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Aristarco Bensabath OAB-BA nº 8.

170
abbmenezes@gmail.com
Nã o se d e ve busc a r se r b o m , m a s se r ínte g ro .
(Ka rl G . Ju n g )

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) Federal do Juizado Especial Federal Cível


em Aracaju;

ARISTARCO BENSABATH BEZERRA DE MENEZES, brasileiro,


capaz, advogado, Carteira de Identidade nº 01.191.956-66 (SSP-BA), OAB-BA nº 8.170,
OAB-SE nº 130-A, CPF nº 247.918.305-04, e-mail: abbmenezes@gmail.com, residente e
domiciliado na Av. Cons. José Moreira Filho nº 1.893, bloco B, apt. 603, Coroa do Meio,
Aracaju, Se, CEP 49035-655, ora advogando em causa própria, consoante lhe permite o
art. 103, Parágrafo Único do vigente CPC, vem, respeitosamente, perante V. Exa., ajuizar
a presente

AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE DÉBITO INDEVIDO


COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA E
REPARAÇÃO DO DANO MORAL

em face de ................., sediada na ....................., com e-mail: ......... e


telefone: ...................., ante as razões de fato e de direito a seguir apontadas:

1. É ele, Autor, servidor público federal aposentado,


Procurador Federal, aposentado desde .............................., o que prova por cópias da
documentação anexas, que teve, indevidamente, bloqueados pelo sistema BACENJUD,
bloqueados seus saldos em contas bancárias e em conta-salário, sem que existisse
qualquer justificativa legal para tanto.

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2. É também correntista do Banco do Brasil S.A., na Caixa


Econômica Federal e no Nubank S.A., cujas agências e contas são adiante indicadas,
consoante também resta comprovado por cópias de seus respectivos cartões de
movimentação bancária:

BANCO DO BRASIL – Banco: 001 - Ag. 3361-0 – Conta 551.492-2;


CAIXA ECONOMICA FEDERAL – Banco: 104 - Tipo: 001 – Ag. 1500 – Conta 31457-8;
NUBANK – Banco: 0260 - Ag. 0001 – Conta: 50771674-8.

3. Deram-se, porém, nas mesmas, bloqueios judiciais, por


meio do sistema BacenJud, desenvolvido pelo Banco Central. Os pré-referenciados
bloqueios restam comprovados por cópias dos extratos bancários correspondentes, de
informativo SISBB e dos comprovantes de saldo atual do Autor, com datas atuais.

4. Vem assim, PRELIMINARMENTE, expor, comprovar e


requerer o que segue:

DA IMPENHORABILIDADE DOS PROVENTOS DE APOSENTADORIA:

1. Restam beneficiados pela cláusula da impenhorabilidade,


os proventos de aposentadoria, do Autor, notadamente ante o disposto pelo art. 833, IV, do
vigente CPC, igualmente sendo considerado o seu § 2º:

Art. 833. São impenhoráveis:


.......... (omissis) ..........
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de
aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador
autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º;
.......... (omissis) ..........
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de
prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50

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(cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º e no


art. 529, § 3º.

2. De magistral demonstração, a jurisprudência abaixo


colacionada, não existindo grifos nos originais:

4. O art. 833, inciso IV, do Código de Processo Civil é claro ao estabelecer a absoluta
impenhorabilidade de vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de
aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios, de modo que essa regra somente pode sofrer
mitigação na hipótese do § 2º daquele dispositivo legal, quando se admite a penhora de verba
remuneratória para pagamento de dívida de natureza alimentar, que não é o caso dos autos. 5. A
respeito do tema, o C. STJ já se manifestou pela impossibilidade da incidência de medida constritiva
sobre verbas de natureza salarial, consignando que a expressão salário deve ser interpretada de
forma ampla, incluindo na categoria protegida todos os créditos decorrentes da atividade
profissional (REsp 904774/DF - Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Julgado em 18/10/2011).

Acórdão 1280950, 07057905420208070000, Relator: GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA, Sétima


Turma Cível, data de julgamento: 2/9/2020, publicado no DJE: 22/9/2020.

EMENTA - MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. PENHORA ON-LINE EM CONTA


SALÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do art. 649, inc. IV, do CPC, os salários percebidos pelo
trabalhador, em respeito à sua natureza alimentícia, são impenhoráveis. Dessa forma, restando
demonstrado que as contas correntes apontadas na exordial destinam-se ao pagamento da
remuneração do impetrante, tem-se como patente o seu DIREITO líquido e certo em não sofrer
qualquer bloqueio judicial sobre os valores depositados a título de contraprestação pelos serviços
prestados aos seus empregadores. Ação conhecida e segurança parcialmente concedida.

