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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Faculdade de Direito

Trabalho de Direitos Fundamentais

Tema:

Sentido geral dos Direitos Fundamentais

Discentes:

Licumbe, Maria das Dores;

Mauelele, Lóide Rosalina Fernando;

Meno, Lucas Luis;

Ngovene, Anivaldo Jeremias;

Sitóe, Wilson Moises.

Docentes:

Ms. António Chipanga-Regente

dr.ª Zaida Maria Sultanegy-Assistente

Maputo, fevereiro de 2021


Índice
Introdução....................................................................................................................................3

Conceito dos direitos Fundamentais............................................................................................5

2. Perspetivas dos Direitos fundamentais……………………………………………………………………………………….6

2.1 Perspectiva subjectiva.......................................................................................................6

2.2. Perspectiva objectiva.............................................................................................................8

3.1 As principais declarações dos direitos fundamentais...........................................................10

3.1.1 A magna carta de 1215......................................................................................................10

3.1.2 Virgínia Bill of Rights.......................................................................................................11

3.1.3 A Declaração Francesa dos Direitos Civis e do Homem de 26 de Agosto de 1789.........12

4. Características dos Direitos Fundamentais…………………………………………………………………………………………12

Conclusão...................................................................................................................................15

Referências bibliográfica...........................................................................................................16

Introdução
Direitos humanos ou os direitos do Homem são as prerrogativas inerentes a dignidades da
espécie humana e que são reconhecidos na ordem constitucional. Doutrinalmente são conhecidos

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também como Direitos Fundamentais, direitos do Homem, direitos públicos subjectivos, etc.
Deste modo, o trabalho em questão aborda a matéria de Direitos fundamentais e é este um
resultado de esforço e empenho dos estudantes do curso de licenciatura em Direito. Trata-se de
um trabalho que abarca de forma mais ou menos extensiva tópicos explicativos, conceituais e
descritivos de conteúdos que fazem alusão aos direitos do Homem, na vertente do sentido geral
desta matéria, elaborado com base na consultas bibliográficas de manuais doutrinais e artigos
científicos do âmbito jurídico.

Constam do trabalho citações, sínteses de ideias de jurisconsultos, alguns artigos da


Constituição da Republica de Moçambique como base de exemplos e ainda, comentários dos
autores.

Esperase que o trabalho sirva posteriormente como uma ferramenta de aprendizagem para os
demais leitores que buscam de forma breve, ter noções de direitos fundamentais.

Justificação

O motivo pelo qual desenvolvese esse tema é, em primeiro lugar, a sede de adquirir domínio da
matéria dos direitos humano, incitada pela forte necessidade de querer saber discernir quando,
em que, a matéria dos direitos humanos pertence ao Direito natural ou ao Direito positivo. E por
conseguinte, ter o domínio da matéria no geral como parte de um todo campo extenso que e a
ciência jurídica.

Justificativa

O trabalho em questão é relevante porque:

Permite que os autores explorem de uma forma mais ou menos extensiva o tema em questão ;

O trabalho pode servir como um meio de comsulta;

Fornece aos autores competências de elaboração de trabalho académico.

Objetivos

Objectivo geral:

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Compreender o sentido geral dos direitos fundamentais

Objectivos específicos

Definir o conceito de direitos fundamentais;

Analisar as perspetivas dos direitos fundamentais;

Explicar a evolução dos direitos fundamentais na história;

Indicar as características dos direitos fundamentais

Conceito dos direitos Fundamentais


Os direitos fundamentais podem ser denominados também como direitos do homem, direitos
humanos ou ainda direitos públicos subjectivos.
Expressão direitos fundamentais, segundo conceito que lhe e atribuída por José Afonso da
Silva, remetem a situações jurídicas objetivas e subjetivas definidas no direito positivo, em prol
da dignidade, igualdade e liberdade da pessoa humana.

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De outro lado são normas de competências negativas aos poderes públicos que vedam a
atuação desses na esfera jurídica do individuo.

Tratar-se-iam os direitos fundamentais como Direitos constitucionais? Ora vejamos, O


direito fundamental e uma previsão normativa, mas uma previsão normativa contida na
constituição que assegura a uma pessoa a tutela de uma situação jurídica de defesa, promoção ou
participação. Por assim ser a sua natureza jurídica é constitucional, posto que determinados pela
constituição com efeito, a elaboração das constituições escritas liga-se de forma direta aos
direitos do Homem, visto que impõem limites a atuação do poder público.

