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A ∴R∴L∴S∴ Augusto Pinto da Luz 4245

Rito Moderno
Jurisdicionada ao Grande Oriente do Estado de Santa Catarina
Federada ao Grande Oriente do Brasil
Liberdade ∴ Igualdade ∴ Fraternidade ∴

2ª - Instrução AApr∴

A Loja e a Sessão Maçônica

A Loja Maçônica é uma estrutura organizada por assembleias onde os maçons se reúnem
periodicamente para trabalhar de forma ritualística, segundo o rito que adotam, no nosso caso
adotamos o Rito Moderno (leia Anexo I).
Importante esclarecer a diferença entre Loja e o Templo Maçônico, este é o edifício onde as
lojas funcionam. Um mesmo templo pode ser utilizado por mais de uma loja, caso as mesmas
não tenham templo próprio. Toda loja precisa ser reconhecida por alguma Obediência
Maçônica.
A Loja existe independe do Templo, mas é no espaço físico do Templo que a Loja pratica a
ritualística, que é o método maçônico para estudar e praticar o seu simbolismo e a sua filosofia.
Sessão Maçônica é a reunião dos maçons, independente se estão no templo nos trabalhos
maçônicos. Uma Sessão reúne um conjunto de maçons que pode ser de uma única e especifica
Loja, que dizemos ser Irmãos/Obreiros do quadro, como pode também reunir maçons de várias
Lojas, que chamamos de Sessão Conjunta.
Para a prática do Ritual é necessário que a Loja seja aberta e esse processo de abertura já é a
ação do Ritual, que denominamos ritualística.
Este ritual carrega em sua essência toda a ancestralidade e tradição da Ordem Maçônica
Universal. A forma e as regras da pratica desse ritual compõe um Rito e as Sessões são regidas
por esse rito.

Ritos praticados no Brasil :

Rito Moderno (Francês);


Rito de York;
Rito Adonhiramita;
Ritual de Emulação (Rito Inglês);
Rito Escocês Antigo e Aceito;
Rito Brasileiro;
Rito Schröder;
Seguindo as práticas de cada Rito uma Sessão se divide em etapas ou fases distintas que se
completam naturalmente sendo:

1- Abertura dos trabalhos


2- Leitura do traçado (ata) da sessão anterior – respeitando o grau que a oficina trabalhou
3- Expediente - leitura de documentos e informativos
4- Saco de Propostas e Informações:

• Propostas são as de Admissão, as Administrativas (enviadas às Comissões


competentes para posterior inclusão na Ordem do Dia) e as
solicitações e pedidos, em geral.

• Informações são os resultados de Sindicâncias, os pareceres de


Comissões, as comunicações da Tesouraria e da Chancelaria sobre a situação
de Obreiros, o resultado de visitas a Irmãos enfermos ou faltosos, as
comunicações de mudanças de endereço, de falecimento, etc.

• Os Certificados, ou Atestados de Frequência, enquadram-se neste


último caso, pois são informações idôneas sobre a presença de Obreiros a
Sessões de outras oficinas

5- Ordem do Dia – etapa da Sessão onde se conhece e executa as pautas pré-estabelecidas


pelo calendário de atividades da Loja ou pelos pedidos feitos através do Saco de
Propostas e Informações em Sessão anterior. É na Ordem do dia que os estudos e as
peças de arquitetura são apresentados.
6- Tronco de solidariedade – contribuição espontânea para beneficência
7- Palavra a bem da Ordem – avisos e informações rápidas
8- Encerramento dos trabalhos

Ir∴ Sidnei Salmaso


M∴M∴
Junho - 2021
2ª Instrução Apr ∴
Anexo I

RITO MODERNO - UM POUCO DE SUA HISTÓRIA

O início da Maçonaria na França François Marie Arouet, Voltaire, o demolidor de mitos,


desapareceria logo depois de iniciado na Loja "Neuf Soeurs", em 1778, no mesmo ano em que,
coincidentemente, desaparecia Jean Jacques Rousseau, sendo, ambos, os intelectuais que mais
influenciaram o pensamento da sociedade francesa --- e da mundial --- nas épocas posteriores.

Eles mostravam, todavia, grandes diferenças de pensamento. Voltaire tinha, por base de sua
obra, o racionalismo, como, no dizer de Diderot, um verdadeiro filósofo setecentista, que se
conduz pela razão, juntando, ao espírito de reflexão e de justeza, os costumes e as qualidades
sociais. Isso o coloca em oposição à inteligência mística de Rousseau, filósofo e moralista,
nascido em família calvinista e convertido, ainda adolescente, ao catolicismo.

