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Desenvolvimento Industrial
INDÚSTRIA E DESENVOLVIMENTO
Uma Análise dos Anos 90 e Uma Agenda de Política de
Desenvolvimento Industrial Para a Nova Década
Novembro de 2000
Conselho do IEDI
É entendimento do IEDI que o País não pode reproduzir na década que se inicia o
baixo crescimento e a estagnação do seu desenvolvimento que caracterizaram os últimos 20
anos. Entende também que o crescimento deva, desta feita, vir acompanhado de uma melhor
qualidade desse processo, o que significa dizer que ao crescimento deve corresponder mais
empregos para a população, melhores salários, produção de bens com produtividade,
qualidade e preços capazes de assegurar o amplo consumo interno e a competitividade
internacional. Em outras palavras, trata-se do crescimento de uma economia moderna,
competitiva e que distribui de forma eqüitativa os frutos de seu dinamismo.
INTRODUÇÃO
Na década de 80, o fator institucional mais marcante nesta área foi a criação do
Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, em 1985. A ele coube a formulação e
implementação da política nacional de desenvolvimento científico e tecnológico. Após
alguma instabilidade institucional, o MCT se firmou como órgão formulador dessa política,
embora a sua implementação exija a contribuição de vários ministérios do governo federal e
mesmo de instâncias estaduais e, em alguns casos, municipais.
1
Fontes: OCDE.
2
USPTO / United States Patente and Trademark Office.
*
Notas: Subestimado.
nd = não disponível.
O presente texto objetiva contribuir para essa discussão ao tratar de alguns dos
principais elementos da política tecnológica. Para efeito das observações a seguir, serão
analisadas as ações sob responsabilidade do Ministério da Ciência e Tecnologia. O primeiro
item apresenta as principais ações governamentais no campo da tecnologia industrial. O
segundo, o desempenho dessa política nos últimos anos. O item seguinte apresenta uma
avaliação crítica dessa política. Por fim, são propostas algumas recomendações com o
objetivo de promover o desenvolvimento tecnológico industrial. Outras dimensões da política
tecnológica – financiamento, incentivos e políticas descentralizadas – serão analisadas nos
próximos itens.
Este item trata dos principais elementos da política tecnológica industrial brasileira,
limitando-se às ações do MCT. Entre elas, serão destacadas as seguintes: o Programa de
Apoio à Capacitação Tecnológica da Indústria – PACTI e a Política de Informática.
Poder de Compra
Mobilização Tecnológica
O PNI foi lançado no final do ano de 1998, todavia o seu orçamento deverá ser
definido anualmente, sem maiores parâmetros, e não está claro de que forma essas atividades
serão apoiadas pelo Programa.
Gestão Tecnológica
Infra-Estrutura Tecnológica
Articulação Setorial
• Dedução até o limite de 50% do imposto de renda devido, das despesas realizadas no País
em atividades de pesquisa e desenvolvimento. Este incentivo fiscal vigorou até 31 de
dezembro de 1997.
• As pessoas jurídicas poderiam deduzir, até 1% do imposto de renda devido, apurado no
período de 1992 a 1997, as importâncias investidas em ações novas de empresas
produtoras de bens e serviços de informática.
• Isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI incidente sobre bens de
informática. Este incentivo vigorou até 29 de outubro de 1999 e, a partir daí, tem sido
prorrogado por medidas provisórias.
• Política de compras governamentais que diferencia a compra de bens e serviços de
informática produzidos no Brasil.
No que diz respeito ao PACTI, a maior parte de suas ações pode ser resumida na
palavra mobilização. Vários de seus segmentos, na realidade, procuram articular agentes e
disseminar informações sobre o tema do desenvolvimento tecnológico. Nesse sentido, são
realizadas reuniões técnicas, seminários, estudos, divulgação de informações, publicações de
metodologias, publicações de casos de sucesso etc.
Fonte: MCT.
Quanto ao número de empresas que se beneficiaram da PNI, desde 1993 até 1998, o
total somou 272 empresas, novamente, destacando-se a solicitação de isenção do IPI: cerca de
57% solicitaram apenas este incentivo fiscal e cerca de 88% solicitaram este e pelo menos
mais um outro tipo de incentivo da Lei de Informática.
Incentivo N° de Empresas
IPI 156
IR 15
Capitalização 15
IPI/IR/Capitalização 13
IR/Capitalização 3
IPI/Capitalização 7
IPI/IR 63
Total 272
Fonte: MCT.
Neste ponto é interessante ressaltar esses números. Se, para ter direito ao incentivo de
IPI as empresas são obrigadas a investir pelo menos 5% do seu faturamento em P&D, por que
apenas 63 empresas solicitaram além desse incentivo, a redução do imposto de renda devido
com as despesas em P&D, e a grande maioria, de 156 empresas somente solicitaram a isenção
do IPI? Algumas hipóteses podem ser levantadas. A primeira é de que as empresas do setor de
informática poderiam não estar obtendo lucros que justificassem a utilização do incentivo
para reduzir o efetivo pagamento. Se isto for verdadeiro, é preocupante pois esta indústria tem
apresentado uma das taxas de expansão mais elevadas, demonstrando estar passando por
período de sensível crescimento no Brasil, assim como de suas importações.
