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b r
Universidade do Sul de Santa Catarina
Assessoria
de Imprensa
UnisulVirtual
Palhoça, 2015
Assessoria
de Imprensa
Livro didático
Designer instrucional
Marina Cabeda Egger Moellwald
UnisulVirtual
Palhoça, 2015
Livro Didático
Revisor(a)
Diane Dal Mago
070.4
M12 Macedo, Cilene
Assessoria de imprensa : livro didático / Cilene Macedo ;
design instrucional Marina Cabeda Egger Moellwald. – Palhoça :
UnisulVirtual, 2015
.
110 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
Introdução | 7
Capítulo 1
Assessoria de Imprensa | 9
Capítulo 2
Atribuições do assessor
de imprensa | 35
Capítulo 3
Estratégias e riscos | 59
Capítulo 4
Planejamento de comunicação nas
organizações | 81
Considerações Finais | 101
Referências | 103
Cada um de vocês, que recebe este livro didático em mãos, tem um sentimento
diferente, mas há algo comum: a oportunidade de contribuir com o aprendizado.
E isso é maravilhoso! O conhecimento abre portas, não só profissionais, mas
também as da ampliação da mente e da visão de mundo. Espero que você
aproveite e estude com entusiasmo esse material, que foi preparado com muito
carinho e dedicação.
Neste livro, você irá saber como surgiu a assessoria de imprensa no mundo e
de que forma uma pessoa, por meio desta atividade, pode garantir a melhoria
de imagem do assessorado. Uma boa comunicação é capaz de mostrar para
as pessoas o que uma organização tem de melhor. Isso também será mostrado
aqui. Você verá, ainda, de que forma comunicar à imprensa o que seu cliente tem
como diferencial, o que está acontecendo de novo na empresa e até mesmo algo
inusitado. Apresentaremos, neste livro, maneiras de como escrever um texto para
os veículos de comunicação e como fazer a distribuição deste material.
Algumas ações da assessoria de imprensa são conhecidas por todos nós, por
termos contato direto com elas na televisão e no nosso dia a dia, como as
coletivas de imprensa. Mas como será que são feitas? Aqui você encontrará
essas respostas e muito mais.
Você sabia que falar em público pode gerar muito medo em algumas pessoas?
O dono da instituição que você está assessorando quer dar entrevista e não tem
muito jeito com as palavras? Isso é mais comum do que se pode imaginar e tem
solução. Conheceremos esse conteúdo no capítulo que trata de media training.
E como muita coisa na vida é melhor visualizar, vamos estudar alguns cases
de sucesso e de insucesso, nos quais poderemos analisar as atitudes e ações
dos assessores para minimizar problemas, por meio da gestão de crise. Tudo
isso estará embasado teoricamente, com renomados autores da área de
comunicação.
Assessoria de Imprensa
Seção 1
História da Assessoria de Imprensa
Declarations of A assessoria de imprensa teve seu início no século XX,
Principles essa em 1906, com o jornalista americano Ivy Lee, formado
declaração falava
pela Princeton University, em 1898. Lee trabalhou em
sobre a importância
na transparência jornais e em agências de publicidade, onde começou
das informações a desempenhar as funções de relações públicas e
transmitidas à imprensa gerenciamento de crise. Ele criou uma estratégia para
sobre seus clientes.
ganhar a confiança da imprensa, a Declarations of
Principles, distribuída a todos os editores de jornais da
época e conhecida até os dias de hoje. (CARVALHO; REIS,
2009).
Yve Lee, então, foi contratado por Rockefeller para gerenciar uma crise de
imagem que ele estava sofrendo. Lee conseguiu reverter a situação com
ações que até hoje são tomadas por assessores de imprensa. Um exemplo
dessas ações é que ele encaminhava releases periodicamente à imprensa, com
informações relevantes sobre o assessorado e sobre a organização, ajudando
a melhorar a imagem e construir a identidade positiva de ambos. Após essa
experiência, Lee especializou-se no atendimento a empresas e indústrias e a
clientes com problemas de imagem perante o público.
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A partir deste trabalho focado no cliente, Lee deu origem a essa atividade. Após
essa tentativa, bem-sucedida, muitas empresas e órgãos públicos começaram a
adotar serviços de assessoria de imprensa no mundo todo.
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Esse manual tem como objetivo alinhar o trabalho dos assessores de imprensa,
por meio de conceitos, orientações e código de ética, e traz informações
relevantes para quem pretende seguir essa profissão, explicando cada área em
que o profissional poderá atuar.
Seção 2
Conceito de Assessoria de Imprensa
Podemos dizer que o assessor de imprensa faz um trabalho de mediação entre
uma empresa, uma entidade ou um cliente e a imprensa, ou seja, ele atua como
ponte entre o assessorado e as mídias.
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A publicidade pode despertar um desejo em uma pessoa, sem que ela esteja
precisando de um determinado produto. Um exemplo: uma propaganda de
chocolate pode despertar em uma pessoa a vontade de consumir o produto.
A divulgação, por meio da assessoria de imprensa, não terá esse papel. Nesse
caso, o jornalista poderá encaminhar um release para a imprensa falando do
lançamento do novo produto. Irá explicar os detalhes de como é o produto,
onde será vendido, porque está sendo lançado, para atender a algum público
específico, valor, conceito, embalagem e até mesmo sobre a estratégia de
marketing utilizada, mas não tem como objetivo induzir à compra.
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•• interna;
•• externa;
•• mista;
•• eventual.
Uma assessoria de imprensa pode ser interna quando uma organização monta
a sua própria estrutura de assessoria dentro da empresa. Nessa estrutura são
contratados jornalistas que atuam dentro da instituição. Normalmente, pelo fato
de o assessor estar nas mesmas dependências, há um maior comprometimento
do profissional, principalmente pelo fato de vivenciar o dia a dia da empresa,
tendo conhecimento da maioria dos assuntos pertinentes à comunicação. Esse
assessor também fica mais tempo à disposição do assessorado. As assessorias
internas geralmente são montadas em grandes organizações ou em órgãos
públicos.
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Seção 3
Como escrever releases, notas, comunicados e
artigos
3.1 Release
O release ou press release é uma palavra de origem americana que quer dizer
liberação. Se fôssemos fazer uma tradução ao pé da letra, seria: liberação
da comunicação. O release é um comunicado à imprensa, é um texto que os
jornalistas fazem com o intuito e divulgar uma notícia. Esse texto pode ser
considerado a propaganda na notícia. Preferencialmente, são usados para
informar à imprensa sobre algo relevante do assessorado, como:
•• um fato novo;
•• um evento;
•• um lançamento;
•• uma inauguração;
•• um prêmio conquistado;
•• a divulgação de um novo produto etc.
