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Formação em orçamento e planejamento de obras

Autor:
Engenheiro Leandro Fonseca, Eng.

2015

 leandrogffs@gmail.com
 (31) 9 9444-3003 / 9 8813-1356
Formação em Orçamento e Planejamento de Obras

Sobre o Autor:

Leandro Fonseca. é Engenheiro Civil, Especialização em Gestão


empresarial. Professor do curso Técnico em Edificações na Escola
Meta de Educação Profissional e Engenharia de Custos e Orçamentos
no IETEC. Possui experiência em Projetos residenciais e industriais
como Gestor de Obras, Fiscalização de obras de engenharia de
grande porte, Consultoria em Orçamento e Planejamento de Obras e
Capacitação técnica em cursos técnicos e de formação profissional.

Contato com o autor: leandrogffs@gmail.com

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Formação em Orçamento e Planejamento de Obras

Nota Importante

Valores (custos), índices de produtividade, Legislações, Normas, Padrões e documentos


de referência, quando não apresentada a sua data de referência deve considerar a data
de 01/01/2014. Bases de cálculos e alíquotas, hipósteses em que não há retenção na
fonte, prazos de recolhimento infrações e penalidades, legislação vigente, bem como
demais informações sobre tributos e contribuições citados possuem caráter acadêmico e
devem ser validados previamente com responsáveis contábeis e jurídicos da empresa
que receberá este treinamento. O autor desse material não se responsabiliza por
nenhum dano causado direta ou indiretamente pela não observância desta nota.

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Prefácio

A previsão dos custos de uma etapa de obra depende muito do grau de conhecimento da
pessoa que está fazendo o orçamento com base no projeto, ficando o sucesso de um
empreendimento, entre outros fatores, dependente do acerto entre o que foi previsto
(orçado) e o que irá ocorrer na prática (custo real). O orçamento é um dos elementos para
a tomada de decisões, junto com o cronograma físico-financeiro.

Para se ter um controle dos gastos e administrar melhor uma obra é uma ótima idéia ter
uma como base uma tabela com os percentuais dos custos de cada etapa da obra, para
se ter uma visão mais clara de quanto está sendo investido, e em qual etapa da obra.

Como o orçamento é um documento gerado previamente à execução da obra, as


variáveis que o compõem são estimadas e, assim sendo, seu resultado é aproximado em
relação àquele que será o custo real, isto é, o custo apurado após a produção efetiva do
bem. Entretanto, embora não tenha de ser exato, o orçamento deve apresentar um grau
de precisão compatível com a margem de erro esperada pela construtora e pelos
contratantes em função da fase a que se refere.

Caso seja necessário uma análise mais detalhada com valores mais exatos, deve ser feita
por um profissional da área para se ter um custo mais exato de cada etapa da obra,
também este profissional por separar material da mão de obra, sendo que os valores
podem variar dependendo da região.

Objetivos a serem cumpridos com este material:

 Capacitar na análise de orçamentos de obras, visando aumentar a competividade


dos serviços fornecidos.

 Preparar pessoal de orçamento e planejamento para maior efetividade em seu


trabalho.

Bons estudos!

Leandro Fonseca, Eng.

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Sumário

1. Introdução: O Orçamento na construção civil ......................................................... 6

2. Orçamento e Objetivos ........................................................................................... 6

2.1 – Orçamento Processo: Conceito e Aplicação ................................................ 6

2.2 – Orçamento Produto: Conceito e Aplicação .................................................. 7

3. Custos e Despesas: Conceitos e definições ........................................................... 9

4. Composição de Preços Unitários .......................................................................... 12

5. Encargos Sociais .................................................................................................. 16

6. Bonificação de Despesas Indiretas ....................................................................... 18

7. Planilha Orçamentária .......................................................................................... 32

8. Referências Bibliograficas .................................................................................... 34

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1. Introdução: O Orçamento na Construção Civil

Orçar é quantificar insumos, mão de obra ou equipamentos necessários à realização de


uma obra ou serviços, bem como os respectivos custos e o tempo de duração dos mesmos.

