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XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

SISTEMAS INTELIGENTES DE
TRANSPORTE: UMA ABORDAGEM
VOLTADA AO CONTEXTO
Claudiana Pereira Batista (UFPB )
clauclaubatista@gmail.com

O uso de sistemas inteligentes de transporte tem se mostrado crescente


no mundo, estimulados em grande parte pelo desenvolvimento da TI.
As informações obtidas através do uso de ITS podem propiciar uma
melhoria na produtividade do setor e aa interoperabilidade das
entidades gestoras de transportes. Entretanto, as informações são
dinâmicas e dependem de fontes diversas de dados. Este artigo relata a
problemática de uso dos sistemas inteligentes de transporte e a
sensibilidade ao contexto, adotando o conceito de mobilidade urbana
atrelada a fatores como otimização de recursos, solução de conflitos e
qualidade do contexto.

Palavras-chaves: sistemas inteligentes de transporte, ITS, logística,


sistemas sensíveis ao contexto.
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1. Introdução

A medida que as preocupações com a qualidade de vida e o meio-ambiente aumentam, a


sociedade busca adotar um conceito de mobilidade urbana que oriente as ações necessárias
para a implementação de uma política que permita as pessoas acessar de forma segura e
eficiente os espaços urbanos, além de devolver às cidades suas características de
sustentabilidade.

Desenvolvimentos recentes na TI têm proporcionado grandes avanços no gerenciamento dos


sistemas de transportes. Algumas tecnologias podem nos ajudar na operação do transporte
público e os sistemas geram informações úteis para o planejamento e operação dos sistemas
de transporte. O uso de Sistemas Inteligentes de Transportes (ITS) tem se mostrado crescente
no mundo. No Brasil a discussão sobre o tema permanece em ritmo lento de evolução, com a
quase inexistência de publicações e elaboração de normas capazes de apoiar a criação de uma
arquitetura nacional de ITS. No entanto, percebe-se um crescente interesse, por parte dos
órgãos gestores em implementar sistemas automatizados para auxiliar na melhoria da
qualidade dos sistemas de transportes e como forma de aumentar a produtividade do setor.
Essa tecnologia também é tida como capaz de melhorar o desempenho dos transportes
públicos, através da manutenção da regularidade e pontualidade. Ainda, sistemas inteligentes
que propiciam informações precisas aos usuários contribuem para melhorar a imagem do
modal utilizado.

A precisão das informações, obtidas pelos sistemas inteligentes e pelos sistemas que operam
em tempo real, pode conduzir, segundo (Silva, 2000), à melhoria de diversos processos
operacionais do transporte coletivo, como por exemplo: dimensionar a oferta de forma mais
adequada a realidade da demanda, controlar as viagens, realizar a regulação das linhas,
informar os passageiros com maior precisão, possibilitar a integração temporal e assim por
diante.

No Brasil, o Ministério das Cidades desenvolveu a Política Nacional de Mobilidade Urbana


Sustentável (MDT, 2007), cujas principais diretrizes são: a redução do número de viagens
motorizadas, a reestruturação do desenho urbano e circulação de veículos, a garantia de
mobilidade a pessoas com deficiência e restrição de mobilidade, a priorização do transporte

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coletivo e a estruturação da gestão local de transporte publico com desenvolvimento


tecnológico. Desenvolvimento este que deve propiciar além da interoperabilidade entre
entidades de gestão de transportes, uma ligação entre os sistemas do governo e os cidadãos
seja por meio de aplicações tradicionais seja utilizando aplicações de e-Gov (governo
eletrônico) e m-Gov (governo móvel, ou seja, governo eletrônico com prestação de serviços e
oferta de informações em dispositivos móveis), já que prezamos pela mobilidade (M-gov,
2009).

A crescente diversificação das atividades econômicas e sociais, a expansão e o adensamento


das áreas ocupadas e o aumento do número de veículos transitando nas áreas urbanas
acrescentam um caráter dinâmico a essas atividades, e que nem sempre possui capacidade
suficiente para atender a demanda. Por esse motivo, a disponibilidade de informações
atualizadas para a tomada de decisões é de fundamental importância (GIACAGLIA, 1998).

