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Pequeno Ofício da
Imaculada Conceição
Comentado
Mons. João Scognamiglio Clá
Dias, EP, é natural de São Paulo, Bra-
sil. Nasceu a 15 de agosto de 1939,
sendo filho de Antonio Clá Díaz e de
Annitta Scognamiglio Clá Díaz.
Cursou Direito na Faculdade do
Largo de São Francisco, aprofundou
seus estudos teológicos com grandes
catedráticos de Salamanca, da Or-
dem Dominicana, e obteve láureas
em Filosofia, Teologia, Psicologia e
Humanidades em diversas universi-
dades, sendo doutorado em Direito
Canônico pela Pontifícia Universida-
de São Tomás de Aquino (Angelicum) de Roma e em Teologia pela
Universidad Pontificia Bolivariana, de Medellín (Colômbia).
Mons. João Clá é fundador e atual Superior-Geral dos Arau-
tos do Evangelho e da Sociedade Clerical de Vida Apostólica Virgo
Flos Carmeli, além de fundador da Sociedade Feminina de Vida
Apostólica Regina Virginum, entidades de direito pontifício que
estendem suas atividades a 78 países.
Para dar uma sólida formação aos Arautos, fundou o Instituto
Teológico São Tomás de Aquino e o Instituto Filosófico Aristoté-
lico Tomista. Também é fundador e assíduo colaborador da revis-
ta acadêmica Lumen Veritatis e da revista Arautos do Evangelho,
publicada em inglês, português, espanhol e italiano, totalizando
uma tiragem mensal de cerca de um milhão de exemplares.
Escreveu 14 obras, entre as quais algumas superaram a tiragem
de dois milhões de exemplares, publicadas em sete idiomas.
Mons. João Clá é Cônego Honorário da Basílica Papal de San-
ta Maria Maior, em Roma, Protonotário Apostólico, membro da
Sociedade Internacional Tomás de Aquino, da Academia Marial
de Aparecida e da Pontifícia Academia da Imaculada. Foi conde-
corado em diversos países por sua atividade evangelizadora, cul-
tural e científica, tendo recebido de Bento XVI, em 15/08/2009, a
medalha Pro Ecclesia et Pontifice.
Mons. João Scognamiglio
Clá Dias, ep
Volume I
Pequeno Ofício
da
Imaculada Conceição
Comentado
Com Prefácio do
Fr. Antonio Royo Marín, op
Declaração:
Conformando-nos com os decretos do Sumo Pontífice Urbano VIII,
de 13 de março de 1625 e de 5 de junho de 1631, declaramos não
querer antecipar o juízo da Santa Igreja no emprego das palavras
ou na apreciação dos fatos edificantes que se encontram impressos
nesta obra.
3ª edição
Dezembro de 2011
ISBN: 978-85-63975-05-8
Impressão:
Edições Loyola
Tel: 3385-8500
4
“Bendito o dia que viu
Nossa Senhora nascer;
benditas as estrelas
que A viram pequenina;
Nossa Senhora
bendito o momento dos estudantes
em que veio ao mundo
a criatura virginal destinada
a ser Mãe do Salvador!”
CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio.
Conferência em 8/9/1963 - parafraseando Jó, III, 3 e ss.
Ao Leitor
7
“De Maria nunquam satis... Ainda não se louvou, exaltou,
honrou, amou e serviu suficientemente a Maria, pois muito mais
louvor, respeito, amor e serviço Ela merece. [...] Os Santos disse-
ram coisas admiráveis desta cidade santa de Deus. [...] E, depois,
proclamam que é impossível perceber a altura dos seus méritos,
que Ela elevou até ao trono da Divindade; que a largura de sua cari-
dade mais extensa que a Terra, não se pode medir; que está além de
toda compreensão a grandeza do poder que Ela exerce sobre o pró-
prio Deus; e, enfim, que a profundeza de sua humildade e de todas
as suas virtudes e graças são um abismo impossível de sondar. Ó
altura incompreensível! Ó largura inefável! Ó grandeza incomensu-
rável! [...] Os olhos não viram, o ouvido não ouviu, nem o coração
do homem compreendeu as belezas, as grandezas e excelências de
Maria, o milagre dos milagres da graça, da natureza e da glória” 1.
Assim, as presentes considerações não visam ser um exaus-
tivo tratado, pois longe estão de abarcar o quase infinito universo
das excelsitudes de Maria Virgem. Séculos de contínuos louvores
ecoam pela eternidade, junto ao trono da Imaculada e Sapiencial
Soberana, e outros ainda se sucederão, intérminos, sem lograrem
render-Lhe toda a honra de que é Ela merecedora.
Verdade esta, corroborada pela informação muito precisa
do professor e ex-bibliotecário da Pontifícia Faculdade Teológi-
ca Marianum (em Roma), Pe. Giuseppe M. Besutti, O. S. M.,
segundo o qual de há muito vêm sendo publicados mais de dois
mil livros sobre Nossa Senhora, a cada ano, no mundo inteiro...
Digne-se Ela, Mãe de inesgotável misericórdia, abençoar
estas páginas que Lhe são dedicadas, fazendo-as frutificar em sin-
cera e abrasada devoção mariana, nas almas de quantos as lerem.
É também ardente desejo do autor destes comentários,
voltar-se a seu fundador, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, para
muito especialmente lhe agradecer o precioso dom — entre ou-
tros tantos — de ter sido por ele introduzido na prática diária da
recitação do Pequeno Ofício da Imaculada Conceição.
8
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
9
Nota à 2ª edição
“Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem dos que amam
a Deus” (Rom. VIII, 28). Se tivéssemos sempre diante dos olhos essa
verdade, e em todas as tribulações confiássemos que daquele mal
resultaria um bem muito maior, teríamos sem dúvida muito mais âni-
mo para carregar a nossa cruz de todos os dias.
De certo modo, foi o que sucedeu ao Autor no ano de 1991, quan-
do lhe sobreveio uma embolia pulmonar que quase lhe abreviou o
número de seus dias. Contudo, a Providência não lhe quis cortar o fio
da vida no meio. Apenas permitiu aquela provação para multiplicar os
seus benefícios. Um deles foi a publicação da obra “Pequeno Ofício
da Imaculada Conceição Comentado”, resultado de uma promessa
feita à Santíssima Virgem no auge das incertezas da doença, caso Ela
se dignasse misericordiosamente conservar a vida e a saúde a quem
ainda estava destinado a fundar os Arautos do Evangelho. A Mãe de
Deus não só lhe conservou a vida, como lhe deu ânimo para supor-
tar outras graves enfermidades que em três ocasiões quase o levariam
desta vida, dando-lhe assim a graça inestimável de receber repetidas
vezes a Unção dos Enfermos.
Passados quase 20 anos, e tendo recebido de S.S. Bento XVI o títu-
lo de Cônego Honorário da Basílica Papal de Santa Maria Maggiore
e de Protonotário Apostólico, como penhor de gratidão Àquela que é
a Saúde dos Enfermos é reeditada esta obra em seu louvor, por tantos
benefícios recebidos.
Esta 2ª edição é apresentada em dois volumes. No Volume I, divi-
dido em oito capítulos, são comentadas as belas orações do Peque-
no Ofício da Imaculada. O Volume II é composto de dois apêndices
sobre os dogmas e privilégios marianos.
10
R I TA S
V E
Prefácio
O autor deste belíssimo comentário ao “Pequeno Ofí-
cio da Imaculada Conceição”, Sr. João S. Clá Dias,
teve a amabilidade de me pedir umas breves palavras para
servirem de prefácio a esta edição portuguesa.
O “Pequeno Ofício da Imaculada Conceição” constitui, já
por si, um genuíno e profundo prazer para todos aqueles que
amam verdadeiramente a Virgem Maria. Causa real assom-
bro encontrar plenamente reunidos em tão curtas invoca-
ções todos os grandes dogmas e títulos marianos, sem exce-
ção. Porém, o esplêndido comentário que acompanha a cada
uma dessas invocações as enriquece de forma tão maravilho-
sa, que se torna por assim dizer impossível encontrar algo
a mais nos ensinamentos que nos legaram os grandes San-
tos marianos de todos os tempos: Bernardo, Alberto Mag-
no, Tomás de Aquino, Boaventura, Grignion de Montfort,
Afonso Rodríguez, Afonso de Ligório, João Eudes, Antonio
Maria Claret, etc. — cujas doutrinas são citadas copiosamen-
te — bem como as sábias especulações dos melhores teólogos
marianos tais como Garrigou-Lagrange, Garriguet, Raulica,
Alastruey, Campana, Roschini, Guitton, Marechal, Philipon,
William, Scheeben, Terrien e outros muitos, juntamente com
os imprescindíveis documentos do Magistério da Igreja atra-
vés dos Concílios e dos Sumos Pontífices.
Entre as numerosas citações de leigos católicos, destacam-
se, por sua extensão e extraordinário valor espiritual, as de
autoria do Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, insigne fundador
das TFPs, esparsas já pelos cinco continentes do planeta, com
enormes frutos de autêntico apostolado católico.
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R I TA S
V E
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V E
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V E
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Gratia Plena Do
a mi
ri nus
M
a
Te
Ave cum
O Pequeno Ofício
da Imaculada Conceição
O Autor
Depois de muito compulsar arquivos e fontes históricas, o Pe. Colin,
biógrafo de Santo Afonso Maria de Ligório, concluiu ter sido Fr. Ber-
nardino de Busti (1450-1513), grande e ilustre pregador franciscano, o
autor do Pequeno Ofício da Imaculada Conceição.
Oriundo da família patrícia dos Busti, de Milão, fez nesta cidade
seus primeiros estudos, concluindo a jurisprudência em Pavia. Em
1475 ingressou na Ordem dos Frades Menores, na qual se destacou
pelo exemplo de suas virtudes e pelo brilho de sua inteligência.
Filósofo e teólogo, versado igualmente no Direito eclesiástico e
civil, Fr. Bernardino de Busti distinguiu-se, outrossim, como apóstolo
e escritor, particularmente mariano. A fecundidade de seu espírito fez
vir a lume diversas obras, sendo a maior e a mais difundida o Maria-
le de singulis festivitatis Beatæ Virginæ Mariæ, composto em 1492, fre-
quentemente citado pelos autores eclesiásticos. No tocante à Imacu-
lada Conceição, publicou nove sermões, além de seu Officium et Missa
de Immaculata Conceptione.
Morreu Fr. Bernardino, em fama de santidade, entre os anos de
1513 e 1515 (provavelmente no dia 8 de maio de 1513), no Conven-
to de Santa Maria della Misericordia, em Melegnano (Lombardia).
Não tardou que a devoção popular — vox populi Dei — o proclamas-
se bem-aventurado1.
1) Cfr. ENCICLOPEDIA CATTOLICA. Città del Vaticano: G. C. Sansoni, 1949. Vol. II.
p. 1406 e DICTIONNAIRE d’Histoire et de Géographie Ecclésiastiques. Paris: Letouzey et
Ané, 1935. Vol. VIII. p. 786.
15
Gratia Plena Do
a mi
ri nus
M
a
Te
Ave cum
Difusão
Não obstante a virtuosa penumbra em que se deixou ficar seu
autor, o Pequeno Ofício se difundiu largamente pelo orbe católico.
Entre os que para tal cooperaram, encontra-se especialmente San-
to Afonso Rodríguez, S. J., natural de Segóvia (Espanha). Ardoroso
devoto da Santíssima Virgem, este insigne jesuíta recebeu com júbilo
o saltério mariano, que considerava o mais belo hino de louvor à Ima-
culada Soberana.
Escreve Santo Afonso Rodríguez de si mesmo, na terceira pessoa:
“[Certo dia], este homem dava graças depois da refeição, quando se viu
na presença da Santíssima Virgem que o favorece com seu trato íntimo
e familiar. Recebeu d’Ela ordem de escrever as orações que costumava
recitar. Receando alguma ilusão, foi tranquilizado por Maria, que nova-
mente o exortou a obedecer para a glória de Deus.
“Ora, as preces que de há muito costumava dirigir à Virgem eram prin-
cipalmente o terço, a Ladainha de Nossa Senhora, o Ofício da sua San-
tíssima Conceição (que sabia de cor), doze «Salve» e doze Ave Marias
para recordar de hora em hora a beatíssima Conceição e alcançar o auxí-
lio de Jesus contra os ataques do pecado. Enquanto cumpria estas prá-
ticas de piedade, sentia-se maravilhosamente abrasado em devoção e
amor, e desfrutava dos mais deliciosos colóquios com Maria” (Acta SS.).
Quando porteiro do colégio de Mallorca, na qualidade de irmão
coadjutor da Companhia de Jesus, Santo Afonso Rodríguez não espe-
rou o convite da Mãe de Deus para difundir entre seus conhecidos a
prática desta devoção mariana. Sempre que lhe permitiam suas fun-
ções, recomendava a todos o Pequeno Ofício como meio de honrar
especialmente a Santíssima Virgem2.
Nos momentos de folga, transcrevia de próprio punho esta ora-
ção e a distribuía entre os alunos do colégio, ensinando-lhes, ao mes-
mo tempo, o modo de recitá-la. Deste piedoso apostolado não excluiu
seus irmãos de hábito, estendendo, assim, a prática do Pequeno Ofício
às demais casas da Companhia de Jesus.
2) Santo Afonso Rodríguez foi também um ardente propagandista do Ofício Parvo de
Nossa Senhora, composto em época mais remota que o da Imaculada Conceição, com
base nos Salmos do Breviário. (Cfr. ROYO MARÍN, Antonio. La Virgen María, Teología y
espiritualidad marianas. Madrid: BAC, 1968. p. 495.)
16
Gratia Plena Do
a mi
ri nus
M
a
Te
Ave cum
O modo de rezar
O Pequeno Ofício da Imaculada segue as divisões tradicionais do
grande Ofício Divino, cuja recitação distribui pelas diversas horas do
dia o saltério do Rei e Profeta David, que dizia: “Sete vezes ao dia, ó
Senhor, eu te dirigi louvores.”
Consoante os cânones do Breviário, assim se reparte:
Embora possa ser rezado todo de uma só vez, é louvável seguir essa
divisão que renova, durante o dia, a lembrança e os excelsos louvores
a Maria Santíssima.
3) Cfr. Béringer, Les Indulgences. p. 193. Vol. I. Apud TEXIER, Les Paroles de la Sainte
Vierge. Paris: H. Oudin, 1914. Vol. III. p. 308.
17
Gratia Plena Do
a mi
ri nus
M
a
Te
Ave cum
Indulgências4
Coube ao imortal Pontífice Pio IX, o Papa da Imaculada Concei-
ção, a honra de consagrar mundialmente o Ofício Menor.
A pedido de Mons. Carlos F. Rousselet, Bispo de Sée (França),
concedeu 300 dias de indulgência à recitação destas Horas. Do mes-
mo modo, concedeu Pio IX 100 dias de indulgência a quem rezasse a
antífona “Esta é a Virgem” com o verseto, o responso e a oração5.
18
Pequeno Ofício da
Imaculada Conceição
Matinas
V. Entoai agora, lábios meus,
R. Glórias e dons da Virgem Mãe de Deus.
V. Em meu socorro vinde já, Senhora.
R. Do inimigo livrai-me, vencedora.
Glória ao Padre...
Hino
19
Padre e o Espírito Santo vive e reina em unidade perfeita, Deus, pelos
séculos dos séculos. Amém.
Prima
V. Em meu socorro vinde já, Senhora.
R. Do inimigo livrai-me, vencedora.
Glória ao Padre...
Hino
20
Tércia
V. Em meu socorro vinde já, Senhora.
R. Do inimigo livrai-me, vencedora.
Glória ao Padre...
Hino
Sexta
V. Em meu socorro vinde já, Senhora.
R. Do inimigo livrai-me, vencedora.
Glória ao Padre...
Hino
21
Cidade santa do Altíssimo, do Céu entrada oriental,
Há em Vós, singular Virgem, toda a graça celestial. Amém.
Noa
V. Em meu socorro vinde já, Senhora.
R. Do inimigo livrai-me, vencedora.
Glória ao Padre...
Hino
Vésperas
V. Em meu socorro vinde já, Senhora.
R. Do inimigo livrai-me, vencedora.
Glória ao Padre...
22
Hino
Completas
V. Converta-nos Jesus, por vosso amor.
R. E retire de nós o seu furor.
V. Em meu socorro vinde já, Senhora.
R. Do inimigo livrai-me, vencedora.
Glória ao Padre...
Hino
23
V. Protegei, Senhora, etc. (Repetem-se as mesmas orações do final
de Matinas.)
Depois do Ofício
Aceitai, ó Virgem, Defensora e guia;
Esta devoção Sede-nos alento
Em louvor da vossa Em nossa agonia.
Pura Conceição. Ó Mãe de bondade,
Sede-nos na vida Ó doce Maria.
24
Comentários
ao
Pequeno Ofício
da
Imaculada Conceição
Nossa Senhora
de Paris
Capítulo 1
Matinas
Hino
27
V. Deus A escolheu e predestinou.
R. No seu tabernáculo A fez habitar.
V. Protegei, Senhora, a minha oração.
R. E chegue até Vós o meu clamor.
28
predestinação de Maria Santíssima é a
idéia central deste Hino. Desde toda a
eternidade, Deus A elegeu para a excelsa
missão de conceber e dar à luz a Nosso Se-
nhor Jesus Cristo, e “para realizar n’Ela
e por Ela as maiores maravilhas que se
propôs fazer no céu e na terra” 1.
Escolhida para Soberana do mundo
e Rainha dos Céus, Virgem das virgens,
Maria possui a plenitude da graça, sendo a Estrela da Manhã
que anuncia o dia de nossa Redenção, e ilumina todo homem que
vem a este mundo.
Ao decretar em seus eternos desígnios a Encarnação do Ver-
bo, não o fez Deus de modo abstrato e indeterminado, mas sim
especificando os pormenores das condições necessárias para o cum-
primento de sua soberana vontade.
Se o Filho se encarna, precisa de uma Mãe que O dará à
luz, permanecendo virgem. Além disso, quanto seja possível, esta
Mãe deve ser digna d’Ele. Logo, antecedentemente, terá todos os
privilégios que o Padre Eterno Lhe concedeu: isenção do pecado
original e do pecado atual, a plenitude da graça, e uma formo-
sura de alma e de corpo, excedida apenas pela do Homem-Deus 2.
“Depois de Jesus Cristo Nosso Senhor — escreve São João
Eudes —, Maria é a mais admirável obra-prima que tenha saído
do conselho sempiterno de sua Divina Majestade” 3.
1) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Diós. Bogotá: San Juan
Eudes, 1957. p. 35.
2) Cfr. PEQUENO OFÍCIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO em latim e português
com comentários. São Paulo: Paulinas, 1956. p. 73-74.
3) EUDES, Op. cit. p. 37.
29
Entoai agora, lábios meus... Capítulo 1
Toda a bibliografia publicada em língua estrangeira, presente neste livro, foi traduzida pelo
autor. Prescinde-se, deste modo, a habitual menção de tradução minha a fim de não tornar
repetitivo, e ser mais agradável ao leitor, o sistema de notação em rodapé com a respectiva
referência das obras.
30
Matinas Entoai agora, lábios meus...
6) RAULICA, Ventura de. Tratado sobre el culto de la Santísima Virgen. Madrid: Leocardio
Lopez, 1859. p. 91.
31
V. Em meu socorro vinde já, Senhora... Capítulo 1
7) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900. Vol. III.
p. 140; 142-43; 145-46.
32
Matinas V. Em meu socorro vinde já, Senhora...
33
V. Em meu socorro vinde já, Senhora... Capítulo 1
Pelo que, atesta Novarino que a Santíssima Virgem não apenas corre,
mas voa em auxílio de quantos A invocam. No exercício de sua misericór-
dia, Ela imita a Deus, que também voa sem demora em socorro dos que
O chamam, porque é fidelíssimo no cumprimento da promessa: «Pedi e
recebereis» (Jo. XVI, 24). Assim afirma Novarino. Do mesmo modo pro-
cede Maria. Quando é invocada, logo está pronta para ajudar a quem A
chamou em seu auxílio” 8.
8) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 35; 88 e 95.
34
Maria Santíssima
sempre está disposta a socorrer os que A invocam
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
V. Em meu socorro vinde já, Senhora... Capítulo 1
favor das almas, contra Satanás. O demônio mais insistente, mais per-
sistente, mais renitente, nada é para aquele que a Ela recorre” 9.
36
Matinas V. Em meu socorro vinde já, Senhora...
37
Três lírios atestam
a virgindade perpétua de Maria
Naquela doce era em que a roseira da fé produzia as mais belas
flores, lemos na vida do Bem-aventurado Egídio de Assis, predile-
to discípulo de São Francisco, a seguinte graciosa história, na qual
refulge a perpétua virgindade da Mãe de Deus:
“Um pio e douto frade dominicano, estando havia muitos anos
gravemente tentado contra o dogma da perpétua virgindade de
Maria, quis, por fim, ir ao encontro do humilde franciscano, que
tinha o dom de acalmar as consciências perturbadas, a fim de lhe
expor suas tentações. O Bem-aventurado Egídio, iluminado do
alto, saiu a seu encontro fora da porta do convento e, saudando-o,
disse: «Irmão pregador, a Santíssima Mãe de Deus, Maria, foi vir-
gem antes de dar-nos Jesus». E, assim dizendo, bateu com o bas-
tão na terra, nela brotando imediatamente um formoso e cândido
lírio. Tornou a bater na terra e a repetir: «Irmão pregador, Maria
Santíssima foi virgem ao dar-nos Jesus». Logo surgiu um segundo
lírio, ainda mais belo do que o primeiro. Bateu pela terceira vez na
terra, replicando: «Irmão pregador, Maria Santíssima foi virgem
depois de dar-nos Jesus». E se viu nascer um terceiro lírio que, em
beleza e brancura, vencia os outros dois.
“Dito isto, o Bem-aventurado Egídio voltou-lhe, sem mais, as
costas e entrou no convento, deixando aquele religioso atônito e,
ao mesmo tempo, livre de suas violentas tentações.
“Tendo sabido, depois, que aquele frade era o Bem-aventurado
Egídio de Assis, concebeu uma grande estima por ele e, enquanto
viveu, guardou aqueles lírios, como testemunhos irrefragáveis da
perpétua virgindade de Maria.”
@ Glória ao Padre...
Explica-nos o grande e renomado teólogo Fr. Antonio Royo Marín,
O. P., dominicano de nossos dias, constituir o Gloria Patri “a princi-
pal fórmula que desde os tempos primitivos a Igreja usa para honrar
a Santíssima Trindade. Com ela se rende às Três Beatíssimas Pessoas
uma homenagem de reconhecimento, amor, adoração e louvor de sua
infinita excelência. A Igreja a emprega constantemente em sua litur-
gia, e é obrigatória no final de cada salmo, na recitação do Ofício divi-
no. [...]
“Não devemos esquecer de que a glória da Santíssima Trindade é o
fim último e absoluto de toda oração e da própria existência de todas
as criaturas, incluindo Maria e o mesmo Jesus enquanto homem. [...]
Se havemos de ir a Jesus por Maria, o termo final não pode ser outro
senão Deus uno e trino, de acordo com São Paulo: «Todas as coisas
vos pertencem [...], o mundo, a vida ou a morte, as coisas presentes, ou
as futuras, tudo é vosso. Vós, porém, sois de Cristo, e Cristo de Deus»
(I Cor. III, 21-23)” 13.
12) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 67-69.
13) ROYO MARÍN, Antonio. La Virgen María: Teología y espiritualidad marianas. Ma-
drid: BAC, 1968. p. 471.
40
Matinas Salve, ó Virgem Mãe...
41
Salve, ó Virgem Mãe... Capítulo 1
outra mulher. [...] É prerrogativa singular d’Ela e por isto mesmo ine-
fável: ninguém poderá compreendê-la, nem explicá-la.
“Que dizer, então, se nos lembrarmos de quem Maria se tornou
Mãe? Que língua, fosse mesmo angélica, seria jamais capaz de lou-
var bastante a Virgem Mãe? Mãe, não de um qualquer, mas de Deus.
Duplo milagre, duplo privilégio, que de modo maravilhoso se harmo-
nizam. Porque nem era digno da Virgem outro Filho, nem de Deus,
outra Mãe” 15.
Semelhante é o pensamento de São Tomás de Aquino, ao comen-
tar este versículo do Magnificat: “Porque em Mim fez grandes coisas o
que é poderoso, e cujo nome é santo” (Lc. I, 49):
“Manifesta a Virgem que será proclamada bem-aventurada [...]
«porque fez em Mim grandes coisas o que é poderoso».
“Que grandes coisas Vos fez? Creio que [estas]: sendo criatura,
daríeis à luz o Criador, e que sendo escrava, engendraríeis o Senhor,
para que Deus redimisse o mundo por Vós, e por Vós também lhe
devolvesse a vida. E sois grande, porque concebestes permanecendo
virgem, superando, por disposição divina, à natureza. Fostes reputa-
da digna de ser mãe sem obra de varão; e não uma qualquer mãe, mas
a do Unigênito Salvador. A isto se refere o princípio do cântico, onde
diz: «Minha alma engrandece o Senhor». Só aquela alma, à qual Deus
se dignou fazer grandes coisas, é que pode enaltecê-Lo com apropria-
dos louvores.
“Diz, pois: «O que é poderoso», para que se alguém duvide da ver-
dade da Encarnação, permanecendo virgem depois de haver concebi-
do, refere este milagre ao grande poder d’Aquele que o fez” 16.
Considerando o extraordinário fato de Maria conciliar em si a per-
pétua virgindade e a maternidade divina, exclama um piedoso autor
do século passado:
“Ó Virgem, a maravilha é precisamente a virgindade fecunda: o
milagre é precisamente vossa condição inaudita de Virgem Mãe! [...]
“Ó Maria, Virgem Mãe, sois doravante um ideal que arrebatará
todos os amantes da verdadeira beleza: Virgem Mãe, os doutores e os
artistas tomar-vos-ão à porfia por tema de suas mais sublimes compo-
sições, e todos, após cansarem o próprio gênio, deporão a pena ou o
42
Matinas Senhora minha...
pincel, sem ter podido exprimir tudo o que solicitava os ardores de seu
anelo e os entusiasmos de seus sentimentos!
