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Edição #2 | Abril 2021

Artigos:
A Importância
da Oração
Bruno Alvares

Aspectos da Cultura
da Morte em Sua
Origem Recente
Fernando Costa

O Temperamento
Melancólico
Lívia Melo Gonçalves

Testemunho
Minha História!
Minha Vida!
REVISTA DIVINA MISERICÓRDIA

É Páscoa!!!

Q
ue alegria caro leitor podermos celebrar a ressurreição de Cristo!

Não faria sentido algum se a morte desse fim à esperança que Nosso

Senhor trouxe para todos nós. Caso assim ocorresse estaríamos todos sem

rumo e angustiados, como ficaram os discípulos de Emaús, por exemplo.

O Evangelho segundo Lucas nos conta que eles estavam caminhando e

conversando sobre tudo o que se tinha passado naquele momento quan-

do o Senhor se aproximou e começou a caminhar com eles, mas não O re-

conheceram. Então o mestre lhes pergunta o que tinha acontecido e eles

assim respondem: “És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não

sabe o que nela aconteceu estes dias?” e Jesus pergunta: “que foi?” nova-

mente eles respondem: “A respeito de Jesus de Nazaré... Era um profeta

poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo. (...) nós

esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além

de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam” (Lc 24, 19).

Observe o tom derrotista que eles utilizam para narrar os aconteci-

mentos a Jesus. Seus corações estavam realmente abalados, pois lhes pa-

reciam ter perdido verdadeiramente a pessoa em quem tinham colocado

todas as suas esperanças.

Mas no decorrer na narrativa bíblica eles reconhecem o Senhor e a

alegria retorna em seus corações.

Caros leitores, quantos de nós não nos encontramos ainda hoje nes-

se clima estranho de sabermos que temos verdadeiramente um salvador,

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ABRIL - 2021

mas quando nossa fé é provada recuamos terrivelmente. Nesse sentido,

parece que Ele não é tão real como nós pensávamos? Onde está a nossa fé?

Sim, precisamos ter uma fé vivia! Jesus realmente ressuscitou, isso

significa que a morte não é o último destino do ser humano, mas Deus nos

chama à ressurreição também, para que possamos viver a vida plena com

Ele por toda a eternidade.

Nesse tempo de pandemia não podemos ser vencidos pelo medo, pelo

desespero que tem tomado os nossos corações, mas precisamos ficar fir-

mes na fé e na esperança em Nosso Senhor. É real, Deus é o senhor de nos-

sas vidas e nada pode acontecer conosco sem sua permissão, se ele permi-

te que alguma coisa ruim nos aconteça é porque sabe tirar dela um bem

maior. Nem mesmo o pior mal a que estamos sujeitos nesse mundo, ou

seja, a morte, pode, se estamos na amizade com Deus, nos separar de seu

amor.

Por isso, alegrai-vos! O Senhor da vida é também Nosso Senhor, ce-

lebremos sua ressurreição que nos garantiu a vitória definitiva sobre a

morte!

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ÍNDICE
A Importância da Oração (Bruno Alvares).......................................... 5

Aspectos da Cultura da Morte


em Sua Origem Recente (Fernando Costa).......................................... 9

O Temperamento Melancólico (Lívia Melo) ...................................... 12

Testemunho (Rodrigo Santana)........................................................ 16

Para Meditar................................................................................. 19

Testemunho dos Santos................................................................. 20

Projeto Gráfico Revisão


Márcio Borges Jack Albernaz
ABRIL - 2021

A
Importância
ARTIGO da Oração.
O
lá, caro leitor! Se você compreendeu bem o artigo anterior já pode

intuir a importância da oração. Na Sagrada Escritura e nos escritos

dos santos lemos coisas admiráveis sobre ela e muitos realmente a tiveram

como uma das coisas mais fundamentais. Veja, por exemplo, o que disse

São Francisco de Sales:

“A oração é o meio mais eficaz de dissipar as trevas de erros e

ignorância que obscurecem a nossa mente e de purificar o nosso co-

ração de todos os seus afetos desordenados. É ela a água da graça,

que lava a nossa alma de suas iniquidades, alivia os nossos corações,

opressos pela sede das paixões, e nutre as primeiras raízes que a vir-

tude vai lançando, que são os bons desejos.”

