos canais atuais dos
rios que deságuam na zona costeira (Fig.XVII.17d).

4.7 Depósitos Eólicos Pleistocênicos


(QPe)

Como mencionado anteriormente, depósitos eólicos


estão restritos à Costa do Litoral Norte (Fig.XVII.6), e Figura XVII.17c - Foto de campo do paleocanal do Rio
são, na sua maioria, de idade pleistocênica. O prin- Jequitinhonha mostrado na figura 17b

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d a

Figura XVII.17d - Depósitos da unidade QHfl bordejando o Rio


Pardo. Costa Deltaica do Jequitinhonha-Pardo

Figura XVII.18a - Depósitos da unidade QPe–Depósitos Eólicos


Pleistocênicos, dunas do tipo blow-out que retrabalham o topo
cipal tipo de duna a caracterizar estes depósitos é o
das unidades QPla e QPl
blow-out (Figs.XVII.18a, b, c). Este termo é geral-
mente utilizado para descrever uma depressão ova-
lada (bacia de deflação) formada como resultado da
b
erosão eólica (deflação) sobre um depósito de areia
pré-existente, principalmente onde a cobertura vege-
tal foi destruída ou perturbada. As acumulações de
areia adjacentes (lóbulos) derivadas desta depressão,
estão comumente incluídas nesta feição. Estas dunas
provavelmente estão relacionadas à uma aridez cli-
mática em torno do último máximo glacial (21-19.000
anos AP), quando o nível do mar estava a cerca de 120
metros abaixo do atual. O que é fato é que estes blow-
-outs só ocorrem sobre os terraços arenosos de idade Figura XVII.18b - Vista aérea de um trecho da Costa do Litoral
Norte, mostrando uma duna frontal bem desenvolvida (QHe)
pleistocênica (QPla e QPl), estando ausentes nos ter-
e dunas do tipo blow-out (QPe) que retrabalham o topo das
raços holocênicos, com exceção do trecho entre a foz unidades QPl e QPla
do Rio Itapicuru e a localidade de Mangue Seco. Os
blow-outs pleistocênicos ocorrem em duas situações
c
distintas: (i) Sobre os Depósitos de Leques Aluviais
Pleistocênicos (QPla) - nesta situação estas dunas
alcançam altitudes que variam de 15 a 55 metros e
as bacias de deflação são, muito raramente, ocupadas
por pequenas lagoas ou terras úmidas, e (ii) sobre os
Depósitos de Areias Litorâneas Regressivas Pleistocê-
nicos (QPl) - diferentemente da categoria anterior, a
bacia de deflação é ocupada por terras úmidas sujei-
tas a inundação no período chuvoso. A famosa Lagoa
do Abaeté, em Salvador, é um exemplo de uma drena-
gem implantada sobre os depósitos de QPla, que foi Figura XVII.18c - Detalhe de uma duna do tipo blow-out da
unidade QPe, composta por uma bacia de deflação bordejada por
represada por lóbulos arenosos associados a blow-
lóbulos deposicionais. Compartimento Costa do Litoral Norte
-outs (Fig.XVII.18d).

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Figura XVII.18d - Lagoa do Abaeté, uma paleodrenagem Figura XVII.19a - Dunas da unidade QHe–Depósitos Eólicos
implantada nos depósitos da unidade QPla (Depósitos de Leques Holocênicos na localidade de Mangue Seco (Costa do Litoral
Aluviais Pleistocênicos) represada posteriormente pelas dunas da Norte), que muito provavelmente teve sua origem a partir de um
unidade QPe (Depósitos Eólicos Pleistocênicos) blow-out

b
Além destes blow-outs, acumulações eólicas bem
mais antigas recobrem a superfície dos Depósitos de
Leques Aluviais Pleistocênicos (QPla). Devido à sua
antiguidade, estes depósitos já foram muito alterados
pelos processos intempéricos não sendo possível re-
conhecer a morfologia das dunas que os originaram.
Apenas faces de deslizamento bem proeminentes po-
dem ser observadas nas porções mais interiorizadas
destes depósitos, junto ao contato com a Formação
Barreiras (Fig.XVII.10b).
Figura XVII.19b - Duna Frontal da unidade QHe, bordejando a
linha de costa na região de Arembepe (Costa do Litoral Norte do
Estado da Bahia)
4.8 Depósitos Eólicos Holocênicos (QHe)
c
Estes depósitos estão associados a dunas ativas e es-
tão restritos ao trecho entre a desembocadura do Rio
Itapicuru e a localidade de Mangue Seco. O tipo de
duna dominante é também o blow-out (Fig.XVII.19a).
Além disso, a linha de costa em praticamente todo o
Estado é bordejada por dunais frontais, principalmen-
te na Costa do Litoral Norte, onde chegam a alcançar
até 6m de altura (Figs.XVII.19b, c). Este tipo de duna é
formado in situ, como resultado do trapeamento, pela
vegetação pioneira do pós-praia, das areias sopradas
da face da praia pelo vento. Figura XVII.19c - Vista de campo de uma duna frontal
da unidade QHe, na região de Sauípe (Costa do Litoral Norte
do Estado da Bahia)

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4.9 Recifes de Corais (QHrc) Os recifes oceânicos estão localizados na plataforma
continental externa incluindo os recifes de borda de
São estruturas rochosas, rígidas, resistentes à ação- plataforma. Apresentam largura de até 3km e ocor-
mecânica das ondas e correntes, construídas por or- rem em profundidades em torno de 50m. Trata-se de
ganismos marinhos (animais e vegetais) portadores recifes que iniciaram seu desenvolvimento no início
de esqueleto calcário, sendo os mais importantes os do Holoceno, quando o nível do mar encontrava-se
corais pétreos. Estes recifes desenvolveram-se a par- mais baixo. Nos dias atuais são recobertos por uma
tir de 7.700 anos cal AP, quando a plataforma conti- comunidade de água mais profunda (Leão et al. 2003)
nental já se encontrava totalmente inundada, e como
mencionado anteriormente cresceram sobre altos Os recifes costeiros recebem esta denominação por-
topográficos de um substrato rochoso favorável à fi- que ocorrem próximo à linha de costa ou na face lito-
xação dos organismos, tais como: níveis lateríticos da rânea (shoreface) - plataforma interna/média. Estes
Formação Barreiras, terraços de abrasão esculpidos recifes podem, ainda, em função da sua relação com a
nas rochas sedimentares mesozoicas, altos do emba- linha de costa e dimensões, ser subdivididos em duas
samento e até mesmo os remanescentes de recifes de categorias: os recifes adjacentes e os recifes afastados
corais pleistocênicos. Leão et al. (2003) classificaram da costa. Estas duas categorias, por sua vez, podem
os recifes de corais da costa baiana em oceânicos e ainda ser também subdivididas em vários tipos de re-
costeiros (Fig.XVII.20). cifes (Kikuchi 2000, Leão et al. 2003) (Fig.XVII.20):

(i) Recifes Adjacentes à Linha de Costa - são encon-


trados na linha de costa e ficam expostos durante a
baixa-mar, sendo parcialmente recobertos por areias
quartzosas. Estes recifes podem ser subdivididos em
duas subcategorias básicas; A primeira denominada
Bancos Adjacentes à Costa, ocorrem contíguos à linha
de costa, mas têm dimensões longitudinais limitadas
(Fig.XVII.21a). Estão assentados em afloramentos
rochosos, de natureza diversa, que ocorrem na pla-
taforma interna em frente a promontórios ao longo
da linha de costa. Eles iniciaram o seu crescimento
em elevações isoladas da costa, porém, com o abai-
xamento do nível do mar nos últimos 5.700 anos, a
linha de costa progradou, alcançando os bancos re-
cifais, e os soterrou parcialmente. A segunda deno-
minada Recifes Franjantes, bordejam a costa de ilhas,
podendo se estender ao longo da linha de costa por
vários quilômetros. Seu substrato são as rochas sedi-
mentares que sustentam estas ilhas (Figs.XVII.21b, c).

(ii) Recifes Afastados da Costa - possuem dimensões


variadas, desde alguns metros a dezenas de quilôme-
Figura XVII.20 - Esquema de classificação dos recifes costeiros do tros. Sua distância da linha de costa alcança até deze-
Estado da Bahia (modificado de Leão et al. 2003)
nas de quilômetros, em profundidades variáveis entre

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a d

Figura XVII.21a - Exemplo de recife costeiro adjacente à costa: Figura XVII.21d - Exemplo de recife costeiro afastado da costa:
Banco Recifal. Localidade de Praia do Forte Banco Recifal. Ponta do Corumbaú (Costa Faminta do Sul da
(Costa do Litoral Norte) Bahia)

b
5 e 40m. Em função de sua morfologia e dimensões,
estes recifes podem ser classificados como: (a) Cômo-
ro Coralino – com dimensões horizontais e verticais
máximas de 2-3m e profundidades inferiores a 5m;
(b) Canteiro Recifal – com dimensões laterais de deze-
nas de metros sempre maiores que a altura, paredes
laterais com declividades abruptas de cerca de 5m,
distribuindo-se de modo esparso em amplas áreas da
plataforma continental interna, principalmente em
águas mais rasas que 10m; (c) Banco Recifal – apre-
senta dimensões horizontais que variam de cerca de
Figura XVII.21b - Exemplo de recife costeiro adjacente à costa: 50m a poucas dezenas de quilômetros. Suas laterais
Recife Franjante. Ilha de Itaparica (Costa dos Rifts Mesozoicos) acima do fundo marinho variam de cerca de 10 a mais
de 20m (Figs.XVII.21d, XVII.22a, b, c, d), (d) Colunas Re-
c
cifais - podem apresentar alturas de 5 a 25m e diâme-
tro do topo entre cerca de 5 e 50m (Fig.XVII.23).

Á exceção da Costa Deltaica do Jequitinhonha-Pardo,


recifes costeiros estão presentes em toda a costa da
Bahia. As principais areas de ocorrência de recifes de
coral são: (i) Costa do Litoral Norte – principalmente
entre as localidades de Guarajuba e Praia do Forte;
(ii) Costa dos Rift Mesozoicos – no interior da Baía de
Todos os Santos, principalmente na face oceânica da
Ilha de Itaparica, nas ilhas de Tinharé e Boipeba e na
Figura XVII.21c - Exemplo de recife costeiro adjacente à costa: Península de Maraú; e (iii) Costa Faminta do Sul da
Recife Franjante. Ilha deTinharé (Costa dos Rifts Mesozoicos) Bahia – ao longo de todo o trecho. Os recifes de co-
rais da região de Abrolhos, em frente a Caravelas são

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a c

Figura XVII.22c - Exemplo de recife costeiro afastado da costa:


Banco Recifal do Parcel das Paredes. Região de Caravelas (Costa
Faminta do Sul da Bahia)

Figura XVII.22a - Exemplos de recifes costeiros afastados da costa:


Bancos Recifais. Região de Caravelas (Costa Faminta
do Sul da Bahia)
Figura XVII.23 - Exemplo de recife costeiro afastado da costa:
Colunas Recifais do Parcel dos Abrolhos. Região de Caravelas
(Costa Faminta do Sul da Bahia)

considerados dentre os mais importantes do Oceano


Atlantico sul ocidental (Leão et al. 2003).

É preciso chamar a atenção que muitos terraços de


abrasão esculpidos tanto na Formação Barreiras
quanto em litologias do Cretáceo são, às vezes, equi-
vocadamente referidos como recifes de coral (Figs.
XVII.24a, b, c).

Figura XVII.22b - Exemplo de recife costeiro afastado da costa:


Banco Recifal de Sebastião Gomes. Região de Caravelas (Costa
Faminta do Sul da Bahia)

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a
4.10 Rochas de Praia (QHrp)

Rochas de Praia ou Beach-Rocks são o resultado da


cimentação rápida de sedimentos praiais por carbona-
to de cálcio, os quais foram posteriormente exumados
pela erosão da linha de costa. A cimentação é nor-
malmente superficial e se estende até um máximo de
3-4m de espessura. A quase totalidade dos trabalhos
publicados até hoje na literatura mundial consideram
que a cimentação ocorre na zona entremarés, como
resultado de um destes processos: (i) supersaturação
Figura XVII.24a - Terraço de abrasão esculpido nas rochas de carbonato de cálcio através da evaporação direta
cretácicas da bacia sedimentar do Recôncavo. Baía de Todos os da água do mar; (ii) CO2 degassing de águas do freá-
Santos (Costa dos Rifts Mesozoicos)
tico na zona vadosa; (iii) mistura de águas do freático
marinho com águas meteóricas; e (iv) precipitação de
b
micrita como um subproduto da atividade microbiana.
Numa recente revisão sobre o assunto Vousdoukas et
al. (2007) afirmaram que o Brasil, junto com a Grécia
e Austrália, é um dos países costeiros com o maior nú-
mero de ocorrências de rochas de praia. Muito poucos
trabalhos foram realizados sobre as rochas de praia no
Brasil. Alguns estudaram o processo diagenético de
cimentação (Vieira & de Ros 2006), outros utilizaram
estas estruturas para a reconstrução de paleo-níveis
marinhos ou no estudo de fenômenos neotectôni-
cos (Martin et al. 2003, Bezerra et al. 2003). No caso
Figura XVII.24b - Terraço de abrasão esculpido nas rochas particular do Estado da Bahia, os trabalhos sobre es-
cretácicas da Bacia Sedimentar do Recôncavo. Baía de Todos os tas feições datam de algumas décadas atrás (Ferreira
Santos (Costa dos Rifts Mesozoicos)
1969, Bigarella 1975, Flexor & Martin 1979). Rochas de
praia são comuns em trechos de linha de costa expe-
c
rimentando erosão, como é o caso dos compartimen-
tos Costa Faminta do Sul da Bahia e Costa do Litoral
Norte. Dentre as melhores exposições destacam-se
as encontradas nas regiões de Caraíva, Porto Seguro,
Santa Cruz Cabrália, Jauá-Arembepe, Sítio do Conde e
Salvador (Figs.XVII.25a, b). As idades reportadas para
estes arenitos são sempre inferiores a 7.000 cal anos
AP As estruturas sedimentares predominantes são as
estratificações cruzadas acanaladas, formadas sob a
ação de correntes longitudinais na zona de surfe (Fig.
Figura XVII.24c - Terraço de abrasão esculpido nas rochas XVII.25c). Muitas das ocorrências de rochas de praia na
cretácicas da Bacia Sedimentar do Recôncavo. Baía de Todos os costa baiana constituem testemunhos da descida do
Santos (Costa dos Rifts Mesozoicos)
nível relativo do mar, durante o Holoceno.

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a
4.11 Outras Unidades Quaternárias

Ocorrem também ao longo da zona costeira, ainda


que não aflorantes, depósitos lagunares e de preen-
chimento de estuários e baías, associados ao máximo
da Transgressão Holocênica, os quais têm sido docu-
mentados em furos de sondagem realizados em di-
ferentes trechos da zona costeira (Fig.XVII.16). Idades
variando entre 10.000 e 5.000cal anos AP têm sido re-
portadas para estes depósitos (Dominguez 1987, Mar-
tin & Dominguez 1994, Andrade et al. 2003, Almeida
Figura XVII.25a - Unidade QHrp (Rochas de Praia Holocênicas) – 2006).
Porto Seguro (Costa Faminta do Sul da Bahia).

b
5 Evolução Paleogeográfica
Tendo em vista o caráter extremamente dinâmico
da sedimentação quaternária costeira, resultado das
acentuadas variações do nível eustático do mar, é co-
locada a seguir uma tentativa de construção de um
modelo conceitual para a sedimentação quaternária
costeira do Estado da Bahia com base na integração
de variados estudos já desenvolvidos nesta região
(Martin et al. 1980, Dominguez 1983, 1987, Andrade et
al. 2003, Almeida 2006).
Figura XVII.25b - Unidade QHrp (Rochas de Praia Holocênicas) –
Arembepe (Costa do Litoral Norte).

5.1 Estágio 1 – Trangressão Miocênica.


c Deposição da Formação Barreiras
(Fig.XVII.26)
A zona costeira do Estado da Bahia começou a adquirir
uma morfologia mais próxima dos dias atuais duran-
te o Mioceno. O nível de mar alto do Mioceno Médio-
-Inferior inundou a borda dos continentes e favoreceu
a deposição da Formação Barreiras (CAPÍTULO XVI),
que se deu principalmente em ambientes transicio-
nais, incluindo fácies sedimentares depositadas em
estuários, deltas, planícies de maré, praias, etc.

Figura XVII.25c - Unidade QHrp (Rochas de Praia Holocênicas) –


detalhe das estruturas sedimentares (Costa do Litoral Norte).

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bém favoreceu, como apontado anteriormente, a ero-
são diferencial entre as rochas das bacias sedimen-
tares mesozoicas e do embasamento cristalino, origi-
nando topografias rebaixadas, inundadas durante os
breves periodos de nivel de mar alto quando, então
originaram baías.

5.3 Estágio 3 – Nível de Mar Alto do MIS9


ou MIS11 (Fig.XVII.28)
Figura XVII.26 - Evolução paleogeográfica da Zona Costeira
Baiana – Estágio 1 – Transgressão Miocênica Ao longo do Quaternário durante os breves períodos
de nível de mar alto as ondas esculpiram e fizeram
recuar, principalmente nos interflúvios, falésias na
5.2 Estágio 2 – Regressão Neógena Formação Barreiras. Num destes breves períodos de
(Fig.XVII.27) nível de mar alto (MIS9 ou MIS11) depositaram-se
acumulações arenosas (QPla) ao longo da linha de
costa da época, que sobreviveram ao retrabalhamen-
to dos níveis de mar altos posteriores. O topo dos de-
pósitos (QPla) foi retrabalhado pelo vento, originando
dunas(QPe) que em vários locais cavalgaram as falé-
sias da Formação Barreiras.

Figura XVII.27 - Evolução paleogeográfica da Zona Costeira


Baiana – Estágio 2 – Regressão Neógena

Desde o Mioceno Médio o nível eustático do mar des-


ceu progressivamente, em consequência do conti-
nuado acúmulo de gelo na Antártica e no Hemifério
Norte, à medida que nosso planeta mergulhava em Figura XVII.28 - Evolução paleogeográfica da Zona Costeira
Baiana – Estágio 3 – Nível de Mar Alto do MIS9 ou MIS11
uma idade do gelo. A principal implicação deste abai-
xamento do nível do mar foi o desencadeamento de
um processo erosivo e entalhamento de uma rede de 5.4 Estágio 4 – Nível de Mar Alto do
drenagem sobre a superficie da Formação Barreiras MIS5e (Fig.XVII.29)
recém-depositada, originando os grandes vales de
paredes íngremes que o dissecam. Este abaixamen- Desde o MIS9-11 o nível do mar não tinha alcançado
to, que se prologou por todo o Neógeno, interrompido um nível tão alto como aquele atingido durante o MI-
apenas durante breves períodos interglaciais, tam- S5e, por volta de 123.000 anos AP. Este nível de mar

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tentes, originando os depósitos de Areias Litorâneas
Regressivas Pleistocênicas (QPl), também denomi-
nados como Terraços Marinhos Pleistocênicos. Ainda
durante este nível de mar alto iniciou-se a constru-
ção de recifes de corais em altos topográficos na zona
costeira e plataforma continental adjacente, como
é o caso bem documentado dos recifes de Abrolhos
(Leão 1982). A título de curiosidade, a figura XVII.30b,
apresenta as áreas da cidade do Salvador que teriam
sido inundadas durante este evento. A figura XVII.30a
Figura XVII.29 - Evolução paleogeográfica da Zona Costeira mostra a situação atual da cidade.
Baiana – Estágio 4 – Nível de Mar Alto do MIS5e

alto é conhecido no Estado da Bahia como a Penúlti- 5.5 Estágio 5 – Último Máximo Glacial
ma Transgressão (Martin et al. 1980). Nas dezenas de (Fig.XVII.31)
milhares de anos que antecederam o MIS 5e, a po-
sição do nível médio do mar se situou entre 30-40m Após o MIS5e o nível eustático do mar desceu pro-
abaixo do atual, o que, considerando o posição da gressivamente, não de modo uniforme, mas oscilan-
quebra da nossa plataforma continental (CAPÍTULO te (Fig.XVII.4c). Inicialmente nas regiões com baixo
XVIII), favoreceu o aparecimento de numerosos vales aporte de sedimentos, como é o caso da Costa Famin-
incisos que se estendiam da zona costeira até a bor- ta do Sul da Bahia, e posteriormente ao longo de todo
da da plataforma continental. Com a subida do nível o litoral, a deposição de sedimentos não conseguiu
do mar após o MIS6 (130.000 anos AP), estes vales e acompanhar este movimento de descida do nível do
zonas topográficas rebaixadas foram inundados pelo mar, resultando em uma regressão forçada, quando
mar originando estuários, baías e ilhas, estas últi- a linha de costa é obrigada a regredir independen-
mas muitas vezes nos interflúvios que escaparam à temente do suprimento de sedimento Catuneanu
inundação marinha. Ao mesmo tempo, as ondas ati- (2006). Breves períodos de “estabilização” do nível do
vamente esculpiram e fizeram recuar linhas de falé- mar, como, por exemplo, entre 80-100.000 cal anos
sias nos interfúvios, onde unidades menos resistentes AP e entre 30-60.000 cal anos AP podem ter permi-
confrontavam o mar aberto, como é o caso dos ta- tido localmente o aparecimento de praias arenosas
buleiros costeiros. Algumas destas linhas de falésias associadas a pontais recurvos, reminiscentes do que
ainda estão hoje muito bem preservadas nas porções aconteceu nos últimos 10.000 anos nas costas do nor-
mais internas das planícies costeiras quaternárias, te canadense e da Escandinávia, onde o ressalto isos-
como, por exemplo, na porção sul do delta do Jequiti- tático, resultante do alívio da carga de gelo, originou
nhonha. Este episódio transgressivo culminou em um uma série de depósitos arenosos isolados e descontí-
nível de mar alto por volta de 123.000 anos AP, quan- nuos na zona costeira emersa (Fig.XVII.31). No máxi-
do o mesmo se posicionou a 8+2m acima do nível atu- mo glacial de 19-22.000 cal anos AP quando o nível
al (Martin et al. 1980) e que se estendeu por cerca de do mar encontrava-se cerca de 120m abaixo do atual,
10.000 anos (Fig.XVII.4c). A estabilização do nível do toda a plataforma continental estava exposta a con-
mar, por volta desta época, favoreceu a recuperação dições subaéreas e os cursos d’água, mesmo aqueles
dos sistemas fluviais, os quais, em associação com os pequenos, reativaram incisões na plataforma exposta
sedimentos transportados ao longo da linha de cos- que se originaram nos episódios anteriores de nível
ta, preencheram os estuários e reentrâncias aí exis- de mar baixo (Fig.XVII.32). Mesmo os terraços mari-

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Figura XVII.30a - Situação atual da cidade do Salvador

Figura XVII.30b - Áreas inundadas da cidade do Salvador durante o nível de mar alto do MIS5e

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nhos pleistocênicos, depositados por volta do máxi-
mo da Penúltima Transgressão, experimentaram os
efeitos desta incisão generalizada (Fig.XVII.33). Data
provavelmente desta época a formação da última
importante geração de dunas (blow-outs – QPe) que
ornamenta o topo dos depósitos arenosos QPla e QPl.
Muitos dos vales incisos gerados nesta ocasião ainda
estão perfeitamente preservados na plataforma con-
tinental, principalmente naqueles trechos com pouco
aporte de sedimentos, como é o caso da Costa Famin-
Figura XVII.31 - Evolução paleogeográfica da Zona Costeira ta Sul da Bahia. Em alguns locais, verdadeiras bacias
Baiana – Estágio 5 – O Último Máximo Glacial (MIS2) hidrográficas se formaram na plataforma exposta e
zona costeira adjacente, rebaixando topograficamen-
te estas áreas, as quais durante a Transgressão Holo-
cênica, foram inundadas formando temporariamente
baías.

5.6 Estágio 6 – Transgressão Holocênica


(Fig.XVII.34)

Após o último máximo glacial, o degelo prosseguiu


muito rapidamente e, em pouco mais de 10.000 anos,
a maior parte dos lençóis de gelo do Hemisfério Norte
Figura XVII.32 - Trecho da Baía de Hudson, Canadá, onde o nível já havia derretido, provocando uma subida do nível
relativo do mar durante o Holoceno desceu mais de uma centena eustático do mar da ordem de 120 metros, com ta-
de metros, devido ao ressalto isostático resultante do alívio da carga
de gelo. Durante esta regressão forçada diversos pontais arenosos xas de subida que variaram entre 1 e 5m/século. Este
foram deixados para trás como pode ser observado nesta imagem episódio é também conhecido no Estado da Bahia
como Última Transgressão (Martin et al. 1980). Taxas
de subida do nível do mar tão elevadas dificilmente
podem ser acompanhadas, mesmo pelos sistemas
fluviais mais possantes. Como consequência, a linha
de costa recuou rapidamente, acompanhada de inun-
dação rápida dos grandes vales incisos escavados
na plataforma continental e zona costeira. A plata-
forma continental do Estado da Bahia só começou a
ser inundada por volta de 9-10.000 anos atrás , após
um evento de resfriamento brusco do clima, conheci-
do mundialmente como o Younger Drayas (12.800 e
11.500 anos AP). Existem evidências de que por vol-
Figura XVII.33 - Rede de drenagem implantada sobre a unidade ta de 8.000 anos atrás, quando o nível do mar ain-
(QPl) (Depósitos de Areias Regressivas Pleistocênicas) devido à da encontrava-se cerca de 20-30m abaixo do nível
acentuada descida do nível de base durante o último máximo
glacial (MIS2) do mar atual, alguns dos vales incisos escavados na

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para diferentes regiões do globo (Peltier 2007), tendo
isto resultado, no que tange ao Estado da Bahia, em
uma descida do nível relativo do mar de cerca de 4-5m
nos últimos 5.700cal anos AP, como mencionado ante-
riormente (Martin et al. 2003). As modelagens geofísi-
cas do comportamento do sistema terra-gelo-oceano
apontam, no que diz respeito ao trecho compreendido
entre o Ceará e o Rio Grande do Sul, um abaixamento
do nível relativo do mar da ordem de 3-4 metros (Pel-
tier 2007). Este comportamento do nível relativo do
Figura XVII.34 - Evolução paleogeográfica da Zona Costeira mar, previsto pela modelagem geofísica é corrobora-
Baiana – Estágio 6 – A Transgressão Holocênica do por diversas curvas de variação do nível relativo do
mar holocênico, construídas para diversos setores da
plataforma continental constituíam estuários que se costa brasileira, incluindo o Estado da Bahia (Martin et
estendiam da quebra da plataforma/início do talude al. 1980, 2003). O abaixamento do nível relativo do mar
até a zona costeira atual (Almeida 2006, Dominguez durante os últimos 5.700 anos cal AP, embora tenha
et al. 2007, Dominguez 2007). Neste estágio a mor- contribuído para acelerar o preenchimento de estuá-
fologia da zona costeira era muito diferente da atual, rios e baías, e para a progradação da linha de costa, não
com a costa recortada por inúmeros estuários e ba- foi um fator tão preponderante como originalmente se
ías, principalmente na porção inferior dos vales dos imaginava (Dominguez et al. 2009). O aporte de sedi-
principais rios que deságuam na zona costeira. Dentre mentos fluviais ou aqueles erodidos de unidades mais
estes, pode-se citar os Rios Itapicuru, Almada, Jequi- antigas foi o fator dominante a determinar o preenchi-
tinhonha-Pardo e Paraguaçu. mento destes estuários/baías e a progradação da linha
de costa. Naqueles trechos onde o aporte de sedimen-
tos foi insuficiente para fazer frente aos processos de
5.7 Estágio 7 – Nível de Mar Alto do MIS1 dispersão promovidos por ondas e correntes, a linha de
(Fig.XVII.35) costa ainda experimenta erosão, como é o caso da Cos-
ta Faminta do Sul da Bahia onde falésias esculpidas na
Por volta de 8.000 anos atrás, os grandes lençóis de Formação Barreiras dominam a paisagem. Do mesmo
gelo já haviam derretido e volumes adicionais de água modo, baías, como as de Camamu e Todos os Santos,
não foram mais acrescentados aos oceanos (Peltier onde o espaço de acomodação, criado pela Transgres-
2007). Tão logo o nível eustático do mar parou de subir, são Holocênica foi muito grande, frente ao suprimento
os sistemas fluviais começaram a se recuperar e al- de sedimentos disponível, continuam ainda sem ser
guns estuários foram rapidamente preenchidos. Este é totalmente preenchidas, embora volumes expressivos
o caso por exemplo dos estuários/baías associados aos de sedimentos holocênicos tenham sido depositados
rios Jequitinhonha, Almada e Itapicuru (Dominguez et nas mesmas (Dominguez & Bittencourt 2009). Na pla-
al. 2009). Estes estuários/baías já estavam completa- taforma continental, a estabilização na subida do ní-
mente preenchidos por volta de 5.000-6.000 anos cal vel do mar eustático permitiu o desenvolvimento dos
AP (Dominguez et al. 2009). Deve-se chamar a aten- recifes de corais holocênicos, naqueles trechos onde
ção que cessado o derretimento dos lençóis de gelo e, existiam substratos consolidados disponíveis (terraços
portanto, a subida do nível do mar eustático, os ajustes de abrasão em rochas do Cretáceo (Costa dos Rift Me-
no sistema terra-gelo-oceano, resultaram em dife- sozoicos - Baía de Todos os Santos, ilhas de Itaparica,
rentes comportamentos para o nível relativo do mar, Tinharé e Boipeba, Península de Maraú) e em níveis la-

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do de areias monazíticas das praias de Cumuruxatiba
iniciou-se em 1886, pelo cidadão de origem inglesa
Sr. John Gordon, também fundador da referida locali-
dade. As areias eram matéria-prima para a produção
de sais de Terras Raras, usadas então nas camisas
incandescentes para iluminação a gás na Inglaterra.
Calcula-se que no período de 1886 até 1890 foi ex-
portado clandestinamente a título de lastro para os
navios um total de 15.000 toneladas de concentrado
(CBPM 2000). Até 1915, o Brasil, com destaque a Costa
Figura XVII.35 - Evolução paleogeográfica da Zona Costeira Faminta do Sul da Bahia, era o maior produtor mun-
Baiana – Estágio 7 – O Nível de Mar Alto do MIS1 dial de areias monazíticas (CAPÍTULO XX).

teríticos da Formação Barreiras (Costa Faminta do Sul Atualmente, a principal jazida do Estado encontra-se
da Bahia - Cumuruxatiba, Ponta do Corumbaú), altos na planície quaternária do Pratigi, na Costa dos Rifts
do embasamento e arenitos de praia (Costa do Litoral Mesozoicos, onde os trabalhos de prospecção realiza-
Norte - Guarajuba e Praia do Forte ) e recifes pleisto- dos pela CBPM e CPRM, mostraram que existem nes-
cênicos e rochas vulcânicas (Costa Faminta do Sul da ta planície cerca de 266 milhões de toneladas de mi-
Bahia - Abrolhos) (Leão et al. 2003). O abaixamento do nério com teores médios de 3,09% (Dominguez 2009)
nível relativo do mar durante os últimos 5.700 anos,
em associação com a progradação da linha de costa, As acumulações de minerais pesados da planície
impactou significativamente estes recifes costeiros, ao do Pratigi não estão associadas a campos de dunas
provocar a exposição e truncamento dos seus topos transgressivas, como é o caso das ocorrências em
pela ação das ondas e ao aproximá-los da linha de cos- Bojuru (RS) e Mataraca (PB) as quais se formam em
ta, onde, em alguns casos, esta progadação resultou zonas costeiras que experimentam tendências de re-
em seu soterramento parcial ou total (Leão et al. 2003). cuo da linha de costa de longo prazo (Dillenburg et
al. 2004).

A planície do Pratigi é constituída por Depósitos de


6 Recursos Minerais Areias Litorâneas Regressivas de idade pleistocênica
(QPl) e holocênica (QHl), resultantes da progradação
Os depósitos geológicos de idades Terciária e Qua- da linha de costa durante o Quaternário (Fig.XVII.36).
ternária da Zona Costeira, por serem relativamente Os únicos depósitos de origem eólica restringem-se
jovens, possuem como principais recursos minerais, às dunas frontais (cordões litorâneos). Observa-se,
materiais sedimentares como: (i) cascalhos e areias de entretanto, que as concentrações de minerais pesados
ampla utilização na construção civil; (ii) argilas para acompanham o alinhamento dos cordões litorâneos,
a produção de cerâmicas e tijolos; e (iii) depósitos de aspecto este esperado, tendo em vista que estes cor-
placer como minerais pesados, ouro e diamante. dões delimitam antigas posições da linha de costa e a
concentração dos minerais pesados ocorre em decor-
Destes, talvez um dos mais importantes na zona cos- rência da ação das ondas. Deste modo os cordões li-
teira baiana seja o de minerais pesados. Na região sul torâneos onde se verificam as maiores concentrações
do estado as ocorrências que merecem maior destaque de minerais pesados são indicativos de que as ondas
são as de Cumuruxatiba. A produção de concentra- tiveram mais tempo para segregar a fração pesada da

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fração leve do sedimento. Estas condições ocorrem
durante períodos de estabilização da linha de costa
ou até mesmo períodos de recuo erosivo da mesma,
após o que a progradação é de novo retomada deixan-
do para trás uma faixa de areia alongada com eleva-
dos teores de minerais pesados (Fig.XVII.37).

7 Síntese
A zona costeira do Estado da Bahia é uma das mais
diversificadas do Brasil. Isto decorre da sua grande
extensão (quase 1.000km) o que permite diferentes
controles ambientais se manifestarem, tais como (i)
o suprimento de sedimentos, (ii) a erosão diferencial
entre as rochas sedimentares das bacias mesozoicas
e do embasamento cristalino, (iii) a disponibilidade de
substratos e condicionamentos oceanográficos ade-
quados ao desenvolvimento de recifes de corais e (iv)
os condicionamentos climáticos no desenvolvimento
de dunas costeiras. Desta forma, o Estado da Bahia
reúne uma grande variedade de exemplares de paisa-
Figura XVII.36 - Teores de minerais pesados na Planície do Pratigi gens costeiras não rivalizados pelos demais estados
(Costa dos Rifts Mesozoicos)
brasileiros, incluindo recifes de corais, dunas, falésias,
planícies arenosas, deltas, baías, estuários, mangue-
zais e terras úmidas. Estas paisagens são o resultado
principalmente da atuação das variações eustáticas
no nível do mar durante o Quaternário, atuando sobre
um mosaico de diferentes tipos de substratos geoló-
gicos que incluem o embasamento cristalino, rift me-
sozoicos e os tabuleiros costeiros. Assim a arquitetura
geológica da zona costeira baiana, é o resultado final
dos processos, contingências e condicionantes geoló-
gicas descritos neste capítulo.

