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SÃO CRISTÓVÃO/SE
2022
ISABELLA DE AGUIAR NUNES DOS SANTOS
SÃO CRISTÓVÃO/SE
2022
ISABELLA DE AGUIAR NUNES DOS SANTOS
BANCA EXAMINADORA
Gostaria de começar agradecendo aos meus pais, Daniele Carvalho e Alberto Geraldo.
Obrigada pela criação, pelo apoio e por todo auxílio durante essa trajetória, desde as pequenas
até as grandes coisas, sem vocês nada disso seria possível.
A minha irmã gêmea Isabelle e minha irmã mais nova Ana Beatriz, obrigada por
estarem comigo nessa trajetória e por me ouvirem falar sobre a Universidade até tarde de
noite, vocês foram fundamentais na minha formação assim como são fundamentais na minha
vida.
A minha tia Michele e aos meus primos Josi e Carlos, obrigada por acreditarem em
mim e sempre me incentivarem e principalmente obrigada a minha tia por me fazer acreditar
que eu conseguiria e sempre se mostrar orgulhosa da minha conquista de entrar na
Universidade.
Ao meu namorado Dinarte Inácio, a pessoa que foi minha companheira de viagem em
quase toda a minha formação universitária. Obrigada pelo apoio, pela fé em mim, por todo o
auxílio na execução dos meus trabalhos acadêmicos, por me acalmar nos meus momentos
difíceis e por me ouvir chorar todas às vezes que eu acreditava não conseguir seguir em
frente.
Obrigada a todas as pessoas incríveis que entraram na minha vida durante esse longo
percurso percorrido na Universidade, o apoio de vocês fez com que eu não me sentisse
sozinha e me ajudou durante todos esses momentos difíceis.
Gostaria de agradecer ao meu Zezé, eu sei o quão incomum deve ser agradecer a um
cachorro em um TCC, mas era você quem me esperava na janela todas as noites e você quem
me fez companhia tem todas as madrugadas que eu virei estudando, você foi meu apoio e eu
sinto sua falta todos os dias.
E por fim, obrigada ao meu orientador Jetson Lourenço. Sem o senhor nada disso seria
possível, o senhor foi de fato uma das melhores coisas desse processo e espero poder dizer
com orgulho no futuro que tive a honra de ser orientada por uma pessoa tão inteligente,
bondosa e humana. Gostaria de agradece-lo por ser meu orientador, mas acima de tudo
gostaria de agradece-lo por ser um professor tão humano e companheiro durante esse período.
RESUMO
A presente monografia expõe os resultados obtidos na nossa pesquisa que visava realizar uma
reflexão acerca da importância, das demandas e dos desafios impostos aos assistentes sociais
que trabalham no âmbito do acolhimento institucional de crianças e adolescentes na Região
Metropolitana de Aracaju. Este TCC apresenta uma pesquisa bibliográfica de método
dialético crítico que busca realizar um resgate histórico acerca da evolução dos direitos das
crianças e adolescentes no mundo e em especial no Brasil que se configura enquanto direito
conquistado através da luta da classe trabalhadora. Buscou-se também refletir acerca do
acolhimento institucional enquanto garantia de proteção de crianças e adolescentes que
tiveram os seus direitos violados, realizando um levantamento de eventos importantes que
marcaram a evolução das políticas de acolhimento institucional. E por fim, buscamos realizar
uma análise crítica acerca do trabalho dos/das assistentes sociais que se encontram compondo
as equipes técnicas das Unidades de acolhimento da RMA composta pelos municípios de
Aracaju/SE, Nossa Senhora do Socorro/SE, Barra dos Coqueiros/SE e São Cristóvão/Se, de
modo que possamos compreender um pouco da realidade cotidiana do fazer profissional do
Serviço Social.
This monograph presents the results obtained in our research, which aimed to reflect on the
importance, demands and challenges imposed on social workers who work in the scope of
institutional care for children and adolescents in the Metropolitan Region of Aracaju. This
undergraduate thesis presents a bibliographical research of critical dialectical method that
seeks to carry out a historical rescue about the evolution of the rights of children and
adolescents in the world and especially in Brazil, which is configured as a right conquered
through the struggle of the working class. It also sought to reflect on institutional care as a
guarantee of protection for children and adolescents who had their rights violated, carrying
out a survey of important events that marked the evolution of institutional care policies.
Finally, we seek to carry out a critical analysis of the work of social workers who are part of
the technical teams of the reception units of the RMA composed of the municipalities of
Aracaju/SE, Nossa Senhora do Socorro/SE, Barra dos Coqueiros/SE and São Cristóvão/SE, so
that we can understand a little of the daily reality of the professional doing of Social Work.
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 68
APÊNDICES ............................................................................................................................ 73
INTRODUÇÃO
O serviço de acolhimento institucional de crianças e adolescentes surge enquanto
medida de proteção das mesmas. Trata-se de um serviço ofertado pela proteção Especial de
Alta Complexidade do Sistema Único de Assistência Social. Esses serviços acolhem crianças
e adolescentes que encontram-se em medida protetiva em decorrência da violação dos seus
direitos.
Destaca-se aqui que apesar das crianças e adolescentes atualmente serem consideradas
prioridade absoluta perante a Lei nº 8069/90, essa nem sempre foi a perspectiva cultural e
institucional envolvendo esse público, que passou uma boa parte da história da sociedade
sendo incompreendida e vista socialmente como meros adultos pequenos, possuindo pouco ou
quase nenhum valor perante a sociedade que viviam.
É importante destacar que embora o foco principal do estudo tenha sido o exercício
profissional em Unidades de acolhimento na RMA, não se pode desprezar na pesquisa as
problematizações sobre o espaço institucional onde o Serviço Social está inserido, como
também não se pode ignorar os usuários que as/os assistentes sociais atendem nas Unidades
de acolhimento. Por isso, tanto as instituições de acolhimento e as crianças/adolescentes
também foram mediações pesquisadas e problematizadas nos estudos do TCC.
13
A pesquisa que tentou, dentro dos limites da própria pesquisadora, fazer uso do
método histórico dialético. Assim, amparado os estudos e análises na interpretação da
realidade de forma totalizante, de modo a considerar aspectos sociais e históricos, como as
influências políticas, econômicas e sociais, relevantes para a compreensão da história do
acolhimento institucional das crianças e adolescentes no país. Dessa forma, a pesquisa
abordará o desenvolvimento histórico dos conceitos que expressavam como eram vistas na
realidade as crianças em diversas sociedades em períodos históricos determinados,
especialmente, no Brasil e quais foram as principais mudanças no tratamento dado as mesmas.
O referido estudo de caso contou com a participação de oito assistente sociais que
atuavam como técnicas ou coordenadoras de Unidades de acolhimento em Aracaju, Nossa
Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros e São Cristóvão, sendo necessária então a
realização de visitas de campo a essas Unidades, ocorrendo entre o período de 10 de agosto de
2022 à 30 de agosto de 2022. A escolha das Unidades de acolhimento a serem visitadas se deu
principalmente pelos contatos previamente estabelecidos enquanto estagiária de uma das
Unidades de acolhimento escolhidas, sendo possível uma facilidade maior em realizar o
contato com as referidas profissionais, para além disso, o maior critério para a seleção era a
1
Como destaca Gil (2008, p.57) “O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou
de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado [...]”. Nesse sentido,
entendemos que o estudo de caso não está restrito literalmente a um único sujeito ou amostra. Por isso, pode ser
considerado nos estudos de caso um grupo limitado de sujeitos ou de amostra que apresentam um perfil comum.