A informação tem que ser nova e relevante para as mídias. Como a relação entre
o assessor de imprensa e os jornalistas dos veículos acaba se tornando muito
próxima, esse profissional tem de ter a sensibilidade de encaminhar algo que seja
realmente importante e de interesse público. Caso contrário, o jornalista prejudica
a imagem perante a imprensa e acaba sendo colocado na “geladeira”, termo que
se usa no meio.
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O texto deve seguir as regras e o padrão jornalístico. Isso quer dizer que o texto
deve conter:
O texto deve ser conciso, direto, objetivo, não deve conter termos técnicos, mas,
se for necessário, é preciso explicar melhor sobre os termos usados. Deve ter no
máximo 5 parágrafos e estar no corpo do e-mail, nunca anexado, para facilitar
a leitura dos editores, que não têm muito tempo para abrir o release quando
vem em forma de arquivo. Os editores de jornal recebem centenas de releases
diariamente e, nesse contexto, quem enviar um release de fácil acesso tem mais
vantagem perante aos que o enviarem de outra forma. É de extrema importância
que o material encaminhado tenha um gancho claro, um viés, um direcionamento,
ou seja, deve deixar óbvio o que se está querendo comunicar.
Dessa forma, quem recebe o release sabe quem é a pessoa que encaminhou a
informação. Essa atitude, além de transmitir credibilidade, facilita o processo,
caso haja alguma dúvida a respeito da pauta.
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Quanto à formatação, o título deve ser curto e chamativo. Deve trazer dados
importantes sobre o assunto, ser objetivo e de preferência incluir um verbo,
para expressar ação. Nunca deve ter ponto de exclamação. Com o corre-corre
nas redações, muitos jornalistas acabam lendo apenas os títulos, e é ali que há
interesse ou descarte do e-mail.
Mídia espontânea é o nome dado à publicação que os jornais fazem dos releases
encaminhados pelos assessores de imprensa para os veículos de comunicação.
Os editores dos jornais, ao receberem o material, analisam o conteúdo e, se for
de interessar, o ele será publicado. Essa publicação é gratuita, ou seja, não é
cobrada do assessor de imprensa e nem do assessorado. As matérias que são
publicadas diariamente nos jornais não são cobradas.
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Muitas vezes, existe uma lacuna entre o desejo do cliente e a realidade. Todos
querem ser capa de uma revista de grande circulação, ser entrevistados pelo Jô
Soares ou pela Marília Gabriela, mas na maioria das vezes, os assuntos gerados
pelo assessorado têm menor potencial de notícia do que a expectativa que o
assessorado possui em relação à divulgação.
Nessas reuniões, pode ser dito ao cliente quais são os veículos possíveis para
emplacar determinadas pautas. As reuniões de pauta com o cliente são de
extrema importância para que o assessor possa coletar todas as informações
necessárias para gerar material para divulgação, como:
Dessa forma, as duas partes podem elaborar um plano de trabalho juntos, para
que seja atingido o objetivo de ambos, em comum.
Depois de pronto o texto (release), ele deve ser submetido ao cliente, para
aprovação dos dados que serão divulgados. É comum, nesse caso, o cliente
querer mexer no texto, personificá-lo, por exemplo. No entanto, o assessor
deve deixar claro que o release tem um formato jornalístico próprio que atende
às necessidades de informação da imprensa, como, por exemplo, colocar a
informações mais relevantes no primeiro parágrafo (lead). Isso deve ser explicado
e o texto não deve ser modificado, no que se refere ao padrão de escrita, apenas
em relação a dados que o cliente queira acrescentar, trocar ou suprimir do texto.
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Quando o release traz uma fonte, com alguma citação, essa pessoa deve estar
disponível para dar entrevistas. Ela deve ser avisada que o release está sendo
distribuído à imprensa e que podem surgir mais questionamentos sobre o
assunto. A fonte deve ficar disponível para atender aos jornalistas pessoalmente,
por telefone ou por e-mail.
Mulheres sabem conversas melhor que os homens. Pelo menos, falam mais,
segundo a tradição popular. Sem entrar na discussão, duas mulheres vão estimular
essa crendice ao lançar um livro que vai ensinar aos estudantes de comunicação,
que pretendem atuar na vida profissional como assessores de imprensa, como falar,
como se dirigir e como convencer jornalistas de redação. As autoras desse livro,
Claudia Carvalho e Lea Maria Aarão Reis, são também jornalistas e professoras
universitárias.
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O primeiro parágrafo não está claro, ou seja, não expressa o objetivo do texto.
Na primeira linha - mulheres sabem conversar melhor que os homens – há uma
afirmação totalmente pessoal, sem nenhum embasamento e fazendo uso de
um chavão preconceituoso. A esse tipo de linguagem, na abertura da matéria,
chamamos de “nariz de cera”.
O livro vem preencher um espaço até agora vazio nas bibliotecas de Comunicação e
tem o objetivo de proporcionar aos estudantes universitários, principalmente àqueles
que pretendem se especializar em Assessoria de Imprensa, conceitos e informações
sobre relacionamento com jornalistas e com os próprios clientes - exatamente, as
duas pontas que o futuro profissional vai precisar unir e colocar em contato. Além
disso, a obra dá exemplos práticos, relaciona normas e aponta procedimentos que
um assessor de imprensa deve respeitar, em nome da eficiência e da ética.
Longe de se constituir mais um livro teórico sobre Comunicação, Manual Prático de
Assessoria de Imprensa, na verdade, reserva um lugar de fácil acesso nas estantes
e gavetas de seus leitores, já que certamente servirá de fonte de consulta e guia
diante de variadas situações previsíveis.
As autoras Claudia e Léa Maria afirmam que a intenção “foi justamente oferecer
aos estudantes uma obra de fácil leitura e exemplos concretos, muito mais útil para
o futuro profissional do que textos carregados de teoria que servem muito mais à
vaidade dos autores do que ao conhecimento dos leitores”.
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Editado pela Editora Campus-Elsevier, o livro terá formato 16x23, e estará disponível
em todas as livrarias do Brasil a partir do dia 30 de outubro de 2008, ao preço de
R$...,00.