Figura XVII.37 - Modelo conceitual para a origem das


acumulações de minerais pesados na planície do Pratigi (Costa
dos Rift Mesozoicos)

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Plataforma
Capítulo XVIII Continental
José Maria Landim Dominguez (UFBA)
Alina Sá Nunes (UFBA/UNIME)
Renata Cardia Rebouças (UFBA)
Rian Pereira da Silva (UFBA)
Antonio Fernando Menezes Freire (UFBA/Cenpes-Petrobras)
Carolina de Almeida Poggio (UFBA)

1 Introdução
A plataforma continental é uma região aproximadamente plana de baixa declividade que bordeja o continente
(Friedman et al 1992). Pode-se considerar que a mesma é normalmente limitada por duas rampas íngremes:
(i) a face litorânea (shoreface) representa o limite interno da plataforma. Trata-se de uma superfície côncava,
relativamente íngreme, esculpida pelas ondas, que constitui a transição entre o sistema praial e a plataforma
continental e (ii) o talude que constitui o limite externo, modelado essencialmente pela ação da gravidade e cujo
contato com a plataforma é brusco e representado pela quebra da plataforma (Fig.XVIII.1).

Do mesmo modo que a zona costeira, a fisiografia da plataforma continental baiana foi fortemente influenciada
pela herança geológica e pelas variações do nível do mar durante o Quaternário. Em realidade se for considerada
que a quebra da plataforma no Estado da Bahia situa-se entre 45 e 60 metros, durante a maior parte do Qua-
ternário, a plataforma baiana esteve exposta a condições subaéreas, fazendo efetivamente parte do continente.
Durante este período os rios escavaram canais na plataforma exposta (vales incisos), que durante períodos de
subida do nível do mar foram inundados, formando estuários e baías.

Além destes aspectos, as características da plataforma continental, principalmente seus diferentes tipos de subs-
trato expressam a atuação de vários outros fatores como a herança geológica, o aporte de sedimentos siliciclás-
ticos oriundos do continente, os sedimentos resultantes do acúmulo de fragmentos esqueletais de organismos
marinhos, as construções recifais, e a ação de ondas, correntes e tempestades. Este capítulo apresenta uma
síntese do conhecimento da plataforma continental baiana.

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Figura XVIII. 1 - Esquema simplificado da plataforma continental, seus limites e principais processos atuantes

2 Arcabouço Geológico XVIII.2). Assim é que, no trecho da plataforma onde


o Cráton do São Francisco intercepta a linha de costa,
A plataforma continental baiana está implantada so- esta é a mais estreita do Brasil (Fig.XVIII.2). Alguns
bre as bacias sedimentares da margem continental autores sugeriram que a presença do Cráton afetou
cuja geologia e evolução estão apresentadas no ca- a fragmentação América do Sul-África, que se deu
pítulo XV. Assim a Platafaforma Continental baiana em uma faixa mais estreita, o que se reflete nas ca-
está assentada sobre as bacias sedimentares mar- racterísticas da plataforma até os dias atuais (Alkmim
ginais de Jacuípe, Camamu, Almada, Jequitinhonha, et al. 2001). Davison (1997) atribui a pequena largu-
Cumuruxatiba e Mucuri (Fig.XVIII.2). ra da margem continental na maior parte do Estado
da Bahia, como resultado do rifteamento oblíquo de
Do ponto de vista do arcabouço tectônico-geológico caráter transtensional sinistral atuante durante a
de larga escala, podemos identificar dois segmentos separação América do Sul-África. De outro lado, no
que parecem exercer um controle direto na configu- trecho confrontante à Faixa de Dobramentos Araçuaí,
ração de primeira ordem da plataforma continen- a plataforma baiana se alarga devido principalmente
tal: (i) o Cráton do São Francisco (Cinturão Itabuna- à presença dos bancos Royal Charlotte e de Abrolhos,
-Salvador-Curaça, CAPíTULO III, XIV) e (ii) a Faixas de os quais devem a sua grande largura, em parte, à ati-
Dobramentos Orógeno Araçuaí (CAPíTULO X) (Fig. vidade vulcânica que afetou esta região no início do

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Figura XVIII.2 - Arcabouço simplificado da Plataforma Continental do Estado da Bahia

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Terciário (40-60Ma, Mohriak 2006, Sobreira & Fran- plexos recifais da região de Abrolhos em determinar
ça 2006) e ao represamento, por estas vulcânicas, variações de energia na plataforma continental na
dos sedimentos oriundos do continente. Estas rochas região sul do Estado (Compartimento Sul). Adicional-
vulcânicas afloram no arquipélago dos Abrolhos, as- mente, devido à pequena profundidade da plataforma
sociadas a sedimentos siliciclásticos depositados em continental baiana, as ondas com altura significativa
ambiente de face litorânea e de frentes deltaicas (Mo- (Hsig) entre 2,5 e 3m e períodos entre 9 e 13 segs são
hriak 2006, Santos Filho 2006). Mohriak et al. (2003) capazes de mobilizar a maior parte dos sedimentos
sugerem também que as rochas daquele arquipélago que a recobrem (Campos & Dominguez 2010)
experimentaram soerguimento em um evento com-
pressional associado à tectônica do sal, causando
discordâncias angulares que alcançam o Neógeno. 3.2 Correntes de Maré
Cobbold et al. (2010) sugerem ainda, com base em da-
dos de reflectância da vitrinita, um soerguimento da As correntes de maré normalmente não constituem
ordem de 2-3km na região da plataforma continental um elemento importante da circulação na região pla-
da Bacia de Camamu. taformal, à exceção basicamente de dois setores: (i)
entrada da Baía de Todos os Santos (Cirano & Lessa
Aspectos mais específicos destes controles geológicos 2007), e (ii) entrada da Baía de Camamu (Amorim et
são descritos a seguir quando da caracterização fisio- al. 2011). O campo de velocidades destas correntes se
gráfica da plataforma. orienta essencialmente perpendicular à orientação
geral da plataforma, contribuindo para gerar acu-
mulações significativas de sedimentos arenosos na
entrada destas baías, fruto da interação entre estas
3 Aspectos Oceanográficos correntes de maré e as correntes longitudinais à li-
nha de costa. Estas feições conhecidas como deltas
Os sedimentos que recobrem a plataforma conti- de maré vazante se estendem pela plataforma conti-
nental baiana estão submetidos a quatro processos nental interna.
hidrodinâmicos principais: (i) ondas, (ii) correntes de
maré, (iii) correntes geradas pelo vento e (iv) corren-
tes geostróficas (Fig.XVIII.3). 3.3 Correntes Geradas pelo Vento

Este é um dos principais mecanismos de circulação


3.1 Ondas na região da plataforma continental, responsável
pela dispersão principalmente dos sedimentos finos.
As ondas que afetam a plataforma continental fazem Estas correntes respondem rapidamente às mudan-
parte do mesmo sistema daquelas que alcançam a li- ças no campo de ventos e estão orientadas longitu-
nha de costa, as quais estão descritas no capítulo dinalmente à plataforma (Dominguez 2003, Lessa
XVII. Estas ondas ao interagirem com o fundo mari- & Cirano 2006, Lima 2008, Amorim et al. 2011). Sob
nho plataformal são refratadas e consequentemente condição de ventos de SE, mais frequentes nos meses
experimentam mudanças na sua altura, e direção de de outono e inverno, estas correntes fluem para nor-
propagação. As figuras XVIII.4a, 4b, 4c, 4d mostram te, nordeste, enquanto nos meses de verão e primave-
diagramas de refração construídos para toda a região ra, quando os ventos de E e NE são mais comuns, as
de Caravelas, ilustrando o importante papel dos com- mesmas fluem para su-sudoeste.

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Figura XVIII.3 - Principais elementos da circulação oceânica-costeira na plataforma continental baiana. Os aspectos relativos à circulação
costeira e oceânica são baseados em informações contidas em Amorim et al. (2011)

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3.4 Correntes Geostróficas dimentares, resultantes da mistura, em diferentes
proporções, de componentes alóctones e autóctones,
Enquadram-se nesta categoria as correntes norte não apenas no que diz respeito à composição, como
e sul do Brasil que atuam na região do talude, mas também à textura.
cujas águas por vezes extravasam a quebra da plata-
forma continental e “inundam” a porção externa da Os aportes alóctones mais importantes são de ori-
mesma. Estas duas correntes se originam da corren- gem fluvial. A carga sedimentar aportada pelos rios
te sul-equatorial que se bifurca ao alcançar o conti- é controlada por uma variedade de fatores, dos quais
nente sulamericano em uma posição que varia entre os mais significativos são o área da bacia hidrográfi-
aproximadamente 13oS (novembro) e 17oS (julho) (Ro- ca (Wilson 1973, Milliman & Syvitski 1992) e o relevo
drigues et al. 2007). da bacia (Pinet & Souriau 1988, Milliman & Syvitski
1992). Como já havia sido apontado por Syvitski et al.
(2003), a precipitação, embora importante, já está de
certo modo capturada na área da bacia.
4 Suprimento de
Sedimentos A figura XVIII.5 mostra o modelo numérico do terre-
no das bacias hidrográficas dos principais rios a de-
Além dos aspectos oceanográficos, outro importante saguar na costa baiana. Destes o mais importante é,
controle no caráter da sedimentação plataformal é o sem dúvida, o Rio Jequitinhonha (Bacia hidrográfica:
suprimento de sedimentos. 70.315km2; Vazão média: 464m3/s; Descarga sólida:
7.89 x 106 t/ano), o qual juntamente com o Rio Par-
Dois tipos de sedimentos recobrem a plataforma con- do, construiu um amplo delta dominado por ondas
tinental: (i) sedimentos alóctones de origem domi- na sua desembocadura (CAPÍTULO XVII). Os demais
nante siliciclástica (também referida como litoclásti- rios, aportam pequenos volumes de sedimentos, prin-
ca ou terrígena), aportados pelos rios ou resultantes cipalmente aqueles que deságuam na Costa Faminta
da erosão de depósitos siliciclásticos mais antigos do Sul da Bahia (CAPÍTULO XVIII). Desta forma, a pla-
aflorantes na zona costeira como é o caso da Forma- taforma continental do Estado da Bahia é caracteriza-
ção Barreiras (CAPÍTULO XVI) e (ii) sedimentos autóc- da por um aporte limitado de sedimentos alóctones,
tones resultantes da acumulação “in situ” das partes o que, associado ao clima tropical da região, favorece
duras do esqueleto de organismos marinhos como uma sedimentação predominantemente autóctone
algas calcárias, moluscos, foraminíferos, etc. Estes (carbonática) na plataforma continental, principal-
sedimentos, constituídos predominantemente de car- mente nas plataformas média e externa, com a se-
bonato de cálcio (aragonita ou calcita), são também dimentação alóctone siliciclástica restringindo-se,
conhecidos como bioclásticos ou biodetríticos. Um atualmente, a uma faixa estreita da plataforma inter-
tipo particular dos sedimentos/rocha sedimentar de na, junto à linha de costa como será discutido mais
origem biogênica são as construções recifais, forma- adiante.
das pela acumulação do esqueleto de colônias de cni-
dários (os corais), que formam um arcabouço rocho- A subsidência não é considerada neste trabalho, pois
so, que resistem a ação das ondas e por isto recebem o mesmo está focado principalmente na sedimenta-
o nome de recifes de corais. ção holocênica, que teve início por volta de 11-12.000
anos atrás quando começou a inundação mais recen-
Assim a cobertura sedimentar da plataforma con- te experimentada pela plataforma.
tinental é constituída por um mosaico de fácies se-

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a

Figura XVIII.4a - Diagrama de refração construído para a região de Caravelas, sul da Bahia, mostrando o efeito
das construções recifais no comportamento das ondas. Ondas de NE

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b

Figura XVIII.4b - Diagrama de refração construído para a região de Caravelas, sul da Bahia, mostrando o efeito
das construções recifais no comportamento das ondas. Ondas de E

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c

Figura XVIII.4c - Diagrama de refração construído para a região de Caravelas, sul da Bahia, mostrando o efeito
das construções recifais no comportamento das ondas. Ondas de SE

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d

Figura XVIII.4d - Diagrama de refração construído para a região de Caravelas, sul da Bahia, mostrando o efeito
das construções recifais no comportamento das ondas. Ondas de SSE

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Figura XVIII.5 - Bacias hidrográficas dos principais rios que deságuam na costa baiana, mostrando ainda o relevo e as isoietas.

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5 Batimetria
Do ponto de vista da batimetria a plataforma conti-
nental baiana pode ser subdividida em três comparti-
mentos (Fig.XVIII.2). Observa-se que muitos aspectos
da fisiografia atual da plataforma são herdados do
arcabouço estrutural das bacias sedimentares subja-
centes como discutido mais adiante.

5.1 Compartimento Norte (Fig.XVIII.2,


XVIII.6)

Corresponde ao trecho que se estende aproximada-


mente de Salvador até a divisa com o Estado de Sergi-
pe – neste trecho a plataforma continental apresenta
uma largura média em torno de 20km. Em frente a
Salvador, a plataforma se estreita bastante alcançan-
do um mínimo de 5km de largura. De uma maneira
geral, neste compartimento a plataforma apresen-
ta uma fisiografia caracterizada por declives suaves
na plataforma interna, que transiciona rapidamente
para a plataforma externa entre as profundidades de
20-30m (Fig.XVIII.6). A plataforma externa, em al-
guns trechos, é virtualmente plana, com elevada ru-
gosidade. Feições características da plataforma mé-
dia e externa são bancos com altura variando entre
5-10m e larguras entre 0,5 e 3km, além de pináculos,
feições mais estreitas mas que podem atingir até 8m
de altura (Testa 2001). Relevos positivos, situados na
borda da plataforma foram interpretados por alguns
autores como construções recifais afogadas (Kikuchi
2000, Nunes 2003), as quais pertenceriam à categoria
de recifes oceânicos afogados de Leão et al. (2003).

A quebra da plataforma se situa em torno de 45 -50


metros de profundidade (Fig.XVIII.6) e coincide com a
linha de charneira principal da Bacia Sedimentar do
Jacuípe (Wanderley Filho & Graddi 1995). Figura XVIII.6 - Batimetria do Compartimento Norte da
plataforma continental baiana.

A plataforma é recortada por duas grandes reentrân-


cias localizadas aproximadamente em frente às de-
sembocaduras dos Rios Joanes e Pojuca. Além disto,

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toda a borda da plataforma é recortada por peque- 5.2 Compartimento Central (Figs.XVIII.2,
nas ravinas que constituem a cabeceira do sistema de XVIII.9 )
“drenagem submarina” do talude, ou seja, tributários
de cânions submarinos que se desenvolvem declive Engloba o trecho que se estende da saída da Baía de
abaixo (Figs.XVIII.7, XVIII.8b). A plataforma apresen- Todos os Santos até a foz do Rio Jequitinhonha. Neste
ta localmente baixos topográficos, originados pelo trecho a plataforma é também estreita com largura
rebaixamento erosivo da superfície da plataforma média em torno de 20km, com os valores máximos
pelos vales incisos e seus tributários durante níveis e mínimos alcançados respectivamente em frente
de mar mais baixos (Fig.XVIII.8a), a exemplo da região a Canavieiras (32km) e em frente a Itacaré (7km). É
confrontante ao município de Conde. Estas zonas re- interessante notar que a largura e diversas feições
baixadas, depois da inundação da plataforma conti- presentes na plataforma são controladas por estru-
nental a partir de 10.000 anos AP (CAPÍTULO XVII), turas presentes nas bacias marginais de Camamu,
passaram a funcionar como armadilhas, favorecen- Almada e Jequitinhonha, como ilustrado na figura
do a acumulação de sedimentos finos areno-lamosos. XVIII.9. Assim, por exemplo a faixa de declividade ele-
Destas zonas baixas as mais expressivas e melhor do- vada entre as isóbatas de 20 e 30m, em vários techos
cumentadas são aquelas associadas com a desem- coincide com o limite do embasamento raso destas
bocadura do rio Itapicuru (Figs.XVIII.6, XVIII.8a) e uma bacias. Em frente à saída da Baía de Camamu, o tre-
outra em frente a Salvador, conhecida como baixo da cho onde a plataforma continental se alarga coinci-
Boca do Rio (Figs.XVIII.6, XVIII.7) (Pereira 2009, Re- de com os limites de uma plataforma carbonática de
bouças 2010). idade albo-cenomaniana (Figs.XVIII.9, XVIII.10). Neste
compartimento as mais importantes reentrâncias são
De outro lado, a feição topográfica positiva mais representadas pelos cânions de Salvador e Canaviei-
marcante é o Banco de Santo Antônio que constitui ras que indentam a plataforma continental e muito
o limite sul deste compartimento da plataforma con- provavelmente conectaram-se com baías e estuários
tinental (Fig.XVIII.7b). A origem desta feição ainda é que se formaram no máximo da transgressão holo-
objeto de controvérsia sendo considerada por alguns cênica. Alguns destes cânions apresentam um nítido
autores como parte do delta de maré vazante da Baía controle estrutural herdado do arcabouço das bacias
de Todos os Santos (Lessa et al. 2000, Cirano & Lessa marginais, como é o caso do cânion de Salvador (Fig.
2007) enquanto outros lhe atribuem uma origem es- XVIII.9). Este cânion está encaixado na Zona de Trans-
trutural, com uma cobertura de areias siliciclásticas ferência de Salvador (ZTS) onde ocorre uma mudança
(Rebouças et al. 2008, 2009). geral de orientação da margem continental (N-S para
NE-SW) (Ferreira et al. 2009). O cânion de Salvador
Cobbold et al. (2010) descrevem a existência de um se mantém ativo desde o Paleoceno até os dias atuais,
deslizamento com cerca de 5km de espessura e atuando como um importante conduto para transfe-
60km de largura na margem continental em frente rência de sedimentos do continente para a bacia pro-
a Salvador, que teria ocorrido entre o Campaniano e funda (Ferreira et al. 2009). A quebra da plataforma,
o Eoceno Médio (Fig.XVIII.7), o qual teria sido desen- é controlada pelas principais linhas de charneira das
cadeado durante uma fase regional de soerguimento bacias sedimentares marginais e ao longo de toda a
e exumação da margem continental, conforme men- sua extensão é caracterizada por ravinas de dimen-
cionado anteriormente, o que pode ter tido um reflexo sões variadas, que originam pequenas indentações
na fisiografia (pequena largura) da plataforma conti- na borda da plataforma, as quais se prolongam talu-
nental neste trecho. de abaixo em cânions submarinos, à semelhança do
que acontece no compartimento norte (Fig.XVIII.11,

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Figura XVIII.7 - Detalhe da batimetria da quebra da plataforma–talude superior em frente a Salvador (com base em
dados obtidos junto ao DHN e Cobbold et al. (2010).

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a
Figura XVIII.8a -
Vale inciso do Rio
Itapicuru. A linha
vermelha mostra
a orientação do
perfil mostrado na
figura XVIII.8b

b
Figura XVIII.8b -
Perfil interpretado
de um registro
de perfilador
de subfundo.
Para localização
consultar a figura
XVIII.8a

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Figura XVIII.9 - Batimetria do Compartimento Central da plataforma continental baiana, mostrando ainda as suas principais feições
estruturais (compilada a partir de vários autores) (Ferreira et al. 2009, Cobbold et al. 2010). P1, P2, P3 e P4 indicam a localização dos perfis
batimétricos mostrados na figura XVIII. 10

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Figura XVIII. 10 - Perfis batimétricos realizados no Compartimento Central. Para localização consultar as figuras XVIII.9 e XVIII.11

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XVIII.12). Algumas destas ravinas estiveram conecta- arco recifal interno está orientado segundo o anticli-
das com vales incisos escavados na plataforma con- nal Parcel das Paredes (Fig.XVIII.13) e o próprio Par-
tinental, como é o caso da região em frente à Lagoa cel das Paredes apresenta uma geometria controlada
Encantada (Almeida 2006, Dominguez et al. 2009) pela trama estrutural da região, o que pode indicar
(Fig.XVIII.12). As principais zonas rebaixadas na pla- a influência de uma possível atividade neotectônica
taforma continental que funcionam como armadilhas na área (Fig.XVIII.15, CAPÍTULO XIX). A superfície do
para a acumulação de sedimentos finos ocorrem as- Banco de Abrolhos é recortada também por uma sé-
sociadas aos Rios Almada e de Contas; às cabeceiras rie de canais que convergem no sentido da “Depres-
dos cânions submarinos; e em frente a Una, como são” de Abrolhos (Vicalvi et al. 1978) (Fig.XVIII.16). Em
será discutido mais adiante. realidade esta “Depressão” coletava toda a drenagem
continental entre Caravelas e o delta do Rio Doce du-
rante os períodos de mar baixo. O canal Besnard na
5.3 Compartimento Sul (Fig.XVIII.13) parte sul do banco é a principal ligação entre a “De-
pressão” e o talude (Fig.XVIII.16) .
Este trecho estende-se da foz do Rio Jequitinhonha
até Mucuri, e é aquele onde a plataforma continental
baiana é a mais larga devido à presença dos bancos
Royal Charlotte e de Abrolhos, que se estendem cos- 6 Sedimentos Superficiais.
ta-afora 100km e 200km respectivamente. A largura
acentuada destes dois bancos resulta provavelmente
Textura e Composição
da atividade vulcânica que afetou a região no início do A distribuição dos sedimentos superficiais na pla-
Terciário como já mencionado. Estes bancos são se- taforma continental baiana será apresentada nesta
parados por um trecho onde a plataforma se estreita seção, obedecendo a mesma compartimentação uti-
(largura média de 50km), aproximadamente em fren- lizada na caracterização batimétrica. Deve-se chamar
te à localidade de Cumuruxatiba. É um dos trechos a atenção que o nível de informações disponíveis para
menos conhecidos da plataforma continental baiana, cada um destes compartimentos é bastante hetero-
principalmente devido às suas grandes dimensões. gêneo. De todos os três, o compartimento mais bem
No seu trecho mais estreito a plataforma é cortada conhecido é o Central, fruto de um programa de
por canais muito estreitos, claramente representados amostragem conduzida pelo IGEO-UFBA, que resul-
nas cartas náuticas, constituindo vales incisos esca- tou em uma coleta sistemática de amostras de sedi-
vados na plataforma durante períodos de nível de mar mento, com espaçamento de amostras da ordem de
mais baixo e até hoje não preenchidos com sedimen- 3-4km, complementada por levantamento de perfis
tos (Fig.XVIII.14). Estes canais apresentam uma nítida batimétricos e com perfilador de subfundo e sonar de
continuidade com os principais rios que deságuam na varredura lateral. O compartimento norte é também
zona costeira. A região do Banco de Abrolhos é carac- relativamente bem conhecido, principalmente nos
terizada por grande complexidade, resultado não só trechos em frente à Salvador, Sítio do Conde e Arem-
da atividade vulcânica, mas também por ter sido afe- bepe, onde trabalhos de detalhe já foram desenvolvi-
tada por evento compressional associado à tectônica dos (Leão & Dominguez 2001, Nunes 2003, Minervino
do sal que alcança o Neógeno. Estes eventos muito Netto 2002, Silva 2008, Pereira 2009, Rebouças 2010).
provavelmente controlaram a distribuição das áreas Nos dois primeiros trechos abrangendo toda a plata-
rasas que serviram de substrato para o desenvolvi- forma, enquanto no último, apenas a plataforma in-
mento das construções recifais. Assim por exemplo o terna e sua transição para a plataforma média.

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Figura XVIII.11 - Sistema de drenagem da borda da plataforma/talude continental (compilado a partir de Cobbold et al. (2010) e Freire (2005).

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a

Figura XVIII. 12a - Vale inciso do Rio Almada, separado do cânion do Almada por uma ravina estreita. A linha vermelha indica a posição do
perfil sísmico mostrado na figura XVIII.23

Figura XVIII.12b - Registro de sonar de varredura lateral mostrando ravinas presentes na quebra da plataforma que se prolongam talude
abaixo em vales e cânions submarinos

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Figura XVIII. 13 - Batimetria do Compartimento Sul da plataforma continental da Bahia, mostrando também
as principais feições estruturais (compilada a partir de vários autores)

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Figura XVIII.14 - Detalhe da batimetria da plataforma continental entre Belmonte e Cumuruxatiba, compilada a partir das folhas de bordo
da Diretoria de Hidrografia e Navegação, evidenciando um grande número de vales incisos não preenchidos.

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Figura XVIII.15 - Detalhe do Parcel das Paredes mostrando o possível controle estrutural no desenvolvimento destes recifes,
possivelmente relacionado à tectônica do sal

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Figura XVIII. 16 - Detalhe da batimetria de parte do Banco de Abrolhos, mostrando a depressão de Abrolhos e o Canal Besnard.

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a
O compartimento sul é o menos conhecido dos três,
com a maior parte dos trabalhos desenvolvidos res-
tringindo-se às vizinhanças imediatas dos recifes de
corais que caracterizam a região.

6.1 Compartimento Norte (Figs.XVIII.17a


a c)

As figuras XVIII.17a, XVIII.17b e XVIII.17c, mostram


respectivamente, a distribuição das frações cascalho,
areia e lama nos sedimentos superficiais do Compar-
timento Norte. De uma maneira geral sedimentos
arenosos distribuem-se por toda a plataforma, porém
ocorrem em maiores teores na plataforma continen-
tal interna entre a linha de costa e a isóbata de 30
metros (Fig.XVIII.17b) , enquanto sedimentos casca-
lhosos são mais comuns na plataforma externa (Fig.
XVIII.17a), entre a isóbata de 30 metros e a quebra da
plataforma. Apenas em três trechos (em frente a Sítio
do Conde, Arembepe e Itapuã) a sedimentação cas-
calhosa se aproxima da linha de costa. A julgar pelos
resultados obtidos naqueles trechos onde foram rea-
lizados trabalhos de detalhe, os sedimentos arenosos
são constituídos predominantemente por quartzo,
principalmente nas regiões mais próximas à linha
de costa, enquanto os sedimentos cascalhosos são
constituídos predominantemente por fragmentos de
algas coralinas incrustantes e secundariamente por
fragmentos de foraminíferos, moluscos e briozoários.
As figuras XVIII.18a, XVIII.18b, XVIII.18c e XVIII.19a,
XVIII.19b, XVIII.19c mostram, respectivamente, mapas
de detalhe da composição da fração grossa do sedi-
mento superficial de fundo (frações Areia+Cascalho)
para as regiões de Salvador e Sítio do Conde.

A fração lama no sedimento superficial de fundo


ocorre em teores mais elevados nas regiões topo-
graficamente mais rebaixadas na plataforma, como Figura XVIII.17a - Distribuição espacial dos teores de cascalho
no sedimento superficial de fundo do Compartimento Norte da
é o caso do Baixo da Boca do Rio, em frente a Salva-
plataforma continental baiana
dor e nas reentrâncias da quebra da plataforma em
frente aos Rios Joanes, Pojuca, Itapicuru e Itariri (Fig.
XVIII.17c). No Baixo da Boca do Rio uma espessura

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b c

Figura XVIII.17b - Distribuição espacial dos teores de areia no Figura XVIII.17c - Distribuição espacial dos teores de lama no
sedimento superficial de fundo do Compartimento Norte da sedimento superficial de fundo do Compartimento Norte da
plataforma continental baiana plataforma continental baiana

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a

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Figura XVIII.18a - Distribuição espacial da mediana (d50) do sedimento superficial de fundo em frente a Salvador. As linhas vermelhas indicam a
posição dos perfis sísmicos mostrados nas figuras XVIII.20 (longitudinal) e XVIII.37a (transversal)

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b

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Figura XVIII.18b - Distribuição do teor de quartzo na fração grossa (Areia+Cascalho) no sedimento superficial de fundo em frente a Salvador

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c

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Figura XVIII.18c - Distribuição do teor de bioclastos na fração grossa (Areia+Cascalho) no sedimento superficial de fundo em frente a Salvador

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a

Figura XVIII.19a - Teores de cascalho no sedimento superficial de fundo em frente ao município do Conde

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b

Figura XVIII.19b - Teores de bioclastos no sedimento superficial de fundo em frente ao município do Conde

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c

Figura XVIII.19c - Teores de alga coralina no sedimento superficial de fundo em frente ao município do Conde

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Figura XVIII.20 - Perfil sísmico interpretado da região do Baixo da Boca do Rio (plataforma continental em frente a Salvador) longitudinal à
linha de costa. Ver figura XVIII.18a para localização

média da ordem de 5m, com tendência a aumentar ta de 30 metros (Fig.XVIII.21a). Estes sedimentos cas-
no sentido da linha de costa, foi determinada para calhosos são de natureza bioclástica (Fig.XVIII.22a) e
estes sedimentos areno-lamosos a partir dos regis- constituídos predominantemente por algas coralinas
tros sísmicos (Pereira 2008) (Fig.XVIII.20). Em frente incrustantes (Fig.XVIII.22b), seguidos em importância
aos Rios Itapicuru e Itariri, espessuras da ordem de pelos foraminíferos (Fig.XVIII.22c), e moluscos (Fig.
15m foram determinadas. Os teores de matéria orgâ- XVIII.22d) e briozoários. Sedimentos siliciclásticos
nica nas lamas do Baixo da Boca do Rio apresentam (quartzo) predominam em uma faixa estreita borde-
valores máximos de 2,5% na porção mais central do jando a linha de costa (Fig.XVIII.22e). Apenas em fren-
Baixo, próxima à linha de costa (Pereira 2008). Teo- te às Baías de Camamu e Todos os Santos, ocorrem
res de carbonato de cálcio da ordem de 40-50% são significativas acumulações de areias siliciclásticas
reportados para os sedimentos finos do Baixo da Boca associadas aos deltas de maré vazante presentes em
do Rio (Pereira 2008) suas embocaduras.