Santo Afonso também tem uma contribuição importante para nós.

Ele escreveu um livro sobre a oração e já no início desse livro diz o seguin-

te:

“Publiquei várias obras espirituais. Penso, entretanto, não ter

escrito obra mais útil do que esta, na qual trato da oração, porque

a oração é o meio necessário e certo de alcançarmos todas as graças

necessárias para a salvação. Se me fosse possível, faria imprimir

tantos exemplares deste livro quantos são os fiéis de todo o mundo.

Daria um exemplar a cada um, a fim de que todos pudessem com-

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REVISTA DIVINA MISERICÓRDIA

preender a necessidade que temos de orar para nos salvar.” (Santo

Afonso).

A Sagrada Escritura nos apresenta de forma muito clara a importân-

cia de orar. O evangelista Lucas, por exemplo, antes de nos apresentar a

parábola da viúva importuna diz o seguinte: “Contou-lhes ainda uma pa-

rábola para mostrar a necessidade de orar sempre, sem jamais esmorecer”

(Lc 18,1).

“...à nossa mais profunda dependência de Deus.


Sem Deus não podemos nada, não somos nada”

Você acha que é sem importância algo que é necessário fazer sempre,

sem jamais esmorecer? Evidente que não, pelo contrário, se a Sagrada Es-

critura nos diz isso é porque a importância da oração é enorme.

Isso acontece devido à nossa mais profunda dependência de Deus.

Sem Deus não podemos nada, não somos nada “porque é Deus quem, se-

gundo o seu beneplácito, realiza em vós o querer e o executar”. (Fl 2,13) e

ainda “não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamen-

to, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus.” (2Cor 3,5)

Nosso Senhor usa uma analogia que nos mostra de forma ainda mais

profunda nossa real incorporação e dependência dele: “Eu sou a videira

e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito

fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5). Se Ele é a videira e

nós os ramos, recebemos dele a seiva que nos sustenta e se nos apartamos

dele perdemos toda a possibilidade de vivermos e darmos frutos, pois um

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ramo arrancado da videira perde sua vida.

Sendo assim, podemos passar nossa vida sem um diálogo profundo

com Aquele que é tudo isso e ainda o nosso “caminho, verdade e vida” (Jo

14,6)? É claro que não e vemos com isso como temos ordenado mal nossas

prioridades, pois há muitíssimas outras coisas que são todas passageiras,

mas que tomam o lugar da oração em nossas vidas.

Por isso, o quanto antes, precisamos reconhecer nossa dependência

de Deus e rezemos com o salmista: “quanto a mim, sou pobre e indigente,

mas o Senhor cuida de mim. Tu és meu auxílio e salvação; Deus meu, não

demores!” (Sl 39, 18)

A oração é assim, o meio que Deus instituiu para conseguirmos as gra-

ças que Ele preparou para nós desde toda a eternidade. Ela é necessária

para recebermos o auxílio de Deus, da mesma forma que uma semente é

necessária para termos uma colheita. Se plantamos, colhemos, mas pode-

mos colher o que não plantamos? É verdade que há graças que recebemos

sem pedirmos, por exemplo, nossa própria vida, pois não a pedimos antes

de existirmos, no entanto como nos diz Santo Tomás citando São Gregó-

rio: “os homens devem, pela oração, dispor-se a receber aquilo que o Deus

todo-poderoso decidiu conceder-lhes desde toda a eternidade”

Portanto, caro(a) leitor(a), rezemos muito! não meçamos esforços

para aprofundar nosso diálogo com esse Deus maravilhoso, cheio de amor

e misericórdia que quer estabelecer conosco a mais íntima familiaridade

sendo glorificado ao mesmo tempo que garante nossa máxima felicidade.