Outras informações:
Nome:
Telefone:
E-mail:
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A palestra “O golpe de Estado de 64: uma data para reflexão” será ministrada
pelo presidente do Instituto João Goulart, João Vicente Goulart
As inscrições estão abertas até o dia 3 de abril e podem ser realizadas através do
Portal da Unisul.
6/4 - Segunda-feira
Das 19h às 22h | Espaço Integrado de Artes
Palestra de Abertura: “O golpe de Estado de 64: uma data para reflexão”
Palestrante: João Vicente Goulart, presidente do Instituto João Goulart e filho do
presidente João Goulart
7/4 - Terça-feira
Das 19h às 22h | Auditório 211, Bloco Pedagógico
Documentário: “Repare Bem”
8/4 - Quarta-feira
Das 19h às 22h | Auditório 211, Bloco Pedagógico
Documentário: “Os Advogados contra a Ditadura”
9/4 - Quinta-feira
Das 19h às 22h | Auditório 211, Bloco Pedagógico
Documentário: “Anistia 30 Anos”
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3.1 Notas
A nota é o resumo de um release. É um texto jornalístico, de no máximo 10 linhas,
que o assessor de imprensa encaminha aos jornais e aos colunistas de jornais.
O assunto deve ser de interesse público, uma novidade, algo que os jornais
tenham interesse em divulgar. As notas são bastante usadas pelos colunistas,
principalmente se for dado o status de exclusividade.
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Essa nota foi publicada pelo colunista Carlos Damião, do Jornal Notícias do Dia,
em Santa Catarina. Ela segue os mesmos critérios textuais da nota de serviço
anterior. A diferença para uma assessoria de imprensa é que uma nota de
colunista tem mais peso, mais importância, principalmente pelo fato de que as
colunas sociais são mais lidas.
Vejamos um exemplo:
COMUNICADO DE IMPRENSA
A Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina - comunica que por causa das
fortes chuvas que ocorreram na tarde desta terça-feira, dia 10 de março de 2015,
as aulas foram suspensas no campus da Grande Florianópolis, Pedra Branca, em
Palhoça. Os acessos à universidade estão alagados, impedindo a passagem de
veículos. A Direção da universidade pede que os alunos não tentem se dirigir ao
campus por questões de segurança. Mais informações serão publicadas no portal
da universidade
Atenciosamente,
Direção do Campus Pedra Branca.
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Quanto ao formato do artigo de opinião, o texto deve ter, em média, dois mil a
dois mil e quinhentos caracteres, contendo título chamativo, fazendo referência ao
tema escolhido. Não existe um modelo único para escrever um artigo de opinião,
no entanto, algumas regras podem facilitar tanto a escrita como o entendimento
do leitor.
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O hino e o brado
O hino nacional à capela, que pulsou o coração dos brasileiros, é mais que cara
pintada, que cabelos e vestes verdes e amarelos, bem mais que os 3 milhões de
reais que pagaram o traje de Cláudia Leite e que equivalem aos recursos liberados
pelo Governo Federal para socorrer as vítimas da enchente deste estado. O
hino, entoado com emoção e bravura, após o silêncio da orquestra, foi o grito do
Itaquerão, mais forte que o do Ipiranga, onde só D. Pedro II gritou para se libertar de
Portugal.
Somos um povo sereno, até demais, que já conviveu com duas ditaduras, civis de
quepe, 80 milhões de pessoas na miséria e ainda aturamos a corrupção e o cinismo
de políticos corporativistas. Mas quando o coração bate forte e algumas dezenas
de brasileiros enfrentam balas de borracha e cassetetes nas ruas e ainda há tréguas
para sorrisos e gargalhadas, o povo é capaz de surpreender, quem sabe com o
canto silencioso da urna eletrônica. Talvez!
Pode até parecer exagero, mas o hino arma o povo de uma forma eloquente e
temerosa. Imaginemo-nos passando por um político fichado e a ele cantemos com
firmeza o hino nacional. Ele pode até ironizar entoando junto. Mas saberá que o hino
o condena por ele não querer organizar e humanizar a nação sob a batuta da ética e
da moral pública. Com certeza, o político desonesto não consegue mais cantar todo
o hino, principalmente a estrofe: “ .… se ergues da justiça a clava forte/ Verás que
um filho teu não foge à luta….”.
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Seção 4
Relacionamento com a imprensa
O relacionamento do assessor de imprensa com os jornalistas e editores dos
veículos de comunicação é sempre um assunto delicado. Muitos assessores,
por não conhecerem a rotina das redações, acabam encaminhando muito
material de divulgação e até ligando para os veículos de comunicação mais do
que o necessário. Uma reclamação recorrente das redações é em relação ao
comportamento de muitos assessores que encaminham o e-mail com um release
e ligam, na mesma hora, perguntando se o jornalista já recebeu o e-mail em sua
caixa. Essa não é uma prática muito bem vista pelos jornalistas e editores. As
ligações devem ser feitas para dar mais detalhes, além dos que foram escritos
no e-mail e para se colocar à disposição, caso o jornalista precise de mais
informação.
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Para encaminhar releases aos sites, o assessor deve saber que o material, na
maioria das vezes, é publicado assim como foi encaminhado. Os jornais, as
rádios e as tvs usam os releases como sugestão de pauta, já os sites usam o
material quase na íntegra.
Para que essa estrutura seja completa e eficiente, são necessários três
recursos básicos: o físico, o material e o humano.
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•• mesa;
•• telefone;
•• computador;
•• impressora;
•• scanner;
•• blocos de papel;
•• agenda;
•• internet;
•• assinatura de jornais para realizar a clipagem;
•• máquina fotográfica;
•• gravador.
•• jornalista;
•• webdesigner;
•• administrador;
•• contador;
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•• financeiro;
•• fotógrafo – contratado ou por demanda;
•• secretária;
•• assistente para fazer a clipagem.
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Atribuições do assessor
de imprensa
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Seção 1
Assessoria de imprensa na prática
A pauta é o começo de tudo, é o início da notícia. Sem pauta, não existe matéria.
A pauta é elaborada pelos jornalistas para nortear a confecção das matérias (nas
redações) ou releases (nas assessorias de imprensa).
Muitas pessoas ficam com dúvidas sobre o que é considerado como pauta e o
que não é. Existe uma história contada nas salas de aula que diz o seguinte: “Se
um cachorro morder um homem, não é pauta, mas se um homem morder um
cachorro, é uma pauta”.