A coleta e manutenção de dados comuns por mais de uma entidade é especialmente onerosa, e
está mais sujeita a erros. É importante e está se tornando cada vez mais necessário constituir
sistemas de informação, com dados atualizados de uso comum, acessíveis para as entidades
que deles necessitam em atividades que envolvam planejamento, gestão e/ou operação de
sistemas de transporte urbano. A disponibilidade de dados atualizados é de fundamental
importância para o planejamento ou gestão operacional de transportes.

Foram criados diversos sistemas inteligentes integrados a programas de gerenciamento com


os mais variados objetivos. Contudo, ainda não existe um protocolo padrão para permitir uma
integração entre as diferentes tecnologias existentes. Os ITS estão focados na otimização e na
eficiência dos sistemas de transportes, visando proporcionar o aumento de produtividade e do
nível de segurança, a redução dos congestionamentos através da busca por rotas otimizadas e
a coleta de informações precisas e com elevado grau de confiabilidade. A principal
contribuição está vinculada a qualificação do modal.

Considerando que nos tempos atuais o usuário do transporte público passa a ser identificado e
tratado como um cliente e que paga para usufruir um serviço, torna-se fundamental a melhoria
da imagem, da qualidade e um preço justo. A regularidade do sistema é fator determinante
para a qualidade do serviço, pois afeta diretamente a percepção do usuário, na frequência, na
pontualidade e no cumprimento do serviço previsto. O acesso a essas informações deve ser
simples e eficiente, em meios tradicionais, eletrônicos e móveis. É necessário armazenar, a

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informação contextual e considerar o seu dinamismo. É importante investigar a melhor


maneira de prover as informações contextualizadas a cada dispositivo. Para tanto é necessário
conhecer o comportamento do usuário, o nível de aceitação/compreensão e a reação destes
frente as mudanças, bem como para avaliar o funcionamento dos equipamentos da malha
viária e as demandas relativas aos próprios sistemas sensíveis ao contexto.

2. Metodologia

A metodologia é a forma pela qual uma pesquisa é conduzida, tanto no aspecto do processo
investigatório quanto na seleção de hipóteses e técnicas de coleta e dados adequados. Para
NAKANO & FLEURY (1996), no campo da engenharia de produção podem ser quantitativas
ou qualitativas, sendo a primeira utilizada para os temas técnicos da engenharia e esta última
quando o tema está associado às ciências sociais.

Este estudo constituiu-se em uma pesquisa bibliográfica, abordagem qualitativa, voltada a


compreensão dos fatos que unem a engenharia de produção à ciência da computação no que
se refere ao desenvolvimento de produtos de software de cunho complexo. Embora a
abordagem adotada seja a qualitativa, as hipóteses levantadas neste artigo estão amparadas
por um conjunto de teorias. Pesquisa esta na qual discussões conceituais são provenientes da
literatura, revisões bibliográficas e baseadas na percepção e experiência do autor.

3. Sistemas de transporte

3.1. Sistemas inteligentes de transporte

Sistemas Inteligentes de Transporte (Intelligent Transportation Systems – ITS) (SILVA,


2000) estão diretamente relacionados a uma ampla variedade de tecnologias eletrônicas e de
informações baseadas em comunicação com ou sem fio. Quando integradas à infraestrutura do
sistema de transportes e nos próprios veículos tais tecnologias possuem potencial para
amenizar congestionamentos, aumentar a segurança e a produtividade.

Estes sistemas utilizam tecnologias de processamento de informação e comunicação,


sensoriamento, navegação e tecnologia de controle aplicados a melhoria do gerenciamento e
operação dos sistemas de transportes, à melhoria da eficiência no uso das vias, à melhoria da
segurança viária, ao aumento da mobilidade, à redução dos custos sociais, através de redução

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de tempos de espera e tempos perdidos e dos impactos ambientais (Silva, 2000). De uma
maneira geral, os ITS devem prover uma ligação inteligente entre os usuários dos sistemas de
transportes, os veículos e a infraestrutura.