Número Único: 00296-2006-000-16-00-5-MS


DATA DE JULGAMENTO: 31/05/2007 - DATA DE PUBLICAÇÃO: 28/06/2007. (grifo e sublinhado
nosso).

3. Vem assim, de logo, respeitosamente, requerer a V. Exa. o


reconhecimento da impenhorabilidade dos proventos de aposentadoria dele, Autor,
ordenando, assim, o desfazimento dos bloqueios judiciais e bancários aqui apontados.

DO PEDIDO DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:

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1. Trata-se, no presente caso, de uma situação, de fato e de


direito, na qual o Autor, Procurador Federal aposentado, titular da matrícula SIAPE nº
0943144 e da Ident. Única nº 09431446, já tendo sido aposentado por invalidez, na forma
de ......................................, publicado no Diário Oficial da União..........................

2. Dá-se, porém, que o Autor, conforme comprovado pela


última cópia de seu COMPROVANTE DE RENDIMENTOS – FOLHA NORMAL
(INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL), tem assim cadastradas pelo órgão
pagador:
a) Mês/ano pagamento: ........................
b) Situação funcional: APOSENTADO
c) Conta para recebimento de salário: Banco: 001, Agência:
033618, Conta: 0000005514924
d) Conta Para Outras Operações: Banco 001 – BANCO DO
BRASIL, Agência: 033618, Banco 001, Conta: 0000005514924.

3. Reforçando o suporte legal ao pedido, temos o art. 4º,


inciso I, do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990), que, expressamente,
reconhece o Autor como a parte mais fraca na relação de consumo, tornando necessário
que, sendo buscada a isonomia real entre o consumidor e o fornecedor, sejam adotados
mecanismos jurídico/judiciais como o da inversão do ônus da prova, estatuído no art. 6º,
inciso VIII, do multidito diploma, como direito básico do consumidor.

4. O Código de Defesa do Consumidor, em seu caráter


protecionista, no art. 6º, inciso VIII, disciplina a inversão do ônus da prova, assim
determinando:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:


.......... (omissis) ..........

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VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação do quanto for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.

5. Tal dispositivo, aqui buscado, consiste em meio de


facilitação da defesa do consumidor, de forma que o ônus da prova passa a ser, quando
aplicado o referido dispositivo, do fornecedor dos produtos ou serviços, como no presente
caso, como forma encontrada pera que se evite seja o consumidor prejudicado por não
poder provar o que alega, tendo em vista que, não possui os arquivos, ou os recursos
necessários para identificar qual a autoridade, ou entidade bancária que determinou o
bloqueio nos créditos existentes em nove do Autor.

6. No mesmo sentido, vemos a jurisprudência:

AGRAVO: AGV 221 MS 2009.000221-4


EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO
OBRIGATÓRIO DPVAT - INDENIZAÇÃO - NECESSIDADE DE PERÍCIA MÉDICA -
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - CDC - HIPOSSUFICIÊNCIA DO AGRAVADO
RECURSO IMPROVIDO.
.......... (omissis) ..........
A inversão do ônus da prova é direito básico do consumidor, nos termos do art. 6º, VIII, do
CDC, in verbis:
A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for
ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.
Demonstram-se presentes os pressupostos autorizadores da inversão do ônus da prova
preconizados pelo artigo 6º, inciso VIII, do CPC, quais sejam: a hipossuficiência do
agravado e a verossimilhança das alegações aduzidas na inicial de ação de cobrança ...
.......... (omissis) ..........
A inversão do ônus da prova, prevista no Código de Defesa do Consumidor, atende ao
princípio constitucional da isonomia, assegurando efetivamente o equilíbrio entre os
partícipes da relação de consumo, em face da desigualdade do consumidor, cuja proteção
é determinada expressamente no artigo 170, inciso V, em perfeita sintonia com o art. 5º,
caput, todos da Constituição Federal.

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9. Por todo o exposto, pede, aqui, pelo reconhecimento de sua


impossibilidade de acesso aos arquivos e documentos de que é detentora a parte adversa,
daí sendo determinada a inversão do ônus da prova e fixado prazo peremptório, sob pena
de confissão, à Parte Adversária, para que informe em Juízo as datas, valores e quais
foram as entidades, ou forneça cópias dos atos originados do Poder Judiciário, que tenham
determinado o bloqueio dos saldos existentes em nome do Autor, ainda em vigor.

DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA:

1. Igualmente, de forma preliminar, se pede a antecipação


de tutela, no sentido de que venha a ser, de logo, liberado ao Autor, o perfeito uso de seus
proventos, seu dinheiro, que não pode permanecer retido em juízo, de forma contrária à lei.

2. Aqui demonstrando a fumaça do bom direito (fumus boni


iuris), já comprovou e pretende sejam aproveitados, os elementos de origem e de
titularidade de seus proventos de aposentadoria, ao mesmo tempo em que apresenta os
elementos de perigo da demora (periculum in mora), ambos exigidos pelo art. 300 do
vigente CPC.

3. Como representativa do perigo da demora, está a


impossibilidade de que, dispondo de seu próprio dinheiro, venha o Autor, inclusive, a
buscar seus credores e efetivar acordos de parcelamento de débitos, além de restar
impossibilitado ao pagamento, em dias das diversas contas que lhe surgem, regular e
diariamente, na administração de sua residência e família, notadamente aquelas de
aluguel residencial, faculdade de sua enteada, planos de saúde, todas aqui demonstradas
por cópias, além de alimentação, transporte e manutenção do automóvel, dentre outras.

4. Concessa venia, vindo a ocorrer mais tarde tal liberação,


obviamente os credores buscarão fazer incidirem sobre tais valores as atualizações

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monetárias, multas, cancelamentos, restando assim o tutelado e família, com seus direitos
prejudicados de forma irreparável.

5. Busca assim, diante dos fatos narrados, pois


caracterizados o fundamento legal, a urgência e a necessidade de tal medida, a
antecipação provisória da tutela buscada, sendo determinada por V. Exa. a imediata
liberação dos bloqueios, sob pena de multa diária a ser fixada em caso de desobediência.

NO MÉRITO:
1. Trata-se, no caso em espécie, de uma situação em que o
Autor, servidor público federal aposentado, teve seus proventos de aposentadoria
bloqueados em sua conta bancária, como demonstrou por cópias da documentação e
extratos bancários anexos, sem que houvesse surgido qualquer justificativa legal para
tanto.

2. É ele, Autor, correntista do Banco do Brasil S.A., da


Caixa Econômica Federal e do Nubank S.A., tendo buscado este último apenas porque lhe
seria mais útil para movimentação de pequenos valores, consoante resta comprovado por
cópias de seus respectivos cartões de movimentação bancária.

3. Resta, porém, que foram indevidamente retidos, sem


qualquer pedido dele Autor, ou qualquer aviso prévio, os valores de:
..............................
............................
............................

4. Tais retenções, indevidas e descabíveis, lhe provocaram, e


existe o temor de que ainda continuem a provocar, um grande desequilíbrio financeiro, que
vem impossibilitando ao Autor o cumprimento de suas dívidas como água, luz, telefone,

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comida, gasolina, aluguel, etc., além de sua vida regular, inclusive com a busca por
acordos extrajudiciais com seus credores.

5. Neste sentido, inclusive, busca pela antecipação de tutela,


no sentido de que lhe sejam liberados os valores indevidamente retidos de sua
aposentadoria.

6. Tendo como base o princípio da Dignidade da Pessoa


Humana, pelo qual é assegurado ao trabalhador o recebimento da remuneração
proveniente do seu esforço e manutenção da sua subsistência e da sua família, nada há
que justifique a retenção indevida dos valores existentes em conta do correntista,
notadamente quando provenientes de sua aposentadoria.

4. Nos termos do art. 833, inciso IV e § 2º do vigente CPC,


acima reproduzido, são impenhoráveis os proventos de aposentadoria, ressalvada
hipótese do § 2º, que não ocorreu no presente caso, vindo assim tal retenção, ou penhora,
a se constituir um ato ilícito, praticado pela instituição financeira que, sem autorização do
titular da conta e dono do dinheiro, bloqueia os rendimentos mensais do correntista para
pagamento de dívida.

5. Sendo o salário, termo de cunho genérico da


remuneração alimentícia, dentro das quais se insere a aposentadoria, é indispensável para
a manutenção da pessoa e da família do Autor/Aposentado, restando ilícito tal
cerceamento, restando violados os arts. 1º, inciso III, e 7º, inciso X, da Constituição
Federal, os arts. 46 e 51, inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor, bem como o art.
649, inciso IV, do CPC.