Nos termos da constituição, os direitos fundamentais subdividem-se em individuais e


coletivos; socais; nacionalidade; políticos e partidos políticos, os direitos fundamentais tem por
nascituro e fundamento o "princípio da soberania popular".

Numa perspetiva democrática o governo e o povo são deliberadamente limitados por normas
e garantias indissoluvelmente combinadas. O povo escolhe o seu representante que agindo como
mandatário decide os destinos da nação. O poder delegado pelo povo aos seus representantes,
porem, não e absoluto, conhecendo varias limitações, inclusive com as previsões de Direito e
garantias individuais e coletivas do cidadão relativamente aos de mais cidadãos e ao próprio
estado.

Assim os direitos fundamentais cumpre no dizer do Canotilho, função do direito de defesa do


cidadão sobre uma dupla perspetiva:

I. Constituem, num plano juridicoobjectivo, normas de competências negativas para os


poderes públicos, proibindo fundamentalmente as ingerências destes na esfera jurídica
individual; (artigos 56,57,58,59,60,61,62,63,64,65,66,67,68,69,70,71 e 72 da CRM)
II. Implicam, num plano juridicosubjectivo, o poder de exercer positivamente os direitos
fundamentais e de exigir omissões de poderes públicos, de formas a evitar agressões
lesivas por parte dos mesmos (liberdade negativa). Artigos 47, 48, 54 e 55 da CRM.

Sendo o direito fundamental parte do Direito ela apresenta disposições normativas. Tais
disposições apresentam-se sob forma de normas fundamentais. Normas fundamentais são normas
que numa determinada comunidade politica unificam e conferem validade as suas normas
jurídicas, as quais, em razão e a partir delas, se organizam e estruturam-se em sistemas.

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2. Perspetivas dos Direitos fundamentais

2.1 Perspectiva subjectiva


A Perspectiva subjectiva, como o próprio nome prenuncia, é relativa aos sujeitos
destinatários da ordem jurídica, e, remete-nos à noção dos direitos subjetivos. Segundo o
professor Gilles Cistac, os direitos subjectivos são poderes concedidos pela ordem jurídica para
tutela de um interesse ou de um núcleo de interesses de uma ou mais Os direitos fundamentais
podem ser analisados sob duas perspectivas: A perspectiva Subjectiva e a perspectiva objectiva.

Pessoas determinadas. Por outras palavras do professor, citando BERGEL J. L., “trata-se de
prerrogativas individuais, atribuídas a pessoas pela satisfação de interesses pessoais e garantidos
pelos meios do Direito".

Nesse âmbito, quando se trata de um direito fundamental como direito subjectivo, significa
que o titular do direito poderá exigir judicialmente o cumprimento da obrigação objecto da
norma diretamente dos órgãos do Estado em relação a pessoa humana. A sua consagração do seu
destinatário. Implica um poder ou uma faculdade para a realização efetiva de interesses que são
reconhecidos por uma norma jurídica como próprios do respectivo titular.

Em conformidade com as lições sumárias do Professor António Chipanga, as quais temos


vindo a seguir na disciplina de Direitos fundamentais na nossa faculdade, os direitos e liberdades
consagrados na Constituiçãoe os demais não formalmente prescritos na Constituição, mas sim
nas demais leis da República são direitos do cidadão, pessoa humana que serve de fundamento
do Direito expresso sob forma de Constituição, que tem a finalidade de proteger a pessoa física,
em todas as suas dimensões e com todas as garantias que resultam da força jurídica da lei
fundamental, sem prejuízo dos direitos e liberdades reservadas à pessoa colectiva.

A principal função política dos direitos, liberdades e garantias fundamentais é servir de


travão, de limitação ao poder político investido aos titulares em texto constitucional visa a
protecção jurídica dos direitos, liberdades e garantias fundamentais do cidadão perante o Estado
e constituem um meio para evitar a ingerência e expansão do poder do Estado sobre a vida
privada do cidadão, em todos os seus domínios.

O Professor Jorge Bacelar Gouveia, intervindo no mesmo debate defende que os direitos
fundamentais são as posições jurídicas activas das pessoas integradas no Estado Sociedade,

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exercidas por contraposição ao Estado-Poder, positivadas no texto constitucional.
Para estte Professor, o conceito de Direitos Fundamentais apresenta-nos três elementos
constitutivos: o Objetivo, o subjetivo e o formal.