O orçamento, ou a “estimativa de custo” é a soma de diversas parcelas ou etapas de


produção, onde cada etapa possui um custo total ou unitário, as principais parcelas ou
etapas que compõem a estimativa de custo de um empreendimento são:

 Concepção e compatibilização do projeto como um todo;


 Planejamento e gerenciamento dos serviços e da mão-de-obra;
 Levantamento do custo indireto;
 Estudo financeiro.

2. Orçamento e Objetivos

O orçamento pode ser observado sob duas óticas: como processo e como produto.

Fig.1 – Tipos de Orçamento

2.1 – Orçamento Processo – Conceitos e Aplicação

Como processo quando o objetivo é definir metas empresariais em termo de custo,


faturamento e desempenho, onde participam da elaboração e se compromete com sua
realização de todo corpo gerencial da empresa.

Além disso, um processo orçamentário possibilita efetuar as projeções futuras dos


balancetes mensais, permitindo elaborar o balanço projetado do exercício ou de exercícios
futuros, o que contribui para a empresa avaliar ou conhecer os lucros futuros.

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2.2 – Orçamento Produto – Conceitos e Aplicação

Como produto, o orçamento tem por objetivo definir o custo e em decorrência o preço de
algum produto da empresa, seja a construção de um bem ou a realização de qualquer
serviço.

Sem dúvida alguma, o orçamento produto influencia o desempenho da empresa, e vice


versa, pois toda a empresa funciona como um todo orgânico. Nesta concepção, pode-se
afirmar que o orçamento produto tem suas diretrizes definidas no processo orçamentário da
empresa.

Tipos de Orçamento Produto:

O orçamento pode ser elaborado visando definir o custo e, por extensão, o preço de bens e
serviços, tais como:
 Elaboração de Projetos;
 Elaboração de orçamentos, cadernos de encargos, especificações;
 Elaboração de Laudos técnicos;
 Serviços de fiscalização, auditoria, ou assessoria técnica;
 Orçamento de serviços ou de mão de obra;
 Orçamento de construção ou de empreitada;
 Orçamento de canteiro de obras ou obras complementares;
 Etc.

A realização do orçamento produto, basicamente, pode seguir dois procedimentos


básicos:
 Por avaliação e estimativa;
 Por composição de custos unitários

Esses orçamentos diferenciam-se pelo grau de precisão, quando se compara o custo


inicialmente proposto com aquele realmente incorrido.

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Fig.2 – Procedimentos de Orçamento

a) O orçamento é a expressão quantitativa expressa em unidades físicas e valores


monetários, referidos a uma unidade de tempo, dos planos elaborados para o
período(s) subsequente(s).
b) As estimativas de custo determinam o valor da obra a partir de projetos incompletos,
cujas deficiências são supridas com a adoção de parâmetros particulares.
c) As avaliações constituem-se na valoração de empreendimentos através de
parâmetros genéricos.

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3. Custos e Despesas – Conceitos e Definições

Você sabe qual a diferença entre custos e despesas e qual a importância disto para a
empresa?
É considerado custo, todo e qualquer gasto relativo a aquisição ou produção de
mercadorias, como por exemplo, matéria-prima, mão-de-obra e gastos gerais de fabricação
(GGF), como depreciação de máquinas e equipamentos, energia elétrica, manutenção,
materiais de conservação e limpeza para fábrica, viagens de pessoas ligadas a fábrica, etc.

O Custos dividem-se ainda em Diretos e Indiretos:

 Custos Diretos = são todos os custos diretamente ligados aos produtos e


geralmente são mais fáceis de identificar, como matéria-prima, insumos e mão-de-
obra de funcionários dos centros de custos produtivos;
 Custos Indiretos = já estes, ainda que ligados aos produtos, são um pouco mais
difíceis de serem identificados, como mão-de-obra de funcionários dos centros de
outros centros de custos, mas que prestam serviço referente a fábrica como
manutenção, almoxarifado, ferramentaria, gerência e planejamento, etc. e os
demais gastos de fabricação (GGF), que englobam todas as despesas
relacionadas a fábrica (exceto as diretas).