As principais ocorrências de sedimentos lamosos estão


6.2 Compartimento Central (Figs. associadas (i) às cabeceiras dos cânions de Salvador e
XVIII.21a, XVIII.b e XVIII.c) Canavieiras ; (ii) às desembocaduras dos Rios de Contas
e Jequitinhonha; (iii) aos vales incisos do Rio Almada e
As figuras XVIII.21a, XVIII.21b e XVIII.21c mostram, res- Una; e (iv) na região confrontante às ilhas de Tinharé
pectivamente, a distribuição espacial das frações cas- e Boipeba (Fig.XVIII.21c). Teores médios de lama em
calho, areia, e lama no Compartimento Central. Este torno de 10-20% caracterizam a plataforma externa.
compartimento, como mencionado anteriormente, Registros com perfilador de subfundo mostram que a
é aquele para o qual existe a maior disponibilidade acumulação de lama em frente ao Rio Almada apre-
de dados em todo o Estado da Bahia, principalmen- senta espessuras que alcançam até 40m (Fig.XVIII.23).
te no trecho entre Morro de São Paulo e Belmonte. Em frente à desembocadura do Rio de Contas, um úni-
O padrão de distribuição é bastante semelhante ao co perfil sísmico executado ao longo da isóbata de 20m
observado no Compartimento Norte com sedimentos mostra uma espessura máxima de cerca de 10m para
arenosos distribuídos ao longo de toda a plataforma, estes sedimentos lamosos.
exibindo porém teores mais elevados próximo à linha
de costa atual, enquanto os sedimentos cascalhosos Um estudo sobre a matéria orgânica nas acumula-
estão restritos à plataforma externa a partir da isóba- ções lamosas em frente ao Rio de Contas indica teores

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a b

Figura XVIII.21a - Distribuição espacial dos teores de cascalho Figura XVIII.21b - Distribuição espacial dos teores de areia no
no sedimento superficial de fundo do Compartimento Central da sedimento superficial de fundo do Compartimento Central da
plataforma continental baiana plataforma continental baiana

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c a

Figura XVIII.22a - Distribuição espacial dos teores de componentes


bioclásticos da fração grossa do sedimento (cascalho+areia) no
trecho entre os cânions de Salvador e Canavieiras

Figura XVIII.21c - Distribuição espacial dos teores de lama no


sedimento superficial de fundo do Compartimento Central da
plataforma continental baiana

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b c

Figura XVIII.22b - Distribuição espacial dos teores de fragmentos Figura XVIII.22c - Distribuição espacial do teor de foraminíferos
de alga coralina na fração grossa do sedimento (cascalho+areia) na fração grossa do sedimento (cascalho+areia) no trecho entre os
no trecho entre os cânions de Salvador e Canavieiras cânions de Salvador e Canavieiras

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d e

Figura XVIII.22d - Distribuição espacial dos teores de fragmentos Figura XVIII.22e - Distribuição espacial dos teores de grãos de
de molusco na fração grossa do sedimento (cascalho+areia) no quartzo na fração grossa do sedimento (cascalho+areia) no trecho
trecho entre os cânions de Salvador e Canavieiras entre os cânions de Salvador e Canavieiras

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Figura XVIII.23 - Perfil sísmico perpendicular á linha de costa mostrando preenchimento parcial do vale inciso do Rio Almada/Lagoa
Encantada. Para localização consultar figura XVIII.12a

médios de 2-3% para esta matéria orgânica e uma O reduzido aporte de sedimentos continentais asso-
origem continental para a mesma, assim como a re- ciado às águas rasas que predominam nos Bancos
duzida disponibilidade de nutrientes (Carvalho 2008). Royal Charlotte e de Abrolhos favorece uma sedimen-
tação essencialmente carbonática incluindo as prin-
Neste compartimento ocorrem as duas principais ba- cipais construções coralinas do Oceano Atlântico Sul
ías do Estado da Bahia, Todos os Santos e Camamu. A Ocidental, os recifes de Abrolhos (Leão, 1982), os quais
cobertura sedimentar do fundo destas baías é deta- estão caracterizados em Leão et al. (2003) e no capí-
lhada na seção 7. tulo XVII. A textura do sedimento superficial neste
compartimento segue de modo geral o observado nos
outros compartimentos, com sedimentos arenosos
6.3 Compartimento Sul (Figs.XVIII.24a, distribuídos ao longo de toda a plataforma, porém
XVIII.24b e XVIII.24c) com teores mais elevados junto à linha de costa (Fig.
XVIII.24b), enquanto sedimentos cascalhosos são mais
Como já mencionado, as informações disponíveis para comuns na plataforma externa (Fig.XVIII.24a).
este compartimento, sobre os sedimentos superficiais
de fundo, são ainda muito limitadas e restritas essen- A fração lama está concentrada principalmente nas
cialmente aos trabalhos do Remac, Leão (1982), Leão vizinhanças dos recifes de corais, entre os mesmos
et al. (2005), Dutra (2003) e dados disponibilizados ou em áreas abrigadas pelos mesmos, aspecto este
pelo BNDO (Banco Nacional de Dados Oceanográfi- observado em Leão at al. (2005) (Fig.XVIII.24c). Estes
cos – Marinha do Brasil). Este é o trecho onde a pla- autores determinaram a composição do sedimento
taforma continental é a mais larga em todo o Estado nas vizinhanças imediatas dos recifes de corais en-
da Bahia (mínimo de 50km e máximo de 200km) e tre a Ponta do Corumbaú e Abrolhos e constataram
confrontante ao segmento da Zona Costeira classifi- que este sedimento é de caráter areno-cascalhoso,
cado como a Costa Faminta do Sul da Bahia (CAPÍ- constituído predominantemente de bioclastos, sen-
TULO XVII). As figuras XVIII.24a, XVIII.24b e XVIII.24c do a alga coralina o componente dominante, teores
mostram, respectivamente, mapas com a distribuição acima de 50%, na maioria das amostras examinadas.
espacial dos teores de cascalho, areia e lama constru- Os rodolitos são um componente comum nos sedi-
ídos com base em dados disponibilizados pelo BNDO. mentos mais cascalhosos (Leão et al. 2005). Outros
componentes encontrados incluem moluscos, Hali-
meda, foraminíferos e briozoários. Grãos de quartzo

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são extremamente raros. Leipe et al. (1999), estudan- no preencimento da paleobaía de Almada (Almeida
do o material particulado em suspensão no Banco de 2006, Dominguez et al. 2009) e em outras baías bra-
Abrolhos, concluiu que entre o arco recifal interno e a sileiras a exemplo da Baía de Guanabara (Kjerfve et
linha de costa os sedimentos em suspensão são cons- al. 1997).
tituídos predominantemente por caulinita e fragmen-
tos de carbonato retrabalhados, enquanto entre os
arcos interno e externo as partículas em suspensão 7.1 Baía de Todos os Santos
são de origem biogênica, dominada que é pelas águas
oligotróficas da corrente do Brasil. Muito provavel- A cobertura sedimentar do fundo da Baía de Todos os
mente a composição dos sedimentos superficiais fi- Santos tem sido objeto de diversos estudos (Domin-
nos presentes na plataforma seguem este padrão. guez & Bittencourt 2009 e referências aí contidas),
que não serão aqui mais discutidos. A fim de manter
o mesmo padrão adotado para os demais comparti-
mentos referidos acima, foram construídos mapas
7 Baías de Todos os Santos com a distribuição espacial dos teores de cascalho,

e Camamu areia e lama (Figs.XVIII.25a, b e c) e mapas ilustran-


do a composição dos sedimentos foram construídos
Estas são as duas baías presentes no litoral baiano, utilizando-se os dados contidos em Macedo (1977)
localizadas no Compartimento Central que ainda (Fig.XVIII.26).
não foram preenchidas por sedimentos. Uma terceira
baía, a de Almada ou Lagoa Encantada, situada mais De modo geral, a fração areia domina na entrada da
a sul, também localizada no Compartimento Central, Baía de Todos os Santos, enquanto a fração lama é
próxima à cidade de Ilhéus, já foi completamente pre- mais comum nos compartimentos NW e NE, ou seja
enchida por sedimentos arenosos, tão logo o nível na metade norte da baía. A fração cascalho tem
eustático do mar se estabilizou por volta de 8.000- ocorrência muito mais descontínua, principalmente
6.000 anos atrás, conforme detalhado em Dominguez no entorno da ilha dos Frades (Fig.XVIII.25a). No que
et al. (2009) e Almeida (2006) . Estas três baías es- concerne à composição do sedimento, a fração mais
tão implantadas sobre as rochas sedimentares cre- grossa do mesmo (areia+cascalho) é constituída prin-
tácicas, respectivamente, das bacias do Recôncavo, cipalmente por siliciclastos (quartzo) (Fig.XVIII.26a).
Camamu e Almada e tiveram sua origem a partir da Bioclastos, representados principalmente por grãos
erosão diferencial entre as rochas sedimentares cre- de moluscos e Halimeda predominam em uma faixa
tácicas (menos resistentes) e as rochas cristalinas do que se estende das vizinhanças da Baía de Aratu até
embasamento precambriano (mais resistentes) tendo a Ilha dos Frades (Figs.XVIII.26b, c e d), coincidindo,
em vista a posição média do nível do mar em torno portanto, com a área de maior ocorrência de recifes
de -30m durante a maior parte do Quaternário (Do- de corais (Cruz et al. 2009, Barros et al. 2009). Outros
minguez et al. 2009, Dominguez & Bittencourt 2009, componentes da fração grossa do sedimento incluem
Dominguez 2009 (CAPÍTULO XVII). De modo geral, a foraminíferos, moluscos e equinodermas.
entrada destas baías é caracterizada por expressivas
acumulações de areias siliciclásticas tanto na sua
parte interna quanto externa (deltas de maré vazante 7.2 Baía de Camamu
mencionados anteriormente), enquanto nas porções
mais interiorizadas acumulam-se sedimentos mais Para esta baía a disponibilidade de uma base de da-
finos. Este mesmo comportamento foi observado dos mais detalhada, compreendendo 74 amostras,

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a

Figura XVIII.24a - Distribuição espacial dos teores de cascalho no sedimento superficial de fundo
do Compartimento Sul da plataforma continental baiana

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b

Figura XVIII.24b - Distribuição espacial dos teores de areia no sedimento superficial de fundo
do Compartimento Sul da plataforma continental baiana

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c

Figura XVIII.24c - Distribuição espacial dos teores de lama no sedimento superficial de fundo
do Compartimento Sul da plataforma continental baiana

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a

Figura XVIII.25a - Distribuição espacial dos teores de cascalho no sedimento superficial de fundo da Baía de Todos os Santos

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b

Figura XVIII.25b - Distribuição espacial dos teores de areia no sedimento superficial de fundo da Baía de Todos os Santos

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c

Figura XVIII.25c - Distribuição espacial dos teores de lama no sedimento superficial de fundo da Baía de Todos os Santos

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Capitulo 18.indd 471 02/10/12 23:16


a

Figura XVIII.26a - Distribuição espacial dos teores de grãos silicilásticos na fração grossa do sedimento
(cascalho+areia) na Baía de Todos os Santos

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b

Figura XVIII.26b - Distribuição espacial dos teores de grãos bioclásticos na fração grossa do sedimento
(cascalho+areia) na Baía de Todos os Santos

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c

Figura XVIII.26c - Distribuição espacial dos teores de moluscos na fração grossa do sedimento
(cascalho+areia) na Baía de Todos os Santos

474 • G eolog i a da B a hi a

Capitulo 18.indd 474 02/10/12 23:16


d

Figura XVIII.26d - Distribuição espacial dos teores de grãos de Halimeda na fração grossa do sedimento
(cascalho+areia) de fundo da Baía de Todos os Santos

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Capitulo 18.indd 475 02/10/12 23:16


possibilitou a construção de mapas detalhados da tico dominante foi apenas a carga de água na plata-
distribuição espacial dos teores de areia, lama, cas- forma.
calho (Figs.XVIII.27a, b, c), assim como dos principais
componentes do sedimento superficial de fundo (Figs. Como já visto em Dominguez & Bittencourt (neste vo-
XVIII.28a, b, c). À semelhança do que foi verificado lume), durante a maior parte do Quaternário, o nível
para a Baía de Todos os Santos, as frações areia e do mar esteve posicionado em torno de 30 metros
lama dominam no sedimento (Figs.XVIII.27b, c). A fra- abaixo do nível atual. Portanto a posição média da
ção areia apresenta maiores teores na entrada da baía linha de costa se situava aproximadamente no limi-
e ao longo dos canais de Maraú e Ituberá, enquanto a te entre as plataformas interna e externa. Em vários
fração lama é mais comum na porção central da baía. momentos toda a plataforma continental esteve ex-
A fração cascalho (Fig.XVIII.27a) é quase ausente no posta subaereamente e a linha de costa estava po-
sedimento. A fração lama apresenta elevados teores sicionada abaixo da quebra da plataforma, no talude
de bioclastos (Fig.XVIII.28a), representados principal- superior. Isto implica dizer que durante a maior parte
mente por pelotas fecais (Fig.XVIII.28b) e moluscos. do Quaternário a plataforma continental do Estado
Estas pelotas fecais são o produto da atividade de da Bahia estava exposta a condições e processos tí-
alimentação de poliquetas e outros organismos es- picos de ambientes subaéreos, ou seja, era o próprio
tuarinos . O quartzo é o componente dominante na continente do ponto de vista fisiográfico, sendo disse-
entrada da baía (Fig.XVIII.28c). cada por rios e ravinas associadas à incisão da rede
de drenagem continental. Datam destes episódios os
inúmeros vales incisos que dissecam a plataforma
continental e que nos dias atuais estão parcialmente
8 Evolução Quaternária soterrados pela sedimentação Holocênica à exceção
do Compartimento Sul, onde ainda são bem visíveis,
A evolução quaternária da plataforma continental tendo em vista o reduzido aporte de sedimentos que
baiana, assim como da sua zona costeira, está intrin- caracteriza este compartimento.
secamente associada às variações do nível eustático
do mar durante o Quaternário. A integração dos da- Quatro estágios principais podem ser assim reconhe-
dos batimétricos com a distribuição dos sedimentos cidos na evolução da plataforma continental desde o
superficiais de fundo permite reconstruir a evolução último interglacial (MIS 5e – 123.000 anos AP).
da plataforma continental baiana e sua cobertura se-
dimentar, durante os últimos 120.000 anos (o último
ciclo glacial) conforme discutido a seguir. Nesta re- 8.1 Regressão Pleistocênica e o Último
construção utilizaremos as curvas de variação do ní- Máximo Glacial
vel do mar de Hanebuth et al. (2003) para os últimos
120.000 anos (Fig.XVIII.29a). Para o intervalo que se Na regressão associada ao último ciclo glacial, o nível
estende do último máximo glacial até aproximada- do mar desceu de um máximo de 8 metros acima do
mente 6-8000 anos atrás utilizaremos a curva de Ha- nível atual por volta de 123.000 anos atrás (MIS5e),
nebuth et al. (2011) (Fig.XVIII.29b) construída a par- até alcançar -120m durante o Último Máximo Glacial
tir de dados coletados na plataforma continental de (22-20.000 anos AP) (Fig.XVIII.29a). Esta descida não
Sunda, na Indonésia. Esta é uma das melhores curvas foi regular e como mostra a figura XVIII.29a compre-
do nível do mar para este período e está situada em endeu pelo menos 07 estágios isotópicos marinhos
uma região caracterizada como far-field, distante dos (MIS 2, 3, 4, 5a, 5b, 5c, 5d). Durante cada um destes
grandes lençóis de gelo, onde o componente isostá- estágios o nível do mar oscilou por vezes de algumas

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a

Figura XVIII.27a - Distribuição espacial dos teores de cascalho no sedimento superficial de fundo da Baía de Camamu

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b

Figura XVIII.27b - Distribuição espacial dos teores de areia no sedimento superficial de fundo da Baía de Camamu

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Figura XVIII.27c - Distribuição espacial dos teores de lama no sedimento superficial de fundo da Baía de Camamu

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a

Figura XVIII.28a - Distribuição espacial dos teores de bioclastos (excluindo pelota fecais) no sedimento superficial de fundo da Baía de Camamu.

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b

Figura XVIII.28b - Distribuição espacial dos teores de grãos de pelotas fecais no sedimento superficial de fundo da Baía de Camamu

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c

Figura XVIII.28c - Distribuição espacial dos teores de grãos de quartzo no sedimento superficial de fundo da Baía de Camamu

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a
dezenas de metros durante intervalos de tempo de
alguns milhares de anos. A partir de mais ou menos
75-80.000 anos AP a plataforma continental baiana
esteve quase que permanentemente exposta a con-
dições subaéreas. É interessante notar, que principal-
mente no compartimento central, caracterizado por
uma faixa de elevada declividade entre as isóbatas
de 20-30m, a qual em muitos trechos coincide com
o limite da plataforma rasa das bacias sedimentares
marginais, já a partir de 110.000 anos AP, teria tido
Figura XVIII.29a - Variação do nível do mar durante os últimos início o processo de incisão da rede de drenagem de-
120.000 anos (modificado de Hanebuth et al. 2003) vido à presença desta quebra de declividade (Talling
1998). Também a partir desta data as principais cons-
truções recifais da plataforma baiana estavam expos-
tas subaereamente.
b

As taxas elevadas de descida do nível do mar dificil-


mente favoreceram a acumulação de pacotes espes-
sos de sedimentos siliciclásticos associados a prismas
costeiros. É possivel que durante breves periodos de
estabilização durante a descida do nivel do mar, fran-
jas de areias siliciclásticas tenham-se acumulado em
associação com a zona costeira. Registros destas acu-
mulações pretéritas são ainda hoje desconhecidos.

A exposição das construções recifais e da plataforma


externa, onde predomina uma sedimentação carbo-
nática, em condições subaéreas, favoreceu provavel-
mente o desenvolvimento de um relevo cárstico, que
ainda hoje se traduz em uma elevada rugosidade do
fundo marinho, conforme observado nos perfis bati-
métricos (Fig.XVIII.10).

A incisão da rede de drenagem sobre a plataforma


exposta foi controlada pela resistência diferencial
dos diferentes tipos de rochas e sedimentos à erosão
e pela topografia da própria plataforma, além de re-
aproveitar incisões pré-existentes, resultantes de ex-
Figura XVIII.29b - Variação do nível do mar durante os últimos posições durante ciclos glaciais anteriores, principal-
20.000 anos (modificado de Hanebuth et al. 2011) mente naquelas regiões onde as incisões foram mais
expressivas (grandes baías, cabeceiras de cânions e
situações localizadas como o vale inciso de Almada/
Lagoa Encantada e do rio Itapicuru) (Figs.XVIII.31a, b).

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Figura XVIII.30 - Paleogeografia da plataforma continental baiana durante o Último Máximo Glacial

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a

Figura XVIII.31a - Paleogeografia do vale inciso do rio Almada durante o Último Máximo Glacial.

Neste cenário os rios desaguavam algumas dezenas de vam a plataforma continental, originando em alguns
metros abaixo da quebra da plataforma, diretamente casos estuários que se estendiam do talude até qua-
no talude superior (Figs.XVIII.30, XVIII.32). No compar- se a zona costeira atual (Fig.XVIII.33) . No compar-
timento sul a depressão de Abrolhos coletava a drena- timento sul, um testemunho coletado por Vicalvi et
gem oriunda dos rios que deságuam atualmente entre al. (1978) a uma profundidade de aproximadamente
Caravelas e o delta do Rio Doce (Fig.XVIII.30). 60m no meio da “Depressão” de Abrolhos, teve uma
amostra datada, a 22cm da sequência terrígena basal,
e forneceu uma idade de 10.620+300 anos AP (idade
8.2 Subida do Nível Eustático após o não calibrada); nesta época o nível do mar estava po-
Último Máximo Glacial sicionado em torno de -50m.

O derretimento dos lençóis de gelo após o Último Somente após esta época o nível do mar ultrapassou
Máximo Glacial resultou em uma subida do nível do a quebra da plataforma iniciando sua inundação (Fig.
mar extremamente rápida. Em cerca de 12.000 anos o XVIII.34). Esta inundação foi extremamente rápida e
nível eustático subiu cerca de 120 metros. Até 10.500- em apenas 3.000 anos toda a plataforma continental
11.000 anos AP, esta subida do nível do mar se fez estava inundada. Por volta de 7.000-8.000 anos atrás
sentir essencialmente nos vales incisos que recorta- o degelo cessou. Esta época corresponde ao máximo

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b

Figura XVIII.31b - Paleogeografia do vale inciso do Rio Itapicuru durante o Último Máximo Glacial.

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S N

S N

Figura XVIII. 32 - Desembocaduras dos Rios Itapicuru e Almada, durante o Último Máximo Glacial

da inundação da plataforma continental e zona cos- exposição subaérea (Fig.XVIII.37). A espessura alcan-
teira adjacente (Fig.XVIII.35). çada por estes prismas costeiros é função do espaço
de acomodação disponível. Com exceção dos princi-
pais vales incisos, este espaço de acomodação é mui-
8.3 Nível do Mar Alto Atual to reduzido, com as planícies quaternárias repousan-
do diretamente sobre uma plataforma rochosa rasa,
A partir de 7-8.000 anos atrás, com a estabilização como é muito comum no Compartimento Central.
do nível do mar, os sedimentos aportados pelos rios
e transportados ao longo da linha de costa foram Na plataforma externa, principalmente à partir da
inicialmente utilizados para preencher as pequenas isóbata de 20 metros, desde então, predominou uma
baias e estuários menores. Os excedentes foram pou- sedimentação essencialmente biogênica, dominada
co a pouco utilizados para fazer a linha de costa e o por algas coralinas incrustantes, seguidas em impor-
prisma costeiro avançarem, como por exemplo, nas tância por foraminíferos, moluscos e briozoários. Fa-
regiões confrontantes às principais planícies quater- tores que podem ter favorecido este desenvolvimento
nárias (Figs.XVIII.36, XVIII.37). Hoje a sedimentação predominante de algas coralinas incluem a disponi-
siliciclástica se estende na maior parte da plataforma bilidade de substratos consolidados na plataforma
baiana até no máximo a isóbata de 20m, e soterra externa em associação com condições meso-oligofó-
progressivamente o paleorelevo formado durante a ticas (Fig.XVIII.38).

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Figura XVIII.33 - Paleogeografia da plataforma continental baiana por volta de 11.000-12.000 anos AP

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Figura XVIII.34 - Paleogeografia da plataforma continental baiana por volta de 9000-95000 anos AP. Observar que até esta data a região
ocupada pelos principais complexos recifais do Compartimento Sul ainda não havia sido inundada

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Figura XVIII.35 - Paleogeografia da plataforma continental e zona costeira adjacente por volta do máximo da transgressão holocênica
(7.000-8.000 anos AP)

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Figura XVIII.36 - Plataforma continental da Bahia. Situação atual.

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Figura XVIII.37 - Perfil sísmico interpretado transversal à linha de costa, no Baixo da Boca do Rio, mostrando uma clinoforma soterrando
progressivamente o paleorrelevo da plataforma. Para localização consultar figura XVIII.18a.

Naqueles trechos onde substratos consolidados es- das baías predominou a acumulação de sedimentos
tavam disponíveis em águas suficientemente rasas lamosos (Fig.XVIII.38).
(eufóticas) (<10m) afastadas de desembocaduras flu-
viais, após 7.000 anos AP, recifes de coral se implan- As entradas das duas grandes baías que ainda não
taram e iniciaram seu desenvolvimento holocênico, foram preenchidas, Camamu e Todos os Santos, fun-
como ocorreu principalmente no Compartimento Sul, cionam como armadilhas, trapeando um grande vo-
e em trechos localizados dos Compartimentos Cen- lume de sedimentos arenosos transportados ao longo
tral (Ilhas de Tinharé e Boipeba, península de Maraú da linha de costa.
e ilha de Itaparica) e Norte (Localidades de Guarajuba
e praia do Forte). Leão (1982) realizou uma sonda-
gem na Ilha da Coroa Vermelha, no arco interno de
Abrolhos, tendo alcançado o substrato pleistocêni- 9 Recursos Minerais
co dos recifes atuais a uma profundidade de aproxi-
madamente 11m abaixo do nível atual. A datação de Os principais recursos minerais nas regiões platafor-
fragmentos de Siderastrea sp. coletados ligeiramen- mais são os granulados (siliciclásticos e bioclásticos)
te acima desta discordância, forneceu uma idade de e os depósitos de placer (ouro, diamante, minerais pe-
6660+110 anos AP (não corrigida). Considerando-se sados, etc.) (CAPÍTULO XX).
que no local onde foi feita a sondagem o substrato
pleistocênico começou a ser inundado por volta de Depósitos de minerais pesados têm sido explotados
8.000-9.000 anos AP, ocorreu um atraso de pelo me- principalmente na área emersa da zona costeira (Do-
nos 2.000 anos entre a inundação e o início da cons- minguez 2010, CAPÍTULO XVII). É possível que na pla-
trução dos recifes. taforma continental contígua a estas acumulações,
depósitos economicamente exploráveis destes mine-
Nas regiões topograficamente rebaixadas da plata- rais estejam presentes, porém até hoje nenhuma ava-
forma associadas às cabeçeiras de cânions e vales liação econômica dos mesmos foi feita. De qualquer
incisos ou protegidas da ação de ondas pela presença maneira, como já visto, sedimentos siliciclásticos têm
de recifes de corais, assim como nas desembocaduras sua distribuição restrita às vizinhanças imediatas da
dos principais rios e nas regiões mais interiorizadas linha de costa.

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Uma consulta ao portal do DNPM (01/02/2011) mos- produto pode ser utilizado no estado natural ou após
tra que na plataforma continental da Bahia e suas secagem e moagem , e tem aplicações na agricultu-
baías, existem processos relativos a granulados bio- ra, tratamento de água, cosméticos, complemento
clásticos, granulados litoclásticos e diamantes (Fig. alimentar, implantes ósseos e nutrição animal (Dias
XVIII.39). 2001).

Granulados litoclásticos marinhos são as areias e A França, apesar da pequena extensão relativa de sua
cascalhos, originados do continente, depositados na plataforma continental, é o maior produtor de granu-
plataforma continental e retrabalhados pela ação con- lados bioclásticos e litoclásticos para uso industrial.
junta das ondas e correntes marinhas. Constituem im-
portantes insumos minerais para uso industrial e para Na plataforma continental do Estado da Bahia, a fra-
obras de engenharia costeira. A explotação destes bens ção cascalho do sedimento superficial de fundo, cons-
minerais tem experimentado um aumento significativo tituída predominantemente por algas coralinas, ocor-
nas últimas décadas, em associação com o decréscimo re principalmente na plataforma externa, em profun-
das reservas no continente (Silva et al. 2001). didades superiores a 30m e, portanto, inacessíveis às
dragas atuais . Apenas em trechos muito localizados,
Na costa da Bahia, as principais acumulações de como por exemplo nos municípios de Camaçari e
areias litoclásticas encontram-se na plataforma in- Conde (Compartimento Norte), acumulações de algas
terna até as isóbatas de 10-20m. As maiores reservas calcárias ocorrem nas plataformas média e interna,
estão associadas aos deltas de maré vazante locali- em profundidades inferiores a 30m.
zados em frente às embocaduras de canais de maré
e baías. Estas reservas podem vir a ter importância Na plataforma baiana existem basicamente três áreas
em cenários a médio e longo prazos, para abastecer com processos para esta substância junto ao DNPM:
projetos de regeneração de praias, uma vez que tre- (i) em frente à foz do Rio Jequitinhonha, (ii) a norte de
chos da zona costeira apresentam tendência para re- ilhéus, (iii) na entrada da Baía de Todos os Santos. No
cuo erosivo da linha de costa e existem perspectivas entorno da Baía de Todos os Santos existem também
de subida do nível do mar nas próximas décadas em vários processos, junto ao DNPM relativos a diversas
decorrência do aquecimento global. Verifica-se que modalidades de granulados bioclásticos, neste caso
apenas na região de Ilhéus existem processos no constituídos basicamente por conchas e fragmentos
DNPM relativos a esta substância. de corais.

Os granulados bioclásticos marinhos são formados Finalmente na foz do Rio Jequitinhonha e vizinhanças
principalmente por algas calcárias. Apenas as formas existem áreas requeridas para pesquisa de diamante,
livres free-living das algas calcárias, tais como ro- tendo em vista a ocorrência deste mineral nos aluvi-
dolitos, nódulos, e seus fragmentos, são viáveis para ões do Rio Jequitinhonha, principalmente no Estado
a exploração econômica, pois constituem depósitos de Minas, e nos aluviões do Rio Pardo, que cortam as
sedimentares inconsolidados, facilmente coletados ocorrências de diamante da Formação Salobro, na
através de dragagens (Dias 2001). Bacia Metassedimentar do Rio Pardo (CAPÍTULO X).

As algas calcárias são compostas, basicamente, por Os recursos energéticos (óleo e gás) não serão aqui
carbonato de cálcio e magnésio contendo ainda mais discutidos haja vista estarem concentrados em sua
de 20 oligoelementos, presentes em quantidades va- maior parte na região do talude onde se verificam as
riáveis, tais como Fe, Mn, B, Ni, Cu, Zn, Mo, Se e Sr. O maiores espessuras de sedimentos (Fig.XVIII.39).

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Figura XVIII.38 - Modelo conceitual da sedimentação na plataforma continental baiana ilustrado para o Compartimento Central

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Figura XVIII.39 - Principais recursos minerais da plataforma continental baiana (com base em processos existentes na base do DNPM – consulta
em Fevereiro de 2011). Os recursos energéticos (óleo e gás) estão representados na forma de blocos de exploração consultados no portal da ANP
em janeiro 2010. O Compartimento Central é aquele que concentra a maior parte da atividade de exploração mineral na plataforma

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10 Síntese e Conclusões como: (i) instalação de portos, dragagens e descartes,
(ii) implantação de dutos e emissários, (iii) descarte
A plataforma continental baiana apresenta caracte- de efluentes industriais e domésticos, (iv) exploração
rísticas bastante variadas, resultado da interação de de petróleo e outros recursos minerais e (v) ativida-
uma herança geológica com as variações eustática des de conservação. Não há um conhecimento deta-
do nível do mara durante o Quaternário e processos lhado do fundo marinho, seus substratos e ecossiste-
oceanográficos. Conquanto o Estado da Bahia pos- mas associados em uma escala equiparável àquela
sua a plataforma continental mais extensa do Brasil, já alcançada para o continente. Ou seja, é preciso
em termos de comprimento, o nível de conhecimen- passar do continente para a plataforma continental
to disponível sobre a mesma ainda é muito limita- sem perda de resolução das informações disponíveis.
do como esta revisão mostrou e quando comparado Só assim será possível avaliar adequadamente os re-
ao nível de conhecimento disponível para a região cursos naturais e os impactos ambientais resultantes
emersa. Esta carência de dados pode ser considera- de sua explotação e atender às diversas demandas
da como grave, visto que um número cada vez maior por dados e informações originados pelos seus diver-
de atividades humanas é praticado nesta região tais sos usos múltiplos.

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Capítulo XIX Neotectônica
Luiz Cesar Corrêa-Gomes (UFBA)
José Martin Ucha (IFBA)
Idney Cavalcanti da Silva (UFBA)

1 Introdução
O termo “Neotectônica” não representa uma unanimidade no meio cientifico geológico. Em locais de tectônica
ativa (p.e. Andes, Falha de San Andreas ou Japão) representa o resultado da atuação de campo de tensão atual na
geração de estruturas geológicas. Já em margens continentais passivas o seu significado temporal pode recuar
muito mais no passado. Para a margem continental passiva brasileira pode-se considerar como neotectônica
eventos ligados à abertura do Oceano Atlântico e posteriores retrabalhamentos ou ainda se considerar os pro-
cessos acontecidos após a abertura do Oceano Atlântico a partir do Mioceno ou Oligo-Mioceno (Hasui 1990). Esse
período de tempo se encaixa perfeitamente na constituição e evolução da Formação Barreiras (20-4Ma) (CAPÍTU-
LO XVI), tornando o estudo das estruturas geradas nos seus pacotes sedimentares um estudo sobre neotectônica.

Apesar de se estender por ampla área em todo contorno costeiro do Brasil, do Amapá até o Rio de Janeiro, muito
pouco tem sido feito em termos de entendimento tectônico e do controle estrutural da Formação Barreiras. Ela
tem sua gênese intimamente associada com a evolução da plataforma continental brasileira. Na porção SSE do
Estado da Bahia apresenta uma das suas maiores exposições contínuas, desde a cidade de Ilhéus até a frontei-
ra com o estado do Espírito Santo em mais de 600km de comprimento alcançando até 200km de largura (Fig.
XIX.1). Muito embora tenha sido descrito como um conjunto de pacotes sedimentares depositados em ambiente
continental a transicional, atualmente tem sido encontradas evidências de contribuição marinha (Araí 2006, Araí
& Novais 2006) (CAPÍTULO XVI). Entre as principais dificuldades encontradas no estudo estrutural-tectônico da
Formação Barreiras na Bahia estão: (i) o baixo grau de litificação dos seus depósitos sedimentares e (ii) o alto índi-
ce pluviométrico nas áreas de ocorrência dessa Formação. Esses fatores dificultam enormemente a preservação
de estruturas deformacionais confiáveis.

Amplas e detalhadas descrições sobre as características sedimentológico-estratigráficas da Formação Barreiras


aparecem em Inda & Barbosa (1978), Bittencourt (1996), Ucha (2000), Lima (2002) (CAPÍTULO XVI).

Neo tectô nica • 497

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Figura XIX.1 - Localização no estado da Bahia (inset superior esquerdo) e mapa geológico simplificado do SSE do Estado da Bahia, com a
delimitação da Formação Barreiras em amarelo. ZCIIC = Zona de Cisalhamento de Itabuna-Itaju do Colônia, ZCIP = Zona de Cisalhamento
de Itapebi-Potiraguá.

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Em termos de neotectônica alguns dos principais tra- dos N90º a N120º; (iii) a bacia metassedimentar do Rio
balhos elaborados sobre a Formação Barreiras vem Pardo (CAPÍTULO X), de história mesoproterozoica até
de Lima (2002), Lima & Villas Boas (2004) e Lima et fanerozoica, orientada N120º; e (iv) as Zonas de Cisa-
al. (2006) que destacaram na região SSE do Estado lhamento rúptil de Itabuna-Itaju do Colônia, (ZCIIC),
da Bahia, a presença de pares conjugados de juntas orientada N45º e a de Itapebi-Potiraguá, (ZCIP),
relacionadas a um esforço (σ1) orientado NNW-SSE orientada N130º-140º, ambas neoproterozoicas (CA-
(N346/16º), além de falhas normais indicativas de su- PÍTULO X). Completam o quadro tectônico local, além
perfícies verticais além de uma mudança no padrão do embasamento cristalino que corresponde à crosta
de drenagem durante o Pleistoceno, possivelmente continental, a plataforma continental e a crosta oce-
relacionada a eventos neotectônicos de basculamen- ânica sul-atlântica, com idade próxima a 100Ma (Fig.
to de blocos de falhas. Para esses autores, a influên- XIX.3) (Muller et al. 1997).
cia de estruturas gravitacionais na deformação da
Formação Barreiras aparece bem marcada nas dre-
nagens locais que mostram o forte controle estrutu- 1.1 Padrões de Orientação de Planos de
ral em sistemas de blocos com afundamento. Porém, Falhas e dos Campos de Tensão
em campo, são muito poucos os planos de falhas que
apresentam marcadores cinemáticos confiáveis de A plotagem dos 6.387 planos de falhas da Forma-
falhamentos normais preservados. Isso pode ter um ção Barreiras em mapa e em diagramas de rosetas
significado muito importante no entendimento da de direção e mergulho e de isodensidade de frequên-
evolução tectônica dessa Formação, como será visto cia, pode ser visto na figura XIX.4. Os destaques vão
mais à frente. para as orientações nas direções: (i) N090º-N100º e
N140º- N150º, com 478 medidas (7,48%); (ii) N000º-
Para esse volume um estudo especifico sobre a defor- -N010º, com 459 medidas (7,19%); e (iii) N120º-N130º,
mação da Formação Barreiras foi realizado, no qual com 405 medidas (6,34%). Os mergulhos são maiores
foram estudados cerca de 6.387 planos de falhas no que 60º e são predominantes para E, N e S, com ponto
SSE da Bahia entre a cidade de Ilhéus e a fronteira de máxima densidade em N336º/00º.
com o Espírito Santo, em aproximadamente 500km de
comprimento com 150km de largura de faixa costeira. Observando de modo mais detalhado os diagramas
Nesses planos foram encontrados marcadores cine- de rosetas e de isodensidade de frequência pode ser
máticos preservados que permitiram a obtenção de notado que todas as orientações regionais aparecem
153 orientações 3D dos tensores principais de campos marcadas nas falhas dessa Formação, em planos
de tensão (s1, s2 e s3) por métodos de inversão (All- subverticais que mergulham principalmente para N,
mendinger 2001, FaultKinWin®), baseados nos pa- E e S. São elas próximas a N-S, correspondentes aos
râmetros mecânicos de Angelier (1979, 1984, 1994) e traços do Orogeno Itabuna-Salvador-Curaçá, próxi-
Marrett & Allmendinger (1990). Nessa área estão pre- mas a N40º, paralelas àquelas do sistema da Zona
sentes como embasamento cristalino e unidades tec- de Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia, próximas
tonicas (Fig.XIX.2): (i) o Orógeno Itabuna-Salvador- a N90º e N120º, semelhantes aos lineamentos estru-
-Curaçá (CAPÍTULO III), de idade paleoproterozoica, turais do Orogeno Araçuaí e da Bacia do Rio Prado, e
deformado segundo potentes zonas de cisalhamento próximas a N140º, similares à orientação da Zona de
dúctil cujos traços estruturais estão orientados N10º; Cisalhamento Potiraguá.
(ii) o Orógeno Araçuaí (CAPÍTULO X), de idade neo-
proterozoica, estruturado localmente por zonas de Dos 6.387 planos de falha, em cerca de 1.737 planos
cisalhamento e bandamentos metamórficos orienta- foram encontrados preservados, marcadores cine-

Neo tectônica • 499

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500 • G e olog i a da B a hi a
Figura XIX.2 - Mapa global com as idades das placas oceânicas em milhões de anos indicadas pelo índice de variação de cores. Notar que a cor verde marca a idade da placa
oceânica nas proximidades da área estudada, o que corresponde as idades entre 83Ma e 118Ma. Dado do Digital “Age Map of the Ocean Floor” (Mueller et al. 1996).

