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O PAPEL DA REFLEXÃO
1. Os sujeitos têm sua ação pautada em um nível de reflexão, visto que a prática está sempre
baseada numa significação, seja ela ideológica, interesseira, utilitária, alienada, qual seja,
não é um processo mecânico, automático, aleatório, casuístico. Incessantemente há na ação
consciente dos sujeitos um nível de elaboração, um sentido, um fim, uma justificativa, uma
marca humana que é a intencionalidade.
2. Para quem deseja a mudança, resta a possibilidade de interagir com a intencionalidade dos
sujeitos, favorecer a interação entre eles, de forma a que possam ter uma ação pautada
numa nova concepção. No entanto, esta interação não pode ser ingênua.
3. A reflexão precisa articular duas dimensões: a) CONVENCIMENTO: ser elemento que dê
sentido e força à atividade propicie o despertar do desejo para a consciência se motivar e se
dispor para a ação; b) INTERVENÇÃO: ser um guia para a prática que se quer
transformadora. Ajudar a ganhar competência para a ação.
A FALTA DE SENTIDO DO PLANEJAMENTO
4. Planejar é uma atividade que faz parte do ser humano, muito mais inclusive do que
imaginamos à primeira vista. Estamos diante de uma verdadeira civilização de projetos. Por
outro lado, é muito visível a distância entre as intenções expressas nos planos e as práticas
concretas realizadas, o que coloca o planejamento, mais uma vez, num território de
disputas e controvérsias.
5. Problemas vivenciados na escola quanto ao ato de planejar:
a. Planejamento como processo burocrático (preenchimento de formulários, planos de
ensino e outros realizados de forma mecânica – rituais vazios de sentido).
b. Planos são entregues pelos professores e engavetados.
c. Planos são copiados do colega ou de livros didáticos.
d. Contradição entre a filosofia colocada nos planos e a prática.
e. O PPP é arquivado quando há mudanças na direção da escola ou no Governo.
f. Etc.
6. O que dizem os professores?
a. Não é possível planejar: a realidade da escola e da sala de aula é muito dinâmica; não
há condições (excesso de alunos, aulas paralelas, falta de recursos e de espaço
adequado etc.); não adianta (existem as exigências sociais – legislação, pais, vestibular
etc.).
b. Do jeito que o planejamento vem sendo feito não funciona: é inútil (mero ritual que
não tem consequências práticas); processo não acontece (falta tempo para discussão, as
ações são interrompidas, não há comunicação entre os professores ...); falta
compromisso (cada um por si); limita o trabalho (o professor fica preso, sem liberdade
...); é muito complicado (e os professores acabam não vendo sentido); é fora da
realidade; não é participativo (normalmente o planejamento é feito pela equipe
diretiva).
c. Não é necessário planejar: sem planejamento o professor sente que está dando conta
do recado (dar aula não é tão complicado assim, planejar é coisa para quem está
começando).
ANÁLISE DO PROBLEMA
Processo de alienação
11. Conceito de planejamento: Planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e
agir de acordo com o previsto; é buscar fazer algo incrível, essencialmente humano: o real
ser comandado pelo ideal.
12. Planejar remete a:
a. querer mudar algo;
b. acreditar na possibilidade de mudança da realidade;
c. perceber a necessidade da mediação teórico-metodológica;
d. vislumbrar a possibilidade de realizar aquela determinada ação.
Mudança Querer mudar a realidade; estar vivo, em movimento. Ponto de
NECESSIDADE partida para todo processo de planejamento.
Planejar Sentir que precisa de mediação simbólica para alcançar o que
deseja.
Mudança Acreditar na possibilidade de mudança (em geral e daquela
POSSIBILIDADE determinada realidade); esperança, abertura.
Planejar Ver condições de poder antecipar e realizar a ação.
Necessidade do planejamento
16. Nenhuma pessoa de bom senso se envolve numa atividade sem previamente avaliar sua
viabilidade. Portanto, antes de fazermos maiores ponderações sobre a prática do
planejamento, precisamos passar pela análise de sua própria possibilidade: até que ponto é
possível planejar, qual seja, até que ponto é possível antecipar e realizar uma determinada
ação desejada?
