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ETEBRAS - Escola Teológica Brasileira

Geografia Bíblica

Ismael dos Santos


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Ciência Geográfica

Existe um intervalo relativamente estreito, de 30 a 40 quilômetros, entre


a litosfera (piso) e a estratosfera (teto). Este espaço, denominado pelos
estudiosos de estrato geográfico terrestre, consubstancia-se no
cenário onde a história humana se concretiza.
Na sua etimologia o termo geografia deriva de duas raízes: geo =
terra e grafhein = estudo.

Aurélio Buarque Holanda, define geografia como ciência que descreve


a superfície da Terra e estuda seus acidentes físicos, climas, solos e
vegetações, e as relações entre o meio natural e os grupos (FERREIRA.
2001, p.373).

Portanto, numa perspectiva literal, geografia é a arte de descrever


a terra, interpretando sua paisagem natural ou modificada pelo
homem. Em princípio, é válida a observação do teólogo Johannes
Bauer quando lembra que o monoteísmo bíblico reconhece Deus
como criador e Senhor de três reinos cósmicos: céus, terra e mar
- Gn 1; Ex 20.4; 1 Cr 16.31; Os 4.3. (BAUER. 1983, p. 658).
A dimensão da ciência geográfica pode seguir diferentes direções:
social, política, histórica, econômica ou física. A proposta deste
estudo situa-se no último grupo: uma visão panorâmica de traços
físicos (relevo, clima, vegetação, fauna, flora) dos principais lugares
citados na narrativa bíblica.
A contribuição da geografia, aliada à arqueologia e à antropologia,
mostra-se cada vez maior para o entendimento do processo
narrativo sagrado.
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A análise geográfica pode ser processada com um cruzamento de


métodos inter-relacionados entre si:

Método sistemático: aborda grupos temáticos (as questões


sociais, políticas, históricas, econômicas).
Método regional: focaliza uma área específica do planeta.
Método descritivo: especifica as características de uma região
ou de um grupo de pessoas.
Método analítico: indaga as razões das características de uma
área geográfica.

Pode-se afirmar que espaço e tempo são os dois eixos que


comandam o processo de análise geográfica. Ambos relacionam-se
ao estudo da superfície terrestre, desde a configuração topográfica
até a formação e composição do solo, envolvendo diferentes ramos
da ciência (biogeografia, climatologia, pedologia, hidrologia,
oceanografia).
Embora sem pretensões científicas e visando apenas ordenar a leitura
do texto bíblico, vamos organizar o estudo das terras relacionadas às
Escrituras em seis grupos:

Geografia urbana: analisa as vilas e cidades, buscando saber


sua localização, evolução, estrutura, paisagem, cultura, meio de
produção e sistema de governo.

Geografia agrária: identifica as relações da economia rural


(pecuária, agricultura) com um espaço físico específico.

Geografia econômica: verifica as relações entre o meio


geográfico e as atividades econômicas (hábitos alimentares,
produção agrícola, industrial, comercial).

Geografia política: registra os fatos que determinam a


conformação territorial e o desenho político de uma região ou
de uma nação.
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Geografia literária: aponta os espaços territoriais de origem e


destinação de um texto bíblico.

Geografia histórica: visualiza os acontecimentos bíblicos


com base no meio geográfico, considerando a história da
Aliança como um instrumento da auto-revelação de Deus
em áreas físicas possíveis de serem localizadas.

Uma introdução à geografia bíblica requer seletividade. Portanto,


faz-se, aqui, o registro dos lugares mais relevantes para o estudante
das Sagradas Escrituras, o que não significa que outros espaços
físicos descritos tanto no Velho quanto no Novo Testamento, aqui não
citados, tenham menor valor.

Reflexão

Não esqueçamos que o território bíblico nem sempre é de fácil


comprovação. Mesmo no campo da geografia, hipóteses e
suposições são inevitáveis. Contudo, importa saber que a
geografia sempre será uma eficaz porta de entrada no campo
da fé cristã, nos permitindo ler as Escrituras com uma nova
sensibilidade e compreensão.

Impérios e as Nações dos Tempos Bíblicos

O mundo bíblico corresponde a uma região que vai do norte da Turquia


até o Egito, no sentido norte-sul, e da atual Espanha ao Irã, na direção
leste-oeste.
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Registre-se que a maioria das narrativas bíblicas está relacionada


à Ásia ocidental, região mais conhecida por Oriente Médio, que abriga
hoje uma população superior a 200 milhões de habitantes.

Oriente Médio - Território

(Ísola e Caldini. 2005, p. 76)


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Embora seja relevante o destaque dado ao Oriente Médio, a origem


geográfica apontada pelas narrativas bíblicas é, por certo, a região
da Mesopotâmia (meso = entre), (potamos = rio), conhecida por
Crescente Fértil, estendendo-se do Golfo até o delta do Nilo. Trata-se
do berço da Humanidade.

O Exodo e a conquista de Canaã

(http://www.geocities.com/eureka/gold/7392/mapas/mapa19)
120

Na perspectiva geográfica, as terras bíblicas estão sob a égide de


seis potenciais mundiais que agregaram territórios e dominaram
politicamente o mundo, dos tempos de Moisés até a chamada Era
Patrística, a saber:

O Império egípcio

A história deste Império parece ter início com o rei Narmer, que
unificou o baixo e o alto Egito, por volta de 3220 a.C.

Sabe-se que até a conquista de Alexandre, o Grande


(332 a.C.), a nação egípcia foi governada por 31 dinastias.

Durante 370 anos (1570-1200 a.C.), a nação egípcia conseguiu


manter uma hegemonia política e econômica, ocupando a
posição de Império.

Suas principais cidades mencionadas no texto bíblico são


Mênfis, Tebas e Alexandria.