“Virgem Mãe, nós Vos saudamos, fazendo eco às palavras do Anjo
embaixador que falou, ele mesmo, sob o as ordens de Deus! Se nos é
tão agradável considerar vossas grandezas, é que elas são o fundamen-
to de nossa esperança em Vós. [...] Vós conseguistes fazer descer um
Deus sobre a terra; Vós sabereis, pois, fazer chegar à minha alma ári-
da algumas gotas de orvalho celeste. Vossa graça, divino amálgama
de humildade e de pureza, revestiu um Deus de carne humana; e ela
poderá me revestir da túnica da santidade!” 17
@ Senhora minha
43
Nossa Senhora
do Bom Sucesso
Matinas Senhora minha...
19) ALASTRUEY, Gregório. Tratado de la Virgen Santísima. 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 823.
20) Idem, p. 827.
45
Estrela da Manhã... Capítulo 1
@ Estrela da Manhã
“É bem conhecida a passagem, em geral cheia de poesia, mas tam-
bém de incertezas, da noite para o dia.
“Em meio às trevas da madrugada notam-se, de repente, alguns
pontos do céu esbranquiçados, e se tem a impressão de que é o come-
ço do alvorecer. De fato não o é: o firmamento se cobre novamente de
negro, e só aos poucos vai se tornando pálido. É nesse momento que
brilha, com todo o seu fulgor, a estrela da manhã ou, como muitos a
chamam, estrela d’alva. É ela o anúncio da aurora, o sinal de que o sol
está por vir” 23.
21) BOLO, Henry. Pleine de Grace. Paris: René Haton, 1895. p. 55-56.
22) BARCON, Javier. Aprende a orar. Apud ROYO MARÍN, Antonio. La Virgen María,
Teología y espiritualidad marianas. Madrid: BAC, 1968. p. 446.
23) Cfr. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferências em 29/11/1991 e 1/12/1991. (Ar-
quivo pessoal).
46
Matinas Estrela da Manhã...
47
Estrela da Manhã... Capítulo 1
puro, assim a alma de Maria jamais foi molestada pelas afeições ter-
restres e nebulosas: resplandecia Ela de celeste serenidade. [...]
“Os antigos viam a substância das estrelas como incorruptível, ina-
cessível, portanto, à destruição que o tempo traz para as coisas da Ter-
ra. Maria foi isenta de toda corrupção: sua carne não conheceu a dis-
solução no túmulo, nem sua alma, a produzida pelo pecado.
“Uma estrela deita sua luz com grande fulgor, sem lesão de sua
substância. A Bem-aventurada Virgem Maria, do mesmo modo, sem
prejuízo de sua virgindade, projetou de suas castas entranhas o Cristo,
a Luz do mundo. [...]
“As estrelas influem sobre as criaturas terrenas, iluminando-as e
contribuindo à sua geração. Sem a luz do sol, da lua e das estrelas,
o universo cairia numa espécie de caos. A Bem-aventurada Virgem
Maria influi igualmente sobre o mundo obscurecido pelas trevas do
pecado: Ela o ilumina, protege-o e o conserva sob seu domínio, de tal
maneira que, se Ela não existisse, de há muito teria o mundo desapa-
recido. [...]
“Uma estrela, apesar de sua aparente imobilidade, percorre com
extrema rapidez e perfeita regularidade distâncias inimagináveis.
Assim, a Virgem Santíssima, apesar de sua firmeza inabalável, per-
correu uma tão vasta trajetória na via da perfeição e dos méritos, que
sobrepujou a todos os Santos e todos os Anjos. [...]
48
Matinas Estrela da Manhã...
Estrela
que anuncia o Reino de Maria
Em importante conjuntura de sua admirável gesta contra-revo-
lucionária, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira assim se dirigiu aos
seus seguidores:
“A estrela da manhã aparece no período incerto entre a noite
que ainda existe, e o dia que timidamente vai nascendo.
“Não é bem essa a época em que vivemos, na qual imperam as
trevas da Revolução, porém na qual já se pressente o triunfo do
Sapiencial e Imaculado Coração de Maria, prometido por Nossa
Senhora em Fátima?
“Portanto, é a Maria enquanto Stella Matutina, enquanto a
Estrela que nos anuncia como iminente a aurora de seu Reino, é a
Ela que devemos recorrer nas dificuldades referentes à causa con-
tra-revolucionária, em nosso apostolado, e em todas as ocasiões
em que a piedade nos sugira essa invocação.
“Estrela da Manhã, Vós que fostes, durante a noite inteira da
espera, a nossa luz e a promessa do alvorecer, fazei com que des-
ponte quanto antes o dia de vosso Reino!”
49
Estrela da Manhã... Capítulo 1
50
Matinas Estrela da Manhã...
51
Do Céu Rainha... Capítulo 1
@ Do Céu Rainha
Afirma São Luís Grignion de Montfort que, “no Céu, Maria dá
ordens aos Anjos e aos bem-aventurados. Para recompensar sua pro-
funda humildade, Deus Lhe deu o poder e a missão de povoar de San-
tos os tronos vazios, que os anjos apóstatas abandonaram e perde-
ram por orgulho. E a vontade do Altíssimo, que exalta os humildes
(Lc. I, 52), é que o Céu, a Terra e o Inferno se curvem, de bom ou mau
grado, às ordens da humilde Maria” 26.
25) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. III. p. 272-282; Vol. V. p. 605.
26) GRIGNION DE MONTFORT, Luís Maria. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssi-
ma Virgem. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1961. p. 34.
52
Matinas Do Céu Rainha...
27) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 23-24.
53
A partir do instante em que aceitou ser
Mãe do Verbo Encarnado,
Maria mereceu tornar-se Rainha do Céu e da Terra
Coroação de Nossa Senhora
Matinas Do Céu Rainha...
55
Do Céu Rainha... Capítulo 1
56
Matinas Cheia de graça sois...
31) PIO XII. Discurso no solene rito mariano de 1 de novembro de 1954. In: Documentos
Pontifícios. Petrópolis: Vozes, 1955. p. 20-21.
32) Cfr. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferências em 31/5/1965 e 31/5/1991. (Ar-
quivo pessoal).
57
Cheia de graça sois... Capítulo 1
33) WILLIAM, Francisco Miguel. Vida de Maria, Mãe de Jesus. Petrópolis: Vozes, 1940.
p. 70-71.
58
Matinas Cheia de graça sois...
34) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 208-211.
59
Cheia de graça sois... Capítulo 1
A voz da Tradição
A plenitude de graça existente em Nossa Senhora foi objeto, ao
longo dos séculos, da unânime homenagem dos Santos e dos autores
eclesiásticos. Ouçamos, entre outros:
Santo Atanásio: “Fostes chamada cheia de graça porque possuístes
a abundância de toda graça!” 35
Dionísio o Cartuxo: “Assim como ninguém seria capaz de contar as
gotas de água do mar, assim ninguém saberá exprimir a excelência da
graça e da glória em Maria” 36.
São Boaventura: “O Filho de Deus, santificando a Virgem, cumu-
lou-A de graça, e depois de santificá-La, A protegeu Ele mesmo com
sua sombra e A encheu de glória, de maneira que nem na alma nem
no corpo, restasse parte que não estivesse cheia da graça da Divinda-
de” 37.
São Tomás de Aquino: “Em toda ordem de coisas, quanto mais
alguém se aproxima do princípio dessa ordem, mais participa dos efei-
tos desse princípio [...] [v. g., o que mais próximo está do fogo, mais
se aquece]. Pois bem, Cristo é o princípio da graça: pela divindade,
como verdadeiro autor, pela humanidade, como instrumento. E assim
se lê em São João: «A Graça e a verdade vieram por Jesus Cristo»
(Jo. I, 17). Ora, a Bem-aventurada Virgem Maria esteve proximíssi-
ma de Cristo, segundo a humanidade, posto que d’Ela recebeu Cristo
a natureza humana. Portanto, deve ter obtido d’Ele uma plenitude de
graça superior à dos demais” 38.
O mesmo Doutor Angélico, em sua magistral interpretação da Ave
Maria, acrescenta:
“A Santíssima Virgem superou aos Anjos pela plenitude da graça,
que com mais abundância existe n’Ela do que em qualquer Anjo. Para
manifestá-lo disse Gabriel: «gratia plena», isto é, «eu Te reverencio por-
que me avantajas em abundância de graça». A Virgem Maria está cheia
de graça:
60
Nossa Senhora
foi adornada com a
plenitude de graça
correspondente
à sua dignidade de
Mãe de Deus
Nossa Senhora
de las Lajas
Cheia de graça sois... Capítulo 1
39) AQUINO, Tomás de; BUSA, Roberto. S. Thomae Opera Omnia. Reportationes Opus-
cula Dubiae Authenticitatis. Milano: Cartiere Binda, 1980. Vol.VI. p. 285.
40) DAMIÃO, Pedro. Serm. 40, in Assumpt. B. M. Virg. Apud ALASTRUEY, Gregório.
Tratado de la Virgen Santísima, 3. ed., Madrid: BAC, 1952. p. 283.
41) CRISÓLOGO, Pedro, Serm. 143, in Assumpt. B. M. Virg. Apud ALASTRUEY, Gregó-
rio. Tratado de la Virgen Santísima, 3. ed., Madrid: BAC, 1952. p. 283.
62
Matinas Cheia de graça sois...
42) GRANADA, Luís de. Obra Selecta. Madri: BAC, 1952 p. 730-731.
43) VILLANUEVA, Tomas de. Obras. 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 194.
44) PIO IX. Bula Ineffabilis Deus. In: Documentos Pontifícios. Petrópolis: Vozes, 1953. p. 3.
63
Cheia de graça sois... Capítulo 1
64
Maria,
cheia de graça
A respeito do progresso da graça na Santíssima Virgem,
escreve um dos grandes mariólogos de nosso século:
“Antes da Anunciação, Maria já possuía a graça: Ela
sempre a teve plenamente, e mesmo desde a sua concep-
ção, por um privilégio exclusivo seu, com vistas à sua
insigne missão. [...]
“Entretanto, no curso desse incessante progresso da
graça em Maria, a Anunciação marca o momento único
onde esta Virgem, neófita em sua maternidade, é literal-
mente transformada em seu Filho.
“Este Filho é um tesouro. Ele é o princípio da graça; é
o autor dela por sua divindade, e o instrumento de produ-
ção e de difusão da mesma entre nós, por sua humanida-
de. [...] Contendo Cristo em Si, antes de todo o mundo e
para todo o mundo, Maria recebeu d’Ele uma maior ple-
nitude de graça que todas as demais criaturas somadas,
e tornou-se mais cristã que todos os cristãos juntos. [...]
“E no momento em que Ela alcançou o termo de sua
carreira terrestre, a Bem-aventurada Virgem encarnava
verdadeiramente em sua pessoa e na sua vida, a mais alta
perfeição e a própria plenitude da graça cristã.
“Esta água viva, que Maria Santíssima hauriu no con-
tato com o Verbo Encarnado, tornou-se n’Ela uma fon-
te transbordante de vida eterna e pronta a se comunicar
a todos. No período da Assunção, os supremos instantes
da Virgem unem concretamente o tempo e a eternidade, o
regime da graça e o da glória. Terrena, ainda o é a Mãe de
Jesus; celeste, Ela já o é — e quanto!”
66
Matinas Salve, luz pura...
47) Idem.
67
Salve, luz pura... Capítulo 1
48) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. I. p. 407-409.
68
Matinas Salve, luz pura...
“[Assim], a Luz divina, a Luz eterna, produziu uma luz criada, des-
tinada a iluminar todas as outras obras das mãos de Deus” 49.
Essa singular luminosidade da Virgem, espargindo seu fulgor sobre
toda a criação, foi também exaltada pelo entusiasmo de São Tomás de
Villanueva:
“Ó tocha brilhantíssima, a quantos alegrastes quando, ilumina-
da pelo resplendor divino, aparecestes imaculada no seio de vossa
mãe! [...]
“Dizei-nos, ó sábios astrólogos que contemplais as estrelas; dizei-
nos ó profetas! que chegará a ser esta donzela que tão brilhante e
avantajada se apresenta ao mundo? [...]
“Ó dia digno de ser celebrado com grande regozijo, em que tal
dom recebemos. Exclamamos com São Bernardo: «Tirai o sol, e o que
restará no mundo senão trevas? Tirai Maria da Igreja, que ficará senão a
escuridão?»” 50
A luz da Contra-Revolução
Por sua vez, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira nos faz compreen-
der o papel fundamental da Luz pura junto aos que se opõem à Revo-
lução:
“Nossa Senhora é Aquela que gerou a Luz do mundo, Jesus Cris-
to, Senhor nosso. Ela é o foco dessa Luz que as trevas não consegui-
ram envolver e impedir que fosse vista pelos homens; Ela é o canal
por meio do qual a luz do Salvador chega até nós.
“E Maria tanto resplandece da luz de seu Divino Filho, que se diria
ser Ela a mesma luz. Por isso podemos cantar com a Igreja: «Salve
radix, salve porta, ex qua mundo lux est orta» — «Salve ó raiz, ó porta,
por onde jorrou a luz ao mundo» 51.
“Nós, contra-revolucionários, devemos pedir à Santíssima Vir-
gem que encha nossas almas dessa sua luz, que é, em última análise, a
luz da Contra-Revolução, é a luz que fende as trevas da Revolução e
49) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. V. p. 407; Vol. I. p. 17.
50) VILLANUEVA, Tomas de. Obras. 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 142; 208 e 212.
51) Antífona Ave Regina Cælorum.
69
Maria, esplendidíssima luz das nações
e da Contra-Revolução
Nossa Senhora da Luz
Matinas Valei ao mundo e a toda criatura...
Universal proteção
O dominicano Fr. Bernard assim traduz esse sentimento: “Maria,
por mais alto que seja seu coroamento de glória no Céu, permane-
ce em estreito contato com os homens na Terra. [...] Pela própria per-
feição de seu estado, Ela nos está mais próxima do que os nossos mais
próximos. Para nós Ela é sempre mais que o Anjo da Guarda, seja ele
o mais terno e o mais vigilante dos amigos. [...]
“Assim, devemos estar absolutamente persuadidos de que a Virgem
Santíssima possui todos os meios de pensar constante e distintamente
em todos os seus filhos. Nem os tempos nem os espaços podem opor
obstáculos ou limites à sua visão, situada, agora, num outro plano, sob
a luz da glória [...]: «Meu filho, nos diz Ela, penso em ti na minha eter-
nidade, e não posso mesmo afastar-te de meu pensamento. No fundo,
jamais te perco de vista; conheço-te mais do que tu a ti mesmo; estou
mais presente em ti do que tu». [...]
“Com efeito, sua dignidade de Rainha, e ainda mais sua missão de
Mãe, obrigam-Na a ter esta presença de espírito em relação a tudo e
a todos. Para isso Ela uniu sua inteligência à de seu Divino Filho, seu
pensamento ao pensamento do Homem-Deus. E os dois, assim absor-
tos na divina Essência, inundados da luz eterna, vendo todas as coi-
sas em seu princípio e no seu fim, estão presentes espiritualmente no
mundo inteiro, para abraçar — no seu todo e nos seus particulares —
o universo que Lhes foi confiado. [...]
“Nunca será demais nosso maravilhamento, ao pensarmos até que
ponto a proteção da Santíssima Virgem se estende a todos os estados
como a todas as necessidades deste mundo. Lourdes é disso um sím-
71
Valei ao mundo e a toda criatura... Capítulo 1
53) BERNARD. Le Mystère de Marie. Bruges: Desclée de Brouwer, 1954. p. 267; 271-272;
274; 328- 329.
54) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 87-88.
72
Os milagres verificados
junto ao Santuário de
Lourdes demonstram como
a proteção de Maria
se estende a todos os
estados e necessidades
deste mundo
Santuário e Imagem de Nossa
Senhora de Lourdes
Valei ao mundo e a toda criatura... Capítulo 1
55) TERRIEN, J.-B. La Mère de Dieu et la Mère des Hommes. 8. ed. Paris: P. Lethielleux,
1902. Vol. II. p. 148 ; 150-153.
74
Matinas Para Mãe o Senhor Vos destinou...
75
Para Mãe o Senhor Vos destinou... Capítulo 1
59) SIENA, Bernardino de. Apud JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie.
Paris: Hippolyte Walzer, 1900.Vol. I. p. 5.
60) CRETA, André de. Apud JOURDAIN, Z.-C. Loc. cit.
61) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 194.
76
Matinas Para Mãe o Senhor Vos destinou...
77
Para Mãe o Senhor Vos destinou... Capítulo 1
nosso tesouro, nossa glória, nosso paraíso, nosso espírito, nosso cora-
ção, nossa vida, nosso tudo; assim o fim da predestinação de Maria é
no-La dar como cooperadora de seu Filho em nossa Redenção, para
ser nossa medianeira entre Ele e nós, para ser nossa Mãe, nossa pre-
ceptora, nossa vida, nosso consolo, nossa esperança, para ser nossa luz
nas trevas, nossa força em nossas debilidades, nosso socorro em nos-
sas misérias, nosso refúgio em todas as nossas necessidades, e nosso
modelo em nossos hábitos e ações.
“Acrescentaria ainda ao dito, para fazer ver a perfeita semelhança
que há entre a predestinação do Homem-Deus e a de sua Mãe, que,
como aquela é o primeiro princípio de todas as demais predestinações
dos verdadeiros filhos de Deus, esta é de uma maneira parecida a cau-
sa segunda. «Ninguém se salva a não ser por Vós, ó Santíssima Virgem»,
disse São Germano, Patriarca de Constantinopla. [...]
62) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan
Eudes, 1957. p. 35-40.
78
Maria nos planos de Deus
A Imaculada Conceição
“Sessenta são as rainhas, e oitenta as esposas de segunda ordem,
e inúmeras as donzelas; uma só, porém, é a pomba minha e a minha
perfeita” (Cânt. VI, 7-8).
Aplicando a Nossa Senhora essa passagem do Cântico dos Cân-
ticos, comenta São Tomás de Villanueva: “É única; se buscas outra
pomba, não a encontrarás. É única, sozinha e sem mancha. É a úni-
ca que não esteve sujeita à lei da mancha comum. Uma só é a imacu-
lada, e também uma só a perfeita. Não encontrarás outra sem man-
cha, e por isso é uma só a pomba. Não encontrarás outra tão perfei-
ta, e por isso é a minha perfeita, única: puríssima sem exemplo, perfei-
ta sem igual” 64.
Maria Santíssima, a primeira na ordem ontológica entre todas as
virgens, a propósito de sua concepção em graça recebeu do Prof. Pli-
nio Corrêa de Oliveira os seguintes louvores:
“Na bula Ineffabilis Deus, com a qual Pio IX definiu o dogma da
Imaculada Conceição, encontra-se este trecho:
“«A doutrina que sustenta que a Beatíssima Virgem Maria, no primei-
ro instante da sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus oni-
potente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero huma-
no, foi preservada e imune de toda mancha de pecado original, essa dou-
trina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavel-
mente por todos os fiéis» 65.
80
Matinas Preservou Ele a vossa Conceição...
81
Preservou Ele a vossa Conceição... Capítulo 1
67) Carta do martírio de André. Apud JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie.
Paris: HIPPOLYTE WALZER, 1900. Vol. I. p. 296-297.
68) HIPÓLITO. Orat. in Consummatione mundi, Apud JOURDAIN, Z.-C. Op. cit. p. 303.
69) EFRÉM. Serm. 2 de Laudibus B. Mariae, Apud JOURDAIN, Z.-C. Op. cit. p. 310.
70) JERÔNIMO. Epist. de Assumptione, Apud JOURDAIN, Z.-C. Op. cit. p. 313-314.
71) AGOSTINHO. In Breviario Romano a Card. Quignonio, Apud JOURDAIN, Z.-C. Op.
cit. p. 321.
72) ILDEFONSO. Lib. de Parturitione et Virginitate B.V.M. Apud JOURDAIN, Z.-C. Op.
cit. p. 329.
82
Matinas Preservou Ele a vossa Conceição...
73) NICÉFORO. Epist. ad Leonem III Papam, Apud JOURDAIN, Z.-C. Op. cit. p. 337
74) SÃO VÍTOR, Ricardo de. A Bernad. de Bustis citatus, Apud JOURDAIN, Z.-C. Op.
cit. p. 352.
75) JORDÃO, Raimundo. Contempl. de Virgine Deipara, c. 3, Apud JOURDAIN, Z.-C.
Op. cit. p. 339.
76) FERRER, Vicente. Serm. de Nativitate, Apud JOURDAIN, Z.-C. Op. cit. p. 359.
77) SALES, Francisco de. Obras Selectas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 502.
83
V. Deus A escolheu e predestinou... Capítulo 1
Disso tenho plena convicção, e para defender este vosso tão grande
e singular privilégio da Imaculada Conceição, juro dar até a minha
vida” 78.
78) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 206.
79) PIO IX. Bula Ineffabilis Deus. In: Documentos Pontifícios. Petrópolis: Vozes, 1953. p. 3.
80) ROYO MARÍN, Antonio. La Virgen María: Teología y espiritualidad marianas. Ma-
drid: BAC, 1968. p. 59.
81) NICOLAS, Augusto. La Virgen María y el Plan Divino. Barcelona: Religiosa, 1866.
Vol. II. p. 67.
84
No primeiro instante de sua Conceição,
por singular privilégio de Deus foi Nossa Senhora
preservada de toda mácula do pecado original
Imaculada Conceição
R. No seu tabernáculo A fez habitar... Capítulo 1
outros. Por isso dizemos que a Virgem foi constituída e escolhida sin-
gularmente, [...] porque o foi para uma glória eminente e única, pelo
que canta d’Ela a Igreja: Deus A elegeu e predestinou” 82.
Recolhendo a opinião de santos autores, acrescenta o Pe. Jourdain:
“São Tomás de Aquino ensina expressamente que Cristo, sendo a
Sabedoria incriada, não pode ser chamado mera criatura. Assim, não
é em louvor de Jesus Cristo, mas de Maria, que a Igreja repete estas
palavras do Eclesiástico, na Santa Liturgia: «Eu saí da boca do Altíssi-
mo, primogênita antes de toda criatura... Fui criada desde o começo, e
antes de todos os séculos»; e estas outras palavras tiradas do livro dos
Provérbios (VIII, 2): «Fui concebida antes das colinas», quer dizer,
segundo o pensamento de Santo Agostinho, «Deus me concebeu antes
das mais sublimes criaturas, antes dos Anjos e dos Santos, não só para
que Eu fosse santa, mas a Mãe de Santos, como deles é Jesus Cristo o
Pai, o Príncipe e o Chefe supremo». [...]
“[Assim], concordam todos os teólogos em considerar Maria como
a obra-prima do poder divino; reconhecem todos que, nos desígnios
de Deus, recebeu Ela a mais bela parte e a mais gloriosa” 83.
82) VILLANUEVA, Tomas de. Obras. 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 201.
83) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. I. p. 12 e 22.
86
Matinas V. Protegei, Senhora, a minha oração...
“Sem dúvida, todas as criaturas, que foram e que serão, vivem des-
de toda a eternidade no pensamento de Deus, como em seu arquéti-
po vivo e infinito, posto que em Deus não há nem antes, nem depois.
Porém, segundo nossa maneira de compreender, no pensamen-
to de Deus vive, de modo particular e especialíssimo, a Santíssima
Virgem”84.
84) ROLLAND. La Reine du Paradis. 8. ed. Paris: Langres, 1910. Vol. I. p. 77-78.
85) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 249-251.
87
V. Protegei, Senhora, a minha oração... Capítulo 1
Onipotente intercessão
Tanto mais devemos implorar esse patrocínio de Nossa Senhora,
quanto é ele onipotente. Assim o explica, em conformidade com o
ensinamento dos Santos e dos doutores eclesiásticos, o ilustre teólogo
dominicano, Fr. Garrigou-Lagrange:
“O senso cristão de todos os fiéis estima que uma mãe beatificada
conhece no Céu as necessidades espirituais dos filhos que ela deixou
sobre a Terra, e intercede pela salvação dos mesmos. Universalmen-
te na Igreja, os cristãos se recomendam às orações dos Santos chega-
dos ao termo da viagem. [...] O Concílio de Trento (sess. XXV) definiu
que os Santos no Céu rogam por nós e que é útil invocá-los. [...]
“«Jesus Cristo vivendo sempre, não cessa de interceder por nós», diz
São Paulo (Hebr. VII, 25). Ele é, sem dúvida, o intercessor necessário
e principal. Mas a Providência e Ele mesmo querem que recorramos
a Maria, a fim de que as nossas orações apresentadas por Ela tenham
mais valor.
“Em sua qualidade de Mãe de todos os homens, Nossa Senhora
conhece todas as necessidades espirituais destes, e o que concerne à
sua salvação; em virtude de sua imensa caridade, Maria intercede por
eles. [...]
“Esta oração da Santíssima Virgem é onipotente. Por isso a Tradi-
ção A proclama omnipotentia supplex — a toda poderosa na ordem da
súplica. [...]
“Bossuet, em seu Sermão sobre a Compaixão de Maria, assim se
exprime: «Intercedei por nós, ó Bem-aventurada Maria: tendes em vos-
sas mãos, se ouso dizê-lo, a chave das bênçãos divinas. É vosso Filho esta
misteriosa chave mediante a qual são abertos os cofres do Padre Eter-
no. Ele fecha, e ninguém abre; Ele abre, e ninguém fecha. É seu inocente
Sangue que faz derramar sobre nós os tesouros das graças celestiais. E a
quem dará Ele mais direito sobre esse Sangue, senão Àquela da qual Ele
tirou todo seu Sangue? De resto, viveis com Ele em uma tão perfeita ami-
zade, que é impossível não sejais atendida». Basta, como diz São Ber-
nardo, que Maria fale ao coração de seu Filho. [...]
“Vê-se, com isso, que a intercessão de Maria é muito mais pode-
rosa e mais eficaz que a de todos os outros Santos reunidos, pois eles
nada obtêm sem Ela. Sua mediação permanece sujeita à d’Ela, que
88
Matinas Oremos...
@ Oremos:
Santa Maria, Rainha dos Céus, Mãe de Nosso
Senhor Jesus Cristo e Dominadora do mundo...