Outra situação que podemos citar é o caso do jornalista que saiu para cobrir uma
pauta e, no meio do caminho, se deparou com um engarrafamento por causa de
um acidente, com mortes e carros incendiados. O jornalista ligou para a redação
e disse ao chefe que não poderia cobrir a pauta por que ele estava preso em um
engarrafamento e não chegaria a tempo ao destino. O seu editor então, disse:
“bom, então o acidente é a sua nova pauta”.
Quando a pauta for de gaveta, ela deve conter os dados principais do assunto
para que o jornalista possa chegar ao local com algumas informações prévias.
Não existe um modelo fixo ou único de pauta, mas ela deve seguir uma lógica.
Por exemplo, um surto de dengue no estado de Santa Catarina deve ser noticiado
pelos jornais. Sabendo disso, a assessoria de imprensa de um médico desta área
pode elaborar uma sugestão de pauta para os jornais, oferecendo uma entrevista
com ele, que é uma fonte especializada.
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•• Histórico;
•• matéria;
•• abordagem;
•• fontes;
•• perguntas;
•• fotos.
A matéria aborda a pauta em si, ou seja, deve trazer o assunto que está sendo
abordado. Essa informação deve abordar a matéria que o repórter irá fazer, a
apuração do fato.
As fontes são as pessoas que serão entrevistadas pelo repórter. Elas devem ser
referenciadas com nome e contatos. Também devem ser registrados o local e a
data da entrevista.
A pauta deve trazer algumas perguntas que serão feitas pelo repórter. Entretanto,
isso não impede que o repórter faça outros questionamentos na hora da
entrevista. Essas perguntas servirão como orientadoras da pauta.
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Data: 24.03.2015
Local: Florianópolis - SC
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O follow up pode ser feito antes ou depois da sugestão de pauta ter sido
encaminhada. Com isso em vista, o assessor de imprensa apresenta mais
detalhes sobre o assunto com a intenção de despertar interesse no editor pela
pauta. Esta prática é bastante utilizada nas assessorias de imprensa, mas não
deve ser periódica, nem insistente.
O assessor sempre deve ter em mente que o ritmo de trabalho dos jornais,
rádios ou tvs é muito intenso e eles recebem muitas ligações por dia de outros
assessores. Por isso, a ligação tem que valer a pena pela ele e para o assessor.
Além de causar uma boa impressão, quanto mais positivo o contato, melhor para
ambos.
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•• espontâneas; ou,
•• provocadas.
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A coletiva espontânea, conforme exemplo nessa foto, que ocorre sem convite
ou aviso prévio. Os jornalistas vão até um determinado local e ficam aguardando
a personalidade sair do evento ou até mesmo de casa para poder dar a entrevista.
Neste caso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala com os jornalistas de
rádios, tvs e jornais impressos.
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Esta coletiva de imprensa foi realizada pela Air France, quando o avião de
número 447 caiu no Oceano Atlântico, em 2009. Como o assunto era de interesse
nacional e internacional, jornalistas de várias regiões do mundo participaram.
Podemos observar o porta-voz se pronunciando ao centro em uma bancada e
os jornalistas em volta anotando os dados para, depois, repercutirem a matéria
com base nas informações coletados durante a coletiva. Esta foi convocada pelo
assessor de imprensa de companhia e, nesse sentido, pode ser denominada
entrevista provocada, na medida em que tem a intenção de acontecer.
O house organ também pode ter o formato de boletim eletrônico; assim, pode
atingir um público maior e minimizar os gastos de impressão. Hoje em dia, a
intenção da maioria das empresas é que a comunicação entre empregadores e
colaboradores seja cada vez mais clara e eficaz.
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A organização dos materiais ainda faz parte das atividades mais relevantes do
clipping e tem a atribuição de apresentar o contexto da notícia, apontando à
editoria o local, dia e autor da publicação.
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Gestão de Comunicação
Assessoria de Promoção e Inteligência Competitiva
Monitoramento das Notícias da UNISUL
Jornal: Notisul
Data: 03/03/15
Editoria: Contexto
Página: 02
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O ideal é:
É ingenuidade do assessor querer “atirar para todos os lados” e achar que vai
conseguir atingir alguém. Esse tipo de atitude tende apenas a denegrir a imagem
do profissional.
Antes de decidir quais são as mídias em que será feita a divulgação, o assessor
deve saber qual é o objetivo do release para saber com precisão, para quem
enviar o release.
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Além dos dados visualizados aqui nesse exemplo – nome, endereço, número do
telefone e email-, no mailing pode ser inserida dados da editoria, nome do editor e
qualquer informação que o assessor de imprensa julgar importante.
Seção 2
Comunicação na era digital
Desde o século XVII, as publicações de jornais impressos começaram a ser
regulares; no século XX, as notícias passaram a ser divulgadas também em
rádios e televisões. Há pouco mais de 20 anos, com o advento da internet,
a comunicação passou a ser feita também online e a fazer parte de redes de
relacionamento não mais presenciais, uma realidade que todos nós vivemos e
temos presenciado: a velocidade da informação e a rapidez com que uma notícia
é pulverizada e toma proporções mundiais.
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Por outro lado, esse leque de possibilidade de divulgação que se abriu para todo
mundo aumentou relativamente a concorrência por espaços na mídia. Pensando
nisso, o assessor de imprensa deve sempre ter em mente que para ter sucesso
neste campo, ele deve apresentar materiais atrativos, releases bem escritos,
contendo novidades, informações inusitadas que chamem a atenção do editor do
site, evitando encaminhar para a imprensa informações de pouco interesse. Para
Ramalho (2010), qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode produzir conteúdo
relevante para estampar nos principais jornais do país e do mundo.
O assessor de imprensa 2.0, o assessor da era digital, cumpre novos papeis neste
contexto atual. Além do tradicional release, ele pode elaborar vídeos e áudios
para serem disponibilizados nas mídias sociais da empresa assessorada, no site
institucional e também na newsletter.
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A solicitação para receber a newsletter pelo correio eletrônico pode ser feita pelo
interessado por meio de cadastro na própria página da internet da empresa. Por
exemplo, se uma pessoa deseja receber as últimas informações jornalísticas do
Portal G1, ela deve fazer uma solicitação por meio de um cadastro na página.
Este boletim deve ter uma periodicidade fixa: uma vez ao dia ou uma vez por
semana. A necessidade desta periodicidade ocorre em função de possibilitar um
vínculo com o usuário da News. É uma forma de padronização.