Voltaire tem o melhor do seu pensamento exprimido no "Dictionnaire Philosophique", de 1764,


no "Lettres Anglaises", de 1734, e nos diversos contos, entre os quais "Cândido", de 1754, é sua
obra prima. Rousseau tem, como sua obra fundamental, "Du Contrat Social", onde formula a
teoria do Estado baseado na convenção entre os homens, defendendo o princípio da soberania
do povo. Publicada em 1762, essa obra, junto com o restante da produção literária de Rousseau,
teve grande influência revolucionária, por exprimir as injustiças sociais da época, numa crítica
violenta ao cristianismo dogmático e ao ceticismo filosófico. Assim, a obra de Rousseau foi muito
mais importante, no ideário da Revolução Francesa, do que a de Voltaire, que, dentro da atitude
racional da inteligência, desejava não a revolução, mas a reforma das instituições monárquicas,
pregando a tolerância ideológica e defendendo os direitos civis. Ambos, entretanto,
influenciariam, um século depois, a grande reforma institucional de 25 1877, no Grande Oriente
da França, que sepultou o dogmatismo, combatido por Rousseau, e implantou a tolerância
ideológica, pregada por Voltaire.

Em 1778, ano da morte de ambos, havia 554 Lojas no território francês, surgidas da primeira
Loja genuinamente francesa, criada, em Paris, a 3 de abril de 1732, já que, antes, as existentes
eram mais britânicas, surgidas na esteira do séquito dos Stuarts, refugiados na França, após a
revolta de 1649. Depois dessa primeira Loja, outras foram sendo criadas, ocorrendo, no caso,
um fato importante, em setembro de 1734 : no dia 7 desse mês, um jornal de Londres relata
que, no castelo da duquesa de Portsmouth, em Paris, Charles Lennox, duque de Richmond, junto
ao qual se encontrava Montesquieu, procedeu à recepção de muitos neófitos da mais alta
nobreza francesa. A 20 de setembro de 1735, nova reunião, com a presença de Théophille
Désagulliers --- um dos fundadores da Premier Grand Lodge, em Londres, em 1717 --- e lord
Waldegrave, embaixador de Sua Majestade britânica, ao lado de Montesquieu. A Maçonaria,
assim, espalhou-se pelo território francês, no século XVIII, sob a égide de Montesquieu, o grande
filósofo e autor de "´L´Esprit des Lois" (O Espírito das Leis), obra de fundamental importância no
desenvolvimento da Ciência Política.
Em 1737, cinco Lojas existiam em Paris. Em 1741, já eram vinte e duas, quando a propaganda
maçônica já atingia a província, tendo sido fundada uma Loja em Lions, em 1740, além de outras
em Rouen, Caen, Nantes, Bordeaux, Montepellier e Avignon. Em 1738, o duque d´Antin é
nomeado Grão-Mestre vitalício dos maçons franceses, embora ainda não houvesse,
oficialmente, uma Obediência francesa, o que só aconteceria em 1765. Em 1743, Henri de
Bourbon, conde de Clermont, o sucede, apesar dos muitos votos dados ao príncipe de Conti e
ao marechal de Saxe. Um outro nobre sucede ao conde de Clermont, em 1771 : o duque de
Chartres, que, com a morte de seu pai, tomou o título de duque de Órleans, cuja cadeira de
Grão-Mestre é conservada no museu do Grande Oriente da França e cujo retrato, com todas as
insígnias da Ordem, acha-se no castelo de Chantilly.

O Grande Oriente e o Rito Moderno, a Maçonaria francesa passaria, porém, por grandes
vicissitudes. A federação denominada Grande Loja da França, oficialmente existente a partir de
1765, para reunir as Lojas esparsas, não chegara a uma boa gestão, o que fez com que, em 1771,
ocorressem reuniões destinadas a preparar uma nova organização, culminando, a 24 de
dezembro daquele ano, com a assembleia das Lojas, que, depois de declarar extinta a antiga
Grande Loja, anunciava que ela era substituída por uma Grande Loja Nacional, que seria
denominada, dali em diante, Grande Oriente da França. A 17 de junho de 1773, a Grande Loja
protesta, declarando o Grande Oriente cismático, degradando o título de 26 maçom de todos os
componentes deste. Sem se preocupar com esses ataques, o Grande Oriente persiste, sendo
solenemente instalado a 24 de junho de 1773. E foi tão grande o desenvolvimento do Grande
Oriente, que, das 547 Lojas francesas existentes em 1778, 300 estavam sob a sua jurisdição e
ele mantinha correspondência com 1.200 Lojas estrangeiras.