1993 12 95 107
1994 4 67 224 295
1995 9 117 216 342
1996 28 130 231 389
1997 19 135 281 435
1998* 17 145 342 504
Total 77 606 1.389 2.072
Fonte: MCT.
Nota: * Estimativa.
PACTI
É nesse sentido que não bastam ações do tipo seminários e reuniões para a efetiva
organização sistêmica dos agentes, ainda mais no caso brasileiro, que não tem se mostrado
muito dinâmico na geração e incorporação do progresso técnico. Em outros termos, equivale
dizer que há necessidade de uma atuação mais direta e explícita do Estado brasileiro na
organização do Sistema Nacional de Inovação no Brasil, assim como já o fazem outras nações
do mundo.
Tendo isto em mente, a seguir são feitos alguns comentários sobre três ações
consideradas entre as mais importantes do PACTI: projetos cooperativos; entidades
tecnológicas setoriais; e micro e pequenas empresas.
“Nesta pesquisa, foram identificados seis fatores principais que explicam esta baixa
incidência de projetos cooperativos. Os três primeiros (de natureza estrutural) são o perfil
maduro e tecnologicamente pouco exigente dos segmentos nos quais a indústria está
concentrada, o padrão de inserção das subsidiárias das empresas estrangeiras aqui instaladas
nas redes globais destes grupos transnacionais e a dependência tecnológica da indústria frente
a fornecedores externos de tecnologia. Os três outros fatores (internos às empresas) são os
seguintes: a falta de informação existente sobre parceiros potenciais de projetos cooperativos,
a visão de falta de eficiência de projetos cooperativos e das instituições de pesquisa
(universidades e institutos) como parceiros adequados e a ausência de estruturas internas
formalizadas de P&D.”
O mesmo relatório também mostra que algumas iniciativas de cooperação não deram
certo em função das dificuldades de financiamento das instituições públicas de pesquisa.
Mais do que isto, exemplifica o que são críticas realizadas pelo setor produtivo de que os
esquemas de financiamento estão mais voltados para o campo científico e que as rotinas e
critérios considerados na análise não valorizam a pesquisa de interesse das empresas. As
críticas empresariais inclusive alcançam aspectos operacionais, como, por exemplo, o fato
de que as avaliações das instituições de fomento ocorrem apenas uma ou duas vezes durante
o ano. Para o setor privado esta dimensão temporal assume uma perspectiva completamente
inadequada.
Uma segunda observação é de que o PACTI deveria ser mais incisivo no seu apoio à
estruturação de entidades tecnológicas setoriais. É de se avaliar a idéia de que as associações
empresariais industriais institucionalizem empresas de sua propriedade com o objetivo de
promoverem a difusão de tecnologias em seus respectivos setores de atuação. Esta é uma
forma de transformar as associações em entidades de apoio técnico que, ao mesmo tempo,
estaria constituindo-se numa fonte de receita para seu autofinanciamento. Há entendimento de
que assim como o governo deve adequar suas instituições e modernizar a forma de fazer e
implementar políticas públicas, o setor privado também deverá ser mais dinâmico sob o ponto
de vista da incorporação do progresso técnico para enfrentar a nova revolução industrial que
tende a se acelerar no próximo século.
Várias das atividades acima não fazem parte da P&D propriamente dita e sim podem,
no máximo, serem consideradas como atividades tecnológicas, embora algumas delas não
sejam enquadráveis nem nessa categoria mais ampla, tal como treinamento de recursos
humanos de nível médio, assessoria e consultoria e qualidade. Portanto, a contrapartida das
empresas para o benefício dos incentivos fiscais, de investimento de pelo menos 5% do seu
faturamento bruto em P&D deve ser relativizado pelo conceito amplo de P&D que é aceito
pela legislação pertinente.
Se estas observações tiverem sentido real, o esforço de P&D em informática tem sido
inferior ao seu potencial. Como um dos segmentos que se colocam na base das novas
tecnologias que estão transformando a base material da produção, a informática e sua
integração com outras tecnologias e setores industriais deve ampliar significativamente o
esforço em P&D, requerendo aperfeiçoamento da política de informática e maior abrangência
no contexto de uma política industrial setorial.
1) Da forma como se encontra estruturado o PACTI, seus resultados são pouco efetivos.
Não que a articulação institucional seja desnecessária; pelo contrário, o processo de
inovação é resultado de um processo coletivo de trabalho, envolvendo distintas
instituições. Portanto, o trabalho de articulação e coordenação entre instituições deve
permanecer, cabendo porém, duas observações a respeito. Em primeiro lugar, é
recomendável que seja privilegiada a dimensão setorial do conjunto de ações
coordenadas. Em segundo lugar, não é desejável que o PACTI se resuma a este tipo de
ação. Os desafios da política tecnológia no próximo século exigirão maior participação do
governo federal e maior importância para a política tecnológica no contexto da política
industrial.
2) É necessário que o PACTI tenha maior volume de recursos para essas atividades de
coordenação e promoção do desenvolvimento tecnológico industrial.