O Império assírio

De início, a Assíria era apenas uma província da Babilônia,


até conquistar sua independência com o monarca Hamurabi
(1730 - 1685 a.C.), estendendo suas fronteiras desde as
montanhas da Armênia até a Mesopotâmia, no curso superior
do rio Tigre.
121

Hamurabi promulgou um código de leis civis, políticas, militares


e comerciais. O Código de Hamurabi, com os seus 282 artigos,
é considerado a mais importante peça jurídica da antiguidade.

O Império assírio tornou-se forte e militarizado, cobrindo o


período de 883 a 612 a.C.

Neste período imperial três reis se notabilizaram: Tiglat


Phalazar II (745 - 727 a.C.), por conquistar a Babilônia, Sargão
II (722 - 705 a.C.), por destruir Samaria e Senaqueribe
(705 - 681a.C.), por subjugar toda a Ásia Menor.

O Império babilônico

De início Babilônia era apenas uma cidade fundada por povos


semitas, às margens do Eufrates, consolidando-se na condição
de Império com o reinado de Nabucodonosor.

Data desta época a construção dos Jardins suspensos da


Babilônia, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.

O Império teve vida curta: 66 anos (605 - 539 a.C.).

O Império persa

A Pérsia (terra dos arianos) torna-se uma potência mundial a


partir do reinado de Ciro, o Grande, um monarca pagão
elogiado nas Escrituras - Is 45.1-4.
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Afirma-se que o túmulo de Ciro ainda existe, estando inscrito sobre


sua lápide o seguinte texto: Ó homem, quem quer que sejas, e de
onde quer que venhas, pois sei que virás; eu sou Ciro, e eu conquistei
para os persas o império deles. Portanto, não me negues a pouca
terra que cobre o meu corpo. (CHAMPLIN. 1991, p.248).

Avançando até o Mediterrâneo, os persas conquistaram a


Babilônia, a Síria e a Palestina, sendo durante mais de 200
anos uma Império imbatível (539 - 331 a.C.).

Além de Ciro, outros dois monarcas tiveram uma relação direta


com as narrativas bíblicas: Dario e seu sucessor Xerxes I.

O Império grego

Com o advento de Filipo de Macedônia, Filipo II e pouco mais


tarde seu filho Alexandre, o Grande, o mundo conheceria o
Período Helenístico (331-146 a.C.).

A Grécia imperial tornou-se a Helade, mas nos tempos do


Antigo Testamento era conhecida por Java - Gn 10.4,
enquanto que na época neotestamentária foi também chamada
por Acaia, um dos principais cenários da atuação missionária
do apóstolo Paulo.

Mais do que conquistas militares, o Império grego legou a


humanidade a filosofia e à democracia.

O Império romano

Logo que se transformou em capital do mundo, Roma conquistou toda


a península e as margens do Mediterrâneo.
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Por um longo período as fronteiras foram sendo ampliadas e o


mundo se submeteu à influência do Império romano por longos 622
anos (146 a.C. - 476 d.C.). Duas políticas de intervenção merecem
ser mencionadas em relação ao Império romano: uma positiva e
outra negativa.
A primeira diz respeito à Pax romana, isto é, após a conquista militar
de um território, os romanos instauravam uma ordem legal e uma
distribuição eqüitativa dos avanços sociais presentes na capital.
A segunda relaciona-se ao culto ao imperador, uma imposição
política trágica para os cristãos, que não queriam e nem poderiam
abrir mão da adoração exclusiva ao Senhor Jesus. Os resultados
foram fogueiras e leões! Outras nações ou regiões nos tempos
bíblicos não chegaram a conquistar o status de império, mas
conheceram fases de ampla prosperidade e expansão territorial,
entre as quais merecem destaque:

Fenícia: localizada entre o Mar Mediterrâneo e o Líbano, ao


norte da Palestina, a Fenícia compreendia a maior parte do
litoral da Síria e do Líbano. Suas principais cidades nos
tempos bíblicos foram Tiro, Sidom e Biblos. É interessante
registrar que, durante o seu ministério, a única vez que Jesus
se retirou da Terra Santa foi quando empreendeu uma viagem a
Tiro e Sidom - Mt 7.24 e 15.21.

Com os cedros do Líbano, os fenícios construíram a maior frota


de navio da época, tornando-se comerciantes respeitados. Para
controlar seus negócios inventaram um alfabeto, mais tarde
adaptado pelos gregos e romanos. A escrita fenícia conquistou
o título de antecessora de todos os alfabetos atuais.

Síria: Líbano, Israel, Jordânia, Iraque e Turquia já tiveram


seus territórios ocupados, na sua totalidade ou em parte, pela
nação Síria. No Antigo Testamento os sírios são também
conhecidos por arameus - 1 Cr 2.23. A capital Damasco
exibiu por um bom tempo o status de reino-estado.
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Canaã: refere-se ao nome mais antigo da Palestina. A


terra da púrpura, caracterizava-se por uma faixa de terras
férteis entre o deserto da Arábia e o Mar Mediterrâneo.

O significado do nome Canaã diz respeito a uma provável alusão a


um tipo de tinta produzido na região. Conforme Werner Keller, os
habitantes de Canaã extraíam de um caracol do mar – murex sellfish
“a tinta mais famosa do mundo antigo, a púrpura” (KELLER.1973,
p. 64).

As referências veterotestamentárias indicam a existência de


sete nações em Canaã na época da conquista: heteus,
girgaseus, amorreus, cananeus, perezeus, heveus, jebuseus
- Ex 3.17 e Dt 7.1. Champlin nos lembra que o termo
geral cananeu “era usado para incluir todas essas nações”;
existiam também outros povos que, embora não constituíssem
nações, formavam tribos guerreiras ou comerciantes: arqueus,
sinitas, arvaditas, zemaritas, hematitas - Gn 10.17,18.
(CHAMPLIN, op. cit., p. 620).