As invocações iniciais desta oração que se repete em todas as horas
do Pequeno Ofício, nos recorda alguns dos principais títulos com que
honramos a Virgem ao longo deste saltério, comentados em seus res-
pectivos lugares. Em seguida dizemos:
89
A Onipotência Suplicante
“Mediante a Encarnação do Verbo no seio puríssimo de
Maria, Deus, por um ato de sua infinita bondade, criou os
vínculos que O ataram ao gênero humano. E Nossa Senho-
ra, tornando-se Mãe d’Ele, passou a ser também a Mãe espi-
ritual de todos os homens.
“Em vista disto, quando Ela pede a seu Divino Filho por
nós, é como uma mãe que intercede junto a um filho em
benefício de outro irmão deste. É impossível não atendê-
la. Por isso os teólogos atribuem a Nossa Senhora o título
de Onipotência suplicante. Em virtude de suas insondáveis
perfeições, Ela é sempre ouvida por Deus em suas preces a
nosso favor, e d’Ele nos obtém aquilo que, por nós mesmos,
não mereceríamos.
“Um exemplo pode ilustrar esta verdade.
“Imagine-se uma mãe que tenha dois filhos: um, reto e
probo, exerce a função de juiz; o outro é simplesmente um
criminoso, ao qual o irmão deste deve julgar.
“Que acontece, então?
“A mãe se dirige ao filho magistrado e lhe diz: «Meu filho,
sei que tu és juiz e que a ti cabe aplicar a justiça. Os defeitos
de teu irmão são tais que exigem a pena de morte. Na ver-
dade, porém, tu, ó juiz, me deves igualmente a vida. Poupa
a desse homem que merece a pena capital, em atenção aos
rogos daquela que te gerou!»
“Que filho recusaria tão extremosa súplica?
“Pois bem, semelhante a esta, é a intercessão de Maria
em favor da humanidade pecadora. E por ser Ela a Mãe de
Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele Lhe concede tudo o que o
melhor dos filhos pode dar à melhor das mães.
“E é tal o valor da impetração de Nossa Senhora que,
segundo o ensinamento da teologia, todas as orações de
todas as criaturas devem ser apresentadas por Ela a seu
adorável Filho, porque assim o dispôs a vontade divina.
“Essa é a Mãe de uma doçura sem nome, de ilimitada
compaixão para com seus miseráveis filhos, em favor dos
quais Ela obtém o perdão e as graças do Juiz.
“Quantos exemplos não atestam essa incansável solicitu-
de de Maria para com os homens! Tome-se, entre outros, o
do Bom Ladrão, a quem o Divino Crucificado, atendendo às
súplicas de sua Mãe aos pés do Madeiro, perdoou na hora
extrema com a estupenda promessa: «Tu hoje estarás comi-
go no Paraíso» (Lc. XXIII, 43).
“Compreende-se, assim, a importância da intercessão de
Nossa Senhora, como ela alivia a nossa penosa existência, e
enche de júbilo nossas almas. Como seria soturna a vida de
um católico, se não fosse a proteção da Virgem. Ao contrá-
rio, como ela é leve, cheia de esperança, de perdão e de afe-
to materno, com a contínua assistência de Maria — a Oni-
potência suplicante!”
88) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 142-143.
92
Matinas Oremos...
93
Oremos... Capítulo 1
94
Matinas V. Bendigamos ao Senhor...
@ V. Bendigamos ao Senhor.
R. Demos graças a Deus.
92) GRANADA, Luís de. Obra Selecta. Madri: BAC, 1952. p. 706-708.
93) AGUSTIN. Obras de San Agustin. 1982, 5. ed. Vol. III. p. 355.
94) CRISÓSTOMO, Juan. Obras. Madrid: BAC, 1956. Vol. II. p. 173,
95
As almas dos fiéis defuntos... Capítulo 1
96
Matinas As almas dos fiéis defuntos...
97
Maria, modelo
de gratidão
a Deus
Em sua admirável obra
dedicada à Virgem Santíssi-
ma, o Pe. Jourdain recolhe
estas palavras do Pe. Kise-
lio, S. J. (séc. XVII):
“Ao ouvir Isabel procla-
má-La bendita entre todas
as mulheres, e render teste-
munho à divindade do ben-
dito fruto de suas entra-
nhas, a Bem-aventurada Vir-
gem Maria exprime os senti-
mentos de que está penetra-
da, no admirável cântico, o
Visitação, por Fra Angélico mais belo que contêm nos-
sos Santos Livros: Magnifi-
cat anima mea Dominum — «Minha alma glorifica o Senhor». [...]
“Como no dia da Anunciação, Ela se diz sua humilde serva; procla-
ma que Ele é o Deus que salva, o Deus onipotente, o Deus santo. Ela
cumpre o que recomenda o Sábio: «Bendizei ao Senhor e exaltai-O tan-
to quanto puderdes». Transportada de júbilo e de reconhecimento, Maria
rende graças a Deus por seus benefícios. [...]
“Que o exemplo da Virgem nos ensine como devemos, por nossa par-
te, glorificar a Deus, Jesus Cristo Nosso Senhor e sua Bem-aventurada
Mãe.
“Porventura não fez Deus também em nós grandes coisas, por sua
onipotência? Não nos recolheu Ele e nos tirou do abismo de nossa misé-
ria? Seu nome não é igualmente santo para nós e cheio de suavidade?
Não nos aceitou como filhos em sua misericórdia? Não deu de comer
àqueles que tinham fome, não consolou os aflitos e exaltou os humildes?
Que nossa alma glorifique, pois, ao Senhor, e que nosso espírito se alegre
em Deus nosso Salvador!
“Sim, é com alegria que convém, a exemplo de Maria, bendizer ao
Senhor, testemunhar-Lhe nossa gratidão e celebrar sua glória!”
99) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. VII. p. 622-624.
99
A Virgem
e o Menino
Capítulo 2
Prima
Hino
101
pós os versículos iniciais, comentados em
Matinas, o presente Hino canta as honras
da Virgem Imaculada, santa desde o pri-
meiro instante de seu ser, isenta de toda
mancha de pecado.
Maria Santíssima, nesta Hora, será
louvada como a única criatura digna de ser
Mãe de Deus, e que assim se constitui como
a porta pela qual, obrigatoriamente, entram todos os justos no
Céu, como afirma o santo cartuxo: “Quem se salvará? Quem
conseguirá reinar no paraíso? Aqueles, sem dúvida, por quem
tiver rogado a Mãe de misericórdia” 1.
Nossa Senhora será cultuada como a Restauradora da Or-
dem: “O que fez Eva, associada a Adão, para a ruína do gênero
humano, foi reparado por Maria, nova Eva, associada a Cristo,
novo Adão” 2.
“É Ela a Virgem prudentíssima, em cujo Imaculado Co-
ração ardeu continuamente a lâmpada do amor divino, sem
qualquer apego às coisas terrenas” 3. Digna mansão que edificou
para si a eterna Sabedoria, Maria recebeu em seu seio virginal o
verdadeiro Pão da Vida, Jesus Cristo Nosso Senhor.
Anunciada pelos lábios de Balaão, Nossa Senhora é a Estre-
la de Jacob que, na proteção dos seus filhos, aterroriza e resiste de
forma invencível ao demônio.
1) DIONÍSIO, o Cartuxo. In: LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6.
ed. Petrópolis: Vozes, 1964. p. 158.
2) ROYO MARÍN, Antonio. La Virgen María: Teología y espiritualidad marianas. Madrid:
BAC, 1968. p. 51.
3) Cfr. JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. III. p. 125.
102
Prima Salve, prudente Virgem...
A Virgem prudentíssima
Maria Santíssima é a “Virgem prudente que soube manter bem
acesa sua lâmpada, alimentando-a abundantemente com o azeite
da divina graça, aguardando o Esposo para as bodas de Deus com a
humanidade, na Encarnação” 4.
A prudência de Nossa Senhora é uma de suas glórias, sempre admi-
rada pelos Santos e autores eclesiásticos.
Para Santo Efrém, Maria é “a primeira de todas as criaturas, pru-
dentíssima, sagacíssima e iluminadora Virgem” 5.
4) PEQUENO OFÍCIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO em latim e português com
comentários. São Paulo: Paulinas, 1956. p. 89-90.
5) EFRÉM. Serm. de Ss. Dei Genitr. V. M. laudibus. Apud ALASTRUEY, Gregório. Trata-
do de la Virgen Santísima, 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 304.
103
Salve, prudente Virgem... Capítulo 2
104
Rainha da Prudência e do Conselho
“No Cantus Mariales se diz da Virgem Santíssima que Ela é a Rai-
nha da prudência e do conselho.
“Nossa Senhora estando presente entre os Apóstolos, após a Ascen-
são de seu Divino Filho, é impossível que estes não A tenham consul-
tado acerca de seus trabalhos, seus ensinamentos e escritos. Antes, é
de se supor que a Ela frequentemente recorressem.
“Essas relações de Maria com a pregação da Igreja nascente são
expressas em bonitos termos por um piedoso autor: «Nossa Senhora
foi o oráculo vivo que São Pedro consultou nas suas principais dificul-
dades; a estrela que São Paulo não cessou de olhar para se dirigir em
suas numerosas e perigosas navegações».
“Nada, portanto, se fez senão de acordo com o conselho e a orien-
tação da Santíssima Virgem. Assim se nos depara um lindo quadro: a
Igreja nos seus albores, com todos aqueles lances maravilhosos de sua
incipiente História, e toda ela inspirada e dirigida por Nossa Senhora.
“Verdade é que a São Pedro, como Papa, cabia o poder sobre toda a
Igreja. Contudo, é também verdade que o Príncipe dos Apóstolos esta-
va completamente submisso à Mãe de Deus, a qual, por meio dele, diri-
gia os demais.
“Considerar Nossa Senhora como inspiradora do espírito com que
escreveram os Evangelistas, A que deu os dados e as informações de
que eles se utilizaram, é algo que nos sugere cenas de rara beleza.
“Por exemplo, Maria Santíssima tendo a seu lado São Paulo, São
Pedro ou São João Evangelista, e Ela que conta, explica, interpreta e
os ajuda a compreender os fatos da vida de Nosso Senhor, realçando
este ou aquele episódio, e sendo, deste modo, o aroma do bom espírito
perfumando a Igreja inteira.
“É o que comenta, em seguida, o mesmo autor: «Diz o Cardeal Hugo
que Maria fez de seu coração o tesouro das palavras e das ações de
seu Filho, a fim de os comunicar em seguida aos escritores sagrados.
Nenhuma criatura, diz Santo Agostinho, jamais possuiu um conheci-
mento das coisas divinas e do que se relaciona com a salvação, igual
à Virgem Bendita. Ela mereceu ser a mestra dos Apóstolos e é Ela que
ensinou aos evangelistas os mistérios da vida de Jesus».
“Assim nos aparece o esplendor da alma santíssima de Nossa Senho-
ra, sua ortodoxia, sua prudência, sua sabedoria e sua santidade, que nos
levam a amá-La ainda mais.”
CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio.
Conferências em 25/6/1966, 11/7/1967. (Arquivo pessoal).
Salve, prudente Virgem... Capítulo 2
106
Prima Salve, prudente Virgem...
10) ROSCHINI, Gabriel. Instruções Marianas. São Paulo: Paulinas, 1960. p. 167-168.
11) ALASTRUEY, Gregório. Tratado de la Virgen Santísima. 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 304.
107
Salve, prudente Virgem... Capítulo 2
12) Idem, p. 305-306.
108
Prima Salve, prudente Virgem...
13) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. III. p. 124-127.
109
Rainha da Prudência, foi Nossa Senhora
“destinada para dar ao Senhor digna morada”
Nossa Senhora do Brasil
Prima Destinada para dar ao Senhor digna morada...
111
Destinada para dar ao Senhor digna morada... Capítulo 2
se faz a reflexão de que Ela é a casa que a Sabedoria edificou para si:
Sapientia ædificavit sibi domum?” 15
Na mesma linha seguem os comentários do Pe. Jourdain:
“Não a um homem, mas ao próprio Deus era mister preparar uma
residência, a qual em tudo fosse digna do hóspede divino que a ocupa-
ria, não por um dia, de passagem, mas para nela habitar e dela tomar
os elementos de uma nova vida. [...]
“Tal mansão está necessariamente ao abrigo de qualquer mácula.
Ou seja, Maria, Mãe do Deus feito homem, criada e preparada por
Ele para se encarnar em seu seio, foi necessariamente isenta de qual-
quer falta, seja atual, seja original. [...] Isto não basta, acrescenta ain-
da Santo Agostinho; convinha que Ela fosse ornada e enriquecida
de todas as virtudes: «O Filho de Deus não construiu jamais uma casa
mais digna de Si do que Maria. Esta habitação nunca foi assaltada pelos
ladrões, jamais atacada pelos inimigos, nunca despojada de seus orna-
mentos». [...]
15) SÉGNERI, Paulo. Meditações. Apud JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Ma-
rie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900. Vol. VIII. p. 1-2.
16) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. III. p. 247-248.
112
Prima Destinada para dar ao Senhor digna morada...
113
Destinada para dar ao Senhor digna morada... Capítulo 2
17) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima, 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 192.
18) AMBROSIO. Obras de San Ambrosio: Tratado sobre el Evangelio de San Lucas. Ma-
drid: BAC, 1966. Vol. I. p. 612.
19) BONAÑO, Manuel. In: AMBROSIO. Loc. cit.
114
Prima Destinada para dar ao Senhor digna morada...
Fé na Santíssima Trindade
Semelhante é o pensamento de São Bernardo, ao discorrer sobre o
referido trecho dos Provérbios:
“Que significa talhar [em sua casa] sete colunas, senão dela fazer
uma digna morada com a fé e as boas obras? Certamente, o número ter-
nário pertence à fé na Santa Trindade, e o quartenário, às quatro prin-
cipais virtudes. Que esteve a Santíssima Trindade em Maria (me refi-
ro à presença da majestade), na que só o Filho estava pelo assumir da
20) SÉGNERI, Paulo. Meditações. Apud JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Ma-
rie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900. Vol. VIII. p. 3-4.
115
Destinada para dar ao Senhor digna morada... Capítulo 2
••Fortaleza
••Temperança
116
Coração Sapiencial e Imaculado de Maria
Coração Sapiencial e Imaculado de Maria
••Prudência
••Justiça
120
Prima Do templo a mesa ornou-Vos em figura...
22) LÉPICIER. Il più bel fiore del Paradiso. p. 68-69. ROSCHINI, Gabriel. Instruções Ma-
rianas. São Paulo: Paulinas, 1960. p. 180.
23) Pau de setim, isto é, pau da Acácia nilótica. Em toda a região do Sinai, é esta a única
árvore que pode servir para construções. (Nota do Pe. Matos Soares, na Bíblia por ele tra-
duzida e comentada, 6. ed. São Paulo: Paulinas, 1953).
24) Côvado: antiga medida de comprimento, que tinha três palmos e correspondia a 66
centímetros.
25) Cfr. PEQUENO OFÍCIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO em latim e português
com comentários. São Paulo: Paulinas, 1956. p. 92.
121
Do templo a mesa ornou-Vos em figura... Capítulo 2
26) TERRIEN, J.-B. La Mère de Dieu et la Mère des Hommes. 8. ed. Paris: P. Lethielleux,
1902. Vol. I. p. 120.
27) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. I. p. 467-468.
28) ALASTRUEY, Gregório. Tratado de la Virgen Santísima. 3. ed. Madrid: BAC, 1952.
p. 678.
122
Prima Do templo a mesa ornou-Vos em figura...
(Mt. XIII, 33), diz: “Estas são aquelas medidas do Evangelho, fermen-
tadas para que se faça o pão dos Anjos que o homem come, o pão que
fortalece o coração humano. Ditosa mulher, bendita entre todas as
mulheres, em cujas castas entranhas, com o fogo do Espírito Santo, se
cozeu este pão! Feliz mulher, repito, que nestas três medidas introdu-
ziu a levedura de sua fé!” 29
Ao lado de São Bernardo, não poucos foram os Santos e autores
eclesiásticos que enalteceram a Santíssima Virgem, enquanto conce-
bendo e nos dando o Pão da Vida. Por exemplo, o monge beneditino
Ruperto de Deutz exclama: “Quando o Anjo disse a Maria: «Concebe-
rás e darás à luz um Filho, e o chamarás com o nome de Jesus», então
abriu o Senhor as portas dos Céus e fez chover o maná que havería-
mos de comer, pão do Céu, pão dos Anjos” 30.
E Ricardo de São Lourenço: “Cristo é o pão vivo que desceu do
Céu (Jo. VI, 32 e ss.). A Trindade Divina misturou a água da huma-
nidade com o vinho da divindade quando uniu a natureza humana à
divina, e também a Santíssima Virgem quando acreditou e consentiu
na união” 31.
No exórdio de um de seus famosos sermões, assim se exprime
São João de Ávila: “Senhora, em que veremos vossa predileção para
conosco? Dai-nos um sinal seguro de que nos amais. «Se vos amo ou
não — diz a Virgem — vede o que fiz por vós; considerai meus frutos e
obras». [...]
“Vede o fruto de seu ventre, o santo Sacramento que de suas entra-
nhas saiu. E então Ela nos diz: «Vinde e comei este pão bendito, esta
carne que meu seio gerou». Quão benevolamente nos convida! Se, pois,
segundo o fruto conhecemos a que no-lo deu, Vós, Senhora, alcançai-
nos que o degustemos” 32.
E São Pedro Damião, enfim, diz: “Detenhamo-nos aqui, meus
irmãos, e consideremos o quanto somos obrigados à Bem-aventura-
da Mãe de Deus, e que ações de graças Lhe devemos render por um
tão grande benefício; pois este corpo que Ela engendrou e que trou-
xe em seu seio, esse corpo que Ela envolveu em panos e nutriu de seu
123
Do templo a mesa ornou-Vos em figura... Capítulo 2
124
Prima Fostes livre do mal que o mundo espanta...
125
Fostes livre do mal que o mundo espanta... Capítulo 2
S S
Mal que o mundo espanta
Causa dos males do indivíduo, o pecado o é também
das desordens sociais. Tal nos assinala um dos grandes
teólogos dominicanos, Fr. Victorino Rodríguez y Rodrí-
guez, O. P., frisando o ensinamento do Magistério ecle-
siástico:
“Toda a vida humana, a individual e a coletiva, apre-
senta-se como luta, seguramente dramática, entre o
bem e o mal. [...]
“É certo que as perturbações, verificadas tão frequen-
temente na ordem social, decorrem em parte das pró-
prias tensões existentes nas estruturas econômicas,
políticas e sociais. Porém, mais profundamente, origi-
nam-se da soberba e do egoísmo dos homens, que trans-
tornam também o ambiente social. Mas onde a ordem
das coisas é atingida pelas consequências do pecado,
o homem, inclinado ao mal por nascença, encontra em
seguida novos estímulos para o pecado [Concílio Vatica-
no II, Gaudium et spes, nn. 13 e 25].”
S S
126
Prima Fostes livre do mal que o mundo espanta...
36) Poderíamos acrescentar, uma vez que o Pe. Texier escreve em 1913, as graves adver-
tências de Nossa Senhora nas aparições de Fátima, em 1917, a respeito dos pecados pelos
quais não se fazia suficiente penitência (Cfr. BORELLI MACHADO, Antônio Augusto.
As Aparições e as Mensagens de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia. 27. ed. São
Paulo: Vera Cruz, 1990. p. 35-65).
37) TEXIER. Les Paroles de la Sainte Vierge. Paris: H. Oudin, 1913. Vol. II. p. 283-285.
38) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 8/12/1966. (Arquivo pessoal).
127
Santa desde o primeiro instante
de sua Conceição, reiteradas vezes
Nossa Senhora lembrou aos homens
ser o pecado a causa de todos os males
Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima
Prima Fostes livre do mal que o mundo espanta...
39) BERTETTO, Domingos. A Virgem Imaculada Auxiliadora. Porto: Salesianas, 1957. p. 15-16.
129
Fostes livre do mal que o mundo espanta... Capítulo 2
toda a sua existência sem um só pecado, para que deste modo a que
havia de dar à luz o Vencedor da morte e do pecado, obtivesse para
todos o dom da vida e da justiça” 40.
Enumerando os excelsos privilégios de Nossa Senhora, escreve o
Pe. Mathias Faber, S. J. (séc. XVII):
“A quarta estrela da coroa de Maria foi a imunidade de todo peca-
do atual, mesmo venial. [...] Os santos Padres multiplicam seus teste-
munhos sobre este ponto. Santo Agostinho ensina no livro Da Natu-
reza e da Graça, que ele não quer, absolutamente, que se faça men-
ção à Bem-aventurada Virgem todas as vezes que se trate do pecado.
São Bernardo, São Boaventura, Santo Ambrósio, Santo Efrém, todos
enfim falam no mesmo sentido. De resto, o Anjo da Anunciação não o
indicou assaz claramente quando disse a Maria: «Ave, cheia de graça»?
“Enquanto andamos pelos lamacentos caminhos deste mundo,
nós, homens, [...] não podemos viver muito tempo sem cair em algu-
ma falta, por causa dos perpétuos movimentos da concupiscência que
nos excitam ao pecado. Contudo, não era digno da Mãe de Deus estar
sujeita a esta enfermidade. Se houvesse Ela cometido um só pecado,
poderia convenientemente se tornar a Mãe do Deus que desceu sobre
a Terra para extirpar todo pecado? Não redundaria desta falta alguma
ignomínia sobre seu Filho?
“Maria foi impecável e confirmada em graça de maneira tão per-
feita, que não podia pecar nem mesmo venialmente. É este o ensi-
namento dos doutores, e a Santa Igreja, que celebra a Conceição e
a Natividade da Mãe de Deus, testemunha sua crença na inamissível
santidade de Maria, não apenas em seu nascimento, como também no
próprio instante de sua puríssima e Imaculada Conceição” 41.
E ainda a célebre e bela sentença do Doutor Angélico:
“Aqueles aos quais Deus elege para uma missão, prepara-os de sor-
te que sejam idôneos para desempenhar a mesma. [...]
“Ora, a Bem-aventurada Virgem Maria foi por Deus escolhida
para ser sua Mãe, e não há dúvida de que Ele A tornou, por sua gra-
ça, idônea para semelhante missão, segundo o que o Anjo Lhe disse:
«Achaste graça diante de Deus, e eis que conceberás», etc. Certamen-
te que não seria idônea se alguma vez houvesse pecado, já porque a
40) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. II. p. 1179.
41) FABER, Mathias. In Festo Conceptionis B.V.M. Apud JOURDAIN, Z.-C. Somme des
Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.Vol. V. p. 69-70.
130
Prima E no seio materno sempre santa...
42) AQUINO, Tomás de; BUSA, Roberto. S. Thomae Opera Omnia. Summa contra gen-
tiles autographi deleta Summa Theologiae. Milano: Cartiere Binda, 1980. Vol. II. p. 810.
43) ALASTRUEY, Gregório. Tratado de la Virgen Santísima. 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 260.
131
E no seio materno sempre santa... Capítulo 2
44) VILLANUEVA, Tomas de. Obras. 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 210.
45) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan
Eudes, 1957. p. 63 e 66.
46) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima, 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 214.
132
Prima E no seio materno sempre santa...
47) AS MAIS BELAS PÁGINAS DE BERNARDES: 2000 Trechos selecionados por NU-
NES, Mario Ritter (Coord.). São Paulo: Melhoramentos, 1966. p. 412.
133
Porta dos Santos... Capítulo 2
134
Prima Porta dos Santos...
49) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.Vol.
III. p. 518 e 541.
135
Porta dos Santos... Capítulo 2
Entrando no Paraíso
pelas mãos de Maria
“Entre outras, aquela que vem narrada [...] nas crônicas de São
Domingos: Quando o santo pregava o Rosário nas proximidades de
Carcassona, quinze mil demônios, que possuíam a alma de um infe-
liz herege, foram obrigados, por ordem da Santíssima Virgem, a con-
fessar muitas verdades grandes e consoladoras, referentes à devoção
a Maria.
136
Prima Porta dos Santos...
137
Porta dos Santos... Capítulo 2
138
Prima Eva, Mãe da vida...
139
Eva, Mãe da vida... Capítulo 2
56) AS MAIS BELAS PÁGINAS DE BERNARDES: 2000 Trechos selecionados por NU-
NES, Mario Ritter (Coord.). São Paulo: Melhoramentos, 1966. p. 419.
57) LA BOULLAYE, P. H. Pinard de. Marie: Chef-d’Oeuvre de Dieu. 4. ed. Paris: Spes,
1948. p. 35-36.
140
Portentoso
milagre operado
pela
“Mãe da vida”
Estendendo suas considerações
sobre Nossa Senhora, Mãe da vida, o
Pe. Jourdain as ilustra com extraor-
dinário exemplo:
“Maria, não contente de nos pro-
curar a vida da graça, se compraz em
nos socorrer também nos perigos
Santa Casa de Loreto que ameaçam nossa vida natural.
Quantos enfermos Lhe devem sua
cura! Quantos infelizes expostos a um risco de morte inevitável foram
salvos por Ela! [...]
“Permiti-nos de vos citar um antigo fato, pouco conhecido.
“Um padre da Eslovênia, devotíssimo da Santíssima Virgem, dei-
xou seu país para se dirigir em peregrinação a Nossa Senhora de Lore-
to. Teve ele a infelicidade, durante o curso de sua viagem, de cair entre
as mãos dos turcos que infestavam as costas da Itália. Como não ces-
sasse de invocar Maria e de dizer que A amava de todo seu coração, os
infiéis lhe abriram o peito, arrancaram-lhe o coração e lho entregaram,
ordenando-lhe de ir oferecê-lo, ele mesmo, Àquela que tanto amava.
“Oh! milagre! Esse fiel servidor de Maria não morreu. Aproveitan-
do a liberdade que lhe deram seus carrascos, pôde se arrastar durante
alguns dias e chegar a Loreto. Depositou seu coração (ainda incorrup-
to) aos pés do altar de Maria, recebeu a Sagrada Comunhão e expirou.
“Eis como Maria é Mãe da vida. Ela, por um retumbante milagre,
contrariando todas as leis da natureza, conservou a vida de seu bem-
amado servidor, o bastante para que ele pudesse cumprir seu voto.