Dessa forma, entendemos que o grupo pequeno de profissionais pesquisadas em unidades de acolhimento na
RMA se caracteriza como um estudo de caso.
2
O Projeto de Pesquisa foi cadastrado na Plataforma Brasil para avaliação do Comitê de Ética e também consta
de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Mas, mesmo assim optou-se por não identificar as/os
profissionais que responderam ao questionário de entrevista, nem identificar as Unidades de Acolhimento onde
trabalham. Também optou-se por não transcrever literalmente as respostas apresentadas no questionário, mas sim
de apresentar o essencial de seu conteúdo.
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A aplicação dos questionários se deu em sua maioria de forma presencial, onde foi
possível conhecer o ambiente de trabalho das profissionais e estabelecer um bom dialogo com
as mesmas, sendo de muita riqueza para a elaboração da pesquisa e para a formação
profissional, as conversas realizadas durante todo o processo de pesquisa.
O conceito conhecido nos tempos atuais de infância e juventude nem sempre esteve
definido do modo que se encontra hoje, deste modo, as crianças foram tratadas de maneiras
completamente diferentes ao longo da história da sociedade. As mesmas eram entendidas
como “pequenos adultos”, não possuindo nenhuma diferenciação dos demais grupos sociais,
ou ainda tendo as suas particularidades negadas. Como destaca Lima (2001, p.10)
3
Neste ponto se faz necessário destacar que por trás da palavra “abandono” existe uma conotação moral que
torna necessário compreender o fato que as mães e famílias no geral optavam por não cuidar dos seus filhos em
decorrência de uma série de problemáticas que impossibilitavam que as mesmas realizassem essa ação. Deste
modo, contemporaneamente, compreendemos o uso da expressão “abandono” como não condizente com os
processos ético-políticos do Serviço Social, sendo utilizada neste texto sempre entre aspas, em razão disso. Pois,
se entende o que se convencionou chamar de “abandono”, como tendo correlações com “questão social”.
16
anos 19604; portanto, levando um tempo para que os pesquisadores considerassem analisar as
relações históricas e sociais envolvendo a infância e a sociedade como um todo. Foi a partir
dessas pesquisas que se tornou possível compreender os diversos aspectos e perspectivas que
participaram da construção do conceito de infância que estamos familiarizados.
O historiador francês e pioneiro nos estudos sobre a infância Philippe Ariès (1973)
defendia que a infância apresentava um conceito que foi construído socialmente no período de
transição da sociedade feudal para a sociedade industrial.
Corsaro (2003, apud NASCIMENTO et al 2008) também aponta que a invenção social
da infância data a partir do século XVIII destacando de houve a fundação de um estatuto para
essa faixa etária. No que toca ao ciclo seguinte da vida após a infância, Corsaro (2003, apud
NASCIMENTO et al 2008)) diz que no século XIX demarca-se o surgimento do conceito
conhecido caracterizador da adolescência.
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Quando o pioneiro no estudo da infância Philippe Ariès começou a se perguntar acerca das mudanças ocorridas
em relação aos tratamentos dos pais com os seus filhos ao longo dos anos. O autor Niel Postman (1982) afirma
ser justo dizer que foi o livro intitulado Centuries of Childhood lançado por Ariès em 1962 nos Estados Unidos
que deu o pontapé inicial para o surgimento dessa especialidade.
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disso, ao alcançar a idade adulta, as crianças do sexo masculino eram sim capazes de possuir
o título de “cidadão”, o que não era uma opção para as mulheres, independentemente de sua
idade, as mesmas eram mantidas sob o controle de suas famílias, fadadas a ocuparem somente
os espaços das atividades domésticas e dos cuidados ao lar e a família.
As palavras usadas por eles para criança e jovem são, no mínimo, ambíguas
e parecem abarcar quase qualquer um que esteja entre a infância e a velhice.
Embora nenhuma de suas pinturas tenha sobrevivido, é improvável que os
gregos achassem digno de interesse retratar crianças em seus quadros.
Sabemos, sim, que dentre suas estátuas remanescentes nenhuma é de criança.
É necessário destacar que durante esse período o “pátrio poder” era absoluto,
significando que o pai, como chefe da família e proprietário dos seus filhos, poderia vende-los
ou mata-los de acordo com as suas necessidades ou vontade.
Assim como na Grécia, a Roma antiga também classificava a sua educação através de
gênero e da classe social, as crianças do sexo masculino e que integravam uma classe mais
privilegiada na sociedade possuíam a oportunidade de aprender a ler e a escrever em latim e
em grego, para além disso, também adquiriam conhecimentos acerca da astronomia,
agricultura, geografia, matemática, religião e arquitetura. Nos casos dos meninos de classes
sociais menos abastadas, os competia a dedicação ao trabalho agrícola ou artesanal.
5
Neste ponto é necessário destacar que os referidos direitos citados, ou melhor, o período marcado pela
conquista de direitos, só se constituem como fenômeno e prática social através das diversas lutas travadas pela
classe trabalhadora, especialmente, na sociedade capitalista.
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O “abandono” de crianças também era comum na Roma antiga, tanto ricos quanto
pobres poderiam “abandonar” os seus filhos por diversas razões. Os pobres “abandonavam”
quando não tinham condições de criar as crianças, as expunham nas ruas com a esperança que
um bem feitor as pegassem para criar. Já as famílias ricas poderiam “abandona-las” por
questões que envolvessem heranças ou desconfianças com relação à fidelidade de suas
esposas e é claro, também fazia parte dessa realidade o ato dos pais afogarem as crianças que
apresentavam alguma má formação ou deformidade após o nascimento.
Como destacado, nas ditas sociedades clássicas da antiguidade, a vida social tanto das
crianças quanto dos adultos era dívida por meio da classe social e do gênero, desde modo as
meninas na sociedade romana eram educadas desde cedo a serem esposas e mães, neste caso
as mais afortunadas eram educadas a serem administradoras de suas casas e dos escravos e a
menos favorecidas poderiam trabalhar ao lado dos seus maridos, ou caso estivessem solteiras
poderiam administrar o próprio negócio.
Quanto ao casamento, era comum que as meninas da sociedade casassem ainda muito
novas, com apenas 12 anos, através de casamentos arranjados por intermédio da família, mas
especificamente o pai, que escolhia com quem sua filha iria se casar considerando as
vantagens trazidas com o casamento.
No Egito antigo, era de suma importância social a construção de uma família, uma vez
que a sociedade se organizava em torna do núcleo familiar, sendo assim, era função do
homem se casar e formar uma “grande família”.
Na sociedade egípcia poderia ser um desafio sobreviver ao parto e aos primeiros anos
de nascimento, tanto a mortalidade infantil, quanto a materna durante a realização do parto ou
em consequência do mesmo, era algo comum. O nascimento era então um momento privado,
focado em garantir a proteção tanto da criança quanto da mãe.