Segundo Jensen (1996), os ITS podem ser categorizados como: Sistema Avançado de
Transporte Público ou APTS (Advanced Public Transportation System), Sistema Avançado de
Gerenciamento de Tráfego ou ATMS (Advanced Traffic Management System), Sistema
Avançado de Informações ao Viajante ou ATIS (Advanced Traveller Information System),
Operações de Veículos Comerciais ou CVO (Commercial Vehicle Operation), Sistema
Avançado de Segurança e Controle de Veículos ou AVCS (Advanced Vehicle Control and
Safety System) e a Coleta Eletrônica de Pedágio (ETC).

Quanto às áreas de aplicação de ITS, estas seriam nove: Desenvolvimento de Sistemas de


Navegação, Coleta Eletrônica de Pedágio, Assistência para a Condução Segura de Veículos,
Otimização do Gerenciamento de Tráfego, Aumento da Eficiência no Gerenciamento de Vias,
Aumento da Eficiência Operacional de Veículos Comerciais, Apoio para Operações de
Veículos de Emergência, Apoio aos pedestres: no controle semafórico de interseções e
orientação de rotas, e Apoio ao transporte público: de forma a permitir a tomada de medidas
que tornem o transporte mais flexível, com horários adequados às necessidades e
conveniência dos usuários. Todas as informações, incluindo a ocupação dos assentos, tarifas,
taxas e disponibilidade de estacionamento devem ser distribuídas com o intuito de se otimizar
o uso do sistema devem ser distribuídas para os lares, escritórios, veículos, equipamentos
portáteis, terminais, pontos de parada e centros de serviço.

Considerando as diferenças quanto às possíveis aplicações dos diferentes sistemas avançados


e dos diferentes clientes, os ATPS podem ser divididos em 3 categorias: Sistemas de ajuda à
operação (SAO), sistemas de informação ao usuário (SIU) e sistemas automatizados de
arrecadação tarifária (SAAT). Os sistemas de informação e os sistemas de ajuda a operação
apresentam características comuns e empregam tecnologias vizinhas. A tecnologia empregada
para aquisição de dados destinados ao controle operacional, adicionada a tecnologias de
informação com tratamento adequado de dados, é também usada para a disseminação da
informação aos usuários.

Para Manheim (1979) um sistema de transporte é a coleção de todos os componentes físicos,


sociais, econômicos e institucionais relacionados com o deslocamento de pessoas e bens em

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um dado contexto, ou seja, visão holística do problema. Segundo Giacaglia (1998) problemas
de transporte são dependentes do contexto assim como devem ser as formas de atacá-los e por
este motivo não seria possível caracterizar todos os problemas de transporte em uma forma
única. Modelos podem oferecer uma contribuição em termos de fazer com que a identificação
dos problemas e a seleção das maneiras de tratá-los tenham uma base mais sólida.

3.2. Tomada de decisão em ITS

O contexto de tomada de decisão em ITS deve ser levado em conta quando se especifica uma
abordagem analítica e envolve a escolha de uma perspectiva e um escopo ou cobertura do
sistema de interesse. O uso do contexto não é essencial para o funcionamento de um sistema
computacional. No entanto, aplicações que acrescentem características de adaptação entre
suas funcionalidades tendem a ser mais utilizáveis visto que usuários preferem sistemas
interativos e fáceis de usar.

Atualmente, a utilização de contexto é um requisito importante em aplicações móveis e


ubíquas, nas quais informações contextuais como a identificação do usuário, suas
preferências, localização física e o dispositivo utilizado são fundamentais para que essas
aplicações funcionem adequadamente. Em sistemas computacionais, contexto é um
instrumento de apoio à comunicação entre os sistemas e seus usuários. A partir da
compreensão do contexto, o sistema pode, em circunstâncias diversas, mudar sua sequencia
de ações, o estilo das interações e o tipo de informação fornecida aos usuários de modo a
adaptar-se às necessidades atuais destes. Sistemas que utilizam contexto para direcionar ações
e comportamentos recebem o nome de Sistemas Sensíveis ao Contexto (CSS, do inglês
Context-Sensitive Systems).