“Maria é, portanto, a Mãe da vida temporal, espiritual e eterna, que
Ela nos alcança com sua intercessão.”
rer a Maria é recobrar a graça de Deus. Lemos por isso pouco depois:
«Quem me encontra, encontra a vida e receberá do Senhor a salvação»
(Prov. VIII, 35). Ouvi-o, vós que procurais o reino de Deus, exclamou
São Boaventura, honrai a Santíssima Virgem Maria e achareis a vida
juntamente com a eterna salvação. [...] Daí as palavras de São Germa-
no: «Ó Mãe de Deus, vossa proteção traz a imortalidade; vossa interces-
são, a vida»” 58.
Consoantes aos ensinamentos precedentes, são estas palavras de
confiança na Santíssima Virgem, pronunciadas pelo Prof. Plinio Cor-
rêa de Oliveira:
“Maria é verdadeiramente nossa vida. Se Ela não existisse, não
teríamos razão alguma para esperar na misericórdia divina; não tería-
mos nada que justificasse qualquer esperança nossa do Céu, ou qual-
quer alegria na Terra. Tudo que torna vivível nossa existência é o con-
junto de esperanças que a intercessão de Nossa Senhora nos autori-
za a ter.
“Por isso Maria é nossa vida. Vivemos por Ela; e se não fosse Ela,
cairíamos desfalecidos.
“A Virgem Santíssima é verdadeiramente nossa vida!” 59
Assim, podemos concluir com o Pe. Chevalier:
“É sempre a partir do coração que o sangue se distribui pelo corpo,
e sempre através da mesma artéria principal antes de passar às secun-
dárias. O sangue é a imagem da vida divina. Esta vida nos vem do
Sagrado Coração, através desta artéria única, Maria, Mãe dos viven-
tes. No presente não vemos nem o coração, nem a artéria; nem a fon-
te, nem o canal primeiro; o próprio sangue, não o vemos. Veremos no
Céu todas essas maravilhas. Mas, tornando-se visíveis, elas não muda-
rão. A fonte será sempre a mesma, sempre o mesmo o canal. A dife-
rença é que veremos: e esta visão será nossa eterna felicidade.
“Deus, Jesus e Maria nos aparecerão em toda a sua glória. Deus,
fonte de vida, sem fundo e sem margens; nascente que brota intei-
ra em Jesus, e de Jesus se comunica a todos os eleitos, por meio de
Maria. Imensa e maravilhosa sociedade: maravilhosa pelo número de
seus membros, pela beleza de cada um; maravilhosa ainda mais por
sua perfeita unidade! Uma só vida, um só corpo, uma só cabeça e um
58) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima, 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 55 e 57.
59) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 21/5/1965. (Arquivo pessoal).
142
Prima Estrela de Jacob aparecida...
143
Estrela de Jacob aparecida... Capítulo 2
144
Prima Sois armado esquadrão contra Luzbel...
64) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. V. p. 630.
65) ÁVILA, Juan de. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. II. p. 938.
145
Sois armado esquadrão contra Luzbel... Capítulo 2
onde ele aparece, Maria tem a missão de lhe calcar a cabeça com seu
pé virginal. Não há exército que seja mais terrível ao Inferno do que
a Virgem Santíssima. Ela encarna, sob a frágil aparência de mulher, a
virtude guerreira, a força nos combates. Trate-se das imensas e mortí-
feras arenas, maculadas de sangue, perturbadas de gritos e de convul-
sões, obumbradas de pó, ou bem desse campo de batalha invisível que
se chama a consciência de cada um, a vitória é assegurada logo que se
invoca Maria” 66.
Inflexível terribilidade
Esse milenar confronto entre Nossa Senhora e o demônio foi supe-
riormente descrito por São Luís Grignion de Montfort, nas páginas
de seu Tratado da Verdadeira Devoção. Transcrevemos aqui (em itáli-
co) algumas passagens do mesmo, seguidas de comentários feitos pelo
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Uma única inimizade Deus promoveu e estabeleceu, inimizade irre-
conciliável, que não só há de durar, mas aumentar até ao fim: a inimiza-
de entre Maria, sua digna Mãe, e o demônio; entre os filhos e servos da
Santíssima Virgem e os filhos e sequazes de Lúcifer; de modo que Maria
é a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demônio. Ele Lhe deu
até, desde o Paraíso, tanto ódio a esse amaldiçoado inimigo de Deus,
tanta clarividência para descobrir a malícia dessa velha serpente, tanta
força para vencer, esmagar e aniquilar esse ímpio orgulhoso, que o temor
que Maria inspira ao demônio é maior que o que lhe inspiram todos os
Anjos e homens e, em certo sentido, o próprio Deus.
“Não que a ira, o ódio, o poder de Deus não sejam infinitamen-
te maiores que os da Santíssima Virgem, mas, em primeiro lugar, Sata-
nás, porque é orgulhoso, sofre incomparavelmente mais, por ser venci-
do e punido pela pequena e humilde escrava de Deus, cuja humildade
o humilha mais que o poder divino; segundo, porque Deus concedeu a
Maria tão grande poder sobre os demônios, que, como muitas vezes se
viram obrigados a confessar, pela boca dos possessos, infunde-lhes mais
temor um só de seus suspiros por uma alma, que as orações de todos os
Santos; e uma só de suas ameaças que todos os outros tormentos.
“Inimizade perfeita posta por Deus” — diz o Prof. Plinio Corrêa de
Oliveira. “É Nossa Senhora que aparece com tudo que há de terrível
66) BOLO, Henry. Pleine de Grace. Paris: René Haton, 1895. p. 282-283.
146
Nossa Senhora
“armado esquadrão contra Luzbel”
Nossa Senhora de Quito
Sois armado esquadrão contra Luzbel... Capítulo 2
148
Prima Sede amparo e refúgio à grei fiel...
Crescente inimizade
“São Luís Grignion diz: «É principalmente a estas últimas e cruéis
perseguições do demônio, que se multiplicarão todos os dias até ao reino
do Anticristo, que se refere aquela primeira e célebre predição e maldição
que Deus lançou contra a serpente no Paraíso Terrestre (Gên. III, 15):
Porei inimizades entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteri-
dade dela. Ela te pisará a cabeça, e tu armarás traições ao seu calcanhar.
“Revela-se aqui a noção de que existe, no decurso da História, uma
luta cada vez mais encarniçada e feroz entre a descendência de Nos-
sa Senhora, ou seja, os filhos e escravos d’Ela, e a descendência do
demônio, isto é, os homens que a ele se devotaram.
149
Sede amparo e refúgio à grei fiel... Capítulo 2
150
Prima Sede amparo e refúgio à grei fiel...
do, que alguém fosse de Vós desamparado. E por isso perdoai-me se Vos
digo que não quero ser o primeiro infeliz, que, recorrendo a Vós, não con-
siga o vosso amparo” 70.
70) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1964. p. 92.
71) DADOLLE. Le Mois de Marie. Paris: J. Gabalda, 1925. p. 251.
72) GARRIGOU-LAGRANGE, Reginald. La Mère du Sauveur et notre vie intérieure. Pa-
ris: Du Cerf, 1948. p. 275-276.
151
V. Ele próprio A criou no Espírito Santo... Capítulo 2
152
Não raras vezes,
os cristãos deveram
suas vitórias
sobre os
campos de batalha
à decisiva intervenção
de Nossa Senhora
154
Prima V. Protegei, Senhora, etc...
78) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan
Eudes, 1957. p. 115-116.
79) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. VI. p. 277-278.
80) Hino Flos Virginum.
81) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 12/7/1991. (Arquivo pessoal).
82) Veja-se p. 87 e ss.
155
Nossa Senhora
das Mercês
Capítulo 3
Tércia
Hino
157
onforme observa São João Eudes,
“todos os livros sagrados da Lei
de Moisés estão cheios de figuras
e símbolos das digníssimas Pessoas
de Nosso Senhor Jesus Cristo e de
sua sacratíssima Mãe. E todos os
Santos Padres, em seus escritos, se
comprazem em nos descobrir tais
figuras, e em nos fazer ver seu es-
plendor e beleza” 1.
O terceiro Hino do Pequeno Ofício evoca alguns desses sím-
bolos sugeridos pelo Espírito Santo, nas páginas do Antigo Testa-
mento, para fazer conhecer e amar pelos homens a futura Mãe de
Deus, antes mesmo que Ela aparecesse sobre a Terra.
Assim, entre outras, foram imagens de Nossa Senhora: a
Arca da Aliança, que continha as tábuas da Lei; o magnífico
trono de Salomão; o arco-íris traçado no céu, após o castigo do
dilúvio; a vara de Aarão, que floresceu dentro da Arca do Testa-
mento; o velo de Gedeão, ora seco, enquanto toda a terra ao seu
redor estava molhada de orvalho; ora embebido de rocio, quando
aquela permanecia árida; a sarça ardente, de dentro da qual
Deus falou a Moisés; o favo de mel que Sansão encontrou no
cadáver do leão morto por ele; e a porta oriental do templo, que
Ezequiel discerniu, cerrada, em uma de suas proféticas visões.
A recordação desses símbolos da Santíssima Virgem, acom-
panhada de novos e expressivos louvores à sua Imaculada Concei-
ção, compõe a bela Hora mariana que a seguir contemplaremos.
1) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan
Eudes, 1957. p. 49.
158
Tércia Sois a Arca da Aliança...
159
Sois a Arca da Aliança... Capítulo 3
••Virgindade incorruptível
“Maria é Arca do Testamento quanto à sua construção, primeiro,
por ser de matéria incorruptível, devido à integridade de seu corpo.
[...] Integridade que A livrou do peso da carne e A tornou incorrup-
tível, separando-A do contágio da corrupção, que dimana dessa mes-
ma carne.
••Virtudes proporcionadas
“Segundo, a Virgem foi Arca do Testamento, quanto à sua cons-
trução, porque foi de medidas proporcionadas, devido à humildade
de coração, segundo o capítulo XXXVII do Êxodo: «E Beseleel fez a
Arca de pau de setim, a qual tinha dois côvados e meio de comprido,
côvado e meio de largo, e também côvado e meio de alto». Por côvado
inteiro da medida completa se entende a virtude perfeita na realiza-
ção dos atos; por metade se entende a humildade perfeita na conside-
ração dos defeitos; [...] e essas duas coisas teve, de modo eminentíssi-
mo, a Virgem Maria, pois possuiu, ao mesmo tempo, uma virtude per-
feita e uma profunda humildade.
160
Tércia Sois a Arca da Aliança...
sar por dentro das argolas que estão aos lados da Arca, a fim de que sir-
vam para o transporte».
“Pelos quatro cantos se entendem as quatro virtudes cardeais;
pelas argolas nos quatro cantos, a obediência quadriforme dos pre-
ceitos divinos segundo a exigência das quatro virtudes. Pelos varais se
entendem duas coisas: o temor e o amor, que nos levam pelo caminho
dos bons costumes.
“A Virgem gloriosa possuiu tudo isto na perfeição, pois observou
eximiamente a divina Lei, submetendo-se a esta segundo as quatro
virtudes cardeais, a saber: prudência, justiça, temperança e fortaleza,
que, embora distintas, têm conexão e igualdade entre si, e se condu-
zem pelo temor e amor perfeito, e por elas a Arca chegou até o Céu.
E adverte como disse que os varais estarão sempre metidos nas argolas,
e nunca se tirarão delas, porque o temor e o amor sempre devem estar
unidos com as virtudes cardeais para o cumprimento dos mandamen-
tos divinos; e assim o estiveram na gloriosa Virgem.
161
Sois a Arca da Aliança... Capítulo 3
nou apto o rebento do tronco de Jessé para, sem obra de varão, pro-
duzir a flor de Nazaré, pela promessa de Deus e a sombra do Espírito
Santo, a quem a Virgem Maria se uniu estreita e confiadamente. [...]
162
Tércia Sois a Arca da Aliança...
••Eficaz
no reconciliar os pecadores arrependidos
com Deus
“Em terceiro lugar, a Arca era eficaz para reconciliar os arrependi-
dos, segundo se diz no capítulo XXVI do Êxodo: «Porás também o pro-
piciatório sobre a Arca do Testemunho do Santo dos Santos».
“Que é o propiciatório, senão aquele por quem se alcança a remis-
são dos pecados? Assim se diz no capítulo II da primeira carta de São
163
Maria é a Arca eficaz em socorrer os homens
nos perigos e angústias
Nossa Senhora defende do demônio o monge Teófilo
Detalhe da fachada da Catedral de Notre Dame de Paris
Tércia Sois a Arca da Aliança...
João: «Temos por advogado, junto ao Pai, Jesus Cristo, justo. Ele é a
propiciação pelos nossos pecados», etc.; e este propiciatório se acha
colocado sobre a Arca, porque chegamos a ele por meio da Virgem
Maria, que, como Mãe de misericórdia, roga ao Filho por nós e aplaca
a Deus, irado por nossos pecados.
165
Sois a Arca da Aliança... Capítulo 3
166
Tércia Sois a Arca da Aliança...
3) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900. Vol. I.
p. 481-482.
4) SALES, Francisco de. In: PEQUENO OFÍCIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO em
latim e português com comentários. São Paulo: Paulinas, 1956. p. 109.
167
O trono de Salomão... Capítulo 3
@ O trono de Salomão
O livro terceiro dos Reis, descrevendo as glórias e riquezas de
Salomão, filho de David, assim nos apresenta seu magnífico sólio
(X, 18-20): “Fez o Rei Salomão um grande trono de marfim, e guar-
neceu-o de ouro muito amarelo, o qual tinha seis degraus; e o alto do
trono era redondo pelo espaldar; e dois braços, um dum lado, e outro
168
Tércia O trono de Salomão...
169
Mais precioso do que o sólio do
Rei Sábio, é o
Trono puríssimo em que repousa
o Filho de Deus
Salomão,
por Doré
Nossa Senhora
de Coromoto
Tércia O trono de Salomão...
7) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900. Vol. I.
p. 536-537; Vol. VII. p. 264-265.
8) GRANADA, Luís de. Obra Selecta. Madri: BAC, 1952. p. 734.
171
O trono de Salomão... Capítulo 3
9) VILLANUEVA, Santo Tomas de. Obras. Madrid: BAC, 1952. p. 130.
10) DAMIÃO, Pedro, Sermo 1 de Nativ. B. M. Virg. Apud JOURDAIN, Z.-C. Op. cit.
p. 215.
172
Tércia Belo íris celeste...
11) Idem, p. 536-537.
173
Belo íris celeste... Capítulo 3
174
Tércia Belo íris celeste...
175
Arco-íris sobre a Igreja de Deus
Atribuindo-se a si própria a imagem do arco-íris, Nossa Senhora dirigiu a
Santa Brígida (1303-1373) palavras repassadas de materna e vigilante soli-
citude para com a Esposa Mística de Cristo. Pronunciadas naqueles idos do
século XIV, muito se aplicam elas aos conturbados dias em que vivemos.
Assim se expressa a Santíssima Virgem:
“Eu me estendo sobre o mundo em contínua oração, assim como sobre
as nuvens está o arco-íris, que parece voltar-se para a terra e tocá-la com
suas extremidades.
“Este arco-íris, sou Eu mesma que, por minhas preces, abaixo-me e me
debruço sobre os bons e os maus habitantes da Terra. Inclino-me sobre os
bons para ajudá-los a permanecerem fiéis e devotos na observância dos
preceitos da Igreja; e sobre os maus, para impedi-los de irem adiante na
sua malícia e se tornarem piores.
“Mas eu vos faço saber que, de uma parte da Terra, elevar-se-ão hor-
ríveis nuvens para obscurecer o brilho do arco radioso. Por essas nuvens
entendo aqueles que levam uma vida incontinente, que são insaciáveis de
dinheiro como os sorvedouros e abismos do mar, ou que pelo orgulho pro-
digalizam insensatamente a fortuna, como uma torrente impetuosa verte
suas águas. Vários, já agora, entre os ecônomos da Igreja, abandonam-se
a esses três excessos, e seus horríveis pecados sobem até o Céu, na pre-
sença da Divindade, para estorvar minha oração, como as nuvens o fazem
contra o brilho do arco-íris. Ademais, os que deveriam se unir a Mim para
serenar a cólera de Deus, antes a provocam e a chamam sobre si. Tais
ministros, não deveriam ser exaltados na Igreja.
“Portanto, todo aquele que deseja trabalhar para que permaneça inaba-
lável o fundamento da Igreja, e se renove essa bendita vinha que o Senhor
plantou com seu sangue, que esse se anime, e caso se julgue insuficien-
te para essa tarefa, Eu, Rainha do Céu, virei a ele com todos os Anjos para
ajudá-lo, extirpando as ervas daninhas, arrancando as árvores estéreis e
lançando-as no fogo, substituindo-as por plantas viçosas e frutíferas.
“Por esta vinha entendo a Igreja de Deus, na qual cumpre renovar a
humildade e o amor divino.”
quis tomar o nome de Nossa Senhora das Sete Dores, foi também para
que sua rica vestimenta, refletindo esperança, se tornasse para nós um
verdadeiro arco-íris, nas tristes circunstâncias de nossa vida” 16.
177
Sarça ardente da visão... Capítulo 3
grande visão, (verei) por que causa se não consome a sarça. Mas o
Senhor vendo que ele se movia para ir ver, chamou-o do meio da sar-
ça, e disse: Moisés, Moisés. E ele respondeu: Aqui estou. E (o Senhor)
disse: Não te aproximes daqui; tira as sandálias de teus pés, porque o
lugar em que estás é uma terra santa. E acrescentou: Eu sou o Deus
de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, e o Deus de Jacob.
Cobriu Moisés o rosto; porque não ousava olhar para Deus.
“E o Senhor disse-lhe: Eu vi a aflição do meu povo no Egito, e ouvi
o seu clamor causado pela crueza daqueles que têm a superintendên-
cia das obras. E, conhecendo a sua dor, desci para o livrar das mãos
dos egípcios, e para o conduzir daquela terra para uma terra boa e
espaçosa, para uma terra onde corre o leite e o mel.”
178
Tércia Sarça ardente da visão...
22) NICOLAS, Augusto. La Virgen María y el Plan Divino. Barcelona: Religiosa, 1866.
Vol. II. p. 99.
23) ROLLAND. Op. cit. p. 149-150.
179
Vós sois a Virgem florida... Capítulo 3
180
Tércia Vós sois a Virgem florida...
25) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. I. p. 485.
181
O velo de Gedeão... Capítulo 3
@ O velo de Gedeão
Relata-nos o Livro dos Juízes que os judeus imploraram socorro a
Deus contra seus perseguidores, pois havia sete anos que se encontra-
vam sob a escravidão dos madianitas.
26) LE MULIER, Henry. De la Très-Sainte Vierge d’aprés les Saintes Écritures et les Pères de
l’Église. Paris: Pilon, 1854. Vol. I. p. 82-83.
27) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 165-166; 195-196.
182
Tércia O velo de Gedeão...
28) “Uma concha”, ou, segundo o hebraico, “um grande copo” (Nota do Pe. Matos Soares,
na Bíblia por ele traduzida e comentada, 6. ed. São Paulo: Paulinas, 1953).
183
O velo de Gedeão... Capítulo 3
184
Assim como o rocio celeste
inundou o velo de Gedeão,
permanecendo seca toda a terra,
assim foi Nossa Senhora
a primeira repleta
da graça do Senhor
velo [Maria], cuja flexibilidade não lhe opõe resistência alguma, sem
sofrer por isto a menor perda em sua casta integridade” 32.
32) NICOLAS, Augusto. La Virgen María y el Plan Divino. Barcelona: Religiosa, 1866.
Vol. II. p. 99.
186
Tércia Divino portal fechado...
33) LE MULIER, Henry. De la Très-Sainte Vierge d’aprés les Saintes Écritures et les Pères de
l’Église. Paris: Pilon, 1854. Vol. I. p. 85-87.
34) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. I. p. 513.
187
Divino portal fechado... Capítulo 3
35) CEPEDA, Felix Alejandro. Virgo Veneranda. Madrid: Corazón de Maria, 1928. p. 193-194.
36) GRANADA, Luís de. Obra Selecta. Madri: BAC, 1952. p. 734.
188
Adoração dos Reis Magos,
por Fra Angélico
190
Tércia O favo do forte Sansão...
191
Mais suave
que o favo do
forte Sansão, de
Nossa Senhora
emana toda sorte
de benevolência
e doçura
Sansão e o leão,
por Doré
Tércia O favo do forte Sansão...
40) Isto é, “se vos não tivésseis valido de minha débil e tímida esposa” (Nota do Pe. Matos
Soares, na Bíblia por ele traduzida e comentada, 6. ed. São Paulo: Paulinas, 1953).
41) Do PEQUENO PEQUENO OFÍCIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO em latim e
português com comentários. São Paulo: Paulinas, 1956. p. 114.
193
O favo do forte Sansão... Capítulo 3
Mãe melíflua
Havemos também de considerar no favo de mel colhido pelo forte
Sansão, um símbolo da incomparável doçura de Nossa Senhora.
A respeito desse suave predicado mariano, comenta o Prof. Plinio
Corrêa de Oliveira:
“Em um de seus harmoniosos louvores 42 tributados à Santa Mãe
de Deus, assim canta a Igreja: «Ó Virgem lindíssima, ó Mãe melíflua».
“Celestialmente bela, Nossa Senhora está toda circundada de mel.
Essa conjugação entre a formosura e a suavidade não é fortuita, pois
há certa forma de beleza, embora majestosa, da qual se desprende, de
todos os modos, a doçura do mel.
“A formosura de Nossa Senhora não é apenas extrema, como tam-
bém apresenta extrema doçura. Desta emana toda sorte de benevo-
lência e de bondade.
“Ela é, pois, a Virgem melíflua, cuja suavidade atrai toda alma que
d’Ela se aproxima” 43.
194
Tércia Convinha, pois, certamente, que a Mãe de tão nobre Filho...
195
Convinha, pois, certamente, que a Mãe de tão nobre Filho... Capítulo 3
cia de espírito, única entre todas, conservou pura e sem mancha a ima-
gem do Senhor” 46.
46) LE MULIER, Henry. De la Très-Sainte Vierge d’aprés les Saintes Écritures et les Pères de
l’Église. Paris: Pilon, 1854. Vol. I. p. 24.
196
Tércia Convinha, pois, certamente, que a Mãe de tão nobre Filho...
depois do pecado (Gên. II, 7), assim convinha fosse formado o corpo
do segundo [Adão] de outra carne virginal, livre e isenta de toda mal-
dição e pecado” 47.
47) GRANADA, Luís de. Obra Selecta. Madri: BAC, 1952. p. 731 e 733.
197
Convinha, pois, certamente, que a Mãe de tão nobre Filho... Capítulo 3
48) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 192-193.
198
Tércia E tendo o Verbo escolhido por mãe a Virgem casta...
199
E tendo o Verbo escolhido por mãe a Virgem casta... Capítulo 3
200
Somente o Filho de Deus pôde escolher sua mãe;
por isso A fez imaculada
Imaculada Conceição
E tendo o Verbo escolhido por mãe a Virgem casta... Capítulo 3
Pérola Imaculada
Por fim, degustemos uma sábia e graciosa consideração, feita por
São Francisco de Sales:
“Nossa Senhora, a Santíssima Virgem, foi concebida por via ordi-
nária de geração; porém Deus, tendo-A predestinado em sua mente,
desde toda a eternidade, para Mãe sua, preservou-A pura e limpa de
49) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 194; 196-199.
50) OLLIVIER, Marie-Joseph. Les amitiés de Jésus. Paris: Lethielleux, 1929. p. 3.
202
Tércia V. Eu moro no mais alto dos Céus...
51) SALES, Francisco de. Obras Selectas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 503.
203
V. Eu moro no mais alto dos Céus... Capítulo 3
204
Tércia V. Eu moro no mais alto dos Céus...
52) ALASTRUEY, Gregório. Tratado de la Virgen Santísima, 3. ed. Madrid: BAC, 1952.
p. 516-517.
53) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 704-705.
54) KEMPIS, Tomás de. La Imitacion de Maria. Barcelona: Regina, 1956. p. 68-69.
205
R. E o meu trono está sobre uma coluna de nuvem... Capítulo 3
206
Tércia R. E o meu trono está sobre uma coluna de nuvem...
207
R. E o meu trono está sobre uma coluna de nuvem... Capítulo 3
fala o profeta Isaías, no capítulo XIX: «Eis que o Senhor vem ao Egi-
to sobre uma nuvem ligeira»; e [também] este versículo do Salmo: «O
Senhor os conduzia durante o dia com a nuvem»: A nuvem, devemos
reconhecê-lo, é a Bem-aventurada Virgem Maria. Ela é ligeira: sua
maternidade, sem concurso de varão, em nada Lhe pesou. «Ele os con-
duzia durante o dia com a nuvem».
“Diz bem o Salmista: Durante o dia, porque esta nuvem jamais foi
tenebrosa, mas sempre radiante de luz.
57) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. I. p. 218-219; 480-481.
208
Tércia V. Protegei, Senhora, etc...
mãe, Deus atraiu Maria até Ele, elevando-A à sua perfeita semelhan-
ça, e à mais alta dignidade da qual foi capaz uma simples criatura.
“A nuvem está entre o céu e a terra; a Virgem está entre Deus e os
homens.
“A magnificência de Deus aparece nas nuvens, diz David; muito
mais ainda aparece ela na sua Santíssima Mãe, tão exaltada acima de
toda criatura.
“A nuvem, diz o santo homem Jó, é a vestimenta do mar, as faixas
de que ele está envolto; e a Virgem, não vestiu Ela o Salvador, que
é como um imenso oceano, do qual decorrem todas as graças, sem
número nem medida?
“Ó Maria, que sois esta nuvem ligeira sobre a qual o Salvador veio
visitar os povos do Egito e derrubar seus falsos ídolos, vinde a nós, a
fim de que o Senhor nos olhe em sua misericórdia e disperse os maus
espíritos que nos perseguem” 58.
58) LE MULIER, Henry. De la Très-Sainte Vierge d’aprés les Saintes Écritures et les Pères de
l’Église. Paris: Pilon, 1854. Vol. I. p. 90-92.