5) A proposição de entidades tecnológicas setoriais merece ser melhor explorada por duas
razões. Em primeiro lugar, porque apesar da velocidade de maturação das novas
tecnologias, no Brasil ainda é muito grande a heterogeneidade tecnológica, na medida em
que ainda há muito espaço para o avanço da difusão de tecnologias relativamente
maduras ou que não sejam de última geração. Além da importância do tema da difusão de
tecnologia, a proposição de ETS pressupõe que as ações sejam setorializadas. Nesse
sentido, o MCT poderia ser mais ativo no estímulo à constituição de ETS. Isto pode
significar divulgação da idéia, treinamento de recursos humanos para a ETS etc., mas,
principalmente, o MCT pode contribuir com o investimento para a estruturação das ETS,
em parceria com os governos estaduais. Adicionalmente, através da infra-estrutura
científica e tecnológica pública, as diferentes esferas de governo podem auxiliar na
estruturação dessas entidades, com baixos custos operacionais. Uma idéia a se investigar
é de que as associações empresariais setoriais constituam entidades tecnológicas setoriais,
o que daria nova configuração para as entidades do meio empresarial.
9.2) Dos 5% a serem investidos em P&D como contrapartida das empresas beneficiadas
por incentivos fiscais, 2,3% devem ser investidos em projetos cooperativos, sendo,
pelo menos, 0,5% em um fundo específico para o financiamento de pesquisas em
informática (a ser administrado pela FINEP, mas subordinado a um comitê gestor
constituído por representantes do setor público e do setor privado). Esta proposta
faz parte do projeto que ainda se encontra em tramitação no Poder Legislativo e
está de acordo com a orientação recente do governo federal de criação de fundos
setoriais de apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico.
9.3) O prazo de vigência da nova Lei de Informática deve ser até 2009, prevendo-se
reduções anuais de incentivos e de contrapartidas das empresas.
10) Assim como está acontecendo com a informática, no aspecto da constituição de um fundo
específico, já existe um fundo setorial para gás e petróleo, o CTPetro. O FUNTTEL,
criado pela Lei de Telecomunicações, também pode exercer o mesmo papel. Ou seja, em
algumas áreas relevantes do ponto de vista da capacitação e da geração de novas
tecnologias, o Brasil passaria a contar com fundos específicos, administrados por comitês
que tenham a participação de diferentes atores (governo, empresários, comunidade
científica e tecnológica etc.). É muito importante que esses fundos sejam implantados o
mais rápido possível, devendo ainda serem ampliados para outros segmentos, tais como
aqueles definidos pelo governo federal, propostos através de projetos de lei e aprovados
pelo Congresso Nacional. Os setores até o momento contemplados são os de energia
elétrica, recursos hídricos, mineração, espacial, transportes, infra-estrutura de C&T e
interação universidade-empresa. Ainda estão sendo estudados: saúde, aeronáutico e
agronegócios.
11) Por fim, é necessário que o governo assuma o apoio a setores industriais geradores e
transmissores de progresso técnico também como elemento de política tecnológica
setorial. Por exemplo, conceder prioridade para investimentos na indústria de
Optou-se por analisar os instrumentos operados pela FINEP, BNDES e MCT, embora
existam instrumentos voltados ao desenvolvimento tecnológico de responsabilidade do BB –
Banco do Brasil, BNB – Banco do Nordeste e do BASA – Banco da Amazônia, por exemplo.
Há uma breve referência à FAPESP por esta contar com dois programas de concepção nova
para a capacitação tecnológica.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP foi criada pelo
Decreto n.º 40.132, de 23 de maio de 1962 e tem por finalidade promover a atividade de C&T
no Estado de São Paulo, competindo-lhe:
De início, cumpre destacar que, em boa medida, existem importantes pontos comuns
entre os instrumentos aqui considerados, quais sejam:
cont.
cont.
Na base dessas mudanças estão: a percepção de que a geração de riqueza e o bem estar
social dependem cada vez mais do conhecimento; a idéia de que são as empresas os agentes
capazes de transformar ciência em riqueza; e o caráter de bem público da tecnologia,
justificando a natureza estratégica do apoio do Estado ao desenvolvimento tecnológico.
A falta de foco da política tecnológica e dos seus instrumentos de apoio não está,
contudo, superada. O objetivo geral de capacitação tecnológica não é capaz isoladamente de
gerar estratégias de fomento adequadas aos distintos ambientes competitivos e tecnológicos
em que as empresas se situam. Corre-se o risco de reduzir a política tecnológica a premiar os
esforços de empresas mais dinâmicas tecnologicamente, sem nenhuma capacidade de produzir
estímulos mais diretos sobre as diversas cadeias produtivas.
A FINEP passa por um importante processo de mudanças desde o início dos anos 90.
Como recordam seus dirigentes, a empresa sai de uma situação de grande esvaziamento e falta
de identidade na virada da década para um papel razoavelmente ampliado nos anos seguintes,
com a PICE e o destaque conferido à capacitação tecnológica das empresas. O patrimônio
líquido salta de um patamar de cerca de US$ 27 milhões em 1992 para alcançar o nível de
US$ 403 milhões em 1997. É um crescimento expressivo em curto período de tempo. Em
conseqüência a FINEP conseguiu aumentar significativamente a sua escala de operações.
Não obstante esse período de crescimento acelerado, a FINEP não foi capaz de
reorientar a sua atuação para objetivos mais claros ou de identificar oportunidades novas –
inclusive lançando mão de parcerias com outras instituições de fomento. Persistiu a sua
tradicional atuação de balcão, com o agravante da abertura excessiva do seu leque de atuação
e conseqüente diluição dos seus objetivos.