Judéia.
Samaria.
Galiléia.
Peréia.

As fronteiras naturais da Palestina são o deserto a Leste, o


Mediterrâneo a Oeste, o semi-árido Neguebe ao Sul e as
montanhas do Líbano ao Norte.

Israel: como se observa, os termos Canaã, Palestina e Israel


são intercambiáveis, deixando de ser expressões cognatas
apenas antes da conquista. Com a chegada dos hebreus, a
Palestina passa a ser a Terra da Promessa. Localizada no
continente asiático e banhado pelo Mar Mediterrâneo, a nação
de Israel (aquele que luta com Deus) atinge o seu apogeu no
reinado de Salomão (966 - 926 a.C.), quando poderia ter
abrigado uma população de até 800 mil habitantes.
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(http://www.geocities.com/eureka/gold/7392/mapas/mapa10)

Em 70 d.C., com a destruição de Jerusalém pelo general romano


Tito, os judeus são expulsos de seu território. Cerca de meio
milênio depois, em 636 d.C., os árabes ocupam a Palestina. A
religião monoteísta sempre foi o fator de união da nação judaica,
mesmo estando os judeus na Diáspora - movimento de
dispersão dos judeus pelo mundo.
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A religião monoteísta sempre foi o fator de união da nação


judaica, mesmo estando os judeus na Diáspora - movimento de
dispersão dos judeus pelo mundo. Com a aprovação da
Organização das Nações Unidas, Israel reconquistou sua
posição de nação (povo, língua, território e autonomia), em 14
de maio de 1948, na época com uma população de 650 mil
habitantes. Na atualidade, o país Medinat Ysra’el ocupa 75%
do território da Palestina (20.700km2 , o que equivale a 20 %
do Estado de Santa Catarina), e sua população é estimada
em seis milhões de habitantes.

(Map. Nº 3584 rev. 2 United Nations, January, 2004).


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Ásia Menor: citada apenas no Novo


Testamento, a Ásia Menor está vinculada a
duas prováveis regiões.

“Uma delas indica a porção peninsular da


Ásia - At 19.26,27; 20.4-18 e 27.2), a outra,
parece fazer referência a Ásia proconsular
da época dos romanos” - At 2.9; 6.9; 19.20-
22; 2 Tm 1.15 e Ap 1.4-11. (CHAMPLIN,
op. cit., p. 341).

Em ambos os casos a Ásia Menor constituiu-


se uma das mais prósperas regiões do Império,
tendo sido um dos alvos preferidos da
estratégia missionária de Paulo - At 19.10.

Macedônia: localizada ao norte da Grécia,


entra a Trácia, a Ilíria e a Peônia, no suleste
europeu.
Depois de experimentar o esplendor das
conquistas 500 a.C., foi subjugada por
Roma 146 a.C. Nos dias do Novo Testamento
ocupa uma parte significativa do tempo e do
afeto do apóstolo Paulo - At 20.1, 1 Ts 1.3
e Fp 4.1, que evangelizou as principais
cidades da região: Beréia, Filipos e
Tessalônica.
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Exercício 1

1- Explique porque é importante conhecer o mundo bíblico através


da geografia.

2- Identifique os seis grandes impérios que politicamente dominam


o mundo, de acordo com o texto lido:

(1 ) Babilônico ( ) Conquistou sua indepen-


dência com o monarca
Hamurabi, que criou a peça
jurídica mais importante da
antiguidade.

(2 ) Assírio ( ) Por 370 anos conseguiu


manter uma hegemonia
política e econômica.
(3 ) Egípicio ( ) Chegou a condição de
Império com o reinado de
Nabucodonozor.

( 4 ) Persa ( ) Mais tarde o mundo conheceria


o período Helenístico através de
Alexandre, o Grande.

( 5 ) Romano ( ) Também conhecido como “a


terra dos Arianos”; tornou-se
uma potência mundial a partir
do reinado de Ciro.

( 6 ) Grego ( ) Transformou-se na capital do


mundo; sua influência durou
622 anos.
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A Geografia das Estradas

As terras bíblicas revelam estradas curtas e longas, arteriais e


marginais. Algumas são pouco mais do que trilhas tortuosas e
poeirentas, difíceis de percorrer; outras, amplas e favoráveis para o
escoamento de riquezas, para a expansão militar, para a comunicação
e para o deslocamento de indivíduos ou grupos de pessoas.
As estradas do Velho e do Novo Testamento podem ser divididas
didaticamente em duas importantes malhas viárias: as “externas”, que
ligavam um país com outros países, e as “internas”, que possibilitavam
o trânsito entre cidades ou povoados. Como assinala John Davis,
“as feições físicas é que determinavam o curso dos caminhos”.
(DAVIS. 1984, p. 440).
Entre as principais rotas bíblicas, citam-se:

O Caminho de Sur - Gn 16.7, de Berseba para o Egito.


A Estrada Real - Nm 20.17 e 21.22, de Damasco ao Egito ou
ao sul da Arábia.
A Estrada dos Filisteus - Ex 13.17, do Egito a Mesopotâmia.
O Caminho do Mar - Is 9.1 e Mt 4.15,16, de Damasco para a
Galiléia.
A Via Ápia - At 28.15, de Roma a Cápua.

A geografia das estradas ganhou notável evolução no governo


romano. A Via Ápia, por exemplo, construída 300 anos antes do
cristianismo e ainda utilizada nos dias atuais, possui 580 quilômetros
de extensão, cortando a Itália no sentido norte-sul.
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O sistema viário romano, denominado de via militares, era


constituído de 29 estradas que partiam da capital, perfazendo 80 mil
quilômetros, sem contar outros 38 mil quilômetros de estradas
secundárias.(COLEMAN. 1991, p.231).

