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CAPÍTULO 10

NOÇÕES SOBRE AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE


PROJETOS DE TRANSPORTE
1. INTRODUÇÃO
A avaliação econômica de projetos é estudada dentro da área da
Economia denominada Engenharia Econômica.

Todo o fundamento da Engenharia Econômica se baseia na Matemática


Financeira, que se preocupa com o valor do dinheiro no tempo.

2. FLUXO DE CAIXA E SIMBOLOGIA


É a representação gráfica do conjunto de entradas (benefícios ou
receitas) e saídas (custos ou despesas) relativo a um certo intervalo de
tempo.
3. PRINCIPAIS RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA:

As relações de equivalência permitem a obtenção de fluxos de caixa


que se equivalem no tempo. Para calcular os fluxos de caixa equivalentes
podem ser usadas Equações ou Tabelas Financeiras.

Simbologia:

• i = taxa de juros por período de capitalização;


• n = número de períodos a ser capitalizado;
• P = quantia de dinheiro na data de hoje;
• F = quantia de dinheiro no futuro;
• A = série uniforme de pagamento.
3.1. Fator de acumulação de capital de um pagamento simples

𝑛
1+𝑖

Tabela Financeira:
EXEMPLO 1: Fator de acumulação de capital de um pagamento simples

F=?
i = 15 % ao ano;
n = 5 anos.

F = 6000. (1 + 0,15)5
1 2 3 4 5
F = 6000 x 2,0114

F = R$ 12068,14
P = R$ 6000,00
3.2. Valor atual (ou valor presente) de um pagamento simples

1
1+𝑖 𝑛

Tabela Financeira:
EXEMPLO 2: Valor atual (ou valor presente) de um pagamento simples

F = R$ 12068,14 i = 15 % ao ano;
n = 5 anos.

1
𝑃 = 12068,40 ∙ 5
1 + 0,15

1 2 3 4 5
P = 12068,40 × 0,4972

P=? 𝑃 = 𝑅$ 6000,00
3.3. Valor presente de uma série uniforme

𝑷 = 𝑨 ∙ 𝑷Τ𝑨, 𝒊, 𝒏

1+𝑖 𝑛−1
1+𝑖 𝑛∙𝑖

Tabela Financeira:
EXEMPLO 3: Valor presente de uma série uniforme
i = 15 % ao ano;
n = 5 anos.

A = R$ 5000,00

 (1 + 0,15)5 − 1 
P = 5000  
1 2 3 4 5  (1 + 0,15 )5
 0,15 

P =? P = 5000 X 3,3522

P = R$ 16761,00
3.4. Fator de recuperação de capital de uma série uniforme

A= 𝐏 ∙ 𝐀Τ𝐏, 𝐢, 𝐧

1+𝑖 𝑛∙𝑖
1+𝑖 𝑛−1

Tabela Financeira:
EXEMPLO 4: Fator de recuperação de capital de uma série uniforme

i = 15 % ao ano;
n = 5 anos.
A=?

𝟏+𝒊 𝒏 ∙𝒊
A= 𝐏 ∙
𝟏+𝒊 𝒏 −𝟏

 (1 + 0,15)5  0,15 
1 2 3 4 5 A = 16761   
 (1 + 0,15 )5
− 1 

A = 16761 X 0,2983
P = 16761,00
A = R$ 5000,00
3.5. Fator de Acumulação de capital de uma série uniforme

𝑭 = 𝑨 ∙ 𝑭Τ𝑨, 𝒊, 𝒏

1+𝑖 𝑛−1
𝑖

Tabela Financeira:
EXEMPLO 5: Fator de Acumulação de capital de uma série uniforme

i = 15 % ao ano;
n = 5 anos.

 (1 + 0,15)5 − 1
F = 5000  
 0 ,15 
F = 5000 X 6,7424

F = R$ 33711,91
3.6. Fator de formação de uma série uniforme

𝑨 = 𝑭 ∙ 𝑨Τ𝑭, 𝒊, 𝒏

𝑖
1+𝑖 𝑛−1

Tabela Financeira:
EXEMPLO 6: Fator de formação de uma série uniforme

i = 15 % ao ano;
n = 5 anos.

𝒊
𝑨=𝑭∙
𝟏+𝒊 𝒏−𝟏

 0,15 
A = 33711,91 
 (1 + 0,15 )5
− 1 

A = 33711,91 X 0,1483

A = R$ 5000,00
4. AVALIAÇÃO FINANCEIRA E ECONÔMIVA DE PROJETOS DE TRANSPORTES
4.1. Avaliação Financeira:
Trata de analisar as receitas e despesas de um projeto, sob o ponto de vista da
iniciativa privada.