6
Artigo intitulado Do nascimento aos primeiros anos de vida: um olhar sobre a infância no Egito do Reino
Médio (c. 2040-1640 a. C.)
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Durante o período da idade média, marcada pelo sistema feudalista, ainda não existia o
“sentimento da infância” como concebemos na contemporaneidade, seja conceitualmente, seja
no sentido sócio-político. Nesse momento da história a figura que representava e diferenciava
a imagem de crianças e adolescentes, assim como na Antiguidade, era nula, principalmente se
tratando de adolescentes, ambos sendo entendidos socialmente como espécies de “adultos em
miniatura”.
O destino das crianças era então definido a partir da sua casta social, onde os filhos
dos servos continuavam a servir os mesmos senhores a qual seus pais serviam e os filhos dos
senhores eram educados para que no futuro pudessem se casar de modo que beneficiasse a sua
família. Os jovens que se negassem a cumprir a sua função eram renegados socialmente e
vistos como infiéis cristãos.
Foi somente na idade média que as “idades da vida” passaram a possuir alguma
relevância social, a mesma possuía 6 etapas, cada uma configurando uma idade e uma
relevância perante a sociedade: a 1ª idade correspondia ao momento do nascimento até os 7
anos; a 2ª idade dos 7 anos aos 14; a 3ª idade correspondia dos 14 anos aos 21 anos de idade.
É a partir da 4ª idade, que correspondia dos 21 aos 45 anos de idade, que o indivíduo passa a
reconhecido socialmente, vindo em seguida a 5ª idade dos 45 aos 60 anos; e 6ª idade, que hoje
corresponde a velhice, que era contada dos 60 anos em diante.
Assim é possível compreender que nesse período passou a existir a classificação social
por faixa etária, apresentando desde essa época a ideia de que a vida se divide em fases
distintas a depender da idade. É necessário destacar que o reconhecimento de diferentes
“idades da vida” não significa que as crianças e adolescentes passaram a possuir direitos ou
algum tratamento diferenciado na sociedade.
De modo geral a infância sofria bastante descuidado por parte da sociedade durante o
período medieval, como por exemplo, é o caso das crianças com menos de dois anos, que
eram praticamente ignoradas pelos pais que não viam muito sentido em dedicar tempo e
esforço no cuidado de uma criatura tão frágil que poderia morrer facilmente a qualquer
momento.
E, ainda sim, as crianças que conseguiam atingir uma certa idade não
possuíam identidade própria, só vindo a tê-la quando conseguissem fazer
coisas semelhantes àquelas realizadas pelos adultos, com as quais estavam
misturadas. Sendo assim, dos adultos que lidavam com as crianças não era
exigida nenhuma preparação. Tal atendimento contava com as chamadas
criadeiras, amas de leite ou mães mercenárias. (CALDEIRAS, 2008, p.2)
Nessa perspectiva social, a imagem da infância foi ignorada até mesmo nas
representações artísticas, vivendo uma realidade onde não existia nenhum interesse em
retratar essa fase da vida.
Costa (2020), ao fazer um ensaio acerca da perspectiva apresentada por Ariès (1078),
relata que até o século XII não existiam representações artísticas da infância, sendo somente
no século seguinte que as crianças passaram a possuir algum espaço, geralmente
representadas como “imagens de rapazes mais jovens, na figura de anjos com traços redondos
e graciosos, se tornaram mais frequentes no século XIV” Costa (2020, p.3).
Caldeira (2008) destaca em sua pesquisa que a falta de interesse no registro dos
primeiros anos de vida não era algo que ocorria somente nas classes de camponeses ou
artesões, e que era sim algo bastante comum ao longo de toda a Idade Média.
A transição que ocorreu quando a sociedade perde a centralidade na vida social agrária
e passa a ter sua centralidade na sociedade urbano-industrial reconfigurou a imagem
anteriormente conhecida de família, sendo responsável por mudanças consideráveis no
formato do grupamento familiar.
[...] a criança era uma parte inerente da economia industrial e agrícola antes
mesmo antes de 1780 e, como tal, permaneceu nessas condições até ser
incorporada pelo sistema educacional. Porém, é com o processo de produção
industrial que a intensidade e as formas de exploração do trabalho infantil
assumiram proporções sem precedentes na história.
Esse período foi um dos maiores responsáveis por mudanças mundiais de impactos
incontáveis, as modificações realizadas no processo produtivo foram tamanhas que
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impactaram não somente o âmbito econômico da sociedade, mas também o cultural, político
e, principalmente, o social.
A Revolução Industrial teve o seu início na Inglaterra por volta do século XVIII até
meados do século XIX, nesse período estava ocorrendo os denominados “cercamentos”, que
nada mais eram que o processo de transformação das terras comuns em pastos para a criação
de ovelhas, posteriormente utilizadas para a produção de lã. Esse processo foi responsável
pelo aumento populacional nas áreas já habitadas das cidades, uma vez que, esse movimento
acarretou em um alto número e migrações populacionais que aconteciam dos campos para as
cidades.
Durante esse período os proprietários fabris tratavam os seus funcionários com uma
brutalidade nunca vista, baseadas em formas de exploração e degradação da força de trabalho
jamais vista na história estabelecendo sistemas de punição buscando incessantemente o lucro,
assim era comum o prolongamento exagerado de jornadas de trabalhos.
Esse momento histórico significou a radical mudança ocasionada pela substituição das
ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz, da mudança do sistema
de produção doméstico para o sistema fabril, da sociedade agrícola para a sociedade industrial
e acima de tudo, houve a transição da sociedade feudal para a sociedade burguesa ou
capitalista.
Um dos maiores desafios enfrentados durante esse período foi, sem dúvidas, a
dificuldade apresentada na seleção de trabalhadores adultos que fossem capazes de aprender e
acompanhar as novas técnicas, mas que também estivessem dispostos a se submeterem ao
regime degradante e exploratório imposto pelo novo processo produtivo urbano-industrial na
sociedade burguesa.
Foi necessária então a importação dos funcionários com perfil distinto à população
adulta que não se adequava plenamente à maquinaria e aos novos padrões técnicos de
produção que estavam surgindo no período em que o capitalismo começava a amadurecer
através da Revolução Industrial.
Nesse período era apresentada a imagem de que para proteger as crianças mais
vulneráveis do crime e da marginalidade elas deveriam trabalhar desde pequenas, portanto, o
trabalho em fábricas era considerado o oposto do trabalho realizado na rua, entendido
socialmente como desorganizado e desregrado.
Quanto a clara preferência apresentada pelas fábricas na contratação das crianças para
a realização das tarefas, essa também possuí uma justificativa favorável para a acumulação
industrial. A contratação de crianças era um modo simples e barato de enfrentar a
concorrência, pagando menos por um trabalho e recebendo a vantagem de empregar
trabalhadores muito mais manipuláveis e fáceis de controlar, já que as crianças obedeciam a
ordens que a maioria dos adultos se negaria.