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Já as despesas são todos gastos relativos a administração da empresa, como a


área comercial, marketing, desenvolvimento de produtos e o financeiro.

Ou seja, são os gastos que a empresa precisa ter para manter a estrutura
funcionando, porém não contribuem diretamente para geração de novos itens que
serão comercializados.

Em resumo, os custos são os desembolso que podem ser atribuídos ao produto final, já
as despesas são de caráter geral, de difícil vinculação aos produtos obtidos.

Entre os principais benefícios de uma apuração correta de custos e despesas, podemos


destacar a análise de Margem de Contribuição por produto, que é o valor que sobra da
venda de um produto ao retirarmos de seu faturamento bruto os gastos com deduções de
vendas e com o custo de sua produção ou compra.

De maneira resumida, a margem de contribuição nos diz se um produto vale a pena ou


não ser produzido, e não temos como realizar esta análise se não tivermos identificado as
despesas administrativas separadas do custo de produção.

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Fig. 3 - Alguns exemplos de custos e despesas

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4. Composição de Custos Unitários

Os preços e os custos na construção civil são orçados por serviço e determinados


segundo a produção de acordo com as composições unitárias. E estas composições,
conforme o serviço, tem por unidade: o metro, m², m³, homens-hora, dispendidos na
execução do serviço, hora de máquina, etc.
O preço na construção civil, geralmente é definido pelo seguinte modelo em que: CD
corresponde aos custos diretos incorridos, diretamente na execução dos serviços e IBDI,
denominado Índice dos benefícios e despesas indiretas, engloba os custos indiretos a
serem suportados por cada serviço.

Preço = CD x IBDI

A maioria dos orçamentos apresenta como parâmetro de orçamento o serviço. Assim,


o custo de cada serviço em que foi subdividido um projeto é composto segundo a
quantificação e os custos da mão de obra, dos insumos, dos equipamentos e dos
encargos sociais necessários a sua consecução.
Sendo, MO o valor da mão de obra, MT representando os insumos, EQ os
equipamentos e ES os encargos sociais incidentes sobre a mão de obra. O custo de cada
serviço é composto conforme se apresenta abaixo:

CD = Σ ( MO + MT + EQ + ES)

Esse quantitativos são multiplicados por composições unitárias de insumos para a


execução desses serviços. A soma dos produtos dos quantitativos por suas composições
unitárias resulta no custo total de um projeto.

Portanto, para a realização de um orçamento atuam três variáveis: o quantitativo


dos serviços, a composição unitária e o preço dos insumos. E uma variável fiscal, os
encargos sociais.

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A composição de custos unitários tem os seguintes componentes:

 Índice de materiais
 Índice de mão de obra
 Índice de equipamentos
 Preços unitários de materiais
 Preços unitários de mão de obra
 Preços unitários de equipamentos
 Taxa de encargos sociais
 Benefícios e despesas indiretas

A realização de um orçamento segue a seguinte metodologia:

 Projeto e suas especificações


 Quantificar os trabalhos por serviços, etapas ou elementos construtivos
 Relacionar as atividades a realização de cada serviço ou etapa construtiva, com
base na tecnologia a ser adotada
 Definir e quantificar o custo dos insumos, equipamentos e mão de obra, a
produtividade e os índices de produção
 Calcular o custo de mão de obra aplicada a cada serviço, dos insumos que dele
participam e dos equipamentos necessários a sua execução
 Calcular o índice de encargos sociais
 Definir o BDI – Bonificação de despesas indiretas
 Elaborar as planilhas de composição de custos
 Calcular os preços unitários e o preço global de cada serviço

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Analisando uma Composição de Preço:

Serviço de armação de aço CA-50, incluindo corte, dobra e instalação.

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5. Encargos Sociais

Encargos sociais são valores de impostos e taxas a serem recolhidos aos cofres
públicos e calculados sobre a mão de obra contratada, bem como a direitos e
obrigações pagos diretamente ao trabalhador.
Alguns índices são fundamentados em diversos dados estatísticos ou criterios que
podem sofrer variação no tempo, de região para região, de pluviosidade, propiciando
diferença no percentual total dos encargos.
A metodologia comumente empregada para o cálculo dos encargos sociais,
classifica essa taxa em cinco grupos:

Os encargos do Grupo-A são aplicáveis a todas as empresas do grupo III da


CLT – art. 577.