De acordo com a visão dos atuais dirigentes da empresa, a a orientação a ser seguida é
trabalhar com os conceitos de desenvolvimento tecnológico/inovação e de aperfeiçoamento. O
foco passa a ser a empresa, ainda que em esforços associados às universidades e aos institutos
de pesquisa. O desafio é transformar a FINEP numa agência de governo indutora de
transformação nas empresas, atuando de uma maneira menos padronizada e mais adaptada ao
perfil do cliente.
Evidentemente, o novo enfoque requer uma ação mais ativa por parte da instituição,
ou seja, buscar os clientes com maiores potencialidades. Para esse fim, a FINEP pretende
utilizar os seus representantes em todas as Federações de Indústria e/ou no IEL – Instituto
Euvaldo Lodi, de cada estado. São os denominados Promotores, que têm um importante papel
prospectivo a realizar. Isso daria à FINEP uma vantagem comparativa sobre o BNDES. Dessa
forma seria possível a apresentação de uma política mais clara, induzindo determinados
aspectos, por meio da divulgação para as empresas.
Não parece, contudo, possível atuar com o foco pretendido sem clareza dos problemas
e formas de atuação setorial. Os dirigentes julgam necessário antes elaborar um diagnóstico
para extrair as grandes sinalizações ou prioridades. A rede de informações seria fundamental
dentro desse enfoque. A FINEP propõe-se a fazer uma “aposta” na identificação de empresas
de diversos setores com uma visão de fato inovadora para a promoção de um apoio mais
integral à expansão da empresa.
Nesse sentido, a FINEP nas Políticas Operacionais que definiu em agosto de 1999,
conceituou os “clientes base FINEP”, como os clientes de interesse central para a instituição.
Seriam empreendedores e empresas com as seguintes características alternativas: dedicadas às
Uma outra iniciativa inovadora está na nova relação com microempresas. A novidade
do enfoque é a atuação da FINEP a partir da identificação dos sistemas locais de inovação. O
investimento deverá ocorrer na cadeia produtiva, sempre associado ao aspecto da tecnologia,
sob o ponto de vista da inovação.
Desta forma, a partir de 1999, pode-se afirmar que a FINEP passou a operar de forma
diferente. De acordo com a atual configuração, são as seguintes as suas principais linhas de ação:
LINHAS DE
CONDIÇÕES DE
FINANCIAMENTO OBJETIVO ITENS FINANCIÁVEIS
FINANCIAMENTO
Apoio Integral a Apoiar a viabilização de - projeto de engenharia - Financiamento
Clientes Base- empreendimentos de base - obras civis convencional
FINEP tecnológica, abrangendo o - máquinas, equipamentos e - Financiamento de
financiamento de: instrumentos retorno variável
- planos de negócios e - montagem - Aporte de capital
investimentos em gestão - instalações - Apoio financeiro
empresarial, tecnológica, - patenteamento não-reembolsável
ambiental e da qualidade - licenciamento - Concessão de Fiança
- investimentos para a - compra de tecnologia ou Aval
implantação e ampliação de - equipes envolvidas com o
unidades produtoras de bens e projeto Cada projeto tem uma
serviços - matéria-prima condição específica,
- aperfeiçoamento e - treinamento no País e no sendo resultado do
desenvolvimento de processos, exterior uso múltiplo das
produtos e mercados (inclui o - diárias e passagens no País e possibilidades acima
apoio a participação dessas exterior
empresas em feiras e eventos - assistência técnica e serviços
tecnológicos no País e no de consultoria
exterior) - aluguel de estande, material
- infra-estrutura de P&D promocional e outros itens
necessários à participação em
feiras e eventos tecnológicos
- capital de giro inicial e
adicional associado
Apoiar projetos de P&D de - patenteamento - Financiamento
FINEP Tecnologia empresas e organizações gov e - licenciamento convencional
não governamentais de caráter - compra de tecnologia - Financiamento de
científico ou tecnológico, - equipes envolvidas com o retorno variável
visando o financiamento de: projeto - Aporte de capital
pesquisas básica e aplicada, - equipamentos e instrumentos - Apoio financeiro
desenvolvimento exp, serviços - matérias-primas não-reembolsável
científicos e tecnológicos e - treinamento no País e no - Concessão de Fiança
documentação téc e científica; exterior ou Aval
serviços de consultoria das - diárias e passagens no País e
universidades e centros de exterior Cada projeto tem uma
pesquisa para PMEs - assistência técnica e serviços condição específica,
enquadráveis pela FINEP; de consultoria sendo resultado do
aperfeiçoamento e desenv de - obras civis diretamente uso múltiplo das
processos e produtos e associadas ao projeto possibilidades acima
comercialização pioneira; - aluguel de estande, material
adaptação de produtos, promocional e outros itens
processos ou tecnologia necessários à participação em
importada às condições locais; feiras e eventos tecnológicos
compra no País ou no exterior
de tecnologias de produtos,
processos e serviços;
fortalecimento de equipes
dedicadas ao desenv e/ou à
adaptação de tecnologias;
implantação, expansão e
equipamentos de centros de
pesquisa tecnológica
Por se tratar de um instrumento relativamente novo, o BNDES ainda não fez uma
avaliação sistemática do CONTEC (Condomínio de Capitalização de Empresas de Base
Tecnológica). Pela natureza da atividade de capital de risco, os empreendimentos deste tipo de
operação apresentam risco superior à média e uma expectativa de elevado retorno sobre os
investimentos. A mortandade de empresas é alta: apenas 10 a 20% dos investimentos
alcançam a rentabilidade esperada; cerca de 50% têm retorno pouco expressivo; 20 a 30%
resultam em perda total.