Nesse período não existia nenhum problema jurídico ou moral na contratação em alta
escala de funcionários do sexo feminino ou de crianças, sendo algo totalmente aceito
socialmente do ponto de vista dos valores e da moral capitalista, uma vez que o fundamento
social e imperante era o lucro e a acumulação de riqueza, especialmente nesse contexto onde a
desproteção social do trabalho e da infância/da adolescência era norma geral. É preciso
mencionar que nesse contexto era pregado a plena liberdade do mercado e das relações
capitalistas, fundamentada pelo laissez fare.
27
Durante esse período a exploração da força de trabalho infantil impôs sob as crianças
um ritmo de trabalho sob condições tão rígidas que se quer poderia ser observado durante o
tratamento de adultos ou de sujeitos escravizados. A trabalho assalariado associado as
crianças não apresentava qualquer preocupação com a integridade física ou moral das mesmas
que possuíam como os seus ambientes de trabalhos os locais mais insalubres, úmidos,
empoeirados, abafados, com resíduos nocivos à respiração etc.
Com o novo sistema de trabalho criado nesse momento histórico onde grande parte
das atividades produtivas passou a serem simplificadas, as crianças (que não eram filhas/os da
classe proprietárias), passaram a ser concorrentes diretas de trabalhadores adultas/os. Deste
modo, a inserção das crianças no mundo do trabalho contribuía decisivamente para a
diminuição dos custos individuais da força de trabalho.
Como justificativa para as mudanças ocorridas, Garcia (2015) destaca uma afirmação
trazida por Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista onde o mesmo aponta que o
desenvolvimento da industrial moderna e a introdução da maquinaria foram tantas a ponto de
não existir mais necessidade desse trabalho necessitar ser realizado por homens, pois o sexo
ou a idade não possuía mais relevância, deste modo, o trabalho passou a ser executado por
mulheres e crianças.
Para, além disso, a inserção da maquinaria nesse sistema causa implicações serias
sobre o valor da força de trabalho oferecida pela classe, pois, a partir do momento em que
todos os membros da família são lançados no mercado o valor da força de trabalho do homem
passa a ser repartido por toda a sua família.
7
Edição utilizada pelo autor em seus estudos.
29
Marx (20138) destaca que a partir do momento em que a força física deixa de ser
necessária para a execução dos trabalhos, o sistema de produção capitalista passa a possuir
novas possibilidades de exploração.
No ano de 1833 e como consequência das ações citadas anteriormente, o Estado se viu
obrigado a intervir através da criação de leis fabris. Entre as leis criadas a partir desse ano,
Marx (2013) destaca a lei que obrigava o ensino de todas as crianças que estavam empregadas
em fábricas9, essa lei colocava a educação como uma condição interligada a contratação e
crianças na tentativa de diminuir a exploração desse grupo. A partir desse momento toda
criança que seria empregada precisava ter frequentado a escola por pelo menos 30 dias.
É necessário frisar que, a partir deste momento foi proibida a contratação de criança
menores de 9 anos, as crianças entre 9 e 13 anos10 passaram por uma redução na sua carga
horária de trabalho, devendo trabalhar apenas 8 horas diárias, posteriormente, sendo reduzida
a 6 horas. O trabalho noturno também apresentou alterações, passando a ser vetado para os
menos entre 9 a 18 anos.
8
Edição utilizada por mim para a realização dessa pesquisa.
9
Lei de 1844.
10
Entretanto Garcia (2015) destaca em seus estudos que essas regras podiam ser evitadas pelos capitalistas, pois,
se encontrassem uma criança que pudesse se passar por alguém de 14 anos, os mesmos as empregavam com o
auxílio de identidades falsas fornecidas por médicos que concediam os “certifyng surgeons” certificados
médicos que comprovavam a idade para que essas crianças fossem empregadas.
30
Marx (2013) destaca que a obrigatoriedade do estudo era mais entendida como uma
mera obrigatoriedade de frequência escolar do que propriamente expressava um cuidado ou
proteção na forma de direitos às crianças e adolescentes, pois após a realização de visitas dos
fiscais a algumas instituições educacionais, as crianças eram imediatamente reconduzidas às
fábricas nos horários destinados ao ensino, bem como o ensino-aprendizagem não se
efetivavam realmente, já que muitas crianças filhas da classe trabalhadora continuavam sem
alfabetização adequada.
Esse período com certeza demarcou um dos ápices quanto ao descuidado e desamparo
a infância e a juventude, mas apresenta em sua composição a característica distinta de se
aplicar somente a um determinado tipo de crianças e adolescentes, os que fazem parte da
classe trabalhadora, ou seja, àquelas nascidas no seio familiar do proletariado. Foi somente
através das lutas enfrentadas pela classe trabalhadora que se fez possível a conquista de
direitos que visassem o início da proteção da infância como conhecemos hoje.
11
Entendida pelo Serviço Social como o conjunto de expressões que definem as desigualdades na sociedade,
estando profundamente atrelada ao modo de produção capitalista, onde o aumento da produção de riquezas
culmina no aumento da desigualdade social (IAMAMOTO, 2001).
31
Nas sociedades medievais e nos Estados-nações que se formaram sob a Era burguesa,
muito da prática do acolhimento de crianças (e em menor número de adolescentes) era
resultante do peso moral da ética religiosa cristã e dos valores e costumes conservadores. Isso,
por um lado, porque as mulheres eram obrigadas a se apartarem de seus filhos para preservar
a “honra”, deixando-os em instituições religiosas sem que a sociedade conhecesse a
32
identidade materna da criança. E, de outro lado, o acolhimento institucional era visto muito
mais ou unicamente como um gesto de caridade e benevolência cristã para com as crianças
indesejadas ou sem vínculo familiar, do que como uma ação propriamente reconhecida uma
forma de proteção e direito.
Apesar de ainda não compreendida pela sua complexidade, a adoção propriamente dita
existe desde os primórdios das civilizações antigas, sendo registados casos de adoção em
civilizações como as egípcias, gregas e romanas. Durante esse período a adoção possuía como
principal função propagar o culto dos antepassados, ou seja, na grande maioria das vezes
ocorria quando não era possível que um casal gerar filhos biológicos, sendo assim, o filho ou
filha adotiva era responsável por dar continuidade do culto familiar e realizar o funeral dos
seus pais.
conseguido de forma dissimulada” (LIGERO; PENHA, 2009, p.3). Como nas demais
sociedades, aqui também eram apresentadas regras sobre quais indivíduos poderiam ser
adotados e quais poderiam realizar o ato de adotar, nesse caso em específico, só eram capazes
de realizar este ato aqueles que eram vistos perante a sociedade Grega como cidadãos.
Na Grécia a adoção possuía como principal função a não extinção do culto doméstico
de uma determinada família, sendo assim, o processo de adoção era composto pelas seguintes
etapas: o adotado era iniciado no culto doméstico da família adotanda, em seguida o mesmo
passava ao culto da a nova família deixando de possuir responsabilidades junto à as família
natural de origem.
Nesse período, nos raros casos em que acontecia, a adoção se apresentava de modos
diferentes que nas sociedades antigas sendo utilizada somente em último caso.
