Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NATAL
2019
RAQUEL LIMA DA COSTA
NATAL
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof.ª Dr.ª Daniela Neves de Sousa (DESSO/UFRN)
(Orientadora)
______________________________________________
Prof.ª Dr.ª Ilka de Lima Sousa (DESSO/UFRN)
(Examinadora interna)
_____________________________________________
Prof.ª Dr.ª Janaiky Pereira de Almeida (UFERSA)
(Examinadora externa)
Dedico esta conquista e o fim deste ciclo a todos os meus
familiares, em especial, meu pai e minha mãe e a minha avó
Maria, assim como aos meus amigos, sem os quais nada disso
teria sido possível.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho teve como objetivos discutir sobre a posição da mulher na divisão
sexual do trabalho, fazendo uma análise entre as posições impostas sobre homens
e mulheres na sociedade e fazendo uma explanação sobre como se deu essa
divisão e as consequências dela. Dessa forma, a discussão perpassa não só pela
conjuntura atual, mas por toda uma análise de passagens bíblicas que atribuem à
mulher um lugar na divisão social e do trabalho, passando por textos que analisam a
forma como a mesma ainda é vista nos dias atuais e como é vista no mercado de
trabalho. A metodologia utilizada foi baseada em revisão bibliográfica, trazendo
posicionamentos de autores que discutem tal temática, tendo como perspectiva de
análise o método crítico dialético que possibilita a compreensão do fenômeno como
um todo. Portanto, podem-se observar as dificuldades que ainda permeiam em
relação à imagem da mulher na sociedade e as consequências de tal fato
especialmente para o seu trabalho.
Palavras- chaves: Divisão sexual do trabalho; Trabalho feminino; patriarcado.
ABSTRACT
This paper aimed to discuss the position of women in the sexual division of labor,
making an analysis between the positions imposed on men and women in society
and explaining how this division occurred and the consequences of it. In this way, the
discussion runs not only through the current conjuncture, but through an analysis of
biblical passages that attribute to women a place in social and labor division, through
the way it is still seen today and as seen in the job market. The methodology used
was based on a bibliographical review, bringing the positions of authors who discuss
this subject, having as an analysis perspective the critical dialectical method that
allows the understanding of the phenomenon as a whole. Therefore, one can
observe the difficulties that still permeate the image of women in society and the
consequences of this fact especially for their work.
Keywords: Sexual division of labor; Female work; patriarchy
.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
2.O PATRIARCADO E A DOMINAÇÃO DAS MULHERES ..................................... 12
2.1. O PODER DO PATRIARCADO NA HISTÓRIA E A DOMINAÇÃO DAS MULHERES NO
CAPITALISMO ............................................................................................................ 14
2.2. AS DIVERSAS FORMAS DE OPRESSÃO E RELAÇÕES SOCIAIS DE GÊNERO .................. 16
3. RELAÇÕES DE SEXO E DIVISÃO DO TRABALHO ......................................... 209
3.1 O TRABALHO FEMININO NO BRASIL – A MULHER E O MERCADO DE TRABALHO ......... 232
3.2 MULHER, DEMOCRACIA E DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO ........................................ 25
4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 287
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 298
10
1. INTRODUÇÃO
tarefas domésticas como principal amostra, uma vez que, ainda recai fortemente
sobre as mulheres as responsabilidades sobre elas.
Outro ponto que ainda é bastante forte em meio a sociedade é a repressão da
sexualidade feminina. Enquanto os homens tem sua sexualidade estimulada quase
que diariamente, as mulheres ainda são julgadas e apontadas caso exponham esta
sexualidade. Estes são fatos que mostram que, embora tenhamos avançado em
vários aspectos, o patriarcado continua presente no nosso cotidiano, nos impondo
regras, sejam elas diretas ou indiretamente.
No âmbito profissional, grande parte das mulheres se vê em meio à dupla,
tripla jornada de trabalho, uma vez que se veem obrigadas a conciliar trabalho,
família, estudo. Isso ocorre devido a influência de algumas das diversas culturas
trazidas dos tempos antigos, sendo elas, as que atribuam aos homens apenas o
trabalho fora de casa. Infelizmente, este ainda é um ponto muito forte na sociedade
capitalista atual.
Além disto, há também a questão salarial. Um estudo realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, divulgado em 07/03/2018, que tomou
como base o rendimento habitual médio mensal por sexo, entre os anos de 2012 e
2016, contatou-se que as mulheres ganham, em média, 76,5% do valor recebido por
indivíduos do sexo masculino. Diante disto, pode-se perceber que neste aspecto a
mulher brasileira ainda encontra-se em um patamar inferior ao homem. Outro
aspecto bastante presente na realidade feminina é o fato da aceitação masculina em
meio ao mercado de trabalho, uma vez que ainda é bastante comum a
subestimação da mulher em certos cargos ou atribuição da mesma a cargos
inferiores. Todos esses aspectos são influência direta do patriarcado e do modelo
ideal de mulher feminina, doméstica e obediente.
