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Disciplina: Direito Civil

Professor(a): Maurício Bunazar


Aula: 05 | Data: 25/02/2021
/03/2018

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PARTE GERAL - PESSOAS

PARTE GERAL - PESSOAS

Tradicionalmente as pessoas são divididas em:


 Pessoas naturais / Físicas,
 Pessoas jurídicas / morais / coletiva.

As pessoas naturais são as mais importantes de todo o direito. O direito existe em função da pessoa natural.
Como ensina o professor Miguel Reale, a pessoa natural é o valor fonte de todo o direito. Significa que é o ser
humano que justifica o direito, funcionando como regulador das relações sociais. Por isso é afirmado que a
pessoa natural é esse valor fonte.

Quando se fala pessoas naturais / jurídicas, o termo “pessoa” é utilizado como um mero favor legal. Pessoas reais
são as pessoas naturais. Embora o termo “pessoa” busque assemelhar essas duas realidades distintas (pessoa
natural a jurídica) as diferenças entre elas são insuperáveis.

Somos frutos de um pensamento jurídico positivista. Porque nós estruturamos nossa forma de pensar jurídico a
partir de realidades formais. Quando Hans Kelsen lançou sua obra jurídica teoria pura do direito ele revolucionou
o estudo do direito. Kelsen, quando vai falar de pessoas, ele diz que uma pessoa nada mais é do que um centro de
imputação normativa, ou seja, a pessoa é um termo de relação jurídica. Quando ele diz isso, ele coloca as pessoas
jurídicas e naturais no mesmo alinhamento.

As pessoas naturais têm existência independente do direito positivo. Já as pessoas jurídicas em geral e de direito
privado, em particular, só existem por decisão do direito positivo. O artigo 45 do CC, afirma que a existência legal
das pessoas jurídicas de direito privado, começa com a inscrição dos seus atos constitutivos, no órgão de registro
próprio.
Exemplo de um casal, em que a esposa está grávida, e decide viajar antes do bebê nascer. O avião tem uma pane
e cai, vindo todos a falecer, exceto o casal. A criança nasce e é criada na região da queda. O tempo passa e o
resgate não chega e os pais morrem pela velhice. Quando essa criança, agora já com 40 anos, for levada à
sociedade, o que será declarado sobre ele? Que ele nasceu há 40 anos naquela ilha. Os seres humanos existem,
independente do direito querer ou não.
Exemplo2: O professor convida dois alunos para serem sócios com ele em uma sociedade de advocacia. É
reduzido à termo os acordos sobre aquela sociedade e todos assinam e esse contrato, que é guardado na gaveta.
Existe um contrato? Sim. O contrato deu origem a uma sociedade? Sim, porque a sociedade é efeito do contrato.
Após 10 anos, esse contrato só nascerá após ser levado para depósito na seccional da OAB. A existência da
sociedade exige critérios formais descritos em lei, como realidade existencial.

“Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito


privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder

ANUAL
CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que
passar o ato constitutivo.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição


das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato
respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no
registro.”

As equiparações entre pessoa natural e jurídica, devem sempre ser feitas com reserva. O código civil, por
exemplo, dispõe em seu artigo 52 que a proteção aos direitos da personalidade, aplica-se, no que couber, às
pessoas jurídicas.

“Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção


dos direitos da personalidade.”

A súmula 227 do STJ, colocou fim à discussão no âmbito judicial sobre se a pessoa jurídica pode ou não sofrer
dano moral. Esta súmula afirma que a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, justamente porque, é emprestada
à pessoa jurídica, naquilo que for cabível, a proteção aos direitos da personalidade.

“Súmula: 227
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.”

Exemplo: Ao andar na rua, você se depara com um morador de rua, viciado em drogas ilícitas; ao lado de um
jovem neurocirurgião. Esse jovem está preste a entrar em uma cirurgia para salvar uma outra vida. A pergunta é:
“qual dos dois é mais útil”? A tendência é dizer que o neurocirurgião é mais útil. A questão é que utilidade tem as
“coisas”. Nem os animais deveriam ser tratados como coisas “úteis” ou “inúteis”. Seres humanos “são” e tem o
mesmo valor para o direito. Ademais, o direito positivo civilizado proíbe, peremptoriamente, que os seres
humanos sejam analisados a partir de perspectivas utilitaristas, isto é, seres humanos “úteis ou inúteis”. Já a
pessoa jurídica de direito privado, é sempre analisada a partir de perspectiva utilitária. Toda pessoa jurídica de
direito privado deve ter finalidade, sendo certo que se ela se desviar dessa finalidade, pode ter sua personalidade
desconsiderada.

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