O adotado não tinha direito de herdar o título nobiliárquico, uma vez que ele
só era transmitido jus sanguinis e por permissão real, sendo imprescindível o
consentimento do Príncipe para que houvesse a transmissão do título ao
adotado. Era permitido àqueles que não tinham filhos do próprio sangue,
satisfazendo o sentimento de paternidade e proteção além de tornar válido o
critério da imitação da natureza. (LIGERO; PENHA, 2009, p.5-6)
34
Já na metade do século XIX existiam no país cerca de 1.200 rodas e a partir dos anos
1400 todos os hospitais na Itália destinavam uma parte dos seus recursos ao manejo de
crianças indesejadas, sendo contabilizados por ano cerca de 40.000 bebês “abandonados” nas
rodas e 150.000 crianças com menos de dez anos necessitando de cuidado e assistência. Neste
período a Igreja Católica era uma das principais responsáveis pela organização da roda e pelo
cuidado (recepção das crianças e locação das mesmas em abrigos e famílias).
Neste momento histórico, a roda dos expostos, e por consequência o primeiro sistema
de acolhimento, surgem em consequência da extrema pobreza e da necessidade social do
“abandono”, uma vez que essas crianças poderiam ocasionar para as suas famílias uma série
de problemas econômicos. Para além desse motivo, os ditos “expostos” também poderiam ser
“abandonados” por serem frutos de relações extraconjugais, por serem frutos da prostituição,
por apresentarem má formação ao nascimento e por possuírem doenças como sarna,
escabiose, verminoses, sífilis, etc.
35
Ainda em seu período colonial, o Brasil aderiu a uma prática trazida da época da Idade
Média, a dita “roda dos expostos” onde se permitia a colocação de crianças dentro de uma
abertura encontrada nos muros de instituições para que as mesmas fossem deixadas aos
cuidados da Igreja, garantindo nesse momento a preservação da imagem e reputação das
mulheres e famílias que optavam por “abandonar” os seus filhos12.
Durante esse período o país vivenciou o que seria o pontapé inicial para uma cultura
nacional que compreende a institucionalização de crianças e adolescentes como algo
necessário para as mesmas. Neste momento histórico os colonizadores que buscavam
facilidade no acesso as riquezas do Brasil acabaram por criar estratégias de “domesticação” da
população indígena que aqui vivia investindo em métodos de capacitar as crianças a fim de
apagar as suas identidades indígenas, é através dessa ação que o Brasil recebe a primeira
instituição completamente voltada para o trato com crianças.
12
Nesse cenário eram apresentadas razões distintas para o “abandono” de uma criança, podendo ocorrer pela
preservação da honra de uma mulher que gerou e deu a luz a um filho bastardo ou ilegítimo, evitando a
necessidade de matá-lo em nome da sua honra, ou nos casos em que as famílias não possuíam as condições
financeiras e sociais para a criação desse filho, abdicando dos seus direitos para garantir a sobrevivência da
criança.
36
No período do Brasil imperial também não era possível reconhecer nenhuma política
social voltada para a proteção e o desenvolvimento da criança ou do adolescente, o governo
da época não demonstrava nenhuma intenção em realizar ações voltadas para esse público, o
que merece destaque, no entanto, era o reforço dado ao controle policial punitivo para os
adolescentes infratores.
O foco principal era a infância pobre caracterizada por crianças e jovens que
viviam à margem da sociedade, para as quais se reservou não só a piedade, a
solidariedade, mas também a indiferença e a crueldade. As políticas sociais
de assistência a essa parte da população sempre forem no sentido de recolher
e isolar em instituições fechadas, onde a educação era voltada ao trabalho,
visando a exploração da mão-de-obra. (HOLLMANN, 2009, p.13)
13
Ações essas que estavam voltadas ao confinamento e a exclusão de quaisquer jovens que se encaixassem nessa
realidade.
37
Ainda mantendo a mesma perspectiva no ano de 1942 foi criado o SAM (Serviço de
Assistência ao Menor) propondo que adolescentes autores de atos infracionais fossem
mandados para reformatórios ou casas de correção enquanto os menores pauperizados e
14
Positivista porque recebeu a influência desse campo teórico e filosófico do conhecimento, uma vez que tratava
a problemática do ponto de vista da naturalização e da busca pela adequação, adaptação, correção e
harmonização.
38
Esse momento acabou por reforçar mais uma vez o sistema punitivista, excludente e
repressivo que era reservado para as crianças e adolescente na época. Por não atender aos
interesses da elite burguesa da época, o SAM foi abolido no ano de 1964, então sendo
substituído em seguida pela FUNABEM (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor) que
incorporava os mesmos princípios que o SAM. Neste ano, graças a Lei 4.513 surge a PNBEM
(Política Nacional do Bem Estar do Menor) apresentando uma proposta assistencialista a ser
executada pela FUNABEM, que possuía como principal objetivo tornar nacional a política do
bem estar de crianças e adolescentes.
No ano de 1979 foi criado sob a lei nº 6.667 o segundo Código de Menores que não
trouxe mudanças significativas se comparado com o código anterior, apenas fortalecendo o
carácter repressivo e criminalizador dessa expressão da questão social envolvendo a
população infanto-juvenil que se encontravam em situação irregular de rua.
Com isso é possível perceber que ao longo da história as crianças e adolescentes foram
vistos e tratados como um problema perante a sociedade brasileira, sendo responsabilizadas
por ações que ocorrem em consequência das determinações e contradições advindas da
“questão social” vigente no país.
de 1988 trouxe consigo o rompimento do Código de Menores e a conquista dos direitos para
crianças e adolescentes no país, assim, sendo elaborado através da lei nº 8069/90 o ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente).
No Brasil, essa onda histórica ocorre como consequência dos arranjos institucionais
envolvendo diversas organizações e movimentos sociais, como o movimento da educação, o
movimento de menino e meninas de rua e os sindicais que se mobilizaram para garantir que
os direitos das crianças e dos adolescentes estivessem presentes na Carta Magna.
No ano de 2009, cerca de 20 anos após o ECA que data de 13 de julho de 1990, o
documento “Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes”
foi divulgado pelo Conselho Nacional de Serviço Social (CNAS) e pelo Conselho Nacional
das Crianças e Adolescentes (CONANDA), possuindo como principal objetivo padronizar o
funcionamento das unidades de acolhimento do país orientando como cumprir as suas funções
protetivas e de restabelecimento dos direitos. Nesse momento se intensifica o carácter de
16
A alta complexidade se configura enquanto Serviços de Proteção Social ofertando proteção integral a
indivíduos ou famílias que se encontram em situação de risco social ou com os vínculos familiares rompidos ou
extremamente fragilizados. Esses serviços ofertam moradia, alimentação, etc.
40
Neste ponto faz-se necessário destacar que esse princípio nem sempre pode ser
seguido, principalmente em casos de crianças e adolescentes mais velhos que não apresentam
possibilidade de reinserção familiar por nuclear ou extensa e nem compõe o perfil majoritário
de interesse em inserção em famílias substitutas.
entende-se que são sujeitos inseridos em relações sociais diversas indispensáveis ao seu
desenvolvimento. Por isso, o convívio comunitário é um direito que não pode ser violado.
