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“DUMB CITY” A CIDADE BURRA

A cidade vem se tornando apesar dos avanços das últimas décadas, num
lugar insuportável de se viver.
Estamos vivendo a época de vigilância permanente, acompanhado por
câmeras e radares, certificações biométricas e fornecimentos de CPFs.
Que tipo de cidade estamos criando?
A cidade, em muitos aspectos deixou de ser amigável, as administrações
municipais, estaduais e federais, jogam o máximo que podem ao cidadão,
deixando de cumprir suas tarefas constitucionais de fornecer serviços em troca
de impostos. Os agentes alocados a cumprir a tarefa de vigilância, são em geral,
intolerantes, mal-humorados e voluntariosos. Cumprem suas tarefas com
evidente má vontade, contra o cidadão e pagador de seus salários.
Basta ir aos balcões de atendimento das prefeituras para enfrentar uma
torrente de caras feias e má vontade em atender. O serviço público, no brasil,
ainda não entendeu que seu trabalho é de prestação de serviços ao cidadão, que
tem direitos a serem respeitados. Ressalte-se aqui o Poupa Tempo, já famoso
por sua gentileza, rapidez e eficiência ao cidadão.
Um dos exemplos piores é o trânsito da cidade, aparentemente longe das
nossas atividades de arquitetos, engano nosso. Toda a cidade, a urbe, é de nosso
interesse e campo de estudo. A mobilidade na cidade, a face semanticamente,
mais humana do trânsito, assim como no resto do país é violenta, mal-educada e
irresponsável. As atitudes tomadas no sentido de coibir as infrações, não vão no
sentido da educação, a única forma de se modificar os índices de letalidade da
mobilidade nas cidades, em especial a nossa.
As autoescolas deveriam ser responsabilizadas, de alguma forma, pela
atuação de nossos motoristas, assim como como advogados são instados a
serem examinados e suas escolas, em alguma medida respondem por seu
desempenho, estas escolas, cumprem um papel de significância, sem que o
estado faça alguma coisa.
Os agentes de mobilidade atuam no sentido da punição e não da
educação, investindo contra a população ao menor descuido e erro. Lombadas e
radares são instalados sem que haja flagrantemente uma necessidade. São
instalados sob a égide estatística, onde as probabilidades de um descuido do
motorista sejam maiores. Os recursos impetrados são majoritariamente
recusados impossibilitando a ampla defesa ao cidadão.
Enquanto isto a malha asfáltica da cidade se deteriora, forçando
motoristas a se desviarem arriscadamente de buracos, impondo gastos a
manutenção e deteriorando veículos. A existência das indefectíveis lombadas, é
um recurso de nos lembrar insistentemente de que as autoescolas não
funcionam. Uma vez que as velocidades das cidades deveriam ser obedecidas,
em supremacia a toda forma de se dirigir.
Basta uma viagem ao exterior e verificar o índice de obediência as leis de
trânsito. O Brasil mata por ano 37.000 pessoas, o equivalente a uma guerra.
Mas as ações regulatórias, não estão fazendo um enfretamento direto. Ainda que
radares e lombadas possam atuar de forma a reduzir, seu aspecto arrecadatório
ainda é mandatório. Por isto virou uma verdadeira indústria no Brasil. Lá fora
há radares sim, mas não em números como há no aqui.
No caso de Campinas instalados a partir da década de 80 do século
passado, inicialmente se expressaram na redução e na vacância de leitos nos
hospitais. A aplicação de velocidades variadas, sem uma clara justificativa,
somente serve para uma “pegadinha” no motorista. É óbvio que o
estabelecimento de uma única velocidade 40 ou 50Km/h seria suficiente para a
redução de mortes no trânsito. A educação pela autoescola, obrigando seus
alunos ao cumprimento de uma regra simples, levaria a uma redução brutal dos
índices.
Fala-se muito em SMART CITIES (cidades inteligentes), mas somente
haverá esta tipologia de cidade, se o poder público, se engajar na luta pelo
cidadão e não pela arrecadação. É preciso arrecadar, sem a menor sombra de
dúvida. A cidade não é um ente que possui recursos, eles advêm de seus
cidadãos. E é em benefícios deles que estes recursos devem ser administrados.
O uso de tecnologia, já disponível, pode e deve ajudar de forma ativa a
administração e uso da cidade. Mas o uso desta tecnologia, não se encontra
visível ao cidadão. É lógico que há iniciativas em todos os setores, mas são
tímidas diante das urgências que temos.
Aparentemente um dos personagens mais ativos na criação das cidades
ainda não despertou ou foi chamado a participar das cidades inteligentes.
A cidade inteligência, precisa ser não somente inteligente, ela deve ser
útil, amigável e sobretudo voltado ao cidadão.
O autor deste artigo, sofre a acusação de se recusar a se submeter a
exame de dosagem alcoólica, desde 2015, sem que se tenha obtido uma posição
da justiça. A forma encontrada pelo Detran, fragrantemente inconstitucional, ao
penalizar da mesma forma, a recusa a fornecer provas ao delito, não encontra
sustentação jurídica. Na autuação, o agente não apontou provas ou suspeitas de
que se dirigia sob o efeito de álcool ou outra substância. Tanto assim, que a
legislação foi alterada em 2016 para evitar o recurso e a afronta a lei.

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