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RESUMO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 - CLÉBERSON BRUM E YURI

MOTTA
A luta pelas liberdades democráticas; os primeiros grandes movimentos
grevistas; o movimento das “Diretas Já” pelo retorno de eleições para
governantes; a conquista da liberdade de organização partidária, entre tantas
outras ações no campo trabalhista, político e social, configurou um “clima” por
maior participação e democratização das várias esferas da sociedade
brasileira, incluindo-se a organização do próprio Estado.
Assim, dentre os vários temas que compunham as pautas dos setores
progressistas, estava o caráter autoritário e centralizador que caracterizou o
funcionamento do Estado brasileiro durante o regime militar (1964-1985), o
qual passou a ser questionado por meio da defesa do aumento de sua
permeabilidade ao controle público e às demandas sociais.
A ênfase numa necessária publicização do Estado expressava-se em
reivindicações, principalmente por parte dos movimentos populares e sindicais,
pela instalação de procedimentos mais transparentes e de instâncias de caráter
participativo com vistas à democratização da gestão do próprio Estado. De
certa forma, em decorrência disso, perspectivas participativas e democráticas
tornaram-se plataformas dos partidos de oposição ao regime militar, que
disputaram as eleições a partir de 1982.
No Brasil há uma grande diferenciação no federalismo, ou seja, temos
aqui um federalismo mais orgânico, por conta de diversos fatores históricos,
como por exemplo, a descentralização política, que existe em nosso território
desde a época do Império, por conta da imensidão do nosso território. Faz
parte desse contexto, a Constituição Federal de 1988, que faz com que
estados e municípios se espelhem na União.
Foi principalmente no plano das reformas democráticas do Estado
brasileiro que se inscreveram as perspectivas delineadas acima, com destaque
para a esfera legislativa, pois uma das formas de se procurar garantir
mecanismos e instâncias com conteúdos democráticos é consolidá-los
legalmente.
É bom lembrar que todo e qualquer processo legislativo apresenta-se,
em essência, como espaço de disputas entre diferentes interesses, muitas
vezes antagônicos, e que a lei, como resultado daquele processo, expressa a
síntese dos conflitos existentes. Mais explícita ou mais “pasteurizada”,1 a lei é
antes de tudo uma síntese, um produto de embates. Portanto, ainda que
represente um avanço, a simples presença no texto legal de quaisquer
medidas democratizadoras não implica a sua execução. Eis parte da
ambiguidade que acompanha as conquistas no plano da lei: as contradições
entre o proposto e o implementado.
No texto constitucional de 1988, a previsão de mecanismos de
democratização da gestão do Estado pode ser observada no âmbito dos
direitos individuais e dos direitos sociais. No primeiro caso todos têm direito de
acesso a informações de interesse individual, coletivo ou geral, a serem
expedidas por órgão público no prazo que a lei determinar. No caso dos
direitos sociais, após definir a educação como um desses direitos, a
Constituição Federal assegura a todos os trabalhadores e empregadores a
possibilidade de participarem em órgãos colegiados da esfera pública.
Um primeiro aspecto a ser destacado refere-se ao uso da gestão
democrática como princípio da educação nacional em um texto constitucional
brasileiro, já que a Constituição Federal de 1988 foi a primeira que o introduziu.
Isso não acontece com os princípios de gratuidade e obrigatoriedade. Uma das
causas dessa inovação parece se relaciona à existência, à época da
elaboração da atual Constituição Federal, de importantes movimentos
nacionais voltados para a redemocratização do país.
A Constituição de 1988 tem importância histórica por ter sido a primeira
Constituição do Brasil após a ditadura militar e marcou o retorno da democracia
no Brasil, num processo que ficou conhecido como redemocratização. Ela é um
advento na democracia brasileira pois determinou a proteção de diversos
direitos e garantias fundamentais a todos os cidadãos. Por essa razão, é
conhecida como a Constituição Cidadã. Garantiu também o Estado
Democrático de Direito e foi a primeira Constituição brasileira a permitir a
participação popular na sua elaboração.
Os primeiros artigos da Constituição delimitaram quais são os princípios
fundamentais do Estado Democrático de Direito. O Artigo 1º permeia:
soberania, cidadania, dignidade da pessoa, valores sociais do trabalho, livre
iniciativa e pluralismo político. Já o Artigo 2º remonta: Executivo, Legislativo e
Judiciário são os Três Poderes da União. Eles são independentes uns dos
outros, mas devem trabalhar em condições harmoniosamente.
O Artigo 3º define os objetivos fundamentais do Brasil, sendo estes: a
construção de uma sociedade livre, justa e solidária, desenvolvimento nacional,
eliminação da pobreza, redução das desigualdades sociais e promoção do bem
de todos, sem qualquer forma de discriminação. Por sua vez, o Artigo 4º define
que: o Brasil é regido pelos princípios da independência nacional, prevalência
dos direitos humanos, autodeterminação dos povos, não-intervenção,
igualdade entre os Estados, defesa da paz, solução pacífica de conflitos,
repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre os povos para o
progresso da humanidade e concessão de asilo político.
Os direitos e garantias fundamentais incluem direitos individuais e
coletivos, direitos sociais, de nacionalidade e direitos políticos. Os direitos
sociais são: educação, saúde, alimentação, garantia de moradia, oportunidades
de trabalho, segurança, acesso à Previdência Privada e proteção à infância e
na maternidade. O artigo 5º é o mais conhecido da Constituição e prevê
normas que garantem igualdade entre todas as pessoas. Vejamos alguns
deles: direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade;
igualdade entre mulheres e homens; liberdade de expressão e de manifestação
de opinião; direito à liberdade de crença e de consciência; entre outros.

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