Quando partimos para o meio social, podem ser percebidos que inegáveis
séculos de submissão ao sexo dominante culminaram com a ideia da mulher “sexo
frágil”, o que, de certa forma, acaba por estimular e intensificar possíveis agressões
contra ela. Oliveira (2007, p. 35) coloca que “violência como toda e qualquer
violação da liberdade e do direito de alguém ser sujeito constituinte de sua própria
história. Liberdade aqui entendida como ausência de autonomia”. Desta forma,
podemos afirmar que o uso de poder ou qualquer outra forma de dominar ou
explorar alguém, é uma forma de violência. A vista disto, a violência contra a mulher
14
Para iniciar uma reflexão no que diz respeito a visão sobre a mulher no
capitalismo, torna-se indispensável discorrer sobre uma das diversas questões que
rodeiam a discussão acerca do trabalho feminino, situando-se a partir da
implantação do capitalismo. Quanto a isto, Engels e Marx colocam que “(...) esta
atual sociedade destrói todos os laços familiares dos proletários (...) a mulher
também não é deixada de fora, pois ela também é instrumento de produção”. (1998,
p. 26).
Saffioti (1967) coloca que, no período em que a sociedade encontrava-se
entre a produção de valor de uso e a capitalista, alternava-se um período no interior
no qual nasce o valor de troca. Isto é, uma sociedade de mercado que transforma
tudo em mercadoria.
Sendo a troca uma das características dessa sociedade, uma vez que se
realiza em prol da satisfação das necessidades e que independe da posição
ocupada pelo homem, posto que ele vive dela, ela também passa a ser tida como
engrenagem para assegurar o bem do outro. Desta forma, a força de trabalho que
15
feminismo quanto a evidenciar que os papéis sociais de homens e mulheres não são
produtos de destino biológico e sim, de uma construção social.
Assim, percebe-se que a raiz de toda essa problemática é fruto de um
conjunto de normas fixas no que diz respeito a masculinidade e feminilidade, que
estabelece a divisão entre homens e mulheres quanto a ocupação de postos de
trabalho, de cargos, tarefas, serviços, categorias. Desta forma, todos esses pontos
foram essenciais para o surgimento de uma sociedade patriarcal e para a
dominação da mulher na sociedade capitalista.
mesmo passou a se sentir sozinho. Deus, percebendo a tristeza do seu filho, pegou
uma de suas costelas e criou a mulher. Assim, a mulher nasce com a função de ser
companhia para o homem, ou seja, foi criada na perspectiva de um ser dependente,
que veio ao mundo a partir de um pedaço do homem e não como ser individual.
Deus, percebendo que seus filhos infringiram a única regra colocada por Ele,
castigou-os. Eva agora passaria a sentir dores no parto e ficaria sob o domínio de
Adão. Este, por sua vez, teve como castigo a obrigação de aprender a dominar a
natureza e do que dela vinha para poder sustentar a si e a sua família.
Deste modo, Eva ficou como culpada de ter provocado a expulsão do paraíso
e a Adão foi dado o poder de estabelecer a ordem, usando estratégias de
dominação e exploração, inclusive sobre Eva, tendo em vista que a mesma
precisava ser mantida sob controle, uma vez que já havia causado muitos
transtornos.
Adão, por ter preferido Eva e desobedecido a Deus, passa a ignorar sua
sensibilidade emotiva e suas possíveis manifestações de afeto, assim, tais pontos
passam a ser vistos pelos homens como se fosse uma coisa ruim e vergonhosa,
18
Para que haja uma melhor compreensão das relações sociais de gênero, é
preciso que se entenda a construção social baseada na distinção biológica dos
sexos, que se expressa por meio de relações de poder e subordinação, assim como
também pela discriminação de funções, normas, atividades, dentre outros fatores
que se esperam de homens e mulheres dentro de cada sociedade.
identidade e papel sexual. Nesse caso, cabe empregar o conceito da autora Joan
Scott que define: “gênero é um elemento constitutivo das relações sociais baseadas
nas diferenças percebidas entre os sexos” (1990, pg. 86). Isto é, as relações de
poder se desenvolvem dentro das relações sociais.
Esse conjunto de relações não pode ser interpretado de acordo com a visão
de Foucalt que coloca que: “fosse estável, fixa e imutável, pois os sujeitos que a
compõem são constituídos de identidades próprias, portanto, onde existe poder
também encontramos resistência”, uma vez que coloca em questão a relação inerte
entre dominante e dominado de forma passiva. Desta forma, homens e mulheres
têm condições tanto de disputar, quanto de resistir ao poder.
fazendo com que seja ocasionada uma posição desvantajosa das mulheres no
mercado de trabalho (POSTHUMA, 1998).
Para uma análise mais pertinente desta divisão, devemos levar em conta o
espaço doméstico, percebendo também que a divisão citada é fruto de uma
produção social, com efeitos de normas e costumes. Diante disto, podemos destacar
que é preciso que haja o entendimento de que relações de poder percorrem por
26
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
IBGE. Mulher estuda mais, trabalha mais e ganha menos do que o homem.
Disponível em <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-
30
de-noticias/noticias/20234-mulher-estuda-mais-trabalha-mais-e-ganha-menos-do-
que-o-homem>. Acesso em: 07/05/2019.
MARX, Karl. O salário. In: O capital. Edição resumida por Julian Borchardt. 7º Ed.
Rio de Janeiro: Editora S. A. 1982, p.206-207;