Por fim, nada melhor que terminarmos este artigo com mais uma ci-

tação de um santo, pois os santos sabem nos dizer com uma linguagem

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REVISTA DIVINA MISERICÓRDIA

cheia de experiência e profundidade aquilo que experimentaram em suas

almas:

“Pela oração falamos com Deus e Deus nos fala, aspiramos a Ele

e respiramos n’Ele, e Ele nos inspira e respira sobre nós” (São Fran-

cisco de Sales).

Bruno T. Alvares
Espaço de Evangelização
Divina Misericórdia

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MARÇO - 2021

Aspectos
da Cultura da
Morte em Sua
Origem
ARTIGO Recente
N
o artigo passado começamos a falar a respeito de uma realidade que

todos nós vivenciamos, quer saibamos ou não, é a cultura da morte.

Introduzimos o ponto de vista de forma ampla, apresentamos o conceito

formalizado pelo papa São João Paulo II e uma pista de como reverter esse

processo, vimos também que, apesar de ter sido um termo precisamente

definido pelo papa na década de 90, a cultura da morte não foi algo que

se iniciou nesses anos. Podemos dizer que ela teve sua origem de forma

objetiva com a fundação do Conselho Populacional por John Rockefeller

III em 1952.

Logo após a segunda guerra mundial, começaram a surgir pessoas pre-

ocupadas com o aumento da população global, principalmente dos países

pobres. Esse crescimento era visto por elas como um grave problema que

poderia causar fome, pobreza, instabilidade social, política e econômica,

e uma crise que resultaria em outra guerra mundial mais devastadora do

que as duas anteriores.

Com o intuito de propor medidas que pudessem estabilizar o avanço

desenfreado da população e preocupado com a inércia de algumas organi-

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REVISTA DIVINA MISERICÓRDIA

zações da época, que não estavam vendo o problema com os mesmos olhos,

John Rockefeller III decide então criar a sua organização para trabalhar

com esse assunto. Podemos dividir a atuação desse conselho em três fases

principais que vão de 1952 a 1974, período no qual são feitos grandes inves-

timentos na reformulação dos estudos de demografia1 nas faculdades, na


pesquisa e desenvolvimento de métodos contraceptivos, e no surgimento

do planejamento familiar com a criação de projetos dessa espécie em todo

mundo. É durante esse período, principalmente ao longo da década de 60,

graças ao trabalho do conselho populacional, que ocorre uma das maio-

res transformações sociais da história: o planejamento familiar2, que se

torna política pública em todo o mundo. O controle de natalidade ganha

força com a invenção de novos métodos anticoncepcionais como o DIU

(dispositivo intrauterino), que passa a ser fabricado e instituído no mundo

todo; a pílula contraceptiva, que surge como uma das maiores revoluções

capaz de “livrar” a mulher do “peso” da maternidade3; a revolução sexu-

al; o comprimido abortivo conhecido como a pílula do dia seguinte; e em

meio a tudo isso, o aborto começa a ganhar força no debate público, sendo

legalizado em várias cidades americanas até culminar em sua completa le-

galização nos EUA no ano de 1973 através do ativismo judicial, que vinha

se espalhando cada vez mais pelo mundo todo.

Todas essas informações trazidas aqui de modo bastante resumido,

podem ser encontradas detalhadamente num livro chamado “Segundas

Intenções”, escrito pelo Dr. Donald Critchlow, professor e historiador que

1. Estudos relacionados ao crescimento da população, dentre outras coisas.


2. Observe como o planejamento familiar surgiu como um instrumento para frear o crescimento da população.
Faremos um artigo só para explicar a malícia por trás de tudo isso e porque ele está profundamente relacionado
com a cultura de morte denunciada por S. João Paulo II.
3. A cultura de morte considera a maternidade como um peso para a mulher.

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teve acesso aos acervos pessoais de todos os envolvidos nesse movimento

populacional que despontou após a segunda guerra mundial.