Essa abordagem operacional exige uma postura pró-ativa por parte do investidor,
incompatível com o tradicional apoio “de balcão”, no qual o agente financeiro limita-se a
analisar as propostas recebidas. O Banco confirma essa preocupação, quando insiste na sua
atuação de fomento na identificação de empresas com potencial de investimento. Trata-se de
uma atuação de criação de competências.
Incentivos Fiscais
I – dedução, até o limite de oito por cento do Imposto de Renda devido, de valor
equivalente à aplicação de alíquota cabível do Imposto sobre a Renda à soma dos dispêndios,
1
Essas debêntures têm, em geral, carência de dois anos e resgates progressivos ao longo de quatro anos,
podendo, nesse período, ser convertidas em ações da empresa em qualquer momento. As suas vantagens são:
permitir melhor visibilidade do investimento, prazo maior para decisão sobre a conversão e oferecer uma
alternativa adicional de liquidez para os investimentos.
2
Os PDTIs se inserem nas ações do PACTI – Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica da Indústria,
programa gerido pela Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico do MCT, que tem por objetivo apoiar,
orientar e articular as ações relativas à capacitação tecnológica da indústria, visando aumentar a competitividade
dos bens e serviços produzidos no País.
O desempenho dos PDTIs esta sendo fortemente afetado por uma outra lei aprovada
em dezembro de 1997, como uma das medidas de contenção de gastos do “pacote” para
enfrentar a crise nos países asiáticos. O principal benefício concedido às empresas em
contrapartida ao seu esforço de capacitação tecnológica foi reduzido pela metade. A dedução
do IR devido em contrapartida dos investimentos em P&D das empresas caiu de 8% para 4%.
Porém, como esta dedução deve ser somada ao abatimento previsto na Lei do Programa de
Alimentação do Trabalhador, que também tem o teto máximo de 4%, na prática, o novo limite
comprometeu seriamente o benefício para a área tecnológica. Note-se que antes mesmo das
novas restrições, o total dos incentivos concedidos pelo MCT, ano a ano, ficava abaixo dos
montantes aprovados no orçamento de renúncia fiscal da União, indicando que as empresas já
não conseguem usufruir dos benefícios da Lei n.º 8.661/93, face às restrições impostas por
seus próprios mecanismos.
PITE/PIPE – FAPESP
Um aspecto central define os dois Programas. Esses não foram desenhados de forma a
trazer a demanda das empresas para dentro das universidades e dos institutos de pesquisa.
Procuram estimular o desenvolvimento de esforços por parte das empresas, aproveitando o
O programa prevê uma contrapartida de recursos das empresas aos gastos realizados
pela Fundação nas universidades e centros de pesquisa. Os gastos empresariais representam
um compromisso mais efetivo das empresas com o desenvolvimento dos projetos aprovados.
Aqui, mais uma vez, deve-se chamar atenção para o reduzido tempo de operação dos
instrumentos para avaliações mais abrangentes. Os dois Programas parecem, no entanto,
adequados à experiência acumulada pelo agente de fomento e são particularmente favorecidos
pelo fato de que em São Paulo concentra-se parcela expressiva da base técnico-científica e
industrial.
Instrumentos de Financiamento
Como as novas políticas operacionais da FINEP são muito recentes, ainda não se
dispõe de informações mais precisas sobre os resultados alcançados. Dessa forma, a avaliação
que se segue mantém a antiga estruturação da FINEP, conforme apresentado em item anterior.
A relação dos projetos da carteira de aplicações da FINEP indica uma atuação bastante
difusa e pouco focada nas empresas. Não estão disponíveis informações mais sistematizadas
sobre esses projetos apoiados, de forma a possibilitar traçar um perfil regional e setorial das
aplicações e, mais importante, ter uma noção mais clara dos seus resultados.
ADTEN 75 181.176.154,12
AGQ – Apoio à Gestão da Qualidade 49 74.817.999,60
PROEDUC – Programa de Educação para a Competitividade 4 3.858.719,00
AUSC – Apoio aos Usuários de Serviços de Consultoria 7 12.260.507,98
FINEP-VERDE 3 8.909.019,80
No que diz respeito ao spread, a FINEP anunciou uma redução, o que colabora para
reduzir o custo dos recursos para o tomador. Mesmo assim, o custo final continuará alto já
que a captação – sobre a qual incide a TJLP – é cara. A questão não está no diagnóstico, mas
sim nas ações possíveis para solução do problema. Já que não há fonte alternativa de recursos
para essa atividade no sistema financeiro doméstico, e nem sequer é possível atinar com a
possibilidade de acesso a fontes privadas externas para esse fim, a solução necessariamente
passa pela ação do setor público. Uma alternativa seria através de uma espécie de equalização
de taxas com recursos do orçamento fiscal, de modo a que, à semelhança do PROEX, a taxa
Capital de Risco
Note-se, ainda, que até meados de 1994, o ambiente macroeconômico brasileiro foi
marcado pela forte instabilidade associada às elevadas taxas de inflação, às altas taxas de
juros e, de forma geral, às grandes incertezas que dificultavam as decisões de investimento de
mais longo prazo. Esse quadro desestimulou particularmente a ampliação dos mecanismos de
capital de risco como modalidade de apoio financeiro, face às alternativas de elevado retorno
em aplicações de baixo risco.
