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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE HUMANIDADE E SAÚDE


CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

Barbara Freire Carvalho Brame

Atividade extrativista petrolífera em Macaé: território de sacrifício de mulheres

Rio das Ostras,


2019
Barbara Freire Carvalho Brame

Atividade extrativista petrolífera em Macaé: território de sacrifício de mulheres

Anteprojeto de monografia apresentado ao Curso de


Serviço Social do Instituto de Humanidades e Saúde da
Universidade Federal Fluminense a ser utilizado
como avaliação da Disciplina de
Pesquisa em Serviço Social, ministrada pelo
professor Ramiro Dulcich.

Rio das Ostras,


2019
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................1
2. JUSTIFICATIVA...........................................................................................1
3. OBJETIVOS..................................................................................................2
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................2
5. METODOLOGIA..........................................................................................4
6. CRONOGRAMA...........................................................................................4
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................4
1. INTRODUÇÃO

1.1. Tema: violência patriarcal e extrativismo


1.2. Objeto: Expressões da violência patriarcal em Macaé
1.3. Problema: Como os territórios extrativistas produzem formas específicas de
violência patriarcal?
1.4. Hipótese: Macaé possui um perfil típico de violência patriarcal característico de
territórios extrativistas

2. JUSTIFICATIVA

Muito se fala sobre a relação entre o patriarcado e a exploração capitalista, pois


entende-se que a divisão sexual e racial do trabalho estruturam as relações sociais de
produção que sustentam o desenvolvimento da sociedade nesse momento histórico. A
compreensão da funcionalidade das relações patriarcais ao capitalismo nos mostra a
relevância social de pesquisas que buscam iluminar como a ofensiva extrativista alimenta um
conjunto de violências (violências patriarcais).
Pretende-se então iluminar as expressões particulares de tais violências no município
de Macaé, onde vem se observando uma crescente ou manutenção dos dados de violência
sexual durante os últimos anos.

Total de Vítimas de Estupro dos Municípios da AISP 25 e 32, RJ (2012 a Ago/2017) em Relação ao
número de Habitantes
Ano
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Município População 2017
22.461
Conceição de Macabu 10 4 10 3 8 9
Quissamã 11 13 14 19 12 11 23.535
Iguaba Grande 5 9 8 8 15 1 26.936
Arraial do Cabo 31 22 10 18 11 6 29.304
Armação dos Búzios 15 24 19 15 13 9 32.260
Casimiro de Abreu 15 17 13 9 11 11 41.999
Saquarema 45 44 43 21 44 29 85.175
São Pedro da Aldeia 52 35 33 38 27 31 99.906
Araruama 50 58 44 43 53 25 126.742
Rio das Ostras 53 63 89 53 72 46 141.117
Cabo Frio 55 76 131 74 108 47 216.030
Macaé 88 98 108 46 70 45 244.139
Fonte: Dados do ISP-RJ e IBGE (elaboração de Rosana Santos e Silva), análise Katia Marro

Distribuição temporal (2014-2020) dos números de vítimas de violência sexual (assédio


sexual, estupro, importunação sexual e tentativa de estupro) em Macaé.

Fonte: Dossiê Mulher - ISP Visualização (ispvisualizacao.rj.gov.br)

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL


O objetivo geral deste projeto é apresentar a relação entre o incremento da violência
patriarcal e contextos de atividades extrativistas, a partir do caso do município de Macaé.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


● Evidenciar os índices de violência sexual no município nos últimos dez anos.
● Sistematizar dados de violência doméstica no município levantados a partir da
experiência de estágio no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher e Especial Adjunto Criminal de Macaé.
● Denunciar o contexto local da violência sexual e doméstica.
● Problematizar os impactos ambientais e sociais da atividade extrativista na
vida das mulheres.