Gostaríamos de chamar atenção com esse artigo ao fato de que, se

hoje vivemos em uma cultura que se opõe à vida, isso não se deu por uma

simples consequência natural dos tempos, mas sim devido a fortes inte-

resses e grandes investimentos de pessoas que tinham ideias bem defi-

nidas e objetivos concretos a serem realizados e que, pondo-os em ação,

obtiveram êxito em seus empreendimentos que alavancaram a cultura da

morte. Para demonstrar esse triunfo, basta observarmos como as propos-

tas e métodos que surgiram propositadamente naquela época, tais como

a pílula contraceptiva e o planejamento familiar se tornaram ideias pro-

fundamente enraizadas nas pessoas de hoje.

Fernando Costa
Apostolado em Defesa da Vida

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REVISTA DIVINA MISERICÓRDIA MARÇO - 2021

O
Temperamento
ARTIGO
Melancólico

O
lá queridos leitores da Revista Divina Misericórdia! Irei apresentar
aqui algumas características do rico temperamento melancólico,
pode ser que você não se identifique com todas. Isso acontece porque,
muito mais do que simples seres temperamentais, somos pessoas únicas!
Deus modelou você e “jogou a forma fora”, porque o ama de uma maneira
toda especial. Porém, existe um núcleo de seu temperamento que é domi-
nante em você. O intuito aqui é apresentar alguns pontos para que você se
conheça mais e descubra este aspecto que muito se destaca em sua indivi-
dualidade.

Vamos começar pela constituição física pois o temperamento faz par-


te dela, repercutindo, assim na forma de experimentar e agir com o pró-
prio corpo. Por exemplo, coléricos e sanguíneos tendem a ter mais energia
que melancólicos e fleumáticos. Por isso, em certas situações, podem agir
de forma mais rápida e resoluta. Mas isso não quer dizer que fleumáticos e
melancólicos estão fadados a serem mais lentos. A maturidade, estilos de
vida mais saudáveis, perseverança em praticar exercícios físicos e tomar
15 minutos de sol com certa frequência podem melhorar muito os níveis
de energia e disposição.

Com relação a alguma situação inesperada, a pessoa com o tempera-


mento melancólico tende a esperar para compreender o que aconteceu,
ou seja, não reage imediatamente. Uma vez que surge uma excitação in-
terior (um sentimento, um pensamento ou um insight, por exemplo), ela

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começa fraca e vai crescendo em intensidade. Há uma experiência comum


nos melancólicos: encontrar só algum tempo depois respostas que deve-
riam ter sido dadas quando ocorreu determinada situação. Mas fiquem
calmos! Com a aprendizagem é possível que se tornem mais assertivos e
mais rápidos em suas respostas aos acontecimentos.

Os melancólicos são muito bons para se recordarem de sua história.


Isso se deve à sua facilidade para acessar dois tipos de memória: a memó-
ria SUI (memória de si mesmo, de seus problemas e dificuldades), e a Me-
mória DEI (recordação de quando foi amado, das coisas divinas).

A memória SUI pode se tornar um grande empecilho para o melan-


cólico. É dela que provém uma tendência a se apegar ao vitimismo, àquilo
que não deu certo em sua vida, gerando grande fonte de tristeza, desâni-
mo e egoísmo. Por causa disso, em muitos momentos se encontram dis-
traídos: por exemplo, numa conversa em grupo, se alguém diz algo que
ativa uma memória negativa, ele tende a ficar remoendo aquilo e acaba
perdendo a graça do momento presente, ficando meio “perdido” no as-
sunto. Daqui também vem a sua dificuldade em se expressar de uma ma-
neira que possa ser compreendido. É importante que a pessoa que tem o
temperamento melancólico saia de si mesma e se volte um pouco mais
para a vida presente, assim poderá perceber que muito tem a contribuir
com a riqueza de sua alma.