O Professor Gouveia sobre o elemento subjectivo, desenvolve a sua doutrina defendendo que
os direitos fundamentais ganham sentido a benefício de quem pretende enfrentar o poder
estadual, ou qualquer outro poder público. Para ele, os direitos fundamentais caracterizam-se
pela dicotomia: Poder e Sociedade, devendo por isso, somente serem titulares dos direitos
fundamentais as pessoas que se integram na sociedade e que em relação ao poder se possam
contrapor, pelo que os titulares do poder não podem ser titulares dos direitos fundamentais nesta
qualidade, porque para ele não faz sentido que alguém no poder se defende do próprio poder de
que seja titular.

Segundo Clèmerson Merlin Clève, citado por Alexandre Antônio, a dimensão subjetiva dos
direitos fundamentais desempenha três funções:

a) De defesa do indivíduo contra a ingerência do poder público que venha impedir a


satisfação do direito fundamental;

b) De prestação, segundo a qual o indivíduo pode demandar a realização do objeto do direito


fundamental; e

c) De não-discriminação, segundo a qual o indivíduo deve ter ao seu dispor, sem


discriminação em relação aos demais, os bens e serviços necessários à satisfação de seus direitos
fundamentais

2.2. Perspectiva objectiva


Segundo Canotilho, citado por Leonardo Rodrigues, “Fala-se de uma fundamentação objetiva
de uma norma consagrada de um direito fundamental quando se tem em vista o seu significado
para a coletividade, para o interesse público, para a vida comunitária.

Cita também Antonio Enrique Perez Luño, que diz que além de fornecer diretrizes para
órgãos do Poder Público, os direitos fundamentais em sua perspectiva objetiva têm a função de
“sistematizar o conteúdo axiológico objetivo do ordenamento democrático ao que a maioria dos
cidadãos prestam seu consentimento e condicionam seu dever de obediência ao direito”.

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Referindo-se ao elemento objectivo, do qual acima referimo-nos, o Professor Jorge Bacelar
explicita neste elemento a existences de vantagens patrimoniais e não patrimoniais, em favor do
titular dos direitos fundamentais, inscrevendo-se num conjunto das situações jurídicas activas
porque portadoras de benefícios.

Os efeitos jurídicos que traduzem a situação de vantagem projectam-se sobre as realidades


materiais que afectam, em favor do titular do direito, bens jurídicos que se tornam, por essa via,
constitucionalmente relevantes.

Ingo Sarlet, citado por Alexandre Antônio e Ana Isabel, ao tratar da perspectiva objetiva dos
direitos fundamentais disserta, inicialmente, sobre seu aspecto axiológico, entendendo que os
direitos fundamentais representariam a ordem de valores vigentes na sociedade.

Pois bem, se nessa perspectiva tem que se considerar o significado para a coletividade, para o
interesse público e para a vida comunitária, e se a maioria dos cidadãos presta consentimento e
obediência a esse conteúdo axiológico, fica claro que não se trata somente de um direito de
defesa, mas também de um direito prestacional desponível ao Estado consistente no dever de
proteger e fazer prevalecer esses valores.

Os direitos fundamentais, nesse sentido, enquanto elementos objetivos podem restringir o


exercício dos direitos subjetivos individuais, na medida em que expressam valores objetivos
fundamentais da sociedade. Sendo assim, o exercício dos direitos subjetivos individuais está
condicionado, em certa medida, ao seu reconhecimento pela sociedade. Daí o correcto
entendimento de que a perspectiva objetiva dos direitos fundamentais não só legitima restrições
aos direitos subjetivos individuais com base no interesse da sociedade prevalente, como também
contribui para a limitação do conteúdo e do alcance dos direitos fundamentais, em conformidade
com o artigo 55 da CRM.

A dimensão axiológica da função objetiva dos direitos fundamentais é aquela que decorre da
idéia de que estes incorporam e expressam determinados valores objetivos fundamentais da
comunidade.Os direitos fundamentais, mesmo os clássicos direitos de defesa, não devem ter sua
eficácia valorada somente sob um aspecto individualista. É necessário verificar sua aceitação sob
o ponto de vista da sociedade, da comunidade na sua totalidade. Afinal, são os valores e fins que
devem ser respeitados e concretizados por toda a sociedade.