6. Reportando-nos novamente ao CDC, vemos que a


relação jurídica existente entre Autor e os bancos onde tem conta, submete-se

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amplamente e sem nenhuma restrição às normas e condições elencadas no referido


códice.

7. Do mesmo modo, a caracterização das instituições


financeiras, como fornecedoras, é positivada no art. 3°, caput do CDC, especialmente em
seu § 2°.
8. ......................

9. A angústia, a preocupação e os sentimentos


proporcionados por situação de injustiça, ilegalidade e impotência são inegáveis. Tudo isto
traz alterações de ânimo que devem ser entendidas como dano moral.

10. No entendimento do Egrégio Superior Tribunal de


Justiça, mesmo que viesse a existir alguma permissão para débito de uma parcela, o que
não existiu, em hipótese alguma, resta caracterizado o dano moral decorrente da
apropriação do salário pela instituição bancária. Vejamos:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANO MORAL - RETENÇÃO DE SALÁRIO PARA PAGAMENTO DE


CHEQUE ESPECIAL VENCIDO – ILICITUDE. Mesmo com cláusula contratual permissiva, a
apropriação do salário do correntista pelo banco credor para pagamento de cheque especial é ilícita
e dá margem a reparação por dano moral. (STJ - REsp. 507.044-AC – Acórdão COAD 110353 -
Rel. Min. Humberto Gomes de Barros - Publ. em 3-5-2004)

11. Seguindo, inclusive, tal posicionamento, o Tribunal de


Justiça de Minas Gerais, assim apreciou judicialmente a questão:

CONTA SALÁRIO - CANCELAMENTO DE CONTRATO DE CHEQUE ESPECIAL - UTILIZAÇÃO


DO SALÁRIO DO CORRENTISTA PELO BANCO PARA QUITAÇÃO DE DÉBITO EM BENEFÍCIO
PRÓPRIO - IMPOSSIBILIDADE - AFRONTA À PROTEÇÃO SALARIAL PREVISTA PELO
ORDENAMENTO JURÍDICO - RESTITUIÇÃO DE VALORES QUE SE IMPÕE. O salário se
constitui em verba intocável. À entidade bancária não é dado o direito de realizar qualquer débito
na conta-salário do correntista, ainda que por decorrência do cancelamento do contrato de cheque
especial, por se constituir em ato praticado pelo credor e em seu próprio benefício, como forma de
saldar seus créditos sem o devido processo legal. Tendo se apossado de toda a verba salarial do

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correntista, impõe-se a condenação da entidade bancária em danos morais e restituição dos


valores anteriormente apropriados. (TJ-MG – Ap. Civ. 1.0024.08.195640-1/001 – Rel. Des. Luiz
Carlos Gomes da Mata – Publ. em 16-6-2009)

CONTRATO BANCÁRIO - CONTRATO DE EMPRÉSTIMO PESSOAL - SALÁRIO - DÉBITO EM


CONTA CORRENTE PARA PAGAMENTO DE EMPRÉSTIMO. (...) A cláusula contratual que
autoriza o banco a se apropriar de dinheiro de salário, mediante débito em conta corrente, em
pagamento de empréstimo contraído pelo correntista, viola o princípio da impenhorabilidade
absoluta dos recursos oriundos do trabalho, aplicável a qualquer espécie de expropriação. (TJ-MG
– Ap. Civ. 1.0024.07.459604-0/005 – Rel. Des. Fábio Maia Viani – Publ. em 17-3-2009)

DÉBITO EM CONTA CORRENTE PROVENIENTE DE SALÁRIO - IMPOSSIBILIDADE - ART. 7º, X,


CF/88 C/C ART 649, IV, CPC - SOMENTE POSSÍVEL MEDIANTE AUTORIZAÇÃO DO CLIENTE -
MULTA PELO DESCUMPRIMENTO. Autoriza o art. 7º, inciso X da CF, a proteção ao salário na
forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa. Determina o art. 649, inciso IV do CPC, a
impenhorabilidade do salário, salvo para pagamento de prestação alimentícia. Sendo o salário
impenhorável, só se considera lícito o débito em conta salário, se o banco for autorizado pelo
cliente. (TJ-MG – AI 1.0377.07.009713-6/001 – Rel. Des. Nicolau Masselli – Publ. em 15-11-2007)

REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS - CHEQUE ESPECIAL - MUTUÁRIO EM MORA -