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Os encargos do grupo B são devidos a horas não trabalhadas, pagos


diretamente ao empregado, relativo aos dias de repouso semanal, feriado, férias, 13º
salário, além de auxílio enfermidade e da licença paternidade.

Os encargos do grupo C dizem respeito a demissão sem justa causa.

Os encargos relativos ao Grupo D correspondem as reincidências dos encargos do


grupo A sobre o grupo B.

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6. Bonificação de Despesas Indiretas


BDI, Bonificação ou Benefícios e Despesas Indiretas, é a parte do preço de cada
serviço, expresso em percentual, que não se designa ao custo direto ou que não está
efetivamente identifi cado como a produção direta do serviço ou produto.
O BDI é a parte do preço do serviço formado pela recompensa do
empreendimento, chamado lucro estimado, despesas financeiras, rateio do custo da
administração central e por todos os impostos sobre o faturamento, exceto leis sociais
sobre a mão-de-obra utilizada no custo direto. Podemos ainda definir o BDI como
sendo um percentual relativo às despesas indiretas, que incide sobre os custos diretos
de maneira geral, a fim de compor com precisão o preço de venda ou produção de um
serviço ou produto. Todo empreendimento de engenharia apresenta custo direto de
produção e custo indireto.
Acrescendo ao custo direto o percentual relativo ao custo indireto que incide sobre
o projeto, somado ao lucro, impostos e despesas indiretas, extrai-se o preço de venda
do serviço. Esse preço de venda nunca se repete, variando em função do
planejamento do empreendimento, da sua localização, das características
administrativas diferenciadas das empresas ou órgãos contratantes e contratadas, do
edital, do tamanho do serviço, da época de execução do projeto, enfim, de inúmeras
variáveis que nunca se repetem identicamente.

6.1– Como calcular o BDI


O cálculo do BDI depende, dentre as variáveis, do agente que elabora o
orçamento. Legalmente, o contratante de serviços tem a prerrogativa da estimativa
inicial de custos, portanto, quem contrata não é obrigado a apresentar o orçamento
detalhado do projeto nem tampouco propor um planejamento para sua execução. A
este cabe, a seu único critério, a estimativa de custos.

Sendo assim, o BDI será calculado também de maneira estimada e, para garantia
orçamentária e fi nanceira do empreendimento, deverá obrigatoriamente conter
margens de segurança de cálculo que neste trabalho chamaremos de Margem de
Incerteza.

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Ao contratado, pelo contrário, não há a possibilidade da estimativa de custos em


sua proposta comercial, seja pelas imposições legais, quanto pela garantia técnica da
execução do empreendimento.
Neste sentido, está garantido o orçamento detalhado do projeto, advindo de um
planejamento proposto. O BDI neste caso é preciso, não aceitando nenhuma margem
adicional ou cálculo de quaisquer riscos, visto que o orçamento detalhado de um
planejamento de execução de projetos elimina, pela previsibilidade, esta possibilidade.
As premissas iniciais do CONCEITO DO BDI estabelecem que alguns itens devem ser
transferidos para a planilha de quantidades da obra, visto que são perfeitamente
identifi cáveis e quantifi cáveis e, assim, são considerados como CUSTO DIRETO.
São estes:
• Mobilização e Desmobilização da Obra-serviço;
• Administração Local;
• Instalação do Canteiro de Obras;
• Manutenção do Canteiro de Obras;
• Despesas relativas à legislação ambiental;
• Segurança do trabalho;
• Controles tecnológicos;
• Transportes diversos;
• Cauções e seguros não resgatáveis;
• Outros.

Mobilização corresponde à parcela de custos para transportar desde sua origem


até o Canteiro de Obras ou Serviços, recursos materiais, equipamentos e instalações,
além de pessoal e utensílios necessários para a realização do empreendimento.