59) Veja-se p. 87 e ss.
209
Nossa Senhora
das Alegrias
Capítulo 4
Sexta
Hino
211
o presente Hino louva-se a beleza
interior de Nossa Senhora, Virgem e
Mãe, admirável templo que a Santís-
sima Trindade adornou com os mais
preciosos dons celestiais.
A Bem-aventurada Virgem é
aqui exaltada como Aquela que cons-
titui a alegria dos Céus, o mais belo
modelo de castidade, o Paraíso do novo
Adão, a terra bendita da qual Ele foi
formado, por obra do Espírito Santo.
Oceano de graças, de cuja plenitude os homens as recebem,
Maria Santíssima é a porta através da qual Deus entrou no
mundo, e os justos ingressam no Céu. É, também, sublime exem-
plo de paciência para os que pugnam nas fileiras da Igreja Mili-
tante, os quais Ela consola, concedendo-lhes forças para enfrenta-
rem as provações, dores e lutas inerentes à sua missão apostólica.
Como a Esposa do Cântico dos Cânticos, Nossa Senhora é
o “lírio entre os espinhos”, a única preservada de todo pecado, em
meio aos homens manchados pela culpa original e continuamente
aguilhoados por suas más inclinações.
212
Sexta Deus Vos salve, Virgem Mãe...
213
Deus Vos salve, Virgem Mãe... Capítulo 4
Flor e fruto
Outra bela consideração sobre esse admirável privilégio de Nossa
Senhora, devemos ao Pe. Félix Cepeda, C. F. M., que assim se expri-
me:
“Grande é a glória de uma mulher que chega a ser mãe; mais pura
é a glória das que permanecem virgens. Essas duas glórias são incom-
patíveis: quem aceita uma, necessariamente se despoja da outra. Vede
as árvores na primavera como se cobrem de flores brancas ou encar-
nadas. Chega o outono, e nos regalam frutos delicados. Porém, em
vão buscareis as flores, pois estavam murchas e caíram. Não é possível
que [as árvores] ostentem, ao mesmo tempo, flores e frutos.
3) ROLLAND. La Reine du Paradis. 8. ed. Paris: Langres, 1910, Vol. I. p. 284 e 290-291.
214
Sexta Deus Vos salve, Virgem Mãe...
4) CEPEDA, Felix Alejandro. Virgo Veneranda. Madrid: Corazón de Maria, 1928. p. 184.
5) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 191.
215
Vós sois o templo da Trindade... Capítulo 4
6) KEMPIS, Tomás de. La Imitacion de Maria. Barcelona: Regina, 1956. p. 63-64.
216
Sexta Vós sois o templo da Trindade...
217
Nossa Senhora
é o resplandecente
templo erigido
pelo poder divino
219
Vós sois o templo da Trindade... Capítulo 4
220
Sexta O puro encanto dos Anjos...
“O Filho habita em Maria: Ela é sua Mãe. Não pareceu a Ele por
demais estreita esta morada, para nela residir pessoalmente durante
nove meses inteiros.
“O Espírito Santo também fez d’Ela sua morada, para cumulá-La
com a abundância de todas as suas graças.
“O pensamento de Hesíquio não era, pois, que Maria acrescentava
alguma coisa às grandezas de Deus, e dava um novo brilho às Pesso-
as Divinas. Sabia ele muito bem que a augusta Virgem recebia tudo da
gratuita bondade do Senhor. Suas palavras — totius Trinitatis comple-
mentum — podem então explicar-se no sentido de que Maria é a obra
por excelência da Santíssima Trindade; que cada uma das três adorá-
veis Pessoas, por assim dizer, esgotou em favor d’Ela seus tesouros de
sabedoria, de bondade e de poder” 9.
221
O puro encanto dos Anjos... Capítulo 4
222
Sexta O puro encanto dos Anjos...
13) THIÉBAUD. Les Litanies de La Sainte Vierge expliquées et commentées. 3. ed. Paris:
Jacques Lecoffre, 1864. Vol. I. p. 138.
223
Agasalho da castidade... Capítulo 4
@ Agasalho da castidade
Modelo de castidade
“Depois da queda de Adão — escreve Santo Afonso de Ligório —,
rebelaram-se os sentidos contra a razão, e não há para o homem mais
difícil virtude a praticar do que a castidade. Conforme o Pseudo-Agos-
tinho, por ela se luta todos os dias, mas raramente se ganha a vitória.
Contudo, o Senhor nos deu em Maria um grande modelo dessa virtu-
de.
“Ela, com razão, é chamada Virgem das virgens, lemos em San-
to Alberto; e isso porque sem conselho, nem exemplo de outros, foi
a primeira a oferecer sua virgindade a Deus. [...] Sem conselho nem
exemplo, digo eu, firmado em São Bernardo.
“Ó Virgem — pergunta o Santo — quem Vos ensinou a agradar a
Deus pela virgindade, levando na Terra uma vida angélica? Ah! tor-
na o Pseudo-Jerônimo, certamente Deus escolheu para sua Mãe esta
Virgem puríssima, para que servisse a todos de exemplo de castidade.
Eis a razão por que Santo Ambrósio a chama de porta-bandeira da vir-
gindade” 15.
224
Protetora da Castidade
Castidade vitoriosa
Com belas palavras, o Pe. Thiébaud apresenta-nos a castidade de
Nossa Senhora como fonte dos grandes triunfos do cristianismo:
“É sob o patrocínio da Virgem que a castidade invadiu de súbito
todo o universo, e que esta virtude não apenas povoou os santuários
e os desertos de uma nova raça, mas também se espalhou pelo mun-
do, produzindo, com inesgotável e juvenil fecundidade, gerações cas-
tas. Poucos anos depois do exemplo de Maria, Roma, segundo expres-
são de Santo Ambrósio e de Tertuliano, contava já em seu seio todo
um povo de virgens — Plebem pudoris. [...]
“A Virgem Maria foi a primeira que se consagrou a Deus por um
voto de castidade perpétua.
“Esse corajoso exemplo produziu, e continua a produzir todos os
dias, na Igreja, Anjos de virtude que se lançam com confiança nesse
caminho novo, e que realizam, palmilhando-o, o prodígio das paixões
extintas, das inteligências esclarecidas, das fraquezas vencidas e das
vontades divinamente inabaláveis. É à virtude da castidade da qual a
Virgem Maria é o primeiro modelo, que o cristianismo deve seus mais
belos triunfos e suas mais esplêndidas vitórias” 17.
226
Sexta Sois o consolo dos tristes...
227
Sois o consolo dos tristes... Capítulo 4
228
Sexta Sois o consolo dos tristes...
229
Para todos os que A invocam,
é Maria inesgotável fonte
de consolo e fortaleza
Nossa Senhora da Consolata
Sexta Sois o consolo dos tristes...
231
Alegria dos devotos de Maria;
tristeza dos que A renegam
234
Sexta Horto da alegria cara...
235
Horto da alegria cara... Capítulo 4
236
Sexta Sois a palma da paciência...
237
Sois a palma da paciência... Capítulo 4
238
Sexta Sois a palma da paciência...
“Aquele que está pregado na Cruz, seu Deus, seu Filho, Maria sabe
que Ele deve morrer para a salvação do mundo. E como Ela consen-
tiu no nascimento da Vítima do gênero humano, importa que Ela dê
seu consentimento para sua imolação; cumpre que Ela aceite as dis-
posições da Providência. A um tempo testemunha e sacerdote, sobre
a montanha do Calvário, Ela se uniu ao Padre Eterno para entregar
seu comum Filho ao suplício pela Redenção do mundo, tornando-se,
em meio de indizíveis torturas, a Mãe do gênero humano! Oh! quem
poderá exprimir o excesso de suas dores? [...]
Paciência jubilosa
“[Entretanto], jamais, no meio de suas penas, Ela deixou escapar
o menor murmúrio; nunca se lamentou com amargura; palavras de
recriminação, ainda as mais ligeiras, jamais afloraram em seus lábios.
E em sua alma, nunca o desfalecimento.
“Por certo, sentiu Ela, vivamente, a amargura da tribulação, o peso e
a dureza da cruz. Porém, estava inteiramente resignada às disposições da
Providência. Como seu Divino Filho, em meio às mais terríveis angústias,
Ela dizia: «Ó Pai, que seja feita a vossa vontade, e não a minha!» Fiat!
“Que digo eu, Ela estava resignada? Sua paciência não se conten-
tava com esse grau inferior. Não somente Ela sofria sem revolta, mas
com um pressuroso consentimento. Não Lhe bastava o não rejeitar a
cruz: Ela a acolheu generosamente. Como Jesus, Ela ia ao martírio
com valentia, dizendo: «Levantemo-nos, vamos!» [...]
“À imitação de seu Divino Filho, tinha Ela um insaciável desejo da
cruz! Como Ele, em meio às mais acerbas penas, espantosas angústias
e inexprimíveis dores, Ela superabundava de alegria!
“Como essas montanhas cujos flancos são obscurecidos pelas
nuvens acumuladas, inundados por um dilúvio de chuvas torrenciais,
riscados por horríveis relâmpagos, enquanto o seu cume refulge na luz
e recebe os brilhos e os raios do sol, assim Maria, na parte inferior de
sua alma, sofria um martírio atroz, enquanto na parte superior, por
um admirável prodígio da graça, permanecia na paz e na mais intensa
alegria, inefavelmente feliz de sofrer com Jesus Cristo, pela glória de
Deus e a salvação das almas!” 29
29) ROLLAND. La Reine du Paradis. 8. ed. Paris: Langres, 1910, Vol. I. p. 564-565; 567;
569-573.
239
“Oh! Sublime paciência dos que lutam!”
Sobre a virtude da paciência, da qual nos é perfeitíssimo modelo a
Virgem Maria, comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Paciência é a virtude pela qual se sofre para um bem maior. Paciên-
cia é, pois, a capacidade de sofrer para o bem. Precisa de paciência o
doente que, esmagado por um mal incurável, aceita resignado a dor que
ele lhe impõe. Precisa de paciência aquele que se debruça sobre as dores
alheias, para as consolar como Vós consolastes, Senhor Jesus, os que
Vos procuravam. Precisa de paciência quem se dedica ao apostolado com
invencível caridade, atraindo amorosamente a Vós as almas que vacilam
nas sendas da heresia ou no lodaçal da concupiscência. Precisa também
de paciência o cruzado que toma a cruz, e vai lutar contra os inimigos da
Santa Igreja. É um sofrimento tomar a iniciativa da luta, formar e man-
ter de pé dentro de si sentimentos de pugnacidade, de energia, de com-
batividade, vencer o indiferentismo, a mediocridade, a preguiça, e ati-
rar-se como um digno discípulo d’Aquele que é o Leão de Judá, sobre o
ímpio insolente que ameaça o redil de Nosso Senhor Jesus Cristo.
“Oh! sublime paciência dos que lutam, combatem, tomam a iniciati-
va, entram, falam, proclamam, aconselham, admoestam, e desafiam por
si sós toda a soberba, toda a empáfia, toda a arrogância do vício insolen-
te, do defeito elegante, do erro simpático e popular!
“Vós fostes, Senhor, um modelo de paciência. Vossa paciência não con-
sistiu, entretanto, em morrer esmagado debaixo da Cruz quando vo-la
deram. Conta uma piedosa revelação que, quando recebestes das mãos
dos verdugos a vossa Cruz, Vós a osculastes amorosamente, e, tomando-a
sobre os ombros, com invencível energia a levastes até o alto do Gólgota.
Dai-nos, Senhor, essa capacidade de sofrer. De sofrer muito. De
sofrer tudo. De sofrer heroicamente, não apenas suportando o sofrimen-
to, mas indo ao encontro dele, procurando-o, e carregando-o até o dia
em que tenhamos a coroa da vitória eterna.”
242
Sexta O cedro da pureza rara...
30) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 355-356.
31) ROLLAND. La Reine du Paradis. 8. ed. Paris: Langres, 1910, Vol. I. p. 161; 536-537.
243
Maria, terra Vós sois, bendita... Capítulo 4
244
Sexta Maria, terra Vós sois, bendita...
245
Maria, terra Vós sois, bendita... Capítulo 4
246
Sexta ... E sacerdotal...
@ ... E sacerdotal
Terra sacerdotal da Santíssima Trindade
“Maria é a terra sacerdotal do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Essa terra sempre foi e para sempre será livre de todo pecado.
“Deus Pai disse a seu Filho, como Jacob a José (Gên. XLVIII,
21-22): «Eu te dou aquela parte [de meus bens], que ganhei da mão dos
amorreus, com a espada e com o meu arco» — o que exprime a santifi-
cação de Maria.
“Quando os descendentes de José entrassem na terra prometida,
este, na pessoa de seus netos, teria sua parte como os outros filhos
de Jacob. Existe, porém, uma parcela dos bens do Patriarca que lhe
é preciosa entre todas, a qual ele concede a José, muito antes de que
chegasse o momento de se apropriar do resto.
“José representa, aqui, Jesus Cristo Nosso Senhor; e a porção pre-
ciosa por excelência da herança de Jacob, que lhe foi concedida com
tantos séculos de antecedência, é Maria. Ela Lhe pertence, e nenhum
outro senão Ele pode pretender qualquer direito sobre essa augus-
ta criatura. Para possuí-La, o Padre Eterno empregou o poder de seu
247
... E sacerdotal... Capítulo 4
braço: «que ganhei da mão dos amorreus, com a espada e com o meu
arco»” 40.
40) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. I. p. 455-456.
41) Do PEQUENO OFÍCIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO em latim e português
com comentários. São Paulo: Paulinas, 1956. p. 129-130.
248
Sexta ... E sacerdotal...
42) ALASTRUEY, Gregório. Tratado de la Virgen Santísima. 3. ed. Madrid: BAC, 1952.
p. 616-618.
249
Concebida e preservada sem pecado original... Capítulo 4
vífica da Virgem não só não entra em colisão com Cristo, como nos
é transmitida sobretudo através de seu sacrifício, pelo que este não
pode ser aceito com plenitude, se alguém o desliga dos vínculos que
tem com a Virgem Maria” 43.
43) BANDERA, Armando. Papel de Maria en la formacion del corazón sacerdotal de Cristo.
Vol. 16. Burgos: Teología del Sacerdocio, 1983. p. 226-227.
44) MARIA, Júlio. Por que amo Maria. Petropólis: Vozes, 1939. p. 247.
250
Sexta Concebida e preservada sem pecado original...
251
Cidade santa do Altíssimo... Capítulo 4
45) PIO X. Encíclica Ad Diem Illum (2/2/1904). In: Documentos Pontifícios. Petrópolis:
Vozes, 1953. p. 32-34.
252
Sexta Cidade santa do Altíssimo...
46) VILLANUEVA, Tomas de. Obras. Madrid: BAC, 1952. p. 153 e 157.
47) LE MULIER, Henry. De la Très-Sainte Vierge d’aprés les Saintes Écritures et les Pères de
l’Église. Paris: Pilon, 1854. Vol. I. p. 35-36.
253
A Virgem e o
Menino
255
Cidade santa do Altíssimo... Capítulo 4
48) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.Vol.
I. p. 231-234.
256
Sexta Cidade santa do Altíssimo...
49) AS MAIS BELAS PÁGINAS DE BERNARDES: 2000 Trechos selecionados por NU-
NES, Mario Ritter (Coord.). São Paulo: Melhoramentos, 1966. p. 161-162.
257
Do Céu entrada oriental... Capítulo 4
258
Sexta Há em Vós, singular Virgem...
abrir para os homens a via que conduz ao Céu. Por isso Jesus Cristo A
colocou à testa de todo o gênero humano, e quis que ninguém pudes-
se ser salvo, nem subir ao Céu, senão pelo consentimento e sob a pro-
teção e a direção de Maria” 51.
Compreende-se, pois, que essa gloriosa prerrogativa de Nossa
Senhora tenha feito exclamar a São Tomás de Villanueva:
“Ó porta feliz, pela qual entrou Deus no mundo e entra o homem
no Céu! Porta do Céu e porta do mundo. Por esta porta entra Deus na
Terra, pela mesma entra o justo no Céu: a Mãe de Deus para todos foi
feita porta. Verdadeiramente esta é a casa de Deus e a porta do céu” 52.
51) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. I. p. 686; Vol. III. p. 266-267 e 269.
52) VILLANUEVA, Tomas de. Obras. Madrid: BAC, 1952. p. 289-290.
53) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferências em 7/2/1971 e 7/1/1993. (Arquivo pessoal).
54) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferências em 25/9/1990 e 22/4/1992. (Arquivo
pessoal).
259
Imagem viva da virgindade
Em seu admirável Tratado das Virgens, o grande Santo Ambró-
sio traça o perfil moral d’Aquela que é a Virgem singular:
“Começarei por vos apresentar a imagem viva da virgindade,
personificada na Virgem Maria, espelho de pureza e exemplo de
virtude, digna de que A tomeis como regra de vida, porque Ela vos
ensina, como mestra divina de bondade, o que haveis de corrigir,
o que vos convém evitar e o que deveis pôr em prática. Pois, [...]
se o primeiro e principal estímulo é a virtude do mestre que leva
ao aluno a prestar-lhe fé e a segui-lo, que mestre superará em dig-
nidade a Mãe de Deus? Quem mais esplendorosa do que Ela, a
quem cobre o próprio esplendor? Que mestre de castidade se Lhe
poderá comparar? [...]
“E que direi das demais virtudes que A ornam? [...]
“É virgem no corpo e na alma, pura de desordenados afetos.
De coração humilde, moderada no juízo, grave e prudente no falar,
recatada no trato, amiga do trabalho.
“Inimiga de honras terrenas, mede suas ações de acordo com a
razão, movendo-se unicamente por amor à virtude. [...] Nunca afli-
giu os humildes, nem desprezou o débil, nem desamparou o neces-
sitado, nem teve trato com homens, a não ser o que era ditado
pela misericórdia e tolerava o pudor. Seus olhos não conheceram
o fogo da luxúria, nem seus lábios pronunciaram palavras levia-
nas, nem faltou jamais com a decência em sua conduta. Nunca
se viu n’Ela movimento indecoroso, nem andar descomposto, nem
voz presumida. Ao contrário, sua compostura refletia a força inte-
rior da alma. [...]
“Sua moderação nos alimentos era sobre-humana, e contínua
sua dedicação em trabalhos manuais, porque jejuava diariamente,
sem comer mais que o necessário para conservar a vida, e trabalha-
va incessantemente, sem dar trégua à ociosidade. No curto descan-
so que concedia a si mesma, enquanto o corpo repousava, vigiava o
espírito, interrompendo inúmeras vezes o sono para ler ou se dedi-
car a exercícios piedosos, ou à preparação do que havia de fazer em
seguida.
“Inimiga da rua, não sai senão para visitar o templo, e sempre
acompanhada de seus pais ou familiares; não porque sua honesti-
dade exigisse vigilância, pois no seu recolhimento levava a melhor
defesa, mas por maior decoro e modéstia, a qual resplandecia em
seus movimentos e palavras com tal arte, que conquistava o respei-
to e admiração de quantos A viam, apartada das vaidades e entre-
gue inteiramente à virtude. [...]
“Assim no-La apresenta o Evangelho, assim A achou o Anjo,
assim A elegeu o Espírito Santo. Para que investigar mais no arqui-
pélago daquela santidade, que arrebatou o coração de seus pais, foi
digna dos elogios dos estranhos e, sobretudo, foi merecedora de
que Deus A escolhesse por Mãe? [...]
“Fixai o olhar neste perfeito modelo e viva escola de todas as
virtudes, escutai-o e imitai-o, se desejais dirigir vossos passos
pelas vias da glória eterna.”
AMBRÓSIO. Tratado de las Virgenes. Buenos Aires: Tor , [s.d.]. p. 42-44 e 46.
Há em Vós, singular Virgem... Capítulo 4
Fundadora da virgindade
E o ardoroso São Tomás de Villanueva saúda a Virgem singular
como sendo a fundadora da virgindade: “Ó régia Virgem, tendes a pri-
mazia entre as virgens, fostes a inspiradora e mestra das virgens, o tro-
quel da virgindade, a autora e fundadora da mesma, a primeira desta
sagrada religião. [...]
“Ó Virgem pura, Virgem única, Virgem singular! Realmente sin-
gular e única, ante a qual não se pode apresentar dignamente virgem
alguma, e em cuja comparação toda outra virgindade poderia parecer
corrupção. [...]
“Virgem sagrada, pura e imaculada, com o privilégio sobre as
demais de tornar puros, por assim dizer, a quantos A fitassem, pois
55) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie, Paris: Hippolyte Walzer, 1900.Vol.
III. p. 119-120.
262
Sexta Toda a graça celestial...
Oceano de graças
Inspirado nessa sentença montfortiana, comenta o Prof. Plinio
Corrêa de Oliveira:
“Nossa Senhora é verdadeiramente um oceano de graças. Assim
como o mar está para as outras águas, assim está Ela em relação aos
outros homens, pela abundância e a imensidade de dons celestiais
com que foi enriquecida por Deus.
“E assim como todas as águas, em última análise, correm para o
grande oceano, também todas as graças nos são concedidas, e chegam
até nós, pela intercessão de Maria Santíssima” 58.
263
Toda a graça celestial... Capítulo 4
59) CLARET, Antônio Maria. Escritos Autobiograficos y Espirituales. Madrid: BAC, 1959.
p. 767-768.
264
“Deus Pai ajuntou todas as águas
e denominou-as mar;
reuniu todas as suas graças
e chamou-as Maria”
Nossa Senhora
das Graças
V. Como um lírio entre os espinhos... Capítulo 4
266
Sexta V. Como um lírio entre os espinhos...
267
V. Como um lírio entre os espinhos... Capítulo 4
268
Sexta V. Protegei, Senhora, etc...
63) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Oeuvres Complètes. Tournai: Casterman, 1880. Vol. VIII.
p. 180.
64) Veja-se p. 87 e ss.
269
“Foi do dragão a
soberba, por Vós
ferida e humilhada”
Virgem do Apocalipse
Capítulo 5
Noa
Hino
271
Revolução tem como mentor o demônio, e por isso
ela é o que há de mais vil na Terra; é um movi-
mento que se arrasta — como a diabólica ser-
pente — em meio aos vícios e pecados humanos,
por entre aquilo que há de sórdido, feio, torto e
abjeto, neste vale de lágrimas.
“Nossa Senhora é Aquela que aterroriza
esse perigoso e infame adversário, porque Ela é
em tudo o oposto da Revolução.
“Maria Santíssima é a Virgem-Mãe do Salvador, com tudo
quanto é digno, belo, nobre e santo reunido para adorná-La. Ela
possui graus de esplendor, de pureza e de perfeições inimagináveis!
É o contrário da maldita serpente, cuja cabeça Ela traz, continua-
mente, esmagada sob seus pés” 1.
Encontra-se, nestas palavras do Prof. Plinio Corrêa de Olivei-
ra, uma perfeita síntese dos comentários que se poderiam fazer sobre
a Hora Noa do Pequeno Ofício.
Os acentos deste Hino evocam, primordialmente, o poder vi-
torioso da Santíssima Virgem. Ela é a cidade fortificada, o seguro
refúgio dos pecadores. É a inexpugnável Torre de David, revestida de
escudos e armaduras de heróicos guerreiros, símbolos das excelsas vir-
tudes de Maria, nunca atingidas pelos ataques do infernal inimigo.
Abrasada no amor a Deus, desde o primeiro instante de sua
Imaculada Conceição, Nossa Senhora quebrantou — e para todo o
sempre esmagará — a soberba do demônio.
Na Hora Noa surgem três insignes filhas do povo eleito, figu-
ras da Bem-aventurada Virgem: a bela Abigail, que representa a
onipotência suplicante de Nossa Senhora; a heróica Judith, imagem
da fortaleza e do poder d’Aquela que venceu o demônio; e Raquel,
mãe de José, governador do Egito, que simboliza a Santíssima Mãe
do verdadeiro Salvador do mundo.
O Hino se encerra com uma enlevada homenagem à excelsa
formosura — espiritual e física — da Imaculada Conceição.
1) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 31/1/1989. (Arquivo pessoal).
272
Noa Cidade sois de refúgio...
273
Cidade sois de refúgio... Capítulo 5
2) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 80-81.
3) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. I. p. 507, 655.
274
Noa Cidade sois de refúgio...
4) MENÉNDEZ, Josefa. Apelo ao Amor. 3. ed. Rio de Janeiro: Rio-S. Paulo, 1963.
p. 598-599.
5) LACROIX, Pascoal. A Virgem Maria, Seguro refúgio dos pecadores. Petrópolis: SCJ,
1935. p. 42.
6) Idem, 56.
7) Idem, p. 57.
8) Idem, p. 28.
275
Cidade sois de refúgio... Capítulo 5
276
Noa Cidade sois de refúgio...
mente de Jesus Cristo — que possa intervir em nosso favor com cari-
dade e convicção semelhantes [às de Maria].
“Se sois obrigados a desistir de encontrá-lo, não deveis convir que
os prodígios de misericórdia atestados por tantos testemunhos se
explicam sem dificuldade, que a fé dos séculos cristãos se acha ampla-
mente justificada, que Maria, numa palavra, merece verdadeiramente
o título de «Refúgio dos pecadores», posto que os maiores culpados,
aqueles cujos apelos o mais misericordioso dos eleitos poderia ser ten-
tado a rejeitar, têm a certeza de n’Ela encontrar uma Advogada pron-
ta a defender sua causa, com o apaixonado afeto de uma mãe?” 9
9) LA BOULLAYE, P. H. Pinard de. Marie, Chef-d’Oeuvre de Dieu. 4. ed. Paris: Spes,
1948. p. 51-52 e 61.
10) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 8/12/1965. (Arquivo pessoal).
277
De torres fortalecida... Capítulo 5
@ De torres fortalecida,
Por David entrincheirada, e de armas também
munida.
Refere-se aqui às fortificações com que David protegeu sua cidade,
Jerusalém. A tais defesas se refere Salomão, no Cântico dos Cânticos,
ao comparar a formosura da Esposa com a “torre de David, que foi
edificada com seus baluartes; dela estão pendentes mil escudos, toda a
armadura dos heróis” (Cânt. IV, 4). São outros símbolos e representa-
ções de Maria Santíssima.