BLOQUEIO DE SALÁRIO. Consoante a proibição contida no art. 649, inciso IV, do Código de
Processo Civil, é absolutamente impenhorável toda verba decorrente da relação de emprego, seja
aquela paga regularmente pelo empregador ou decorrente de prestação de serviços autônomos por
profissional liberal, ressalvada a hipótese de pagamento de pensão alimentícia, mormente quando o
apontado devedor de cheque especial não tenha autorizado, previamente, o desconto em sua folha
de pagamento. (TJ-MG – AI 2.0000.00.474578-8/000 – Rel. Des. Guilherme Luciano Baeta Nunes –
Publ. em 26-7-2006)

12. Em doutas e brilhantes interpretações judiciais, o MM.


Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro também protegeu o consumidor:

BANCO - DESCONTO INDEVIDO EM CONTA SALÁRIO – CONDUTA IMPRÓPRIA - DANO


MORAL. A jurisprudência pátria é uníssona ao reconhecer a ilegalidade do desconto de valores
provenientes de remuneração existentes nas contas salário dos consumidores, pois tal ato é
considerado abusivo e as cláusulas contratuais que o autorizam são consideradas nulas de pleno
direito, conforme preceituado no artigo 51, IV, do CDC. Dano moral in re ipsa. A privação do valor
correspondente ao salário importa em violação ao direito à disponibilidade do vencimento por parte

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da autora. (TJ-RJ - Ap. Cív. 2009.001.01354 – Acórdão COAD 128241 - Relª Desª Renata
Machado Cotta - Publ. em 2-2-2009)

BANCO - EMPRÉSTIMO - DESCONTO EM CONTA-SALÁRIO – INADMISSIBILIDADE. Vestibular


da lide principal revelando que o banco réu vem descontando mensalmente da agravada valores
de sua conta-salário. Fato incontroverso, vez que reconhecido pelo agravante, limitando-se a
enfatizar que se trata de débito automático autorizado contratualmente, em decorrência de
financiamento concedido à recorrida. Estreme de dúvida, descontos ultimados em conta corrente
em razão de empréstimos bancários não são admissíveis, diante do que estabelecem os artigos 7º,
inciso X, e 649, inciso IV, da Carta Magna e do Estatuto Processual Civil. Jurisprudência deste
Colendo Sodalício a respeito do tema. Desconto perpetrado pelo agravante que comprometerá a
subsistência da recorrida. Vale dizer, que na hipótese do correntista se encontrar inadimplente com
avença alusiva a empréstimo bancário, deve a Instituição Financeira disponibilizar o procedimento
adequado para sua quitação ou utilizar os meios legais para cobrar o seu crédito, mas jamais
confiscar valores integrantes do salário do consumidor e ultimar por negativar o seu nome. (TJ-RJ –
AI 2008.002.05970 - Acórdão COAD 124919 - Rel. Des. Reinaldo Pinto Alberto Filho - Publ. em 13-
3-2008)

13. Não muito diferente e merecedora de pronto seguimento,


destacamos decisão do Tribunal de Justiça de Sergipe:

BLOQUEIO DE SALÁRIO EM CONTA-CORRENTE - IMPENHORABILIDADE -


CONTRATO DE ADESÃO - CLÁUSULA ABUSIVA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO
BANCO (ART. 14 DO CDC). A conduta de instituição financeira que desconta o SALÁRIO
de servidor para fins de quitação de débito, contraria o art. 7º, X, da Constituição Federal e
o art. 649, IV, do CPC, pois estes dispositivos visam a proteção do SALÁRIO do
trabalhador, seja ele servidor público ou não, contra qualquer atitude de penhora, retenção,
ou qualquer outra conduta de restrição praticada pelos credores, salvo no caso de
prestações alimentícias. Ademais, impõe-se considerar que a cláusula autorizativa de
retenção do saldo em conta corrente, para liquidação ou amortização de dívida, é
considerada nula, consoante a regência do art. 51 do Código de Defesa do Consumidor.
(TJ-SE – Ap. Cív. 3907/2007 – Relª. Desª. Josefa Paixão de Santana - Julg. em 12-
112007)

14. Tais práticas de restrição e penhora são, inclusive,


vedadas pela Magna Carta Federal, pelo CPC e pelo CDC, pois existem outros meios
legais e judiciais disponíveis para evitar uma situação de crise financeira ao correntista.