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Figura XIX.3 - Mapa geológico simplificado das principais unidades tectônicas observadas na área de influencia da Formação Barreiras no
SSE da Bahia (modificado de Barbosa & Dominguez 1996, Barbosa & Corrêa-Gomes 2003, Corrêa-Gomes et al. 2005a). No inset superior
esquerdo aparece a localização da área em relação ao Cráton do São Francisco. ZCIIC = Zona de Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia,
ZCIP = Zona de Cisalhamento de Itapebi-Potiraguá.

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Figura XIX.4 - Localização e orientação dos 6.387 planos de falhas estudados na Formação Barreiras, no SSE da Bahia. Os gráficos
correspondem, de cima para baixo: diagrama de rosetas de direção, 10º em 10º; diagrama de rosetas de sentido de mergulho, 10º em 10º, e
diagrama de isodensidade de frequência, hemisfério inferior rede estereográfica igual-área.

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máticos confiáveis que permitiram, por método de in- jugado N10º (dextral) e N70º (sinistral) ambos com
versão (FaultKinWin®, Allmendinger 2001), a obten- 192 medidas; (iii) tensores E-W, apresentando uma
ção de 153 orientações 3-D dos tensores principais. A configuração mais complexa com duas suborienta-
grande maioria das estrias encontradas apresentou ções a N70º e N110º, a primeira com par conjugado
relações geométricas de baixo rake com os planos de N30º (dextral) e N100º (sinistral) e a segunda com par
falha, em situação típica de tectônica strike-slip (Fig. conjugado N70º (dextral) e N150º (sinistral) todos os
XIX.5). Como reflexo disso, os tensores principais in- conjuntos com 676 medidas; e (iv) tensores N140º,
termediários se posicionaram majoritariamente de com par conjugado N170º (sinistral) e N100º (dextral)
modo vertical, sem muita variação direcional. Sendo ambos com 592 medidas.
assim foi feito um maior detalhamento para os tenso-
res máximos (s1) e mínimos principais (s3) (Fig.XIX.6). Comparando os dados dos planos de falhas e de
orientação dos tensores máximos principais, prelimi-
Para os tensores máximos principais (s1) se des- narmente algumas constatações podem ser feitas:
tacaram as seguintes orientações N120º-N130º e
N130º-N140º, com 17 medidas (11,1%), N070º-N080º (i) as orientações principais dos lineamentos estrutu-
e N160º-N170º, com 16 medidas (10,5%) e N030º- rais regionais são paralelas às dos principais planos de
N040º, N140º-N150º e N060º-070º, com 15 medidas falha encontrados na Formação Barreiras, indicando
cada (9,8%). Os caimentos foram sub-horizontais que os mesmos podem ter sidos reativados no emba-
principalmente para N, E e S, sendo o máximo de con- samento e passados aos pacotes sedimentares no Ter-
centração em N132º/00º. ciário ao Recente,

Para os tensores mínimos principais (s3) as maio- (ii) as orientações dos tensores máximos principais
res concentrações ocorreram em N160º-N170º, com são também paralelas àquelas das orientações dos
18 medidas (11,8%), N040º-N050º, com 14 medidas lineamentos regionais, o que pode ser um indício que
(9,2%) e N050º-N060º com 13 medidas (8,5%). Os as estruturas mais antigas regionais condicionam lo-
caimentos foram também sub-horizontais para NNW, calmente a orientação dos campos de tensão.
NE e SSE, com máximo em N048º/00º.

Desse modo, aparecem destacadas na área do SSE do


Estado da Bahia, quatro grandes concentrações de ten- 2 Fatores de Influência na
sores máximos, indo no sentido horário: uma próxima
a N-S, com 30 medidas, outra próxima de N40º, com 15
Orientação Local de Campos
medidas, uma terceira próxima de E-W, com 59 medi- de Tensão
das, e uma quarta próxima de N140º, com 49 medidas.
Dependendo das dimensões e idades das placas oce-
Quando os tensores máximos classificados nesses ânicas, margens anteriormente consideradas como
quatro grupos de orientação foram relacionados aos passivas podem apresentar atividades tectônicas que
planos de falha, onde foram medidos, notou-se que marcam a transição para as de margens continentais
os mesmos estavam ligados a sistemas conjugados ativas. O estudo de campos de tensão em vários locais
de falhas (Fig.XIX.7). Esses sistemas de falhas são res- do mundo (p.e. Zoback 1992) tem mostrado que existe
pectivamente os seguintes: (i) tensores N-S, par con- uma grande complexidade nas concentrações, dis-
jugado N150º (dextral) e N30º (sinistral) ambos com persões e orientações dos tensores principais. Mesmo
um total de 277 medidas; (ii) tensores N40º, par con- em zonas dominantemente compressivas como, por

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a b

c d

e f

Figura XIX.5 - Fotografias de campo de planos de falhas com estrias preservadas de baixo rake (a), (b), (c), (d) e (e) correspondentes às setas
brancas orientadas paralelamente às canetas e lapiseiras. Em (f) observação em planta do sistema principal de falhas gerando sistema
secundário com rotação no sentido horário do σ1 local (setas pretas).

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Figura XIX.6 - Localização e orientação das 153 medidas dos tensores principais máximos (diagramas à direita e acima) e mínimos
(diagramas à direita e abaixo), estudados na Formação Barreiras, no SSE da Bahia. Os gráficos correspondem, de cima para baixo: diagrama
de rosetas de direção, 10º em 10º; diagrama de rosetas de caimento de mergulho, 10º em 10º, e diagrama de isodensidade de frequência,
hemisfério inferior rede estereográfica igual-área.

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Figura XIX.7 - Sistemas de falhas relacionados às principais concentrações de orientações de s1, na região SSE da Bahia, representados res-
pectivamente, de cima para baixo, em diagramas: de rosetas de direção, de mergulho e de isodensidade de frequência. Na primeira coluna,
da esquerda para a direita, (a) total de planos de falhas com marcadores cinemáticos preservados, em seguida os sistemas de falhas ligados
aos s1, (b) segunda coluna N-S, (c) terceira coluna N40º, (d) quarta coluna E-W e (e) quinta coluna N140º.

exemplo, nos Andes podem ocorrer faixas onde pre- Segundo Zoback (1992) as principias forças de 1ª e 2ª
domina a extensão ortogonal ao eixo maior da cordi- ordens compreendem:
lheira (Assumpção 1992, Richardson & Coblentz 1994).
(i) 1a ordem (mundiais e regionais): forças de empur-
As forças resultantes da movimentação de placas tec- rão da dorsal, força de arrasto do manto, de direcio-
tônicas (plate driving forces) dominam a configura- namento de migração da placa, de puxão da placa
ção dos campos maiores de tensão (de 1a ordem), en- subduzida, de arrasto da placa subduzida, de resis-
quanto as idades, e a densidade dos litotipos ígneos e tência das falhas transformantes, de resistência da
metamórficos, a espessura dos pacotes sedimentares placa subduzida e de sucção da trincheira e,
(buoyancy forces) e a resistência mecânica diferencial
são alguns dos fatores de influência na orientação dos (ii) 2a ordem (regionais e locais): tensão local flexural
campos de tensão regionais e locais (de 2a ordem). (carga de sedimentos e/ou carga glacial); contraste

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local de densidade/força de flutuação (zonas densas tantes (Zoback 1992) com as mais variadas orienta-
x zonas leves, zonas de diferentes topografias, p.e. ções, dependendo da importância pontual de cada
montanhosas + bacias); contraste lateral de resistên- tensão em determinada área (Fig.XIX.8).
cia (zonas de baixa resistência à fricção (p.e. zonas de
falha) x zonas de alta resistência à fricção (p.e. crá-
tons) e, contrastes de resistência crosta continental
(mais espessa)/crosta oceânica (menos espessa) e 3 Mecanismos de Geração
heterogeneidades mecânicas locais.
dos Campos de Tensão
Com relação às heterogeneidades mecânicas, Corrêa- Em termos de mecanismos de geração, a gênese das
-Gomes (2000) e Corrêa-Gomes et al. (2000) notaram calhas que receberam os sedimentos da Formação
que em zonas de cisalhamento rúpteis transcorrentes terciária Barreiras está intimamente ligada à evo-
sem cobertura sedimentar, não raramente a orien- lução da plataforma continental brasileira, iniciada
tação dos tensores principais máximos é paralela ao no Mesozoico com a ruptura do Pangea e geração do
comprimento maior da faixa deformada, um fenôme- Atlântico Sul (CAPÍTULO XIII). Portanto é razoável se
no denominado de canalização de tensão. imaginar que falhas gravitacionais dominaram o ce-
nário tectônico na época de deposição dos sedimentos
Todas as forças citadas podem atuar ao mesmo tempo que originaram a Formação Barreiras. Sendo assim,
em um mesmo local e podem produzir forças resul- imaginando que uma tectônica gravitacional ocorreu

Figura XIX.8 - Forças resultantes da sobreposição entre um campo de tensão regional e outro local (Zoback 1992). SHMAX e SHMAX’’,
correspondem, respectivamente, às tensões máximas horizontais regionais e locais, e Shmin e Shmin’’, correspondem às mínimas horizontais
regionais e locais. Ângulos abertos no sentido horário são considerados positivos e os abertos no sentido anti-horário são negativos.
O σL é o campo de tensão local.

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na fase precoce de origem dessa Formação, a obser- principal máxima e o S3 a mínima). Por exemplo, em
vação de uma ampla maioria dos marcadores cine- ambientes tectônicos extensionais Sv (= S1) > SHmax (=
máticos indicativos de tectônica transcorrente (rever S2) > Shmin (= S3), transcorrentes SHmax > Sv > Shmin e com-
Fig.XIX.5) pode indicar que os planos mais antigos de pressionais SHmax > Shmin > Sv. Portanto nem sempre o
falhas foram deteriorados com o tempo e não se pre- SHmax corresponde ao s1.
servaram localmente. Desse modo pode-se imaginar
que a tectônica transcorrente deva estar relacionada Os ambientes apresentam características tectônicas
a idades mais recentes de deformação. bem definidas nos casos onde as tensões são clara-
mente maiores umas das outras, porém quando as
Para se confirmar essa informação dois aspectos tensões se aproximam em magnitude, os resultados
devem ser considerados: (i) a idade da placa oceâ- podem ser mais complicados. Por exemplo, quando Sv
nica contígua ao continente na região da Formação » SHmax >> Shmin, podem ser produzidas falhas normais
Barreiras no SSE da Bahia tem hoje mais de 100Ma, juntamente com falhas transcorrentes, quando SHmax
sendo considerada com o passar do tempo uma placa >> Shmin » Sv, uma combinação entre falhas strike-slip
antiga, densa e fria e (ii) deve-se esperar que os regis- e thrusts pode aparecer e quando SHmax » Shmin, depen-
tros de atuação dos campos de tensão mais recentes dendo da magnitude do Sv, podem ser geradas com-
estejam impressos em coberturas intempéricas mais pressões ou extensões radiais.
recentes do tipo solos argilosos, únicos com coesão
interna forte, o suficiente para preservar a deforma- A utilização do SHmax de certa forma facilita a visua-
ção sofrida. No primeiro aspecto, o ciclo de Wilson é lização de como as trajetórias das placas tectônicas
muito claro no concernente a como pode variar o es- influenciam no jogo de tensões relacionados aos am-
tilo tectônico da ruptura de um supercontinente até bientes tectônicos, porém, como visto antes, trazem a
o fechamento de um oceano e geração de um novo desvantagem de que o SHmax pode coincidir tanto com
supercontinente. A depender das dimensões e idades o s1 (tensor principal máximo) quanto com o s2 (ten-
das placas oceânicas, margens anteriormente consi- sor intermediário principal).
deradas como passivas podem apresentar atividades
tectônicas que marcam a transição desse padrão tec- Sendo assim, vários estágios tectônicos podem estar
tônico para aquele de uma margem continental ativa. associados à evolução de uma margem continental
O estudo de campos de tensão em vários locais do passiva, de dominância tectônica extensional, para
mundo (Zoback 1992, Zoback et al. 2000) tem mostra- uma margem continental ativa, na qual um ambiente
do que existe uma grande complexidade nas concen- compressional prepondera (Fig.XIX.9):
trações, dispersões e orientações dos tensores princi-
pais e mesmo em zonas dominantemente compressi- (i) nas fases iniciais da separação (estágio 1) as falhas
vas. Por exemplo, nos Andes, podem ser encontradas são geradas com s1 vertical com estrias dip-slip e uma
faixas onde predomina a extensão ortogonal ao eixo relação Sv > SHmax > Shmin bem definida;
maior da cordilheira (Assumpção 1992, Richardson &
Coblentz 1994). (ii) com o crescimento da placa oceânica há um au-
mento na compressão lateral relacionada ao empur-
De uma maneira geral trabalhos com enfoque geo- rão da dorsal e as relações de tensão evoluem para
físico de campos de tensão preferem utilizar, ao in- Sv » SHmax >> Shmin (estágio 2) com geração de falhas
vés de s1, s2 e s3, as magnitudes relativas de tensão normais contemporâneas a falhas transcorrentes. Es-
S1, S2 e S3 (onde S1 representa a tensão compressiva trias dip-slip se entrecortam com estrias strike-slip;

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Figura XIX.9 - (a) Representação esquemática da ambiência tectônica e (b) orientação e magnitude relativa dos tensores principais nos
5 estágios diferentes da evolução de uma margem continental passiva (estágio 1 típico) para uma margem continental ativa (estágios
4 e 5 típicos). Crosta oceânica em verde escuro e continental em rosa. Estágio 1 = SV>SHMAX>Shmin, Estágio 2= SV=SHMAX>>Shmin, Estágio 3=
SHMAX>SV>Shmin, Estágio 4= SHMAX>>SV=Shmin e Estágio 5= SHMAX>Shmin>SV. Setas negras equivalentes σs1, setas cinza σs2 e as brancas σs3.
Como se observa, nem sempre o tensor principal máximo equivale σ SHMAX (Corrêa-Gomes et al. 2005a, b; Corrêa-Gomes 2006).

(iii) a seguir, a relação passa a ser SHmax > Sv > Shmin, 2003a, b, Corrêa-Gomes et al. 2005a, b), com exten-
com transcorrência dominante (estágio 3) e estrias sões E-W evoluindo para ESE-WNW, acompanhando
strike-slip predominam e se sobrepõem as dip-slip; a evolução de propagação do oceano Atlântico Sul no
Mesozoico (CAPÍTULO XIII). O que se observa no Grupo
(iv) pode evoluir para SHmax >> Shmin » Sv (estágio 4) Barreiras é que aparentemente a margem continen-
com transcorrências associadas a empurrões e, tal passiva no SSE do Estado da Bahia está passando
para o estagio 3 da evolução anteriormente descrito,
(v) pode passar para SHmax > Shmin > Sv (estágio 5) típico com clara dominância de falhas transcorrentes, com
de zonas de empurrões. estrias strike-slip nos planos de falha, sobre falhas
normais, com estrias dip-slip.
Os estágios 1 e 2 já foram alcançados na geração das
bacias do tipo rift baianas (ver por exemplo Magnavita
1992, Magnavita et al. 2005, Destro 2002, Destro et al.

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4 Idades dos Campos truturas estão relacionadas a uma tectônica transcor-

de Tensão da Formação rente com presença de feições rúpteis clássicas do tipo


falhas de Riedel, pares de falhas paralelos concorren-
Barreiras e das Coberturas tes, falhas conjugadas, fraturas extensionais, entre ou-

Recentes tras, cuja síntese estrutural aparece na figura XIX.10e. O


resultado da análise de campos de tensão indicou uma
Em termos de idades de deformação, um inicio de res- compressão N140o como responsável pela geração de
posta pode ser visto em Ucha (2000), que estudou os todo esse grupo de estruturas em uma ambiência tec-
solos sobre os sedimentos da Formação terciária Bar- tônica transextensiva (s1 = horizontal, s2 = vertical e s3
reiras no Litoral Norte da Bahia, classificando-os como = horizontal). Desse modo é razoável se pensar que essa
latossolos amarelos com ou sem horizonte coeso e os seja a orientação do tensor máximo principal de campo
argissolos amarelos geralmente coesos. Porém ob- de tensão mais recente registrado na região.
servou que, com menor expressão espacial, aparecem
os argissolos acinzentados com ou sem horizonte co-
eso e os espodossolos com horizonte E álbico ou não,
e com ortstein e/ou duripã. É importante salientar 5 Motores de Geração dos
que os espodossolos estão associados às mussunun-
gas, denominação regional para as áreas deprimidas
Campos de Tensão
arenosas que apresentam na sua porção central uma Após a discussão sobre os mecanismos de geração de
zona de hidromorfia que, a depender da pluviosidade, campos de tensão e das idades possíveis das orienta-
pode sustentar um lençol freático durante a maior ções desses campos, em resumo, quatro orientações
parte do ano. Esse tipo de solo, por apresentar hori- s1 foram encontradas no estudo de planos de falhas
zontes argilosos compactos, é o ideal para preservar na Formação Barreiras no SSE da Bahia (Fig.XIX.11).
fraturas e falhas relacionadas a eventos neotectôni- Uma N-S, outra E-W, respectivamente paralela e or-
cos. Para esse autor os estudos através de topossequ- togonal ao contorno continental, uma terceira N40º
ências mostraram que os solos desenvolvidos sobre e outra quarta N140º. Tanto as N-S e E-W, quanto as
os tabuleiros costeiros no litoral baiano apresentam N40º e as N140º formam dois pares ortogonais entre
a sequência latossolo amarelo – argissolo amarelo – si. Todas essas orientações estão relacionadas às tec-
argissolo acinzentado – espodossolo. Esse processo tônicas transcorrentes.
de transformação aparece bem distribuído por todo o
domínio da Formação Barreiras, na área estudada. A A friabilidade dos pacotes sedimentares da Formação
datação via C14 desses solos revelou uma idade máxi- Barreiras dificulta enormemente a conservação de
ma de formação em torno de 27.000 anos. estruturas deformacionais, sugerindo que as marcas
da tectônica transcorrente ainda preservadas, seriam
No SSE da Bahia, mais precisamente na desemboca- pertencentes a uma fase (ou a subfase) mais recente
dura do Rio Jequitinhonha, foram identificados espo- de deformação. É também muito provável que devido
dossolos semelhantes aos anteriormente descritos, à idade, densidade e rigidez, a placa oceânica no SSE
estudados por Oliveira et al. (2007), abrindo uma pers- da Bahia esteja comprimindo, mesmo que de modo
pectiva extremamente favorável para a investigação de sutil, a crosta continental e os pacotes sedimentares
campos de tensão no holoceno. E, com efeito, em vários da Formação Barreiras na área estudada.
locais onde esses solos argilosos aparecem foram iden-
tificados padrões de falhas preservados, alguns deles Assim, quais seriam os motores de geração de campos
que podem ser vistos na figura XIX.10. Todas essas es- de tensão que poderiam estar associados aos padrões

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a b

d
c

Figura XIX.10 - Estruturas encontradas nos horizontes argilosos de solos na desembocadura do Rio Jequitinhonha (coordenadas de
localização em (e)). Em (a) sistema conjugado de fraturas, com fraturas T (extensionais) paralelas ao s1 (setas pretas), em (b) e (c) pares
paralelos e concorrentes de fraturas, em (d) fraturas de Riedel e em (e) quadro-síntese com as principais estruturas rúpteis observadas
no campo e dedução da orientação do tensor máximo principal (s1) responsável pela geração dessas estruturas
(a orientação local mais adequada é a N140º).

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Figura XIX.11 - Principais orientações dos tensores máximos principais (s1) no SSE do Estado da Bahia (setas vermelhas). As meias setas
brancas indicam as possibilidades de cisalhamento relacionados às compressões N140º e N45º.

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de orientação de tensores que geraram as falhas na norte para de sudeste para noroeste; e (iii) enquan-
Formação terciária Barreiras? to que as migrações pelo modelo NOVEL 1A indicam
uma movimentação uniforme da placa sulamericana
Um começo de entendimento pode estar na configu- para NW, os outros dois modelos apontam para uma
ração dos vetores de movimentação das placas tectô- compressão ou convergência entre os limites conti-
nicas monitorados por satélite (Fig.XIX.12, Fairhead & nentais W e E da placa sulamericana.
Wilson 2004) segundo três diferentes métodos, GPS,
NUVEL 1A e astronômico. Não é intuito desse texto A orientação do vetor de migração da placa sulame-
discutir as diferenças entre os métodos de monitora- ricana N330º-320º, entre as estações braz e fort, é
mento, porém vários detalhes chamam a atenção: (i) muito consistente com a orientação do s1 N140º en-
em toda a borda leste da América do Sul existe uma contrada para as deformações dos solos argilosos no
boa correlação entre as orientações obtidas nos três SSE do Estado da Bahia, indicando que esse pode ser
métodos; (ii) nas estações, de sul para norte, riog, o motor da geração dos campos de tensão no local
lpgs, braz e fort, as migrações evoluem de sul para (Corrêa-Gomes et al. 2003a, b, Corrêa-Gomes 2006).

Figura XIX.12 - Movimentos absolutos de placas tectônicas baseados em dados GPS do GFZ Potsdam, Alemanha para o período entre
1993-2000 (setas vermelhas), comparados com direções antigas preditas pelo modelo NUVEL 1A (setas pretas) e astronômico (setas azuis).
Notar que nas estações braz e fort existe uma boa aproximação entre os três métodos com setas indicando movimentos para
N330º-N320º(Fairhead & Wilson 2004).

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Por outro lado, observando as dimensões da placa 6 Implicações Regionais
sulamericana, as orientações N45º, ortogonais às
N140º, fazem crer que a migração dessa placa pode Apesar de, nesse texto, serem tratados os aspectos da
estar ocorrendo na forma de pulsos de compressão- neotectônica no Estado da Bahia algumas implica-
-extensão, nos quais o tensor maximo principal, s1 ções, em escala continental, podem ser esperadas da
inverte a orientação local com o s3 , em sistema push observação da figura XIX.11. O vetor de migração das
and pull (comprime e estende). placas tectônicas vêm sendo considerado como o prin-
cipal motor atual de geração dos campos de tensão
Já as orientações N-S e E-W parecem estar relaciona- na placa sulamericana (Saadi 1993, Lima 2000, Cor-
das às resultantes da interação de forças de tensão de rêa-Gomes et al. 2003a, b). Porém, localmente suas
1ª e 2ª ordens (Fig.XIX.7) canalizadas pela orientação interações e perturbações locais podem gerar orien-
espacial do contato entre as placas continental e oce- tações para o SHmax, diferentes daquelas esperadas
ânica, aproximadamente N-S na área estudada, tam- nos demais locais de exposição da Formação Barrei-
bém com inversão de orientação entre os s1 e s3 , atu- ras e solos endurecidos argilosos recentes.
ando em pulsos (Zoback & Magee 1991, Zoback 1992).
Em termos de Neotectônica regional pode-se supor que:
Para o segundo caso, observada a orientação das
dorsais N-S e falhas transformantes E-W próximas da (i) a orientação NW-SE possa ser observada em toda
região SSE da Bahia deve ser lembrado que o vetor da a extensão do litoral baiano e NE do Brasil possivel-
compressão da dorsal é ortogonal às dorsais e para- mente até o limite com o Atlântico Central (Bezerra
lelo às falhas transformantes. Dessa maneira o vetor 2000, Morais Neto & Alkimin 2001, Corrêa-Gomes et
de compressão da dorsal oceânica (ridge push) po- al. 2003a,b), onde a orientação E-W e N-S podem pas-
deria resultar em orientação E-W e N-S, atuando em sar a ser encontradas possivelmente relacionadas à
pulsos alternantes de compressão/extensão. Porém é compressão da dorsal oceânica.
também possível que essas orientações estejam liga-
das às resultantes da interação de forças de tensão de (ii) por outro lado, mais ao sul do Brasil, orientações
1ª e 2ª ordens (Fig.XIX.7) canalizadas pela orientação NW-SE e próximas de N-S, podem ser esperadas, e
espacial do contato entre as as placas continental e
oceânica aproximadamente N-S na área estudada, (iii) a resultante da convergência entre a placa oceâni-
também atuando em pulsos (Zoback & Margee 1991, ca de Nazca sobre a sulamericana seja materializada
Zoback 1992). na forma de uma compressão afetando praticamente
todo o miolo da plataforma sulamericana.
Em termos de deformação, orientações de tensores
máximos principais tais como as N140º e N45º, po-
dem implicar a geração de cisalhamentos sinistral e a
dextral, respectivamente, no limite placa continental/ 7 Síntese
placa oceânica e em suas vizinhanças, já as compres-
sões deviatórias N-S e E-W, podem causar alternân- As mais importantes conclusões que podem ser tira-
cias de compressões e extensões ortogonais entre si, das do estudo da Neotectônica na parte SSE do Estado
no momento de atuação de cada campo de tensão. da Bahia são:

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(i) as principais orientações dos lineamentos estrutu- nais (N-S e E-W) e diagonais (N40º e N140º) ao con-
rais regionais também aparecem impressas na For- torno continental;
mação terciária Barreiras, indicando que as mesmas,
representam reativações de estruturas mais antigas (v) a investigação de horizontes argilosos de solos,
do embasamento cristalino; com idade máxima estimada em 27.000 anos, encon-
trou preservadas estruturas rúpteis condizentes com
(ii) as orientações do tensor máximo principal (s1) são a atuação de um campo de tensão cuja orientação do
paralelas às orientações dos lineamentos estruturais tensor máximo principal foi N140º,
indicando a possibilidade de ter havido canalização de
tensão por parte das estruturas mais antigas; (vi) a orientação N140º para os tempos mais recen-
tes reforça fortemente a idéia de que o motor gerador
(iii) apesar da tectônica gravitacional de geração da desse campo de tensão foi o vetor de migração da pla-
plataforma continental estar ligada a formação e ca sulamericana e,
evolução da Formação Barreiras, nos planos de falhas
investigados predomina uma tectônica transcorrente (vii) o vetor de migração da placa sulamericana atu-
com estrias de baixo rake, o que pode significar que as ando em pulsos compressionais, parece explicar a
marcas cinemáticas relacionadas às falhas normais alternância das orientações do s1 N140º e N40º, en-
foram apagadas em função de ser uma das áreas de quanto que o vetor de tensão compressional da dor-
mais elevado índice pluviométrico do Brasil; sal oceânica (ridge push) seria o responsável pelas
orientações do s1 E-W e N-S, também atuando em
(iv) quatro orientações de tensores máximos princi- pulsos com participação local da interface crosta
pais (s1) se destacaram: N-S, N40º, E-W e N140º, cujas continental/crosta oceânica, como canalizadora de
orientações são respectivamente paralelas e ortogo- tensão (Fig.XIX.13).

Figura XIX.13 - Orientações dos tensores SHmax (setas vermelhas) e suas relações com os motores tectônicos geradores , na região SSE
do Estado da Bahia, atuando sobre a Formação terciária Barreiras e as e as coberturas sedimentares mais recentes. Em (a) o motor é a
compressão E-W da dorsal oceânica (ridge push), atuando em pulsos e em (b) o motor é o vetor de migração da placa sulamericana, N140º,
também atuando em pulsos (imagens extraídas do Google Earth 2010TM)

Neo tectônica • 515

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Evolução
Geotectônica e
Capítulo XX Metalogenética
Johildo S.F. Barbosa (UFBA)
Juracy de F. Mascarenhas (CBPM)
José Maria Landim Dominguez (UFBA)
Antonio Sérgio Teixeira Netto (Consultor)

1 Introdução
A Bahia é um dos estados do Brasil mais bem estudados do ponto de vista geológico. Essa frase é válida, con-
quanto ela careça ainda de mais dados de terreno, petrológicos, litogeoquimicos e isotópicos-geocronológicos
que permitam interpretar com mais segurança sua evolução tectônica e metalogenética.

À luz dos conhecimentos atuais da geologia da Bahia, esse CAPÍTULO XX foi elaborado a partir da extração das
principais interpretações dos autores responsáveis pelos outros capítulos. Com isso foi feita uma tentativa de
elaborar modelos evolutivos da geologia do Estado, desde o Arqueano até o Quaternário, compatibilizando a
evolução tectônica com seus principais depósitos e jazidas minerais, sendo excluídas as pedreiras de rochas or-
namentais, minerais industriais e de materiais para construção civil. Ilustram esses modelos tectônicos e meta-
logenéticos, seções geológicas esquemáticas, sequenciadas, correspondentes a cada Era com a interpretação da
gênese das rochas mostrando a ordenação das litologias, das mais velhas até as mais novas.

No Arqueano, um dos entraves em se identificar e coletar dados geológicos significativos das suas rochas é que
os seus processos orogenéticos foram camuflados ou apagados pelos processos orogenéticos mais novos. Esses
promoveram reciclagens, às vezes com metamorfismo e migmatização associados, chegando a diferenciar, de
forma intracrustal, a crosta continental. Em decorrência disso é difícil reconstruir a geologia arqueana do emba-
samento do Cráton do São Francisco (CSF) na Bahia, registrada nos diferentes blocos crustais (Gavião, Serrinha,
Jequié e Itabuna-Salvador-Curaçá) devido à forte presença, praticamente generalizada, da orogenia paleoprote-
rozoica, sempre acompanhada de granitogenêse sin e pós-tectônica. No Bloco Gavião, por exemplo, pesquisado-
res que atualmente estudam a região afirmam que as deformações e o metamorfismo-migmatização paleoprote-

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rozoico e neoproterozoico dificultam as reconstruções Lagoa Real e as vulcânicas do Grupo Rio dos Remé-
geotectônicas do Paleoarqueano e Mesoarqueano. As dios (CAPÍTULO VIII).
dificuldades poderiam ser minoradas se tivessem sido
realizadas, de forma mais ampla, pesquisas científi- No Neoproterozoico, nos oceanos que margearam o
cas aprofundadas, incluindo mapeamento geológico CSF na Bahia, a sedimentação, sobretudo marinha, foi
e datações geocronológicas em áreas específicas. muito representativa, com a formação de importantes
Ações com esses objetivos proporcionariam melho- pacotes sedimentares nas suas bacias marginais, Ser-
res explicações sobre a evolução tectônica que gerou, gipana, Rio Preto-Riacho do Pontal e Araçuaí. Nessa
tanto os granitoides TTG como os considerados gre- época, após período glacial, transgressões marinhas
enstone belts (GB) da região, a exemplo do Brumado, chegaram a elevar o nível do mar cobrindo pratica-
Guajeru, Riacho de Santana e Boquira, além das Sequ- mente todo o CSF, depositando sobre todas as rochas
ências Metavulcanossedimentares Caetité-Licínio de cratônicas grande quantidade de sedimentos pelíticos
Almeida e Urandi, a maioria delas portadoras de mi- e sobretudo calcáreos. Com a aproximação gradati-
neralisações (CAPÍTULO IV). Também, com a escassez va de outros cratons, adjacentes ao São Francisco, a
de pesquisas litogeoquímicas em litologias estrategi- tectônica neoproterozoica atingiu fortemente as mar-
camente selecionadas, ainda não foram identificados gens cratônicas deformando e metamorfisando suas
nesses terrenos granito-greenstone, vulcânicas de rochas sedimentares, fazendo aparecer, contempo-
fundo oceânico combinadas com rochas sanukitoides raneamente, diversas suítes granitoides que se colo-
ou adakíticas que pudessem induzir, com mais segu- caram de formas sin e pós-tectônica. Essa tectônica
rança, uma interpretação envolvendo microplacas e superpôs o embasamento do Cráton, ora deforman-
zonas de subducção arqueanas. do fracamente, às rochas da cobertura plataformal,
como no caso da maioria da sequências metassedi-
No Paleoproterozoico, além das coberturas vulcanos- mentares da Chapada Diamantina, ora atingindo pro-
sedimentares que soterraram alguns dos greenstone- fundamente as rochas dessa cobertura, chegando a
-belts do Bloco Gavião, destaca-se na parte leste da envolver o seu embasamento, como no caso do su-
Bahia, a colagem ou colisão de blocos arqueanos com doeste da Bahia, onde a forte intensidade das defor-
a geração de importante cadeia de montanhas. Essa, mações neoproterozoicas da Faixa Araçuaí formou
embora atualmente erodida, deixou expostas e relati- a Serra do Espinhaço Setentrional. Suas rochas se-
vamente bem preservadas suas raízes, deformadas e dimentares, antes horizontalizadas, com a orogenia
metamorfizadas em alto grau, que se estendem desde neoproterozoica se transformaram em metassedi-
o sul do Estado (Itabuna), até o norte (Curaçá), pas- mentos e se posicionaram inclinadamente com mer-
sando por Salvador (CAPÍTULO III). Trata-se dos ves- gulhos fortes para leste, com orientação próxima da
tígios crustais mais profundos do Orógeno Itabuna- direção N-S.
-Salvador-Curaçá.
O Paleozoico na Bahia aparece muito pouco, com suas
No Mesoproterozoico baiano, predominou a sedimen- rochas sedimentares localizadas em áreas restritas,
tação em zonas de rifts, presentes nas partes centrais próximas às fronteiras com o Piauí e Sergipe.
do Cráton do São Francisco, nas regiões do Espinha-
ço Setentrional, Bloco do Paramirim e Chapada Dia- O Mesozoico, ao contrário do Paleozóico, é bem re-
mantina. Nessa época a geração de rochas plutôni- presentativo na Bahia, tendo constituído o sistema
cas e vulcânicas foi relativamente pouco expressiva, de bacias sedimentares Recôncavo-Tucano-Jatobá, as
embora na transição paleo-mesoproterozoica sejam bacias da costa atlântica (Jacuípe, Camamu, Almada,
destacados o imenso Granitoide São Timóteo da Suíte Jequitinhonha, Cumuruxatiba) e a Bacia Urucuia, essa

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última ocupando grandes extensões do oeste do Es- 2.1 Bloco Gavião (Parte Norte)
tado. As rochas mesozoicas estão bem detalhadas no
CAPÍTULO XVIII.
(Fig.XX.1)

O Cenozoico, sem considerar as áreas espalhadas por O Paleo-Mesoarqueano da parte norte do Bloco
todo o Estado, as descrições geológicas de seus sedi- Gavião (CAPITULO III) está representado tanto por
mentos costeiros fazem parte dos CAPÍTULOS XV, XVI, gnaisses e migmatitos (TTG de idades variando entre
XVII e XVIII, embora estejam resumidamente descri- 3,44Ga e 3,40Ga) nas proximidades da Serra de Jaco-
tas no final desse capítulo. bina, como por ortognaisses e migmatitos na região
de Juazeiro e Petrolina. Nessa última região cinco
amostras de zircão registraram idades em torno de
3,5Ga e idades modelo Sm-Nd com valores variando
2 Arqueano de 3,7 a 3,0Ga, todas indicando fonte dominantemente
arqueana. Ainda nessa parte do Bloco Gavião, os Gre-
As pesquisas até agora desenvolvidas no embasa- enstone Belts Lagoa do Alegre, Salitre-Sobradinho
mento do Cráton do São Francisco na Bahia, sobre- e o Complexo Barreiro ou Greenstone Belt Barreiro-
tudo nas rochas arqueanas, estão permitindo separar -Colomi (CAPÍTULO IV), embora sem datações, quan-
seis segmentos crustais com características próprias, do relacionados com as outras rochas adjacentes,
ou sejam: (i) o Bloco Gavião onde predominam ter- permitem interpretá-los como de idade neoarquea-
renos gnáissicos e migmatíticos da fácies anfibolito na. Como destacado no CAPÍTULO III, não somente
entremeados de greenstone belts (GB) e sequências a falta de estudos geocronológicos e isotópicos, mas
metavulcanos- sedimentares, além de granitoides também a falta de informações, tornam inconsisten-
diversos; (ii) o Bloco Serrinha, onde também predo- tes as interpretações geológicas e consequentemente
minam migmatitos da fácies anfibolito; (iii) o Bloco o estabelecimento de modelos tectônicos.
Uauá onde no Mesoarqueano foi gerado o Comple-
xo anortosítico Lagoa da Vaca cujas encaixantes são Na parte norte do Bloco Gavião o Greenstone Belt
migmatitos semelhantes aos do bloco anterior; (iv) Mundo Novo é o mais conhecido devido à realização
o Bloco Jequié formado na sua quase totalidade por de mapeamentos de semidetalhe visando a prospec-
rochas equilibradas na fácies granulito; (v) o Cinturão ção mineral. Entretanto, como mostrado no CAPÍTU-
Itabuna-Salvador-Curaçá constituído por rochas para LO IV, os dados geológicos não permitem ainda inter-
e sobretudo ortometamórficas intensamente defor- pretar com clareza a evolução e ambiente tectônico
madas e na sua maioria equilibradas na fácies granu- que deu origem às suas rochas. Também o seu em-
lito e (vi) o Cinturão Salvador-Esplanada cujas rochas basamento não é bem conhecido, em que pese a se
estão gnaissificadas, embora em alguns locais sejam ter ciência das Sequências Inferior, Média e Superior
conhecidos migmatitos da fácies anfibolito, além de desse greenstone, apesar de estarem deformadas e
concentrações de granulitos como no caso de Salva- metamorfizadas na fácies xisto-verde/anfibolito. Des-
dor e sua periferia (CAPÍTULO III). tacam-se nesse greenstone belt as metavulcânicas
félsicas (dacitos) com idade U-Pb SHRIMP em zircão
de 3305±9Ma, interpretada como representando um
estágio magmático juvenil. Este dado isocrônico defi-
ne em termos de idade esse greenstone, visto que esse
valor encontrado nos dacitos é assumido também

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para os metabasaltos, formações ferríferas, cherts, e de areia de cromita, com a maior parte dessa produção
outras rochas associadas. vendida no mercado interno.