Os romanos desenvolveram uma tecnologia que só foi equiparada


um milênio depois, na Idade Média européia. As artérias principais
eram canalizadas, recobertas com camadas superpostas de pedra,
consolidadas com betume e equipadas com um formidável sistema
de segurança propiciado pelas legiões do exército imperial. Este foi,
por certo, um dos fatores que facilitou o exorbitante crescimento da
Igreja Primitiva.

A Geografia dos Montes e Vales

A crosta terrestre apresenta saliência e reentrâncias, resultantes de


movimentos ocorridos no seu interior (tectônicos). As saliências são
responsáveis pelo surgimento de montes ou montanhas.

Tradicionalmente, um monte é qualquer elevação natural acima do


solo que o cerca, mas a expressão é mais empregada para fins
poéticos ou como parte de um nome composto (Ex. Monte Tabor).
Por sua vez, o termo montanha é reservado para elevações com mais
de 500 metros de altura. O outeiro - colina - seria a elevação menor
dos três. Para fins deste estudo, adota-se a palavra “monte” de forma
generalizada.

As reentrâncias constituem os vales que assumem características


geológicas de uma depressão ou de uma garganta.

No cenário bíblico existem arrolados cerca de 40 vales, privilegiando-


se, aqui, cinco deles:

Vale dos Artífices - 1 Cr 4.14 e Ne 11.35, que margeava a


planície do Sarom.
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Vale dos Viajantes - Ez 39.11, provavelmente um outro nome


para o vale de Abarim, a leste do Mar Morto.
Vale do Rei - Gn 14.17 e 2 Sm 18.18, também conhecido por
vale de Savé e defendido por alguns especialistas como sendo
o vale de Josafá, por onde corre o riacho do Cedron, separando
a cidade de Jerusalém do Monte das Oliveiras.
Vale do Sal - 2 Sm 8.13,14; 2 Rs 14.7, embora de localização
incerta, é provável que estivesse ao sul do Mar Morto.
Vale de Sidim - Gn 14.3-10, próximo ao Mar Morto, sendo
afamado pelos seus poços de betume.
As elevações naturais acima do solo - os montes - ocupam nas
narrativas bíblicas um espaço de considerável distinção, quer por suas
conotações metafóricas, quer pela condição de terem sido palco de
eventos históricos.

Um Monte pode Representar

A fidelidade de Deus - Is 54.10.


A segurança do povo - Ez 6.2,3.
As dificuldades da vida - Jr 13.16.
Os que possuem poder transitório - Is 40.4 e 41.15.
Os obstáculos impossíveis de superação, exceto pela fé
- Mt 21.21.
Entre os montes mais conhecidos do leitor da Bíblia, registram-se:

Monte Sinai - Ex 16.1

O Djabal Mussa (Monte de Moisés) envolve uma cadeia de


montanhas, nela situado também o Horebe - Ex 3.1, portanto, podem
ser considerados nomes intercambiáveis.
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Em sua etimologia, Sinai significa “a casca fina de certas plantas do


deserto, indicando a sarça contemplada por Moisés, enquanto
Horebe quer dizer terra seca”. (CHAMPLIN, op. cit., p. 286).
Situado entre o Egito e Israel, na extremidade setentrional do Mar
Vermelho, alguns de seus picos atingem 2.145 metros.

Monte Hermom - Dt 3.8,9 e Sl 133.3

Com cerca de três mil metros, o atual Jebel-esh-Sheikh, localizado


na fronteira do norte de Israel, está sempre coberto de neve. Nele
nasce o rio Jordão.

Monte Nebo - Dt 32.49

Situado diante de Jericó, pode ser identificado com o Monte Pisga -


Dt 34.1, uma das montanhas de Abarim - Nm 33.47.

Monte Ararat - Gn 8.4; 2 Rs 19.37 e Jr 51.27

Uma cadeia de montanhas ao sul da Armênia, na divisa com a Turquia,


cujos picos chegam a cinco mil metros de altura.

Monte Carmelo - 1 Rs 18.17-40

O Jebel Kurmul atinge 575 metros sobre o nível do mar. Foi palco
central do ministério do profeta Elias e suas cordilheiras estendem-
se por mais de 40 quilômetros de comprimento, desde as margens
do Mediterrâneo até a planície de Dotã.
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Monte das Bem-Aventuranças - Mt 5.3-12

Alguns estudiosos defendem que este é apenas um lugar imaginário,


pois o Sermão da Montanha consistiria em um apanhado de vários
ensinamentos de Jesus, em diferentes lugares. Os que preferem
projetar um lugar específico apontam uma elevação a noroeste do
Mar da Galiléia.

Monte das Oliveiras - Zc 14.4 e Mt 26.39

Com cerca de 840 metros acima do nível do mar, dista a caminho


de um sábado de Jerusalém (um pouco mais de mil metros).
Em sua base ocidental situa-se o Jardim do Getsemâne.

Monte Tabor - Js 19.22 e Jz 4.6-14

Com 562 metros de altitude, na fronteira entre os territórios das tribos


de Issacar e Zebulon. Alguns teólogos defendem ser este o monte
da transfiguração. O Tabor está próximo da cidade da Nazaré e é
chamado na atualidade de Jebel el-Tor.

Monte Sião - Sl 48.2

A cadeia de montes sobre a qual Jerusalém está edificada inclui,


também, os montes Moriá - 2 Cr 3.1, e Calvário - Mc 15.22.
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Exercício 2

1- Qual a principal importância das estradas na geografia bíblica?

2- Diferencie montanha, vale e colina.

3- Por que é necessário conhecer a nomenclatura dos montes e


vales

4- Qual a importância do Monte Carmelo na geografia bíblica?

5- Quais os significados que os montes podem ter no contexto


bíblico?

6- De acordo com o texto abaixo, em qual monte repousou a arca?