17. Atitude diante da realidade: Existe uma forma de abordar a realidade que a divide entre o
bem e o mal, o positivo e o negativo, a teoria e a prática, o tudo e o nado ..., de forma
dicotômica, maniqueísta, dualista, como se essas coisas ocorressem em estado puro,
isoladas das outras. Essa concepção linear, mecanicista, reducionista, corre o risco de levar
a duas posições equivocadas: a) sob a marca do possível: voluntarismo (exacerbação da
vontade do sujeito, desconsiderando os limites e a influência da realidade); b) sob a marca
do impossível: determinismo (exaltação dos limites e influência da realidade, desprezando
a força da ação consciente).
18. Na perspectiva dialética, entende-se que a realidade não é um sistema fechado e pronto;
existem, sem dúvida, os constrangimentos, todavia há também todo um leque de
possibilidades ainda não realizadas e que podem ser exploradas.
19. O planejamento enquanto possibilidade: Entendemos que a percepção por parte do
educador da possibilidade específica de planejar está estreitamente vinculada à
compreensão de dois fatores: a) regularidade do real; b) possibilidade de mudança da
realidade em que estamos inseridos.
REALIDADE: É preciso conhecer o campo onde se quer IMPORTANTE: Não há como garantir absolutamente que o
intervir (A realidade não se dá a conhecer diretamente (“não resultado da ação saia igualzinho ao idealizado.
se entrega”). Atividade reflexiva característica:
COGNOSCITIVA. INTERFERÊNCIAS e DINAMISMO DA CONSCIÊNCIA (É preciso
estar atento às necessidades de mudança).
FINALIDADE: Busca do fim a partir da explicitação da
intencionalidade, da explicitação do sentido a ser dado à
ação. Atividade reflexiva característica: TELEOLÓGICA.
Projeção de finalidades
Objetivo: (para quê) – Geral e Específico
Formas de Mediação
Conteúdo (o quê)
Metodologia (Como, onde, quanto tempo)
Recursos (com quê)
ELABORAÇÃO
ANÁLISE DA REALIDADE
Enquanto abordagem multirreferencial, envolve análise pedagógica, psicológica, política, econômica, social, antropológica,
psicanalítica, histórico-cultural, etc. Aponta limites e possibilidades; ajuda a equacionar os problemas, identificar as
contradições e a localizar as necessidades.
Sujeitos: Professor (deve conhecer-se humana, ética, intelectual e profissionalmente); Alunos (precisa ser reconhecido, mas
não através dos preconceitos, rótulos, chavões).
Objeto: Quanto ao objeto do conhecimento, é necessário que o professor domine o conteúdo; já no processo pedagógico, é
preciso que reconheça a relação sujeito-objeto, ou seja, o conhecimento prévio do aluno em relação ao objeto em estudo.
Conhecimento do contexto: trabalho que não abarcar a concretude dos determinantes não se revela eficaz (isso justifica a
necessidade de se “perder um pouco mais de tempo” planejando. É preciso conhecer também o próprio grupo de trabalho: a
equipe e suas expectativas e necessidades.
ELABORAÇÃO
PROJEÇÃO DE FINALIDADES
Uma vez compreendida, há o risco da realidade transformar-se numa espécie de paradigma a ser seguido, levando a educação
para um caráter meramente reprodutor.
A projeção das finalidades é a dimensão relativa aos fins da educação, aos objetivos do ensino, aos valores, à visão de homem
e de mundo. (O estabelecimento de finalidades tem a ver com o processo de desalienação).
Não se pode escolher quaisquer objetivos. Eles precisam estar em acordo com a análise da realidade.
ELABORAÇÃO
Projeção de finalidades
Formas de mediação
- Conteúdo
- Metodologia: constituição dos grupos de trabalho, trabalho de campo, planejamento do trabalho pelo grupo, pesquisa e
teorização, produção de registros, apresentação
- Avaliação
- Recursos
- Registro
Elementos do PROJETO DE TRABALHO
• TEMA-PROBLEMA: temática a ser investigada e que pode ser sugerida pelos alunos. (Deve oferecer um problema a ser
resolvido).