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Em conformidade com esse pensamento, o Prof. J.C. Vieira de Andrade, considera que “....
os preceitos relativos aos direitos fundamentais não podem ser pensados apenas do ponto de vista
dos indivíduos, enquanto posições jurídicas de que estes são titulares perante o Estado,
designadamente para dele se defenderem, antes valem juridicamente também do ponto de vista
da comunidade, como valores ou fins que esta se propõe prosseguir, em grande medida através
da acção estadual.”

O Prof. Vieira de Andrade entende que os Direitos fundamentais devem ser encarados na
dimensão objectiva como produtora de efeitos jurídicos, enquanto complemento e suplemento da
dimensão subjectiva. Defende ainda aquele autor que na dimensão subjectiva defendida pelo
Prof. Jorge Miranda retiram-se dos preceitos constitucionais efeitos que não se reconduzem
totalmente às posições jurídicas subjectivas que reconhecem, ou se estabelecem deveres e
obrigações, normalmente para o Estado, sem a correspondente atribuição de “direitos” aos
indivíduos. Para ele, a dimensão objectiva reforçaria, assim, a imperatividade dos “direitos”
individuais e alargaria a sua influência normativa no ordenamento jurídico e na vida da
sociedade.

O legislador moçambicano em face do debate doutrinário que acabamos de evidenciar, optou por
consagrar os pontos de vistas maioritariamente defensáveis, ao considerar Direitos Fundamentais
os que constam da Constituição em sentido formal e os que não figurando no texto
constitucional, são no enquanto corresponderem a dignidade e valor humano, bem como o papel
objectivo dos direitos fundamentais, que se caracteriza pelo dever do cidadão para com a
comunidade, conforme o artigo 44 da CRM, assim, o legislador consagrou na Constituição o
princípio aberto, nos termos do qual os direitos fundamentais não se limitam apenas aos que
constam da Constituição. Estendem-se aos direitos humanos constantes nas demais leis,
referindo-se a todas as fontes de Direito (imediatas e mediatas).

O legislador constituinte moçambicano pelo que se acha fixado nos artigos 44, 45, 46 e
n.˚ 1 do artigo 267, não quis tomar partida entre os doutrinários portugueses, porquanto com
estes artigos quis o legislador estabelecer deveres que são simultaneamente direitos da esfera
individual quando considerados em relação ao individuo que deve cumprir com a obrigação e
direito em relação ao cidadão que da acção daquele se beneficia. Portanto, temos nesta
perspectiva uma dimensão subjectiva dos direitos fundamentais que se complementa e integra a

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dimensão objectiva. Nesta conformidade todos estes doutrinários não se divergem, pelo
contrário, eles se unanimizam.

3. Os Direitos fundamentais na História

Desde o primórdio até o momento actual a civilização humana atravessou vários


momentos, cada com suas peculiaridades, com seus pontos positivos e negativos. Os direitos
fundamentais são fruto de grande evolução histórica e social, que levou a sua consagração ao que
se apresenta hoje.,

3.1 As principais declarações dos direitos fundamentais


3.1.1 A magna carta de 1215
A Magna Carta outorgada pelo Rei João da Inglaterra em 15 de Junho de 1215, na
Inglaterra, e um documento que limitou o poder do rei na Inglaterra, impedindo assim ao rei o
exercício do poder absoluto. Foi o primeiro de um longo processo histórico que levaria ao
surgimento do constitucionalismo moderno na Europa e no mundo. O documento garantia certas
liberdades políticas inglesas e continha disposições que tornavam a Igreja livre da ingerência da
monarquia, reformavam o direito e a justiça e regulavam o comportamento dos funcionários
reais, contudo não eram direitos fundamentais do cidadão no conceito actual do Estado Moderno.

O documento apresenta 63 artigos ou cláusulas, a maioria referente a assuntos do seculo


XIII.

Uma das cláusulas de maior importância e o artigo 39 que dispõe o seguinte: “Nenhum
Homem livre será detido ou sujeito a prisão, ou privado dos seus bens, ou colocado fora da lei,
ou exilado, ou de qualquer modo molestado, e nós não procederemos nem mandaremos proceder
contra ele, senão mediante julgamento regular dos seus pares ou de harmonia com a lei do País”

Oque significava que o rei devia julgar os indivíduos conforme a lei, seguindo o devido
processo legal, e não segundo a sua vontade, até então absoluta.

3.1.2 Virgínia Bill of Rights


O triunfo dos direitos fundamentais e selado com a promulgação da Virgínia Bill of
Rights em 12 de junho de 1776, formulada pelos representantes do Bom povo de Virgínia. Fábio

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Konder Coparato afirma que com a Virgínia Bill of rights registra-se o nascimento dos direitos
humanos na historia (2010, p.43).