Nessa altura já existia o Rito Francês, ou Moderno, que havia sido criado em 1761, constituído
a 24 de dezembro de 1772 e proclamado pelo Grande Oriente, a 9 de março de 1773, chegando,
já na época da Revolução Francesa, à maior importância, dentro do Grande Oriente da França.
E desde essa época, começava a rivalidade entre o Grande Oriente e a Grande Loja inglesa, que
exigia ser reconhecida como Grande Loja Mãe, embora isso não fosse mais do que uma
satisfação moral, não criando laço de subordinação.

O Grande Oriente desejava tratar de igual para igual, sob todos os pontos de vista e solicitava
que as Lojas anteriormente fundadas, sob patente inglesa, lhe fossem repassadas, com o que
Londres não concordava. Embora a Grande Loja inglesa reconhecesse o Past-Master e o Royal
Arch, como "complementos do mestrado", considerava irregulares os Altos Graus escoceses,
que haviam, anarquicamente, proliferado na França, causando desordem. E o Rito Moderno
nasceu, exatamente, do desejo do Grande Oriente de remediar a situação, perseguindo uma
política de unidade, aceitando os diferentes ritos, à qual Londres fez oposição.

O rito, embora criado sob moldes racionais, seguia a orientação dos demais, em matéria
doutrinária e filosófica, baseada, entretanto, na primitiva Constituição de Anderson, com
tinturas deístas, mas largamente tolerante, no que concerne à religião, como se pode ver na
primeira de suas Antigas Leis Fundamentais (Old Charges): "O maçom está obrigado, por
vocação, a praticar a moral; e, se bem compreender os seus deveres, jamais se converterá num
estúpido ateu nem em irreligioso libertino. Apesar de, nos tempos antigos, os maçons estarem
obrigados a praticar a religião que se observava nos países que habitavam, hoje crê-se mais
conveniente não lhes impor outra religião senão aquela que todos os homens aceitam e dar-
lhes completa liberdade com referência às suas opiniões particulares. Essa religião consiste em
serem homens bons e leais, ou seja, honrados e justos, seja qual for a diferença de nome ou de
convicções".

A Revolução Francesa --- da qual a Maçonaria, nas palavras de Henri Martin, foi o laboratório --
- não interrompeu totalmente os trabalhos do Grande Oriente. a Loja "La Bonne Amitié", de
Marmande, recebeu sua constituição a 20 de dezembro de 1792; mesmo no auge do Terror, três
Lojas da capital, "Le Centre des Amis", "Les Amis de la Liberté" e "la Martinique des Frères
Réunis", não deixaram de promover reuniões. Mas houve uma grande diminuição da atividade
maçônica, prejudicando as relações com a Grande Loja inglesa. 27 Passado o auge do
movimento, Roettiers de Montalau --- cujo retrato orna a sala do Conselho da Ordem, em Paris,
acima da cadeira do Presidente --- empenha-se, a partir de 1795, na reconstituirão do Grande
Oriente, tentando conciliá-lo com a Grande Loja. Graças aos seus esforços, a 21 de maio de 1799,
as duas Obediências redigem um tratado de união, completando a união maçônica na França, a
qual pouco iria durar, já que, em 1804, ela seria comprometida pela introdução do Rito Escocês
Antigo e Aceito, de 33 graus, com a fundação do Supremo Conselho do conde de Grasse-Tilly (o
primeiro Supremo Conselho foi fundado em Charleston, Carolina do Sul, EUA, em 1801). A
regressão dogmática Em 1815, ocorreria a regressão dogmática, que tanto influiria nos destinos
da Maçonaria francesa: a Grande Loja Unida da Inglaterra, que surgira em 1813, da fusão da
Grande Loja dos "Modernos" (de 1717) e a dos auto-denominados "Antigos", de 1751, alterava
a primitiva Constituição de Anderson, tornando-a absolutamente dogmática e impositiva, como
se pode ver no texto da primeira das Antigas Leis (que, aí, deixou de ser antiga lei):