33 33
30
14 14
10 10 10 10
9
8
5 5
4 4
3
Informática Telecom. Microeletron. Software Biotecnol. Prod. Reciclados Química Prod. Ecol.
53
42
25 25
21
16
4 4
3
As empresas que compõem a carteira respondem, em conjunto, por mais de US$ 130
milhões de faturamento e por cerca de 1.700 empregos diretos. Outro aspecto importante
refere-se aos diversos produtos desenvolvidos por essas empresas, que constituem inovações
significativas, até mesmo em nível mundial. Destacam-se os exemplos da Bio Fill e da
Relastomer.
O que é inegável é que os recursos do CONTEC representaram uma alternativa única para
a maior parte das empresas da carteira, seja porque os agentes financeiros não têm demonstrado
interesse em financiá-las, seja porque elas não teriam como apresentar garantias reais.
Incentivos Fiscais
Os 89 PDTIs aprovados até o final de 1998, com investimentos previstos até o ano de
2003, somam, em todo o período, mais de R$ 2,7 bilhões de gastos das empresas e cerca de
De acordo com o mesmo estudo, os gastos em P&D cresceram 40% entre 1994 e 1995 e
34%, entre 1995 e 1996, possibilitando a geração de novos produtos e processos. Isso explicaria
os aumentos expressivos no faturamento declarado pela maioria das empresas, entre 30 e 50%.
Finalmente, tendo em vista que os programas têm prazos que variam de um a cinco
anos – com a média situada em torno de quatro anos – e que os investimentos têm sido
maiores entre o período intermediário e o prazo final, as expectativas dos gestores dos
programas são de que os resultados mais significativos e abrangentes apareçam somente a
partir de 1999.
PITE/PIPE
Da sua implantação até hoje, o PIPE já contratou 102 projetos, somando-se as duas
fases do programa (ver tabela abaixo). A FAPESP está investindo R$ 7 milhões nestes
projetos. Importante destacar que existe uma concentração das empresas com projetos
aprovados, cuja localização se dá em torno de Universidades, salientando o papel da
universidade como formadora de pessoal.
Valor Total
Fase I - 1°, 2°, 3° e 4° Editais 76 74,5 3.078.458,76 42,9
Fase II – 1º e 2º 26 25,5 4.102.910,01 57,1
Total 102 100,0 7.181.368,77 100,0
Fonte: FAPESP.
1
Nota: Valor Aprovado = total em R$+US$ (R$ 1 = US$ 1).
1) Os incentivos fiscais deveriam ser ampliados para tornar mais atraentes os gastos de P&D
das empresas. Nesse sentido, a proposta é de que o equivalente a 80% dos gastos
• Pela captação de novas fontes: por exemplo os fundos setoriais que foram recentemente
criados pelo governo federal, com a aprovação do Congresso Nacional.
• Pela sua integração aos demais instrumentos de apoio ao desenvolvimento tecnológico.
• Pela maior ênfase na capacitação tecnológica das empresas nas linhas de financiamento
tradicionais dos agentes financeiros, notadamente o BNDES.
3
Os limites fixados de R$ 60 milhões para o faturamento e de R$ 120 milhões para o patrimônio estimula a
concentração dos investimentos dos fundos em empresas com faturamento mais elevado, deixando desatendidas
as de menor porte.
5) Finalmente, com relação ao custo dos recursos, como para projetos de desenvolvimento
tecnológico, não há fonte alternativa de recursos no sistema financeiro doméstico ou em
instituições privadas externas, a solução necessariamente passa pela ação do setor
público. Nenhuma das alternativas para a solução do problema é trivial: uma alternativa
de equalização de taxas para investimentos em tecnologia com recursos do orçamento
fiscal, à semelhança do PROEX, esbarra nas limitações atuais do orçamento fiscal; uma
outra seria flexibilizar o custo dos recursos obtidos pela FINEP junto ao BNDES e ao
FAT, de modo a que seja possível a mobilização de recursos com custo inferior à TJLP,
também uma solução difícil. De qualquer modo, o que é decisivo é encontrar uma
fórmula que permita uma taxa final para o tomador em compatível com o investimento
em desenvolvimento tecnológico, como 6% reais a.a.. As formas alternativas de
constituição dos fundos setoriais podem implicar em redução de custos para os tomadores
de recursos desses fundos. Nesse sentido, é grande a expectativa pela rápida
implementação desses novos instrumentos de apoio ao desenvolvimento tecnológico.
Setor Valor %
Fonte: MCT.
Esta seção analisa o arcabouço institucional formal adotado pelos estados da federação
na formulação e implementação de políticas de inovação e difusão. Com esse intuito,
procurou-se coletar e sistematizar os instrumentos que os diferentes governos estaduais têm
utilizado para estimular o aprofundamento dos esforços tecnológicos realizados em escala
local. Serão abordados os seguintes tópicos: (i) a coordenação geral dos esforços no âmbito
das políticas de C&T; (ii) a montagem de programas amplos de apoio ao desenvolvimento
científico e tecnológico; (iii) a priorização de áreas estratégicas no âmbito desses programas;
(iv) a utilização de fundações estaduais de apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico;
(v) a vinculação constitucional de recursos dos orçamentos estaduais com atividades de C&T;
(vi) a concessão, pelos governos estaduais, de estímulos à realização de atividades de P&D
pelo setor empresarial.