Podemos usar como exemplo uma empresa de cosméticos, que pode oferecer
o serviço de newsletter a seus clientes, contendo informações sobre saúde e
beleza. Se pensarmos que o objetivo do assessor de imprensa é fazer o reforço
positivo da imagem do seu cliente, a newsletter tende a contribuir, pois irá transmitir
informações positivas periódicas aos usuários.
Muitas pessoas acabam confundindo este tipo de comunicado com mala direta,
mas existe uma diferença. A mala direta tem o intuito de encaminhar aos clientes
as promoções de um produto, por exemplo; o que não é o papel do boletim,
que tem como objetivo encaminhar informações relevantes ao cliente, ou seja,
informações que tenham a ver com a área de interesse dele.
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Essa é uma preocupação que o assessor de imprensa deve ter. Se ele trabalha
com a melhoria de imagem do cliente nos canais de comunicação, o site deve
estar alinhado com esta mesma proposta. Sendo assim, a atualização dos dados
dos sites, assim como a publicação de notícias deve ficar a cargo do assessor de
imprensa.
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Estratégias e riscos
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Seção 1
Media Training
O media training, ou treinamento de mídia, é utilizado pela assessoria de imprensa
como ferramenta de comunicação para preparar a pessoa que deseja conceder
entrevistas (assessorado) aos meios de comunicação.
Nesse caso, podemos dizer que imagem é a impressão que a empresa passa a
seus clientes pelo:
•• nome;
•• logomarca;
•• produtos;
•• serviços,;
•• relacionamento com seu público;
•• também, por meio das entrevistas concedidas à imprensa.
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A partir disso, percebemos como é importante para uma empresa estar atenta a
todos esses detalhes. Vimos que a imagem da empresa é composta de diversas
formas e uma delas depende da maneira com a qual o seu representante se
apresenta na mídia e, consequentemente, para o público, que é seu consumidor.
O media training pode ser feito com o assessorado pelo assessor de imprensa
por meio de simulações de entrevistas. Gravar esse treinamento pode ser uma
técnica eficaz, na medida em que a pessoa que está sendo treinada terá a
oportunidade de enxergar os próprios erros, vícios de linguagem, de postura,
entre outros. Juntos, assessor e assessorado podem trabalhar na melhoria do
desempenho para entrevistas a jornais, rádios e televisões.
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A fonte tipo zero é escrita e com tradição de exatidão, ou gravada sem deixar
margem a nenhuma dúvida. Exemplos dessas fontes são as enciclopédias
renomadas, documentos emitidos por instituições de credibilidade e vídeos.
A fonte tipo um é a mais confiável nos casos em que a fonte é uma pessoa e
tem histórico de confiabilidade - as informações transmitidas sempre se mostram
corretas. Fala com conhecimento de causa, está muito próxima do fato que relata
e não tem interesses imediatos na sua divulgação. Apesar de tudo isso, ainda
assim o cruzamento de informações é sempre recomendável. A Folha admite que
informações vindas de uma fonte “tipo um” são publicadas sem checagem com
outra fonte.
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Por exemplo, se um jornalista entrevistar o médico Ivo Pitangui sobre uma nova
técnica de cirurgia plástica, não precisará desconfiar das informações passadas por
ele, tamanha é a sua credibilidade. Por outro lado, se ele for entrevistar um médico
não tão conhecido/conceituado, por precaução deverá procurar outras fontes
- médicos, universidades, internet, livros, artigos etc. - para repercutir o mesmo
assunto sobre aquele tipo de plástica.
A fonte tipo dois tem todos os atributos da fonte tipo um, com exceção
do histórico de confiabilidade. Todas as informações da “fonte dois” devem
ser cruzadas com pelo menos mais uma fonte (do tipo um ou dois) antes de
serem publicadas. Nesse caso, o assunto deve ter mais de uma fonte, pois os
entrevistados podem ter credibilidade, mas não se sabe até que ponto estão
falando a verdade.
Vamos dar um exemplo de uma matéria sobre uma empresa que está com uma
denúncia de crime ambiental: despejo de líquidos tóxicos próximos a um rio.
Nesse caso, devem ser ouvidos o dono da empresa, os responsáveis de órgãos
ambientais, população próxima e peritos. O dono da empresa pode alegar que está
resolvendo o problema, mas só os peritos em análises dos afluentes poderão dizer
se o problema realmente está sendo resolvido.
A fonte tipo três, por fim, é a de menor confiabilidade. É bem informada, mas
tem interesses (político, econômico etc.) que tornam as suas informações
nitidamente menos confiáveis.
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•• noticiosas;
•• opinião;
•• perfil;
•• enquete;
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Ainda de acordo com Villela (1998, p.1), “estamos sempre em busca de aceitação
e ela ocorre de forma mais rápida quando a comunicação acontece de forma
positiva, com a interação do emissor e do receptor da mensagem.”
Antes de seguirmos adiante, vale a pena nos perguntarmos: por que uma
empresa deve atender à imprensa?
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Quando um jornalista entra em contato com uma empresa, ele quer mais
esclarecimentos sobre o assunto sobre o qual irá escrever a matéria. Nesse
sentido, a figura do assessor de imprensa é fundamental dentro de uma
organização. É ele quem atenderá ao pedido de entrevista do jornalista, marcando
o dia e horário para a conversa e, ainda, escolher a pessoa que irá falar sobre o
assunto. É sempre importante que as empresas tenham um ou mais de um porta-
voz para atender à mídia.
O que é um porta-voz?
Um porta-voz é uma pessoa que fala em nome da outra, uma pessoa que
representa uma empresa e se pronuncia em nome dela. Geralmente, as
organizações escolhem uma pessoa para ser seu porta-voz. É importante
que seja capacitada a conceder entrevista para os veículos de comunicação.
Capacitada no sentido de estar apta, ou seja, em plenas condições para enfrentar
uma câmera, estar preparada para responder às perguntas do entrevistado.
O media training é a própria capacitação para quem não tem essa aptidão
natural.
•• se expressar bem;
•• não ter medo de falar em público e nem para os jornalistas;
•• que seja bem informado sobre os assuntos da empresa;
•• que tenha visão antecipada sobre possíveis perguntas capciosas e
acesso direto à diretoria.
66
Para o autor, o assessor de imprensa nunca deve ser o porta-voz, pois quem deve
defender os interesses da empresa são os proprietários; o assessor faz o trabalho
de acompanhar, orientar e intermediar as entrevistas com a imprensa. Nesse
sentido, o assessor de imprensa só será o porta-voz quando não tiver outra
alternativa.