Em termos de metalogênese, vale mensionar que A evolução tectônica arqueana da parte norte do Blo-
no Greenstone Belt Mundo Novo, a 300m de profun- co Gavião, envolvendo o Greenstone Belt Mundo Novo,
didade, através furos de sondagem, foi encontrada o Complexo Saúde e o Complexo Máfico-Ultramáfico
lente (8m de espessura por 400m de comprimento) de Campo Formoso, incluindo suas mineralisações,
de SULFETOS MACIÇOS (~6,0% de Zn, 0,7% de Pb, está sugerida na figura XX.1.
~500ppm de Cu, 35g/t de Ag) (CAPÍTULO IV). Esses
depósitos são arqueanos e considerados como forma-
dos a partir de fluidos exalativos, cujas emanações 2.2 Bloco Gavião (Partes Oeste, Central e
podem ter sido difusas ou concentradas. Atualmente Sul) (Fig.XX.2)
esse alvo metalogenético continua sendo intensa-
mente pesquisado. Nos dias atuais, mapeamento de campo e pesquisas
laboratoriais vêm sendo desenvolvidas nas partes sul,
Ainda na parte norte do Bloco Gavião, encontra-se central e oeste do Bloco Gavião centrando esforços
também o denominado Complexo Ultramáfico de Cam- nos mapeamentos geológicos e estruturais na esca-
po Formoso (40km de extensão versus 100-1000m de la 1:60.000, nos estudos petrológicos, litogeoquími-
largura) com importantes mineralizações de CROMITA cos e geocronológicos, incluindo geofísica e química
(CAPÍTULO VII). Ele é intrusivo nos gnaisses e migmati- mineral. Essas pesquisas vêm sendo executadas por
tos situados ao lado oeste da Serra de Jacobina. As re- pesquisadores e professores da UFBA-Universidade
lações de campo, sobretudo a presença de cromita de- Federal da Bahia e financiadas: (i) pela CPRM-Com-
trítica nos metassedimentos basais paleoproterozoicos panhia de Pesquisa de Recursos Minerais através do
do Grupo Jacobina (CAPÍTULO VI), sugerem que esse PRONAGEO-Programa Nacional de Geologia; (ii) pela
complexo deve ter uma idade no mínimo neoarquea- CBPM-Companhia Baiana de Pesquisa Mineral; (iii)
na, embora não esteja descartada a possibilidade de ele pelo CNPq-Conselho Nacional de Desenvolvimento
ser paleoproterozoico (CAPÍTULO VII). As rochas desse Científico e Tecnológico e, (iv) pelo Acordo CAPES-
complexo encontram-se fortemente alteradas pelo au- -COFECUB. Esse último é um programa de colabo-
tohidrotermalismo, entretanto, algumas características ração cientifica entre pesquisadores do NGB-Núcleo
preservadas, tais como o bandamento rítmico das ca- de Geologia Básica-Mapeamento Geológico e Metalo-
madas com continuidade lateral, além da presença de gênese da UFBA e pesquisadores franceses das Uni-
rochas piroxeníticas sotopostas aos serpentinitos, per- versidades de Clermont-Ferrand, Rennes e Franche-
mitem compará-lo com outros complexos estratifor- -Compté, que dão apoio laboratorial às pesquisas nos
mes mundiais portadores de cromita (CAPÍTULO VII). domínios do metamorfismo, da geologia isotópica e
A FERBASA-Ferro Ligas da Bahia é detentora das jazi- geocronologia.
das e especializada em metalurgia, com a maior pro-
dução de ferro-cromo das Américas, desde os anos Nessas pesquisas, apesar de intensas, continuam sen-
sessentas do século passado. Apesar dessa performan- do encontradas dificuldades nas interpretações, visto
ce, o Distrito de Campo Formoso, com nove minas, es- que, como assinalado antes, se trata de uma região,
sencialmente plutônicas, cumuláticas, tem ainda vida onde terrenos paleo-mesoarqueanos foram superpos-
útil de 5,5 anos. Ele produz atualmente cerca de 10.000 tos por eventos geológicos mais novos, de idades va-
toneladas de cromo/mês que são transformadas em li- riando entre 2,7Ga, 2,0Ga e 570Ma. Vale destacar que,
gas de Fe-Cr, alto e baixo carbono, Fe-Si-Cr, Fe-Si além para complicar mais ainda, nesses terrenos do Bloco

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Figura XX.1 – Evolução tectônico-metalogenética da parte norte do Bloco do Gavião entre 3,4-3,0Ga. Semelhantemente às partes central
e sul desse bloco, mostradas adiante, o (GB) Mundo Novo deve ter-se formado em situação geológica intracratônica com TTG precoces
ou ligada a um arco (back-arc) de ilhas, cujo fundo oceânico deve ter-se subductado gerando outras rochas TTG com idades em torno de
3,4Ga. Suas rochas metavulcânicas dacíticas possuem idade de 3,3Ga. As supracrustais aluminosas do Complexo Saúde (CAPÍTULO VI)
ainda não têm idades confiáveis, entretanto, interpreta-se que elas podem ter sido formadas, subsequentemente, próximas dessa época,
assim como o Complexo Ultramáfico de Campo Formoso, ambos na transição Neoarqueano-Paleoproterozoico
(Esboço geológico inspirado nos CAPITULO III e IV).

Gavião, verifica-se que os dois primeiros eventos (2,7- terrenos paleoarqueanos da penetração de corpos
2,0Ga) tiveram atuação e ficaram registrados no mes- plutônicos calcialcalinos, a exemplo dos ortognaisses
mo nível crustal, fato que reforça as dificuldades nas Riacho da Faca (2726±30Ma) e Jurema (2627±9Ma),
interpretações geológicas ao longo do tempo: as para- indicando que nessa época deve ter havido recicla-
gêneses ígneas e metamórficas de ambos os eventos gem e diferenciação intracrustal de crosta TTG com
são similares, a grande maioria da fácies anfibolito. a produção de crosta mais nova granodiorítico-gra-
nítica, à semelhança do que ocorre na parte central
Na parte sul do Bloco Gavião, nas regiões de Caculé, desse bloco, nas proximidades do Contendas-Mirante
Ibiassucê, Ibitira e Ubiraçaba, essas pesquisas recentes (CAPÍTULOS VI, III, V). Como procuram mostrar as
estão mostrando que nos seus terrenos ortognáisico- figuras XX.2a e XX.2b, inseridas mais adiante, esses
-migmatíticos paleoarqueanos, ocorrem rochas TTG corpos granitoides surgem onde a crosta TTG mais
ou similares com magmas originais de 3406±65Ma e antiga foi reciclada por processos mais novos.
3141±27Ma, os quais podem ter-se originado da fusão
parcial de metabasaltos toleiíticos de fundo oceânico. Nos terrenos da parte central do Bloco Gavião (CA-
Apesar de não se ter ainda datação radiométrica, os PÍTULO III) os trabalhos evidenciam a existência de
anfibolitos (basaltos), intercalados com metaultra- três grupos de granitoides, paleo e mesoarqueanos
mafitos (komatiitos) subordinados, que ocorrem na (CAPÍTULO V).
base do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba, podem ter
sido a fonte das rochas TTG. Esses estão em conta- O primeiro grupo, que contém uma das rochas mais
to tectônico com os anfibolitos e metaultramáficas antigas da Bahia, são do tipo TTG (tendência predo-
do GB Ibitira-Ubiraçaba. Existem evidências nesses minante trondhjemítica) com idades que variam entre

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3403±5Ma (Granitoide Sete Voltas), 3353±5 (Granitói- elas estão estimadas em cerca de 278 milhões de tone-
de Boa Vista/Mata Verde) e 3378±6Ma (Granitoide ladas sendo extraída e beneficiada pela Magnesita S/A,
Bernarda). Os dois primeiros possuem εNd negativos Xilolite S/A. e Ibar Nordeste S/A. Pesquisas realizadas
e podem ter sido gerados pela fusão de crosta oceâni- em depósitos da Serra das Éguas utilizando elemen-
ca precoce possivelmente semelhante àquela da base tos maiores, menores e traços, além de isótopos de
da Sequência Contendas-Mirante e do Greenstone estrôncio, e substanciada pela composição isotópica
Belt Ibitira-Ubiraçaba. de carbono e oxigênio, estão permitindo interpretar
os ambientes geradores dos magnesititos e dolomi-
O segundo grupo tem tendência granodiorítica e é tos. Trata-se de ambientes sedimentares em águas
considerado como proveniente da fusão do primeiro rasas, marinhos a marinhos restritos com a salinida-
grupo. Eles possuem idades ligeiramente mais jovens, de variando de forma dependente da razão Mg/Ca dos
como são os casos dos granitoides Lagoa da Macam- precipitados. No caso específico dos magnesititos da
bira (3406±65Ma) e Aracatu (3325±10Ma). Esse último Serra das Éguas, as soluções foram mais diluidas, não
penetrou os Greenstone Belts estando arrodeado por hipersalinas, propiciando a deposição de carbonatos
sequências supracrustais, consideradas como pro- hipermagnesianos com importante atividade biológi-
longamentos do Greenstone Belt Guajeru (CAPÍTULO ca associada. Como será mostrado adiante, tanto o GB
III, V). Brumado como a maioria dos outros greenstone belts
do Bloco Gavião (partes oeste, central e sul), todos fo-
O terceiro grupo é considerado como advindo da fu- ram atingidos pelas deformações e metamorfismo pa-
são do segundo grupo. Idades mais jovens são encon- leoproterozoicos. Durante esses processos áreas exten-
tradas nesses granitoides como por exemplo o Serra sas de magnesititos foram transformados em TALCO
do Eixo (3158±5Ma) e o Mariana (3259±5Ma). Esse ter- devido à presença de soluções hidrotermais ricas em
ceiro grupo também mostra evidências de que intru- silício, que captaram o magnésio das encaixantes e for-
diram a base da Sequência Contendas-Mirante ou de maram esse silicato de magnésio.
outros Greenstone Belts da região (CAPÍTULO III, V).
Como o Greenstone Belt Boquira (CAPÍTULO IV) está
Na parte central do Bloco Gavião está igualmente incluído no contexto do Bloco Gavião, vale fazer refe-
situado o Greenstone Belt Brumado, cujos detalhes rência à importante mina de CHUMBO e ZINCO que,
encontram-se descritos no CAPÍTULO IV. Em termos embora paralisada e possivelmente exaurida, funcio-
de metalogênese vale chamar a atenção para a Serra nou durante muito tempo. Pesquisas anteriores na
das Éguas que está inclusa na parte superior da sequ- área permitem verificar que esse depósito é constituí-
ência desse greenstone. Nela está presente uma suces- do de sulfetos maciços de galena e esfalerita, com me-
são de metassedimentos representada por quartzitos e nor quantidade de pirita e pirrotita, além de cádmio e
formações ferríferas bandadas e, sobretudo, por meta- prata, que eventualmente estão também presentes.
carbonatos (calcário, dolomito e magnesita) formados As pesquisas ali realizadas definem um controle es-
por sedimentação química. Os metacarbonatos ocor- tratiforme para as mineralizações, onde a presença
rem em duas faixas, no alto e próximo das margens da de vulcânicas da Unidade Cristais, presente no vale
Serra. Mostram-se marmorizados, com predomínio de do Paramirim e pertencente ao GB Boquira, além de
metadolomitos, seguidos por mármores calcíticos e falhas associadas aos depósitos sugerem uma origem
metamagnesitos (magnesita). A MAGNESITA se apre- hidrotermal do tipo sedimentar-exalativo (SEDEX).
senta formando espessos pacotes (cerca de 100 metros Mapeamento geológico em escala adequada deve ser
de espessura) que constituem as enormes reservas la- realizado no local para melhor definir um modelo ge-
vradas desde 1940 na região de Brumado. Atualmente nético para as mineralizações de Boquira.

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Ainda na parte sul do Bloco Gavião, na Seqüência sido submetidos à contaminação crustal. Conclusão
Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante, des- importante em termos de idade do Umburanas adveio
crita no CAPÍTULO VI, os dados geológicos existentes, das análises geocronologicas U-Pb SHRIMP de zircões
embora relativamente antigos, levam a admitir que detríticos encontrados em quartzitos conglomeráticos
somente a sua sequência basal vulcanossedimentar da Unidade Inferior. Eles mostraram idades entre 3,3 e
pode ser considerada um greenstone belt. Ela come- 3,0Ga indicando a proveniência desses zircões de dife-
çou a ser instalada possivelmente em uma bacia do rentes fontes. Essas fontes foram próximas do ambien-
tipo back-arc ou similar, embora a presença de raros te de formação desse greenstone e que são também
basaltos associados a vulcânicas alcalinas, ambos compatíveis com as idades dos TTG antes citados.
considerados continentais, leve a admitir que essa
bacia pode ter sido também, inicialmente, do tipo in- As supracrustais komatiiticas da base do Greenstone
tracontinental, paleoarqueana a mesoarqueana. (CA- Belt Umburanas, apesar de possuírem idades incer-
PÍTULO VI). À luz do nível atual do conhecimento, a tas, os dados existentes mostram que elas são ligeira-
admissão da presença de uma bacia ligada a um arco mente mais novas que os granitoides paleoarquenos
vulcânico é devido à ocorrência de metabasaltos de do primeiro grupo de TTG e próximas daquelas do
fundo-oceânico (Formação Jurema-Travessão) indi- segundo grupo, ambos adjacentes às supracrustais
cando uma oceanização precoce subsequente. Essa máficas toleiíticas. Com efeito, conforme induzem
crosta oceânica sofreu subducção visto que ela deve as modelizações geoquímicas, pode-se supor que os
ter sido a geradora dos granitoides TTG do primei- TTG mais antigos podem ter vindo da fusão parcial
ro grupo referido antes. Com efeito, modelizações das vulcânicas máficas toleiíticas em zonas de sub-
geoquímicas têm evidenciado que esses TTG foram ducção. Entretanto, evidências no terreno desse pro-
originados da fusão de basaltos toleiíticos de fundo cesso ainda não foram identificadas e muito menos a
oceânico, deixando como resíduos, anfibolitos ricos vergência das supostas placas. Apesar disso na figura
em granada ou eclogitos (CAPÍTULO V, VI). Da mesma XX-2a é sugerida, de forma simplificada, a formação
forma, a geoquímica também evidencia que os gra- dos Greenstone Belts e suas mineralizações.
nitoides do segundo grupo são produtos da refusão
crustal dos TTG mais antigos. Esses granitoides do Ainda com relação ao Contendas-Mirante, no Neoar-
segundo grupo, através diferenciação intracrustal, ti- queano, em um estágio sincolisional precoce e quan-
veram origem similar ao primeiro, mas sofreram con- do finalizou a formação da Unidade Média, composta
taminação crustal (CAPÍTULO V) (Fig.XX.2a). entre outras de vulcânicas cálcio-alcalinas de arco,
com idade superior a 2,5Ga, intercaladas em meta-
No Bloco Gavião, nas proximidades oeste da Sequência pelitos da Formação Mirante, penetraram o sill es-
Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante, o Gre- tratificado do Rio Jacaré-Fazenda Gulçari com idade
enstone Belt Umburanas também se instalou. Neste U-Pb de 2649±4Ma (CAPITULO VII) e o granitoide Pé
último a idade dos metakomatiitos da Unidade Inferior de Serra de 2652±11Ma (CAPITULO V), o último muito
(CAPÍTULO IV), investigada do ponto de vista isotópico- raro no Arqueano, por ser alcalino. Começavam a se
-geocronológico pelo método Sm-Nd, não resultou em delinear os Blocos Gavião a oeste e, o Jequié, a leste.
dados conclusivos. As assinaturas isotópicas de Nd dos
metabasaltos associados aos metakomatiitos (Unida- Vale mencionar que o sill máfico-ultramáfico estra-
de Inferior) e dos metadacitos (Unidade Intermediária), tificado do Rio Jacaré-Fazenda Gulçari, referido antes
comparadas com as assinaturas isotópicas de Nd dos e situado no município de Maracás possui uma jazida
TTG circundantes, sugerem que as rochas vulcânicas de FERRO-TITÂNIO-VANÁDIO, com 23,2 milhões de
básicas têm idades próximas a eles, embora tenham toneladas, ligada a processos plutônicos cumuláticos

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a

Figura XX.2 – (a) Evolução tectônico-metalogenética das partes central e sul do Bloco do Gavião entre 3,4-3,1Ga. Na etapa inicial,
parcialmente extensional, houve a formação de granitoides TTG (primeiro grupo 3,4-3,2,Ga) através do consumo de crostas oceânicas
toleiíticas precoces. Contemporaneamente, formação de bacias inter-intracratônicas associadas a arcos e back-arc vulcânicos, como o (GB)
Umburanas com komatiitos na base e zircões detríticos (3,3-3,1Ga) nas formações siliciclásticas. Ainda na etapa extensional, formaram-
se BIFs e depósitos de Pb-Zn no (GB) Boquira, e de magnesita no (GB) Brumado. Está indicado também o aparecimento dos granitóides
do segundo (3,4-3,3Ga) e terceiro (3,2-3,1Ga) grupos. Não estão representadas as Seqüências Metavulcanossedimentares Caetité-Licínio
de Almeida e Urandi (parte oeste do Bloco Gavião referida adiante) com suas formações ferriferas e manganesíferas, consideradas como
geradas na transição Arqueano-Paleoproterozoico. (b) Esboço ampliado sugerindo a evolução tectônico-metalogenética das partes central
e sul do Bloco do Gavião entre 2,9-2,5Ga. Na etapa extensional ocorreu oceanização local e início da individualização dos Blocos Jequié e
Gavião. Penetração do Sill Rio Jacaré-Fazenda Gulçari e do Granitoide Pé de Serra, ambos em torno de 2,6Ga. Na etapa colisional precoce
ocorreu a reciclagem e diferenciação intracrustal dos TTG produzindo granitoides em torno de 2,7-2,6Ga, a exemplo dos granitoides
Riacho da Faca (2726±30Ma) e Jurema (2627±9Ma). Nessa etapa, no Contendas-Mirante surgiram vulcânicas cálcio-alcalinas (~2,5Ga)
de arco, intercaladas nos metapelitos da Formação Mirante. A Formação Areião, não indicada na figura, superpôs toda a Sequência
Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante (Esboços geológicos com base nos CAPITULOS III, IV e V).

a partir de piroxenitos e gabro-noritos. Considerada gap de idades leva a considerar que essa formação
como aquela de maior teor de vanádio conhecido no não fazia parte do empilhamento das supracrustais
mundo (1,44 de V2O5), está sendo atualmente desen- do (GB) Contendas-Mirante ou Sequência Metavulca-
volvida pela Largo Mineração do Brasil Ltda, com sua nossedimentar Contendas-Mirante (CAPÍTULOS IV e
explotação prevista para começar em 2012-2013. VII). Com relação ao (GB) Umburanas, em meta-an-
desito da sua unidade intermediária, foram encontra-
Após essas intrusões houve a sedimentação siliciclás- dos zircões com 2744±15Ma considerados como rela-
tica da Formação Areião que possui idade bem mais cionados à idade da cristalização magmática desses
nova que as rochas anteriores (CAPÍTULO III). Esse vulcanitos (CAPÍTULO IV) (Fig.XX.2b).

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No extremo oeste do Bloco Gavião não são importan- sido mais antiga que a do Bloco Gavião o qual, como
tes as evidências arqueanas, a não ser em alguns mig- visto antes possui rochas TTG com os zircões um pou-
matitos da fácies anfibolito do Complexo Santa Isabel co mais novos de aproximadamente 3,4-3,5Ga.
que, ao terem seus leucossomas investigados do pon-
to de vista geocronológico, exibiram idades paleo- O Peridotito Cromitífero de Santa Luz (CAPITULO III)
proterozoicas, embora ocorram zircões herdados do onde atualmente se explora CROMITA, é um conjunto
Arqueano. Isso quer dizer que a crosta dessa região, máfico-ultramáfico formado de serpentinitos, harz-
na sua maioria pode ter sido composta por rochas burgitos serpentinizados e cromititos maciços, todos
arqueanas, mas os processos evolutivos dessa época do Mesoarqueano. Os autores que estudaram esse
foram apagados pelas deformações, metamorfismo/ peridotito consideram que ele foi proveniente de um
migmatização paleoproterozoica e por imensos ba- líquido basáltico vindo do manto com características
tólitos sieníticos tardios também paleoproterozoicos, químicas semelhantes àquelas de ofiolitos cromitífe-
como aqueles da região de Guanambi. A Sequência ros. Como não existe datação confiável desse corpo,
Metavulcanossedimentar Urandi que ocorre na parte ele pode também estar relacionado a uma margem
oeste do Bloco Gavião, ao sul de Guananbi e próxima continental pretérita paleoproterozoica, a mesma do
à fronteira com Minas Gerais, ainda não possui idades Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru como está es-
geocronológicas, embora ela tenha sido deformada e boçado na figura XX.8 (item 3.3). A posição do micro-
metamorfizada pelos mesmos processos paleoprote- continente Santa Luz está indicada nessa figura. que
rozoicos que atingiram o Complexo Santa Isabel. mostra no Paleoproterozoico a formação do Greens-
tone Belt Serrinha-Rio Itapicuru.

2.3 Bloco Serrinha


2.4 Bloco Uauá
A história arqueana do Bloco Serrinha (CAPITU-
LO III) começa com o denominado Complexo Santa Este aflora no lado leste do Bloco Serrinha (CAPITU-
Luz do Mesoarqueano, constituído por um conjunto LO III), sendo formado do Complexo Uauá que, seme-
gnáissico-granitico-migmatítico do fácies anfibolito lhantemente ao Complexo Santa Luz é mesoarque-
e retrabalhado no paleoproterozóico como será mos- ano, da fácies anfibolito e constituido por gnaisses
trado adiante. Eles foram penetrados por granitóides e migmatitos, incluindo também alguns corpos de
também mesoarqueanos como por exemplo os de- granodioritos. O Bloco Uauá é considerado como au-
nominados Valente, Ambrósio, Requeijão e Maracanã tóctone (CAPITULO III). Seus indicadores cinemáticos
(CAPITULO V). Do ponto de vista geotectônico, iden- sugerem que, durante a tectônica que deu origem ao
tificaram-se nos TTG do Complexo Santa Luz, idades Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, mostrada adian-
em torno de 3,08 e 2,98Ga. A presença dessas rochas e te, o Bloco Uauá deslocou-se tectonicamente do sul,
suas características geoquímicas sugerem um mode- em direção ao norte, aglutinando-se à parte oriental
lo geotectônico de crosta basáltica sub-ductada. do Bloco Serrinha. O Complexo Lagoa da Vaca situa-
-se também no Bloco Uauá, sendo considerado meso-
Vale mencionar que as rochas do Complexo Santa Luz arqueano e formado basicamente de anortositos com
possuem idades próximas àquelas do Bloco Gavião idade de 3161±65Ma. Esse valor geocronológico o faz
com a diferença que, no Bloco Serrinha, dentro do diferenciar de outros corpos anortosíticos da Bahia,
Granitoide Quijingue do Paleoproterozoico foi encon- como aqueles do Rio Piau e Samaritana/Carapussê,
trado zircão herdado com idade de 3,6Ga. Isso indica ambos do Paleoproterozoico e referidos adiante.
que a história pretérita do Bloco Serrinha deve ter

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2.5 Bloco Jequié (Fig.XX.3) terozoico, como será mostrado depois. Com exceção
de investigações metamórficas realizadas nos kinzi-
O conjunto mais expressivo do Bloco Jequié (CAPÍTU- gitos (CAPÍTULO III) são ainda inexistentes trabalhos
LO III) é formado por granulitos heterogêneos orto e científicos de vulto sobre essas supracrustais. Entre-
paraderivados do Mesoarqueano. As rochas ortode- tanto, não pode ser descartada a possibilidade de elas
rivadas são basicamente constituídas de granulitos terem sido greenstone belts, da fácies xisto-verde ou
charnockíticos com enclaves de rochas máficas. As anfibolito, posteriormente granulitizados. Apesar da
rochas paraderivadas, consideradas as mais antigas granulitização regional, parte dessas rochas orto e
do Bloco Jequié, são constituídas de kinzigitos ou gra- paraderivadas ficou preservada na fácies anfibolito
nulitos alumino-magnesianos (originais metapeli- progresssiva, encravada pela tectônica e formando a
tos), quartzitos com ou sem granada (cherts antigos), denominada Banda de Ipiaú, esquematizada na figura
bandas de granulitos básicos (rochas vulcânicas), XX.14 do subitem 3.7.3. Essa banda manteve também
bandas ultramáficas com ocorrências de níquel (ko- corpos granitoides parcialmente indeformados, como
matiitos?), além de grafititos (material carbonoso) e aqueles de Itagibá, Santa Maria e Lua Nova, todos de
formações ferríferas bandadas (itabiritos) (CAPÌTULO idade mesoarqueana (CAPÍTULO V).
III). Atualmente, essas últimas, depois de deformadas
e recristalizadas na fácies granulito estão sendo moti- Os granulitos enderbítico-charnockíticos e augen-
vo de intensas pesquisas para FERRO, sobretudo nos -charnockíticos, que constituem também porções
municípios de Ibicui, Itororó, Iguaí e Nova Canaã pela mesoarqueanas importantes do Bloco Jequié, antes
empresa Aroeira Participações em consórcio com a da colisão paleoproterozoica eram rochas tonalítico-
CBPM-Campanhia Baiana de Pesquisa Mineral. Adi- -graníticas da fácies anfibolito que foram transfor-
ciona-se o fato que as rochas do Bloco Jequié, tanto madas em granulitos (CAPÍTULO III). A figura XX.3
orto como paraderivadas, eram da fácies anfibolito mostra a crosta continental do Bloco Jequié antes da
que foram deformadas e granulitizadas no Paleopro- colisão paleoproterozoica com intrusões múltiplas de

Figura XX.3 – Seção geológica simplificada no Bloco Jequié mostrando as rochas da fácies anfibolito.
Em preto e verde as rochas supracrustais (possíveis Greenstone Belts?) e em vermelho os granitos, granodioritos e tonalitos,
que depois da colisão paleoproterozoica, mostrada adiante, foram transformados em granulitos enderbíticos-charnoenderbíticos
e charnockiticos (Modificado de Barbosa et al.2005).

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granitos, granodioritos e tonalitos os quais depois da saltos podem ter sido subductados em alguma parte
colisão (deformação e metamorfismo) foram trans- do complexo, juntamente com seus sedimentos de
formados em granulitos enderbítico-charnoender- fundo oceânico, denominados de Complexo Tanque
bítico-charnockíticos. As rochas supracrustais foram Novo-Ipirá (CAPíTULO III) (Fig. XX.4).
também granulitizadas, sendo boas marcadoras ter-
mobarométricas Na parte norte do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá
ocorrem centenas de corpos de rochas máfico-ultra-
máficas de pequenas a médias dimensões no vale
2.6 Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá do Rio Curaçá, incluindo a Mina Caraíba (Fig.XX.4).
(Parte Norte) (Fig.XX.4) Essas minas são explotadas pela Mineração Caraíba
S.A. que elevou a Bahia a posição de segunda maior
No Mesoarqueano, na parte norte do Itabuna-Salva- produtora de COBRE do Brasil. Elas são compostas
dor-Curaçá (CAPÍTULO III), os protólitos do Complexo por gabros, leucogabros, piroxenitos, hiperstenitos
Caraíba podem ter-se originado em um ambiente tipo e noritos com sulfetos de cobre e magnetita, além
arco continental, entre 2,7 e 2,6Ga (idades em zircão de ocasionais enclaves de peridotitos e anfibolitos.
SHRIMP). Isso pode ser corroborado pela assinatura Incluindo as suas encaixantes supracrustais, essas
geoquímica calcialcalina dos seus granulitos char- rochas máfico-ultramáficas podem ser também re-
nockíticos e pelos seus valores do εNd que variam presentantes dessa crosta oceânica subductada, que
de positivos a ligeiramente negativos. Ademais, os foi posteriormente transformada em granulitos. En-
autores que estudaram os granulitos básicos den- tretanto, há outra interpretação para essas rochas
tro do Complexo Caraíba (CAPITULO III) indicam que máfico-ultramáficas da Caraíba: é que elas podem
eles possuem química de basaltos de fundo oceânico, ter sido intrusivas nas litologias do Complexo Caraíba
como por exemplo a Suíte São José do Jacuipe (idade sob a forma de sills, antes da granulitização paleo-
de aproximadamente 2,6Ga) (CAPITULO III). Esses ba- proterozoica. Com efeito, rochas noríticas da Mina Ca-

Figura XX.4 – Esboço geológico mesoarqueano na parte norte do Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, mostrando o aparecimento do Complexo
Caraíba (Oliveira et al. 2010). A oeste é indicado o Bloco Gavião com o Greenstone Belt Mundo Novo, conforme a figura XX.1. Estão
assinaladas também as rochas máfico-ultramáficas onde se situa a Mina de cobre Caraíba (Modificado de Barbosa et al. 2005)

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raíba foram datadas através U-Pb em zircões, tendo mostrado mais adiante e referido no CAPITULO III, as
sido encontradas idades de 2580±10Ma e uma idade deformações paleoproterozoicas e as recristalizações
de 2103±23Ma. No primeiro caso, trata-se de zircões metamórficas em alto grau foram muito intensas no
que indicam a época de cristalização e, no segundo, Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, tornando difícil
uma outra população de zircões, que sugere a época as reconstruções tectônicas arqueanas. Nas zonas de
do metamorfismo. Nessas rochas foram encontradas alto strain, por exemplo, onde as estruturas dos pro-
também idades de 2001±35Ma com o método Pb- tólitos foram completamente destruídas, não se pode
-Pb evaporação e idades de 2049±15Ma (ID-TIMS). A interpretar se as rochas magmáticas foram plutôni-
ausência de olivina e suas características isotópicas cas (tonalítico-trondhjemíticas) ou vulcânicas (dací-
indicam que essas rochas máfico-ultramáficas foram tico-riolíticas). Entretanto, a litogeoquímica permitiu
provenientes de um líquido basáltico toleiítico, que se evidenciar que, de leste para oeste, há um aumento
diferenciou em profundidade (CAPÍTULO III, VII). dos teores de potássio nos granulitos tonalítico-tron-
dhjemíticos e que os granulitos básicos possuem uma
química semelhante a basaltos de fundo oceânico
2.7 Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá tipo MORB. Esses dados possibilitaram interpretar a
(Parte Sul) (Fig.XX. 5) existência nessa época (~2,6-2,7Ga), de um conjunto
de arcos-de- ilhas ou de um arco continental cujos
granulitos básicos seriam os representantes dos ba-
Na parte sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá saltos de fundo oceânico e as supracrustais (forma-
(CAPÍTULO III) os granulitos básicos e sobretudo as ções manganesíferas, níveis de baritina, cherts, pe-
rochas paraderivadas não possuem idades geocrono- litos e formações ferríferas), os representantes dos
lógicas confiáveis. Entretanto são interpretadas como sedimentos do fundo oceânico correspondente. Vale
as mais antigas desse segmento crustal, porque elas registrar que o MANGANÊS supergênico (antigas
ocorrem como enclaves, deformados e re-equilibra- minas de Maraú e Santo Antônio de Jesus) além da
dos na fácies granulito, dentro dos protólitos granu- BARITINA (antiga mina de Piraí do Norte), foram ex-
lítico tonalítico-trondhjemíticos neoarqueanos. Como plotadas durante muito tempo na região (Fig.XX.5).

