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PROCESSO: SPI-EXP-2023/00355
INTERESSADO: Secretaria de Parcerias em Investimentos
PARECER: NPT n.º 77/2023
EMENTA: ATO ADMINISTRATIVO. Proposta de edição de resolução
pelo Secretário de Parcerias em Investimentos com o objetivo
de disciplinar a aplicação de medidas cautelares voltadas à
mitigação de desequilíbrios econômico-financeiros
identificados nos contratos de delegação dos serviços
públicos de que trata o art. 12 do Decreto nº 67.435, de 1º de
janeiro 2023. Viabilidade jurídica.
É o relatório. Opino.
1
"Artigo único - Fica designado o Núcleo de Parcerias e Transportes para exercer as atividades de
consultoria e assessoramento jurídico à Secretaria de Parcerias em Investimentos, enquanto não for instalada
Consultoria Jurídica específica".
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insiram no espectro de sua competência específica2, conforme o previsto no art. 12, I, “b”,
da Lei nº 10.177, de 30 de dezembro de 19983.
3.1. No caso concreto, o art. 12 do Decreto nº 67.435, de 1º de
janeiro de 2023, atribuiu ao Sr. Secretário de Parcerias em Investimentos a competência
para representar o Estado de São Paulo, na condição de Poder Concedente, na prática dos
atos a este reservados por lei, regulamento ou contrato, em relação aos contratos de
delegação dos serviços públicos enumerados pela norma em questão4.
3.2. Com isso, o referido dispositivo atribuiu ao Titular desta
Pasta um feixe específico de competências a ser posto em exercício no âmbito de cada uma
das relações jurídicas constituídas a partir da delegação desses serviços públicos à
iniciativa privada5. Nesse âmbito, está inserida a competência para adotar as providências
pertinentes à recomposição do equilíbrio econômico-financeiro desses contratos de
delegação, o que, sem prejuízo das competências específicas dos órgãos e autarquias
responsáveis pela regulação ou gestão desses ajustes, abrange a aplicação de medidas
cautelares voltadas à mitigação dos efeitos de eventos de desequilíbrio econômico-
financeiro, cerne da resolução ora pretendida.
3.3. Por esse motivo, o Sr. Secretário de Parcerias em
Investimentos é competente para disciplinar, mediante resolução, a matéria em questão.
3.3.1. Com efeito, ainda que a resolução fixe parâmetros a serem
observados por outros órgãos e entes administrativos envolvidos no Programa Estadual de
Concessões e Parcerias Público-Privadas, não necessariamente hierarquicamente
submetidos ao Sr. Secretário de Parcerias em Investimentos, esses elementos destinam-se,
2
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 32ª edição. São Paulo: Altas,
2018. p. 141.
3
“Art. 12. São atos administrativos: I - de competência privativa: (...) b) dos Secretários de Estado, do
Procurador Geral do Estado e dos Reitores das Universidades, a Resolução”.
4
“Art. 12. Compete ao Secretário de Parcerias em Investimentos representar o Estado, na condição de Poder
Concedente, na prática dos atos a este reservados por lei, regulamento ou contrato, em relação aos seguintes
serviços públicos: I - transporte rodoviário; II - transporte hidroviário; III - transporte aeroviário; IV -
transporte coletivo intermunicipal não metropolitano de passageiros; V - transporte metroferroviário; VI -
distribuição de gás; VII - saneamento básico em regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões. Parágrafo único - O disposto no "caput" deste artigo aplica-se também à concessão onerosa de
obra no Parque João Doria - Capivari, de que trata o Decreto nº 63.275, de 15 de março de 2018”.
5
MOREIRA, Egon Bockmann. Direito das concessões de serviço público: inteligência da Lei 8.987/1995
(parte geral). São Paulo: Malheiros, 2010, p. 75.
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MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Discricionariedade e regulação setorial: o caso do controle dos
atos de concentração por regulador setorial. In: ARAGÃO, Alexandre Santos de (Coord.). O poder
normativo das agências reguladoras. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 427.
7
“Art. 12. (...) §2º - Aplica-se na elaboração dos atos administrativos, no que couber, o disposto na Lei
Complementar n. 60, de 10 de julho de 1972”.
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RIBEIRO, Maurício Portugal; MANDEL, Denise Nefussi. O atraso em reequilibrar contratos de
concessão e PPP pode ser enquadrado como improbidade administrativa?. Disponível em:
<https://encr.pw/Fk9iK>.Visualizado em 15 mai. 2023.
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contrato em vista da proximidade do termo final da vigência da concessão (art. 3º, II); (c)
elevada magnitude do impacto do evento de desequilíbrio em comparação à arrecadação
bruta da concessionária (art. 3º, III); e (d) necessidade da medida para a preservação do
erário (art. 3º, §3º).
4.4. Nesse sentido, em se tratando de medida que, à vista dos
supracitados precedentes institucionais, pode ser validamente determinada em situações
concretas pelo Poder Concedente, inexiste óbice jurídico à prévia regulamentação
administrativa da matéria, uma vez que “aquilo que o administrador pode ordenar ou
proibir em um caso isolado, pode ordenar ou proibir em forma geral, para todos os demais
casos similares”9.
4.5. Na verdade, como já reconhecido pelo Supremo Tribunal
Federal, tem-se que, nessas circunstâncias, a Administração “não apenas pode veicular
norma geral na qual prevê os parâmetros que utiliza na análise dos casos concretos que lhe
são submetidos, [sendo] conveniente e desejável que [...] o faça, já que essa providência
confere à sua atuação maior previsibilidade e oferece aos destinatários de seu controle
maior segurança jurídica e convicção de um tratamento isonômico”10.
4.6. Sendo assim, a edição da resolução ora proposta alinha-se
com os objetivos do Programa de Parceria de Investimentos do Estado de São Paulo (“PPI-
SP”), entre os quais está o de “assegurar estabilidade e segurança jurídica na execução de
parcerias com o setor privado”, nos termos do art. 2º, IV, do Decreto nº 67.443, de 11 de
janeiro de 2023.
5. Nessa trilha, quanto ao conteúdo da minuta de resolução,
observa-se que o documento, em apertada síntese, estabelece:
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ASSUNTO: Minuta de Resolução - Estabelece procedimento para
avaliação, no âmbito da Secretaria de Parcerias em
Investimentos, de medidas para mitigação do impacto de
desequilíbrios econômico-financeiros em contratos de
delegação de serviços públicos de que trata o artigo 12 do
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