Inexpugnável fortaleza
Com efeito, “que cidade ou castelo há, mais forte, mais sólido e
mais formoso que a sacratíssima Virgem? Cuja alma confirmou Deus
em graça tão soberanamente que jamais se apartou d’Ele, nem em
suas palavras, nem em suas obras, nem em seus pensamentos. Que
torre tão inexpugnável foi aquela alma santíssima, à qual o demônio
não pôde conquistar com todos seus enganos e ataques!
“Mais ainda: nem sequer ousou invadir seu interior; jamais conse-
guiu o demônio tornar-se dono de uma só ameia deste castelo. Caste-
lo este não apenas invencível, mas também invulnerável; pois, embo-
ra haja sofrido perseguição por parte do inimigo, jamais teve tentação
relacionada com a carne, como está escrito: Abimelec não a tocou.
“Se começarmos a considerar o mundo, desde o princípio, e a discor-
rer através de todos os filhos de Adão, nada encontraremos mais está-
vel, mais inabalável, mais constante do que esta sagrada Virgem. [...]
278
Pela sublimidade
de sua perfeição
Nossa Senhora
é uma torre
que se eleva
até o mais alto do Céus
11) VILLANUEVA, Tomas de. Obras. 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 369-370.
280
Noa Por David entrincheirada, e de armas também munida...
••Força invencível
“Em terceiro lugar, Maria é semelhante a uma torre por sua for-
ça invencível. Ela é a mulher forte de que fala a Escritura, e é sua mão
que sustenta a Igreja militante em meios às lutas e provas de cada dia.
“Foi particularmente no momento da Paixão de seu Divino Filho
e durante as longas horas da permanência de seu corpo no sepul-
cro, que se manifestou a força desta Mãe de dores. [...] Ela seguiu
sem esmorecer seu adorável Jesus, até o alto do Calvário; deu seu
consentimento para o sacrifício da Redenção, ficou ao pé da Cruz
durante todo o tempo que seu Filho nela esteve pregado, e esperou,
com a mais viva e inabalável fé, o feliz momento de sua Ressurrei-
ção. E agora é Ela que transmite a virtude da fortaleza a todos aque-
les que dela necessitam e que recorrem confiantes à sua maternal
proteção.
“Os Apóstolos e os primeiros cristãos foram amparados por Maria,
em meio às provações suscitadas pelo ódio dos judeus e de outros per-
281
Por David entrincheirada, e de armas também munida... Capítulo 5
12) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. III. p. 233-234 e 236-239.
282
Noa Bem não éreis concebida, em caridade abrasada...
283
Bem não éreis concebida, em caridade abrasada... Capítulo 5
a adorar, louvar, glorificar e amar a Deus com toda sua alma e com
todas suas forças, e conforme à quantidade de graça que n’Ela havia.
Por cuja razão se pode dizer com toda verdade que, como esta graça
excedia à dos principais Anjos e maiores Santos, Ela adorou também
a Deus mais perfeitamente, louvo-O e O glorificou mais dignamente,
e O amou mais ardentemente no primeiro instante de sua vida, do que
o fizeram os grandes Santos no fim de seus dias. [...]
15) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan
Eudes, 1957. p. 66; 313-314.
284
Noa Bem não éreis concebida, em caridade abrasada...
diz São Tomás, não na Terra, mas no Céu, poderão cumpri-lo perfeita-
mente. Na opinião de Santo Alberto Magno, semelhante preceito, por
ninguém cumprido com perfeição, de certo modo teria sido indecoro-
so ao Senhor, que o decretou, se não houvesse existido sua santa Mãe
que o cumpriu perfeitamente.
“Tal pensamento é confirmado por Ricardo de São Vítor: A Mãe
de nosso Emanuel em todo sentido praticou as virtudes com consuma-
da perfeição. Quem como Ela cumpriu o preceito de amar a Deus de
todo o coração? Tão intenso era n’Ela o incêndio do amor divino, que
não restava lugar para a menor imperfeição. De tal modo o amor divi-
no feriu a alma de Maria, observa São Bernardo, que não Lhe deixou
parte alguma que não fosse ferida de amor. Deste modo, pois, cum-
priu a Senhora perfeitamente o primeiro preceito divino. [...]
285
Bem não éreis concebida, em caridade abrasada... Capítulo 5
por singular privilégio, foi a sua vida um ato único e contínuo de amor
de Deus. [...]
“O amor para com Deus e para com o próximo nos é imposto pelo
mesmo preceito: «E nós temos de Deus este mandamento que o que
ama a Deus ame também o seu irmão» (I Jo. IV, 21). São Tomás nos dá
a razão: Quem ama a Deus, ama todas as coisas amadas por Ele. Dis-
se um dia Santa Catarina de Siena: «Meu Deus, quereis que eu ame ao
próximo e só a Vós eu posso amar». Ao que lhe respondeu o Senhor:
«Quem me ama, também ama tudo aquilo que é amado por Mim».
“Ora, como nunca houve, nem haverá quem ame a Deus mais do
que Maria, também nunca houve, nem haverá quem mais do que Ela
ame o próximo. [...] Mais brilhante prova dessa grande caridade não
nos pôde dar, do que oferecendo seu Filho à morte pela nossa salva-
ção. Tanto amou o mundo, que, para salvá-lo, entregou à morte Jesus,
o seu Filho Unigênito, diz um texto atribuído a São Boaventura. De
onde assim Lhe fala Santo Anselmo: Ó bendita entre as mulheres, Tu
excedes aos Anjos em pureza, e aos Santos em compaixão” 16.
16) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima, 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 338-342.
286
Noa Foi do dragão a soberba, por Vós, ferida e humilhada...
287
Abrasada no
amor a Deus
e ao próximo,
Maria é
a Virgem
Poderosa que
sempre esmagará
a soberba do
Nossa Senhora do
dragão infernal Olvido, Triunfo e
Misericórdia
Noa Foi do dragão a soberba, por Vós, ferida e humilhada...
20) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 94-95.
289
Sois a bela Abigail... Capítulo 5
21) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Virgo Potens. In: Maio mês das flores... Belo mês de
Maria. São Paulo: Rádio Bandeirante, 1938. p. 96-98.
290
Noa Sois a bela Abigail...
291
Sois a bela Abigail... Capítulo 5
292
Noa Sois a bela Abigail...
22) ROLLAND. La Reine du Paradis. 8. ed. Paris: Langres, 1910. Vol. I. p. 124; 129-130.
293
Sois a bela Abigail... Capítulo 5
294
Nossa Senhora
do Sagrado Coração
23) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.Vol. I.
p. 523-525.
296
Noa Sois a bela Abigail...
297
Judith invicta e animosa... Capítulo 5
298
Noa Judith invicta e animosa...
“Ora, aconteceu que estas palavras foram ouvidas por Judith, viú-
va, filha de Merari. Havia já três anos e seis meses que Judith tinha
ficado viúva de Manassés. E no andar superior da sua casa tinha fei-
to para si um quarto retirado, no qual se conservava recolhida com as
suas criadas, e, trazendo um cilício sobre os seus rins, jejuava todos
os dias de sua vida, exceto nos sábados, e [nos primeiros dias de cada
mês], e nas festas da casa de Israel. E era de belíssimo aspecto, e seu
marido lhe tinha deixado muitas riquezas, e uma família numerosa, e
fazendas cheias de manadas de bois e de rebanhos e de ovelhas. E ela
era estimadíssima de todos porque tinha muito temor de Deus, e não
havia ninguém que dissesse dela uma palavra em desfavor.
“Tendo, pois, ela sabido que Ozias tinha prometido entregar a cida-
de, passados cinco dias, mandou chamar os anciãos Cabri e Carmi. E
eles foram ter com ela, e disse-lhes: Que palavra é esta, com a qual
concordou Ozias, de entregar a cidade aos Assírios, se dentro de cin-
co dias vos não viesse socorro? E quem sois vós, que tentais o Senhor?
Não é esta uma palavra que excite a sua misericórdia, mas antes pro-
voca a ira, e acende o furor. [...] Mas, porque o Senhor é paciente,
arrependamo-nos disto mesmo, e, derramando lágrimas, imploremos
a sua misericórdia. [...]
“Então Ozias e os anciãos responderam-lhe: Tudo o que nos tens
dito é verdade, e nada há de repreensível nas tuas palavras. Agora,
pois, ora por nós, porque tu és uma mulher santa e temente a Deus.
“E Judith disse-lhes: Assim como reconheceis que o que eu vos
disse é de Deus, assim também sabereis por experiência que vem de
Deus o que resolvi fazer; e (entretanto) orai para que Deus torne efi-
caz a minha resolução” (Jud. VII, 23-24; VIII, 1, 4-11, 14, 28-31).
299
Judith invicta e animosa... Capítulo 5
Glorificação de Judith
De posse de tão espantoso troféu, Judith retorna à sua cidade,
onde é aclamada como heroína por todo o povo. Os assírios, conhe-
cendo a morte de seu general, foram tomados de terror e fugiram pre-
cipitadamente. E os “filhos de Israel, que os perseguiam juntos em
um só batalhão, destroçavam todos os que podiam encontrar. [...] E os
que tinham ficado em Betúlia, entraram no acampamento dos assírios
e levaram os despojos que estes, na sua fuga, tinham deixado, e volta-
ram muito carregados. [...]
“E o Sumo Sacerdote Joacim foi de Jerusalém a Betúlia com todos
os seus anciãos, para ver Judith. Tendo ela saído a recebê-los, abenço-
300
Noa Judith invicta e animosa...
••Excelência do nome
“«E Holofernes disse a Judith: Bem fez Deus que te enviou à frente do
teu povo, para o entregares nas nossas mãos; e, visto que tua promessa é
301
Assim como Judith
cortou a cabeça de Holofernes,
assim Nossa Senhora,
em sua Imaculada Conceição,
quebrantou para sempre
a cabeça do demônio
Imaculada
Conceição
Judith corta
a cabeça de
Holofernes,
por Doré
Noa Judith invicta e animosa...
boa, se o teu Deus me fizer isto, será ele também o meu Deus, e tu serás
grande na casa de Nabucodonosor, e o teu nome será célebre em toda a
Terra» (Jud. XI, 20-21).
“Holofernes promete a Judith que ela será grande na casa de
Nabucodonosor, e que seu nome será ilustre em toda a Terra.
“Judith foi grande na casa de Deus, e seu nome, que significa con-
fissão e louvor, é ilustre no Céu e sobre a Terra. Todos os servidores de
Deus o repetirão com respeito e admiração. Mas a grandeza de Judi-
th na casa de Deus, não é senão uma pálida figura da magnificência de
Maria. [...] Em todos os lugares Ela foi grande à vista de Deus e dos
Anjos. Porém, sua incomparável grandeza brilha na Santa Igreja, casa
que Deus edificou para si sobre a Terra. Ela refulge, sobretudo, no
Céu, palácio do soberano Rei, onde a Mãe de Jesus desfruta de todos
os direitos e de todas as homenagens devidas à Mãe de um tal Filho.
“«Teu nome será ilustre por toda a Terra», dizia ainda Holofernes.
Há sobre a Terra um país onde não ressoem louvores ao nome de
Maria? Por toda a parte este nome é invocado com confiança e amor,
em todos os lugares é celebrado como o mais belo, o maior, o mais
santo de todos os nomes, depois do de Jesus. No Céu, sobre a Terra
e no Purgatório, o nome de Maria é grande. É a alegria dos Santos,
esperança dos pecadores, a consolação dos aflitos, o terror dos inimi-
gos de Deus.
••Caridade
••Fortaleza
303
Judith invicta e animosa... Capítulo 5
304
Noa Judith invicta e animosa...
25) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. I. p. 547-549; 550-551; 553-554.
26) LE MULIER, Henry. De la Très-Sainte Vierge d’aprés les Saintes Écritures et les Pères de
l’Église. Paris: Pilon, 1854. Vol. I. p. 118.
305
Fostes do vero David Mãe terna, Mãe carinhosa... Capítulo 5
306
Noa Fostes do vero David Mãe terna, Mãe carinhosa...
29) VILLANUEVA, Tomas de. Obras. Madrid: BAC, 1952. p. 198 e 421.
307
Fostes do vero David Mãe terna, Mãe carinhosa... Capítulo 5
Amor indivisível
“Mas, pouco seria comparar o amor de Maria por seu Filho, àque-
le que têm as mães comuns. Quantas razões para que ele sobrepuje
em ternura, em devotamento, em vivacidade, a qualquer outro amor
materno! É um amor que não se divide. Este Filho é o seu, inteira-
mente o seu, exclusivamente o seu. [...] Não há divisão entre o pai e
a mãe: todo o amor se concentra no coração de Maria, porque Ela é
Virgem, e porque Jesus Cristo não possui, sobre a Terra, senão a Ela
por autora. Tampouco nenhuma divisão entre os filhos. Esse primo-
gênito é o único, [...] por um desígnio absoluto de Deus, certamen-
te conhecido de Maria. Não quero dizer que os filhos sejam sempre
menos amados, quando eles se multiplicam junto à mãe; porém, exis-
tem naturalmente para o [filho] único mais cuidados afetuosos, mais
solicitudes. [...] «O meu amado é para mim, unicamente para mim; e eu
unicamente para ele» (Cânt. II, 16): é o que pode dizer a Virgem, con-
templando a Jesus. [...]
308
Noa Fostes do vero David Mãe terna, Mãe carinhosa...
309
Fostes do vero David Mãe terna, Mãe carinhosa... Capítulo 5
“«Ó Deus, Filho desta bem-aventurada Mãe, Vós que sois a Virtude
e a Sabedoria do Pai, suplicamo-Vos por esta mesma misericórdia que
Vos fez homem por nós, dignai-Vos fazer-nos sentir intimamente quais
eram os pensamentos e os afetos de vossa suavíssima Mãe, quando,
com o coração transbordante de santa alegria, Ela Vos mantinha, ain-
da menino, sobre seus joelhos, respondendo às vossas inocentes carícias
por doces e frequentes ósculos; ou então quando Ela Vos consolava em
vossos prantos, com as mais amáveis diligências de seu amor; quando,
enfim, segundo as circunstâncias, Ela tinha para convosco todas as soli-
citudes que pode sugerir a piedade materna. [...]
“«Qualquer amor que possamos conceber por Jesus, quando, pela
imaginação, nós o multiplicássemos ao infinito, seria ainda loucura
compará-lo ao desta piedosíssima Senhora e Mãe. E não é de se admirar:
pois o Espírito de Deus, o Amor do Pai Onipotente e de seu Filho, Aquele
por quem e em quem é amado tudo o que é santamente amado, Ele pró-
prio desceu substancialmente n’Ela, por uma graça singular que Ele não
concedeu a nenhuma outra pessoa no Céu e sobre a Terra, Ele repousou
sobre Ela, como sobre a Rainha e a Imperatriz de toda criatura... Por-
tanto, acima de todos os amores das coisas criadas está a grandeza do
amor desta Virgem por seu Filho; acima de todas as doçuras, a imensida-
de da ternura em que se abismava sua alma, à vista do Bem-Amado, seu
Senhor e seu Deus»” 30.
30) TERRIEN, J.-B. La Mère de Dieu et la Mère des Hommes. 8. ed. Paris: P. Lethielleux,
1902. Vol. I. p. 282-284 ; 287-288 ; 291-293.
310
Noa Raquel ao Egito deu prudente governador...
Raquel e José
No crepúsculo de sua longa vida, Isaac chamou a seu filho, Jacob,
abençoou-o, e deu-lhe esta ordem: “Vai para a Mesopotâmia da Síria,
para casa de Batuel, pai de tua mãe, e toma de lá esposa entre as filhas
de Labão, teu tio” (Gên. XXVIII, 2).
Satisfazendo aos desejos de seu venerável pai, Jacob desposou
Raquel, filha de Labão, jovem “formosa de rosto e de gentil presença”
(Gên. XXIX, 17). Esta, após longo período de esterilidade, concebeu
e deu à luz um filho, ao qual pôs o nome de José.
31) LANGEAC, Robert de. Virgo Fidelis. Paris: P. Lethielleux, 1931. p. 216-217.
311
“Fostes do vero David,
Mãe terna,
Mãe carinhosa”
Nossa Senhora do
Belo Amor
Amor de Mãe...
erta viúva tinha um filho único ao qual ela ama-
va ternamente. Sabendo que este fora captura-
do por inimigos, acorrentado e posto em pri-
são, derramou-se em lágrimas e, dirigindo-se à Virgem
— por quem ela tinha especial devoção — suplicou-Lhe
com insistência a libertação de seu filho.
Percebendo que suas orações não surtiam efeito, a po-
bre viúva entrou numa igreja onde se achava esculpida
uma estátua de Maria. Ali, de pé junto à imagem, ela dis-
se: “Virgem santa, eu Vos supliquei a libertação de meu
filho, e Vós não quisestes vir em auxílio de uma infeliz
mãe; implorei vossa proteção para meu filho, e Vós ma
recusastes! Pois bem, assim como meu filho me foi arre-
batado, assim Vos tomarei o vosso e o guardarei como
refém!”
Dizendo isto, ela se aproximou, pegou a estátua do
Menino sobre o seio da Virgem, levou-a consigo para
casa, envolveu-a num pano imaculado e a encerrou num
cofre, feliz por ter uma tão boa garantia do retorno de seu
filho...
Ora, na noite seguinte, a Virgem apareceu ao jovem,
abriu-lhe a porta da prisão, e lhe disse: “Dize à tua mãe
que me devolva meu Filho, agora que eu lhe restitui o
seu!”
Reencontrando então sua mãe, o jovem lhe contou
sua milagrosa libertação. E aquela viúva, cheia de ale-
gria, apressou-se em devolver à Virgem o Menino Jesus,
dizendo-Lhe: “Agradeço-Vos, Celeste Senhora, por me
terdes restituído meu filho, e, em troca, aqui Vos trago
o vosso!”
VORAGINE, Jacques de. La Légende Dorée,
Paris: Perrin et Cie, 1917. p. 499.
Raquel ao Egito deu prudente governador... Capítulo 5
314
Noa Raquel ao Egito deu prudente governador...
315
Raquel ao Egito deu prudente governador... Capítulo 5
316
Noa Raquel ao Egito deu prudente governador...
Diz Ele ainda: «Assim como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também
concedeu Ele ao Filho ter a vida em si mesmo» (Jo. V, 26).
“Jesus Cristo tem, portanto a vida em si mesmo e, em consequên-
cia, Ele é a fonte primeira, o principal autor da salvação e da vida eter-
na. [...]
“Este salvador nascido de Maria, não é apenas figurativo ou simbó-
lico, como o foi José que o Faraó chamou em língua egípcia: Salvador
do mundo. [...]
“Ele é o verdadeiro Salvador que nos dá realmente a salvação, e
que no-la concede abundantemente. [...] Aquele não foi senão um sal-
vador temporário e particular, enquanto que o nascido de Maria é o
Salvador universal, que nos concede uma liberdade eterna. [...]
“José obteve para os egípcios e outros povos, a salvação que lhes
era comum com os animais; mas nosso Salvador, o Filho de Maria,
deu-nos a salvação que nos é comum com os bem-aventurados habi-
tantes do Céu. [...] Ele arrancou o gênero humano inteiro do poder do
demônio, do pecado e da morte, e nos propiciou a vida eterna. [...]
35) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. I. p. 451; Vol. III. p. 56-59.
317
V. Toda sois formosa, ó Mãe querida... Capítulo 5
318
Noa V. Toda sois formosa, ó Mãe querida...
319
Nossa Senhora foi dotada de
incomparável esplendor espiritual
e físico, como convinha à
Mãe de Deus
A Virgem Branca
Retrato da Santíssima Virgem*
* Esta descrição do aspecto físico de Nossa Senhora, baseada no testemunho de antigos au-
tores, serviu de modelo a todos os pintores, tipógrafos, esmaltadores e escultores da Idade Mé-
dia. Existem outras que, sem diferir essencialmente desta, oferecem entretanto alguns detalhes
particulares. Embora a Igreja não considere nenhum desses retratos como autênticos, sem
embargo, o verniz de sua antiguidade possui um reflexo de tradição apostólica que lhes obtém
as simpatias da fé. Cfr. THIÉBAUD. Les Litanies de La Sainte Vierge expliquées et commentées.
3. ed. Paris: Jacques Lecoffre, 1864. Vol. I. p. 342, nota 1.
V. Toda sois formosa, ó Mãe querida... Capítulo 5
322
Noa V. Toda sois formosa, ó Mãe querida...
323
V. Toda sois formosa, ó Mãe querida... Capítulo 5
a modéstia e a virgindade para Lhe adornar todo o corpo com uma san-
tidade sem igual».
“«Irradiava sobre seu rosto, diz Dionísio o Cartuxo, certo resplendor
de beleza sobrenatural, que A fazia tão admirável como amável; tão bri-
lhante que era necessário que Deus o moderasse para que pudesse con-
versar com os homens». O que não é para admirar. Também o rosto de
Moisés, depois de ter tratado com Deus sobre a montanha, aparecia
tão luminoso que, não podendo o povo suportar seu fulgor, viu-se ele
obrigado a cobri-lo com um véu.
“Enquanto esteve na Terra esta sagrada Virgem, vinham os cristãos
de toda a parte, segundo o testemunho de Santo Inácio mártir, para
ver o rosto admirável deste prodígio de formosura e de santidade.
“Por fim, esta beleza, tanto do corpo como da alma, é tão extraor-
dinária, diz São Bernardo, que constitui o objeto de admiração não
apenas dos Anjos, mas até do Rei dos Anjos, cujo coração ela arreba-
ta. Porque, fixando seus divinos olhos na formosura corporal e espi-
ritual desta Rainha das virgens, o soberano Monarca do universo se
expressa nestes termos de arroubamento: «Como és formosa, amiga
minha, como és formosa!» (Cânt. IV, 1). E diz duas vezes «como és for-
mosa», para distinguir a beleza do corpo e a da alma.
“Julgai que beleza é esta que merece ser o objeto das admirações
de um Deus, e arrebatar seu coração, segundo estas palavras do Espí-
rito Santo: «O Rei se enamorará de tua formosura» (Sl. XLIV, 12). E
notai com Santo Ambrósio, São Tomás e outros teólogos, que foi um
privilégio desta incomparável beleza da Rainha dos Anjos, o de nun-
ca dar ocasião a nenhum pensamento ou sentimento oposto à pureza,
senão que, muito pelo contrário, imprimia amor à castidade nos cora-
ções que a viam” 41.
41) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan
Eudes, 1957. p. 178-182.
324
Noa V. Protegei, Senhora, etc...
325
Formosa como a lua,
Maria ilumina os
homens em meio às
trevas deste mundo
Nossa Senhora do Rosário
Capítulo 6
Vésperas
Hino
327
o criar o universo, quis Deus estabelecer o sistema
solar, fazendo depender do astro rei a subsistência
e as atividades do homem. Se aquele se apagasse no
firmamento, por completo se extinguiria a vida de
todos os seres nesta Terra.
Não foi o efeito prático, porém, o único obje-
tivo visado pela Providência Divina, ao fazer sur-
gir do nada a magnífica dependência dos planetas
em relação ao sol e dos satélites em relação aos seus
respectivos planetas. Esta maravilha operada pelo
Onipotente encerra, também, grandiosa representação do que ocorre na
esfera espiritual. Por isso as Sagradas Escrituras, teólogos, moralistas e a
própria liturgia católica se utilizam da imagem da luz, ora como sím-
bolo de Nosso Senhor Jesus Cristo, ora para tornar mais compreensível a
ação de Deus através da graça.
Nossa Senhora, predestinada desde toda a eternidade para ser a
Mãe do Sol de Justiça, reveste-se de seus fulgurantes raios e se apresenta
aos fiéis, ora “eleita como o sol”, ora “formosa como a lua”, a iluminar
os homens em meio às trevas deste mundo.
No maternal claustro de Maria Santíssima, preservada do pe-
cado original, aquele Sol Eterno tomou a forma de escravo: mistério de
grandeza e de abatimento, pelo qual o homem readquiriu sua qualida-
de de filho adotivo de Deus.
Já nesta época em que vemos chegar ao seu fim o processo revolu-
cionário1, as últimas consequências dos pérfidos anseios de Lutero, Ma-
rat, Robespierre, Lenin, e de quantos outros, vão se tornando efetivas. É
especialmente neste caótico cenário dos terríveis dias atuais que a “luz
da aurora refulgente” deverá brilhar. Os fatos comprovarão a infalibi-
lidade das palavras do autor sagrado: “Eu fiz com que nascesse nos céus
uma luz inextinguível” (Ecli. XXIV, 6).
Com razão afirma o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ser a Ima-
culada Conceição, luminosa triunfadora da maldita serpente, o modelo
por excelência de todo contra-revolucionário2.
É sob esse prisma que Nossa Senhora será exaltada nesta Hora do
Pequeno Ofício.
1) Cfr. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Revolução e Contra-Revolução. 3. ed. p. 210-
215; 233 e ss.
2) Cfr. “A cabeça do dragão calcando”. p. 257.
328
Vésperas Salve regulador celeste, pelo qual...
O relógio de Ezequias
Abrindo o quarto Livro dos Reis, lemos em seus capítulos XVIII
(1-2, 13) e XX (1-10):
“No terceiro ano de Oséias, filho de Ela, Rei de Israel, reinou Eze-
quias, filho de Acaz, Rei de Judá. Tinha vinte e cinco anos quando
começou a reinar em Jerusalém. [...]
“[Por volta do décimo quarto ano de seu governo], Ezequias adoe-
ceu de morte; e o profeta Isaías, filho de Amós, foi ter com ele, e dis-
se-lhe: Eis o que diz o Senhor Deus: Põe em ordem a tua casa, por-
que vais morrer, e não viverás (mais). E Ezequias virou o rosto para a
parede, e fez oração ao Senhor, dizendo: Peço-te, Senhor, lembra-te,
te suplico, de que eu andei diante de Ti em verdade e com um coração
reto, e que fiz o que era do teu agrado. Depois Ezequias derramou
abundantes lágrimas.