Figura XX.5 – Seção geológica na parte sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá sugerindo a presença de arcos-de-ilhas com a presença
de rochas vulcânicas e plutônicas cálcio-alcalinas, ao lado de basaltos de fundo oceânico. Estas foram superpostas por sedimentos,
incluindo formações manganesíferas e “camadas” de baritina que passaram a constituir depósitos de manganês e barita. As formações
ferríferas formadas nessa época estão também sendo pesquisadas para exploração do ferro (Modificado de Barbosa et al. 2005)..

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Todos os seus protominérios, assim como suas encai- zinhas (Fig.XX.6). Jacobina foi uma bacia sedimentar
xantes tonalítico-trondhjemíticas, foram deformados, de evolução policíclica cujas seqüências metassedi-
imbricados pela tectônica e granulitizados no Pale- mentares basais, dominantemente pelíticas origina-
oproterozoico, durante a colisão dos blocos Itabuna- ram-se em ambiente deposicional marinho de idade
-Salvador-Curaçá e Jequié, como será mostrado incerta. Entretanto, vale mencionar que essas sequ-
adiante. A propósito, essas sequências supracrustais ências pelíticas foram consideradas por alguns geó-
podem ter sido greenstone belts granulitizados. logos que estudaram a região como pertencentes ao
GB Mundo Novo que faz parte do embasamento da
bacia Jacobina. Voltando a adotar a interpretação de
2.8 Cinturão Salvador-Esplanada que as sequências psamítico-psefíticas se formaram
em ambiente deposicional marinho, elas indicam a
Trabalhos científicos aprofundados acoplados a ma- continentalização dessa bacia e podem representar
peamento geológico nesse cinturão são escassos, uma bacia de antepaís periférica. Os corpos perido-
dificultando ou mesmo impoedindo a emissão de in- títicos, alojados nas rochas metassedimentares de
terpretações sobre a evolução dessa parte da crosta origem continental, indicam a possibilidade de lascas
continental baiana (CAPÍTULO III). Segundo trabalhos tectônicas terem sido obductadas do manto litosféri-
realizados nesse cinturão, com exceção da parte sul co oceânico no estágio colisional mais avançado da
da Zona Salvador-Conde, que está preservada na fá- construção do orógeno mostrado mais adiante na
cies granulito, considera-se que a maioria das rochas figura XX.11 do subitem 3.6.3. Por sua vez, não está
do Cinturão Salvador-Esplanada estão fortemente descartada a hipótese de essas rochas ultramáficas
cisalhadas e retrometamorfizadas para a fácies an- terem sido derrames komatiíticos pertencentes ao GB
fibolito (rochas da Zona de Cisalhamento Aporá-Ita- Mundo Novo que foram intercaladas nos quartzitos
mira e rochas da Suíte Teotônio-Pela Porco), fato que do Grupo Jacobina pela tectônica paleoproterozoica.
prejudica, também, as interpretações sobre a tectô- Uma outra situação, dessa vez sincolisional é sugeri-
nica precoce da região. Entretanto, algumas datações da para o Grupo Jacobina, ou seja, durante a colisão
geocronológicas em grãos de zircão, sobretudo dos paleoproterozóica, mostrada a seguir, bacias do tipo
granulitos da cidade de Salvador levam a admitir que foreland podem ter-se formado entre o Bloco Gavião
seus protólitos são de idade mesoarqueana, embora e o Complexo Caraíba. Com efeito, a parte superior
reequilibrados no metamorfismo paleoproterozoico quartzítico-conglomerática do Grupo Jacobina possui
(CAPITULO III). zircões detríticos, que vieram de leste em direção a
oeste, os quais exibem idades mínimas em torno de
2,08Ga. A Formação Areião situada sobre a Sequên-
cia Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante (Fig.
3 Paleoproterozóico XX.2b) pode ter sido a correspondente mais ao sul dos
quartzitos desse grupo, visto que ela também apre-
senta zircões detríticos com idades semelhantes (CA-
3.1 Bloco Gavião (Parte Norte) (Fig. XX.6) PITULO VI).

Como descrito no CAPÍTULO VI, a bacia Jacobina Seja qual for sua origem, seguramente, a Serra de
formou-se no paleoproterozoico sobre rochas meta- Jacobina é o remanescente de uma bacia paleopro-
mórficas de médio grau e sobre o Complexo saúde e terozoica situada na margem leste do Bloco Gavião
Greenstone Belt Mundo Novo, ambos possivelmente (Fig.XX.6). Depois de deformada e sub-verticalizada,
deformados e metamorfizados como suas rochas vi- ela veio a formar um relevo montanhoso de cristas

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(quartzitos e metaconglomerados) e vales (rochas fundamente hidrotermalizadas com veios estreitos
metaultramáficas e metamáficas, quartzo-mica xis- de quartzo portadores de pirita e arsenopirita, e (iii)
tos e filitos). Alguns dos filitos são manganesíferos, ouro em veios de quartzo, em zonas de cisalhamento
que ao sofrerem supergênese, concentraram óxidos retrógradas que interceptam quartzitos. Nessa região
de MANGANÊS secundários, formando depósitos que a Mina Jacobina é a mais importante e possuidora de
foram explotados por varias décadas. Importante de- ocorrências de ouro do primeiro tipo.
pósito de BARITA próximo da localidade de Itapura,
ocorre ao lado de uma dessas ocorrência de man-
ganês. Vale colocar que esses depósitos podem ter 3.2 Bloco Gavião (Partes Oeste, Central e
pertencido ao GB Mundo Novo se for considerado que Sul) (Fig.XX.7)
as formações metassedimentares pelíticas anterior-
mente referidas, faziam parte da estratigrafia desse
greenstone (CAPITULO IV). Como referido no item 2.2, na parte oeste do Bloco
Gavião, as manifestações tectônicas arqueanas foram
A Serra de Jacobina possui depósitos de OURO impor- apagadas pelas deformações, metamorfismo-mig-
tantes sendo trabalhados atualmente pela Yamana matização paleoproterozoica e por imensos batólitos
Mineração. Eles podem ser classificados no minimo sieníticos tardios, também paleoproterozoicos (CAPÍ-
em três tipos de ocorrência: (i) ouro dentro de pale- TULO III, V). Nessa parte oeste processos paleopro-
oplaceres em metaconglomerados e quartzitos, o terozoicos se manifestam com mais clareza. No lado
qual sofreu remobilização com o calor, não somente ocidental da Serra do Espinhaço Setentrional, por
ligado ao metamorfismo mas, sobretudo, às intrusões exemplo, na estrada que liga as cidades de Caetité a
graníticas paleoproterozoicas pós-tectônicas; (ii) ouro Guanambi, afloram migmatitos charnockíticos com
em rochas metaígneas (metaperidotitos, metapiroxe- idade U-Pb SHRIMP em zircão de 2032±14Ma, indi-
nitos, metagabros e metadioritos) cisalhadas e pro- cando a presença do metamorfismo granulítico pale-

Figura XX.6. Seção esquemática da parte norte do Bloco Gavião mostrando a situação precoce da Bacia Jacobina no Paleoproterozoico. Seu
embasamento foram as rochas deformadas do Complexo Saúde e do Greesntone Belt Mundo Novo, além de suas rochas encaixantes orto e
paraderivadas, arqueanas (Modificado de Barbosa et al. 2005)..

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oproterozoico. Além disso, no denominado Complexo O que leva a associar as unidade superiores desses
Santa Isabel (CAPÍTULO III) neossomas e paleosso- greenstones arqueanos com as unidades dessa su-
mas de migmatitos típicos da fácies anfibolito estão posta bacia, não são somente as idades mas também
sendo datados. Dados preliminares estão indicando suas origens, visto que parte dessas rochas das uni-
também idades paleoproterozoicas, embora os pro- dades superiores ainda possuem suas características
tólitos sejam arqueanos, como mostram alguns zir- sedimentares parcialmente preservadas, apesar da
cões relíquiares ali presentes. Associada a essa mig- atuação dos processos tectônicos, metamórficos e
matização ocorrem corpos graníticos possivelmente migmatíticos paleoproterozoicos. Esse é o caso, por
provenientes de fusões “in situ” das rochas desse exemplo, de partes da Formação Areião.
complexo, advindas desse metamorfismo de alto a
médio graus. O plutonismo alcalino de dimensões Tanto esses metassedimentos e paragnaisses, que se
batolíticas que ocorre a oeste da Serra do Espinhaço situam aparentemente no topo desses greenstones,
Setentrional, formando intrusões múltiplas monzo- quanto as rochas TTG e vulcânicas básicas que se
-sieníticas, a exemplo do extenso corpo de Guanambi posicionam na parte inferior, todas foram fortemen-
(2054±8Ma) e corpos menores como aquele do Estrei- te atingidas pela orogenia paleoproterozoica. Isso é
to (2041±2Ma), também podem ser considerados tar- comprovado, visto que fusões parciais em metapelitos
dios ou contemporâneos a esse metamorfismo. do Greenstone Belt Ibitira-Ubiraçaba evoluíram para
formar granito do tipo “S”, denominado de Broco pe-
Nas partes central e sul do Bloco Gavião, novos dados los pesquisadores que atualmente estudam a região,
estão sugerindo que no Paleoproterozoico, houve a tendo sido neles encontrados zircões com idades de
formação de relativamente extensa bacia sedimentar 2038±8Ma. Também associado a esse metamorfismo
que, parece, encobriu a maioria dos greenstone belts e migmatização, houve a colocação de corpos grani-
(Ibitira-Ubiraçaba, Brumado, Guajeru). As vulcânicas tóides, como, por exemplo, os denominados Rio do
básicas e komatiíticas desses últimos, correlaciona- Paulo (1959±50Ma) e Caculé (2019±32Ma), ambos
das com aquelas arqueanas dos Greenstone Belts com características pós-tectônicas (CAPÍTULO V).
Umburanas e Contendas-Mirante (porção basal) per-
mitem interpretar que elas são também arqueanas. Jazida filoniana hidrotermal de BARITA, com cerca de
Por sua vez, datações inéditas em zircões detríticos 200.000 toneladas, foi encontrada na Unidade Supe-
de paragnaisses dessa bacia, que supostamente seria rior do Greenstone Belt Contendas-Mirante (Fig.XX.7).
a Unidade Superior sedimentar desses greenstones, A baritina possui baixo teor de ferro, elevado teor de
estão dando idades em torno de 2,0Ga. Isso também sílica e peso especifico em torno de 4. Ela será explo-
leva a considerar a existência de um enorme gap de tada pela empresa RISA S.A., do Grupo Magnesita.
idades entre a base vulcanogênica desses greensto-
nes e as suas supostas unidades superiores, essen- No caso do Domo ou Semi-Domo Lagoa da Macam-
cialmente pelíticas. Trata-se assim de um caso si- bira a sua ascensão arqueou as rochas do Greenstone
milar ao Contendas-Mirante onde, entre a Formação Belt Ibitira-Ubiraçaba que se situam atualmente nas
Jurema-Travessão da base da sequência (idade em bordas oeste e norte, com mergulhos para fora dessa
torno de 3,1Ga ?) e a Formação Areião do topo (zircões estrutura circular. Antes dessa ascensão, tanto esse
detríticos de 2,16Ga) (CAPITULO VIII), há um enorme greenstone como as rochas da parte interna dessa es-
intervalo de idade entre as duas, impedindo de consi- trutura oval foram deformadas no Paleoproterozoico.
derar essa última como fazendo parte da sequência Todo o conjunto apresenta foliações suborizontais, as
greenstone. quais foram redobradas, seguida por migmatização.

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Diferentemente do que foi colocado no CAPÍTULO III, camente por xistos, metapelitos e lentes de quartzitos
pesquisas recentes estão mostrando que essas estru- cujos detalhes encontram-se nos CAPÍTULOS III e IV.
turas circulares, embora se assemelhem àquelas que Entretanto, deve ser destacado que nos xistos e meta-
predominaram nos tempos arqueanos, onde a crosta pelitos dessa sequência são encontrados: (i) filitos ricos
continental e seus greenstone belts sofreram ascen- em ferro e manganês; (ii) itabiritos por vezes anfibo-
sões dômicas e sagducções, no presente caso, essas líticos, portadores de níveis ricos em especularita, em
“subidas” dômicas da crosta continental ocorreram quartzo (cherts recristalizados) e em alguns casos em
posteriormente à tectônica paleoproterozoica. O Domo grunerita; (iii) formações ricas em MANGANÊS com
de Aracatu, localizado a sudeste da cidade de Brumado, raros cristais de jacobsita no meio de agregados de
pode ter tido a mesma origem. Como está indicado na magnetíta, intercaladas com camadas ricas em an-
parte oeste da figura XX.7, essas estruturas dômicas se fibólio manganesífero; (iv) rochas cálciosilicáticas e,
formaram durante etapas de extensão da crosta Gavião, (v) mármores manganesíferos. As litologias ricas em
quando essa estava sendo distendida, durante o seu manganês, foram transformadas com a supergênese
afundamento para leste sob os Blocos Jequié e Itabu- em jazidas desse elemento, as quais nas décadas de 60
na-Salvador-Curaçá. Essa situação tectônica está esbo- e 70, constituíram minas economicamente explotáveis.
çada nas figuras XX.10 e XX.11 dos subitens 3.6.2 e 3.6.3. Por sua vez, fruto dos litotipos ricos em FERRO (CAPÍ-
TULO IV), grandes reservas de itabirito foram recente-
No Paleoproterozoico, ocorreu também a deposição mente descobertas e localizadas nas proximidades sul
de sedimentos da Sequência Metavulcanossedimen- da cidade de Caetité. A BAMIN-Bahia Mineração Ltda,
tar Caetité-Licínio de Almeida, que se situam sob as pretende explotar essas reservas com uma produção
rochas mesoproterozoicas do Supergrupo Espinhaço prevista de 18 milhões de toneladas/ano de pellets com
(CAPÍTULO VIII). Podendo fazer parte da suposta ba- 66-68% de ferro. Um terminal de embarque privativo
cia antes mencionada, a Seqüência Metavulcanosse- offshore está previsto para ser construído a norte da
dimentar Caetité-Licínio de Almeida é formada basi- localidade Ponta da Tulha, próxima a cidade de Ilhéus.

Figura XX.7 – Esboço geológico de parte do Bloco Gavião mostrando as Formações Areião/Mirante (metarenitos, metagrauvacas, folhelhos)
sobre o Greenstone Belt ou Sequencia Metavulcanossedimentar Contendas-Mirante. São indicados também paragnaisses da suposta bacia
referida no texto e que possuem zircões detríticos paleoproterozoicos (em amarelo com pontos pretos) além da diferenciação intracrustal
com manifestações de granitoides de 2,7Ga e 2,0Ga (em bege com traços amarelos). A Sequência Metavulcanossedimentar Caetité-Licínio
de Almeida está indicada na parte oeste (Inspirado nas informações dos CAPITULOS III, IV e V).

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3.3 Bloco Serrinha (Fig.XX.8) microcontinente formado pelo Complexo Santa Luz
(~3,0Ga), onde ao largo do seu proto-oceano se for-
Na parte norte e a leste do Orógeno Itabuna-Salva- mou, entre 2,15 e 2,12Ga, um arco-de-ilha, cuja cros-
dor-Curaçá situa-se o Bloco Serrinha e seu Greensto- ta basáltica mergulhava para leste (Fig. XX.8a). Esse
ne Belt Serrinha-Rio Itapicuru. Nesse bloco, pesqui- arco-de-ilha produziu um substrato basáltico que foi
sas recentes, sobretudo geocronológicas, têm mos- intrudido por TTG e plútons alcalinos. Com efeito, a
trado, em situação pré-colisional, a existência de um litogeoquimica concluiu que os metabasaltos são pa-

Figura XX.8 – Seções esquemáticas W-E na parte norte do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá mostrando a formação do Greenstone Belt
Serrinha-Rio Itapicuru em um contexto pré-colisional ao Orógeno. (a) Microcontinente Santa Luz e a formação de um arco-de-ilha. (b)
Cratonização precoce com a colisão do microcontinete Santa Luz com o Serrinha-Rio Itapicuru e formação de vulcanicas calcialcalnas. (c)
Colisão final anterior à formação do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá. Notar a presença do Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá posicionado a
oeste, antes da colisão paleoproterozoica. (Esboços geológicos inspirados em Silva 2001, Oliveira et al. 2010, Donatti Filho & Oliveira 2007).

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recidos com basaltos de transição oceano-continente. titos ortoderivados, entretanto o que os diferenciam é
As interpretações tectônicas sugerem que no Paleo- a quase onipresença, no último, de grande quantida-
proterozoico precoce, esse arco-de-ilha, colidiu com de de diques máficos. (CAPÍTULO XII).
o microcontinente Santa Luz, “cratonizando” a área
em cerca de 2,11Ga (Fig.XX.8b). Com a continuidade,
a crosta oceânica subductou esse craton em cerca 3.5 Bloco Jequié
de 2,08Ga, dessa vez mergulhando para oeste e for-
mando um arco de margem continental. Os meta- No Bloco Jequié com a colisão paleoproterozoica, ro-
basaltos, metandesitos, metadacitos e os metassedi- chas da fácies anfibolito foram transformadas em gra-
mentos químicos e clásticos desse greenstone foram nulitos. Vestígios desse processo de transformação são
posteriormente intrudidos por plútons TTG além de verificados nos centros de enclaves máficos presentes
diversos granitoides cálcio-alcalinos, todos paleopro- em granulitos charnockíticos (ex-granitoides de mais
terozoicos. baixo grau). Na parte central desses enclaves estão
ainda preservadas paragêneses da fácies anfibolito, en-
Resumindo, nesse arranjo geológico, interpreta-se quanto, nas suas periferias, as hornblendas estão sendo
a existência de um arco oceânico paleoproterozoico modificadas para ortopiroxênios, devido a reações me-
(2,15-2,12Ga) (Fig.XX.8a) que foi acrescido por coli- tamórficas progressivas de desidratação (CAPITULO III).
são ao embasamento arqueano do Bloco Serrinha
em cerca de 2,11Ga (Fig.XX.8b). Um cenário similar
pode ser considerado mais a oeste do primeiro arco 3.6 Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá
em 2,08Ga, com a crosta oceânica dessa vez mergu- (Parte Norte)
lhando para oeste (Fig.XX.8c). Efetivamente, meta-
-adakitos e metadacitos cálcio-alcalinos da parte A presença de um orógeno paleoproterozoico foi
central norte do greenstone sugerem a existência identificada na costa leste da Bahia, cujo eixo tectô-
dessa crosta oceânica mergulhando para oeste (Fig. nico, constituído de rochas granulíticas, é bem visível
XX.8c). Vale destacar que todo esse cenário ocorreu nos mapas geológicos, formando um típico mobile
antes da colisão paleoproterozoica. As minas de ouro belt (CAPITULO III). Essa colisão provocou a dispo-
denominadas Fazenda Brasileiro e Maria Preta po- sição das foliações e bandamentos das rochas com
dem ter tido seus primórdios nessa época. Entretanto, vergências centrípetas, para oeste e leste, formando
as concentrações mais importantes do ouro se deram um arranjo tectônico do tipo “flor positiva”. Este tipo
posteriormente em zonas de cisalhamento ligadas à de estrutura, melhor caracterizada na parte norte do
construção do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, orogeno é mostrada na figura XX.11 do subitem 3.6.3.
como referido adiante no subitem 3.6.2.
De uma forma geral, o orógeno em foco se distribui na
Bahia desde as imediações da cidade de Itabuna, ao
3.4 Bloco Uauá sul, até as imediações da cidade de Curaçá ao norte.
E, como passa a oeste da cidade de Salvador, foi deno-
No Bloco Uauá encontra-se o Greenstone Belt Rio Ca- minado de Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá.
pim (CAPITULO III) que é aproximadamente similar
ao Greenstone Belt Serrinha-Rio Itapicuru (CAPITULO Como mostrado no CAPÍTULO III, considera-se que
IV) e que foi também inicialmente formado em um ce- esse orógeno é o produto da colagem dos blocos ar-
nário pré a sin-tectônico. Assim como no Bloco Serri- queanos Gavião, Serrinha, Jequié e Itabuna-Salvador-
nha, no Uauá também ocorrem granitoides e migma- -Curaçá, os quais foram comprimidos devido a esfor-

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ços que se propagaram na direção NNW-SSE e que Em situação pré-colisional, a oeste do orogeno, en-
se deslocaram no sentido sinistral. O último bloco, contram-se a Bacia Jacobina e o Greenstone Belt
situado no eixo do Orógeno, foi o que sofreu maior Mundo Novo (Fig.XX.6) e a leste o Greenstone Belt
deformação, inclusive com o predomínio de zonas de Serrinha/Rio Itapicuru (Fig.XX.8) além do Greenstone
transposição sinistrais de direção NNE. Como ele foi Belt-Rio Capim.
fortemente comprimido entre os outros blocos, pas-
sou a ser considerado também como um cinturão tec- 3.6.2 Situação Sincolisão (Fig.XX.10)
tônico, ou seja, o Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá,
cujas três ultimas cidades também “batisaram” o re- Os esforços que deformaram o Orógeno Itabuna-Sal-
ferido orógeno (CAPÍTULO III). vador-Curaçá ocorreram com a colisão dos blocos ar-
queanos na direção NNW-SSE conforme mostram os
A seguir são incluídas seções esquemáticas, pré, sin indicadores cinemáticos impressos nas rochas meta-
e pós da evolução tectônico-metalogenética desse mórficas (CAPÍTULO III). O Bloco Serrinha se superpôs
orógeno, tanto na parte norte (Fig.XX.09, XX.10, X.11 ao Itabuna-Salvador-Curaçá e esse por sua vez sobre
quanto na parte sul (Fig.XX.12, XX.13, XX.14). o Gavião. Com a colisão, paulatinamente, as isógradas
do metamorfismo regional, foram subindo na crosta
3.6.1 Situação Pré-Colisão (Fig.XX.9) espessada pelas colisões, granulitizando e migmati-
zando os protólitos (Figs.XX.10a, XX.b). As rochas su-
O centro da parte norte do Bloco Itabuna-Salvador- pracrustais, sobretudo as alumino-magnesianas (an-
-Curaçá, é basicamente formado pelos Complexos tigos metapelitos) ao se granulitisarem criaram para-
Caraíba e Tanque Novo-Ipirá e pela Suíte São José do gêneses interessantes vindo de reações metamórficas
Jacuípe, todos arqueanos, conforme mostra a figura progressivas que permitiram estimar as temperaturas
XX.4, anteriormente mencionada. e pressões do metamorfismo, além de possibilitar es-

Figura XX.9 – Esboço geológico esquemático W-E na parte norte do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, mostrando os blocos arqueanos Gavião
(Fig.XX.6), Itabuna-Salvador-Curaçá (Fig.XX.4) e Serrinha (Fig.XX.8), antes da colisão paleoproterozoica (Modificado de Barbosa et al. 2005).

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tabelecer gráficos PTt (CAPITULO III). Identificaram- trito da Fazenda Brasileiro (Faixa Weber) na parte sul
-se, por exemplo, paragêneses de ultra-altas tem- e o distrito da Fazenda Maria Preta no setor centro-
peraturas em granulitos alumino-magnesianos na -norte. No caso da Faixa Weber, onde ocorrem as ja-
região de Mundo Novo, que ao atingirem seu ápice, zidas auríferas mais importantes, corresponde a uma
chegaram a provocar fusões parciais com o alojamen- zona de charneira de um antiforme da segunda fase
to de granitoides do tipo “S” com ortopiroxênio, esse de deformação dúctil, em ambiente da fácies xisto-
último mineral com química aluminosa relativamente -verde (CAPÍTULO III). Os corpos de minério situam-
alta, como era de se esperar (CAPÍTULO III). -se em zonas de alteração hidrotermal onde, na fase
progressiva de deformação dúctil-rúptil, contem-
Os processos sincolisionais que atuaram na parte nor- porânea ao metamorfismo, os fluidos sob elevadas
te do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá podem ser pressões (P fluidos =P total) percolaram as encaixan-
melhor identificados com o estudo dos granitoides que tes (sill ferro-gabroico toleiítico cisalhado gerando
penetraram contemporaneamente às deformações quartzo-clorita xisto rico em magnetita e rochas su-
tectônicas dúcteis (CAPÍTULO III). Como descrito no pracrustais adjacentes) captando o ouro e provocan-
CAPÍTULO V muitos desses granitoides foram datados do fraturamento hidráulico nas rochas. O ouro ocorre
pelos métodos U-Pb e Pb-Pb em zircão, tendo sido dis- associado a sulfetos, em bordas de veios carbonata-
tinguidas, nas suas porções internas, as deformações dos de zonas de cisalhamento do sill gabroico ou, sob
que produziram superficies iniciais suborizontaliza- a forma livre em veios de quartzo, também presentes
das. Essas superfícies, com a continuidade da colisão nessas zonas de cisalhamento. Datações Ar-Ar em
foram redobradas isoclinalmente formando dobras sericitas das rochas encaixantes indicaram idade de
apertadas com superfícies axiais subverticais, as quais 2050Ma para essas mineralizações. Vale reforçar que
geralmente encontram-se transpostas sinistralmente esse valor é compatível com o metamorfismo pro-
com lineações minerais subhorizontais, coincidentes gressivo paleoproterozoico.
com as direções dos eixos das dobras isoclinais.
Outros exemplos que marcam os processos sincoli-
No Bloco Serrinha, por exemplo, é grande a quantida- sionais são os corpos máfico-ultramáficos do Vale do
de de granitoides todos re-equilibrados na fácies an- Jacurici. A FERBASAS-Ferro Ligas da Bahia, assim
fibolito e com idades predominantemente riacianas. como faz atualmente no Complexo Ultramáfico de
Eles têm formas ovaladas, são alongados na direção Campo Formoso (Fig.XX.1) explora também o distrito
aproximada N-S e exibem foliação de fluxo magmáti- de CROMITA do Vale do Jacurici composto por corpos
co, superposta por uma tênue foliação tectônica, liga- mafico-ultramáficos, descontínuos, encaixados em
da às deformações paleoproterozoicas sintectônicas rochas supracrustais arqueanas do Complexo Cara-
(CAPÍTULOS III, V). Granitoides penetraram também íba (serpentina mármores, diopsiditos, metacherts,
na parte central norte do Orógeno, sendo re-equili- quartzitos e quartzitos ferruginosos). Essas foram de-
brados na fácies granulito, durante o paleoprotero- formadas e granulitizadas no Paleoproterozoico, tota-
zoico, a exemplo do Augen-Granulito Charnockítico lizando uma extensão norte-sul da ordem de 120km.
Riacho da Onça (CAPÍTULO III). O principal corpo, denominado Mina Medrado-Ipuei-
ra, onde as camadas de cromita são atualmente ex-
Dois distritos de OURO destacam-se nos terrenos do plotadas subterraneamente, é interpretado como um
Bloco Serrinha, mais especificamente no Greenstone sill dobrado (segunda fase de deformação do oroge-
Belt Serrinha/Rio Itapicuru, os quais estão sendo atu- no) constituindo um sinforme com plano axial verti-
almente trabalhados pela Yamana Mineração: o dis- cal, com vergência forte para oeste e eixo mergulhan-

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a

Figura XX.10 (a) (b)- Esboço esquemático W-E na parte norte do Orogeno Itabuna-Salvador-Curaçá mostrando as situações sin-colisionais
dos Blocos Gavião, Itabuna-Salvador-Curaçá e Serrinha (Modificado de Barbosa & Sabaté 2002, 2004, Barbosa et al. 2005). Note a indicação
do “mergulho” para leste do Bloco Gavião com a produção de foliações suborizontais. FG-fácies granulitio. FA-fácies anfibolito. FXV-fácies
xisto- verde (Modificado de Barbosa et al. 2005)

te para sul, com ângulos de 20-30o. Os corpos máfico- nitoides estão intensamente deformados semelhante-
-ultramáficos do Vale do Jacurici (CAPÍTULO III, VI), mente às suas encaixantes granulíticas. Eles penetra-
re-equilibrados na facies granulito, possuem idades ram quando as rochas granulíticas estavam em posi-
de cristalização de 2085±5Ma (U-Pb SHRIMP em zir- ção mais superficial na crosta, levadas pela “expulsão”
cão) próximas à idade do metamorfismo granulítico das rochas na fase final da colisão (CAPÍTULO III).
(2083±4Ma) (CAPÍTULO III).
3.6.3 Situação Pós-Colisão –Atual (Fig.XX.11)
Deve-se destacar também que na parte norte do oró-
geno, no seio das rochas granulíticas são identificados Situações pós-colisionais são encontradas na par-
granitoides alcalinos, sieníticos, paleoproterozóicos te norte do orógeno que materialisam-se sobretudo
sincolisionais, da fácies anfibolito. Entre eles desta- através de granitoides e corpos máfico ultramáficos,
cam-se os sienitos Itiúba e Santanápolis. Esses gra- pós-tectônicos (Fig.XX.11).

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No contato entre o Bloco Gavião e a parte norte do uma reserva de 12,5 milhões de toneladas de minério
Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, sobressaem os residual e 50 milhões de toneladas de minério primá-
granitoides que formam o denominado Lineamento rio. A produção atual é de 200 mil toneladas ano de
Tectônico Jacobina/Contendas-Mirante, todos cal- um concentrado fosfático com 33% de P2O5.
cialcalinos e peraluminosos, a exemplo do Campo
Formoso, Cachoeira Grande, Jaguarari e Carnaiba Voltando à região de Campo Formoso, as apófises
(CAPÍTULO V). pegmatíticas do Granitoide Carnaíba ao penetrar e
interagir com as rochas ultramáficas cromitíferas
Em termos de metalogênese não se pode deixar de serpentinizadas do Complexo Ultramáfico de Cam-
registrar, na parte norte do Bloco Gavião, a presença po Formoso, que se situa no Bloco Gavião, formaram
de importantes depósitos plutônicos de FERRO-TITÂ- flogopita-xistos metassomáticos portadores sobretu-
NIO-VANÁDIO hospedados em metapiroxenitos-ga- do de berilos e raras ESMERALDAS. A cor verde da
bro-anortositos do complexo intrusivo acamadado de esmeralda é atribuída ao cromo em sua estrutura ad-
Campo Alegre de Lourdes. Este está sendo atualmen- vindo das rochas ultramáficas cromitíferas. Essa re-
te trabalhado pela Largo Mineração do Brasil Ltda gião é a segunda mais importante produtora nacional
que definiu no minério maciço aflorante, 133 milhões de esmeralda.
de toneladas com teores médios alcançando 49,98%
de Fe2O3, 20,74% de TiO2 e 0,75% de V2O5. (Fig.XX.10a). Na parte sul do Bloco Gavião, a situação pós-coli-
sional do Paleoproterozóico está representada por
Ainda no município de Campo Alegre de Lourdes, dezenas de corpos graníticos ovalados, de pequenas
mais especificamente no povoado de Angico dos Dias, dimensões, indeformados, anorogênicos que pene-
na fronteira Bahia-Piauí, as reservas de FOSFATO traram indistintamente as rochas mais antigas. Pode-
vêm atraindo investimentos públicos e privados para -se citar como exemplos os Granitoides Rio do Pau-
a região. Elas foram adquiridas pelo Grupo Galvani da lo, Caculé e Espírito Santo (CAPÍTULO V). Entretanto
CBMM-Companhia Brasileira de Metalurgia e Mine- merece destaque, por sua extensão, o Granitóide Gua-
ração que criou a UMA-Unidade de Mineração Angico nambi onde nele são individualizados dois conjuntos:
dos Dias. Essas reservas têm potencial para atender (i) as intrusões múltiplas precoces de Paratinga, La-
ao mercado nordestino, entretanto sua explotação guna, Igaporã e Guanambi e, (ii) as intrusões tardias
era inviável devido a precária infraestrutura da região denominadas de Maciço Cara Suja, Estreito e Ceraíma
e sobretudo pela falta d’água. A UMA e a empresa Todos têm características monzo-sieníticas, são cla-
Galvani Indústria, Comércio e Serviços desenvolveu ramente indeformados, tendo penetrado as rochas
então um novo processo de concentração de rocha gnáissico-migmatíticas (fácies anfibolito e granulito)
fosfática a seco que viabilizou a explotação do fosfato do Complexo Santa Isabel como referido anterior-
no semiárido do Nordeste. Com a nova tecnologia, as mente (CAPÍTULO V).
atividades de mineração começaram em 2005 com a
capacidade para 30t/h de concentrado fosfático. As A situação pós-colisional está também bem marcada
reservas situam-se em uma posição estratégica fren- no Bloco Serrinha onde são inúmeras as ocorrências
te ao mercado consumidor de fertilizantes, agitado de corpos graníticos indeformados, pós-tectônicos, de
pela expansão agrícola no oeste da Bahia e sul do idade predominantemente orosiana. Suas foliações
Piauí. A mina de rocha fosfática de Angico dos Dias são irregulares e claramente de fluxo magmático.
encontra-se no Cráton do São Francisco, no extremo Como exemplo podem-se citar os Granitoides Mor-
norte do Bloco Gavião, próximo aos limites com a Fai- ro do Afonso, Cansanção, Agulhas-Bananas, Itareru,
xa de Dobramento Rio Preto (CAPÍTULO III, IX). Possui entre outros, todos dentro do domínio da fácies an-

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Figura XX.11 – Seção esquemática W-E na parte norte do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá mostrando situação pós-colisional dos Blocos
Gavião, Itabuna-Salvador-Curaçá e Serrinha (Modificado de Barbosa & Sabaté 2002,2004, Barbosa et al. 2005). Na parte ocidental dessa
seção está indicado o afinamento-extensão e ascensão da crosta formando estruturas dômicas. FG-fácies granulito; FA- fácies anfibolito;
FXV- fácies xisto verde (Modificado de Barbosa et al. 2005).

fibolito. Na fácies granulito, dentro da parte norte do forem considerados os terrenos do Gabão, África. No
Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, ocorrem também continente africano as rochas deformadas no Paleo-
granitoides. Entretanto, diferentemente das suas en- proterozoico vergem para leste. Nesse caso, compa-
caixantes, possuem paragêneses da fácies anfibolito, tibilizando a situação no sul da Bahia com o oeste do
semelhantemente ao Morro do Afonso, Cansanção, Gabão, pode-se então prolongar o eixo do Orógeno
Agulhas-Bananas e Itareru. Com essas característi- Itabuna-Salvador-Curaçá para esse país africano.
cas, os mais estudados foram os Granitoides Bravo, Fica assim também caracterizada a “flor positiva” na
Pedra Solta, Gavião-Morro do Juá e o Pé de Serra- parte sul do orógeno, similarmente à sua parte norte.
-Camará (CAPÍTULO V).
3.7.1 Situação Pré-Colisão (Fig.XX.12)

3.7 Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá Na parte sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá,


(Parte Sul) antes da colisão paleoproterozoica, havia um cenário
geotectônico como mostrado na figura XX.12, sem in-
Diferentemente da parte norte do orógeno, na parte cluir a sedimentação continental da Formação Areião
sul da Bahia as vergências das rochas não são centrí- que precedeu o estágio de colisão. No embasamen-
petas. Elas vergem para oeste, quando então o Bloco to Gavião já haviam se instalado os greenstone belts
Itabuna-Salvador-Curaçá superpôs o Bloco Jequié e arqueanos, Umburanas, Brumado, Ibitira-Ubiraçaba,
esse o Bloco Gavião (CAPÍTULO III). Como será mos- Guajeru, Riacho de Santana e Boquira, além dos TTG
trado na seção da figura XX.14, a situação de “flor (paleoarqueanos) e dos ortognaisses e migmatitos e
positiva”, encontrada na parte norte do orógeno, não do Complexo Santa Isabel (mesoarqueanos). Da mes-
existe de forma completa na parte sul. A não ser se ma forma, as Sequências Metavulcanossedimentares

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Figura XX.12 – Esboço geológico esquemático W-E na parte sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, mostrando os blocos arqueanos
Gavião (Fig. XX.1, XX.2a, XX.2b), Jequié (Fig.XX.3) e Itabuna-Salvador-Curaçá (Fig.XX.5) antes da colisão paleoproterozoica
(Modificado de Barbosa et al 2005).