Compreender e identificar o contexto, e executar ações automaticamente de acordo com ele é


uma tarefa não trivial em sistemas computacionais. As fontes de contexto podem estar
associadas ao ambiente físico, ao ambiente virtual de trabalho, a bases de dados existentes, a
perfis do usuário, ou ainda ao próprio usuário, que pode informar diretamente ao sistema o
seu contexto atual. A aquisição do contexto refere-se ao processo de monitorar, capturar e
extrair elementos contextuais de diferentes fontes de contexto. A qualidade dos serviços
sensíveis ao contexto está diretamente relacionada com a qualidade da informação coletada.
Além do desafio de representação do contexto e do tratamento da qualidade do mesmo

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também é importante atentar para os mecanismos de raciocínio, mecanismos de aquisição


automática, mecanismos de privacidade e segurança, gerenciamento do histórico do contexto,
suporte para a provisão do contexto a dispositivos móveis e o tratamento de desempenho.

3.3. Modelagem de ITS

Metamodelos de contexto definem a terminologia e semântica dos principais conceitos que


devem ser considerados ao construir um modelo de contexto (VIEIRA, 2000). Eles proveem
novos elementos de modelagem relacionados ao contexto, fornecendo, assim, uma
infraestrutura conceitual para apoiar a construção de modelos de contexto.

Abordagens para modelagem de contexto em geral estão associadas à camada e os modelos de


contexto são construídos como extensões de linguagens de modelagem existentes. Uma vez
que essas linguagens foram concebidas para uso geral, e não especificamente para sistemas
sensíveis ao contexto, elas oferecem pouco suporte para a criação de modelos de contexto.
Um metamodelo de contexto permite abstrair as particularidades associadas à manipulação
das informações contextuais, oferecendo um suporte aos projetistas desses modelos, que
podem usar o metamodelo como base para estruturar os seus modelos de contexto.

Em Vieira (2008) é proposto um metamodelo de contexto que abstrai os conceitos relativos à


manipulação de contexto como uma forma de tornar explícito o tratamento do contexto pela
aplicação e apoiar a criação de modelos de contexto. Esse metamodelo inclui suporte para a
modelagem da estrutura das informações contextuais e seu uso para prover o comportamento
sensível ao contexto.

O CSS Design Process (VIEIRA, 2009) detalha atividades relacionadas à especificação de


informações de contexto e ao projeto de sistemas sensíveis ao contexto, provendo uma
maneira sistemática de executar essas atividades, utilizando a notação SPEM. As atividades
do processo são descritas em detalhes com indicação dos artefatos que são usados como
entrada para a atividade e os artefatos que são produzidos a partir da execução da atividade,
além dos recursos que podem ser utilizados como guias para apoiar a execução da atividade.
Todavia, o CSS Design Process não aborda questões relativas à implementação da aplicação.

4. Avaliação de arquiteturas de ITS

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4.1. Análise de Impactos

Na análise de projetos de transportes é interessante que seja observado dois grupos de


impactos, os diretos que são causados aos usuários e os indiretos que são basicamente os
efeitos socioeconômicos devido à implantação do projeto. Aquino (1975) sugere que um
método para a estimativa de benefícios com a implantação e uso de ITS deve atender aos
seguintes pontos:

 Permitir analisar a viabilidade econômica dos projetos, procurando mostrar a sua


rentabilidade econômica;
 Permitir a avaliação dos projetos a longo prazo;
 Permitir a realimentação de dados quando for necessário;
 Existir possibilidade de dados para a sua aplicação;
 Não ser excessivamente caro para o órgão que o estiver usando.