• OBJETIVOS: não estão dados previamente; vão se constituindo e explicitando a partir da escolha do tema-problema.
• CONTEÚDOS: também não estão definidos de antemão. São construídos pela pesquisa e teorização.
• METODOLOGIA:
• Constituição dos grupos de trabalho: O próprio grupo assume o planejamento do trabalho a ser desenvolvido. Isto
implica desde a definição do problema a ser estudado, explicitação de finalidades, levantamento de hipóteses, previsão
de tempo, recursos, formas de coleta, registro e tratamento de dados, distribuição de tarefas no grupo, até montagem
de um roteiro de atividades.
• Trabalho de campo: é o momento em que o grupo parte para a ação a fim de ter contato com a realidade, com o
problema.
• Pesquisa e Teorização: é o núcleo do trabalho de projeto; trata-se do investimento do grupo no levantamento de
hipóteses explicativas e de busca de fundamentação para confirmar ou refutá-las.
• Produção de registros: não se parte de um livro didático; caberá o registro do trabalho no grupo com vistas à
apresentação.
• Apresentação: a apresentação do produto final tem importante papel na sistematização preliminar do conhecimento,
bem como elemento de motivação para o grupo. Pode ser de formas variadas: dramatização, relatório, esquema,
desenho etc.).
• Globalização: busca de uma síntese geral sobre o tema-problema trabalhado.
Elementos do PROJETO DE TRABALHO
• RECURSOS: são muito importantes, pois não há conteúdos previamente definidos e o trabalho não se limita a livro didático.
• REGISTRO: além do registro de grupo, deve haver o de globalização do tema, que pode ser feito individualmente ou através
de uma produção coletiva de texto. O professor também precisa registrar para poder acompanhar.
PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
26. Conceito: É o plano global da instituição. Pode ser entendido como a sistematização, nunca
definitiva, de um processo de Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza
na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar. É um
instrumento teórico-metodológico para a intervenção e mudança da realidade. É um
elemento de organização e integração da atividade prática da instituição neste processo e
transformação.
MARCO REFERENCIAL DIAGNÓSTICO PROGRAMAÇÃO
O que queremos alcançar? O que nos falta para ser o que desejamos? O que faremos concretamente
para suprir tal falta?
É a busca de um posicionamento. É a busca das necessidades, a partir da É a proposta de ação. O que é
• Politico: visão do ideal de sociedade e de análise da realidade e/ou do juízo sobre a necessário e possível para
homem. realidade da instituição (comparação com diminuir a distância entre o que
• Pedagógico: definição sobre a ação aquilo que desejamos que seja). vem sendo a instituição e o que
educativa e sobre as características que deveria ser.
deve ter a instituição que planeja.
Processo Produto
ELABORAÇÃO PPP
- Marco Referencial
- Diagnóstico
- Programação
REALIZAÇÃO INTERATIVA - Ação
AVALIAÇÃO DE CONJUNTO - Indicadores de Mudança para o
Projeto.
27. Visão geral do processo
Toda a programação da escola deve estar pautada em dois critérios: necessidade e possibilidade.
A programação é fruto da tensão realidade-desejo; surge como forma de superação da realidade (ainda que parcial, dados os
limites) em direção ao desejado (dada a utopia, a força da vontade política). Esta tensão vai nos dar o horizonte do histórico-
viável.
QUESTÃO 01
De acordo com Vasconcellos, “[...] planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo
com o previsto; é buscar fazer algo incrível, essencialmente humano: o real ser comandado pelo ideal”.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico. 15.
ed. São Paulo: Libertad, 2006. p. 35.
a) Para que o planejamento realmente se efetue, é necessário verificar a possibilidade de viabilizar o que foi
planejado
b) Um dos fatores decisivos para a significação do planejamento é a percepção da necessidade de mudança.