4.2. Avaliação Econômica:


Trata de analisar os custos e benefícios econômicos, sob o ponto de vista do
poder público. Atualmente, é comum usar-se a denominação avaliação
socioeconômica.

5. PRINCIPAIS ETAPAS NA AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETOS DE TRANSPORTES


6. DIFICULDADES NA DETERMINAÇÃO DE CUSTOS E BENEFÍCIOS ECONÔMICOS

Geralmente, a apuração dos benefícios econômicos é mais difícil


do que a apuração dos custos econômicos.

Isto é justificado pelos seguintes motivos:

a) Embora alguns benefícios sejam muito evidentes, eles são difíceis


de serem expressos em termos monetários.

Exemplo: É difícil expressar monetariamente o maior conforto


proporcionado pelo melhoramento de uma rodovia.

b) Muitos benefícios são indiretos, tornando difícil sua apuração.

Exemplo: Estímulo à economia de uma região, causado pela


melhoria dos sistemas de transportes.
7. EXEMPLOS DE BENEFÍCIOS DECORRENTES DE PROJETOS DE TRANSPORTES

7.1. Redução dos custos de operação de veículos;


7.2. Estímulo ao desenvolvimento econômico;
7.3. Economia de tempo de transporte, tanto para passageiros como para
cargas;
7.4. Redução do número de acidentes;
7.5. Redução do número de avarias em veículos;
7.6. Maior conforto proporcionado.

É importante ressaltar que nem todos estes benefícios aparecem em


todos os projetos, e sua respectiva importância difere de projeto para projeto.
8. APURAÇÃO E PREVISÃO DO TRÁFEGO

O primeiro passo para calcular os benefícios produzidos por um


investimento em transportes, é estimar a futura utilização do respectivo projeto, isto
é, o tráfego durante a sua vida útil (PREVISÃO DE DEMANDA).

Categorias de Tráfego:

• Tráfego Normal:
É o tráfego existente. Crescerá independentemente da realização de novos
projetos de transportes.

• Tráfego Desviado:
É aquele que utilizava outra alternativa de transporte, mas que virá a se desviar
para o novo projeto de transporte em análise.

• Tráfego Gerado ou Tráfego Induzido:


É aquele decorrente do investimento que foi realizado e que não existiria se tal
não ocorresse.
9. COMPARAÇÃO ENTRE CUSTOS E BENEFÍCIOS

Não se pode fazer uma simples comparação dos somatórios de custos e


benefícios.

Taxa de
Mínima
O fator tempo deve ser considerado! Taxa de Juros Atratividade
(TMA)

✓ Porque os custos podem ser incorridos num certo ano e os benefícios somente colhidos anos
mais tarde.
✓ Uma despesa feita este ano tem um valor econômico maior que o da mesma quantia paga daqui
a cinco anos, pois, no entretempo, os recursos correspondentes poderiam ter sido utilizados
para outros fins;
✓ Analogamente, um benefício auferido num determinado ano, tem um valor mais alto que um
outro, equivalente, mas recebido só vinte anos depois.
10. MÉTODOS (OU CRITÉRIOS) PARA COMPARAR CUSTOS E BENEFÍCIOS

10.1. Método do Valor Presente Líquido (VPL) ou Método do


Valor Atual Líquido (VAL);

10.2. Método da Relação entre Benefícios e Custos;

10.3. Método do Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE)

10.4. Método da Taxa Interna de Retorno (TIR)

10.5. Método do Payback


10.1. Método do Valor Presente Líquido (VPL) ou Método do Valor Atual
Líquido (VAL)

VPL

1 2 3 4 n 1 2 3 4 n
0 0

Matematicamente:

𝑁 𝑁
O Método caracteriza-se pela 1 1
𝑉𝑃𝐿 = ෍ 𝐵𝑛 ∙ − ෍ 𝐶𝑛 ∙
transferência, para a data zero de um 1+𝑖 𝑛 1+𝑖 𝑛
𝑛=0 𝑛=0
diagrama de fluxos de caixa, de todos
os recebimentos e desembolsos
Bn = Benefício no tempo “n”;
esperados, descontados à taxa de
juros considerada:
Cn = Custo no tempo “n”;
• VPL (+): Projeto Viável
i = taxa de juros.
• VPL ( - ):`Projeto Inviável
N = tempo de vida do projeto.
Exemplo: 35 38 35
20 30 25
10 15 15
2
Taxa de Mínima
Atratividade:
i = 10%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