As informações básicas requeridas em pesquisas contemporâneas de transporte são:


características demográficas; matrizes de viagens em macrozonas por modo, motivo e hora do
dia para pessoas, veículos e mercadorias; perfis de uso modal por horário para locomoção
diária e ligações modais por motivo de viagem, como indicadores da distribuição espacial e
temporal das viagens entre os modos. A base de dados sugerida neste artigo deve contemplar
informações de contexto espacial para visualização das trajetórias de objetos móveis, tais
como ônibus, metrôs, trens e pessoas. Um objeto móvel exprime a localização espaço-
temporal de uma unidade de transporte multimodal pertencente a um sistema de navegação
em rede restrita, no nosso caso o sistema de transporte público. As informações de contexto
espacial incluem as malhas viárias dos centros urbanos, os pontos de paradas e as rotas e
linhas com sua respectiva programação de horários estabelecida a priori.

Para tratar a inferência é necessário considerar questões associadas ao tratamento da incerteza


e da qualidade do contexto processado (VIANA, 2000). Deve ser possível realizar a detecção
e predição de conflitos (mediante a observação de certos parâmetros pré-fixados), solução de
conflitos (o próprio sistema conduzirá uma análise do problema detectado e proporá uma
possível solução), otimização de recursos (determinando partes do sistema que não estejam
cumprindo parâmetros de serviços pré-fixado e propondo a redistribuição de objetos móveis).

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4.2. Aplicação da Sensibilidade ao contexto em ITS

A visão de Weiser sobre a computação ubíqua que possibilitaria a disponibilização de


informações e recursos computacionais “a qualquer hora, em qualquer lugar e em qualquer
dispositivo” (WEISER, 1991 apud VIANA, 2000) é cabível atualmente devido a expansão no
uso dos dispositivos móveis, comunicação sem fio e sensores mais sofisticados, embutidos em
dispositivos cada vez mais poderosos. Portanto, a Computação Ciente de Contexto encontra
terreno fértil para examinar o ambiente computacional e reagir a mudanças no mesmo, de
modo mais abrangente e efetivo.

Uma característica relevante de Sistemas Sensíveis ao Contexto - CSS é que não apenas a
interação entre um usuário e uma aplicação é considerada, mas a interação entre dispositivos e
aplicações também é fortemente recomendada. Uma forma de obter implicitamente alguma
informação sobre um usuário é perguntar a outras aplicações que o usuário utiliza. Com isso,
informações contextuais produzidas e armazenadas por uma aplicação podem e devem ser
compartilhadas com outras aplicações. Atentando para a necessidade de estabelecer políticas
de compartilhamento dessas informações objetivando a sua disseminação e considerando a
privacidade e a segurança dos usuários.

No entanto há grande desafio ao desenvolver um sistema sensível ao contexto que é delimitar


as ações dependentes de contexto nestes sistemas e identificar os elementos contextuais que
caracterizam a situação em que essas ações são executadas. Por sua natureza inerentemente
dinâmica, na maioria dos casos é difícil, enumerar o conjunto de situações que podem existir
na aplicação, identificar quais elementos contextuais podem determinar com precisão uma
situação desse conjunto e definir que ações devem ser executadas em uma situação particular.

Visando facilitar a identificação do que considerar como contexto (Vieira, 2009) mostra
diversas classificações para as informações contextuais que separam as informações
contextuais segundo critérios, como: as dimensões dos elementos contextuais; a granularidade
da informação; sua periodicidade de atualização e sua relevância em relação ao foco de
atenção do usuário.

Existem diferentes técnicas para apoiar a modelagem de elementos contextuais, dentre elas a
abordagem de mapa de tópicos e a abordagem baseada em ontologias. Cada técnica de
representação de contexto possui vantagens e deficiências. Dessa maneira, uma abordagem
híbrida, com a conjunção de diferentes técnicas em cenários específicos, é o mais apropriado

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para um modelo de contexto. Vieira (2009) apresenta um modelo híbrido de representação de


contexto com o uso de ontologias para representar a estrutura da informação contextual e a
associação desse modelo de estrutura a grafos contextuais para representar o comportamento
sensível ao contexto.