c) A ação de planejar é importante e deve ser centralizada na ordem disciplinar e conteudista
d) O planejamento é uma maneira de aperfeiçoar a prática para que se consiga chegar ao resultado esperado
e) É importante levar em consideração as reais necessidades e os interesses dos discentes na hora de elaborar o
planejamento
QUESTÃO 02
De acordo com Celso Vasconcellos, são características de um Projeto de Ensino-Aprendizagem:
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas I e II
d) Apenas II e III
e) I, II e III
QUESTÃO 03
Segundo Gandin (2004) e Gandin e Cruz (2012, p.27), “Planejar é, de fato, definir o que queremos alcançar; verificar a que
distância, na prática, estamos do ideal e decidir o que se vai fazer para encurtar essa distância”. Com base na vertente do
professor Danilo Gandin, Celso Vasconcellos (2005) apresenta que a elaboração do Projeto Político Pedagógico deve ser
composta por três partes sequenciadas e articuladas entre si. Sobre este aspecto, está correta a alternativa
a) Diagnóstico (levantamento de informações) orientado pela indagação do que nos falta para ser o que desejamos; Marco
Referencial (Referencial teórico-metodológico que fundamentará o projeto); Programação (a elaboração de uma proposta
de ação) estruturada a partir da ideia do que faremos concretamente para suprir as necessidades
b) Marco referencial (a busca de um posicionamento político e pedagógico) guiados por um ideal do que queremos alcançar;
Diagnóstico (a busca das necessidades a partir da realidade) orientado pela indagação do que nos falta para ser o que
desejamos; Programação (a elaboração de uma proposta de ação) estruturada a partir da ideia do que faremos
concretamente para suprir as necessidades
c) Marco Referencial (Referencial teórico-metodológico que fundamentará o projeto); Metodologia (os procedimentos e
estratégias metodológicas para desenvolver o projeto); Programação (a elaboração de uma proposta de ação) estruturada
a partir da ideia do que faremos concretamente para suprir as necessidades
d) Diagnóstico – condição primeira para o levantamento de informações; Marco Referencial (Referencial teórico que
fundamentará o projeto); Programação (a elaboração de uma proposta de ação) estruturada a partir da ideia do que
faremos concretamente para suprir as necessidades.
e) Programação – o que faremos concretamente para suprir tal falta; Marco referencial (a busca de um posicionamento
político e pedagógico) guiado por um ideal do que queremos alcançar; Diagnóstico (levantamento de informações)
orientado pela indagação do que nos falta para sermos o que desejamos.
QUESTÃO 04
De acordo com Vasconcelos (2005), Projeto Político-Pedagógico é o plano global da instituição. Pode ser entendido
como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se
concretiza na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar. É um instrumento
teórico-metodológico para a intervenção e mudança da realidade. É um elemento de organização e integração da
atividade prática da instituição nesse processo de transformação
PORQUE
a) Diagnóstico
b) Programação
c) Avaliação
d) Realização
QUESTÃO 06
“Esta [...] concepção está relacionada à tendência tradicional de educação, em que o planejamento era feito sem
grande preocupação de formalização, basicamente pelo professor, e tendo como horizonte a tarefa de ser
desenvolvida em sala de aula. Os planos eram apontamentos feitos em folhas, fichas, cadernos (tipo 'semanário',
até hoje utilizado por professores de 1ª a 4ª série), a partir das leituras preparatórias para as aulas. Uma vez
elaborados, eram retomados cada vez que ia dar aquela aula de novo, servindo por anos e anos". (VASCONCELLOS,
Celso dos S. Planejamento - plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo: elementos metodológicos para
elaboração e realização).
A qual tipo de planejamento o autor se refere?
a) Planejamento Idealista
b) Planejamento Participativo
c) Planejamento Instrumental/Normativo
d) Planejamento de Divisão Democrática
e) Planejamento como Princípio Prático
QUESTÃO 07
Para Vasconcellos (2007), planejar é elaborar um plano de mediação da intervenção na realidade. Sua elaboração,
que prediz a ação, caracteriza-se por ser um processo de reflexão e de tomada de decisões. Pode-se dizer que este
processo de elaboração do Plano de Aula envolve alguns subprocessos que se sucedem em um processo contínuo.
Numere os subprocessos que devem fazer parte dessa elaboração, do primeiro ao último momento.