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15. A legislação brasileira assegura ao trabalhador o


recebimento de salário proveniente do seu esforço e manutenção da sua subsistência e da
sua família, e é exatamente aí que se poderia indagar: o que justifica a prática habitual e
lesiva das instituições financeiras em reter a integralidade do saldo depositado em conta
do correntista, para pagamento de créditos rotativos, empréstimos ou limite de cheque
especial?

16. Nos termos do inciso IV do artigo 649 do multidito Código


de Processo Civil, são absolutamente impenhoráveis os vencimentos, subsídios, soldos,
salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as
quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua
família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal.

17. Não se pode imaginar que a lei tenha vedado ao próprio


Poder Judiciário a possibilidade de penhorar o salário de um trabalhador, e a instituição
realizar diretamente, e na maioria dos casos, sem mesmo um aviso prévio, para que o
cliente pudesse se precaver.
18. A própria Constituição Federal, em seu artigo 7º, inciso X,
garante a proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa.

19. A escusa utilizada pelas instituições bancárias é sempre


a mesma, alegando que com o objetivo de justificar a retenção de qualquer crédito
existente em conta-corrente, os bancos afirmam que quando efetivado o depósito, tal
verba deixa de ser caracterizada como salário, sendo, portanto, suscetível de ser utilizada
para pagamento de dívidas

DO PEDIDO:
1. Posto isso, requer a Vossa Excelência:

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Rua Laranjeiras nº 532, Centro, Aracaju, SE, CEP 49060-000
Tel. (079) 99963-1961
Aristarco Bensabath OAB-BA nº 8.170
abbmenezes@gmail.com
Nã o se d e ve busc a r se r b o m , m a s se r ínte g ro .
(Ka rl G . Ju n g )

a) Seja concedida a antecipação de tutela no sentido de restituir imediatamente o


valor debitado indevidamente, na Conta Corrente n° .........................., pela qual
o Autor recebe a sua aposentadoria, sob pena de caracterização de crime de
desobediência e multa de R$ 500,00 por dia de descumprimento, até o limite de
alçada arbitrado pela magistrada; a ser cumprido por oficial de justiça
plantonista;

b) Requer que a decisão de antecipação de tutela tenha força de mandado;

c) Determinar que valores futuros da aposentadoria não venham a ser


descontados indevidamente diretamente na referida conta-corrente, sob pena
de multa pecuniária a ser fixada por este MM. Juízo;

d) A citação da Ré, no endereço inicialmente referido, para comparecer à


audiência de instrução e julgamento a ser designada, e, querendo, apresentar
resposta, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;

e) A inversão do ônus da prova nos termos no art. 6º do CDC;

f) O impedimento da Parte Ré, para buscar incluir o Autor nos órgãos de proteção
ao crédito, como SERASA, SPC e similares, até o julgamento final do presente
feito, com o fim de evitar prejuízos ainda maiores;

g) Se digne Vossa Excelência considerar procedente o pedido, para o fim de


condenar a Ré a reparação pelo dano moral no valor de R$ ..................., com
as devidas atualização monetária e juros;

h) Na hipótese de entender V. Exa. pela realização de audiência preliminar


conciliatória, o Autor não vê óbice para tal, ainda que reitere os pedidos de
antecipação de tutela, no sentido de lhe serem liberados os valores bloqueados.

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Nã o se d e ve busc a r se r b o m , m a s se r ínte g ro .
(Ka rl G . Ju n g )

DAS PROVAS:
1. Protesta por todos os meios de prova em direito
admitidos, pelos depoimentos de testemunhas, a serem arroladas, bem como novas
provas, documentais e outras, que eventualmente venham a surgir.

DO VALOR DA CAUSA:

Dá à causa o valor de R$ ....................

Pede deferimento.
Aracaju, ..............................

ARISTARCO BENSABATH
OAB-BA nº 8.170 / OAB-SE nº 130-A

RELAÇÃO DE DOCUMENTOS ANEXOS:

a) Carteira de Identidade de Advogado;


b) Comprovante de endereço do Autor;
c) Cartões e Extratos das contas no BANCO DO BRASIL – Banco: 001 - Ag. 3361-0 – Conta 551.492-2;
CAIXA ECONOMICA FEDERAL – Banco: 104 - Tipo: 001 – Ag. 1500 – Conta 31457-8; e NUBANK – Banco: 0260 - Ag.
0001 – Conta: 50771674-8;
d) Certidão comprobatória da aposentadoria do Autor;
e) Comprovantes de rendimentos do Autor – meses de ..............................;

ARISTARCO BENSABATH

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