Alertamos que a Mobilização e a Desmobilização são efetivamente custos diretos,


uma vez que a Lei 8.666/93, das Licitações, em seu artigo 40 indicará em seu inciso
XIII, os “limites para pagamento de instalação e mobilização para execução de obras
ou serviços que serão obrigatoriamente previstos em separado das demais parcelas,
etapas ou tarefas”.

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ADMINISTRAÇÃO LOCAL

Define-se Administração Local como custos relativos à administração direta do


projeto ou empreendimento, inerentes ao Canteiro de Obras ou Serviços. É o custo
administrativo direto, conseqüentemente integrado na planilha de quantidades da obra,
onde constarão todos os itens de custos que lhe são pertinentes. Esta planilha deverá
ser apresentada anexada à proposta de preços e seu preço global deverá constar na
planilha de custos diretos de serviços do projeto.

INSTALAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS OU SERVIÇOS

A Instalação do Canteiro de Obras ou Serviços tem como função adaptar os custos


de construção das edificações provisórias para o suporte administrativo do
empreendimento, como instalações hidráulicas, elétricas e sanitárias; alojamentos e
refeitórios; depósitos de materiais e ferramentas; escritórios e outros.

Dessa forma, pode-se incorporar ao CONCEITO DO BDI, no caso dos


CONTRATANTES, os seguintes itens, considerados unicamente em percentuais:

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• Lucro Previsto;
• Tributos sobre a nota fiscal;
• Administração Central;
• Custos Financeiros;
• Margem de Incerteza (para estimativas de contratantes).

A inclusão da MARGEM DE INCERTEZA é indispensável às ESTIMATIVAS DE


CUSTOS dos órgãos públicos para melhorar eventuais distorções no valor aproximado
pelo cálculo estimado, devido ao seu caráter genérico adotado pelos contratantes. Isto
é, Preço de Referência representa custo inexato, ou seja, composições de custos
unitários diretos dos serviços genéricos e BDI fixado.

A MARGEM DE INCERTEZA é então um percentual de erro aceitável para as


estimativas de preços dos contratantes.

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TRIBUTOS SOBRE A NOTA FISCAL

Nos tributos sobre a nota fiscal devem ser consideradas as variáveis do regime
tributário escolhido pela empresa contratada e sua localização, no tocante a:

Tributo Municipal – TM
• ISS – Imposto sobre Serviço:
Variável de 0% a 5%. Em alguns casos pode-se deduzir os materiais. É pago no
município de realização do serviço. Deve-se considerar a legislação municipal
pertinente.

Tributo Estadual – TE
Geralmente não compete às empresas prestadoras de serviços o pagamento sobre
faturamento de tributos estaduais.

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Tributos Federais - TF
• COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social: Aplicável em
todo o território nacional. A alíquota depende do enquadramento fi scal e tributário da
empresa.
• PIS - Programa de Integração Social: Aplicável em todo o território nacional. A
alíquota depende do enquadramento fiscal e tributário da empresa.
• CPMF - Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira: Corresponde à
retenção de 0,38% sobre a movimentação fi nanceira em conta corrente bancária de
pessoas físicas e jurídicas (até a data desta publicação).

TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

Os tributos existentes sobre o lucro são: o IRPJ (Imposto de Renda Pessoa


Jurídica) e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). O Imposto de Renda
Pessoa Jurídica e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido podem ser aplicados
sobre a nota fi scal de serviços (Lucro Presumido ou Arbitrado) ou sobre o balanço
mensal da empresa (Lucro Real) de acordo com o regime tributário por ela escolhido.

As pessoas jurídicas com fins lucrativos estão sujeitas ao pagamento do Imposto


de Renda pelos seguintes regimes tributários:

• Lucro Real
• Lucro Presumido
• Lucro Arbitrado
• Lucro Presumido ou Arbitrado

Os percentuais de presunção de lucro fixados no artigo 15 da Lei 9249/95, para


quem optar pelo Lucro Presumido ou Arbitrado, são os seguintes:

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A - 8%, Venda de mercadorias e produtos;


B - 1,6%, Revenda para consumo de combustíveis derivados de petróleo, álcool
etílico carburante e gás natural;
C - 16%, Prestação de serviços de transporte, exceto o de carga que é igual a 8%;
D -32%, Prestação de demais serviços;
E - 8%, Atividades imobiliárias;
F - 8%, Empreitada global;
G - 32%, Administração de obras.