Por outro lado, a Memória DEI é a feliz disposição de seu temperamen-


to. É a lembrança de quando foi amado, quando foi tocado pela experiên-
cia divina, abrindo a sua alma para a contemplação do belo, do verdadei-
ro e do sentido de sua própria vida. Ela lhe dará coragem para enfrentar
os desafios e as tormentas. Dessa memória vem a sua inclinação para os
dons artísticos e a criatividade. Muitos artistas renomados tiveram este
temperamento. Além disso, se a pessoa desenvolver sua capacidade em
ser amorosa e empática com os que sofrem poderá ser uma benfeitora da

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REVISTA DIVINA MISERICÓRDIA

humanidade, não apenas


com grandes ações, mas
em especial naquelas pe-
quenas missões do dia a
dia.

Algumas sugestões
importantes para a pes-
soa com o temperamen-
to melancólico é ocupar
a sua mente amando e
servindo aos outros, é ter
boas amizades, é fazer Terra – Símbolo do Temperamento Melancólico
leituras enriquecedoras,
aprender algum artesanato, contemplar a natureza. No seu dever diá-
rio, liberar perdão, e em especial cuidar bem do seu relacionamento com
Deus.

Não dê brecha aos pensamentos negativos e ao vitimismo! Você é


capaz e tem sua responsabilidade diante da pessoa que está se tornando,
diante dos outros e diante de Deus. Tudo isso poderá combater esta pre-
disposição ao desânimo e ao pessimismo e alimentar sua alegria e bom
humor; lembrando que existe uma diferença entre a tristeza provinda de
uma tendência temperamental, que não é frequente e faz parte da vivên-
cia normal do ser humano, e a depressão, que é uma situação clínica gra-
ve, e necessita de tratamento.

Para quem convive com uma pessoa de temperamento melancólico,


aqui estão algumas dicas: primeiro de tudo, ame-a; ensine-a a se defender
e a se posicionar de uma maneira mais clara; você pode auxiliá-la no iní-
cio de um novo projeto, motivando-a a começar, caso ela esteja insegura,
porém lembre-se, você não deve tentar resolver o problema para ela. Não

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a ridicularize, pelo contrário, traga-a para perto de si, sendo empático e


compreensivo. Agindo assim você poderá auxiliá-la a enxergar as coisas
verdadeiramente importantes e ajudá-la a perceber que algumas situa-
ções difíceis são oportunidades para treinar sua força interior; se ela es-
tiver distraída, convoque-a para o momento presente. Dê a ela um tempo
para introspecção, o que lhe fará bem, pois melancólicos tem necessidade
de um momento a sós consigo mesmos; por fim, sempre incentive nela a
alegria e o otimismo.

Identificou-se com o temperamento melancólico ou está em dúvida?


Nos próximos textos explicarei mais sobre os outros temperamentos.
Você poderá se surpreender com eles também! Abraços e espero você lá!

Lívia Melo
Psicóloga Clínica com ênfase em Logoterapia

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REVISTA DIVINA MISERICÓRDIA MARÇO - 2021

Testemunho
Minha História! Minha Vida!

N
asci em Ituiutaba-MG, sou filho de mãe solteira, tenho uma irmã

portadora de Síndrome de Down 4 anos mais nova que eu. Morei

em minha cidade natal até os 19 anos de idade, logo me mudei para Uber-

lândia-MG para cursar a faculdade e nesse período eu conheci as drogas,

o vício do cigarro e da bebida além de uma vida sexual totalmente des-

regrada. Formei-me em Publicidade e Propaganda e até então exercia a

profissão e, em 2006, me mudei para São Paulo para tentar ganhar a vida

trabalhando com música, já que a música sempre fez parte da minha vida,

desde muito criança. E morando em São Paulo, vivi o meu fundo do poço

com relação às drogas, a bebida e a sexualidade. Estava totalmente entre-

gue a todo esses males.

