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Introdução
Inês (Anezka) de Praga, com quem Clara de Assis manteve correspondência epistolar,
pertencia à dinastia dos Przemysl da Boêmia. Foi uma das grandes figuras do mundo
eslavo, e a mais destacada propagadora da Ordem de Santa Clara na sua pátria. Com sua
paixão intensa e fiel pela pobreza, é uma das testemunhas mais autênticas do carisma
franciscano e sua figura provocou sempre um grande interesse, sobretudo em sua terra
de origem.
Era filha do rei Otocar I da Boêmia e de Constância da Hungria; nasceu em Praga em
1211. Conforme um costume corrente na época medieval entre as famílias nobres, aos
três anos de idade foi prometida em casamento a Boleslau, filho de Henrique, rei da
Silésia; foi educada por algum tempo no mosteiro de Santa Edviges, de modo especial
para fazer-se santa. Com a morte prematura do futuro esposo, quando ela contava
apenas nove anos, em 1220, retornou à corte paterna e foi-lhe contratado matrimônio
com Henrique VII, filho do Imperador Frederico II da Alemanha (1215-1250), que
residia na corte da Áustria, para onde Inês foi transferida. Henrique, no entanto, faltou
ao pacto e decidiu contrair matrimônio com Margarida, filha do arquiduque Leopoldo
da Áustria. Inês voltou à Boêmia e convenceu o pai de não guerrear contra Leopoldo da
Áustria. Assim, sucederam-se os pretendentes, entre os quais Henrique II da Inglaterra
(1216-1272) e ainda mesmo o próprio Frederico II da Alemanha, depois que ficou
viúvo. Anezka, que pretendia consagrar-se a Jesus Cristo, renunciou a todos os
pretendentes e, permanecendo fiel aos seus ideais, empenhou-se no serviço aos pobres e
doentes em Praga.
Durante a vida de Inês, vinte e dois documentos papais lhe foram dirigidos, em
decorrência de solicitações que fazia à Santa Sé. Santa Clara de Assis também escreveu-
lhe cartas, das quais foram encontradas quatro (de 1234, entre 1235-1236, de 1238 e de
1253), onde se descobre a sua rica espiritualidade. Existem também diversos
documentos literários, figurativos e arqueológicos que atestam a pertença de Inês à
Ordem das Irmãs Pobres de Santa Clara, a sua dinâmica atividade na defesa do ideal
clariano e franciscano, o ideal de vida evangélica em pobreza e o seu amor à Ordem.
Entre a lutas que Inês enfrentou como abadessa das Clarissas de Praga, a questão da
Regra merece um destaque especial. No início, como segurança jurídica professou-se a
Regra de São bento, como em Assis. Em 1243 Inês escreve ao Papa Inocêncio IV
procurando ter a possibilidade de professar a Regra de São Francisco, mas não consegue
alcançar este objetivo. Ao contrario, em 1245 Inocêncio IV irá instar com ela para que
observe a Regra dada pelo Cardeal Hugolino e; volta a promulga-la para toda a Ordem
com este objetivo. Apenas dois anos mais tarde, em 1247, ele mesmo promulga outra
Regra onde a Regra de São Bento é substituída pela de São Francisco. Mas em relação à
questão da pobreza, admite ter posses e renda; entretanto, Inês já havia conseguido em
15 de abril de 1238 a aprovação do Privilégio da Pobreza para o seu Mosteiro de São
Francisco de Praga.
3.Documentos biográficos
4.Beatificação e Canonização
Inês morreu em 1282, com setenta e um anos de idade, tendo dedicado tudo de si para
tornar o Mosteiro de São Francisco um espelho da vivência do ideal franciscano e
clariano. Foi sepultada na igreja da Bem-aventurada Virgem Maria, diante do altar. Seus
restos mortais permaneceram no complexo do mosteiro até 1782, data da extinção do
Mosteiro, tendo sido transferidos de local diversas vezes por causa da umidade que
impedia a conservação das relíquias. Em determinada época, seu sarcófago tornou-se
desconhecido, sendo reencontrado em 1643, fato grandemente comemorado em Praga.
A canonização de Inês era esperada para logo após sua morte. Em vista disso, foi
enviado um dossiê de documentos a Roma, mas acabou ficando em Milão por causa de
guerras, sendo descoberto somente em 1896. A popularidade da princesa foi constante
nos séculos; venerada como santa entre o seu povo, só muito tarde recebeu a aprovação
oficial da Igreja. Em 1874 foi beatificada pelo Papa Pio IX; a 12 de novembro de 1989
foi canonizada pelo Papa João Paulo II em Praga.
Conclusão
Anezka, a princesa boêmia que tornou-se clarissa, deixou uma rica herança espiritual à
sua nação e à Igreja: a fundação da Ordem dos Crucíferos e o ideal de pobreza
transmitido às Irmãs Pobres de Santa Clara de Praga, no Mosteiro de São Francisco por
ela fundado, além de uma influência espiritual que atingiu toda a igreja na sua região e
na Europa. Graças a estudos desenvolvidos recentemente, especialmente pelo tcheco Jan
Kapistran Viscocil, a figura de Inês vem tendo uma grande projeção no mundo, de
maneira especial pela sua fidelidade ao ideal de Clara e sua íntima ligação espiritual
com a fundadora da Ordem das Clarissas.
Bibliografia
Fontes Clarianas – Vozes/Cefepal, Petrópolis 1993.
Omaechevarria, Ignacio – Las Clarisas a través de los siglos. Editorial Cisneros, Madrid
1972.
Forma Sororum – Rivista delle Clarisse d’Italia, Anno XX – 1983 n.1
Nemec, Jaroslav – Agnese di Praga. In Forma Sororum marzo 1982 (pp.7-48)
João Paulo II – Verdadeiros Discípulos de Cristo, in L’Osservatore Romano, Anno XX
n.47 (19 de