Sobre esses percentuais são aplicadas as alíquotas especifícas de IRPJ fixadas


em lei.

Por exemplo, empresas de engenharia de construção que optem por esta


modalidade de tributação pagarão 1,2% de IRPJ sobre o valor da nota fi scal, da
seguinte maneira: Considerando-se a presunção de Lucro igual a 8% (letra F, acima) e
sendo a alíquota do IR de 15%, temos:

Para empresas de engenharia consultiva o IRPJ é igual a 4,8%, quando tributado


sobre o Lucro Presumido (letra D = 32%).

LUCRO REAL

Como o próprio título define, a tributação incidirá sobre o Lucro efetivo da empresa
(ajustado pelas adições e exclusões permitidas e leis). As alíquotas dos tributos
dependem do plano tributário adotado pela empesa prestadora de serviços, em função
da sua atividade.

A Lei define apenas o Lucro anual. A conversão para mensal é trabalho do


orçamentista ou contador, uma vez que o cálculo do Imposto de Renda deve ser por
mês, nos cálculos orçamentários.

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CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO

A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro das pessoas jurídicas com
fins lucrativos é:

• Tributado pelo Lucro Presumido ou Arbitrado é de 12% sobre a Receita Bruta e


de 100% sobre as demais Receitas Operacionais (Financeiras etc);
• Tributado pelo Lucro Real é de 9% sobre o Lucro; de acordo com a MP 1858-10
de 26/10/99, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido não pode mais ser deduzida
da COFINS.

O pagamento da Contribuição Social é trimestral, seguindo os trimestres civis, da


mesma forma que o Imposto de Renda. Assim, os percentuais admitidos para a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido dos serviços de engenharia são os
seguintes:

• serviços que contemplem mão-de-obra e materiais a alíquota da CSLL é de


1,08%;
• serviços que contemplem apenas mão-de-obra a alíquota da CSLL é de 2,88%.

EXCEÇÕES

Não devem ser aplicados impostos sobre a Nota Fiscal, impostos incidentes sobre
materiais, do tipo ICMS e IPI, uma vez que estes deverão estar inclusos no preço dos
materiais, como também, os encargos sociais que são aplicados sobre a folha de
pagamento, que deverão estar incorporados aos salários.

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ADMINISTRAÇÃO CENTRAL – AC

A ADMINISTRAÇÃO CENTRAL reúne todos os custos da sede da empresa,


inclusive o custo de comercialização, gestão de pessoal, contabilidade, pró-labore de
sócios, departamento de compras e equipe de elaboração de propostas de preços,
facilmente conhecidos através da contabilidade gerencial das empresas.

Na prática, a ADMINISTRAÇÃO CENTRAL deve ser um percentual que expresse


um rateio desse custo gerencial da empresa em relação ao custo total desta, previsto
para o período seguinte ou mesmo realizado no período passado, a critério do
orçamentista.

Constitui-se, a ADMINISTRAÇÃO CENTRAL, dos custos referentes à diretoria,


departamentos (pessoal, contábil, licitações, orçamento, compras, jurídico, fi nanceiro
etc), aluguel de imóveis, veículos, água, esgoto e telefone, entre muitos outros.

A ADMINISTRAÇÃO CENTRAL será adotada sobre o custo total da empresa, da


seguinte forma:

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CUSTOS FINANCEIROS

Os CUSTOS FINANCEIROS visam corrigir monetariamente os déficits de caixa


que os contratos apresentam, principalmente em função da forma de medição e
pagamento dos mesmos. A fórmula pode ser utilizada da seguinte maneira:

LUCRO PREVISTO

O LUCRO PREVISTO da proposta é definido exclusivamente pelo prestador de


serviço ou empresa contratada. É considerado um percentual e essencial para a
sobrevivência e modernização das empresas.