Em dezembro de 2006, fui para minha cidade natal, na casa da minha

mãe para passar as festas de final de ano em família. Logo após a passagem

de ano, no dia 07 de janeiro de 2007 sofri um grave acidente na rodovia,

capotei o carro e fui jogado para fora do veículo a uma velocidade aproxi-

mada de 120 km/h. Meu amigo que estava comigo, graças a Deus só sofreu

escoriações leves e ficou consciente e pode chamar o resgate. Fui socorrido

e levado para o Hospital Escola de Uberaba. Estava com hemorragia in-

terna, costelas fraturadas e grande possibilidade de traumatismo crania-

no. Passei por vários procedimentos cirúrgicos, 11 no total e fui induzido


ao coma. Fiquei por 18 dias em coma e depois mais 2 semanas consciente

ainda em observação na UTI e 26 dias na enfermaria, um total de 58 dias

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hospitalizado. Emagreci 20 kg, chegando a pesar 58 kg e mesmo na enfer-

maria corria risco de morte.

Após receber alta do Hospital de Uberaba, retornei para casa da mi-

nha mãe em Ituiutaba, para iniciar meu processo de recuperação. Após

uma semana e meia, fui diagnosticado com trombose venosa na perna

direita. Fiquei por mais 7 dias internado fazendo o tratamento indicado

pelo médico especialista. Uma das coisas que eu mais amo na minha vida

é cantar, porém tive medo também de não mais ser possível, pois de todas

as cirurgias que fiz, uma delas foi a retirada do baço que no acidente havia

rompido o meu diafragma. Sofri com as dores pós-cirúrgicas, algumas na

própria cirurgia, pois teve local que não pegava anestesia, sofri as dores

psicológicas de estar dentro de uma UTI por tanto tempo consciente e pre-

senciar a morte de outros pacientes ao meu lado, sofri as dores das minhas

feridas abertas, que não podiam ser fechadas, sofri com as dores intensas

da trombose, sofri as dores da fisioterapia, sofri de ver a dor silenciosa de

minha mãe ao me visitar no hospital, ouvindo dos médicos que eu a todo

tempo, corria risco de morte e, por último, a dor do preconceito por parte

das pessoas quando tinha que ir ao hospital para fazer a lavagem e curati-

vo da ferida que ficou aberta na região do tórax. Ao me sentar na cadeira

na sala de espera, junto com outras pessoas, as que estavam próximas, saí-

am de perto de mim, de fato minha aparência não era muito boa, por estar

com a cabeça raspada, 20 kg abaixo do meu peso normal e com escaras (

feridas na cabeça e na coluna), pensavam que eu portava alguma doença

infecciosa. Nas agências bancárias também acontecia da mesma forma

quando eu ia acompanhar a minha mãe.

Enfim, levei 4 meses para me recuperar e em 2007 voltei a morar em

Uberlândia, pronto para recomeçar a minha vida. Voltei para o meu an-

tigo emprego e em 2008 conheci o Momento de Oração e Escuta em de-


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REVISTA DIVINA MISERICÓRDIA

voção a Nossa Senhora Desatadora dos Nós na Paróquia São Cristóvão. E

nesse período começou uma mudança interior acerca da vida e sobretudo

de Deus. Queria entender tudo o que havia acontecido comigo e então,

comecei a pesquisar na internet “Quem é Deus?”. Foram meses e meses

de busca madrugada adentro, li bastante livros, busquei orientação reli-

giosa com sacerdotes e amigos da Igreja, fiz minha primeira comunhão,

crisma e consagração a Nossa Senhora e ao meu Santo Anjo da Guarda.

De repente já estava inserido ativamente na Igreja Católica, e como um

ato inexplicável, eu já não mais sentia vontade de beber, de fumar, nem

de usar drogas. Aquele ímpeto sexual foi acalmando, não totalmente, mas

aos poucos foi harmonizando.

E hoje sou um missionário de Deus através da música e da pregação.

Tive a oportunidade de gravar meu 1º CD em 2013 com o Título: Nosso Mo-

mento, em 2017 lancei meu primeiro DVD: Muito Além de Mim e em 2019

gravei um single: Além da Cruz. Hoje sou casado e grato a Deus por tudo

que Ele fez e continua fazendo em minha vida. Vale a pena ser de Deus!

