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PROCEDIMENTO SUMÁRIO (comum)

Constitui-se em rito procedimental derivado do procedimento


ordinário, próprio para processamento dos crimes em que a pena máxima seja maior
de dois e menor que quatro anos.

Segundo a Doutrina foi equivocadamente inserido no CPP nos arts.


531/538, no Capítulo V, Título II do Livro II, denominado “processos especiais”.

Antes da reforma de 2008 no CPP, sua utilidade era processar os


delitos previstos com detenção e pena máxima privativa de liberdade superior a dois
anos. Atualmente, o art. 394 do CPP, define o rito sumário (comum) para os crimes
em que a pena máxima seja superior a 2 e menor que 4 anos (2 < PMáx < 4 anos),
salvo se não se submeter a procedimento especial.

O rito sumário prima pela aplicação do princípio da celeridade


processual (art. 8º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, aprovada no
Brasil pelo Dec. Legislativo nº 27, de 25-09-1992, e promulgada pelo Dec. nº 678, de
06-11-1992 e art. 5º, Inc. LXXVIII, CF/88), bem como, pelo aprimoramento da
colheita de provas, com as seguintes particularidades:
a) concentração dos atos processuais em audiência única;
b) imediatabilidade;
c) identidade física do juiz.

Procede-se nos termos dos arts. 531/538 CPP, com a seguinte


sequência:

01 – remessa do IP;
02 – distribuição e abertura de vistas ao MP;
03 – MP se manifesta (denuncia; requer novas diligências; pede
arquivamento);
04 – rejeição (art. 395, CPP)/recebimento da denúncia (cita-se o réu –
art. 396);
05 – com resposta do réu, avalia-se a absolvição sumária (art. 397,
CPP);
06 – designa-se dia e hora da audiência de instrução concentrada de
instrução e julgamento, intimando-se acusado, partes, testemunhas e outros,
em 30 dias (art. 531, CPP);

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07 – poderão ser arroladas até 5 testemunhas para cada parte (art.
532, CPP);
08 - aplica-se a regra do art. 400 do CPP (art. 533, CPP);
09 – não houve previsão legal para diligências (art. 402, CPP) e
apresentação das alegações finais por meio de memorais (parágrafo único do
art. 404, CPP), todavia, possibilita-se aplicação subsidiária do procedimento
comum ordinário aos ritos sumário e sumaríssimo (§ 5º do art. 394, CPP);
cabendo à parte interessada postular, se for o caso, e ao juiz monocrático (por
provocação ou de ofício), avaliar a pertinência ou não ampliação do rito;
10 – a subsidiariamente pode-se aplicar também ao rito sumário, os
dispositivos legais do CPP: a) §§ 1º e 2º, art. 399; e, b) art. 405;
11 – permite-se a condução coercitiva de quem deva comparecer em
juízo (art. 535, CPP), visando o não adiamento ou cisão processual, sob o
fundamento da imprescindibilidade da produção da prova faltante.
12 – Aplica-se o rito sumário aos delitos de menor potencial ofensivo,
processáveis pelo procedimento sumaríssimo, quando não for não possibilitada
a citação pessoal no JECRIM (p. único, art. 66, Lei nº 9.099/1995),
necessitando-se de citação ficta ou por hora certa (incompatíveis com a
celeridade do sumaríssimo);
13 – Também, adota-se o rito sumário aos delitos de menor potencial
ofensivo, quando houver complexidade da causa ou circunstâncias que não
permita o imediato oferecimento da denúncia (art. 77, § 2º, Lei nº 9.099/1995);
e,
14 – nas duas últimas situações, o JECRIM deverá encaminhar os
autos para o juiz monocrático comum da vara criminal, para adoção do rito
sumário (arts. 531/538, CPP).

Não se tratou da queixa (ação penal privada), em razão da previsão de


sua possível exclusão do projeto de lei que institui o novo código de processo penal,
aprovado no Senado e em atual tramitação pela Câmara Federal.
Assim, com ratificação do Parlamento pela retirada da queixa com
instrumento jurídico de ação penal de iniciativa da parte vitimada pelo ofensor, este
passará a ser processado pelo MP, transmudando-se a ação penal privada em pública
condicionada a representação.
Vale lembrar que a ação penal subsidiária da pública, movimentada
pela vítima ou familiar, continuará vigente no novo CPP, caso ocorra inércia do MP na
postulação e provocação judicial criminal, o que merecerá estudos mais apurados.

Elísio Morais (advogado e professor universitário – UniCEUB)

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