Assim, se destaca a autonomia que cada município possui para desenvolver os seus
programas de modo que melhor respondam às demandas recorrentes das crianças e
adolescentes de cada localidade. Isso, segundo é claro, as diretrizes legais e as políticas
sociais públicas de abrangência nacional que tratam e estabelecem a organização do serviço
de acolhimento institucional para população infantil e juvenil.
Essa autonomia se faz necessária, uma vez que cada região apresenta as suas próprias
particularidades enquanto ao público que atente e as condições políticas e sociais que
envolvem o sistema de acolhimento em um Estado ou Município.
17
Documento datado de 2010, disponível em:
https://www.bing.com/ck/a?!&&p=b698d75e2fcd2faaJmltdHM9MTY2MzExMzYwMCZpZ3VpZD0yZTJkMW
FhOS02OTY5LTZmZjYtMTMxNy0wYjgwNjhkZjZlNDgmaW5zaWQ9NTQyNg&ptn=3&hsh=3&fclid=2e2d1
aa9-6969-6ff6-1317-
0b8068df6e48&u=a1aHR0cHM6Ly93d3cubnJlLnNlZWQucHIuZ292LmJyL2FycXVpdm9zL0ZpbGUvY2FzY2
F2ZWwvcmVkZV9wcm90ZWNhby9jYXJ0aWxoYV9yZWRlX2Nhc2NhdmVsLnBkZiM6fjp0ZXh0PU8lMjBk
b2N1bWVudG8lMjBkZSUyME9yaWVudGElQzMlQTclQzMlQjVlcyUyMEIlQzMlQTFzaWNhcyUyMCVDM
yVBOSUyMHVtJTIwbWF0ZXJpYWwsZXhlY3UlQzMlQTclQzMlQTNvJTIwZGUlMjBjYWRhJTIwc2Vydm
klQzMlQTdvJTIwZGElMjBSZWRlJTIwZGUlMjBQcm90ZSVDMyVBNyVDMyVBM28u&ntb=1.
43
Ações como a valorização das iniciativas comunitárias e das redes que buscam a
socialização entre as famílias, além da entrada do Estado como um impulsionador da criação
das redes de atendimento, foram fundamentais para o aprimoramento das redes de proteção
em diversos municípios do país.
A formação de redes exige ações concretas por parte de seus proponentes. Contudo,
nem todas as medidas a serem tomadas são tão palpáveis: há que se lidar com os aspectos
culturais e os relativos à vontade política e às relações interpessoais (RIZZINI et al, 2007,
p.115)
45
• Repúblicas - para jovens: Esse serviço é voltado para jovens entre 18 e 21 anos que são
egressos dos serviços de acolhimento, jovens que passaram por esses serviços enquanto eram
crianças e adolescentes. Oferta apoio aos jovens que se encontram em situação de
vulnerabilidade ou riscos e que estão com os vínculos familiares rompidos ou extremamente
fragilizados;
18
Essa divisão está prevista no ECA (Lei 8.069/90).
19
Informações mais detalhadas sobre as modalidades de acolhimento ver o documento “Orientações Técnicas:
serviço de acolhimento para Crianças e Adolescentes”, então elaborado em 2008.
46
Segundo os dados trazidos Fonseca et. al. (2014), a quantidade de Unidades em pleno
funcionamento em Sergipe até o ano de 2011 era de apenas 20 instituições, 10 delas se
encontravam na Região Metropolitana de Aracaju e as outras 10 nos interiores do estado.
Até o ano de 2016 foram implementados 08 abrigos municipais por todos estado de
Sergipe, sendo eles: 01 em Boquim; 01 em Estância; 01 em Lagarto; 01 em Laranjeiras; 02
em Nossa Senhora do Socorro; 01 em São Cristóvão e 01 em Tobias Barreto. Todos eles
atendendo até 20 crianças e adolescentes de ambos os sexos.
47
Com o reordenamento no estado cresce também o número de casas lares pelo estado.
Foram implementadas 10 casas lares municipais, cujas próprias gestões municipais
assumiram a responsabilidade de implementação. A essas unidades de casas lares somam-se
também outras 06 casas lares municipais regionalizadas.
O profissional do Serviço Social também possui como uma das suas principais
características profissionais o empenho em manter o caráter provisório instituído as Unidades
de Acolhimento Institucional, trabalhando constantemente para a realização de uma
reinserção familiar na família nuclear (quando possível). Mas observa-se que o trabalho
profissional nas instituições de acolhimento de crianças e adolescentes vai além disso, pois
orientado pelo seu projeto profissional busca capturar e responder as demandas institucional e
dos sujeitos de direito que estão para além da imediaticidade. Nesse sentido, a ampliação das
competências e habilidades profissionais orientadas pelo projeto profissional encontram
sempre desafios.
Sendo assim, esse capítulo irá abordar o resultado da pesquisa a fim de dialogar acerca
das particularidades, das demandas apresentadas a categoria profissional, dos desafios
encontrados no dia a dia do fazer profissional e por fim abordar ou problematizar sobre é a
importância do Serviço Social no âmbito do acolhimento institucional de crianças e
adolescentes.
49
Entre os diversos critérios utilizados para a seleção das pesquisas, foi levado em
consideração a época de publicação das mesmas, tendo em vista a necessidade de escolher
referências que retratem as políticas de acolhimento institucional de crianças e adolescentes
de modo atual. Sendo assim, foram selecionadas pesquisas publicadas entre os anos de 2015 e
2020, visando então utilizar uma perspectiva mais atual da temática.
O segundo critério de seleção foi utilizado apenas no que diz respeito a escolha das de
TCC’s, destacando então o interesse em valer-se das experiências profissionais relatadas nas
referidas produções. Foram escolhidos TCC’s que usam a experiência de estágio
supervisionado ou do próprio fazer profissional dos autores como método para dar
particularidade a pesquisa, uma vez que este Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Serviço Social da UFS pretende se valer também da experiência de sua
autora durante o Estágio Supervisionado Extracurricular desenvolvido na Unidade de
Acolhimento Institucional Caçula Barreto, a fim de, destacar as particularidades do
acolhimento na região metropolitana de Aracaju/SE.
Podemos destacar então que foram selecionadas 5 (cinco) pesquisas, todas elas sendo
na área de Serviço Social e se dividindo entre: 1 (um) artigo, 1 (uma) dissertação de mestrado
e 3 (três) TCC’s.
O artigo apresenta então uma análise dos serviços prestados as crianças e adolescentes
e o fazer profissional no espaço da Alta Complexidade, destacando a necessidade de se
compreender a transformação que ocorreu no campo da assistência social com a
implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e como isso impacta na
atuação profissional de modo que seja capaz de atender as demandas da Vara da Infância e
Juventude e garantir os direitos das crianças e adolescentes de acordo com o que está previsto
no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A pesquisa traz então um panorama
explicativo do que seria o acolhimento institucional e sua principal função como um serviço
de proteção de carácter temporário que visa a reinserção familiar, destaca os processos
seguidos e os instrumentais utilizados durante o exercício profissional.
mesmo a adoção. Deste modo, a perspectiva trazida pela autora é única e de extrema
relevância para essa pesquisa e para a categoria profissional com um todo.