Infelizmente descobri isso pela dor. Espero que você escolha o outro cami-

nho, pelo amor. Deus abençoe!

Rodrigo Santana
Músico Católico

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Para Meditar:
“ Grande diferença há entre os cuidados dos negócios e a inquieta-
ção, entre a diligência e a ansiedade. Os anjos procuram a nossa
salvação com o maior cuidado que podem, porque isto é segundo
a sua caridade e não é incompatível com a sua tranquilidade e paz
celestial; mas, como a ansiedade e a inquietação são inteiramente
contrárias à sua bem-aventurança, nunca as têm por nossa salvação,
por maior que seja o seu zelo. Dedica-te aos negócios que estão ao teu
encargo, pois Deus, que os confiou a ti, quer que cuides neles com a
diligência necessária; mas, se é possível, nunca te entregues ao ar-
dor excessivo e ansiedade ; toda inquietação perturba a razão e nos
impede de fazer bem aquilo mesmo por que nos inquietamos” (São
Francisco de Sales, Filoteia).

“Grande diferença há entre ter o veneno e ser envenenado... As-


sim também podes possuir riquezas sem que o seu veneno natural
penetre até tua alma, contanto que as tenhas só em tua casa ou em
tua bolsa, e não no coração (...) Se desejas com ardor e inquietação
e por muito tempo os bens que não possuis, crê-me que és avarenta”
(São Francisco de Sales, Filoteia).

“Se caíres numa enfermidade, emprega todos os remédios que


Deus te concede; pois esperar alívio sem empregar os meios seria
tentar a Deus; mas, feito isso, resigna-te a tudo e, se os remédios fa-
zem bem, agradece a Deus com humildade e, se a doença resiste aos
remédios, bendize-o com paciência” (São Francisco de Sales, Filo-

teia)

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REVISTA DIVINA MISERICÓRDIA

Testemunho dos Santos


Pastorinhos de Fátima

S
anta Jacinta: “Nossa Senhora veio-nos ver e diz que vem

buscar o Francisco muito breve para o Céu. E a mim pergun-

tou-me se queria ainda converter mais pecadores. Disse-Lhe que

sim. Disse-me que ia para

um hospital, que lá sofreria

muito; que sofresse pela con-

versão dos pecadores, em re-

paração dos pecados contra o

Imaculado Coração de Maria

e por amor de Jesus. Pergun-

tei se tu (Lúcia) ias comigo.

Disse que não. Isto é o que me

custa mais. Disse que ia mi-

nha mãe levar-me e, depois,

fico lá sozinha!” (Memórias

Ir. Lúcia).

“Desde que Nossa Senhora nos ensinou a oferecer a Jesus os

nossos sacrifícios, sempre que combinávamos fazer algum ou

que tínhamos alguma prova a sofrer, a Jacinta perguntava: – Já

disseste a Jesus que é por Seu amor? Se Ihe dizia que não... – En-

tão digo-Lho eu. E punha as mãozinhas, levantava os olhos ao

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Céu e dizia: – Ó Jesus, é por Vosso amor e pela conversão dos pe-

cadores” (Memórias Ir. Lúcia).

“A Jacinta mostrava pena, em especial quando se tratava

dalgum pecador. E, então, dizia: – Temos que rezar e oferecer

sacrifícios a Nosso Senhor, para que o converta e não vá para o

inferno, coitadinho!” (Memórias Ir. Lúcia).

“Francisco, tu, de que gostas mais: de consolar a Nosso Se-

nhor ou converter os pecadores, para que não fossem mais al-

mas para o inferno? Gosto mais de consolar a Nosso Senhor. Não

reparaste como Nossa Senhora, ainda no último mês, se pôs tão

triste, quando disse que não ofendessem a Deus Nosso Senhor

que já está muito ofendido? Eu queria consolar a Nosso Senhor

e depois converter os pecadores, para que não O ofendessem

mais” (Memórias da Ir. Lúcia).

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