A Virgínia Bill of rights reconhecia no seu artigo 1 que “Que todos os homens são, por
natureza, igualmente livres e independentes, e têm certos direitos inatos, dos quais, quando
entram em estado de sociedade, não podem por qualquer acordo privar ou despojar seus pósteros
e que são: o gozo da vida e da liberdade com os meios de adquirir e de possuir a propriedade e de
buscar e obter felicidade e segurança.”

Carvelli afirma que o objectivo de Virgínia Bill of Rights era fixar os direitos naturais
pertencentes a cada individuo como direitos positivo em uma constituição.

A fixação constitucional dos direitos fundamentais inatos e individuais esta assentado nos artigos
2º e 3º:

O artigo 2º dispõe: “que todo poder é inerente ao povo e, consequentemente, dele


procede; que os magistrados são seus mandatários e seus servidores e, em qualquer momento,
perante ele responsáveis.” O artigo 3º dispõe: “Que o governo é instituído, ou deveria sê-lo, para
proveito comum, proteção e segurança do povo, nação ou comunidade; que de todas as formas e
modos de governo esta é a melhor, a mais capaz de produzir maior felicidade e segurança, e a
que está mais eficazmente assegurada contra o perigo de um mau governo; e que se um governo
se mostra inadequado ou é contrário a tais princípios, a maioria da comunidade tem o direito
indiscutível, inalienável e irrevogável de reformá-lo, alterá-lo ou aboli-lo da maneira considerada
mais condizente com o bem público.”

3.1.3 A Declaração Francesa dos Direitos Civis e do Homem de 26 de Agosto de 1789


Na Europa o triunfo dos direitos fundamentais prosseguiu com a proclamação dos
direitos civis e do homem em 1789, com uma clara influencia constitucional americana e de
ideias e teorias dos filósofos franceses, surge em meio a um panorama no qual o desespero por
uma mudança politica e social era clara. Essa declaração consagra direitos mais abrangentes, a
qual inclui entre outros o direito a liberdade, o direito a igualdade, o direito a propriedade, o
direito a resistência a opressão, o direito a opinião, o direito a impressa e o direito a liberdade de
religião.

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4. Características dos Direitos Fundamentais

De acordo com o nosso plano temático no que diz respeito ao ponto número um, o sentido
dos Direitos fundamentais, temos como ultimo ponto característico dos Direitos fundamentais.
Assim, os direitos fundamentais são aqueles que figuram ou deviam figurar da lei fundamental
do Estado, neste caso a Constituição da Republica, por refletirem o sentido próprio da
Constituição material no qual temos como as principais características as seguintes:

 São intransmissíveis, uma vez que o titular destes direitos não pode dispô-los e
consequentemente não poderá transmiti-los a título gratuito ou oneroso a terceiros. A
impossibilidade de dispor dos direitos fundamentais é uma qualidade intrínseca
intimamente ligada a característica da intransmissibilidade dos direitos desta natureza
pessoal. São por conseguinte direitos que do seu titular não podem sair quer por sua
vontade, do Estado ou de terceiros são inerentes a natureza entisica do seu titular, dai que
São qualificados de inexpropriáveis, não sendo por isso transmitidos a terceiros por terem
carácter pessoal e essencial a dignidade da pessoa;
 São Inalienáveis, o que significa que não podem ser objecto de negócio jurídico;
 São objectivos, pois dispõem se para a generalidade e em abstrato para todos os sujeitos
de Direito da Ordem Jurídica, sem descriminação de qualquer espécie;
 São intatos, pois adquirem-se com o nascimento, completo e com vida da pessoa
jurídica, não sendo necessário a prática de qualquer mecanismo processual legal para a
sua aquisição e usufruto;
 São imensuráveis e ilimitados, os Direitos fundamentais não constam de uma lista
“numerus clausus”. Os que em cada momento constam da lei fundamental ou nas demais
leis ordinárias sejam em forma de código ou de lei avulsa ou costumeira é apenas uma
numeração exemplificativa que corresponde ao conjunto dos direitos elencados, mas que
em revisão subsequente da Constituição os direitos fundamentais quando objecto de
revisão sofrem um acréscimo qualitativo ou quantitativo;
 São essenciais, sendo imprescindíveis da proteção jurídica, pois tem a tutela do Direito
no plano constitucional e deles decorrem os demais direitos subjetivos, não sendo