Caetité-Licínio de Almeida e Urandi se formaram an- lito Riacho da Onça (citado antes), essa suíte (TT1)
tes da colisão paleoproterozoica. Com efeito, sobretu- penetrou de forma sintectônica, na continuação sul
do nos greenstones, estão sendo encontradas idades desse orógeno, durante o Paleoproterozoico, no pico
paleoproterozoicas nos granitoides pós-tectônicos do metamorfismo regional.
que as atravessam. (CAPÍTULO III).
Exemplificando a situação sincolisional destacam-
Como descrito anteriormente, na parte sul do Cintu- -se os granulitos monzoníticos e monzodioríticos
rão Itabuna-Salvador-Curaçá, mais próximo da costa que ocorrem também na parte sul do orógeno, sob
atlântica predominam granulitos tonalítico-trondhje- a forma de megacorpos plutônicos, com extensões
míticos, cujas idades de cristalização são arqueanas. quilométricas (100-150km) dispondo-se na direção
Esses metaplutonitos, denominados no CAPÍTULO III N10oE e, com larguras variando de 5 a 10km, sempre
de (TT2) e (TT5) foram fortemente deformados e re- deformados e re-equilibrados pelo metamorfismo
cristalizados na fácies granulito durante o Paleopro- granulítico. Nas regiões de Valença e Ubaitaba, es-
terozoico, A figura XX.12 mostra como era o cenário ses corpos não têm ainda denominação, entretanto,
dessa porção do orógeno no Arqueano. na região de Uruçuca eles foram batizados com os
nomes Água Sumida, Rio Paraíso e São Geraldo. Nas
3.7.2 Situação Sincolisão (Fig.XX.13) regiões de Camacã e Potiraguá essas rochas foram
agrupadas na chamada Suíte Pau Brasil (granulitos
Durante a colisão paleoproterozoica na parte sul do tonalíticos, granulitos quartzo-monzoníticos, granu-
orógeno intrudiram sintectonicamente corpos de to- litos monzoníticos e granulitos charnockíticos). Dados
nalitos trondhjemíticos (TT1) com zircões magmáti- de evaporação Pb-Pb em seus zircões foram obtidos
cos exibindo idades U-Pb (SHRIMP) de 2131±5Ma e nos seus protolitos exibindo idades de cristalização
2191±10Ma com TDM=2,5Ga (εNd=-1,6 para 2,2Ga). Es- variando no intervalo de 2090 a 2080Ma. Igualmente
sas idades magmáticas dos zircões são relativamente nessas rochas foram obtidas idades em zircões plu-
próximas àquelas do pico do metamorfismo de alto tônicos de 2075±16Ma e 2089±2Ma (ambas ID-TIMS),
grau que atingiu essas rochas. Efetivamente, nas pe- com TDM=2,5 (εNd=-1,7 para 2,2Ga) (Fig.XX.13).
riferias dos zircões desses mesmos granulitos (TT1)
são registradas idades U-Pb (SHRIMP) de 2069±19Ma Como referido no CAPÍTULO III, comparando as ida-
e 2109±17Ma. Essas idades permitem considerar que, des de cristalização dos granulitos da parte sul do
semelhantemente ao corpo plutônico Augen Granu- orógeno com a idade do metamorfismo, pode-se

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a

Figura XX.13 (a) (b). Seção esquemática W-E na parte sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá mostrando as situações
sincolisionais dos Blocos Gavião, Jequié e Itabuna-Salvador-Curaçá FG-facies granulito; FA- fácies anfibolito;
FXV- fácies xisto-verde (Modificado de Barbosa 2005).

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deduzir que esses corpos plutônicos referidos ante- bos” penetrantes quase verticalmente nas rochas gra-
riormente, foram introduzidos sintectonicamente à nulíticas. Suas rochas possuem caráter toleiítico com
granulitizacão da região, próximo ao seu ápice: seus as texturas primárias de acumulação preservadas,
piroxênios estão re-equilibrados pelo metamorfismo incluindo as mineralizações de sulfetos de NÍQUEL
em temperaturas em torno de 830oC. e com PLATINÓIDES subordinados. Em situação se-
melhante às rochas gabro-anortosíticas referidas
3.7.3 Situação Pós-Colisão-Atual (Fig.XX.14) adiante, eles se apresentam muito pouco deformados
e com idades em seus zircões em torno de 2,0Ga. O
A figura XX.14 esboça a situação pós-colisional do corpo da Fazenda Mirabela foi o mais estudado, onde
orógeno na parte sul da Bahia. Chama a atenção, a os principais depósitos, são lavrados atualmente a
presença de uma faixa de orto e paragnaisses da fá- céu aberto (160 milhões de toneladas de minério sul-
cies anfibolito alto, encravada nos terrenos granulíti- fetado e laterítico), pelo grupo australiano Mirabela
cos pela tectônica. Essa foi denominada de Banda de Mineração do Brasil Ltda. A Mina Santa Rita é a se-
Ipiaú. gunda maior do mundo em níquel sulfetado.

Em situação pós-colisional destaca-se também na No Bloco Jequié ocorrem maciços gabro-anortosíticos


parte sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá as in- mineralizados em FERRO-TITÂNIO-VANADIO. Os mais
trusões máfico-ultramáficas, formadas basicamente importantes são denominados de Rio Piau e Samarita-
de dunitos, peridotitos, ortopiroxenitos e gabros da na/Carapussê, A litogeoquímica tem mostrado que esses
Fazenda Mirabela a Palestina (CAPÍTULO VII) (Fig. corpos foram provenientes da cristalização de magmas
XX.14). São corpos estratificados com formato de “tu- toleiíticos, entretanto não há confirmação se vieram ou

Figura XX.14 – Seção esquemática W-E na parte sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá mostrando as situações pós-colisionais dos
Blocos Gavião, Jequié e Itabuna-Salvador-Curaçá (Modificado de Barbosa 2005).

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não da mesma fonte mantélica. Idades recentes através ta continental era e ainda mantêm-se mais espessa.
do método U-Pb SHRIMP em zircão estão indicando que suas vizinhanças, como está esboçado na figura
para essas intrusões gabro-anortosíticas, valores em XX.18b do item 5.3. Apesar dessas espessuras crustais,
torno de 2,0Ga. Embora estejam re-equilibradas pelo durante processos extensivos, surgiu um sistema de
metamorfismo granulítico paleoproterozoico, no esta- sinéclises e rifts, iniciado antes de 1,7Ga, cujo preen-
do subsolidus, elas não estão deformadas como as suas chimento por material supracrustal, essencialmente
encaixantes. Assim, não somente com relação à defor- sedimentar, foi mesoproterozoico e que extrapolou os
mação e as idades, mas também em função das suas limites dessa região e em alguns casos até os limites
relações de campo com as encaixantes, interpreta-se do atual Cráton do São Francisco (Fig.XX15, XX.16).
que esses corpos intrusivos são tardi a pós-tectônicos e Na época da desestabilização dessa área cratônica,
contemporâneos ao pico do metamorfismo granulítico na transição paleoproterozoico-mesoproterozoico,
paleoproterozoico. Outro fato que merece destaque é a intrudiram os sienitos, sienogranitos e alcaligranitos
descoberta pela Rio Tinto Desenvolvimento Mineral nos da Suíte Lagoa Real (CAPÍTULO III, V). O magma que
últimos três anos, na região de Jaguaquara, da presen- formou essa suíte, penetrou nas falhas desses rifts e
ça de grandes depósitos de BAUXITA proveniente da al- se manifestou na superfície, constituindo as rochas
teração intempérica dessas rochas gabro-anortosíticas vulcânicas félsicas, em parte explosivas, entremeadas
e dos granulitos charnockíticos encaixantes. Na figura por arenitos conglomeráticos, todas fazendo parte do
XX.14, que esboça a situação pós-tectônica do Orógeno Grupo Rio dos Remédios. Sob esse grupo situam-se as
Itabuna-Salvador-Curaçá foram indicados esses corpos Formações Serra da Gameleira e Algodão, como será
gabro-anortosíticos. mostrado um pouco mais adiante.

Vale destacar também as possantes estruturas dômi- Com relação à metalogênese, na Suíte Lagoa Real são
cas pós-tectônicas encontradas na parte sul do oró- conhecidos um ou mais níveis de albititos minerali-
geno, mas somente na porção setentrional do Bloco zados em URÂNIO (uraninita ou pechblenda). Esse
Jequié. A mais importante se chama Domo de Brejões minério é explotado atualmente pela estatal INB-In-
cujos charnockitos têm idade paleoproterozoica (CA- dústrias Nucleares do Brasil, na mina da Fazenda Ca-
PÍTULO III). choeira, situada a cerca de 38km a norte da cidade de
Caetité. Quanto à sua gênese, existem controvérsias,
tanto com relação aos processos que originaram a
3.8 Suíte Lagoa Real e Vulcânicas Rio dos mineralização, quanto com relação à idade e as defor-
Remédios mações dúcteis ali presentes. Sabe-se que o Granitoi-
de São Timóteo foi a rocha plutônica original formada
Desde o Estateriano (Paleoproterozoico) até o Edia- a cerca de 1,7Ga e que a deformação que o ortognais-
carano (Neoproterozoico), o Cráton do São Francisco sificou foi de idade neoproterozoica, ligada à inversão
na Bahia experimentou uma sucessão de eventos de do Aulacógeno do Paramirim explicitada na figura
subsidência, alternados com períodos de soergui- XX.18b e no CAPITULO X. As rochas ortognaissifica-
mento. Durante as subsidências, formaram-se as ba- das, com fortes foliações penetrativas na Suíte Lagoa
cias receptoras das unidades de cobertura, que hoje Real, somadas às suas relações texturais, sugerem
se encontram superpostas (Fig.XX.15) e parcialmente que os albititos mineralizados em urânio surgiram
invertidas (Fig.XX.18b) (CAPÍTULO VIII). do metassomatismo sódico que transformou os fel-
dspatos alcalinos em albita. A principal dúvida reside
Como mostra o CAPÍTULO II, no final do Paleoprote- na idade desse metassomatismo: (i) se está associada
rozoico, na região do atual vale do Paramirim, a cros- aos fluidos finais da cristalização do São Timóteo; (ii)

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se está ligada às deformações neoproterozoicas, ou Chapada Diamantina: (i) o primeiro evento, iniciado há
ainda (iii) se está associada a outras intrusões tardias, cerca de 1,6Ga, compreende uma ampla sinéclise que
posteriores a 1,7Ga. ultrapassou de forma considerável os limites do Au-
lacógeno Paramirim, resultando na acumulação dos
Vale registrar que as félsicas supracitadas (riolitos depósitos dos Grupos São Marcos e Paraguaçu além
com fenocristais de quartzo azul), consideradas como dos Grupos Santo Onofre e Chapada Diamantina; (Fig.
correspondentes vulcânicos da Suíte Lagoa Real são XX.15c) (ii) o segundo evento, ocorrido entre 1,4 e 1,0Ga,
possuidoras de ocorrências de ESTANHO. Essas fo- refere-se também a uma sinéclise, onde os registros
ram pesquisadas alguns anos atrás e consideradas da primeira apresentam dimensões relativamente
anti-econômicas reduzidas, quando comparadas com essa que é bem
mais expressiva em termos de área de exposição, que
ocupou toda a metade ocidental do Espinhaço baiano,
projetando-se para sul no Estado de Minas Gerais e, (iii)
4 Mesoproterozoico o terceiro evento, que se estabeleceu no final do perío-
do Toniano e início do período Criogeniano.

4.1 Supergrupo Espinhaço (Fig.XX.15) A peça continental, hoje correspondente ao Cráton do


São Francisco, teve suas margens submetidas a novo
O sistema de rifts referido antes e que teve início no evento distensional que, com a acumulação de sedi-
Paleoproterozoico, compreende dois extensos grábens mentos, formaram posteriormente as faixas de dobra-
de orientação NNW-SSE, separados por um grande mento, como descritas mais adiante (itens 5.2, 5.4, 5.5).
horst, que no total foi denominado de Aulacógeno do
Paramirim (CAPÍTULO VIII) (Fig.XX.15a). O gráben ou
ramo oriental do sistema corresponde à atual Chapa- 4.2 Diques Máficos e Kimberlitos
da Diamantina e o gráben ocidental refere-se à atual
Serra do Espinhaço Setentrional. O Bloco do Parami- Ocorrências de diques e sills máficos mesoproterozoi-
rim representa o antigo horst, posicionado entre os cos aparecem no Supergrupo Espinhaço, sobretudo na
dois ramos mencionados (Fig.XX.15b). região da Chapada Diamentina e no seu embasamen-
to (Fig.XX15c), a maioria relacionada a antigas fratu-
Na Chapada Diamantina, essas fossas tectônicas acu- ras das rochas encaixantes. São corpos de natureza
mularam sedimentos continentais e marinhos que fo- subalcalina, toleiítica, que apresentam pequenas va-
ram transformados nos metassedimentos da Forma- riações de granulometria, textura e estrutura. Exibem
ção Serra da Gameleira (fase pré-rift), do Grupo Rio em geral coloração preta a verde acinzentada, granu-
dos Remédios (sinrift) (Fig.XX.15b) e do Grupo Para- lação fina a média, com características isotrópicas e
guaçu (fase sag ou pós-rift) (Fig.XX.15c). No Espinha- maciças. Possuem espessuras que variam de poucos
ço Setentrional, as unidades continentais constituem centímetros a dezenas de metros, com predomínio em
os metassedimentos da Formação Algodão (fase pré- torno de 2 a 5 metros e com extensões bastante variá-
-rift) e do Grupo Oliveira dos Brejinhos (fase sinrift) veis, embora alcance até 10km (CAPÍTULO XII)
(Fig.XX.15b).
No que diz respeito à colocação desses filões máficos,
Três outros eventos maiores, formadores de bacias, o caráter discordante destes corpos tabulares evoluiu
tiveram lugar no sistema Supergrupo Espinhaço na desde o embasamento e litologias mais antigas me-
Bahia, sobre as bacias do Espinhaço Setentrional e tassedimentares, com maior frequência nos Grupos

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a

Figura XX.15 (a)(b)(c) – Seções geológicas esquemáticas sequenciadas, mostrando a formação do Aulacógeno Paramirim, a introdução da
Suíte Lagoa Real, a sedimentação mesoproterozoica representada pelos principais grupos e formações além da indicação dos diques e sills
máficos e kimberlitos diamantíferos (inspirado no CAPITULO VIII e em Costa & Inda 1982).

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Rio dos Remédios e Paraguaçu, até atingir a Forma- texto do Grupo Chapada Diamantina, na zona limítrofe
ção Caboclo (CAPÍTULO VIII). A partir daí, o magma entre as Formações Tombador e Açuruá (CAPÍTULO
basáltico tende a se comportar de modo concordante, VIII). Trata-se de um flogopita kimberlito de caráter
formando soleiras que aparentemente não cortam hipoabissal. A rocha mostra-se fortemente transfor-
mais as rochas do supergrupo (CAPÍTULO VIII). mada hidrotermalmente, com a geração de talco e
clorita. Na análise dos concentrados os minerais indi-
Os dados geocronológicos desses diques sugerem a cadores da intrusão são o espinélio e, mais raramen-
presença de três gerações distintas, datadas através te o DIAMANTE. Estudos geocronológicos realizados
do método Rb-Sr: diques formados entre 1,3 e 1,2Ga, em flogopitas, utilizando o método Rb-Sr, revelaram
entre 1,1 e 0,9Ga e entre 0,7 e 0,5Ga. Concordantes uma idade mesoproterozoica de 1152 Ma. São, portan-
com esse intervalo, um sill gabroico próximo à cidade to, kimberlitos anteriores à deposição da Formação
de Gentio do Ouro exibiu uma idade de 934Ma ambos Tombador, podendo constituir a fonte dos diamantes
pelo método LA-ICPMS em cristais de zircão. Discor- detríticos encontrados nas fácies conglomeráticas
dantes com os intervalos supracitados, um outro di- dessa unidade litoestratigráfica. Vale registrar que as
que máfico, que corta os arenitos da Formação Man- ocorrências de diamante mais importantes na Chapa-
gabeira, pertencente ao Grupo Paraguaçu, foi datado da Diamantina estão relacionadas à erosão dos con-
pelo método U-Pb exibindo uma idade de 1514±22Ma. glomerados da Formação Tombador (paleoplacer) e
Também um dique máfico da localidade de Lagoa do ao seu retrabalhamento (coluviões e aluviões).
Dionísio indicou uma idade de 1496±3,2Ma. Isto refle-
te a atuação de grandes eventos distensivos distintos A figura XX.15 esboça a evolução das rochas meso-
no tempo. (CAPÍTULOS VIII, XII). proterozoicas no Estado da Bahia com os sedimentos
do Supergrupo Espinhaço, os diques e sills intrusivos
Ocorrências de OURO são conhecidas na Chapada e os kimberlitos que atravessaram o embasamento e
Diamantina, sobretudo na região de Rio de Contas, parte das rochas da cobertura plataformal do cráton.
há séculos. Considera-se basicamente que os diques
e sills trouxeram esse metal no seu bojo e que, devido
às suas altas temperaturas, ao se alojarem, promove-
ram um contraste de temperatura entre eles e suas 5 Neoproterozoico
encaixantes metassedimentares. Com isso, foram ati-
vados processos hidrotermais cujos fluidos ajudaram
a lixiviar o ouro, tanto das rochas máficas quanto, 5.1. Supergrupo São Francisco (Fig.XX.16)
eventualmente, das rochas encaixantes siliciclásticas.
Esses fluidos ricos em sílica e contendo ouro percola- A partir do período Criogeniano iniciou-se a acumu-
ram fraturas ali existentes, depositando quartzo leito- lação das rochas do Supergrupo São Francisco. Ela
so aurífero sob a forma de filões. ocorreu em duas fases: (i) a primeira, glacialmente
influenciada, entre 850 e 750Ma, é registrada pelas
Não somente diques máficos foram intrusivos nas ro- formações Bebedouro-Jequitaí e, possivelmente, pela
chas do Supergrupo Espinhaço. No município de Barra base das Formações Sete Lagoas do Grupo Bambuí e
do Mendes foram descobertos três pequenos corpos Salitre e, (ii) a segunda, entre 740 e 600Ma, pelo res-
kimberlíticos pela De Beers do Brasil Ltda denomina- tante da coluna do Grupo Bambuí (CAPÍTULO VIII).
dos de Salvador 1, 2 e 3. Segundo os pesquisadores que
os descobriram, o kimberlito Salvador 1 aflora ao lon- Os sedimentos mais representativos do Grupo Bam-
go de uma falha com direção NW-SE, inserida no con- buí, do sistema Supergrupo São Francisco, acumu-

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laram-se sobre o embasamento estável ou para- diversos fins, entretanto, mineralizações de FOSFATO
plataformal do Cráton do São Francisco (regiões de natural ou rochas fosfatadas são as mais importan-
Correntina-Barreiras, Itaberaba, Serra da Borracha tes, sobretudo aquelas localizadas na Bacia de Irecê,
em Curaçá, etc...) e sobre as rochas sedimentares do sendo interpretadas como originadas da sedimenta-
Supergrupo Espinhaço (Chapada Diamantina e Espi- ção de planície de marés. O minério intemperizado é o
nhaço Setentrional, incluindo a região de Palmas de mais rico (~20% de P2O5) e o não intemperizado (pri-
Monte Alto) (Fig.XX.16). Essa sedimentação, no centro mário, estromatolítico com fluorapatita) o mais pobre
e oeste da Bahia, se deu sobre uma ampla sinéclise (~18% P2O5). Os dois tipos de minério somam uma
intracratônica em mar epicontinental relativamente reserva total de cerca de 10 milhões de toneladas de
raso. Nela, diversas sub-bacias foram sendo discrimi- fosfato que estão sendo lavradas atualmente pela Ire-
nadas ao longo dos trabalhos geológicos realizados cê Mineração. Por sua vez, na Bacia do São Francisco,
no Bambuí: umas formadas em ambientes parapla- na região do município de Luís Eduardo Magalhães, a
taformais estáveis, onde predominou a sedimentação Galvani Mineração, aproveitando as rochas dolomíti-
carbonática, como a Bacia do São Francisco, Una- cas do Grupo Bambuí, montou a primeira fabrica de
-Utinga, Irecê e Rio Pardo e, outras, geradas em ba- superfosfato da Bahia e a segunda unidade de sulfú-
cias de margem passiva que bordejavam a área cra- rico do Estado, tornando-se até hoje, a única indústria
tônica, como a Bacia de Macaúbas, onde predominou de fertilizantes da região.
a sedimentação pelítica e siliciclástica além das “Ba-
cias” Miaba, Canudos e Vaza Barris, onde predominou Ainda na Bacia do São Francisco, dessa vez na região
também a sedimentação siliciclástica, embora com de Barreiras, a empresa Itaoeste Mineração descobriu
carbonatos subordinados. o metal TÁLIO, incluso no MANGANÊS sedimentar
singenético da base do Grupo Bambuí, formado de
As ROCHAS CALCÁRIAS e DOLOMÍTICAS são explo- metapelitos e que gradam lateralmente para calcá-
tadas no Grupo Bambui em diversas localidades para rios (Fig.XX.16). Esses depósitos primários dentro dos

Figura XX.16 – Invasão do mar Bambuí sobre o Cráton do São Francisco. Indicação na região de Barreiras de ocorrências de manganês
portadoras de tálio, cobalto e escândio. Na região de Irecê ocorrem depósitos de fosfato. Como uma ilustração, note que a Serra de Jacobina
deve ter ficado como uma ilha no mar Bambuí (Esboço geológico com base no CAPITULO VIII e em Costa & Inda 1982).

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metapelitos sofreram processos supergênicos que, Isso possibilitou o desenvolvimento de um sistema
parece, atuaram em um relevo antigo neoproterozoi- de rifts que recebeu a sedimentação da base do Gru-
co, concentrando o manganês sob a forma de óxidos po Macaúbas. Na parte baiana, a instalação da Ba-
secundários pirolusita e psilomelana, contendo teo- cia Macaúbas manifesta-se através da deposição da
res econômicos de MnO. O que leva a interpretar que Formação Panelinha (Bacia do Rio Pardo), da coloca-
essa supergênese foi essencialmente neoproterozoi- ção dos granitos anorogênicos (Suíte Salto da Divisa,
ca, antes da deposição dos conglomerados e arenitos 875±9Ma) bem como pela injeção dos diques máficos
finos da Bacia Cretácea do Urucuia (CAPÍTULO XIII), da Província Filoniana Litorânea e da Chapada Dia-
é o fato desses depósitos de manganês secundários mantina, datados entre 1,1 e 0,8Ga (CAPÍTULO XII).
situarem-se sistematicamente no contato entre os Na Bahia, nas margens do Cráton do São Francisco os
metassedimentos Bambuí e os arenitos Urucuia. Esse sedimentos Macaúbas se formaram em pelo menos
manganês supergênico é explotado para a siderurgia dois estágios principais: (i) o mais antigo com idade de
e enviado para a SIBRA-Eletrosiderúrgica Brasileira aproximadamente 1,75Ga e (ii) o mais novo com cerca
S.A., fábrica de ferroligas situada em Simões Filho, de 1,50Ga quando o sistema Espinhaço foi preenchi-
perto de Salvador. O tálio, quando explotado, poderá do por sedimentos continentais associados a rochas
ser utilizado em soluções de alta tecnologia, princi- vulcânicas da porção basal do supergrupo homônimo
palmente nas áreas de saúde e energia. (CAPÍTULO VIII). A continuidade do processo de aber-
tura dos rifts Macaúbas levou ao desenvolvimento de
Concomitantemente com essa sedimentação Bam- um amplo golfo o qual, por volta de 660Ma, era par-
buí foram se soerguendo as faixas de dobramento cialmente continental e depois oceânico, como indica
que atualmente envolvem o Cráton do São Francis- a presença de ofiolitos em Minas Gerais. Nas margens
co. Detalhes da geologia dessas faixas de dobramen- passivas dessa bacia acumularam-se, sob influência
to podem ser encontrados nos CAPÍTULOS IX, X e XI, glacial, os sedimentos das porções média e superior
entretanto, de forma resumida, é descrita, a seguir, a do Grupo Macaúbas. Os representantes deste estágio
evolução tectônica de cada uma delas destacando a na Bahia são o Grupo Itaimbé, na Bacia do Rio Pardo,
parte baiana (Araçuaí, Rio Preto-Riacho do Pontal e e as Formações Chapada Acauã e Ribeirão da Folha,
Sergipana). incorporadas na Saliência do Rio Pardo (CAPÍTULO
X). Ainda na Bahia, no estágio de franco desenvolvi-
mento da Bacia Macaúbas se associam os dois epi-
5.2 Faixa de Dobramentos Araçuaí (Fig. sódios de magmatismo que caracterizam a Província
XX.17) Alcalina do Sul da Bahia, datados em 730-650Ma e
550-480Ma (Fig.XX.17a, XX.17b).
Conforme mencionado no CAPÍTULO X, a evolução
deste importante componente do sistema orogêni- Em um segundo estágio iniciou-se o fechamento da
co brasiliano denominado Faixa de Dobramentos ou Bacia Macaúbas por volta de 630Ma, uma vez que
Orógeno Araçuaí, sucedeu-se de acordo com quatro datam de 625Ma os granitos mais velhos, relaciona-
estágios resumidos a seguir. dos à subducção, até agora registrados no Orógeno
Araçuaí. Neste estágio, pré-colisional, instalou-se, na
Em um primeiro estágio, no Paleoproterozoico, ins- margem leste do grande golfo Macaúbas, uma zona
talou-se a Bacia Macaúbas entre 900 e 850Ma. Os de subducção, que permaneceu ativa até 585Ma. Os
crátons São Francisco e Congo e suas margens fo- sedimentos acumulados neste setor da Bacia Macaú-
ram afetados por um tectonismo distensional em bas são representados, no sul e extremo sul da Bahia,
associação com episódio de magmatismo bimodal. pelo Complexo Jequitinhonha. Vale registrar que nes-

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a

Figura XX.17. (a) - Seção esquemática Guaratinga-Itagimirim-Camacã. Formação da Bacia Macaúbas na região da Bacia do Rio Pardo
(Fm. Panelinha). (b) Seção esquemática na região de Piripá-Tremedal no sudoeste da Bahia. Formação da Bacia Macaúbas e sedimentos
da Serra do Espinhaço Setentrional. (c) Fechamento da Bacia Macaúbas na região da Bacia do Rio Pardo. Tectônica neoproterozoica com
vergência para SW contrastando com a tectônica paleoproterozoica com vergência para NE. Metamorfismo neoproterozoico com xistos
grafitosos e granitos do tipo “S” no Complexo Jequitinhonha. Construção da antefossa (bacia de foreland) com a Formação Salobro sobre
a Formação Panelinha (Bacia do Rio Pardo). A tectônica neoproterozoica da região de Piripá-Tremedal está ilustrada na figura XX.18a
(Esboços geológicos inspirados nos CAPITULOS III e X).

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se estágio, os depósitos de rochas sedimentares ricas tivamente, anti-horária e horária da península São
em carbono orgânico, com o metamorfismo foram Francisco e do continente Congo, em um processo
transformados, em xistos grafitosos portadores de que lembra o funcionamento de um quebra-nozes.
jazidas de GRAFITA. As mais importantes são encon- Com isso as estruturas deformacionais mais antigas
tradas no município de Maiquinique, no sul da Bahia, do Neoproterozoico, na fronteira Bahia-Minas Gerais,
próximas à fronteira com Minas Gerais. nas regiões de Piripá-Tremedal, estão associadas ao
fluxo de material de sul para norte, isto é, ao longo
O terceiro estágio foi do tipo colisional devido à con- do eixo do orógeno (Fig.XX.18a). Ao avançar, o front
vergência entre a península São Francisco e o conti- colisional orogênico em direção às áreas cratônicas
nente do Congo. Este processo atingiu o seu clímax deu origem ao quadro cinemático que se observa na
por volta de 585Ma, que é a idade do pico metamórfi- Faixa de Dobramentos Araçuaí.
co. Esse estágio se entendeu entre 585 e 560Ma, sen-
do caracterizado pela deformação e metamorfismo As deformações neoproterozoicas se exprimem no
regional, além de extensiva granitogênese do tipo “S”. embasamento do Cráton do São Francisco, na parte
Nesse estágio tectônico, a Bacia do Rio Pardo evoluiu central, no Bloco do Gavião, tanto em seu embasa-
para uma bacia do tipo foreland com progressão de mento quanto nas unidades de cobertura. A inver-
deformação de sul para norte. A Formação Salobro são tectônica alcançou o Aulacógeno do Paramirim,
é depositada em uma antefossa resultante de defle- provavelmente no início do processo colisional, onde
xão da crosta causada por empilhamento de escamas ficaram os melhores registros das deformações neo-
de empurrão, do Complexo Jequitinhonha e Grupo proterozoicas. Em resposta a um encurtamento geral
Itaimbé (Fig. XX.17c). segundo WSW-ENE, uma porção do aulacógeno ex-
perimentou inversão frontal, dando origem às estru-
O quarto e último estágio, denominado de pós-coli- turas compressionais de orientação NNW-SSE. Além
sional se estende entre 530 e 480Ma. Nesse período disso, foram reativadas as zonas de cisalhamento
ocorreram no Orógeno Araçuaí processos deforma- antigas, provavelmente paleoproterozoicas, que ad-
cionais e plutonismo relacionados à sua entrada em quiriram movimentações reversa a dextral e sinistral
colapso gravitacional. As estruturas distensionais que normal, respectivamente.
marcam essa fase encontram-se expostas na Chapa-
da Diamantina, na Serra do Espinhaço Setentrional Nessa etapa, as rochas do aulacógeno (CAPITU-
e na Bacia do Rio Pardo. Tratam-se de zonas de ci- LO VIII, X) experimentaram inversão frontal, dando
salhamento normais que reativaram as estruturas origem às estruturas compressionais de orientação
pré-existentes. A evolução magmática do orógeno foi NNW-SSE. Com isso, não somente as rochas da co-
concluída com a injeção dos inúmeros corpos graníti- bertura dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco
cos onde, na Bahia, eles ocorrem no seu extremo sul. foram deformadas e metamorfizadas, mas também
as rochas do embasamento. Com efeito, nesse emba-
samento, houve o aparecimento, em áreas restritas,
5.3 Inversão do Aulacógeno do de foliações penetrativas importantes, que gnaissifi-
Paramirim (Fig.XX.18) caram suas rochas, como, por exemplo, aquelas do
Complexo/Suíte Lagoa Real (Fig.XX.18b). Entretan-
No CAPÍTULO X seus autores advogam que a tectôni- to, os efeitos dessas deformações se exprimem mais
ca neoproterozoica teria sido induzida pela interação fortemente na reativação de zonas de cisalhamento
entre as paleoplacas Amazônia e São Francisco-Con- antigas, provavelmente paleoproterozoicas. Elas são
go. Tais colisões teriam produzido rotações, respec- denominadas de Licínio de Almeida, São Timóteo,

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Iguatemi, Malhada de Pedra, Paramirim, Cristalândia No segmento tectônico Bloco Gavião, veios de quart-
e Barra do Mendes-João Correia. Por esta razão, essa zo com AMETISTA, localizados nas proximidades de
área do Bloco Gavião foi incorporada à Faixa de Do- Brejinho das Ametistas na Serra do Espinhaço Seten-
bramentos Araçuaí na Bahia, sendo denominada de trional estão presentes em zonas de cisalhamento e
Zona de Interferência entre o Aulacógeno do Parami- falhas brechoides da Formação Salto do Supergrupo
rim e o Araçuaí (CAPÍTULO X). Espinhaço. Durante a tectônica neoproterozoica, essa

Figura XX.18. (a) Seção esquemática na região da Saliência do Rio Pardo (Piripá-Tremedal) mostrando os traços das deformações
neoproterozoicas com fluxo de material de sul para norte. Na Serra do Espinhaço Setentrional, o fluxo de material foi de NNE para SSW. (b)
Inversão do Aulacógeno do Paramirim na região do Espinhaço Setentrional, Boquira, Bloco do Paramirim e Chapada Diamantina, passando
pelo Sinclinal de Água Quente e Bacia de Irecê (Esboços geológicos com base no CAPITULO X e Batista et al. 2005).