Alguns estados que ainda não possuem uma infra-estrutura científico-tecnológica mais
consolidada vêm realizando esforços para reforçar institucionalmente os organismos com a
função de coordenação das políticas de C&T. Nesse sentido, a experiência nordestina é
bastante ilustrativa. Em estados como Alagoas, Sergipe, Paraíba e Piauí, a política de C&T
estadual é uma das funções assumidas por outras secretarias, como as de Indústria, Comércio,
Turismo ou, alternativamente, de Planejamento ou Fazenda.
Mesmo diante dessas dificuldades, várias experiências inovadoras vêm sendo tentadas
com o objetivo de aumentar o grau de efetividade das políticas estaduais de C&T e aproximá-
las das realidades locais. Talvez o aspecto mais interessante de tais programas seja a sua
diversidade, o que reflete, por seu turno, a enorme variedade social, cultural e institucional
brasileira.
Por um lado, algumas políticas estaduais de C&T têm buscado privilegiar áreas,
atividades ou setores tecnologicamente mais dinâmicos, cuja consolidação poderia permitir
um upgrade tecnológico das economias e da infra-estrutura científico-tecnológica locais. No
plano da operacionalização das políticas orientadas à dinamização dessas áreas, é possível
também diferenciar três tipos de ações qualitativamente distintas: (i) a criação de estímulos à
capacitação de grupos de pesquisadores locais especializados nas respectivas áreas; (ii) o
estímulo à difusão ampla de tecnologias consideradas estratégicas pelos agentes locais; (iii) o
apoio ao processo de transferência de tecnologias estratégicas geradas no meio acadêmico
para o setor empresarial local.
Por outro lado, a definição de áreas estratégicas a serem priorizadas pode também,
pautar-se por outros critérios, que não aqueles estritos de relevância científico-tecnológica.
Neste sentido, destacam-se tentativas de estimular vocações locais definidas em função de
uma capacitação pré-existente, que podem ter o seu potencial de geração de benefícios
ampliado para a economia local.
A montagem de arranjos com esse formato não se restringe ao Rio de Janeiro. A Rede
Minas, por exemplo, foi montada no intuito de disponibilizar uma estrutura capaz de
centralizar e difundir informações científicas e tecnológicas por diversas instituições de C&T
do Estado de Minas Gerais.
A experiência de alguns estados ilustra esse processo. No caso de Santa Catarina, por
exemplo, a formulação da política de C&T, claramente, procura articular um conjunto de
recursos já existentes de forma a proporcionar uma infra-estrutura de apoio às atividades
tecnológicas, em todas as principais aglomerações industriais do espaço geográfico do Estado.
Em função dessa orientação geral, foram selecionadas como prioritárias as áreas de
informática, metal-mecânica, mobiliário, têxtil, vestuário e calçados, química e cerâmica,
alimentos e papel e celulose.
Estados das regiões Sul e Sudeste adotaram prática semelhante. No Espírito Santo, o
FUNCITEC foi criado a partir da vinculação de 0,5% do total de ICMS disponível. O
município de Vitória também constituiu, a partir de 1991, o seu sistema municipal de ciência
e tecnologia, estruturado a partir da instituição do Fundo de Apoio à Ciência e Tecnologia no
Município de Vitória (FACITEC), capitalizado por uma dotação mensal de recursos
equivalente à 6,0% dos recursos transferidos pelo Governo do Estado do Espírito Santo a
título de quota-parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Cabe a
ressalva de que a regulamentação, por si só, pode não assegurar os recursos.
Outras mudanças representam, ainda, apenas uma intenção, sendo difícil qualquer
avaliação. Assim, o CEPED baiano promoveu recentemente uma grande mudança nos seus
quadros e nas suas atividades, procurando expandi-las para atender outras demandas de
serviços e de P&D (além daquelas do pólo petroquímico) que sejam compatíveis com suas
competências (na área de transformação de plásticos, por exemplo). O NUTEC do Ceará
também tem realizado esforços de mudança com apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia
e do Governo do Estado. A FAPEPE (antiga FUNCETI) da Paraíba, por sua vez, foi
concebida de forma a atuar no agenciamento dos processos de difusão de tecnologia, sem
infra-estrutura própria para realização de atividades de P&D ou para prestação de serviços
técnico-científicos, concebendo e negociando projetos demandados pelas empresas,
implementando-os por meio da mobilização do pessoal e da infra-estrutura existente nas
instituições de pesquisa e prestação de serviços técnico-científicos, sobretudo da UFPB e
EMEPA. Na dinamização do papel desempenhado por estes institutos, é importante destacar
também o REVITE – Programa de Revitalização dos Institutos Tecnológicos Estaduais,
iniciado com apoio do PCDT e do PADCT do MCT.
Sem dúvida, um fator crucial de sucesso dos centros de alta tecnologia é a capacidade
dos seus gestores de articular os agentes do sistema local de inovação, de maneira a promover
a realização de projetos cooperativos envolvendo a infra-estrutura científico-tecnológica
existente e as empresas já atuantes no estado. Nesse sentido, é possível caracterizar um
terceiro modelo de estruturação de centros tecnológicos estaduais que privilegia a articulação
dos mesmos a setores industriais em relação aos quais é possível identificar uma determinada
“vocação” empresarial no estado.