Cerraram-se também as fontes do abismo e as janelas dos


céus, e a chuva dos céus deteve-se.
E as águas iam-se escoando continuamente de sobre a terra,
e ao fim de cento e cinqüenta dias minguaram.
E a arca repousou no sétimo mês, no dia dezessete do mês,
sobre os montes de {....}. (Genesis 8.2-4).
( ) a-) Monte Sinai.

( ) b-) Monte Ararate.

( ) c-) Monte Carmelo.


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A Geografia dos Rios e Mares

As águas, doce ou salgada, banham uma considerável parte das


terras bíblicas. Rios e mares também assumem, no contexto literário
bíblico, significações alegóricas; contudo, nos limitaremos às
referências literais.
No estudo geográfico dos fluxos naturais de água que se deslocam
em direção ao mar, deve-se observar três aspectos: a nascente, o
curso e a foz. Outro dado que deve ser colhido são os tributários e os
afluentes da rede hidrográfica analisada. Por fim, merecem atenção
as relações dos povos bíblicos com os rios, sobretudo os tópicos
ligados à alimentação e ao transporte.

Vejamos os mais influentes rios da geografia das terras bíblicas:

Eufrates - Gn 2.14; Dt 1.7; Jr 13.4, possui um curso total de


3.597 quilômetros, da Turquia ao Golfo Pérsico. Pode ser
chamado de rio da civilização, pois às suas margens começa
a história humana, mas, também de rio da destruição, com a
Guerra do Armagedom - Ap 16.12.

Tigre - Gn 2.14, o Hidéquel percorre 1.850 quilômetros,


desde as montanhas do Curdistão, atravessando o Iraque e,
após juntar-se ao Eufrates, desemboca no Golfo Pérsico.

Nilo - Gn 41.1, às vezes chamado de Sior - Js 13.2,3, é o


maior rio do mundo em extensão: 6.671 quilômetros, com uma
largura que varia de cinco a 25 quilômetros.
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Ele nasce no Lago Vitória Nianza (Uganda) e deságua no


Mediterrâneo (Egito). Sem o Nilo não haveria o Egito, cujos
habitantes definiam a “agenda agrícola” com base em três
períodos proporcionados pelo rio: das inundações, do plantio e
das colheitas.

Jordão - Js 4.1; Jo 1.28

O maior rio da Palestina, cujo nome pode significar “lugar


onde se desce”, nasce no lago Huleh, a oeste do Hermom, e,
após um percurso de 320 quilômetros, desemboca no Mar
Morto. Atualmente uma parte de seu curso define a fronteira
entre Israel e Jordânia.

Os judeus não se enquadram no grupo dos povos navegadores


referenciados pelas viagens ou conquistas marítimas. Mesmo assim,
há pelos menos quatro mares com relativa interação com a história
bíblica:

Mar Vermelho - Ex 14

Simplesmente chamado de mar. É comum também denominá-


lo mar do êxodo, mas aparece nas Escrituras com o nome de
Mar de Sufe - 1 Rs 9.26.

Mar Morto

Conhecido nas Escrituras como Mar de Arabá - Dt 3.17;


Mar de Sal - Gn 14.3; Mar do Deserto - Js 3.16; e Mar
Oriental - Ez 47.18; sendo, na atualidade, também
chamado de Lago Asfaltite. Seus limites estão entre Israel e
Jordânia estando a apenas 26 quilômetros de Jerusalém. O
fato de estar situado a cerca de 400 metros abaixo do nível
do Mediterrâneo, faz dele a porção de água de nível mais
baixo do planeta. Suas dimensões superam as do Mar da
Galiléia, alcançando 75 quilômetros de comprimento e 13
de largura.
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O percentual de 26% de salinidade impede qualquer tipo de


vida animal ou vegetal, mas sua lama preta possui proprieda-
des medicinais. Ao sul do Mar Morto estavam as cidades de
Sodoma e Gomorra.

Mar Mediterrâneo

Chamado de Mar dos Filisteus - Ex 23.31 ou Mar Ocidental


- Jl 2.20; Zc 14.8, o Mediterrâneo cobre cerca de três milhões
de quilômetros quadrados, incluindo-se nele os mares Egeu,
Jônico e Adriático, constantemente citados nas viagens paulinas.
O Mediterrâneo se comunica com o oceano Atlântico através
do estreito de Gibraltar. Os oceanógrafos dizem ser o mar com
as águas mais límpidas e azuis do planeta.

Mar da Galiléia

Possui diferentes nomes: Quinerete - Nm 31.11; Tiberíades


- Jo 21.1; Lago de Genezaré - Lc 5.1. Está localizado na
região mais setentrional da Palestina, a oeste do Jordão. Às
margens de suas águas doces (originárias do rio Jordão)
floresceram as cidades mais populosas de Israel (cerca de 12),
graças à fertilidade do solo e ao clima agradável. Suas
dimensões são de 25 quilômetros de comprimento e 17 de
largura, no ponto mais extenso.

A Geografia dos Desertos

Os geógrafos costumam conceituar o deserto como uma área


que recebe anualmente precipitação de água inferior a 250 mm.
No imaginário popular, uma região quente, coberta de areias ou
pedras. Perante a narrativa bíblica, os desertos, em geral, assumem
estas e outras características.
138

Além de suas conotações figuradas, os desertos das terras bíblicas


configuram-se, também, pela aridez da terra, ausência de chuvas e
temperaturas muito quente durante o dia e baixas à noite, devido à
umidade atmosférica.

Na Bíblia encontramos diferentes desertos:

Berseba - Gn 21.14.

Judéia - 1 Sm 17.28.

En-Gedi - 1 Sm 24.1-23.

Tecoa - 2 Cr 20.20, e de forma mais ampla.

O deserto da Arábia -1 Rs 9.18.

Na península entre a Ásia e a África, dividido por sua vez, em três


regiões:

Arábia Deserta (entre as montanhas de Gileade e o Eufrates).