De acordo com Nogueira (apud LUCAS, 2007, p.27), “quanto mais elevada a
posição de um executivo na empresa, melhor ele precisa saber conversar com os
jornalistas. Não há curso e nem livro que ensine mais eficazmente essa técnica do
que a prática.”
Schiavoni (apud LUCAS, 2007, p. 40) comenta que o mundo corporativo ainda
não acordou para a necessidade do treinamento dos porta-vozes.
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Fatores como: Para Vilella (1998), isso acontece quando a pessoa tem
vaidade, afobação, dificuldade para ordenar as ideias, quando deixa alguns
nervosismo, falta
fatores suprimir a naturalidade ou quando fala muito ou
de reflexão, lógica e
clareza. pouco. Muitas vezes, a pessoa pode ser pega de surpresa
para uma entrevista à imprensa. Isso pode acarretar
problemas, tendo em vista que nesses casos ela não teve
tempo para refletir sobre a resposta, nem de planejar um
discurso.
De acordo com Lucas (2007), a fonte que demora para responder ao jornalista,
ou não responde, corre o risco de ficar fora da matéria, além de dar espaço para
a concorrência. Com certeza, não será lembrada em outras oportunidades de
conceder entrevistas, pelo fato de demonstrar má vontade.
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Por mais que uma pergunta pareça inconveniente, alguém terá que fazê-la, é o
que diz Regina Villela (1998). Foi o que aconteceu com um juiz de menores, que
convidou o jogador de futebol Edmundo para visitar um centro de atendimento
a crianças carentes. Um jornalista perguntou: “O senhor acha que o Edmundo,
com o comportamento que tem fora e dentro do campo, é um bom exemplo
para essas crianças?” Constrangido, o juiz falou dos pontos positivos do jogador
e perguntou, ao final, para o jornalista; “Você precisava fazer esta pergunta?”
O jornalista respondeu que essa era a função dele, o que é uma verdade. Os
jornalistas têm por obrigação fazer pergunta, e os entrevistados, se não quiserem
se sair mal, devem se preparar para todos os tipos de questionamentos.
69
Podemos tomar como exemplo de sucesso o caso do Hotel Blue Tree que, no
treinamento dos seus gerentes, “ampliou em mais de 30% sua participação na
mídia e, o mais importante, tornou-se uma fonte respeitada e disponível para
diferentes editorias.” (MAIA, 2010, p. 28).
O hotel criou uma política de fontes e queria melhorar a sua imagem na mídia.
A partir do media training, os porta-vozes da rede de hotéis se sentiram mais
seguros, capacitados para conceder entrevistas, o desempenho melhorou, ainda,
como parte desta política de capacitação, passaram a estar mais disponíveis
a entrevistas solicitadas pela imprensa, nos mais variados assuntos. Isso tudo
reforça a imagem positiva do hotel.
Agora vamos conhecer o caso da petroleira Exxon Valdez, conforme nos relata
Villela (1998, p. 59-61):
70
No primeiro momento, o acidente foi tratado com descaso pela empresa, o que
chocou a opinião pública mundial. A forma como os executivos da companhia e
até mesmo o governo americano se comportaram no início da crise deixou clara
uma completa despreocupação, com as consequências ambientais. Os executivos
da Exxon ampliaram a crise com tentativas de minimizar os efeitos do acidente,
que contaminou mais de 1 milhão de quilômetros de costa marítima, afetando
completamente o ecossistema da região.
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Tempos depois, o presidente da Exxon, Lee R. Raymond, fez uma análise da crise
de comunicação no caso Exxon Valdez: “Nós achamos que a primeira tarefa seria a
de assistir o pessoal de operações para que conseguissem manter o incidente sob
controle. Nós estávamos mais interessados nisso do que nas consequências como
um todo”. Em razão disso, a Will & Knolton preparou um projeto de Media Training
para os executivos da companhia aprenderem a lidar com a imprensa no dia a dia e,
principalmente, em situações de crise. Esse processo foi multiplicado para todas as
subsidiárias da Exxon no mundo.
72
Seção 2
Gestão de crise
Em primeiro lugar, vamos tentar entender qual é o significado da palavra crise. De
acordo com o etimologista Deonísio da Silva (2014), crise vem do grego Arisis e é
o mesmo que separar, depurar. Há consenso de que a crise leva à ruptura com o
estado anterior, e o novo rumo a ser tomado pode ser de melhoria ou pode piorar.
Quando uma crise ocorre em uma empresa, organização, entidade, órgão público
e até com uma pessoa renomada, a imagem dessas instituições e do indivíduo
em questão pode ficar abalada. Nesse sentido, é papel do setor de comunicação,
por intermédio da assessoria de imprensa, trabalhar o gerenciamento da crise.
Esse porta-voz tem como obrigação falar a verdade sobre o fato e não esconder
nada. Nesse momento, o que é mais importante é a agilidade do processo em
reportar à mídia e também saber a melhor forma de transmitir essas informações.
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O que aconteceu com a Escola Base deve servir de exemplo para as empresas,
de como é importante contar com o apoio de uma assessoria de imprensa
também – e talvez preferencialmente - em momentos como esse, no trabalho
com o gerenciamento da crise. Várias medidas poderiam ter sido tomadas nos
primeiros boatos e, provavelmente, as consequências e o desfecho dessa história
teriam sido outros.
Mas, então, qual teria sido o procedimento mais adequado para essa
situação de crise?
O que a assessoria de imprensa deveria ter feito, em primeiro lugar, era ter
tido uma conversa franca com os donos da escola e com a área jurídica da
empresa, e se fosse garantido que se tratava de boatos, o passo seguinte seria
escolher um porta-voz que os representasse. A imprensa deveria ficar a par do
andamento do processo por meio de releases, com informações pautadas. Os
pais deveriam ter sido chamados pela escola, a fim de ter uma conversa aberta
e pedir que não falassem nada a respeito do assunto, sem ter conhecimento do
que de fato aconteceu, que deixassem a investigação na mão da justiça. Nesse
caso, também poderia ter sido feita uma coletiva de imprensa, para que todos
os veículos entendessem que se tratava de acusações sem provas concretas.
Com isso, seriam evitadas as especulações e as invenções por parte de alguns
jornalistas. Ações como essas poderiam ter dado outro desfecho ao caso.
