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Blanc & Noir #1 — Stephen Winters


Luciano Tardock Apr 14, 2019 · 7 min read

Blank & Noir é um rpg solo criado por Felipe Faria e que pode ser
encontrado na comunidade Rpg Solo
do Facebook. A ideia do jogo é a de que você é um investigador, no
melhor estilo dos filmes dos anos 50 e 60. O jogo tem apenas três
páginas de regras e deve ser jogado com apenas 2d6, um branco e
um preto para dar mais clima ao jogo, mas, a falta dos dados não
afeta em nada o andamento do jogo, podendo os mesmos serem
substituídos por quaisquer outros dados de seis faces, apenas
sabendo que um dado significa sucesso e o outro falha.
O jogo ainda se encontra em sua primeira versão, que pode ser
acessada aqui, mas, em breve novidades devem vir para aprimorar a
experiência. Num aspecto geral, o sistema simples dá conta do
recado e te permite criar boas histórias. Minha primeira agenda foi
investigando um assalto descuidado que aconteceu num antigo hotel
abandonado. O personagem que criei, usando o site Fake Name
Generator (por que sou péssimo para nomes!) deu um toque especial
ao meu personagem — Stephen Winters, e também outros
personagens que surgiram durante o jogo, inclusive o antagonista.
Abaixo, segue o caso número 1 do truculento detetive Stephen
Winters. Ah, e se for pra jogar, segue o link da trilha sonora indicada
pelo Diego Basinello bem aqui.

Relatório 1 de Stephen Winters.

Perfil: Truculento. Reconheço que não cheiro a rosas. A força e a


intimidação tem me servido bem como ferramenta de meu ofício. Não
que eu a use sem fundamento… Claro.

Local do Crime: O telefone toca e ainda é muito cedo para que sejam
boas notícias. Muito menos para um prêmio em apostas de cavalos.
Cavalos estão dormindo as 6 da manhã. O endereço indicado na
ligação é o de um antigo Hotel Abandonado e é tudo o que tenho em
mãos nesse momento.

O Crime: As notícias começam a tamborilar em meus tímpanos como


a chuva começa a crepitar sobre meu sobretudo. Um assalto
descuidado, um corpo morto e uma investigação pela frente. Nada
feito com descuido pode terminar bem…

Dia 1.

Ainda não eram oito da manhã quando cheguei ao endereço


indicado. A construção originária dos anos 20 ainda guardava
alguma beleza dos tempos áureos. A fita amarela da polícia
delimitava o perímetro, mas, isso não era algo com que devia me
preocupar.

Existia um corpo no chão identificado como Harvey Wilson Sanchez,


um batedor de carteira que nunca tinha subido na bandidagem
local. Alguma bagunça pelo ambiente mas, Harvey havia sido
alvejado durante o assalto malfadado e morrido ali, num canto
solitário da construção. Tudo estaria encerrado se Harvey não
estivesse com um comparsa, que havia desaparecido logo que seu
amigo havia passado dessa para uma pior. Mas algo brilhava num
canto da sala, um brilho prateado em meio a sujeira do local. Uma
whiskeira de prata, antiga, mas bem cuidada era a coisa que não
combinava com o ambiente como um todo. Me aproximei e dei uma
bela olhada quando vi algo na parte inferior. Um nome. Hans Croy.
Estava na hora de conversar com o senhor Hans…
Dia 2.

Parti atrás de algumas informações sobre o Hans Croy. Meus


contatos na polícia já haviam me passado o esquema. Hans era
descendente de alemães, pouco mais de 50 anos e já havia sido
detido uma vez ou duas por pequenos crimes. Era um malandro,
mas não era assassino. Mas na minha profissão a gente aprende que
não podemos confiar em ninguém.

Entrei no bar de frente de vidro, letreiro em neon piscando e com o


teto baixo. Essas características me davam uma sensação saudosa de
alguns outros bares de outras vidas, de outros momentos. A nuvem
sobranceira que pairava no ambiente e o som digital do sax que
vinha de uma caixa de som moderna, mantinha os pensamentos dos
frequentadores focados em suas próprias misérias. É bom eu sair
logo dessa espelunca! — pensei. Sentei no balcão, uma dose, duas
doses e um punhado de dólares para descobrir que o maldito do
Croy havia morrido a alguns meses. O puto não poderia ser o
criminoso. Havia dado com os burros n’água e agora havia voltado a
estaca zero.

Estaca zero?