O percentual do lucro de cada empresa é definido em função do interesse da


empresa no contrato, da análise de risco da proposta, do comportamento conhecido
do cliente, da regularidade e exatidão do pagamento, da concorrência, da
complexidade do projeto e, principalmente, das condições de mercado.

O LUCRO também é um percentual calculado tecnicamente, baseado em custo de


oportunidade do capital. No Brasil, o IPEA, órgão do ministério do planejamento, defi
niu com base em pesquisa específi ca, em 15% (quinze por cento). A receita federal
também presume a lucratividade de empresas prestadoras de serviços variando entre
8,0% e 32%.

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MARGEM DE INCERTEZA – MI

A MARGEM DE INCERTEZA visa situar a Estimativa de Custos elaborada pelo


órgão contratante em função da inexatidão ao calculá-la, em um intervalo elástico de
aceitabilidade, permitindo que o proponente corrija o Preço de Referência da Licitação
ao orçar detalhadamente o projeto.

Pode ser adotada, em termos percentuais, de acordo com o montante fi nal do


orçamento e deve estar em torno de 5% a 10% do CUSTO TOTAL do
empreendimento, para mais ou para menos, na Estimativa de Custo que vai defi nir o
valor de referência da licitação.

Os proponentes não aplicarão em seu BDI a variável Margem de Incerteza, porém,


podem utilizar o valor gerado por ela na Estimativa do Custo do contratante. Assim, o
valor estimado do BDI deve ser fixado em função do prazo do serviço e aspectos
diversos inerentes ao serviço, como IMPOSTOS, CUSTOS FINANCEIROS E
ADMINISTRATIVOS, LUCRO ESTIMADO DE MERCADO e MARGEM DE
INCERTEZA.

O BDI do órgão contratante é variável de acordo com estes fatores e deve ser
avaliado contrato a contrato, como também o proponente, estabelecendo os valores
que o compõem.

É importante lembrar que qualquer um destes itens constituintes do BDI pode ser
considerado sobre o CUSTO ou sobre o PREÇO DE VENDA do serviço, em função de
cada órgão ou empresa proponente, mas fica claro que o emprego sobre o CUSTO
gera um percentual superior ao adotado sobre o PREÇO DE VENDA.

Mas, para os TRIBUTOS SOBRE A NOTA FISCAL, por exigência da legislação


brasileira, só podem ser admitidos sobre o PREÇO DE VENDA DOS SERVIÇOS.

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AINDA SOBRE O LUCRO

A previsão do Lucro em uma proposta de preços é um percentual estabelecido pela


empresa em razão, principalmente, do mercado, do conhecimento do cliente,
pontualidade de pagamento e eficiência na fiscalização dos serviços e do interesse da
empresa pela obra ou serviço.

O LUCRO pode ser admitido de várias formas:

1º) O LUCRO será considerado, exclusive Imposto de Renda e Contribuição Social,


gerando a Margem de Contribuição real prevista;
2º) O LUCRO será considerado, inclusive Imposto de Renda e Contribuição Social,
gerando o LUCRO BRUTO; portanto, depois haverá subtração dos TRIBUTOS
anteriormente citados;
3º) O LUCRO será calculado sobre o custo, portanto, deverá estar no numerador
da fração da fórmula de cálculo do BDI;
4º) O LUCRO será calculado sobre o preço de venda, portanto, deverá estar no
denominador da fração da fórmula de cálculo do BDI.

Em qualquer dos casos apresentados nos itens acima certamente o LUCRO


deverá ser sempre preservado nos empreendimentos, conforme sua previsão inicial.

PREÇO DE VENDA

O preço de venda dos serviços ou valor global do orçamento é dado pelo produto
do custo direto total dos serviços pelo BDI:

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O CONCEITO DE BDI

PARA CONTRATANTES

Para os órgãos contratantes, o BDI deve ser calculado pela seguinte expressão
matemática:

PARA CONTRATADOS

O BDI para órgãos ou empresas contratados deve ser calculado pela seguinte
expressão matemática:

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EXEMPLO:

Calcular o BDI do contratante para ser aplicado sobre o custo direto estimado de
um empreendimento onde:
1- A ADMINISTRAÇÃO CENTRAL calculada da empresa proponente está em torno
de 7%;
2- Os CUSTOS FINANCEIROS calculados são de 2%;
3- Os TRIBUTOS apurados e somados que incidirão sobre o faturamento da
proponente são de 11,30%;
4- O LUCRO médio estimado, obtido pelas empresas atuantes neste mercado é de
10% sobre o faturamento do serviço;
5- A MARGEM DE INCERTEZA média da estimativa adotada é de 10%.