74
As empresas precisam estar atentas! Muitas vezes, uma crise começa de forma
simples de resolver, mas se não for resolvida logo no seu início, ela pode tomar
proporções gigantescas. É importante salientar que o assessor de imprensa vai
responder apenas pela área de gerenciamento da comunicação em uma situação
de crise, que deve estar subordinada a um comitê formado pela empresa. Cabe
ao assessor trabalhar em conjunto com este comitê, mas responder apenas
às solicitações da imprensa em relação aos pedidos de entrevista, bem como
confeccionar e encaminhar os releases para os veículos de comunicação. Uma
crise pode ser detonada por diversos fatores. Alguns podem até ser previsíveis,
como: problemas na gestão, no setor financeiro, um acidente, e assim por diante.
Um assunto negativo sempre pode gerar uma crise, pequena ou grande. Isso
depende da forma com que ela for conduzida pelas áreas de Administração e
Comunicação da empresa. Para Forni (2002), os jornais se alimentam de assuntos
polêmicos gerados pelas empresas, além da tendência para que a informação dê
lugar à espetacularização da notícia.
75
Como sabemos, fatores que desencadeiam uma crise na empresa podem ter
como consequência uma crise de imagem. Rosa (2001, p.132) demonstra essa
relação nos seguintes exemplos:
Muitas empresas, por agirem corretamente, não pensam que uma crise de
imagem pode recair sobre elas. Esse pensamento está equivocado. Muitas
crises podem ocorrer, inclusive, por causas naturais e pessoais, como podemos
observar nesse exemplo citado. Uma assessoria de imprensa bem informada
deve alertar ao comitê de crise sobre os pontos/problemas que podem
desencadear uma crise. Com essas informações de antemão, fica mais fácil
prever a crise e se prevenir.
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77
Nenhuma empresa, por mais correta e idônea que seja, está livre de passar por
algum tipo de problema inesperado.
Vejamos, a seguir, o caso Tylenol, que ocorreu nos Estados Unidos, em 1982.
(MORAES, 2009).
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Planejamento contingencial é o plano feito a partir de uma crise que não existe.
É uma forma de estar preparado para quando e, se ocorrer, o problema. A melhor
forma de reverter uma crise de imagem é se prevenir e estar preparado, caso ela
ocorra. Esse preparo pode ser feito de diversas formas, como: levantamento dos
possíveis pontos vulneráveis da empresa, definição de um porta-voz, decisão
sobre os passos a serem tomados e as soluções que devem ser aplicadas, caso
aconteça.
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Planejamento de comunicação
nas organizações
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Seção 1
Desafios da comunicação empresarial
integrada
A comunicação nas organizações é um campo de estudo que está crescendo a
cada dia. As empresas estão mais atentas às necessidades de fazer um trabalho
em conjunto com as áreas de comunicação e de estar sempre se aprimorando
nesse assunto. Inúmeras teorias são criadas e estudadas, nesse sentido, pois
trata-se de um campo do conhecimento que está ligado a muitos outros, como os
da Teoria das organizações e a Teoria da comunicação humana.
82
•• marketing;
•• vendas;
•• recursos humanos;
•• relações públicas;
•• serviços de atendimento ao consumidor;
•• telemarketing;
•• publicidade:
•• relação com a imprensa:
•• promoção de eventos etc.
Até a década de 80, a área de comunicação dentro das empresas tinha função
restritamente tática e era destinada, também, à elaboração de jornais internos e,
por vezes, comunicação externa (assessoria de imprensa).
Oliveira e Paula (2007, p.19) comentam sobre uma falta de ações comunicacionais
conjugadas: “era muito acentuada a compartimentalização de assessoria
de comunicação em ações de jornalismo, publicidade e relações públicas
desenvolvidas isoladamente, sem orientação de uma política e diretrizes.”
83
Vale dizer que não é suficiente que uma empresa seja percebida
como boa empresa pelo seu público em geral. Por si só, isso só
não compra nada. A imagem só é – vamos dizer – competitiva
se ela der resultados concretos. Que resultados são esses?
Conseguir uma preferência de clientes e de consumidores, fazer
crescer a renda e os lucros, alavancar negócios, atrair bons
profissionais no mercado de trabalho, despertar a confiança de
investidores, abrir as portas dos poderosos, comprar boa vontade
de formadores de opinião e de tomadores de decisão, aumentar
o nível de tolerância da opinião pública. Se a imagem da
empresa puder ser traduzida em resultados, ela gera vantagem
competitiva.
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O assessor deve criar oportunidades, mas nunca perder de vista seu papel:
representar o assessorado.
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•• revista;
•• jornal mural;
•• intranet;
•• blog;
•• rádio;
•• televisão;
•• vídeo;
•• mural de integração;
•• projetos de mensagens visuais por e-mail, celular, brindes etc.
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Seção 2
Plano estratégico
Setores de A área de comunicação de uma empresa é o centro
comunicação: da informação, é o local de onde as informações mais
assessoria de imprensa, importantes são disseminadas. Entretanto, para que as
comunicação interna,
publicidade, marketing,
informações fluam de maneira positiva, permanente e
call center. eficiente, ela deve funcionar de forma integrada, tantos
com os setores de comunicação, como com as demais
áreas: diretoria, setor financeiro, administrativo etc. Uma
empresa que trabalha de forma integrada fortalece o bom
clima organizacional, bem como o relacionamento com
seus públicos.
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•• planejamento;
•• gestão;
•• pensamento estratégico, além de bases científicas da comunicação.
Para Ferraretto e Ferraretto (2009), a assessoria de imprensa nunca deve ser feita
com base no improviso. Como o planejamento estratégico, a empresa segue em
uma direção correta e pode, assim, se antecipar frente a possíveis ameaças. A
partir de políticas bem elaboradas e definidas, a assessoria de imprensa deve
elaborar seus próprios planos estratégicos.
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PLANOS
D
Documentos que descrevem
as atitudes a serem tomadas
a
ccorriqueiramente.
PLANEJAMENTO
Define políticas e se
materializa em:
ESTRATÉGIAS
Ações adotadas extraordinariamente,
mas sempre com base nas diretrizes
do planejamento.
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Checklist semanal
• Fazer a clipagem.
90
91
Seção 3
Ética na comunicação
A função que um assessor de imprensa exerce requer muita responsabilidade.