Arábia Feliz (entre o Golfo Pérsico e o Mar Vermelho, onde


está Meca - a terra de Maomé).

Arábia Pétrea (ao sul da Palestina).

Interessa-nos, aqui, esta última região, o deserto da Arábia Pétrea


(rochosa), local das peregrinações de Israel.
139

Relevo - Oriente Médio

(ÍSOLA E CALDINI, 2005, p.77).

Estações da Migração

A data inicial da saída de Israel do Egito em direção ao deserto parece


ser 1446 a.C. O projeto divino possuía duas vertentes: lançar as
bases da futura nação israelita e tipificar, através dos eventos no
deserto, a ação de Deus para com toda a humanidade.
140

O trajeto de Ramassés a Canaã - envolvendo pelo menos dois


milhões de pessoas, não ocorreu pelo caminho mais curto
- Ex 13.17-18, que poderia ter sido cumprido em menos de um
mês; pelo contrário, o percurso exigiu 44 movimentos migratórios
(jornadas) que duraram 40 anos.

Jornadas de Israel no Deserto

1ª estação: Sucote (Ex 12.37, 33);


2ª estação: Etã (Ex 13.20, Nm 33.6);
3ª estação: Migdol (Ex 14.2);
4ª estação: Mara (Ex 15.23-25);
5ª estação: Elim (Ex 33.9);
6ª estação: Mar Vermelho (Ex 33.10);
7ª estação: Deserto de Sim (Ex 16.1);
8ª estação: Dofca (Nm 33.12);
9ª estação: Alús (Nm 33.13);
10ª estação: Refidim (Nm 33.14);
11ª estação: Deserto do Sinai (Nm 33.15);
12ª estação: Quibrote Hataavá (Nm 33.16);
13ª estação: Hazerote (Nm 11.35 e 33.17);
14ª estação: Ritma (Nm 33.18);
15ª estação: Cades Barnéia (Nm 13.1-3);
16ª estação: Rimom-Peres (Nm 33.19);
17ª estação: Libna (Nm 33.20);
18ª estação: Rissa (Nm 33.21);
141

19ª estação: Queelate (Nm 33.22);


20ª estação: Monte Sefer (Nm 33.23);
21ª estação: Harada (Nm 33.24);
22ª estação: Maquelote (Nm 33.25);
23ª estação: Taate (Nm 33.26);
24ª estação: Terá (Nm 33.27);
25ª estação: Mitca (Nm 33.28);
26ª estação: Hasmona (Nm 33.29);
27ª estação: Moserá (Nm 33.30 e Dt 10.6);
28ª estação: Bene-Jaacã (Nm 33.31);
29ª estação: Hor-Hagidgade (Nm 33.32);
30ª estação: Jotbatá (Nm 33.33);
31ª estação: Abrona (Nm 33.34);
32ª estação: Eziom-Geber (Nm 33.35 e Dt 2.8);
33ª estação: Cades-Barnéia, pela segunda vez (Nm 33.36);
34ª estação: Monte Hor (Nm 33.37 e 20.22,23);
35ª estação: Zalmona (Nm 33.41);
36ª estação: Punom (Nm 33.42);
37ª estação: Obote (Nm 33.43 e 21.10);
38ª estação: Outeirinhos de Abarim (Nm 33.45);
39ª estação: Zerede (Nm 21.12);
40ª estação: Dibom-Gade (Nm 33.45);
41ª estação: Almom-Diblataim (Nm 33.45);
42ª estação: Montes de Abarim (Nm 33.47);
43ª estação: de Bete-Jesimote até Abel-Sitim (Nm 33.49);
44ª estação: Gilgal (Js 4.19).
142

Exercício 3

1- Explique como é o Mar Morto.

2- Qual mar é conhecido como Mar dos Filisteus?

3- Quais são as características de um deserto?

4- Relacione o rio e a sua informação, de acordo com o contexto


bíblico.

( 1 ) Rio Eufrates ( ) Maior rio da Palestina,


desemboca no Mar Morto,
seu nome significa “lugar
onde se desce”.

( 2 ) Rio Tigre ( ) Pode ser chamado de rio


da civilização, na sua
margem começa a história
humana.
( 3 ) Rio Jordão ( ) É o maior rio do mundo em
extensão.

( 4 ) Rio Nilo ( ) Junta-se ao rio Eufrates e


desemboca no Golfo
Pérsico.
143

A Geografia das Cidades

As narrativas bíblicas citam cerca de 700 cidades, aqui entendidas


como área demográfica que apresenta uma concentração
populacional voltada às atividades de caráter mercantil (comércio,
indústria) e cultural (costumes, lazer, religião).
Enquanto os conglomerados rurais caracterizam-se pela mobilidade,
as cidades apresentam uma organização permanente. No Brasil o
título de cidade é concedido a qualquer sede de município,
independente do número de habitantes, mas ao longo da história da
civilização a idéia de cidade foi sendo construída em torno de uma
população mínima de dois mil habitantes.
As cidades podem ter um aspecto espontâneo, como por exemplo,
as originadas em decorrência de relações comerciais, Damasco
- Ez 27.18. Mas podem ser planejadas, de acordo com determinados
intentos previamente estabelecidos, Babel - Gn 11.4.

Segundo Champlin, as cidades bíblicas apresentavam quatro


características elementares:

Serviam de fortaleza, com muralhas, portões e torres.

Possuíam ruas estreitas e casas baixas.

Incorporavam lugares sagrados para sacrifício e adoração.

Estavam próximas dos suprimentos de águas: rios ou fontes.


144

A Bíblia é um livro de centros urbanos. Salvo raras exceções, os textos


históricos, proféticos, doutrinários e até os poéticos são narrados
tendo como pano de fundo uma cidade. “Dos 150 salmos do Livro
dos Salmos, 49 são da cidade” (LINTHICUM. 1993, p.31).