100
1 1
VP dos Benefícios: σ𝑁
𝑛=0 𝐵𝑛 ∙ VP dos Custos: σ𝑁
𝑛=0 𝐶𝑛 ∙
1+𝑖 𝑛 1+𝑖 𝑛

VP1 = B1.(P/F,10;1) = 2 x 0,909 = 1,818 VP0 = 100


VP2 = B2.(P/F,10;2) = 10 x 0,826 = 8,260
VP3 = B3.(P/F,10;3) = 15 x 0,751 = 11,265

VP10 = B10.(P/F,10;10)= 15 x 0,386 = 5,790
VP dos Benefícios 126,00 VP dos Custos = 100
𝑁 𝑁
1 1
𝑉𝑃𝐿 = ෍ 𝐵𝑛 ∙ 𝑛 − ෍ 𝐶𝑛 ∙ 𝑛
= 126 − 100 = 26
1+𝑖 1+𝑖
𝑛=0 𝑛=0
10.2. Método da Relação entre Benefícios e Custos

VPB

1 2 3 4 n
1 2 3 4 n 0
0

VPC

É a relação entre o Valor Presente dos Matematicamente:


Benefícios e o Valor Presente dos
Custos.
1
𝑽𝑷𝑩 𝑉𝑃𝐵 σ𝑁
𝑛=0 𝐵𝑛 ∙ 𝑛
1+𝑖
> 𝟏 ∶ 𝑷𝒓𝒐𝒋𝒆𝒕𝒐 𝑽𝒊á𝒗𝒆𝒍 =
𝑽𝑷𝑪 𝑉𝑃𝐶 σ𝑁 𝐶 ∙ 1
𝑛=0 𝑛 1+𝑖 𝑛

𝑽𝑷𝑩
< 𝟏 ∶ 𝑷𝒓𝒐𝒋𝒆𝒕𝒐 𝑰𝒏𝒗𝒊á𝒗𝒆𝒍
𝑽𝑷𝑪
35 38 35
Exemplo: 20 30 25
10 15 15
2
Taxa de Mínima
Atratividade:
i = 10% 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

100
1
VP dos Benefícios: σ𝑁
𝑛=0 𝐵𝑛 ∙ VP dos Custos: σ𝑁
1
1+𝑖 𝑛 𝑛=0 𝐶𝑛 ∙ 1+𝑖 𝑛

VP1 = B1.(P/F,10;1) = 2 x 0,909 = 1,818 VP0 = 100


VP2 = B2.(P/F,10;2) = 10 x 0,826 = 8,260
VP3 = B3.(P/F,10;3) = 15 x 0,751 = 11,265

VP10 = B10.(P/F,10;10)= 15 x 0,386 = 5,790
VP dos Benefícios 126,00 VP dos Custos = 100

1
𝑉𝑃𝐵 σ𝑁
𝑛=0 𝐵𝑛 ∙ 𝑛 126
1+𝑖
= = = 1,26
𝑉𝑃𝐶 σ𝑁 𝐶 ∙ 1 100
𝑛=0 𝑛 1+𝑖 𝑛
10.3. Método do Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE)

VPB

1 2 3 4 n 1 2 3 4 n
0 0

VPC

Este método caracteriza-se pela transformação


VAUE
de todos os fluxos de caixa do projeto
considerado, numa série uniforme de
pagamentos, indicando desta forma o valor do
benefício líquido, por período, oferecido pela 1 2 3 4 n
0
alternativa de investimento.
Matematicamente:
𝑽𝑨𝑼𝑬 + : 𝑷𝒓𝒐𝒋𝒆𝒕𝒐 𝑽𝒊á𝒗𝒆𝒍
1+𝑖 𝑛∙𝑖
𝑽𝑨𝑼𝑬 (−): 𝑷𝒓𝒐𝒋𝒆𝒕𝒐 𝑰𝒏𝒗𝒊á𝒗𝒆𝒍 𝑉𝐴𝑈𝐸 = 𝑃 ∙
1+𝑖 𝑛−1
35 38 35
Exemplo: 20 30 25
10 15 15
2
Taxa de Mínima
Atratividade:
i = 10% 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

100
1 1
VP dos Benefícios: σ𝑁
𝑛=0 𝐵𝑛 ∙ VP dos Custos: σ𝑁
𝑛=0 𝐶𝑛 ∙
1+𝑖 𝑛 1+𝑖 𝑛
VP1 = B1.(P/F,10;1) = 2 x 0,909 = 1,818
VP0 = 100