Além das ações dos diversos centros de pesquisa estaduais, é possível destacar
também o papel desempenhado por organismos não governamentais de integração e mediação
entre a esfera acadêmica e o setor empresarial. Estes organismos desempenham um
importante papel na viabilização da transferência de tecnologias entre estas instâncias,
contribuindo para a aceleração do ritmo de difusão de inovações pelo tecido industrial. O
dinamismo destes novos atores do desenvolvimento tecnológico não se encontra cerceado
pelas tradicionais restrições que afetam as agências públicas, principalmente no que se refere
à gestão de recursos humanos e nas relações com o exterior, ambas variáveis cruciais para
eficácia dos programas em tecnologia. Desse modo, estas entidades podem funcionar como
mecanismos privilegiados de interface/articulação intra setor público, intra setor privado, bem
como nas relações entre ambos, sobretudo quando da execução de projetos específicos.
No Paraná, a grande novidade nos últimos dez anos, ao nível das instituições de
desenvolvimento, coordenação e fomento ao desenvolvimento tecnológico, tem sido a criação
e consolidação de inúmeras entidades civis, sem fins lucrativos, de âmbito local ou setorial,
com a característica primordial de serem constituídas em regime de consórcios institucionais
privados com participação do setor público, em caráter subsidiário. Neste estado, destaca-se a
atuação do CITPAR (Centro de Integração de Tecnologia do Paraná), criado há mais de dez
anos para desempenhar uma função mobilizadora e catalisadora de esforços das mais
diferentes entidades em torno de concretas aplicações de desenvolvimento tecnológico nas
empresas e mesmo em entidades do setor público. As atividades desse centro compreendem
desde programas orientados à transferência de tecnologias do exterior e das instituições de
pesquisa do Paraná, até a gestão de acordos de cooperação técnica, administração e
intermediação de programas e incentivos públicos à tecnologia para as empresas privadas,
coordenação de convênios internacionais, e outras atividades de apoio à modernização das
empresas e demais instituições no estado.
A literatura que trata desses arranjos costuma estabelecer uma distinção entre parques
e pólos tecnológicos. Os primeiros referem-se a arranjos caracterizados pela presença das
seguintes características: (i) existência de relações formais envolvendo alguma universidade
ou instituto de P&D; (ii) presença de atividades produtivas dependentes do aporte contínuo de
conhecimentos técnico-científicos; (iii) presença de estruturas de gestão engajadas na
transferência de tecnologia e em atividades de capacitação tecnológica.
Outros pólos têm surgido em diversos estados a partir de uma atuação de natureza
mais nitidamente “estruturante” realizada por diferentes instâncias de governo, estando
geralmente direcionadas para áreas de alta tecnologia com potencial de dinamização das
economias locais.
Mesmo estados com menores recursos têm procurado avançar a montagem de parques
ou pólos tecnológicos.
Estes problemas fazem com que muitas vezes a estruturação dos arranjos limite-se à
montagem de incubadoras de empresas, com impactos limitados sobre a economia local.
Em função das pressões resultantes desse quadro, são criadas dificuldades para a
viabilização de um processo mais equilibrado de aprendizado por parte dos formuladores das
políticas locais, que permita aproximar e integrar os esforços realizados na esfera científica e
no setor empresarial dos diversos estados, o que seria imprescindível para permitir a
introdução e difusão de inovações com maior impacto em termos da dinamização das
economias locais.
Como as diferentes regiões do País não são homogêneas, cada estado apresenta
especificidades que precisam ser consideradas para a implementação de políticas de C&T
adequadas às suas condições particulares. No entanto, apesar da diversidade das ações das
políticas de C&T implementadas ao nível das diferentes unidades da federação, é possível
identificar algumas tendências gerais relativas à conformação institucional dos sistemas
estaduais de C&T.
Desse modo, a maioria dos estados tem apenas substituído recursos e assumido as
despesas antes realizadas pelo sistema federal, sem procurar definir prioridades adaptadas às
particularidades do sistema de C&T e da própria base produtiva local. Este padrão reforça a
ameaça de desconexão entre os incentivos oferecidos pela política de C&T e as necessidades
locais, ocasionando uma tendência ao não comprometimento efetivo dos governos estaduais
com investimentos em C&T, uma vez que estes governos encontrem, em função de situações
circunstanciais, outras destinações para os recursos que ofereçam um maior retorno político.
5) Neste sentido, é útil considerar o exemplo de algumas experiências realizadas nos países
da OCDE, particularmente nos países nórdicos, onde, financiadas conjuntamente pelo
estado e pela iniciativa privada, são implementadas “plantas de demonstração”, nas quais
tecnologias e inovações são conjuntamente desenvolvidas por pesquisadores de
instituições públicas de C&T e técnicos de empresas produtivas. Evidentemente, para
organizar os agentes envolvidos no processo de inovação e difusão tecnológica em torno
de propósitos comuns, é necessário que as instâncias de governo reconheçam as
especificidades dos valores, interesses e estratégias dos agentes envolvidos no processo,
montando arranjos institucionais que favoreçam a aproximação e interação entre estas
instâncias.