Algumas das cidades notáveis são as seguintes:

Ur - Gn 11.28, o provável lugar do Jardim do Éden, terra


natal de Abraão, ficava situada cerca de 160 quilômetros a
sudeste da Babilônia e a no máximo 15 quilômetros do Eufrates,
no sul do Iraque. Há registros de que na época do patriarca a
cidade abrigava 259 mil habitantes, mas hoje não passa de
uma estação da estrada de ferro.

Babilônia - Is 21.1-10, localizada na planície do Sinar, ao


sul do Mesopotâmia, tem seu nome quase sempre vinculado a
Babel - Gn 10.10, 2 Rs 17.24. Seis séculos antes de Cristo
atingiu o seu apogeu, com Nabucodonosor - Dn 4.30. Suas
muralhas chegavam a atingir 100 metros de altura, o equivalente
a um prédio de 34 andares.

Babilônia possuía uma forma quadrangular e, segundo


Emílio Conde: em cada um dos quatro lados havia vinte e
cinco portais de Bronze, dos quais saíam largas avenidas que
iam até os portais do lado oposto. (CONDE. 1987,
p.95).

Nínive - 2 Rs 19.36, a capital do Império Assírio erguia-se às


margens do rio Tigre. Chegou a ser uma espécie de centro
cultural do mundo: sua biblioteca abrigava cerca de 30 mil
volumes de tabuinhas de argila. O texto do profeta Jonas declara
que para percorrer as ruas e praças da cidade eram necessários
três dias - Jn 3.3a.
145

Os arqueólogos admitem que a cidade possuía 17 mil metros


de muralha e um avançado sistema de água e esgoto para
atender uma população de meio milhão de habitantes.

Jericó - Dt 34.1-3, a Cidade das Palmeiras - Jz 3.13, é hoje


um pequeno povoado, a cerca de oito quilômetros do Jordão.
Com 10 mil anos de história é considerada a cidade mais antiga
do mundo ainda habitada.

Damasco - Gn 15.2, a capital da Síria figura entre as cidades


mais antigas do mundo. Damasco é considerada um oásis,
banhado pelos rios Abana e Farpar - 2 Rs 5.12. Cerca de dois
anos após a crucificação de Cristo, a cidade foi palco da
conversão do apóstolo Paulo - At 9.3.

Conta-se que o profeta Maomé, deslumbrado com a beleza,


fartura e as atrações paisagísticas de Damasco, teria recusado
atravessar o planalto da cidade: “temendo ser por ele atraído e
conquistado, perdendo assim, o paraíso celestial que ele
mesmo anunciava aos outros” (apud CONDE, op. cit., p. 191).

Roma - Rm 1.7, fundada em 753 a.C., às margens do Tibre e a


24 quilômetros do Mar Tirreno, a Roma dos tempos de Jesus e
dos apóstolos era esplendorosa, abrigando uma população
superior a um milhão de pessoas. Desde 459 a.C., foi dotada
de um detalhado código de leis (Doze Tábuas) e, por ser a
capital do Império, exibia monumentais obras arquitetônicas.

O historiador Lanciani elaborou uma lista das obras públicas


em Roma na época do imperador Constantino, cerca de 312
dC: “1790 palácios, 926 casas de banhos, 8 refeitórios comuns,
30 parques e jardins, 700 piscinas, 500 fontes alimentadas
por 130 reservatórios, 254 padarias, 290 armazéns, 37 portões,
36 arcos de mármore, 2 circos, 2 anfiteatros, 28 bibliotecas, 4
escolas de gladiadores, 5 exibições náuticas para lutas
marítimas, 6 obeliscos, 8 pontes, 19 canais de água, 3.785
estátuas de bronze e 10.000 estátuas esculpidas” (apud
LINTHICUM, op. cit, p.23).
146

Atenas - At 20.2, capital da velha Ática (um dos estados da


Grécia). Força política (democracia), intelectual (escolas
filosóficas) e comercial (potência marítima do Mediterrâneo)
foram os fatores que conjugados tornaram a cidade de Atenas
a maior cidade-Estado da Antiguidade.

Alexandria - At 27.6, maior porto do Egito e local de uma


próspera colônia judaica - At 6.9 e 18.24, ocupava a posição de
segunda cidade mais importante nos dias do Império Romano.
Entre os seus 700 mil habitantes, encontrava-se Apolo, “eloqüente
e poderoso nas Escrituras” - At 18.24.

Corinto - At 18.1-11, cidade que ostentava o título de capital da


Província de Acácia. Nela situava-se o templo de Afrodite com
suas mil prostitutas cultuais. Após o pioneirismo de Paulo e,
posteriormente, de Apolo, surgiu uma forte comunidade cristã,
para quem o apóstolo dos gentios endereçou pelo menos três
cartas - 1 Co 5.9.

Antioquia - At 11.19, evangelizada pelos cristãos que fugiram


da perseguição em Jerusalém, tornou-se um centro das
operações missionárias da igreja nascente - At 11.26. Era a
terceira cidade do Império, sobrepujada apenas por Roma e

Alexandria. Antioquia exibia 25 quilômetros de ruas ladeadas
por colunas”.

Éfeso - At 19.1-41, localizada na costa ocidental da Ásia


Menor, assumiu notoriedade no campo religioso em razão
do culto a Diana ou Ártemis. Tornou-se uma cidade próspera
em decorrência de ser um dos principais portos do Império.
A tradição cristã registra que foi nesta cidade que João, o
evangelista, viveu seus últimos dias, podendo ser também a
cidade em que Maria, a mãe de Jesus, veio residir após a
crucificação de Cristo.
147

“Escavações arqueológicas indicam que, na época de Paulo, a


cidade de Éfeso contava com iluminação pública em suas
principais ruas”.