"Um maçom é obrigado, por seu título, a obedecer à lei moral e, se compreender bem a Arte,
nunca será ateu estúpido, nem libertino irreligioso. De todos os homens, deve ser o que melhor
compreende que Deus enxerga de maneira diferente do homem, pois o homem vê a aparência
externa, ao passo que Deus vê o coração. Seja qual for a religião de um homem, ou sua forma
de adorar, ele não será excluído da Ordem, se acreditar no glorioso Arquiteto do Céu e da Terra
e se praticar os sagrados deveres da moral...." Ou seja: ao liberalismo e à tolerância da original
compilação de Anderson, foram sobrepostos os teísmos pessoais, o dogmatismo e a imposição,
incompatíveis com a liberdade de pensamento e de consciência. Apesar disso, quando o Grande
Oriente promulgou, em 1839, seus primeiros "Estatutos e Regulamentos Gerais da Ordem",
estes conservavam o melhor da tradição da Maçonaria dos Aceitos, dentro do espírito da original
Constituição de Anderson, de 1723, como se pode ver em seus três primeiros artigos, sem
qualquer dogmatismo: "Art. 1º - A Ordem Maçônica tem por objeto o exercício da solidariedade,
o estudo da moral universal, das ciências, das artes e a prática de todas as virtudes. 28 Art. 2º -
Ela é composta de homens livres, que, submissos às leis, reúnem-se em Sociedade constituída
de acordo com estatutos gerais. Art. 3º - Não pode alguém ser maçom e gozar os direitos
inerentes a esse título:

1. se não tiver 18 anos completos, se não for livre e de bons costumes e se não obteve o
consentimento de seu pai, ou de seu tutor; essa última condição só será exigida até à idade de
21 anos;
2. se não for livre e honrado;
3. se não for domiciliado há pelo menos seis meses no local em que se encontra a Loja à qual se
apresenta;
4. se não tiver grau de instrução necessário para cultivar sua razão;
5. se não for admitido nas formas determinadas pelos Regulamentos e Estatutos Gerais".

Todavia, em 1849, por obra e graça dos partidários de uma reaproximação, que degelasse As
relações com a Grande Loja Unida da Inglaterra, eram reformados esses estatutos ---e
transformados em Constituição --- sendo incluídos, neles, as cláusulas inspiradas pela revisão de
1815, das Constituições de Anderson, como se pode ver no texto aprovado: "Art. 1º - A Franco
maçonaria, instituição essencialmente filantrópica, filosófica e progressista, tem por base a
existência de Deus e a imortalidade da alma..." Art. 3º - Para atingir esse objetivo, eles (os
maçons, referidos no Art. 2º) devem, respeitando a consciência individual, empregar todos os
meios de propaganda pacífica, dos quais os principais são o exame e a discussão de diversas
questões que podem esclarecer os espíritos e, sobretudo, conciliar os corações". A incoerência
salta aos olhos, pois, à exigência dogmática do Artigo 1º, era aposto, no Artigo 3º, o respeito à
consciência individual. Diante disso, foi feita, em 1865, uma pequena alteração, sem mudar o
texto dogmático, na parte referente à liberdade de consciência, assim redigida: "Ela (a
Maçonaria) vê a liberdade de consciência como um direito próprio de cada homem e não exclui
a ninguém por suas crenças".

Em primeiro lugar, queremos lembrar aos Irmãos que a partir do momento em que a pátria de
origem do Rito Moderno (também chamado de Rito Francês, mas que, na verdade, era intitulado
Rito do Grande Oriente de França) eliminou a Oficina Chefe do Rito Moderno naquele Oriente,
unificando-a com todas as outras e transformando-as em Câmara Chefe dos Ritos, a única
Potência 29 Filosófica mundial especificamente do Rito Moderno é o Supremo Conselho do Rito
Moderno, sediado no Brasil, com o qual o Grande Oriente do Brasil mantém secular Tratado de
Amizade, e compromisso de adotar, desde que aprove, as orientações ritualísticas daquela
Oficina Chefe. E, assim tem acontecido. O Supremo Conselho do Rito Moderno segue a
orientação dos "Modernos" de 1717 e das Constituições de Anderson de 1723, confirmada nos
Estatutos do GOF de 1839 e finalmente referendada pela Convenção de 1877. Poderíamos dizer,
exagerando, que atualmente o Rito Moderno, com o espírito coerente com as intenções
existentes por ocasião de sua criação em 1761, somente é praticado pelo Grande Oriente do
Brasil.

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