OBS: O fator multiplicador do custo direto para obtenção do preço de venda, neste
caso é 1,5121.

Os valores da ADMINISTRAÇÃO CENTRAL e dos CUSTOS FINANCEIROS são


extraídos a partir dos custos diretos do projeto, enquanto os valores do LUCRO e os
IMPOSTOS são obtidos a partir do preço de venda.

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CONCLUSÃO

Conforme procuro mostrar nas páginas precedentes, o BDI não é lucro, mas este
está incluso no BDI. Daí a importância da correta compreensão e utilização desse
instrumento, que é uma condição indispensável para a exiqüibilidade de um
empreendimento.
Embora ressalto a contribuição deste trabalho para a consolidação do
entendimento sobre o BDI, de maneira alguma pretendo encerrar a discussão sobre o
tema. Ao contrário. Os conceitos e cálculos do BDI são dinâmicos, pois assentam-se
sobre a legislação vigente, tributos e condições de mercado.

7. Planilha Orçamentária

Orçamento detalhado ou analítico demonstra o preço unitário de cada serviço, bem


como o preço total da obra a ser cobrado do cliente.

O Orçamento Analítico deve ser apresentado em planilhas, como o modelo abaixo:

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Formação em Orçamento e Planejamento de Obras

Esta planiha pode ser composta dos seguintes elementos:

 Discriminação de todos os itens e subitens desse serviço;


 As unidades dos serviços;
 As quantidades;
 Os preços unitários dos serviços;
 O preço parcial ou subtotal para cada subitem;
 O preço do item ou subtotal de cada item;
 O preço total da obra sem o BDI;
 O preço total da obra com o BDI.

O subtotal representa a multiplicação das quantidades pelos preços unitários


respectivos, de cada subitem, ou, quando se trata de serviço expresso por verba, o
valor da verba correspondente.

O preço total ou o custo total é a soma de todas as parcelas correspondentes aos


valores dos subtotais ou subitens de cada serviço.

Recomenda-se evidenciar o valor do BDI nos orçamentos. Isto porque, havendo


quebra de contrato por parte do cliente, o BDI bem como o preço dos serviços já
prestados deve ser cobrado, segundo especificação do Código Civil.

Não deve-se esquecer que, no valor do BDI, estão inclusos custos de


administração da obra e da empresa, despesas financeiras e de risco, impostos e taxas
a serem recolhidos pela empresa, bem como o lucro estimado.

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Formação em Orçamento e Planejamento de Obras

8. Referências Bibliográficas

1 – Orçamento de Obras – Curso de Arquitetura e Urbanismo: Universidade de


Santa Catarina – UNISUL. Florianópolis – SC, 2003. Versão 1.0 – Julho,2003.

2 – BDI - Bonificação ou Benefício e Despesas Indiretas / Conselho Regional de


Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais. - Belo Horizonte : Crea-MG, 2007.

3 – XAVIER, IVAN. Apostila do curso – orçamento, planejamento e custos de obra:


visa oferecer aos profissionais iniciantes na área de construção civil, experiências para
execução de orçamento de materias de construção e mão de obra, planejamento de obra
e levantamento de custos. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAU – USP
Universidade de São Paulo – USP FUPAM – Fundação para a Pesquisa Ambiental.

4 - TISAKA, MAÇAHIKO. Orçamento na construção civil : consultoria, projeto e


execução / Maçahiko Tisaka. — São Paulo : Editora Pini, 2006.

5 – GONZÁLEZ, MARCO AURÉLIO STUMPF. Noções de Orçamento e


Planejamento de Obras. UNISINOS Universidade do Vale do Rio dos Sinos Ciências
Exatas e Tecnológicas São Leopoldo – 2008.

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