Hebron - Gn 13.18, construída sete anos antes de Zoã, no Egito


- Nm 13.18, figura, também, entre as cidades mais antigas da
narrativa bíblica - Js 10.3. Trata-se da atual cidade de El-Halil
“amigo de Deus”, a 32 quilômetros de Jerusalém. Foi sede do
governo de Davi durante sete anos e meio - 2 Sm 2.11.

Belém - Gn 35.19, nas planícies de Belém, a oito quilômetros


de Jerusalém, Davi apascentava os rebanho de seu pai
- 1 Sm 17.12 e 20.6-28. Curiosamente, tendo sido cenário do
nascimento de Jesus - Lc 2.20, não há referência bíblica de que
Nosso Senhor tenha visitado sua terra natal.

Cafarnaum - Mt 4.13-16, apenas para representar as quase


250 cidades da região da Galiléia nos dias de Jesus, cita-se,
aqui, Cafarnaum, centro das operações ministeriais do Mestre,
logo que deixou Nazaré. É provável que Mateus tenha se
encontrado com Jesus nesta cidade que, por estar localizada
na fronteira, possuía um posto alfandegário. Em Cafarnaum os
12 apóstolos foram nomeados - Mc 3.13-19.

Samaria - 1 Rs 13.32, a capital do Reino de Israel, com suas 10


tribos, situava-se no centro da Palestina, a cerca de 50
quilômetros de Jerusalém. Foi palco de uma evangelização com
bons resultados - At 8.5-8.

Jerusalém - Js 10.1, também denominada de Salém


- Sl 76.2, está situada a 130 quilômetros do Mar da Galiléia,
60 do Mediterrâneo e 30 do Jordão, no centro sul de Canaã.
148

Tornou-se a capital de Israel no reino de Davi (1000 a.C.).


Nos dias de Jesus possuía uma população permanente de
25 mil habitantes. Destruída no ano 70 d.C., foi reconstruída
por Suleimã, no ano de 1537.

Na atualidade as muralhas da Cidade Velha apresentam 8 portões:

Portão de Damasco, onde começa a estrada para Damasco.

Portão Novo, constituído em 1887 para facilitar a passagem


de cristãos em direção às instituições religiosas fora dos muros.

Portão de Jafa, ponto inicial da estrada para Jafa.

Portão de Sion, que liga o quarteirão armênio com o Monte


Sião.

Portão do Lixo, por cujo acesso parte do refugo da cidade é


levada ao Vale do Cedron por um antigo sistema de esgoto.

Portão de Ouro, permanentemente fechado e, segundo a


tradição judaica, o Messias entrará em Jerusalém por ele.

Portão dos Leões, assim chamado por possuir um par de leões


na postura de sentinelas.
149

Portão de Herodes, por imaginarem equivocadamente que a


casa de Herodes Antipas estaria em suas imediações.

Lembra-se que hoje a Cidade Velha de Jerusalém apresenta-se


organizada em quatro divisões:

O quarteirão cristão, a noroeste.

O quarteirão mulçumano, no nordeste.

O quarteirão armênio, no sudoeste.

O quarteirão judaico, no sudeste.

Reflexão

Como se constata, é nas cidades que a ação humana se


desenvolve com maior intensidade: profissões, governos,
religiões, movimentos culturais, esportivos e de lazer. Assim
como no passado, as cidades do presente, com suas histórias
e seus desenhos geográficos, constituem-se em permanente
desafio para a manifestação da graça de Deus.
150

Exercício 4

1- Cite as características que as cidades bíblicas ostentavam.

2- Seguindo as informações sobre as cidades bíblicas, enumere


a coluna A de acordo com a B.

( ) É considerada a cidade mais (1 ) Belém


antiga do mundo ainda
habitada.

( ) Cidade em que o apóstolo (2 ) Babilônia


Paulo se converteu.

( ) Atingiu seu apogeu com (3 ) Nínive


Nabucodonozor.

( ) Exibia monumentais obras ( 4 ) Atenas


arquitetônicas.

( ) Maior Cidade-Estado da ( 5 ) Jericó


antiguidade.

( ) Chegou a ser considerada um ( 6 ) Damasco


centro cultural do mundo.

( ) Tornou-se a capital de Israel ( 7) Roma


no reino de Davi.

( ) Cenário do nascimento de ( 8) Jerusalém


Jesus.
151

Bibliografia

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BAUER, Johannes B. Dicionário de teologia bíblica. 3. ed. São
Paulo: Edições Loyola, 1983.
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e filosofia. São Paulo: Candeia, 1991.
CONDE, Emílio. Tesouros de conhecimentos bíblicos. Rio de
Janeiro: CPAD, 1987.
CROPANI, Elizabeth et alii. Enciclopédia do estudante. São Paulo:
Abril Cultural, 1973.
DOWLEY, Tim. Atlas Vida Nova da Bíblia e da história do
cristianismo. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1998.
COLEMAN, William L. Manual dos tempos e costumes bíblicos.
Venda Nova: Betânia, 1991.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI.
5. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
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1983.
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Vida, 1999.
KELLER, Werner. E a Bíblia tinha razão. 9. ed. São Paulo:
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LINTHICUM, Robert. Cidade de Deus, cidade de Satanás: uma
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Missão Editoral, 1993.
MESQUITA, Antônio Neves de. Povos e nações do mundo antigo:
uma história do Velho Testamento. 6. ed. Rio de Janeiro: JUERP,
1995.
MONEY, Netta Kemp. Geografia do mundo bíblico. 2. ed. São Paulo:
Vida, 1981.
153

Resposta

Exercício 1

2; 3; 1; 6; 4; 5.

Exercício 2

Ararate.

Exercício 3

3; 1; 4; 2.

Exercício 4

5; 6; 2; 7; 4; 3; 8; 1.

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