Além do prévio interesse já existente no estuda desta temática, a maior aproximação com
a mesma se deu através da experiência de Estágio Supervisionado Não Obrigatório
(extracurricular) na Unidade de Acolhimento Institucional Caçula Barreto, localizada no
município de Aracaju/Sergipe.
Uma das assistentes sociais se encontra lotada na instituição enquanto técnica referência
no atendimento das demandas e das questões que envolvem diretamente aos adolescentes em
acolhimento institucional no Caçula Barreto. Já a outra assistente social, essa se encontra
lotada como coordenadora da Unidade, de modo que a aproximação com o desenvolvimento
do seu processo de trabalho na gestão permite o acesso a diferentes âmbitos do exercício do
Serviço Social nas Políticas de Acolhimento Institucional, mais especialmente no que diz
respeito às competências e habilidades profissionais próprias do planejamento e da
administração dos serviços prestados pela instituição na materialização da proteção social e
do direito.
Embora apenas uma das profissionais seja a supervisora de campo do Estágio Não
Obrigatório, a inserção na realidade profissional e na realidade institucional tem se
54
desenvolvido mediante aproximações com o exercício prático das duas assistentes sociais.
Isso tem revelado a articulação no processo de trabalho de ambas. Igualmente, isso tem
também enriquecido a experiência de estágio através da aproximação com diversas
competências e habilidades do Serviço Social diante das requisições que lhes são impostas
pela realidade. Consequentemente, o estágio como momento de síntese da formação tem
permitido vislumbrar a importância, as demandas e os desafios para profissão no cotidiano de
trabalho, o que se requer maior observação e análise, conforme se propõe esse TCC (Trabalho
de Conclusão de Curso)
sobre os desafios e às demandas que chegam nessas instituições, é que se desenvolveu estudo
de caso a partir de 4 unidades na Região Metropolitana de Aracaju.
Como é sinalizado por Iamamoto (2013), o Serviço Social é uma profissão assalariada
e, portanto, inserida nas relações sociais de trabalho coletivo como vendedor da sua força de
trabalho, não escolhendo as condições de trabalho para exercer as atribuições e competências
profissionais para as quais é contratado. Dessa forma, as/os assistentes sociais estão inseridas
20
A título de informação, ao serem questionadas acerca do tempo realização do último concurso para
contratação efetiva de assistentes sociais, foi informado que no município de Aracaju ocorreu em 2010; também
no município de Nossa Senhora do Socorro o último concurso ocorreu em 2010; já no município de São
Cristóvão o último concurso com essa finalidade ocorreu no ano de 2008 e por fim temos o município da Barra
dos Coqueiros que realizou o último concurso no ano de 2020. Através diste é possível compreender que excerto
no município da Barra dos Coqueiros, os demais não realizaram concursos por mais de uma década,
demonstrando a defasagem na contratação desta força de trabalho, em uma conjuntura tão particular em que as
expressões da “questão social” se encontram mais complexas e denotam crescimento.
57
Vale ressaltar que as dificuldades não são enfrentadas somente pelas próprias
assistentes socais que se encontram trabalhando em Unidades de acolhimento. Mas sim por
toda a equipe que atuam nas instituições, conforme considerações levantadas na pesquisa, já
que nos encontramos no atual momento vivenciando um período de crise econômica e social,
configurada como uma expressão da crise estrutural do capital (NETTO; BRAZ, 2009), que
afeta a dinâmica das demandas institucionais a partir do aprofundamento e complexificação
das expressões da questão social com incidência nos casos atendidos nas unidades de
acolhimento.
Foi possível perceber através da nossa pesquisa, que metade das Unidades
questionadas apontaram que esse contexto influenciou de forma direta na dinâmica e na
58
contratação de pelo menos um novo assistente social para trabalhar na Unidade, uma vez
que existe um alto número de demandas a serem atendidas que necessitam de atenção
especial da categoria, como é o caso da realização de um acompanhamento próximo às
famílias das crianças e adolescentes que se encontram acolhidas.
• Da gestão;
• Do acolhimento e acompanhamento das/dos acolhidos na instituição;
• Do acompanhamento das crianças/adolescentes na sua relação com as famílias;
• Da articulação com a rede de proteção socio jurídica;
• Da articulação com redes de serviços de direito (saúde, educação, assistência social).
Pode-se dessa forma reforçar que o Serviço Social apresenta uma formação profissional
que lhe habilita a assumir diversas competências na efetivação dos serviços e das políticas
sociais, que vão muito além do atendimento aos usuários, portanto apresentando competências
administrativas, de gestão, de planejamento, dente outras.
VII - Planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da
realidade social e para subsidiar ações profissionais;
61
Para além das assistentes sociais que se encontram enquanto coordenadoras, também
possuem as profissionais que se encontram enquanto técnicas de referência das crianças e
adolescentes acolhidos, acompanhando os mesmos, monitorando as demandas trazidas,
identificando e traçando junto com a equipe estratégias para a superação das demandas que
desencadearam o acolhimento, fortalecendo (quando possível) os vínculos familiares,
realizando visitas domiciliares e institucionais, atendimentos sociais, elaboração de
documentos como relatórios e PIAs (Plano Individual de Atendimento), participando de
demandas encaminhadas pelo judiciário e realizando todas as ações possíveis a fim de
enfatizar o caráter provisório do acolhimento institucional.
Até aqui a pesquisa indicou a importância do profissional do Serviço Social para a boa
e qualificada efetivação do serviço de acolhimento institucional, mas destaca-se também que
essa mesma intervenção profissional apresenta inúmeros desafios. Ao serem questionadas
sobre os principais desafios que enfrentam, todas as profissionais destacaram acerca da
desarticulação e insuficiência na rede e da reincidência de casos e os problemas na
mediação dos conflitos internos. Algumas das profissionais complementaram as suas
64
Nesse sentido, Gentilli, et al (2018, p.9) reforça que alguns dos desafios no
acolhimento institucional também estão relacionados ao “[...] acúmulo de atividades, o
reduzido tamanho das equipes técnicas e a rotatividade dos educadores sociais têm
contribuído para a ampliação das dificuldades das equipes para a realização deste trabalho”.
Desse modo, podemos compreender que o cotidiano de trabalho no acolhimento está envolto
de inúmeros desafios que podem vir a dificultar o exercício profissional nas suas
competências, habilidades e, principalmente, nos seus compromissos ético-políticos.
Tais desafios, portanto, são determinantes para os alcances do Projeto Ético Político da
profissão, já que esse projeto regula e elege os valores a serem seguidos e priorizados pela
categoria profissional. Com base nele as/os assistentes sociais:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente TCC buscou em sua composição tratar acerca do acolhimento institucional
enquanto direito de proteção para crianças e adolescentes e do trabalho dos/das assistentes
sociais enquanto parte integral para a realização efetiva da garantia de seus direitos.
Compreende-se então que por um longo período a sociedade não concebia a infância e
adolescência enquanto sujeitos de direitos na construção histórica da humanidade. Destaca-se
também que tanto crianças quanto adolescentes vivenciaram a exploração da sua força de
trabalho durante o período de emergência e amadurecimento da sociedade capitalista, mais
destacadamente durante a Revolução Industrial. Isso revela que a questão da proteção social
(nesse caso a desproteção social) da população infanto-juvenil tem sua relação com a “questão
social”.