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formação foi superposta pela Sequência Metavulca- corpos neoproterozoicos da Província Alcalina do Sul
nossedimentar Caetité-Licínio de Almeida, portadora da Bahia e diques associados (CAPÍTULO X).
de depósitos de ferro e manganês. Procurou-se datar
a granitogênese do embasamento, que também se
superpôs tectonicamente a essa sequência, para ve- 5.4 Faixa de Dobramentos Rio Preto e
rificar se ela tinha idade neoproterozoica, o que po- Riacho do Pontal (Fig.XX.19)
deria ter influenciado no hidrotermalismo da região
e ajudado na formação da ametista. Entretanto, esses A Faixa de Dobramentos Rio Preto ocorre na porção
granitoides próximos a Brejinho das Amatistas, quan- noroeste do Cráton do São Francisco. Na bacia pre-
do investigados do ponto de vista geocronológico, cursora, tipo rift, os sedimentos das Formações Ca-
mostraram idades arqueanas, ou paleoproterozoicas, nabravinha e Formosa foram depositados em um
o que invalida essa possibilidade. Possivelmente, o hi- ambiente marinho profundo, em um sistema depo-
drotermalismo foi ligado ao metamorfismo neoprote- sicional do tipo leque submarino (CAPÍTULO IX). Na
rozoico, que pode ter concentrado os veios de quart- porção sul da bacia predominam metadiamictitos e
zo mineralizados em ametista. A fonte do manganês quartzitos turbidíticos e na parte norte, metapelitos
para gerar a ametista pode ter sido os depósitos des- e quartzitos finos, depositados em contexto marinho
se elemento da Sequência Metavulcanossedimentar distal, além de metacherts ferro-manganesíferos. A
Caetitá-Licínio de Almeida. natureza dos clastos nos diamictitos e dos grãos nos
quartzitos líticos, com abundante material carboná-
Voltando à Zona de Interferência, essa compreende tico e granitoides, é também um indicativo de que a
a porção sul da Serra do Espinhaço Setentrional, o sedimentação ocorreu de sul para norte, da região
vale do Paramirim e a borda sudoeste da Chapada do Cráton do São Francisco em direção à Bacia Rio
Diamantina. Com um contorno alongado na direção Preto. Dados estruturais indicam que a tectônica ne-
NNW (Corredor do Paramirim), conecta-se a sul com oproterozoica inverteu a bacia precursora Rio Preto
a zona de culminação da Saliência do Rio Pardo e, ocorrendo de forma policíclica, com três fases defor-
além do embasamento, envolve o Complexo Lagoa macionais distintas, possivelmente progressivas, en-
Real (zonas de cisalhamento de até 40km de largura), tre 600 e 550Ma. Na Bahia, a estruturação da Faixa
o Supergrupo Espinhaço, o Grupo Macaúbas, o Grupo Rio Preto, de norte para sul, são de dobras deitadas
Una e o Grupo Bambuí. no limite com o Piauí, tornando-se suaves, ondula-
das em direção ao Cráton do São Francisco, passando
Para ilustrar a inversão do Aulacógeno do Paramirim a ser praticamente sem dobras na região da cidade
foi elaborada a figura XX.18b e para mostrar as de- de Barreiras. O metamorfismo que acompanhou essa
formações da Saliência do Rio Pardo, a figura XX.18a deformação atingiu, na porção interna exposta da fai-
referida anteriormente. xa, a transição entre as fácies xisto-verde e anfibolito
(Fig.XX.19a, XX.19b).
No sul da Bahia fazem parte do segmento oriental da
Faixa Araçuaí duas grandes zonas de cisalhamento A Faixa de Dobramentos Riacho do Pontal ocorre na
rúpteis/dúcteis de alto ângulo, neoproterozoicas, e de porção norte do Cráton do São Francisco, na divisa
direções NE-SW e NW-SE. Elas são denominadas de entre os Estados da Bahia, Pernambuco e Piauí, re-
Itabuna-Itaju do Colônia (150x30km) e Itapebi-Poti- presentando a continuação para leste da Faixa Rio
raguá (70x10km) e afetaram, não somente o emba- Preto. É constituída por um embasamento gnáissi-
samento do Cráton do São Francisco na região, mas co migmatítico arqueano a paleoproterozoico, tendo
também a Bacia do Rio Pardo. Nelas se alojaram os sido coberto por sedimentos de ambiente deposicio-

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a

Figura XX.19- (a) Seção esquemática sugerindo a formação da Bacia Rio Preto na parte baiana. Estão destacados os pelitos com o
protominério de manganês e os calcários do Grupo Bambuí. (b) Inversão da bacia com a formação da Faixa Rio Preto e com o
aumento das deformações e do grau metamórfico em direção à fronteira com o Piauí. Na região do CSF o protominério de manganês foi
enriquescido pela supergênese constituindo depósitos econômicos ricos no elemento raro tálio
(Esboços geológicos inspirados no CAPÍTULO IX e em Barbosa 1982).

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c

Figura XX.19 (c) Deposição de sedimentos do Grupo Casa Nova na fronteira Bahia-Pernambuco em uma margem passiva neoproterozoica.
(d) Situação atual da Faixa de Dobramentos Riacho do Pontal. Deformação do Grupo Casa Nova com o aumento do grau metamórfico de sul
para norte, associado à tectônica tangencial neoproterozoica que formou zonas de cisalhamento estreitas e localizadas no CSF. Sugestão
de isógradas metamórficas Mu e Mu+Bi (fácies xisto-verde) e Bi+Gt (fácies anfibolito). Mu-muscovita. Bi-biotita. Gt-granada (Esboços
geológicos com base no CAPíTULO IX)..

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nal marinho raso a profundo, associado a vulcânicas tectônica deste bloco continental possibilitou a for-
e plutônicas máficas e ultramáficas, relacionadas ao mação do Granitoide Serra Negra, quando contem-
Grupo Casa Nova de idade neoproterozoica. Durante poraneamente ia se formando o rift Canindé (Fig.
a tectônica também do Neoproterozoico, as rochas XX.20a). No oceano correspondente, entre o (PEAL) e
sedimentares foram transformadas em rochas me- o Craton do São Francisco (CSF), acumulavam-se se-
tamórficas compondo o Grupo Casa Nova. Metatufos dimentos dos domínios Macururé e Marancó e prova-
da Formação Paulistana-Monte Orebe foram datados velmente também, a deposição das unidades basais
em 740Ma através do método U-Pb (zircão SHRIMP) do Domínio Vaza Barris sobre a margem passiva do
constituindo, provavelmente, a idade de sedimenta- (CSF) (Fig.XX.20.b).
ção do Grupo Casa Nova (CAPÍTULO IX). Na parte sul,
a Faixa Riacho do Pontal apresenta uma zona exter- A deposição dos sedimentos na margem do (PEAL)
na, com predomínio de metassedimentos envolvidos começou após cerca de 900Ma, isto em função da ida-
numa deformação tangencial com transporte para de dos zircões detríticos mais novos encontrados em
o sul, em direção ao Cráton do São Francisco. Nessa rochas sedimentares dos domínios Macururé e Ma-
zona, granitoides sin a tardicolisionais mostram idade rancó. No domínio/rift Canindé, o início da sedimen-
Rb-Sr de 555Ma, que representa uma boa aproxima- tação é incerto, mas provavelmente ocorreu antes
ção da idade da tectônica tangencial. Na parte norte ou concomitantemente com derrames e sills básicos
a Faixa Riacho do Pontal exibe uma zona interna, com além do alojamento do Granito Garrote, há cerca de
embasamento e supracrustais do Grupo Casa Nova 715Ma. A deposição dos sedimentos do Domínio Vaza
envolvidos em uma deformação transcorrente dúctil Barris, na margem passiva do CSF pode ter iniciado
dextrógira, de alta temperatura, que constitui o Line- em qualquer ocasião após 1975Ma, que é a idade dos
amento de Pernambuco. Na Bahia, a Faixa Riacho do zircões mais novos encontrados na Formação Itabaia-
Pontal compreende os metassedimentos do Grupo na (CAPÍTULO XI) (Fig.XX.20b).
Casa Nova, que ocorrem nos arredores da represa
de Sobradinho, representados pelas formações Bar- No domínio Canindé, a fase rift continuou até apro-
ra Bonita e Mandacaru. Na porção norte da Chapada ximadamente 640 Ma com o alojamento de suítes
Diamantina, em especial nos carbonatos da Bacia de básicas continentais, como o complexo gabroico Ca-
Irecê, observa-se a influência tectônica da deforma- nindé (690Ma), microgabros, quartzo-monzodioritos
ção tangencial neoproterozoica da Faixa Riacho do (688Ma) e granito rapakivi (684Ma), além do aloja-
Pontal (Fig.XX.19c, XX.19d) mento do Granito Boa Esperança também com tex-
tura rapakivi (642Ma). Nessa época, o rift Canindé
começava a ser deformado (Fig. XX20b).
5.3. Faixa de Dobramentos Sergipana
(Fig.XX.20) A convergência entre o (PEAL) e o (CSF) promoveu a
deformação e o metamorfismo da pilha plutonovul-
cânica e sedimentar do domínio/rift Canindé e das
A constituição da Faixa Sergipana começa em aproxi- bacias marginais dos domínios Macururé e Marancó,
madamente 980-950Ma, com o desenvolvimento de com simultâneo alojamento de granitos do tipo arco
um arco andino no início do neoproterozoico, confor- andino nos domínios Canindé (Granodiorito Lajedi-
me atestam estudos realizados em protólitos dos pa- nho, 634 Ma), no domínio Poço Redondo (Granito Sí-
leossomas de migmatitos do Domínio Poço Redondo, tios Novos, 624 Ma) e domínio Macururé (Granitoides
instalados na margem do Bloco Pernambuco-Alago- Coronel João Sá e Camará, 628-625 Ma). As duas fa-
as (PEAL) do paleoproterozoico. A posterior extensão ses de deformação nos domínios Macururé-Marancó

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PÁGINA ANTERIOR 6 Paleozoico
Figura XX.20 (a) Evolução tectônica da Faixa Sergipana na Bahia
entre 980-950Ma. Quebramento do (CSF) com a individualização São poucos os afloramentos de rochas sedimentares
do Bloco Pernambuco-Alagoas (PEAL) e invasão do mar
Brasiliano. Nas margens do (PEAL), formação do Domínio paleozoicas na Bahia os quais limitam-se às zonas
Poço Redondo (arco tipo andino) e sedimentação das rochas fronteiriças. Apesar de limitados eles são importantes
dos Domínios Macururé-Marancó. No interior, formação do
porque registram o oceano raso que invadiu o con-
rift Canindé e na fase extensiva, formação do Granitoide Serra
Negra. Na margem passiva do (CSF), comêço da sedimentação tinente sul-americano (Fig.XX.21a). Esses afloramen-
Vaza Barris. (b) Evolução tectônica da Faixa Sergipana na Bahia tos são encontrados no noroeste do Estado, na fron-
entre 715-613Ma. Início da colisão entre (PEAL) e (CSF) com
teira com o Piauí (Grupo Serra Grande, Formações
subducção incipiente do fundo oceânico. Intrusões de suítes
básicas continentais e alojamento dos Granitoides Garrote e Pimenteiras e Cabeças todas da borda sudeste da
Boa Esperança. (c) Evolução tectônica da Faixa Sergipana na extensa Bacia do Parnaíba) e no nordeste nos limites
Bahia entre 605Ma - situação atual. Colisão final do (CSF) com
o (PEAL) e intensificação da subducção do fundo oceânico sob Bahia-Sergipe. Nesse caso as ocorrências paleozoicas
esse último. O encurtamento crustal colocou lado a lado os (Formação Tacaratu) se estendem em subsuperficie
diferentes domínios que foram separados através das facies por baixo das bacias mesozoicas (CAPÍTULO XIII), cuja
metamórficas, decrescentes de NE para SW e separados, grosso
modo, por zonas de cisalhamento: ZCI- Zona de Cisalhamento evolução é descrita mais adiante.
Itaporanga; ZCSMA- Zona de Cisalhamento São Miguel do Aleixo;
CBMJ- Zona de Cisalhamento Belo Monte-Jeremoabo; ZCM- Zona
Vale destacar que na transição entre o Neoproterozoi-
de Cisalhamento Macururé (Esboços geológicos inspirados no
CAPITULO XI e em Santos et al. 1997) co e o Paleozoico, no Bloco Serrinha, são encontradas
intrusões kimberlíticas com idade de 682±20Ma. Sa-
be-se que essas intrusões “nascem”, no manto litos-
e Canindé encerram-se antes de 617±7Ma que é a ida- férico, próximas às raízes mais profundas dos cratons
de obtida para o Sienito Curituba que não foi afetado que, no caso, trata-se do bloco supracitado, cujas raí-
por essas fases deformativas. zes são de fato bem profundas (CAPÍTULO II). Reflexo
disso é o distrito de Braúna, portador de DIAMANTES,
A intensificação da subducção do fundo oceânico sob localizado no Bloco Serrinha, sendo formado de 18
o (PEAL) provavelmente aconteceu sob os domínios ocorrências de kimberlitos alinhadas (13 demostra-
Poço Redondo e Marancó, para explicar a ocorrên- ram ter diamantes) e associadas a diques de mesma
cia de rochas vulcânicas de arco com idades de 602- composição.
603Ma nesse último domínio. O encurtamento crustal
evoluiu nos domínios sedimentares, com a instalação
de fases deformacionais contínuas e o alojamento de
granitos sincolisionais no Domínio Macururé entre 7 Mesozoico
590 e 570Ma (CAPITULO XI).
Iniciada no Mesozoico, a evolução tectonoestratigrá-
Ao mesmo tempo, ou um pouco após a exumação e fica das bacias da margem continental leste brasilei-
erosão do (PEAL) e dos domínios antes referidos, foi ra é uma consequência da ruptura do Gondwana e
completada a deposição das formações clásticas mais da abertura e desenvolvimento do Oceano Atlântico
superiores dos domínios Vaza Barris e Estância, que Sul. A propósito, trabalhos recentes de gravimetria e
são portadoras de zircões detríticos de 615-570Ma magnetotelúrico estão indicando que na Bahia, após
(Fig.XX.20c) a colisão entre o Bloco Jequié e o Itabuna-Salvador-
-Curaçá, no Paleoproterozoico (CAPÍTULO III), a cros-
ta continental sob esse último ficou mais fina (CAPÍ-
TULO II), permitindo a formação da extensão sul da

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Depressão Afro-Brasileira e, em seguida, a fragmen- tendo se iniciado no norte. Para sul, o rompimento
tação mesozoica, formando importante rift-valley, crustal foi mais tardio e associado com vulcanismo
que se iniciou nessas zonas, onde o manto litosférico basáltico toleítico, típico das cadeias meso-oceânicas
ficou mais próximo da superfície. (CAPITULO XIII). Vale registrar que a largura do rift-
-valley situava-se em torno de 80km enquanto que a
da Depressão Afro-Brasileira era muito maior
7.1 Depressão Afro-Brasileira (Fig.XX.21a)
Na Bahia, controlados pelas estruturas neoprotero-
O Grupo Brotas na Bahia é um registro dessa de- zoicas, mas sobretudo paleoproterozoicas, surgiram
pressão sendo correlacionado no tempo com seus os rifts que constituem a sua margem continental.
equivalentes nas Bacias do Araripe, Alagoas, Sergipe, Eles subdividem-se em rifts abortados, abrangendo
Gabão, Congo e Cabinda, essas três ultimas na África uma série de bacias que ocorrem hoje nas regiões
(CAPITULO XIII). Esse Grupo, com deposição iniciada emersas (Bacias do Recôncavo, Tucano Sul, Central
no Permiano, na parte sul da Bahia experimentou e Norte e Bacia de Jatobá), e em rifts marginais, que
clima árido, indicado pela ocorrência de leques alu- evoluíram para formar atualmente as bacias de mar-
viais, planícies fluviais e sobretudo eólicas associadas gem divergente (Jacuípe, Camamu, Almada, Jequi-
a paleossolos de caliche, enquanto que no nordes- tinhonha e Camuruxatiba). Nessas diversas bacias,
te, predominava condições climáticas mais amenas, identificam-se quatro megassequências: pré-rift,
atestadas por vestígios de uma floresta de coníferas. sinrift, transicional e pós-rift. A megassequência pré-
No geral, o Grupo Brotas alcançou uma espessura -rift é representada por remanescentes da sedimen-
próxima de 1000 metros de sedimentos (Fig.XX.21a). tação intracratônica, principalmente da Depressão
Afro-Brasileira, do Paleozoico (Permiano) e do Meso-
Com relação à metalogênese, vale registrar que na zoico (Jurássico) (Fig.XX.21b).
seção permiana da Depressão Afro-Brasileira, por
baixo da parte norte da Bacia de Camamu, pratica- A megassequência sinrift é controlada por falhas
mente na transição para a Bacia do Recôncavo, onde extensionais sintéticas e antitéticas, formando di-
se situa a Ilha de Itaparica, existem grandes reservas versos semigrábens com direção aproximadamente
de SAL-GEMA (cloreto de sódio e cloreto de potássio), paralela à linha de costa atual. Esses semigrábens
derivadas da precipitação química ligada à evapora- foram inundados como um conjunto de lagos que
ção das águas do Oceano Iapetus em antigas bacias
sedimentares (CAPÍTULO XIII). São cerca de 800 mi-
lhões de toneladas, extraídas pela Dow Química atra-
PÁGINA SEGUINTE
vés de poços profundos, colocando a Bahia como pri-
Figura XX.21 (a) Depressão Afro-Brasileira (Permiano-
meiro produtor nacional dessa matéria-prima. Jurássico) desenvolvida sobre um embasamento deformado no
Paleoproterozoico e Neoproterozoico de forma dúctil e rúptil.
Formação do Grupo Brotas que pode ser considerado como
megassequência pré-rift. (b) Rift-Valley do Recôncavo Baiano
7.2 Rift-Valley do Leste Baiano (Cretáceo Inferior) preenchido por sedimentos lacustres. A oeste
rochas dos Blocos Jequié e Itabuna-Salvador-Curaçá e, a leste,
(Fig.XX.21b) metassedimentos da Faixa de Dobramentos Sergipana. São
indicadas as jazidas de Sal-Gema e Petróleo/Gás. (c) Seção W-E
No início do Cretáceo, a bacia sedimentar da Depres- atual na região de Ilhéus, com os sedimentos marinhos pós-
são Afro-Brasileira, após atingir seu limite de defor- rift, depositados sobre a Bacia Jequitinhonha e registrando a
entrada do Oceano Atlântico no Cretáceo Superior. São mostradas
mação plástica, se rompeu em um rift-valley alonga- também as localizações da barita e gipsita de Camamu (Segundo
do, que alcançou toda a atual costa leste brasileira, informações do CAPITULO XIII).

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foram preenchidos como as bacias supracitadas, os águas profundas, a partir do Cretáceo Superior. Com
quais são separados por falhas de transferência que o levantamento da cadeia meso-oceânica a partir do
promoveram uma inversão de polaridade dos semi- Coniaciano, ocorre uma transgressão na margem
grábens. A sedimentação que preencheu esses lagos continental, criando uma situação de bacia profunda
está representada por depósitos continentais fluvio- com um talude onde se depositou a Formação Uru-
-deltaicos e lacustres (Fig.XX.21b). cutuca e uma plataforma, que deu início à Formação
Caravelas. As ilhas de Abrolhos no Atlântico sul da
As seções pré-rift e sinrift já produziram mais de 1bi- Bahia estão sobre essa formação e que foi intrudida
lhão de barris de PETRÓLEO com gás subsidiário, por rochas vulcânicas basálticas do Terciário Inferior
contendo também argilas e sais não metálicos como (Fig.XX.21c)
cloretos e sulfatos. Águas subterrâneas com ótimo
potencial estão também presentes, tendo sido ao lon- Sem considerar as jazidas hidrotermais de BARITA
go do tempo, importantes fontes de riqueza da região de Ibitiara, Contendas do Sincorá e Seabra, de me-
do Recôncavo Baiano. nor porte, a mais importante jazida sedimentar desse
metal encontra-se na seção marinha da Bacia de Ca-
mamu, com a Bahia sendo responsável por 96% da
7.3 Entrada do Oceano Atlântico produção nacional e respondendo por 85% da oferta
(Fig.XX.21c) de produtos beneficiados. Também na seção marinha
da Bacia de Camamu, a GIPSITA (estado natural do
A considerada megassequência transicional, sedi- sulfato hidratado de cálcio) ocorre em evaporitos com
mentos lacustres versus sedimentos marinhos está as camadas interestratificadas com folhelhos e cal-
associada a um golfo marinho, com a presença de cários. Essa gipsita de Camamu coloca a Bahia como
depósitos evaporíticos. detentora de 44% das reservas nacionais.

Na Bacia de Almada, no Cretáceo Superior, sobre as


Formações Morro do Barro e Rio de Contas estão re-
gistrados indícios da entrada do Oceano Atlântico Sul 8 Cenozoico
sobre as rochas sedimentares do rift em dois princi-
pais processos, transgressivo e regressivo. Essas ro-
chas do rift são geradoras do petróleo que fica apri- 8.1 Neógeno (Fig.XX.22a)
sionado abaixo da seção de sal da Formação Taipus
Mirim. Esse sal, de pequena espessura na Bahia, está A partir do Oligoceno, com o progressivo acúmulo
sobreposto por carbonatos da Formação Algodões, de gelo na Antártica, o nível eustático do mar expe-
indicando a presença de um oceano com circulação rimentou um movimento de descida da sua posição
restrita. Esse sal, que constitui uma parte importan- mais alta alcançada ao final do Cretáceo (CAPÍTULO
te da megassequência marinha pós-rift é a principal XIII). Esta descida foi interrompida por uma breve
prova da entrada das águas do Oceano Atlântico na elevação deste nível no Mioceno médio/inferior que
região, o qual, mais a sul, na Bacia de Santos, alcança inundou a borda continental. Data desta época a de-
espessuras superiores a 1000 metros e serve de cape- posição da Formação Barreiras que ocorreu em onlap
ador das jazidas de petróleo do denominado pré-sal. sobre o embasamento cristalino e as rochas das ba-
Com a continuação da deriva continental, as bacias cias sedimentares marginais (Fig.XX.22a). É por esta
marinhas restritas assumem uma fisiografia de oce- razão que a Formação Barreiras apresenta uma gran-
ano aberto, registrada pela Formação Urucutuca em de extensão lateral e é caracterizada por fácies sedi-

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mentares depositadas em ambientes costeiros tradi- cluem essencialmente materiais inconsolidados tais
cionais como estuários, lagunas, deltas, praias etc... como ARENOSO, AREIA e ARGILAS. Estes recursos
Após a deposição da Formação Barreiras, o nível eus- minerais resultam da elevada precipitação pluviomé-
tático do mar continuou a descer. O abaixamento do trica que favorece o intemperismo profundo, o qual
nível de base provocou a incisão de uma ampla rede atuando sobre os depósitos detríticos promovem a
de drenagem com vales profundos que caracterizam geração de uma ampla gama de materiais areno-
a morfologia dos tabuleiros costeiros sustentados por -argilosos utilizados na construção civil. A Formação
esta formação. Barreiras apresenta ainda um potencial para argilas
mais puras usadas na produção de cerâmica. Mais
Os principais recursos minerais associados ao Neó- recentemente aventou-se a hipótese que a Formação
geno estão relacionados à Formação Barreiras e in- Barreiras poderia conter concentrações econômicas

Figura XX.22 (a)-Seção geral W-E mostrando a deposição da Formação Barreiras na borda costeira atlântica quando o nível do mar estava
alto no Mioceno médio-inferior. (b)- Detalhe da figura anterior mostrando a deposição de (QPla), (QP1) e (Qhl) sobre a Formação Barreiras e
avançando.mar adentro. A abreviatura MIS significa Marine Isotope Stage (CAPITULO XVII)

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de diamantes, retrabalhados de depósitos proterozoi- 9 Síntese e Conclusões
cos da bacia do Rio Pardo no sul da Bahia.
Para ilustrar o levantamento metalogenético realiza-
do para a elaboração desse último capítulo, foi cons-
8.2 Quaternário (Fig.XX.22b) truída a figura XX.23. Nela verifica-se que a Bahia é
privilegiada em termos de minas e jazidas minerais,
Durante o Quaternário, o planeta continuou a esfriar, sendo mais rico o Bloco Gavião, cujas rochas arque-
os lençóis de gelo da Antártica e no Hemisfério Norte, anas e paleoproterozoicas se estendem do norte ao
causando uma progressiva descida do nível estático oeste e sudoeste do Estado.
do mar. Assim, durante o último milhão de anos, o
nivel do mar esteve situado em uma posição media de Como mostra a figura XX.23, sem considerar os mine-
- 65m abaixo do nível eustático do mar (Fig.XX.22b). rais industriais e as rochas ornamentais (mármores
Durante todo o Quaternário esse nível experimentou bege e branco, granitos comuns, granitos “pretos”), a
variações de alta freqüência de varias dezenas de me- Bahia possui um total de aproximadamente 52 depó-
tros, moduladas por variações no grau de insolação sitos minerais importantes, onde 23 são minas ativas,
recebida pelo planeta. Apenas durante breves perío- 12 estão em processo de desenvolvimento para lavra,
dos, o nível do mar alcançou posições tão altas quan- 13 possuem potencial econômico e estão em fase de
to a atual. Durante esses episódios, acumularam-se pesquisa e 4 podem ser consideradas minas extintas.
depósitos litorâneos bordejando a linha de costa, Nesse ultimo caso vale assinalar que algumas delas
normalmente referidos como terraços marinhos. Re- podem ter suas pesquisas retomadas com a utilização
gistros dos estágios isotópicos marinhos MIS9 ou 11, de técnicas de mapeamento e avaliações tecnológicas
MIS5 e MIS1 são encontrados na zona costeira baiana. mais modernas, podendo resultar na ampliação de
suas reservas e até serem reaproveitadas. É o caso,
Os principais recursos minerais associados ao Qua- talvez, do chumbo e zinco da extinta Mina de Boquira.
ternário são os granulados bioclásticos e litoclásticos
presentes na plataforma continental e os depósitos No que diz respeito às gêneses e idades desses depó-
de plácer, principalmente a ilmenita na zona costeira. sitos, considera-se que boa parte deles é de origem
Nessa zona, na Planície do Pratigi, a ILMENITA consti- SEDIMENTAR, gerados no Arqueano e Paleoprotero-
tui reservas comprovadas de 266 milhões de toneladas zoico, mesmo levando em conta que alguns tiveram
de minério com teores médios de 3,09%. Os granula- suas épocas de formação interpretadas, visto que são
dos bioclásticos principalmente aqueles à base de AL- desprovidos de idades absolutas, definidas por méto-
GAS CALCÁRIAS, têm ampla aplicação na agricultura. dos radiométricos precisos. Também, como assina-
No Estado da Bahia eles predominam na plataforma lado na figura XX.23, certos depósitos sedimentares,
externa, em profundidades maiores que 30m. Os gra- embora tenham-se formado em tempos antigos, ar-
nulados litoclásticos são mais abundantes na saída queanos ou proterozoicos, as concentrações econômi-
de estuários e baías e bordejam a linha de costa até a cas se fizeram em épocas mais recentes. Destacam-se
profundidade de 20m e têm o potencial para utilização nesse caso os protominérios de manganês arqueanos
em obras de engenharia costeira. Na foz do rio Jequiti- ou paleoproterozoicos do Distrito Manganesífero de
nhonha e vizinhanças existem áreas tanto na platafor- Maraú-Santo Antônio de Jesus pertencente ao Bloco
ma continental como na zona costeira que exibem po- Itabuna-Salvador-Curaçá, além daqueles de Caetité-
tencial para depósitos portadores de diamantes. Outro -Licínio de Almeida e Jacobina, ambos pertencentes
recurso mineral importante são as ARGILAS de várzea, ao Bloco Gavião. Esses protominérios manganesíferos
explotadas para a produção de cerâmica e tijolos. originados basicamente de sedimentação química,

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Figura XX.23 – Idades, segmentos tectônicos e principais depósitos minerais do Estado da Bahia. A maioria dos tipos de minério está indicada pelos símbolos químicos.
As setas azuis indicam incertezas nas idades dos protominérios.

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embora muito antigos, tiveram suas concentrações lativa quietude da crosta, esses corpos demonstram
econômicas, em oxidos secundários do tipo pirolu- marcantes processos de diferenciação magmática
sita e psilomelana, através de processos superge- por gravidade, com a deposição de metais economi-
néticos muito mais recentes, da Era cenozóica. De camente importantes, entre as assembléias minerais
maneira semelhante, o protominério de manganês plutônicas. Com essas características destacam-se
neoproterozoico do Distrito Manganesífero do Oeste os depósitos de Fe-Ti-V de Maracás, Campo Alegre
da Bahia, teve supergênese mais ativa no Mesozoico, de Lourdes e Rio Piau, de cromo de Campo Formoso
concentrando, nos óxidos de manganês secundários, e do Vale do Jacurici, de cobre de Caraíba e de níquel
elementos raros principalmente o tálio, e, subordina- e platina de Mirabela. Com essa mesma assinatura
damente o escâdio e o vanádio. Via de regra, também plutônica aparecem também, em termos de impor-
de origem sedimentar e associado ao manganês, im- tância econômica, o depósitos de cromo de Santa Luz
portantes jazidas de ferro se configuram atualmente de idade ainda indefinida e situado na periferia oeste
como econômicas, como por exemplo os depósitos do Bloco Serrinha. Os importantes depósitos de urânio
sedimentares metamorfizados de itabirito de Caetité- de Caetité e de fosfato de Angico dos Dias têm também
-Licínio de Almeida (Bloco Gavião) e inúmeras outras ligações direta com o plutonismo. Também ligadas ao
ocorrências de ferro que estão sendo atualmente plutonismo, ocorrem as mineralisações de esmeralda
pesquisadas dentro dos granulitos dos Blocos Jequié de Campo Formoso que foram produto da interação do
e Itabuna-Salvador-Curaçá. As ocorrências arquea- plutonismo pós-tectônico granítico-pegmatítico com
no-paleoproterozoicas de baritina de Itapura e Piraí os corpos máfico-ultramáficos da região.
do Norte, sempre associadas ao manganês, também
podem ter sido de origem sedimentar. Com o mesmo Depósitos de origem HIDROTERMAL, quando clara-
tipo de origem, entretanto ligadas a bordas de con- mente identificados, demonstram a necessidade da
tinentes, em ambientes sedimentares de águas ra- influência de uma fonte térmica extra, suplementar
sas, marinhos a marinhos restritos e clima desértico, as temperaturas do metamorfismo regional das fácies
destacam-se os importantes depósitos arqueanos ou xisto-verde e anfibolito. As minas de ouro de Jacobi-
paleoproterozoicos de magnesita da Serra das Éguas na (Bloco Gavião), da Fazenda Brasileiro e Maria Preta
na região de Brumado. No Mesozoico são importan- (Bloco Serrinha), além das ocorrências desse metal na
tes, não somente as rochas portadoras de petróleo Chapada Diamantina, são exemplos importantes. Con-
mas também, os depósitos sedimentares de baritina sidera-se que o ouro nesses dois últimos casos tiveram
e gipsita de Camamu, embora os primeiros tenham origem nas rochas máficas que foram hidrotermaliza-
tido uma certa influência hidrotermal. Nesse caso, das por fluidos que ali circularam trazendo o ouro, jun-
considera-se que níveis originais de anidrita foram tamente com soluções silicosas, para se concentrarem
substituídos hidrotermalmente por barita. em zonas de cisalhamento ou zonas de falhas. A barita
de Contendas do Sincorá e o talco associado à magnesi-
Explorando ainda mais a figura XX.23, nota-se que ta de Brumado, também tiveram influência de proces-
os depósitos mais econômicos, a maioria alcançan- sos hidrotermais. Vale chamar a atenção para parte da
do a categoria de mina, são de origem PLUTÔNICA. Mina Caraiba que pode tambem ter sofrido influência
Tratam-se em geral de corpos máficos-ultramáficos hidrotermal. Com efeito, quando da subida de blocos
arqueanos e sobretudo paleoproterozoicos, re-equili- granulíticos para partes mais superficiais da crosta,
brados em situação subsolidus nos ambientes meta- para o ambiente da fácies anfibolito, fluidos provenien-
mórficos onde se alojaram. Parece que penetraram tes de intrusões félsicas vizinhas, contemporâneas ao
no pico do metamorfismo quando as deformações retrometamorfismo, podem ter reconcentrado o cobre,
se arrefeciam. E, nessas condições, em função da re- originalmente formado durante o plutonismo.

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A figura XX.23 assinala também que no Neógeno e rochas, demonstram que no Estado, ainda faltam
no Quaternário houve a formação de depósitos mi- muitas áreas a serem pesquisadas visando à desco-
nerais com potencial considerável. No primeiro, na berta de novos depósitos minerais. São áreas carentes
Formação Barreiras, o profundo intemperismo gerou de levantamentos aerogeofisicos com a superposição
materiais inconsolidados tais como arenoso, areias e de métodos diversos e, sobretudo, de levantamentos
argilas que são exploradas para a construção civil. No geológicos, no mínimo de semi-detalhe. Não é reco-
segundo, depósitos de placer formam, na costa atlân- mendável, por exemplo, insistir na reanálise de distri-
tica, importantes reservas de ilmenita exploradas tos mineiros ou áreas mineralizadas conhecidas, sem
para a extração do titânio a realização de mapeamentos geológicos em escala
compatível e que utilizem equipes multidisciplinares
Finalmente, os resultados desse levantamento me- com pesquisadores competentes, cada um com o do-
talogenético, levando sempre em conta à gênese das mínio de determinado ramo da geologia básica.

Evo lu ção G eo tectô n i ca e M etalo g en ét ica • 565

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