5. Críticas e sugestões

É preciso definir o que exatamente considerar como contexto, em que cenários este se aplica e
que informações são necessárias para descrevê-lo. Contudo é fundamental viabilizar formas
de adquirir o contexto o mais automaticamente possível, sem que o usuário tenha que ser
questionado insistentemente. Mecanismos de raciocínio e inferência devem ser
implementados com esse objetivo. A avaliação de desempenho dos sistemas de transporte
também deve ser estudada conhecendo a priorização dos atributos, sob a perspectiva da
qualidade demandada pelos clientes.

É rudimentar, mas extremamente importante, a existência de sistemas que permitam a


diferentes órgãos e entidades de planejamento e gestão de transportes desfrutarem de
informações atualizadas e consistentes para uma coordenação eficiente de suas ações. Bem
como, disponibilizar informações em tempo real sobre as condições de trafego, programação
dos modais de transporte público, tarifas, itinerários, rotas alternativas e condições
ambientais, e proporcionar ao usuário o conhecimento sobre o tempo de espera na parada e o
tempo de trajeto de metrô ou taxi, empregando tecnologias como telefone celular e GPS para
transmissão de informação e tornando o passageiro e/ou usuário parte atuante do processo no
qual ele próprio insere o contexto espaço-temporal de forma transparente.

6. Considerações finais
Com a proximidade da Copa do Mundo de Futebol, das Olimpíadas do Rio de Janeiro, e do
crescente aumento da população urbana usuária de transporte público de massa, o Brasil terá
que desenvolver soluções inteligentes e inovadoras que melhorem as condições do sistema de
transporte público nacional. A inserção de sistemas avançados de transporte público é apenas
uma das medidas que contribuem diretamente na melhoria da qualidade desse serviço,
tornando-o mais atrativo aos seus usuários.

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Promover uma gestão eficiente do transporte público, com base em informações dinâmicas de
contexto relacionadas aos próprios meios de transporte, aos passageiros ou condições
ambientais sugerindo rotas alternativas de um sistema multimodal de transporte é algo que
remete a sustentabilidade urbana, bem como propicia o atendimento as necessidades
emergentes e adaptativas dos usuários do transporte público e o beneficiamento dos serviços
de transporte privado.

REFERÊNCIAS

GIACAGLIA, M.E. Modelagem de dados para planejamento e gestão operacional de


transportes. São Paulo: Poli-USP, 1998. 238 p. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Transporte, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,
São Paulo, 1998.

JENSEN, C. ITS in Australia. Disponível em:


<http://www.squirrel.com.au/qdot/australia.html>. Acesso em: 24 nov. 2012.

MANHEIN, M.L. Fundamentals of transportation systems analysis. Cambridge. The MIT


Press, Cambridge, Massachusetts, 1979.

MDT – MOVIMENTO NACIONAL PELO DIREITO AO TRANSPORTE. Manifesto por


uma mobilidade urbana sustentável com direito ao transporte público de qualidade.
MDT, Brasília, 2007.

M-GOV. Conceito de governo eletrônico. 2009. Disponível em: <http://


www.egov.ufsc.br/portal/categoria/tags/observatório-do-e-gov>. Acesso em: 24 jan. 2013.

NAKANO, D.N. & FLEURY, A.C.C. Métodos de pesquisa na Engenharia de produção.


XVI ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Piracicaba, 1996.

SILVA, D. Sistemas inteligentes no transporte público coletivo por ônibus. Porto Alegre:
UFRGS, 2000. 144 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia
de Produção, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.

VIEIRA, V. & TEDESCO, P. & SALGADO, A.C. Modelos e processos para o


desenvolvimento de sistemas sensíveis ao contexto. Jornadas de Atualização em
Informática(JAI 09). Florianópolis, p.381-431, 2009.

WEISER, M. The computer for the 21st century. Scientific American, v.265, n.3, p66-75,
1991.

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