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É dentro deste contexto que o semiconfinamento está inserido como possível opção para
tornar mais eficiente o período final da engorda, em que elevada quantidade de
concentrado é fornecido para bovinos mantidos em pastagens. De uma forma mais
simples, a parte volumosa da dieta é o pasto, o qual está permanentemente à disposição
dos animais sendo o concentrado fornecido em cochos, podendo utilizar os mesmos
ingredientes do confinamento tradicional.
Infelizmente, ainda não é possível mensurar o consumo de pasto pelos bovinos de uma
maneira simples e confiável, pois inúmeras variáveis estão envolvidas durante o pastejo,
por isso a ingestão do volumoso nas condições do semiconfinamento deve ser apenas
estimada. A prática diária e a correlação do desempenho animal com a formulação do
concentrado permitem uma estimativa mais próxima do real por parte do técnico, porém
sempre com imperfeições.
Outro ponto importante a ser ressaltado é que a não confecção anual de silagem, assim
como a não destinação de uma área para cultura da cana, essenciais para o sistema de
confinamento, acarretará em liberação de áreas para formação de novas pastagens,
aumentando lotação, produção por área, etc.
A quantidade de concentrado a ser fornecido deve ser baseada nos seguintes fatores:
qualidade e disponibilidade da forragem, nível de ganho de peso desejado e custo do
concentrado utilizado. Pode-se estimar que um novilho com 420 kg consuma
aproximadamente 10 kg de matéria seca (MS) por dia. Dentro deste raciocínio, se
adotarmos uma relação volumoso:concentrado variando de 60:40 até 20:80 (alto grão),
a quantidade de concentrado a ser fornecido pode variar de 4 a 8 kg de MS, em média.
A adoção dos níveis mais elevados permite que procedimentos tradicionais utilizados
nos confinamentos também possam ser transferidos ao semiconfinamento, como a
adição de ionóforos e tamponantes ao concentrado, assim como a sua distribuição
fracionada várias vezes ao dia.
Alguns efeitos indiretos desta prática, porém de difícil mensuração, devem de igual
forma ser apontados. A fertilidade do solo pode sofrer significativo incremento através
do retorno de nutrientes ao solo, via fezes e urina, desde que o pasto seja manejado de
forma adequada. Esta reciclagem é potencializada pela entrada de nutrientes via
concentrado, provenientes de áreas distintas, numa verdadeira importação de minerais
para o solo. Na prática, tem-se observado em áreas utilizadas para o semiconfinamento,
com altas lotações, que nos anos subseqüentes os pastos apresentam maior produção de
MS.
Mesmo tratando-se de uma prática interessante para várias empresas rurais, algumas
precauções devem ser adotadas, pois a produção de volumoso estará sujeita as
condições climáticas. A confecção estratégica de silagem para ser utilizada em uma
eventual seca prolongada é imperativa para que produtores e técnicos não sejam
surpreendidos. Além disso, nada impede a adoção do semiconfinamento em
propriedades que realizam o confinamento, pois um sistema pode complementar o
outro, auxiliando no manejo dos animais (adaptação) e prevenindo situações adversas.
É imprescindível ressaltar que cada propriedade tem sua aptidão natural, influenciada
diretamente pela localização, tamanho, pessoal envolvido, recursos disponíveis, entre
outros. Por isso, antes de decidir pela realização do semiconfinamento, todos estes itens
devem ser analisados com o máximo critério, pois um erro na pecuária de corte hoje é
algo extremamente dispendioso