Esse profissional, acima de tudo, está lidando com pessoas, fatos, situações que
envolvem terceiros. A atenção dobrada no que se refere às atividades diárias deve
ser uma constante. Depois que o assessor de imprensa dispara uma notícia na
mídia, não tem como saber a proporção que a notícia irá tomar, ainda mais em
tempos de tecnologias de rede, virais. Cada entrevista, pauta, release, e demais
atividades do assessor, deve ser cautelosa, a fim de preservar a sua imagem
profissional e, principalmente, a das pessoas envolvidas.
Nesse contexto, muitas vezes, o assessor acaba ficando em dúvida sobre o que
deve ou não fazer em determinadas situações. Devermos sempre ter em mente
que a ética deve vir em primeiro lugar.
De acordo com Bucci (2000, p. 15), “ética deriva do grego éthos, que, a grosso
modo, refere-se aos costumes.” Há diferentes correntes filosóficas que tratam
de ética e todas têm como base uma teoria que sustente a racionalidade, a
92
Se a ética é a ciência relativa aos costumes, aquilo que se destinge entre o bem
e o mal, como podemos classificar os códigos de ética, que são as normas que
devem ser aplicadas para colocar a ética em prática?
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Muitos debates vêm sendo feitos em relação ao código de ética dos jornalistas,
em função de que o mesmo ele se estende aos assessores de imprensa.
O Decreto-Lei n. 972 (BRASIL, 1969) e o Decreto n. 83.284 (BRASIL, 1979)
regulamentam a profissão de jornalista. Para muitos, como a maioria dos
assessores de imprensa são jornalistas, não havia a necessidade de um novo
código de ética para os assessores.
Para Bucci (2000, p. 205), é no convívio diário com os públicos que o profissional
de comunicação terá contato com a relevância prática da sua função social.
Aprenderá a cultivar e a respeitar as suas fontes de informação.
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Devemos lembrar que os códigos de ética não são universais, variam de país para
país.
Quem trabalha diretamente com informação pode pensar que o fato de reportar
o que a pessoa disse, ou seja, não mentir, já é o suficiente. Só que muitas vezes
isso não basta, pois este profissional precisa, acima de tudo, interpretar o que foi
dito. Uma simples inversão de palavras, ou até mesmo uma vírgula mal colocada,
pode comprometer completamente uma ideia. As questões éticas estão muito
acima de simplesmente não mentir ou omitir uma informação.
95
Também existem casos nos quais as fontes acreditam que podem cobrar para
dar entrevistas. Ocorreu em 2010, quando 33 mineiros chilenos foram resgatas
da mina San José. Eles ficaram setenta dias presos e quando saíram foram
assediados pela mídia. Alguns tentaram cobrar dos jornalistas para falar sobre o
acontecimento. Outro caso ocorreu nos EUA, quando Richard Nixon renunciou
à presidência, no escândalo Watergate, em 1977, exigindo 600 mil dólares para
conceder entrevista a um apresentador de televisão. (SCHMITZ, 2011)
96
O livre uso da expressão oral ou escrita não nos dá o direito de falar e escrever
o que bem entendemos, tendo em vista que existem vários reguladores, descrito
em leis regidas pelo Estado e, para cada local, normas específicas. A liberdade
de expressão existe, embora quem infrinja as leis sofrerá as consequências.
Nesse contexto não podemos esquecer que existe o “outro”, que também pode
se expressar de acordo com a visão particular dos fatos. Isso implica saber o que
falar e saber interpretar e aceitar a fala do “outro”.
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A Lei de Imprensa no Brasil ficou vigente ente os anos de 1967 a 2009. Ela
foi instituída no período da Ditadura Militar e revogada pelo Supremo Tribunal
Federal. Na época que foi criada, a lei visava à restrição à liberdade de expressão,
ou seja, os jornalistas poderiam ser punidos de forma mais rígida se fossem
acusados de escrever calúnias, injúria e/ou difamação. Com a revogação da lei,
cada caso passou a depender das decisões judiciais, de acordo com o Código
Penal e Civil brasileiro.
De acordo com Schmitz (2011), esse foi o caso do tabloide inglês News of World,
que foi extinto por grampear telefones, invadir caixas postais de celulares e
subornar policiais e agentes públicos, isso ocorreu em 2011. Os editores foram
presos e o jornal fechado.
98
99
Prezado(a) aluno(a),
Espero que você tenha aproveitado este conteúdo, que contempla as principais
atividades de um assessor de imprensa.
Agora que concluiu esta trajetória, você está apto a trabalhar com assessoria
de imprensa. Mais importante do que conhecer as técnicas de produção de
um release, saber efetuar um bom relacionamento com a imprensa, marcar
entrevistas ou fazer a clipagem, é ter uma visão ampla e crítica do que está
acontecendo na sociedade – e no mundo! - e, acima de tudo, saber trabalhar de
forma ética.
Mesmo não acreditando que exista uma fórmula mágica para o sucesso, penso
que ter sucesso é estar em constante processo de aprendizagem, superando as
suas próprias expectativas e buscando atingir as metas propostas e dinâmicas.
Siga em frente!
101
BUCCI, Eugênio. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Editora Companhia das
Letras, 2000.
103
DAMIÃO, Carlos. Barbosa. Notícias do Dia. 10 abr. 2015. Disponível em: <http://
ndonline.com.br/florianopolis/colunas/carlos-damiao/247730-a-melhor-solucao-
para-concluir-a-ponte-hercilio-luz.html>. Acesso em: 27 abr. 2015.
104
FOLHA DE SÃO PAULO. Manual de Redação Folha de São Paulo. 14 ed. São
Paulo: Publifolha, 2010.
FORNI, João José. Comunicação em tempo de crise. In: DUARTE, Jorge (org.)
Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria técnica. São
Paulo: Editora Atlas S. A., 2002. p. 363-388.
HENKES, Jairo Afonso. Água. O que eu tenho a ver com isso? Unisul Hoje.
20 mar. 2015. Disponível em: <http://www.unisul.br/wps/portal/unisul-hoje/
Noticia/?id=222788>. Acesso em: 16 abr. 2015.
105
ROSA, Mário. A Síndrome de Aquiles: Como lidar com as crises de imagem. São
Paulo: Editora Gente, 2001.
106
VASSALLO, Cláudia. Façam suas malas e boa viagem. Revista Exame. 08 maio
1998. Disponível em: <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache
:poPhPK8arL4J:exame.abril.com.br/revista-exame/noticias/facam-suas-malas-e-
boa-viagem-m0053857+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 13 maio
2015.
Cilene Macedo