VP10 = B10.(P/F,10;10)= 15 x 0,386 = 5,790
VP dos Benefícios 126,00 VP dos Custos = 100
𝑁 𝑁
1 1
𝑉𝑃𝐿 = ෍ 𝐵𝑛 ∙ 𝑛
− ෍ 𝐶𝑛 ∙ 𝑛
= 126 − 100 = 26
1+𝑖 1+𝑖
𝑛=0 𝑛=0

1+𝑖 𝑛 ∙𝑖
VAUE do Projeto: 𝑉𝑃𝐿 ∙ 1+𝑖 𝑛 −1

VAUE = 26. (A/P,10;10) = 26 x 0,1627 = 4,23


10.4. Método da Taxa Interna de Retorno (TIR)

A Taxa Interna de Retorno de um


projeto é a taxa de juros para a qual o
valor presente dos benefícios torna-se
igual ao valor presente dos custos. Isto
significa dizer que a TIR é aquela que
torna nulo o valor presente líquido do
projeto. Pode ainda ser entendida
como a taxa de remuneração do
capital

Matematicamente:
𝑻𝑰𝑹 > 𝑻𝑴𝑨 ∶ 𝑷𝒓𝒐𝒋𝒆𝒕𝒐 𝑽𝒊á𝒗𝒆𝒍 𝑁 𝑁
1 1
𝑉𝑃𝐿 = ෍ 𝐵𝑛 ∙ 𝑛
− ෍ 𝐶𝑛 ∙ 𝑛
=0
𝑻𝑰𝑹 < 𝑻𝑴𝑨 ∶ 𝑷𝒓𝒐𝒋𝒆𝒕𝒐 𝑰𝒏𝒗𝒊á𝒗𝒆𝒍 1+𝑖 1+𝑖
𝑛=0 𝑛=0
MÉTODO POR TENTATIVAS PARA CÁLCULO DA TAXA
INTERNA DE RETORNO (Arbitrar taxas)
Arbitrando i = 11%:
2 x 0,901 + 10 x 0,812 + ... + 15 x 0,352 -100 = 0
19,143 = 0
EXEMPLO
Arbitrando i = 17%:
30
35 38 35 2 x 0,855 + 10 x 0,731 + ... + 15 x 0,208 -100 = 0
20 25
15 15
2 10 -11,786 = 0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Arbitrando i = 15%:
100
2 x 0,870 + 10 x 0,756 + ... + 15 x 0,247 -100 = 0
-2,822  0

Então, a TIR do projeto é de aproximadamente 15%.


i (%) VPL
11 R$ 19,12
12 R$ 13,07
13 R$ 7,42
14 R$ 2,13
15 -R$ 2,81
16 -R$ 7,44
17 -R$ 11,78
10.5. Método do Payback

Payback ou Tempo de Retorno é o período de tempo exato necessário


para o investidor recuperar o investimento inicial de um projeto, a partir das
entradas do fluxo de caixa.

10.5.1. Payback Simples:

Não considera o valor do dinheiro no tempo. Deve ser usado com


cuidado, geralmente empregado em pré-análises de projetos.

10.5.2. Payback Descontado:

É quase o mesmo que o payback, mas antes de calculá-lo, primeiro


descontamos seu fluxo de caixa. Este método considera que dinheiro que será
ganho no futuro tem menos valor que o dinheiro ganho hoje.
O payback não poderá ultrapassar a vida útil do projeto.
Evidentemente, se isto ocorrer, não será possível obter o retorno
sobre o que foi gasto.

Assim:

Payback < vida útil do Projeto → Indica projeto viável

Payback > vida útil do Projeto → Indica projeto inviável


EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO PAYBACK SIMPLES

35 38 35
20 30 25
10 15 15
2

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

100

ANO → 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
FLUXO DE CAIXA → -100 2 10 15 20 30 35 38 35 25 15
TOTAL EM GIRO → -100 -98 -88 -73 -53 -23 12 50 85 110 125

Ocorre mudança de sinal: é o ano de equilíbrio.


EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO PAYBACK DESCONTADO

35 38 35
20 30 25
10 15 15
2

Taxa de Mínima Atratividade:


0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
i = 10%

100
ANO → 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
FLUXO DE CAIXA → -100 2 10 15 20 30 35 38 35 25 15
FLUXO DE CAIXA DESCONTADO → -100 1,818 8,264 11,27 13,66 18,628 19,757 19,5 16,328 10,602 5,783
TOTAL EM GIRO → -100 -98,182 -89,918 -78,648 -64,988 -46,36 -26,603 -7,103 9,225 19,827 25,61

Ocorre mudança de sinal: é o ano de equilíbrio.


USO DO PROGRAMA EXCEL

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