“E, antes que Isaías tivesse passado metade do átrio, o Senhor
falou-lhe, dizendo: Volta e dize a Ezequias, condutor do meu povo: eis
o que diz o Senhor Deus de David, teu pai: Eu ouvi a tua oração, e vi
as tuas lágrimas; e eis que Eu te curei; daqui a três dias irás ao templo
do Senhor. E acrescentarei quinze anos aos dias da tua vida; além dis-
to Eu te livrarei a ti e a esta cidade da mão dos reis dos assírios, e pro-
tegerei esta cidade por amor de Mim, e por amor de David, meu ser-
vo. [...]
“Ora, Ezequias tinha dito a Isaías: Qual será o sinal de que o Senhor
me curará, e de que dentro de três dias irei ao templo do Senhor? E
Isaías respondeu-lhe: Será este o sinal da parte do Senhor, de que o
Senhor há de cumprir a palavra que disse: Queres que a sombra (nes-
se relógio solar) se adiante dez linhas, ou que ela retroceda outros tan-
tos graus?
“Ezequias disse: É fácil que a sombra se adiante dez linhas, não
quero que se faça isto, mas que volte atrás dez graus. O profeta Isaías
invocou, pois, o Senhor, e fez com que a sombra voltasse pelas linhas,
pelas quais já tinha passado no relógio de Acaz, dez graus atrás.”
329
Salve regulador celeste, pelo qual... Capítulo 6
330
Vésperas Salve regulador celeste, pelo qual...
tos de Jesus Cristo. «Seu sangue, que tanto poder tem para nos livrar do
mal, disse Bossuet, não o terá para nos preservar dele? E se tem esta vir-
tude, deixá-la-á inútil eternamente? Não haverá uma só criatura em que
[dita virtude] se manifeste? E qual será esta criatura, senão Maria?»
“Este sangue divino não deveria, por seu próprio decoro, purifi-
car a concepção de Maria, que foi sua primeira origem? «Com efei-
to, acrescenta magnificamente Bossuet, é a partir d’Ela que começa a
se estender este formoso rio, este rio de graças que corre em nossas veias
pelos Sacramentos, e que leva o espírito de vida a todo o corpo da Igreja.
E assim como as fontes, sempre se lembrando de seus mananciais, lan-
çam suas águas a grandes alturas, como se procurassem suas nascentes
no meio do ar; da mesma sorte podemos assegurar que o sangue de nos-
so Salvador fará subir sua virtude até à concepção de sua Mãe, para hon-
rar o lugar de onde saiu»” 4.
331
A fim de encarnar-se o Verbo eterno, e ser humilhado... Capítulo 6
332
Vésperas A fim de encarnar-se o Verbo eterno, e ser humilhado...
7) TERRIEN, J.-B. La Mère de Dieu et la Mère des Hommes. 8. ed. Paris: P. Lethielleux,
1902. Vol. I. p. 80-81.
333
Nascimento do
Menino Jesus
Honra inimaginável
Sobre essa excelsa dignidade a que nos elevou o mistério da Encar-
nação, escreve o Pe. Nouet, renomado pregador jesuíta do século
XVII:
“Considerai que, embora exista apenas um homem que seja Deus,
entretanto participamos todos desta honra, e cada um de nós pode se
unir ao Verbo em qualidade de irmão, de amigo, de esposo, contan-
to que a isto estejamos dispostos e não ponhamos obstáculos. Assim,
a Encarnação é a elevação de toda a natureza humana ao ser divino, o
que é uma honra inimaginável.
“Oh! que mudança de condição e de fortuna! Outrora se dizia ao
homem, por desprezo: Pulvis es; tu não és senão pó. E agora se lhe diz,
335
A fim de encarnar-se o Verbo eterno, e ser humilhado... Capítulo 6
por homenagem: Deus es; sois Deus, sois o filho do Altíssimo e o her-
deiro presuntivo de sua coroa” 9.
9) NOUET. Meditação sobre a Encarnação do Verbo. Apud JOURDAIN, Z.-C. Somme des
Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.Vol. VIII. p. 386.
10) LE VALOIS. Entretien pour la Fête de l’Annonciation. Apud JOURDAIN, Z.-C. Op.
cit. p. 390.
336
Vésperas Daquele brilhante sol a Virgem tem o fulgor...
“[O Filho de Deus] se fez pequeno, foi menino, para que tu pos-
sas ser varão perfeito; Ele foi envolto em faixas, para que tu possas
ser desligado dos laços da morte; Ele foi reclinado num presépio, para
que tu possas ser colocado nos altares; Ele foi posto na terra, para
que tu possas estar entre as estrelas; Ele não teve lugar na estalagem,
para que tu tenhas muitas mansões nos Céus (Jo. XIV, 2). «Ele, sendo
rico, fez-se pobre por vosso amor, a fim de que vós fôsseis ricos pela sua
pobreza» (II Cor. VIII, 9). Logo, meu patrimônio é aquela pobreza, e a
debilidade do Senhor, minha fortaleza. Preferiu Ele para si a indigên-
cia, a fim de ser pródigo para todos” 11.
Podemos, pois, concluir com Santo Agostinho:
“[No mistério da Encarnação se verificou uma] singular elevação
do homem, realizada de maneira inefável pelo Verbo Divino, para que
Jesus Cristo fosse chamado, a um tempo, verdadeira e propriamente
Filho de Deus e Filho do homem. [...]
“Assim foi predestinada aquela humana natureza a tão grandiosa,
excelsa e sublime dignidade, não sendo possível uma maior elevação
da mesma; como também a divindade não pôde descer nem se humi-
lhar mais por nós, do que tomando nossa natureza, com todas as suas
debilidades, até à morte de Cruz” 12.
11) AMBROSIO. Obras de San Ambrosio: Tratado sobre el Evangelio de San Lucas. Ma-
drid: BAC, 1966. Vol. I. p. 109-110.
12) AGUSTIN. Obras de San Agustin. Madrid: BAC, Vol. VI. p. 480.
337
Daquele brilhante sol a Virgem tem o fulgor... Capítulo 6
13) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 726 e 728.
338
Vésperas Daquele brilhante sol a Virgem tem o fulgor...
14) AS MAIS BELAS PÁGINAS DE BERNARDES: 2000 Trechos selecionados por NU-
NES, Mario Ritter (Coord.). São Paulo: Melhoramentos, 1966. p. 341.
15) ÁVILA, Juan de. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. II. p. 937.
339
Elevada como o sol
342
Vésperas E qual aurora surgente refulge em esplendor...
Sol de santidade
Ao paralelo estabelecido por São Boaventura, podemos acrescen-
tar estes comentários estampados no Tesouro de Oratória Sagrada:
“Era indispensável para indicar a majestade, a grandeza e a san-
tidade [de Maria], que Ela fosse comparada ao sol, pois, assim como
ao nascer do sol, ficam eclipsados todos os demais claríssimos astros,
também com o nascimento de Maria todos os demais bem-aventura-
dos, por muito célebres que fossem em santidade, desapareceram.
“Verdade é que, por outros conceitos, Maria é comparada com o
sol.
“É como o sol, porque da mesma maneira que este astro se eleva
radiante de singular esplendor, Ela, desde seu nascimento, apresen-
tou-se cheia de singular grandeza. É como o sol, porque assim como
este, pela nobreza de suas propriedades, avantaja a todos os plane-
tas, Maria, por uma nobreza só a Ela comunicada, excede a todas as
demais criaturas. É como o sol, pois assim como o astro do dia é belís-
simo ornamento da criação, Ela é sublime adorno do gênero humano
e da Igreja.
“É como o sol, pois do mesmo modo que este astro, atravessando
seus raios por lugares imundos, não contrai nódoa alguma de sujei-
ra, Ela, ao passar pela Terra infeccionada pelo pecado, não contraiu a
menor mancha de impureza” 17.
16) BOAVENTURA. Obras Completas. Madrid: BAC, 1947. Vol. IV. p. 915-917; 921-925.
17) TESORO DE ORATORIA SAGRADA. 2. ed. BULDÚ, Ramon (Dir.). Barcelona:
Pons, 1883. Vol. IV. p. 113.
343
E qual aurora surgente refulge em esplendor... Capítulo 6
344
Vésperas E qual aurora surgente refulge em esplendor...
19) LE MULIER, Henry. De la Très-Sainte Vierge d’aprés les Saintes Écritures et les Pères de
l’Église. Paris: Pilon, 1854. Vol. I. p. 41-42.
20) NICOLAS, Augusto. La Virgen María y el Plan Divino. Barcelona: Religiosa, 1866.
Vol. II. p. 143-144.
345
O nascer do sol é pálida realidade,
comparado à resplandecente aurora
que foi o aparecimento
de Nossa Senhora neste mundo
Nascimento da Virgem Maria, por Giovanni Rimini
Vésperas E qual aurora surgente refulge em esplendor...
21) ÁVILA, Juan de. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. II. p. 935.
347
E qual aurora surgente refulge em esplendor... Capítulo 6
ciou o fim das vitórias do demônio e o início dos triunfos sobre este
antigo e formidável adversário.
“Sim, todos, por muito nobre que seja nossa origem, por mui-
tas riquezas que possuamos, e por grandes ações que ilustrem nos-
so nome, fomos escravos do príncipe dos abismos. Porém, Maria nun-
ca foi escrava do príncipe das trevas. [...] Ela entrou toda pura em
meio aos descendentes de Adão, e apareceu formosíssima em meio
aos filhos dos homens: nenhuma nódoa ofuscou sua candura, nenhu-
ma sombra manchou sua gentileza; de sorte que, em seu nascimento,
vemos o primeiro triunfo sobre o demônio, a primeira vitória sobre o
Inferno” 22.
348
Vésperas E qual aurora surgente refulge em esplendor...
349
Lírio entre espinhos... Capítulo 6
mais difíceis por que passamos, Ela como que irrompe entre nós,
resolve todos os nossos problemas, alivia nossas dores, e nos dá a com-
batividade e a coragem necessárias para cumprirmos nosso dever até
o fim, por mais árduo que este seja. A maior consolação que Ela nos
traz é, precisamente, o fortalecer nossa vontade, para empreendermos
a luta contra os inimigos da Civilização Cristã.
350
Vésperas Lírio entre espinhos...
351
A cabeça do dragão calcando... Capítulo 6
24) “Ao Inferno”, isto é, ao limbo, onde as almas dos justos estavam esperando a vinda de
Jesus Cristo (Nota do Pe. Matos Soares, na Bíblia por ele traduzida e comentada, 6. ed.
São Paulo: Paulinas, 1953).
25) VILLANUEVA, Tomas de. Obras. Madrid: BAC, 1952. p. 462; 465; 466-467.
352
Vésperas A cabeça do dragão calcando...
26) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. III. p. 470-474.
353
Desde a origem do mundo,
foi o demônio vencido
pela Virgem Imaculada
355
A cabeça do dragão calcando... Capítulo 6
356
Vésperas Qual lua bela ilumina os que no mundo vão errando...
29) ÁVILA, Juan de. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. II. p. 936.
357
Qual lua bela ilumina os que no mundo vão errando... Capítulo 6
358
Vésperas Qual lua bela ilumina os que no mundo vão errando...
30) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. V. p. 564-565.
359
Qual lua bela ilumina os que no mundo vão errando... Capítulo 6
alguma, porque São Lucas, no capítulo segundo dos Atos dos Apósto-
los, refere que Nossa Senhora estava com os discípulos no dia de Pen-
tecostes, e com eles perseverava em oração. [...] Era, [pois], necessário
este luzeiro, para consolar os fiéis que viviam na noite das aflições” 31.
31) SALES, Francisco de. Obras Selectas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 472-473.
32) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferências em 7/9/1965 e 5/9/1989. (Arquivo pessoal).
360
Vésperas V. Eu fiz nascer no Céu a luz que não se apaga...
361
V. Eu fiz nascer no Céu a luz que não se apaga... Capítulo 6
do Eclesiástico: «Eu fiz nascer nos céus a luz que não se apaga». Pois
«quem a segue, não anda em trevas, mas terá a luz da vida», que nunca
fenece” 34.
34) BOAVENTURA. Obras Completas. Madrid: BAC, 1947. Vol. IV. p. 867; 869; 905 e 907.
362
Vésperas V. Eu fiz nascer no Céu a luz que não se apaga...
Universal benevolência
“Terceira condição da luz. É universal, a tudo enche, disse Santo
Ambrósio no Hexameron. A Virgem não foi feita com peso e medi-
da determinados. Deu a todos e a tudo encheu; e como o Sol de Jus-
tiça, Cristo, nosso Deus, faz brilhar sua luz sobre os bons e os maus,
assim esta luz inextinguível, a Virgem Sacratíssima, refletindo os raios
da divina misericórdia, oferece a todos, sem distinção, suas graças e
363
R. E cobri como névoa a Terra toda... Capítulo 6
364
Vésperas V. Protegei, Senhora, etc...
37) HUBERT. Sermon pour la fête de L’Immaculée Conception. Apud JOURDAIN, Z.-C.
Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900. Vol. VIII. p. 150.
38) Veja-se p. 87 e ss.
365
Nossa Senhora
da Confiança
Capítulo 7
Completas
Hino
367
or ser este o último dos Hinos,
os louvores a Maria nele con-
tidos preparam a importante
súplica final: que sejamos con-
duzidos à visão beatífica, na
eterna felicidade.
Os dois versículos iniciais
de Completas constituem eloquen-
te prece dirigida a Nossa Senhora, com
a qual o fiel Lhe implora misericórdia, além da
graça de uma perfeita conversão.
Em seguida tem início a série de prer-
rogativas e títulos em honra da Santíssima
Virgem, particularmente relacionados com a
salvação dos homens. Assim, será Ela cultuada
como a Rainha de clemência, sentada à direita
do Rei dos reis, junto ao qual intercede continua-
mente por seus súditos e filhos. Será homenageada como a Mãe e
Dispensadora da divina graça, como a doce esperança dos que
peregrinam por este vale de lágrimas.
Recordar-se-á, também, o título de Estrela do mar, Aquela
que conduz os homens por entre as borrascosas vagas deste mun-
do, rumo ao porto da eterna bonança.
Depois de A invocarmos como o celeste remédio para toda
sorte de enfermidades, físicas e morais, rogamos a Nossa Senhora
que nos guie “à feliz presença de Deus”, a mais preciosa graça
que se pode obter.
A Hora de Completas se encerra com bela exaltação do san-
to nome de Maria, e com a fervorosa expressão do amor que Lhe
devotam seus fiéis escravos.
368
Completas V. Converta-nos Jesus, por vosso amor...
369
V. Converta-nos Jesus, por vosso amor... Capítulo 7
2) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. II. p. 709-711.
370
Completas R. E retire de nós o seu furor...
3) Idem, p. 726-729.
371
R. E retire de nós o seu furor... Capítulo 7
4) ROLLAND. La Reine du Paradis. 8. ed. Paris: Langres, 1910. Vol. I. p. 126-127.
372
Completas R. E retire de nós o seu furor...
5) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. III. p. 574 e 577.
373
Salve, florente Virgem ilibada... Capítulo 7
“No segundo Livro dos Reis (XIV, 5) lemos o que se deu com a sábia
mulher de Técua. Disse ela a David: «Senhor, tinha tua serva dois filhos;
para minha desventura, um matou o outro; e assim perdi um filho. Quer
agora a justiça tirar-me o outro, que é o único que me fica. Tem compai-
xão desta pobre mãe e não permitas que eu perca ambos os filhos». Então
David, compadecendo-se da mãe, libertou o delinquente e lho entregou.
“O mesmo parece que diz Maria, quando vê a Deus irado com
algum pecador que a Ela recorre. «Meu Deus, Lhe diz, Eu tinha dois
filhos, Jesus e o homem; o homem matou na Cruz o meu Jesus; agora a
vossa justiça quer condenar o homem. Senhor, já morreu o meu Jesus;
tende compaixão de Mim. Se eu perdi um, não me façais perder também
o outro filho». Certamente Deus não condena os pecadores que recor-
rem a Maria e por quem Ela intercede. Pois o próprio Deus recomen-
dou os pecadores por filhos de Maria. O devoto Landspérgio põe as
seguintes palavras nos lábios do Senhor: «Eu recomendei a Maria de
aceitar por filhos os pecadores. Por isso Ela é toda desvelos para que, no
desempenho de sua missão, não Lhe aconteça perder a nenhum dos que
Lhe foram entregues, principalmente quando A invocam. E assim esfor-
ça-se o quanto pode em conduzir todos eles a Mim»” 6.
A este propósito, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira formulou numa
de suas conferências esta filial e confiante súplica:
“Ó Deus, infinitamente bom e justo, tendes o direito de estar ira-
do contra mim, que tanta ofensa Vos fiz. Entretanto, vossa Mãe é tam-
bém a minha, e Ela conserva para comigo solicitudes, cuidados e paci-
ências que todas as verdadeiras mães têm para com seus filhos. E nes-
ta incansável misericórdia de Maria, tenho eu posto todas as minhas
esperanças. Sede, pois, ó Senhor, paciente para comigo, porque assim
o é vossa Santíssima Mãe!” 7
6) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 51-52.
7) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 22/4/1992. (Arquivo pessoal).
8) Cfr. “Virgem Mãe”, cap. I e IV; “Virgem florida”, cap. III.
374
Moisés tocando a rocha no
Horeb, por Doré
Assim como
ao toque da vara
de Moisés
uma torrente
de água brotou
da rocha...
376
Completas Meiga Rainha...
@ Meiga Rainha
Rainha cheia de doçura e clemência
“Saibamos todos — escreve Santo Afonso de Ligório —, para con-
solação nossa, que Maria é uma Rainha cheia de doçura e de clemên-
cia, sempre inclinada a favorecer e fazer bem a nós, pobres pecado-
res. [...] O próprio nome de rainha, considera Santo Alberto Magno,
denota piedade e providência para com os pobres, enquanto que o de
imperatriz dá ares de severidade e rigor. A magnificência dos reis e
das rainhas consiste em aliviar os desgraçados, diz Sêneca. Enquan-
to que os tiranos governam tendo em vista apenas seu interesse pes-
soal, devem os reis procurar o bem de seus vassalos. Por isso na sagra-
ção dos monarcas se lhes unge a testa com óleo. É o símbolo da mise-
ricórdia e benignidade de que devem estar animados para com seus
súditos.
9) BOLO, Henry. Pleine de Grace. Paris: René Haton, 1895. p. 127-131.
377
Meiga Rainha... Capítulo 7
10) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 24-25 e 27.
378
Completas Meiga Rainha...
379
“O clemens, o pia, o
dulcis Virgo Maria!”
Glorioso encomiasta da Santíssima Vir-
gem, São Bernardo não podia pensar na
clemência de Nossa Senhora sem experi-
mentar um sentimento que, muitas vezes,
chegava até ao êxtase.
Foi assim que, na noite do Natal de
1146, encontrando-se ele na Catedral de
Speyer (Alemanha), onde pregaria durante
a Missa do Galo, ouviu a multidão ali pre-
sente cantar, com profunda piedade, a Sal-
ve Regina. Ao fim das palavras: “et Jesum
benedictum fructum ventris tui, nobis post
hoc exsilium ostende”, emudeceram-se
todas as vozes, pois assim terminava então
aquela incomparável prece.
Emocionado, ajoelhou-se São Bernar-
do diante do altar-mor, recolhendo-se por
alguns momentos antes do sermão que pro-
Imagem de Nossa Senhora nunciará. Nunca o havia tocado tanto a Sal-
ve Regina quanto naquela noite! “Eia ergo,
na Catedral de Speyer
advocata nostra”... Este brado de confiança
era tão penetrante, íntimo e irresistível, que
pedia uma resposta de clemência, suavidade e doçura.
Ainda ressoam no sagrado recinto as últimas sílabas daquele clamor à
Rainha do Céu. E Nossa Senhora põe a resposta nos lábios de seu discí-
pulo predileto, Bernardo de Claraval.
Voltado para os fiéis, de pé e com os braços abertos, São Bernardo ele-
va sua potente voz que domina toda a assistência. Num terno e inexcedí-
vel verso, anuncia ele ao povo de Deus ali presente seu louvor à Mãe Virgi-
nal: “O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria!”
Tão profunda foi a impressão que este arroubo de piedade produziu,
que a frase ecoou por toda a Cristandade. E a partir de então a Igreja
adotou estas belas palavras
que encerram, até hoje, a Sal-
ve Regina: “O clemens, o pia, o
dulcis Virgo Maria”.
Estava reservado a esse
grande Santo, entusiasta da
clemência de Maria, nos ensi-
nar aquilo que ainda pode-
mos dizer à Santíssima Virgem
quando nada mais temos a Lhe
suplicar*.
@ De astros coroada
O louvor que aqui se dirige a Nossa Senhora se relaciona com as
proféticas palavras de São João Evangelista, no Apocalipse: “Uma
mulher vestida de sol, com a lua sob seus pés, e uma coroa de doze
estrelas sobre a cabeça” (Apoc. XII, 1).
382
Completas De astros coroada...
a estas adornará do que por elas será adornada. Que surpresa pode-
mos ter em ver que os astros coroam Aquela que está vestida de sol?!
[...]
“Quem apreciará estas pedras? Quem dará nome a estas estrelas
com que está fabricado o diadema real de Maria?
“Excede à capacidade do homem o conceber esta coroa e expli-
car sua composição. Contudo, segundo nossa curta compreensão, abs-
tendo-nos do perigoso exame dos segredos, poderemos, sem incon-
venientes, tomar estas doze estrelas como sendo doze prerrogativas
de graças, com que Maria singularmente está adornada. Porque se
encontram em Maria prerrogativas do Céu, prerrogativas do corpo e
prerrogativas do coração. E, se esse ternário se multiplica por quatro,
temos talvez as doze estrelas com que o real diadema de Maria res-
plandece acima de todos.
“Para mim, brilha um raro resplendor, primeiro, na geração de
Maria; segundo, na saudação do Anjo; terceiro, na vinda do Espíri-
to Santo sobre Ela; quarto, na indizível concepção do Filho de Deus.
Assim, nestas mesmas coisas resplandece uma suprema honra, por ter
sido Ela a primícia da virgindade, por ter sido fecunda sem corrup-
ção, por ter engendrado sem incômodos, e por ter dado à luz sem dor.
Não menos também refulgem em Maria com especial brilho: a mansi-
dão da modéstia, a devoção da humildade, a magnanimidade da fé, e
o martírio do coração. [...]
“Ó Mãe de misericórdia! Prostrada humildemente a vossos pés,
como a lua, roga-Vos a Igreja com devotíssimas súplicas que, sendo Vós
a Medianeira entre ela e o Sol de Justiça, por aquele sinceríssimo afeto
de vossa alma lhe alcanceis a graça de que em vossa luz chegue a ver a
luz desse resplandecente Sol, que Vos amou verdadeiramente mais que
a todas as outras criaturas e Vos adornou com as mais preciosas galas da
glória, colocando em vossa cabeça a coroa da formosura” 14.
14) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 729 e 736.
383
De astros coroada... Capítulo 7
15) KEMPIS, Tomás de. La Imitacion de Maria. Barcelona: Regina, 1956. p. 72-75.
384
Completas Mais pura que os Anjos...
16) BOAVENTURA. Obras Completas. Madrid: BAC, 1947. Vol. IV. p. 867.
17) GRANADA, Luís de. Obra Selecta. Madrid: BAC, 1952. p. 29.
18) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 751.
385
Mais pura que os Anjos... Capítulo 7
386
Completas Mais pura que os Anjos...
do afirmar que esta prova se assemelhe às nossas, pois sendo Ela toda
pura e a própria pureza, não podia receber os ataques que recebemos,
e que atormentam aos que levamos a tentação em nós mesmos. Estas
não se atreveriam a aproximar-se dos inexpugnáveis muros da integri-
dade de Maria. Elas são tão importunas, que São Paulo pediu por três
vezes a nosso Senhor que lhas afastasse, ou que moderasse seu furor
até ao ponto em que pudesse resistir a elas, sem ofensa nem queda.
“Seja como for, a Santíssima Virgem sofreu uma prova quando viu
o Anjo em forma humana. Podemos deduzi-lo do fato de que Ela se
perturbou à vista de São Gabriel, que, percebendo isso, disse-Lhe:
«Não temas, Maria», querendo significar: «Embora me vejas em forma
de homem, não o sou, nem venho a falar-te como homem». Isto Lhe
disse, ao ver que o pudor virginal de Nossa Senhora começava a se
inquietar.
“«O pudor — escreve um santo personagem — é como o sacristão
da castidade». Assim como o sacristão de uma igreja toma o cuida-
do de fechar bem as portas, temeroso de que entrem ladrões a despo-
jar os altares, e olha sempre por toda a parte para observar se algo fal-
ta, assim o pudor das virgens está constantemente alerta, para impe-
dir que alguém possa atentar contra sua castidade ou pôr em perigo
sua virgindade, das quais são extremamente zelosas. E quando perce-
be a mais leve sombra do mal, comove-se e se perturba, como o fez a
augusta Virgem Maria, [...] a Virgem por excelência, acima de todos
os demais, tanto Anjos como homens” 19.
19) SALES, Francisco de. Obras Selectas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p. 360-362.
20) BOAVENTURA. Op. cit. p. 853.
387
Mais pura que os Anjos,
Maria está sentada à direita do Rei dos reis,
“em nosso abono”
Coroação da Virgem Maria, por Fra Angélico
Completas Tendes trono à direita do Rei, em nosso abono...
389
Tendes trono à direita do Rei, em nosso abono... Capítulo 7
que ela aí tomasse assento, poder-se-ia pensar que Jesus Cristo tives-
se menos atenções para com sua divina Mãe? Dizê-lo seria uma blas-
fêmia; longe de nós tais imaginações. Maria excede em dignidade, e
num grau inimaginável, à mãe de Salomão e a todas as outras mulhe-
res. [...]
“Ela é, ao mesmo tempo, uma Rainha onipotente para nos ajudar,
para nos procurar um refúgio contra nossos inimigos, para nos prote-
ger e nos defender. [...] A verdadeira Ester, a esposa do grande Rei,
aquela que salva seu povo, aquela junto à qual encontramos seguro
asilo, é a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus. Ela é quem
nos livra da morte eterna, que desvia de nós o terrível e fulminante
golpe da suprema condenação” 23.
23) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie, Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. V. p. 115; Vol. VI. p. 111-112.
390
Completas Tendes trono à direita do Rei, em nosso abono...