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Será realizado um levantamento bibliográfico para delimitar o conceito de
extrativismo para então explorar a relação entre tal categoria teórica e a violência patriarcal a
partir de Svampa (2019) e outros autores.
Na segunda parte da pesquisa será abordado a realidade do município de Macaé e
como o crescimento econômico vivenciado pelo município a partir da última década do
século XX produziu impactos sociais e ambientais, analisando o crescimento da
indústria do petróleo e do município a partir de chaves de análise como fluxo
migratório, masculinização dos territórios e questão ambiental.
A terceira parte irá destacar o reforço da violência patriarcal como impacto
social da atividade petrolífera em Macaé, trazendo dados empíricos sobre a violência
sexual e doméstica nos últimos vinte anos.
É necessário contextualizar que Macaé passou por profundas transformações desde
quando foi escolhido pela Petrobrás no final dos anos 1970 para as instalações da base de
operações para extração offshore de petróleo na Bacia de Campos e atualmente o município
enfrenta diversos impactos ambientais e sociais, dentre eles a violência contra as mulheres.
Esse contexto vivenciado hoje foi produzido ao longo dos anos, desde a chegada da atividade
petrolífera. Cruz (2016) aponta que o recebimento dos royalties do petróleo “produziu fortes
impactos na aceleração da taxa de crescimento demográfico e urbano de alguns municípios”.
A pesquisa que estamos apresentando pretende demonstrar que Macaé, “que até a chegada da
Petrobrás, tinha cerca de 40 mil habitantes [...] deu um salto para 90 mil habitantes no ano de
1990, chegando a 200.000 habitantes em 2010, segundo o Anuário de Macaé 2012 [...]
(SILVA, LEAL, 2020)”, ao crescer seu número de habitantes, vivenciou uma masculinização
do território, um processo que não se reduz ao aumento de homens no território.
Svampa (2019) relaciona a presença de atividades extrativistas com o processo de
masculinização desses territórios e o reforço do patriarcado, uma vez que “em um contexto
agravado pelas características sociais, trabalhistas e espaciais do enclave, o lugar das
mulheres é afetado de maneira muito negativa” (p.109).
Esse processo é marcado pela acentuação dos estereótipos da divisão sexual do
trabalho (homem trabalhador/provedor e mulher dona de casa/cuidadora); agravamento das
desigualdades de gênero (assimetrias salariais); enfraquecimento dos papéis comunitários e
ancestrais das mulheres. Como descreve Mastropaolo “As mulheres, privadas dos seus meios
de subsistência, como agricultura de pequena escala, passam a depender dos homens ou do
Estado, o que aumenta significativamente os índices de violência doméstica e institucional”
(2022, p.127).
A valorização da atividade extrativista e da empregabilidade dentro desse mercado de
trabalho que se forma com a chegada da atividade extrativista tem como outra face a
desvalorização e intensificação das tarefas de reprodução e como essas tarefas estão a cargo
das mulheres esse grupo sofre com
“um amplo conjunto de vulnerações que incluem: a precarização do trabalho de
cuidados; a perda de autonomia econômica; a precarização do direito à alimentação
e a perda da soberania alimentar; a violência intrafamiliar e sexual; a vulneração do
direito à saúde e à participação em assuntos relativos ao meio ambiente; a criação de
redes de prostituição e o incremento da escravidão sexual; a vulneração do direito à
terra e à propriedade; a perda da identidade cultural e o enfraquecimento dos papéis
comunitários e ancestrais das mulheres; e a criminalização das defensoras dos
territórios e da natureza, com índices alarmantes de feminicídio” (Carvajal apud
Mastropaolo, 2022).

Nesse sentido trabalharemos com a chave de análise que entende os territórios extrativistas
como territórios mais propensos a violência sexual.

5. METODOLOGIA

Como metodologia optou-se por uma revisão bibliográfica de autores que abordam o
conceito de extrativismo para assim delimitar a relação entre a exploração extrativista e a
violência patriarcal. Faz parte da metodologia a análise documental de dossiês e relatórios
acerca de dados sobre a violência contra as mulheres em Macaé e dados sobre os impactos da
indústria petrolífera em Macaé.

6. CRONOGRAMA
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A insustentabilidade do trabalho de Sísifo: observações críticas sobre o desenvolvimento


sustentável a partir do caso de Macaé-RJ. Estudos de Administração e Sociedade, [s. l.], v. 5,
ed. n.1, p. 13-27, 2020. Disponível em: http://www.revistaeas.uff.br/. Acesso em: 21 nov.
2022.

Cruz, J. L. V. (2016). Novas perspectivas de análise da dinâmica socioeconômica e territorial


da região fluminense do extrativismo petrolífero. Cadernos do Desenvolvimento Fluminense,
n.9 49-67.

INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA - Disponível em: Dossiê Mulher - ISP


Visualização (ispvisualizacao.rj.gov.br)

MASTROPAOLO, Josefina. Punição e controle do feminino: Funcionalidade da violência


sexual no capitalismo. In: CAVALCANTI, Ludmila Fontenele. Violência Sexual contra a
Mulher: abordagens, contextos e desafios. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2022. p. 113-130.

SVAMPA, Maristella. “Hacia un neoextractovismo de figuras extremas”. IN __________.


Las fronteras del neoextractivismo en America Latina. Conflictos socioambientales, giro
ecoterritorial y nuevas dependencias.

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