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SEMIOLOGIA NEURO

RACIOCÍNIO CLÍNICO
o DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO: conjunto de sinais e sintomas do paciente
o DIAGNÓSTICO TOPOGRÁFICO: local da lesão causadora do sintoma
o DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO: qual a causa da lesão – vascular, inflamatória,
degenerativa, etc
Tentar estabelecer possíveis regiões afetadas ou preservadas; identificar o modo de
instalação do sintoma.

EXEMPLO
Caso clínico: Sr. João, 68 anos, natural e procedente de SP, casado, dá entrada no pronto-socorro
com queixa de fraqueza no lado direito do corpo há 12 horas. Conta que foi dormir bem e
acordou assim, sem conseguir caminhar. Refere ainda dormência do lado direito do corpo e fala
enrolada. Nega outros sintomas. Antecedentes pessoais: hipertensão arterial há 20 anos em
tratamento irregular, diabetes em uso de metformina 2 comprimidos de 500 mg por dia, infarto
agudo do miocárdio há 5 anos.

Nesse caso, temos:

Sintoma guia: fraqueza, acompanhada por uma queixa sensitiva e fala enrolada.

A queixa motora e sensitiva ocorrendo do mesmo lado sugere a ocorrência de uma lesão em
uma região na qual os tratos motores e sensitivos andam muito próximos.

A apresentação súbita dos sintomas sugere etiologia vascular.

Continuando... Ao realizar o exame físico neurológico do Sr. João você observa: Seu João está
acordado e orientado no tempo e espaço. Informa corretamente onde está, em que dia estamos
e em que ano estamos. Sr. João obedece a comandos, lê, compreende, escreve, repete e nomeia
objetos. Observamos que a alteração da fala é uma dificuldade na articulação das palavras.

Graduamos a força conforme a escala disponível no material de referência de exame físico Seu
João não consegue ficar de pé ou caminhar.

FMG3 MSD (força muscular grau 3 membro/superior direito);


FMG3 MID (força muscular grau 3 membro inferior direito);
FMG5 MSE (força muscular grau 5 membro superior esquerdo);
FMG5 MIE (força muscular grau 5 membro inferior esquerdo).

Reflexos profundos (bicipital, tricipital, patelar e aquileu) exaltados à direita e normoativos à


esquerda.

Reflexo cutâneo plantar em extensão à direita;

Sensibilidade tátil abolida à direita e preservada à esquerda;


Provas cerebelares não puderam ser executadas à direita devido à paresia apresentada pelo
paciente.

Provas cerebelares normais à esquerda;

Movimentação ocular extrínseca (MOE) normal, reflexos fotomotor e consensual normais.

Desvio da rima para esquerda;

Língua centrada, úvula centrada.

Manobras de rigidez de nuca ausentes.

Observa-se correspondência das queixas do paciente com os dados de história e exame físico.

Identifica-se fraqueza com sinais de lesão no neurônio motor superior, dada a presença de
reflexos exaltados e Babinski.

Diagnóstico sindrômico: síndrome piramidal deficitária, caracterizada por fraqueza, reflexos


exaltados, disartria e cutâneo plantar em extensão;

 Síndrome sensitiva, caracterizada por hipoestesia direita.


 Os sintomas do paciente indicam lesão da cápsula interna esquerda, sendo que uma
lesão cortical condizente com os sintomas do paciente deveria afetar os lobos frontal e
parietal, o que levaria a um rebaixamento do nível de consciência.
 O paciente apresenta uma dificuldade na articulação da fala denominada disartria.
 Descarta-se a possibilidade de lesão do tronco cerebral porque não há envolvimento de
nervos cranianos

Diagnóstico topográfico: cápsula interna.

OBS: Exemplos de diagnóstico sindrômico: síndrome de baixa acuidade visual, caracterizada por
redução da acuidade visual no olho direito; síndrome dos nervos cranianos, caracterizada por
paralisia do sexto nervo craniano; síndrome dos nervos cranianos, caracterizada por paralisia do
terceiro nervo craniano; síndrome cerebelar, caracterizada por marcha atáxica, nistagmo e
dismetria; síndrome do rebaixamento do nível de consciência; síndrome de cefaleia; síndrome
de hipertensão intracraniana, caracterizada por cefaleia, náuseas, vômito e edema de papila;
síndrome sensitiva, caracterizada por nível sensitivo T10.

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