391
Ó Mãe da graça... Capítulo 7
@ Ó Mãe da graça
Mãe de Cristo, Mãe da divina graça
“Em virtude da maternidade divina — ensina o teólogo M. J. Sche-
eben —, pela qual Ela engendrou a Jesus Cristo, Maria dá ao mun-
do, com Ele, o princípio da graça. Por isso na Ladainha Lauretana a
Mater divinæ gratiæ está unida à Mater Christi. É ainda a razão pela
qual nenhuma outra, a não ser Ela, é chamada «mãe da graça». Por
outro lado, Maria, denominada unicamente como mãe ou princípio
maternal da graça, é assim diferenciada de Cristo e de Deus” 26 .
392
Completas Ó Mãe da graça...
27) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. III. p. 64-65, 67-68.
393
Ó Mãe da graça... Capítulo 7
Deus, e tanto quanto o pode ser, a caridade viva, o zelo vivo. Que não
faz Ela para verter numa alma ao menos uma gota de vida divina!
“Desejais, ó Maria, difundir a graça! Pois bem! Dela sereis a Mãe!
A própria fonte da graça é o Sagrado Coração de Jesus: Ele é vosso,
tomai-o, abri-o, derramai-o. Fazei, num mesmo ato, a felicidade d’Ele,
a vossa e a das almas. Dai, concedei; Vós nunca dareis tudo, porque
Ele é infinito. [...]
“Mãe dos viventes! Não há quem não Lhe deva toda sua vida na
ordem da graça. Maria o concebeu, deu-o à luz, alimentou-o, preser-
vou-o, curou-o, Maria o ressuscitou. É de Deus que vêm todas essas
graças, mas é por Maria que elas são distribuídas. [...]
“É, portanto, ao pé da letra que importa tomar essa palavra: Todas
as graças nos vêm por Maria; assim como nada foi feito sem o Verbo,
nada foi feito, ao menos no mundo sobrenatural, sem a Mãe da graça,
sem a Mãe do Verbo”28 .
394
Completas Nossa doce esperança...
395
Nossa doce esperança... Capítulo 7
31) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 74-75; 77-78.
396
Nossa Senhora da Esperança
Por sua
onipotente
intercessão,
é Maria
a esperança...
... e a guia
dos que navegam
pelo mar
borrascoso
deste mundo
Virgem da Estrela
Nossa doce esperança... Capítulo 7
398
Completas Do mar Estrela...
@ Do mar Estrela
Símbolo da elevada dignidade de Maria
Interpretando o santíssimo nome de Maria, faz Santo Alberto
Magno esta admirável consideração:
“Maria significa [...] Estrela do mar. [...] Por três motivos, a San-
tíssima Virgem está designada com toda propriedade no mencionado
nome: pela dignidade de sua pessoa, pela utilidade de sua ação, pela
característica da divina concepção.
“A dignidade da pessoa se expressa pela natureza da luz, repre-
sentada na estrela do mar, pois nada há mais nobre e digno do que a
luz. Argumentos: a luz, antes de tudo e sobretudo, é comparada com
a divina natureza, depois com a natureza angélica, em terceiro lugar
com a natureza corpórea. Nada têm os corpos de mais formoso do que
a luz corporal, nem os seres espirituais, do que a luz espiritual, nem o
próprio Deus, do que a nobre luz de sua divina natureza. «Deus é luz,
e não há n’Ele nenhuma treva» (I Jo. I, 5). Donde, a luz que mais se
aproxima àquela luz será a segunda em nobreza. Assim foi a da Santa
Virgem, que não só foi iluminada por esta luz, como o é a luz pelo sol,
mas também, como a aurora, produziu em si o Sol, iluminando tudo o
que era iluminável. Logo, com a imagem da luz se expressa a elevada
dignidade da Santíssima Virgem.
“À palavra estrela juntamos do mar, para ressaltar as vantagens de
sua operação, pois conduz a todos os náufragos ao porto marítimo da
eterna salvação.
33) RODRÍGUEZ, Manuel Vidal. La Salve explicada. 2. ed. Santiago: El Eco Franciscano,
1923. p. 178-180.
399
Do mar Estrela... Capítulo 7
34) ALBERTO MAGNO. Marial. Buenos Aires: Emece, [s.d.]. Super Evangelium «Missus
est angelis Gabriel», questão XXIX. p. 169; 172-173.
35) AS MAIS BELAS PÁGINAS DE BERNARDES: 2000 Trechos selecionados por
NUNES, Mario Ritter (Coord.). São Paulo: Melhoramentos, 1966. p. 413.
36) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência em 15/1/1965. (Arquivo pessoal).
400
Completas Do mar Estrela...
401
E porto de bonança... Capítulo 7
@ E porto de bonança
Seguro asilo dos que fogem às tempestades
das paixões
Intimamente relacionado com o título de Estrela do mar, é o louvor
que aqui se dirige a Nossa Senhora.
Com efeito, não apenas ilumina Ela os que singram os mares deste
mundo, conduzindo-os ao bom termo de sua navegação, como é, tam-
bém, o “porto seguro, onde nos refugiamos ao rugir das tempestades,
quer internas das nossas paixões, quer externas, suscitadas pelos nos-
sos inimigos” 38.
São João Eudes, citando Santo Epifânio, assegura que o nome de
Maria significa também “esperança do mar, a esperança dos que nave-
gam pelo mar borrascoso deste mundo” 39.
402
Completas Porta do Céu...
@ Porta do Céu
Porta do Céu para os justos, janela do Paraíso,
para os penitentes
Às considerações de que já foi objeto este grande título mariano42,
podemos acrescentar o seguinte comentário de Santo Antônio Maria
Claret:
“Nossa Senhora pode salvar a seus verdadeiros devotos; Ela o quer,
e o faz. Pode, porque é a porta do Céu; quer, porque é a Mãe de mise-
ricórdia. Maria o faz, porque obtém a graça justificante aos pecadores,
o fervor aos justos e a perseverança aos fervorosos. Por isso os santos
Padres A chamam a resgatadora dos cativos, o canal da graça e a dis-
pensadora das misericórdias. [...]
“E quando a Igreja diz que esta incomparável Rainha é a porta do
Céu e a janela do Paraíso, nos ensina com essas palavras que todos os
eleitos, justos e pecadores, entram na mansão da glória pela mediação
de Nossa Senhora, com esta única diferença: que os justos entram por
Ela como pela porta aberta; mas os pecadores [arrependidos], pela
janela que é Maria. [...]
403
Porta do Céu... Capítulo 7
43) CLARET, Antônio Maria. Escritos Autobiograficos y Espirituales. Madrid: BAC, 1959.
p. 771-772.
44) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Op. cit. p. 157.
404
Completas Saúde na doença...
dência. Porta do Céu é Maria. Se à glória havemos de ir, por esta por-
ta devemos entrar”45.
@ Saúde na doença
Insondável oceano de curas milagrosas
“Nossa Senhora é a saúde dos enfermos pelas incontáveis curas
providenciais, ou mesmo verdadeiramente miraculosas, obtidas por
sua intercessão em tantos santuários da Cristandade, ao longo dos
séculos e em nossos dias. O incalculável número dessas curas é tal,
que se pode dizer que Maria é um oceano insondável de curas mila-
grosas.
405
Saúde na doença... Capítulo 7
406
Insondável oceano
de milagrosas curas espirituais e corporais
Nossa Senhora dos Remédios
Saúde na doença... Capítulo 7
47) BERLIOUX. Mois de Marie. 114. ed. Arras: Brunet, 1875. p. 162-165; 167.
408
Completas Saúde na doença...
48) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. III. p. 567-568.
409
De Deus guiai-nos à feliz presença... Capítulo 7
410
Completas De Deus guiai-nos à feliz presença...
50) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 145-146; 158-160.
411
De Deus guiai-nos à feliz presença... Capítulo 7
412
Completas V. Vosso nome, ó Maria, é como um bálsamo...
51) RODRÍGUEZ, Manuel Vidal. La Salve explicada. 2. ed. Santiago: El Eco Franciscano,
1923. p. 276-277; 279-281; 296-297.
413
V. Vosso nome, ó Maria, é como um bálsamo... Capítulo 7
“Ave Maria”
“Um nobre e rico soldado renun-
ciou ao século e ingressou na Ordem
de Cister. Era, porém, tão iletrado que os
monges, envergonhando-se de sua igno-
rância, destacaram um mestre para ensi-
ná-lo. Entretanto, por mais lições que rece-
besse, o ex-soldado não conseguiu apren-
der senão duas palavras: Ave Maria, as
quais repetia durante todo o dia.
“Quando morreu, e foi sepultado entre
outros Irmãos, eis que de seu túmulo bro-
tou magnífico lírio, que trazia inscrito
sobre cada uma de suas pétalas, em letras
de ouro: Ave Maria.
“Admirados com tão grande milagre, os
monges removeram a terra que cobria o
túmulo, e viram que o lírio tinha sua raiz
na boca do morto. Compreenderam, assim,
com que devoção havia dito ele estas duas
palavras...”
VORAGINE, Jacques de.
La Légende Dorée, Paris: Perrin
et Cie, 1917. p. 196.
52) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. III. p. 569-570.
414
Completas V. Vosso nome, ó Maria, é como um bálsamo...
415
V. Vosso nome, ó Maria, é como um bálsamo... Capítulo 7
Nome de força
“O nome de Maria, enfim, é um nome de força. Quaisquer que
sejam os inimigos que vos ameaçam, venham eles do Inferno, como
o demônio que vos tenta; ou venham do mundo, como os adversários
que vos perseguem, invocai o poderoso nome de Maria e a todos ven-
cereis.
“Quaisquer que sejam vossas próprias fraquezas, provenham elas
do orgulho, da inveja, da sensualidade ou da preguiça, confiai vos-
so débil coração à solicitude da Virgem, invocai o poderoso nome de
Maria, e vos vencereis a vós mesmos”53.
53) GUIBERT, P. J. Méditations pour les fêtes de la Sainte Vierge. Paris: De Gigord, 1915.
p. 166-169.
416
Completas V. Vosso nome, ó Maria, é como um bálsamo...
54) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan
Eudes, 1957. p. 167-169; 171-172.
417
R. Muito Vos amam vossos fiéis servos... Capítulo 7
55) KEMPIS, Tomás de. La Imitacion de Maria. Barcelona: Regina, 1956. p. 361-364.
418
Completas R. Muito Vos amam vossos fiéis servos...
56) CLARET, Antônio Maria. Escritos Autobiograficos y Espirituales. Madrid: BAC, 1959.
p. 766-767 e 771.
57) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1964. p. 43-46.
419
R. Muito Vos amam vossos fiéis servos... Capítulo 7
58) GUIBERT, P. J. Méditations pour les fêtes de la Sainte Vierge. Paris: De Gigord, 1915.
p. 215-216.
420
Completas V. Protegei, Senhora, etc...
421
Nossa Senhora Auxiliadora
Capítulo 8
Depois do Ofício
423
V. Na vossa Conceição, ó Virgem, fostes imaculada.
R. Rogai por nós ao eterno Pai, cujo Filho destes ao
mundo.
424
Simples, piedosas e impregnadas de reverência são as palavras que
compõem o filial oferecimento à Virgem Imaculada, ao término do
Pequeno Ofício:
@ Aceitai, ó Virgem,
Esta devoção
Em louvor da vossa
Pura Conceição.
Em seguida, como síntese de alguns dos grandes títulos da Imacu-
lada Conceição invocados ao longo do Pequeno Ofício, virá a súplica:
@ Sede-nos na vida
Defensora e guia
Este pedido lembrará a infalível proteção d’Aquela que é a “cida-
de de refúgio”, o amparo da grei fiel, a Rainha que socorre ao mundo
e a toda criatura, que nos livra vitoriosamente dos inimigos de nossa
salvação e esmaga a cabeça do demônio. Recordará também a mater-
nal assistência da formosa Lua que ilumina os homens “que no mun-
425
Sede-nos alento em nossa agonia... Capítulo 8
426
Depois do Ofício Sede-nos alento em nossa agonia...
427
Ó Mãe de bondade... Capítulo 8
@ Ó Mãe de bondade
Incomparável ternura materna
Invoca-se, uma vez mais, Aquela cuja predileção para com os
homens “excede a todo amor conhecido, tanto quanto a dignidade da
Mãe de Deus sobrepuja a todas as demais grandezas. Pois não é apenas
um amor terno, ardente, generoso, heróico, mas, cumpre dizê-lo, é um
amor excessivo e que parece ultrapassar todos os limites.
“Quando Jesus Cristo desejou assinalar o mais extraordinário efei-
to da caridade do Pai, disse que Ele amou o mundo a ponto de lhe
entregar seu Filho único. É a isto que o grande Apóstolo chama o
excesso do amor de Deus pelos homens.
“Ora, Maria foi capaz de semelhante excesso; Ela entregou o mes-
mo Filho único pela Redenção do mundo. Toda a ternura e toda a
solicitude reunidas de todas as mães por seus filhos, nunca igualarão
a ternura e a solicitude de Maria por nós. N’Ela o justo encontra a
recompensa de sua fidelidade; o pecador, a indulgência e a misericór-
dia; as almas aflitas, a consolação e o alívio” 2.
@ Ó doce Maria
Nossa Senhora torna doce e suportável a vida
Finalmente recorda o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a suave prer-
rogativa da meiga Rainha, d’Aquela que é “perfeitamente afável,
doce, misericordiosa e condescendente para com aqueles que A invo-
cam. A esta Mãe clementíssima devemos o fato de haver suavidade
em nossa vida. Ela nos obtém a graça divina e, portanto, forças para a
prática da virtude. Ora, a virtude é o que há de doce no existir huma-
no. Sem ela, nossa vida seria amarga e sinistra. Assim, Nossa Senho-
1) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. III. p. 589-596.
2) BERLIOUX. Mois de Marie. 114. ed. Arras: Brunet, 1875. p. 63-64.
428
Depois do Ofício Antífona: Esta é a Virgem admirável, na qual...
429
Concedendo-nos força para a
prática da virtude,
a Virgem Admirável
torna suave nossa
existência terrena
Nossa Senhora
do Carmo
Depois do Ofício Antífona: Esta é a Virgem admirável, na qual...
“As Virtudes admiram sua soberania, tão extensa que atinge e abar-
ca o Céu, a Terra e os Infernos. [...] Os Principados admiram a autori-
dade que Ela exerce, não somente sobre as criaturas, mas ainda sobre
o próprio Criador revestido da carne humana.
“As Potestades admiram sua força coercitiva sobre os demônios,
que A temem tanto que não podem nem mesmo suportar o nome
de Maria. As Dominações admiram a elevação da qual Ela preside a
todos os coros dos Anjos.
“Os Tronos admiram-Na, vendo a Santíssima Trindade residir de
um modo mais perfeito n’Ela, como numa Arca viva, do que neles
mesmos.
“Os Querubins admiram a ciência e a sabedoria de sua Soberana, a
quem reverenciam como sua Mestra. Os Serafins admiram sua arden-
te caridade, que a eles mesmos inflama. [...]
5) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900.
Vol. III. p. 114-117.
431
Antífona: Esta é a Virgem admirável, na qual... Capítulo 8
432
Depois do Ofício V. Na vossa Conceição, ó Virgem, fostes imaculada...
@ Oremos:
Ó Deus que pela Imaculada Conceição da Virgem,
preparastes ao vosso Filho uma digna morada:
nós Vos rogamos que, pois em virtude da
previsão da morte do mesmo vosso Filho a
preservastes de toda mancha, também nos
concedais que, purificados por sua intercessão,
cheguemos à vossa divina presença. Pelo mesmo
Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.
433
Oremos... Capítulo 8
434
Conclusão
Imagem peregrina
do Imaculado
Coração de Maria
de Fátima
azendo eco às palavras de São Luís Grignion
de Montfort, dizíamos no início deste traba-
lho: “De Maria nunquam satis”...
Recomeçássemos aqui os comentários ao
Pequeno Ofício, e novos universos de louvores à
Santíssima Virgem encontraríamos para con-
siderar, admirar e, sobretudo, alimentar nossa
devoção a tão excelsa Mãe.
Assim, à guisa de conclusão, apresentamos um comentário
sobre a Imaculada Conceição, de autoria do Prof. Plinio Corrêa
de Oliveira, que “não A tem cessado de exaltar ao longo de sua
existência, e espera continuar a exaltá-La até ao último instante
de sua vida” 1.
A santa intransigência,
um aspecto da Imaculada Conceição2
O vocabulário humano não é suficiente para exprimir a santidade
de Nossa Senhora. Na ordem natural, os Santos e os Doutores A com-
param ao sol. Mas se houvesse algum astro inconcebivelmente mais
brilhante e mais glorioso do que o sol, é a esse que A comparariam.
E acabariam por dizer que este astro daria d’Ela uma imagem pálida,
defeituosa, insuficiente. Na ordem moral, afirmam que Ela transcen-
deu de muito todas as virtudes, não só de todos os varões e matronas
insignes da Antiguidade, mas — o que é incomensuravelmente mais
— de todos os Santos da Igreja Católica.
Imagine-se uma criatura tendo todo o amor de São Francisco de Assis,
todo o zelo de São Domingos de Gusmão, toda a piedade de São Ben-
to, todo o recolhimento de Santa Teresa, toda a sabedoria de São Tomás,
toda a intrepidez de Santo Inácio, toda a pureza de São Luiz de Gonzaga,
1) Cfr. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. In: CLÁ DIAS, João S. Nossa Senhora do
Bom Conselho de Genazzano. São Paulo: Brasil de Amanhã, 1992. p. 17. (Prefácio).
2) CATOLICISMO, n. 45, setembro de 1954 (o título e os subtítulos são do autor).
436
Conclusão
A Imaculada Conceição
A esta criatura dileta entre todas, superior a tudo quanto foi cria-
do, e inferior somente à humanidade santíssima de Nosso Senhor
Jesus Cristo, Deus conferiu um privilégio incomparável, que é a Ima-
culada Conceição.
Em virtude do pecado original, a inteligência humana se tornou
sujeita a errar, a vontade ficou exposta a desfalecimentos, a sensibili-
dade ficou presa das paixões desregradas, o corpo por assim dizer foi
posto em revolta contra a alma.
Ora, pelo privilégio de sua Conceição Imaculada, Nossa Senhora
foi preservada da mancha do pecado original desde o primeiro ins-
tante de seu ser. E, assim, n’Ela tudo era harmonia profunda, perfei-
ta, imperturbável. O intelecto jamais exposto a erro, dotado de um
entendimento, uma clareza, uma agilidade inexprimível, iluminado
pelas graças mais altas, tinha um conhecimento admirável das coisas
do Céu e da Terra. A vontade, dócil em tudo ao intelecto, estava intei-
ramente voltada para o bem, e governava plenamente a sensibilidade,
que jamais sentia em si, nem pedia à vontade algo que não fosse ple-
namente justo e conforme à razão. Imagine-se uma vontade natural-
mente tão perfeita, uma sensibilidade naturalmente tão irrepreensí-
vel, esta e aquela enriquecidas e super-enriquecidas de graças inefá-
veis, perfeitissimamente correspondidas a todo o momento, e se pode
ter uma idéia do que era a Santíssima Virgem. Ou antes se pode com-
437
Conclusão
preender por que motivo nem sequer se é capaz de formar uma idéia
do que a Santíssima Virgem era.
“Inimicitias Ponam”
Dotada de tantas luzes naturais e sobrenaturais, Nossa senhora
conheceu por certo, em seus dias, a infâmia do mundo. E com isto
amargamente sofreu.
Pois quanto maior é o amor à virtude tanto maior é o ódio ao mal.
Ora, Maria Santíssima tinha em si abismos de amor à virtude, e,
portanto, sentia forçosamente em si abismos de ódio ao mal. Maria
era pois inimiga do mundo, do qual viveu alheia, segregada, sem qual-
quer mistura nem aliança, voltada unicamente para as coisas de Deus.
O mundo, por sua vez, parece não ter compreendido nem amado
Maria. Pois não consta que lhe tivesse tributado admiração proporcio-
nada à sua formosura castíssima, à sua graça nobilíssima, a seu trato
dulcíssimo, à sua caridade sempre exorável, acessível, mais abundante
do que as águas do mar e mais suave do que o mel.
E como não haveria de ser assim? Que compreensão poderia haver
entre Aquela que era toda do Céu, e aqueles que viviam só para a
Terra? Aquela que era toda fé, pureza, humildade, nobreza, e aqueles
que eram todos idolatria, ceticismo, heresia, concupiscência, orgulho,
vulgaridade? Aquela que era toda sabedoria, razão, equilíbrio, sen-
so perfeito de todas as coisas, temperança absoluta e sem mácula nem
sombra, e aqueles que eram todo desmando, extravagância, desequi-
líbrio, senso errado, cacofônico, contraditório, berrante a respeito de
tudo, e intemperança crônica, sistemática, vertiginosamente crescen-
te em tudo? Aquela que era a fé levada por uma lógica adamantina
e inflexível a todas as suas consequências, e aqueles que eram o erro
levado por uma lógica infernalmente inexorável, também a suas últi-
mas consequências? Ou aqueles que, renunciando a qualquer lógica,
viviam voluntariamente num pântano de contradições, em que todas
as verdades se misturavam e se poluíam na monstruosa interpenetra-
ção de todos os erros que lhes são contrários?
“Imaculado” é uma palavra negativa. Ela significa etimologica-
mente a ausência de mácula, e pois de todo e qualquer erro por menor
que seja, de todo e qualquer pecado por mais leve e insignificante
que pareça. É a integridade absoluta na fé e na virtude. É, portan-
438
Conclusão
439
Conclusão
Onipotência suplicante
Deus quer as obras. Ele fundou a Igreja para o apostolado. Mas
acima de tudo quer a oração. Pois a oração é a condição da fecundida-
de de todas as obras. E quer como fruto da oração a virtude.
Rainha de todos os apóstolos, Nossa Senhora é entretanto principal-
mente o modelo das almas que rezam e se santificam, a estrela polar de
toda meditação e vida interior. Pois, dotada de virtude imaculada, Ela
fez sempre o que era mais razoável, e se nunca sentiu em si as agitações
e as desordens das almas que só amam a ação e a agitação, nunca expe-
rimentou em si, tampouco, as apatias e as negligências das almas frou-
xas que fazem da vida interior um pára-vento a fim de disfarçar sua indi-
ferença pela causa da Igreja. Seu afastamento do mundo não signifi-
cou um desinteresse pelo mundo. Quem fez mais pelos ímpios e pelos
pecadores do que Aquela que, para os salvar, voluntariamente consen-
tiu na imolação crudelíssima de seu Filho infinitamente inocente e san-
to? Quem fez mais pelos homens, do que Aquela que conseguiu se rea-
lizasse em seus dias a promessa da vinda do Salvador?
Mas, confiante sobretudo na oração e na vida interior, não nos deu
a Rainha dos Apóstolos uma grande lição de apostolado, fazendo de
uma e outra o seu principal instrumento de ação?
440
Conclusão
441
Bibliografia
AGUSTIN. Obras de San Agustin. 3. ed. Madrid: BAC, 2005. Vol. XIII.
______. Obras de San Agustin. 5. ed. Madrid: BAC, 1982. Vol. III.
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BULDÚ, Ramon (Dir.). Tesoro de Oratoria Sagrada. 2. ed. Barcelona: Pons,
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443
Bibliografia
444
Bibliografia.
445
Bibliografia
446
Índice Geral
Ao Leitor............................................................................................................... 7
Nota à 2ª edição.................................................................................................. 10
Prefácio............................................................................................................... 11
Capítulo 1 - Matinas.......................................................................................... 27
?? Senhora minha................................................................................................... 43
Desde a infância, Senhora do Céu e da Terra................................................. 43
Senhora de toda a criação, no Filho e pelo Filho............................................ 43
447
Índice Geral Comentários...
?? Estrela da Manhã............................................................................................... 46
Maria e o símbolo da estrela........................................................................... 47
O Divino Sol de Justiça não eclipsa a beleza de Maria.................................. 48
Estrela da Manhã que precedeu o Sol de Justiça............................................ 49
Estrela que afugenta os demônios e embeleza a criação................................. 50
Fulgurante astro no firmamento da santidade................................................ 51
?? Do Céu Rainha.................................................................................................. 52
O glorioso título de Rainha............................................................................. 52
Maria Rainha: obra-prima da misericórdia de Deus...................................... 53
Rainha dos corações........................................................................................ 55
Rainha posta para a salvação do mundo....................................................... 56
Rainha que vencerá a Revolução.................................................................... 57
448
Comentários... Índice Geral.
?? Oremos: ............................................................................................................ 89
Olhos sobremaneira misericordiosos............................................................... 89
Maria reconcilia os pecadores com Deus......................................................... 92
A graça da perseverança final......................................................................... 93
Necessidade de um mediador entre Deus e os homens................................... 94
O Homem-Deus, Mediador perfeitíssimo........................................................ 95
?? V. Bendigamos ao Senhor.................................................................................... 95
Gratidão a Deus por ter criado Nossa Senhora.............................................. 95
449
Índice Geral Comentários...
450
Comentários... Índice Geral.
451
Índice Geral Comentários...
?? Convinha, pois, certamente, que a Mãe de tão nobre Filho ................................... 195
Incomparável brilho da Imaculada Conceição............................................. 195
Convinha à dignidade de Mãe de Deus uma alma imaculada.................... 196
A honra e a nobreza do Filho exigiam uma Mãe imaculada........................ 197
Convinha à Mãe de Deus uma brilhante e inigualável pureza..................... 198
452
Comentários... Índice Geral.
453
Índice Geral Comentários...
454
Comentários... Índice Geral.
455
Índice Geral Comentários...
456
Comentários... Índice Geral.
457
Índice Geral Comentários...
458
Comentários... Índice Geral.
459
Índice Geral Comentários...
460
Comentários... Índice Geral.
461
Índice Geral Comentários...
Conclusão.......................................................................................................... 435
A Imaculada Conceição................................................................................. 437
“Inimicitias Ponam”...................................................................................... 438
Verdadeiro ódio, verdadeiro amor................................................................ 439
Onipotência suplicante.................................................................................. 440
Aplicação a nossos dias................................................................................. 440
Bibliografia....................................................................................................... 443
462