Foi quando percebi a mão trêmula que tocava meu sobretudo me


apontando um celular vagabundo. O garoto que não devia ter muito
mais que 20 anos se apresentou como Matthew, era filho de Hank
Croy. Sua boca trêmula balbuciava: “Esse é o homem que matou meu
pai…”

Convidei o infeliz pra se sentar ao meu lado. Me contou que seu pai
era um falido, um vagabundo local, mas que havia se regenerado ao
encontrar cura nas palavras de Jesus, ou de um pastor, ou de sei lá o
que… Só não encontrou cura pro alcoolismo e se afogar no fundo do
copo de vodca barata. No último momento de desespero, começou a
vender itens de casa. A whiskeira foi um desses itens, era de prata e
valeria ao menos algumas garrafas de bebida vagabunda. A foto do
celular não era a mais nítida, mas, já era possível de se ter uma boa
ideia de quem era o parceiro de Hank na malfadada noite.

Se o rosto da foto era o novo dono do souvenir encontrado na cena


do crime, então, existia uma boa chance de estar envolvido nesse
assaltado em nível de comédia pastelão.

Dia 3.

Voltei ao local do crime. Depois da conversa com o filho do


malfadado, tive algumas ideias sobre o homem da foto. Descobri que
se chama Victor Ramirez, filho de imigrantes cubanos, vestiu a
carapuça do esteriótipo de filme americano babaca e caiu no crime
ainda bem jovem. Ramirez era conhecido na região como “La Rata”,
o rato, pela habilidade que tinha de se esgueirar pelos guetos
fugindo depois de cada crime. Mas agora sou eu quem está atrás dele.
Pronto para acabar com essa praga. Será que ele acha bonito brincar
de ser o Mickey? Duvido.

Busquei marcas, indícios e sinais que me indicassem a toca do


camundongo. Evitei o local do crime, ainda cercado pela fita amarela
e me desloquei para a rua lateral, estreita, escura e com poucos
comércios. Essa rua era o ponto perfeito para se estacionar um
carro… … as marcas estavam lá. Todas as marcas estavam lá. Marcas
digitais. Ainda que a rua tivesse pouca movimentação, o comércio
local registrava a pequena movimentação com algumas câmeras de
(in)segurança. Era só uma questão de encontrar as imagens agora.

Que carro horroroso… Jesus amado…

Horas depois e mais alguns dólares gastos para amaciar o dono do


comércio que ficava de frente ao local das marcas, pude identificar o
homem da foto indo em direção a um Mitsubishi Lancer 1995 (Sério,
quem gosta de carro japonês?). O carro havia seguido em direção a
área sul da cidade. Nem seria difícil encontrar esse carro. Agora era
a hora de bater de frente com o ratinho e saber se ele iria me
enfrentar ou fugir para uma nova toca…

Dia 3 (tarde).

Menos de uma hora depois e algumas ligações (e mais alguns dólares


em subornos aos meus contatos dentro da polícia, essa brincadeira
tá saindo bem cara já!) e encontrei o buraco onde o camundongo se
esconde. A vizinhança seguia seu curso normal, uma meia duzia de
vagabundos pra um lado tomando cerveja, outros cortando a grama
na frente da casa, uma molecada jogando bola na rua enquanto
alguém reclama dos gritos destes. A casa estava fechada e as cortinas
cerradas. Ninguém perceberia a .45 na mão de um cara de sobretudo
escuro, com quase 1.90 de altura indo rapidamente em direção a
casa do bandidinho. Bem… eu espero que ninguém perceba.

A porta era nova, mas, a tranca era uma gambiarra que não
aguentou o primeiro tranco. Peguei o ratinho de calça arriada,
literalmente, quase iniciando o ritual do acasalamento com uma
bela dama da localidade. É claro que eu não deixaria um absurdo
desses acontecer. Questão de sanitarismo. Mais camundongos no
mundo? Pra que?

Enquanto a moça fugia a .45 servia de cartão de visitas.

Blábláblá, você está preso… Blábláblá, você tem o direit… EI, NÃO
LEVANTE AS CALÇAS, MALANDRO! FICA NA TUA!

O ratinho enfurecido babava de ódio. O assalto atrapalhado era bem


coisa de seu nível intelectual. Perder a whiskeira no local do crime,
ir fechar o crime com o próprio carro, e, pior de tudo, se desentender
com o comparsa ferido e deixar ele ferido foi o ponto final de sua
vida no mundo do crime. Ok, ok, Ramirez odiava Croy, não sei por
que e nem quero saber. Isso aí agora é pra polícia descobrir. A
minha função foi feita e peguei o cara.

Victor Ramirez foi conduzido para a delegacia mais próxima. Mãos


ao alto e calça arriada. Vamos ver a vergonha vai ensinar pra ele
uma lição definitiva sobre como organizar um assalto. O que? Tá
achando que eu quero que ele saia do crime? Se gente desse tipo sair
do mundo do crime, eu fico desempregado… Eu hein…

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Professor e historiador com muitos interesses. Do Brasil Colonial até os jogos de RPG.

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