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possível conceber uma noção de individuo, como ser humano, sem ter como pressuposto
o conjunto dos direitos fundamentais de que este seja titular na Ordem Jurídica;
 São indisponíveis, pois o titular destes direitos não se pode privar ou dispor-se deles ao
ponto de tê-los como objecto e praticar atos jurídicos como se de coisa trata-se, nem o
Estado pode tê-los sob sua disponibilidade. Por conseguinte, os direitos fundamentais
estão fora da vontade e da consciência do próprio titular, do Estado e de terceiros.
Traduzem-se ainda no facto destes direitos não poderem mudar de sujeito, nem pela
vontade do titular, do Estado ou de terceiros;
 São absolutos, pois são oponíveis a terceiros, “erga omnes”. Traduzem-se no facto de
serem direitos essenciais e perpétuos;
 São extras patrimoniais, ou seja, não são bens do património do seu titular. Não sendo
suscetíveis de avaliação pecuniária com algumas excepções, como é o caso do uso da
imagem, mediante permissão, para publicidades, que possa ter uma contraprestação
pecuniária.
 São vitalícios ou perpétua, pois perdura por toda a vida do individuo, nem se extinguem
ou prescrevem com o decurso do tempo, mesmo que o seu titular não os goza;

E por fim;

 São intangíveis e irrenunciáveis, nenhum titular de Direito Fundamental pode decidir


livremente ou por coação negar a sua existência na sua esfera de titularidade ou pura e
simplesmente renunciar o seu gozo, seja qual for a alegação, por se tratar de um direito
que o sujeito o tem sem que tenha requerido por mecanismos legais, sociais, políticos ou
culturais. A titularidade do direito fundamental é de origem natural ou social e não
depende da nossa vontade ou consciência, dai que não são de alcance do seu titular, do
Estado ou de terceiro, nem se pode renunciar a sua existência material, por não se situar
na esfera da disponibilidade do seu titular.

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Conclusão

Ficou claro com o trabalho que falar dos direitos humanos e falar de direito natural, um direito
que e garantido ao individuo pelo mero privilegio de ser humano. Este direito apesar de sobre
certas perspetivas serem vistas como proveniente da suprema providência humana, ela também e
ao mesmo tempo um direito positivo uma vez que a sua eficácia e garantida pelo estado e as suas
disposições estão plasmadas sob forma de normas constitucionais.

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Analisando sobre o ponto de vista da perspetivas de direito que eles visam tratar, os direitos
fundamentais podem ser subjectivos quando abarca a faculdade, privilégios ou posição de
vantagem que as normas fundamentais visam dar a um individuo para a salvaguarda do seu bem-
estar e dos seus interesses legítimos ou quando estes mesmo, vedam ao estado a liberdade de
total domínio sobre a vida de um individuo e quando estes forcam o Estado a providenciar certas
garantias de forma individual aos seus cidadãos. Ainda podem ser objectivo, quando as normas
fundamentais visam estabelecer e assegurar os interesses públicos e coletivos.

Os direitos humanos são um resultado de um fenómeno de evolução do pensamento social. Os


traços de sua existência remotam já a tempo mas, observamos como um marco importante para a
sua existência a carta magna de 1215, e a declaração dos Direitos civis e dos Homens de 1789.

Tratando-se de um direito inalienável, absoluto, intangíveis, imensurável, extra patrimoniais e


perpétuo, eles se apresentam em forma de valores e representam o mais alto grau da necessidade
humana.

Referências bibliográfica
CISTAC, Gilles. Curso de Metodologia Jurídica: Método do Direito. Maputo: Livraria
Universitária- UEM

CARVELLI, Urbano; SCHOLL Sandra, Revista de informação legislativa: A evolução histórica


dos direitos fundamentais. 174-183.p.p

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COMPARATO, Fábio Konde. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 3 ed. São Paulo:
Saraiva, 2003.

MENDES, Gilmar Ferreira; et al. Curso de Direito Constitucional. 4 ed. São Paulo: editora
minerva, 2009

SANTOS, Leonardo. A perspectiva objetiva dos direitos fundamentais. 07/2009. Disponível em:
Http:Www.Direitonet.com.br. Acessado em: 26/01/2021

SILVA, Alexandre; STRADA, Ana. Revista opinião Jurídica: Apontamentos acerca das
dimensões subjetiva e objetiva dos direitos fundamentais sociais. 2-9.

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