A pesquisa foca-se sobre o trabalho executado por assistentes sociais inseridas/os nas
Unidades de Acolhimento, destacando as particularidades apresentadas pelos profissionais
que trabalham na Região Metropolitana de Aracaju. Com isso, conseguiu-se observar que
mesmo diante de uma infinidade de demandas e desafios a garantia de direitos das crianças e
adolescentes acolhidas é o principal direcionamento das intervenções profissionais.
Deste modo, foi possível compreender através desta pesquisa a impotência da/do
assistente social enquanto parte da equipe técnica das Unidades de acolhimento, onde as
próprias profissionais questionadas destacaram que o/a assistente social na Unidade de
acolhimento trabalha na perspectiva de garantir todos esses direitos sempre objetivando o
caráter provisório do acolhimento e trabalhando na perspectiva de superação dos desafios
institucionais e conjunturais.
67
Destaca-se também que durante essa pesquisa foi possível compreender, através do
diálogo com as profissionais, a precarização a qual a profissão vivencia no seu exercício
cotidiano de enfrentamento das expressões da questão social. Portanto, a precarização das
condições de trabalho é uma questão importante para se levar em consideração quando se
pensa nos desafios para as possibilidades de materialização do Projeto Ético Político do
Serviço Social.
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QwNjUtOThjMS1iODU2NTY5OWUzMzUmaW5zaWQ9NTE0OQ&ptn=3&fclid=cc6f6142
-d464-11ec-9fac-
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2020. ISSN: 2448-0959, Link de
71
APÊNDICES
para os demais
serviços de
acompanhamento
da rede de
assistência,
especialmente Cras
e Creas.
11 - Em que Para viabilizar o Encaminham Encaminhament Atua de maneira
consiste a acesso aos ento, os, solicitações próxima à proteção
atuação do serviços, a acompanham de serviços básica e proteção
Serviço Social garantia de ento, reunião e outros especial. Ao Cras e
na direitos e o reuniões, serviços de Creas são feitos
articulação auxílio no estudos de garantias de encaminhamentos e
com a rede de fluxograma do casos e direitos. reuniões a fim de
proteção? acolhimento elaboração de acompanhar a
institucional PIAs família e ofertar os
através de serviços
ligações, reuniões necessários para
e superação das
encaminhamentos vulnerabilidades e
que são realizados violações de
com bastante direitos. Também o
frequência. Conselho Tutelar é
órgão que atua em
constante
comunicação e
articulação com o
serviço de
acolhimento
institucional.
12 - Em que Ampliar o acesso Encaminham Encaminhament O acolhido deve
consiste a aos serviços como ento e o, discussão de ser encaminhado a
atuação do saúde, educação, acompanham casos, todo e qualquer
78
individuais,
atualizações junto
aos sistemas online
do judiciário e
ministério público,
dentre outros.
17 - Quais os Equipe Rede Equipe Insuficiência da
principais insuficiente; desarticulada; insuficiente; rede;
desafios que Sobrecarga de Insuficiência Sobrecarga de Reincidência dos
se depara no trabalho; na rede; trabalho; casos;
exercício da Rede Reincidência Rede Inadequação
profissão na desarticulada; de casos e desarticulada; estrutural do
instituição? Insuficiência da Mediação de Insuficiência da equipamento para
rede; conflitos rede; efetivação do
Reincidência dos internos. Inadequação serviço;
casos; estrutural do Insuficiência dos
Inadequação equipamento recursos
estrutural do para efetivação financeiros para
equipamento para do serviço; efetivação
efetivação do Insuficiência adequada do
serviço; dos recursos serviço;
Insuficiência dos financeiros para Mediação dos
recursos efetivação conflitos internos;
financeiros para adequada do
efetivação serviço;
adequada do Mediação dos
serviço; conflitos
Mediação dos internos;
conflitos Serviços que
externos; não são do
Mediação dos Serviço Social,
conflitos internos; atribuições de
Serviços que não cuidador e
82
externa, como
aparece a
atuação da/do
assistente
social?
20 - Há Sim, muitas Sim, muitas Sim, muitas Sim, muitas vezes.
articulação vezes. No dialogo vezes. vezes. Na Através de reuniões
do Serviço diário sobre o Através de inclusão dos de rede,
Social com a acompanhamento reuniões e serviços e encaminhamentos,
rede de dos casos. estudos de programas do visitas
proteção casos. município, institucionais intra
social (ou referenciamento e extramunicipais...
seja, com as dos casos e
diversas reuniões
políticas periódicas.
sociais), em
especial a
rede de
proteção dos
direitos da
criança e do
adolescente,
nos diversos
níveis e
diversas
instituições
(gestão
municipal,
Conselho
Tutelar,
Ministério
Público, etc.),
na atuação no
84
âmbito do
serviço de
acolhimento?
Como essa
articulação se
efetiva?
22 - Ela é Sim, é Sim, para Sim. Para Sim, é necessário
necessária? fundamental para efetivação melhor porque o
Por quê? garantir o direito dos resolução de acolhimento
à convivência resultados. conflitos e institucional não é
familiar porque as capaz de sozinho
crianças e ofertar todos os
adolescentes serviços que são
desta unidade necessários ao
também é atendimento
responsabilidade integral das
da rede. necessidades das
crianças e
adolescentes.
23 - Na sua Não, existe Não. O Não. O acúmulo Não. É
avaliação, o precarização e salário é de atividade e desproporcional ao
salário exploração da insuficiente atribuições. nível de
recebido mão de obra, falta para a complexidade do
condiz com as valorização. O dedicação serviço de
atividades salário não reflete que o acolhimento.
desempenhad a gama de profissional
as pelos demandas precisa
profissionais? imposta ao atingir.
Justifique. Serviço Social.
24 - Você 2010 2010 2008 2020
sabe informar
quando foi
realizado o
85
último
concurso
para
assistentes
sociais no seu
município de
trabalho?
25 - Nesse Sim. O governo Famílias com Não. Nesta Não. De acordo
contexto de federal nega os insuficiência unidade em com parecer da
crise direitos e reduz os de recursos específico não psicóloga, que está
econômica e recursos. que acabam houve aumento atuando há mais de
social que Aumento do negligencian do número de 04 anos na unidade,
vivencia o índice de pobreza, do os acolhimento as situações de
país, avalia violência, uso de cuidados com vulnerabilidade das
que tem drogas, e as crianças famílias
ocorrido desenvolvimento para poder acompanhadas
maior de transtornos trabalhar ou estão visivelmente
incidência de mentais. procurar mais agravadas,
acolhimento emprego. porém o número de
institucional? acolhimentos não
parece ter sofrido
influência desse
contexto, sendo
que a lotação
máxima da Casa
corresponde a 10
crianças/adolescent
es.
26 - Nesse Sim. Existem Sim. Com a Sim. No que se
contexto de poucos recursos e conjuntura refere à
crise pouca capacitação social atual a contrapartida dos
econômica e profissional, um tendência é um poderes públicos
social que desmonte na aumento de percebeu-se uma
86