INSTITUTO FEDERAL DE SÃO PAULO – CAMPUS SERTÃOZINHO
Disciplina: Filosofia da Educação Professora Drª Marina Caprio
Aluno: Marcos Cruz Santos / Atividade: Redigir uma síntese
Ao se tornar discípulo de Sócrates, Platão começa a questionar a formação
aristocrática, tornando-se crítico da mesma, a filosofia platônica delinearia várias tentativas para a solução relacionados ao conhecimento, diálogo tais como: Mênon, Fédon, Banquete, Fedro, Eutidemo e principalmente a República. É importante dizer, conforme mencionado em aula pela Profa. Marina, que Platão teve uma vida privilegiada, no cunho econômico, social e cultural, onde pode desenvolver suas habilidades e competência, obtendo êxito em seus empreendimentos educacionais, em detrimento aos demais semelhantes, que não obtiveram as mesmas condições de desenvolvimento e oportunidades de acesso à educação de qualidade. Podemos verificar que no Banquete e na república, ele encontra uma saída para os problemas éticos e políticos do seu tempo, a decadência da política, dos costumes e da educação (Paideia) e assim ele observa a ausência, da virtude (areté) e da justiça, a causa dos males que degradam a cidade, vale ressaltar que o próprio Sócrates teria sido vítima dessa carência de verdade, de virtude e de justiça, tendo um fim trágico, evidente sinais de decadência grega por esse motivo, Platão argumenta que teria se dedicado à verdadeira filosofia e lutado para que os filósofos chegassem ao poder, e dirimissem os problemas relacionados à ética e a política conhecido em um dos seus livros mais detalhadamente como: A República. Ele idealiza o filósofo como educador do Estado e dos cidadãos, construindo as bases de um pensamento e de uma pedagogia próprios. Demarcando a história da filosofia da educação subsequente, sendo discutido até hoje, devido a sua influência e repercussão no discurso pedagógico e na atividade do educador. Antes de apresentarmos as discussões e configurações da teoria de Platão, é importante fazermos menção ao seu mestre Sócrates. Como meta de reinvenção da polis, Sócrates rompeu com aquele modelo de educação predominante, do século IV, que baseava na concepção aristocrática da areté, isto é, da virtude ou da excelência intelectual e moral, acessível somente aos que possuíam sangue divino, a antiga areté perdeu sentido, a nova areté cuja preocupação se centra na formação política, ética e moral dos indivíduos para o exercício do poder, conforme trabalhada por Platão, esse modelo foi possível mediante o desenvolvimento cívico, mediante o respeito às leis e a participação nas atividades políticas, na qual a virtude maior é a palavra. Outra característica apresentada no texto e na fala da profa. Marina em aula, diz respeito à relativização dos acontecimentos e dos conjuntos de ações desempenhadas pelos indivíduos, que causam determinado resultado segundo os seus próprios critérios. Os disseminadores desse pensamento são os sofistas, equiparados aos advogados contemporâneos, onde o que importa é o convencimento a todo custo, do seu ponto de vista, em detrimento da ética e da moral pré-estabelecida entre as instituições sociais. Sócrates criticou veementemente seus métodos, diferentemente da ação filosófica dos sofistas, se recusou a cobrar pelos seus ensinamentos e, além disso, se distancia dos primeiros no que tange aos resultados finais daquilo que é ensinado, ele não se colocava na condição de professor e sim de indagador, introduzindo o diálogo como forma de se buscar a verdade. Ele faz da filosofia uma pedagogia da razão, e usa um mantra: “Conhece-te a ti mesmo” e “Sei que nada sei” Platão, influenciado pela filosofia socrática, pensa a sociedade e suas relações através do conceito de “justiça”. Platão (1973) a define a partir da ideia de homem virtuoso e do ideal de cidade justa, a cidade ideal seria aquela constituída de três estratos, a saber, o dos artesãos, o dos guardiões e o dos governantes, em que todos viveriam em harmonia, e cada um desenvolvendo as respectivas funções de acordo com suas capacidades, natureza e necessidades de organização, só seria possível essas ideias alcançadas com a ação virtuosa em razão da alma (psyché). Para Platão, existe 3 tipos de almas, e elas estão aprisionada ao corpo: a alma apetitiva ou a concupiscente se ligaria ao corpo pelo baixo-ventre, estando sujeita a transitoriedade e à imperfeição, a alma colérica ou irascível se ligaria ao corpo pelo coração e, por isso, seria também mortal e efêmera, a cabeça seria portadora do raciocínio, capaz de contemplar as ideias e de julgar o que condiz com a realidade, o que é bom e o que é mal, podendo mover o pensamento e orientar a ação humana conforme os preceitos da verdade, da bondade e da justiça. Para Platão, a alma racional seria superior às outras duas, e deveria ser estimulada/desenvolvida pelos líderes, filósofos e reis da pólis. Portanto, para Platão em seu entendimento, esse deveria ser o ideal a ser perseguido pela filosofia e pela pedagogia, justificando por uma ética que consiste na libertação do homem dos vícios, da intemperança e da irracionalidade, nas quais estão imersos quando se deixam conduzir pelos seus apetites, desejos e paixões, sem a mediação da faculdade da razão, nesse mundo inteligível, os objetos do conhecimento científico seriam de outra natureza, visto pelo pensamento, que chamou de (dianoia), que independem das sensações e percepções humanas. Platão ilustrou essa primazia, através da teoria do conhecimento mediante a alegoria da caverna, onde os prisioneiros após escapar daquela condição limitante, e libertos além daquele lugar, poderiam contemplar as ideias verdadeiras, com a sua saída de seu estado de ignorância e do mundo da opinião para o estado de sabedoria e o mundo inteligível. Conforme demonstra Chauí (1994, p. 260), diz que esse processo da elevação em direção às suas faculdades superiores, demandaria esforço, e seria dolorido e penoso: “[...] o caminho em direção ao mundo exterior é íngreme e rude, o prisioneiro liberado sofre e se lamenta de dores no corpo, a luz do sol a cega. Platão narra um parto: o parto da alma que nasce para a verdade e é dada à luz”. Heidegger corrobora com esse olhar, associando a Paideia justa de Platão à Aleteia, isto é, ao desvelamento da verdade, pois “a filosofia educa para a verdade, assumindo sua face pedagógica e tentando tirar os homens da caverna a qual se encontram aprisionados”. Por fim, Platão estabelece o seu modelo educacional, onde leva em consideração a natureza dos indivíduos, ajustando-os aos interesses e demandas da cidade justa, modelo esse, que tem reflexo no mundo ocidental, e permeia a formação flexível e crítica dos indivíduos.