Você está na página 1de 18

03/08/2014

UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO


RIO GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS – DCEENG
CURSOS DE ENGENHARIA CIVIL, ELÉTRICA E MECÂNICA

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I


Unidade 5 – Cisalhamento
Convencional

Profº Msc Paulo Cesar Rodrigues

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

5.1. Determinação das forças internas


Conforme estudamos anteriormente, se tivermos um corpo
submetido a um carregamento qualquer e em equilíbrio externo,
e queremos determinar as solicitações internas, começamos
cortando o corpo (método das seções) na seção de estudo.
Assim, dado o corpo conforme figura 5.01:
y

My
Profº Paulo Cesar Rodrigues

Vy
Nx Mx
x

Vz
Mz

z
Figura 5.01
02/34

1
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


Se apenas os esforços ∑ Fy  0 e ∑ Fz  0 diz-se que o corpo
esta submetido a força cortante.
Define-se esforço cortante como:
A soma vetorial das projeções sobre o plano da seção das forças
exteriores situadas à esquerda ou à direita da seção considerada.
As forças cortantes que agem sobre um elemento tendem a
provocar um deslizamento de uma face em relação a outra face
Profº Paulo Cesar Rodrigues

vizinha.
Denomina-se de cisalhamento puro, cisalhamento convencional
ou corte, quando a magnitude dos esforços internos, esforço
normal, momento fletor e momento torsor, é considerada
desprezível em relação ao esforço cortante. Este tipo de solicitação
ocorre, normalmente, nos diversos tipos de ligações, tais como as
ligações por encaixe ou entalhe, rebitadas, parafusadas e soldadas.
03/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

5.2. Determinação das tensões tangenciais

Seja a força F aplicada à barra


na figura 5.02. Se os apoios forem
rígidos e F suficiente grande, a
barra irá deformar-se e falhar ao
longo dos planos AB e CD.
De acordo com o diagrama de
Figura 5.02
Profº Paulo Cesar Rodrigues

corpo livre do segmento central


não apoiado da barra, figura 5.03,
indica que a força de cisalhamento
V = F/2 deve ser aplicada a cada
seção para manter o segmento em
equilíbrio.

Figura 5.03
04/34

2
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


A tensão de cisalhamento média τ (tau) distribuída sobre a área
secionada que desenvolve essa força de cisalhamento é definida
por:
V
 méd 
A
onde:
τ méd : tensão de cisalhamento média na seção;
V : força de cisalhamento ou força cortante interna;
A : área da seção transversal.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

A distribuição das tensões de cisalhamento média sobre a seção


é mostrado na figura 5.04. Observe que τméd está na mesma
direção de V.
Este tipo de cisalhamento ocorre freqüentemente em vários
tipos de acoplamentos simples que utilizam parafusos, pinos,
material de solda, etc.
05/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

Figura 5.04
 méd
Profº Paulo Cesar Rodrigues

Estas tensões tangenciais, na realidade, não se distribuem


uniformemente ao longo da seção transversal, sua distribuição é
bastante complicada.
De um modo geral, é aceitável para muitos problemas de
engenharia envolvendo projeto e análise. As normas de
engenharia permitem sua utilização para o cálculo das dimensões
de elementos de fixação como parafusos e para obtenção de
resistência de fixação de juntas sujeitas a cargas de cisalhamento.
06/34

3
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


5.3. Aplicações – Ligações rebitadas e parafusadas
Algumas peças estruturais são constituídas de chapas como
almas e mesas de perfil para vigas, abas de cantoneiras entre
outros, podendo estas serem unidas por ligações rebitadas ou
parafusadas.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

Figura 5.05 - Cantoneira de ligação entre coluna e viga ou entre mesa e alma de viga
07/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I
Profº Paulo Cesar Rodrigues

Figura 5.06

5.3.1. Tipos de ligações


Dependendo da disposição dos elementos a serem ligados,
têm-se basicamente dois tipos de ligações.
 Ligações por superposição;
 Ligações de topo.
08/34

4
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


5.3.1.1. Ligação por superposição
As peças a serem ligadas são colocadas sobrepostas, uma sobre
a outra, figura 5.07, com comprimento adequado e são ligadas por
uma ou mais linhas de rebites, parafusos ou pinos.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

Figura 5.07

09/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

5.3.1.2. Ligação de topo


As peças a serem ligadas são colocadas frente a frente e
cobertas por outras duas denominadas de cobrejuntas, figura 5.08.
A união das peças é feita com uma ou mais linhas de rebites,
parafusos ou pinos.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

Figura 5.08

10/34

5
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


5.3.2. Considerações gerais
Em qualquer ligação rebitada ou parafusada, além de se levar
em conta o cisalhamento nos rebites, outros fatores também
devem ser examinados. Sempre que se projeta ou verifica uma
ligação rebitada ou parafusada deve-se analisar os seguintes itens:

 Cisalhamento nos rebites ou parafusos;



Profº Paulo Cesar Rodrigues

Compressão nas paredes dos furos;


 Ruptura por tração nas chapas;
 Espaçamento mínimo entre rebites (disciplinas específicas de
cada curso).

Para que a ligação tenha segurança todos estes fatores devem


estar bem dimensionados.

11/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

5.3.2.1. Ruptura por cisalhamento


Numa junta parafusada ou rebitada, os parafusos poderão
romper-se por cisalhamento, conforme se verifica na figura 5.09.
Sejam duas chapas A e B, ligadas pelo parafuso, ao aplicarmos
às chapas as forças de tração F, aparecem tensões na seção
transversal do parafuso que corresponde ao plano EE’.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

Figura 5.09
12/34

6
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


Desenhando os diagramas do parafuso e da parte deste que fica
acima do plano EE’ (figura 5.09), concluímos que a força cortante
P na seção é igual a F. A tensão de cisalhamento média na seção é
obtida dividindo-se P = F pela área da seção transversal A :
P F
τ méd  
A A
Nestas condições, diz-se que o parafuso está sujeito a
Profº Paulo Cesar Rodrigues

cisalhamento simples.
Podem existir outros tipos de ligações, conforme ilustra a figura
5.10:

Figura 5.10
13/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

O parafuso poderá ser cortado no plano KK´ e LL´. Neste caso,


tem-se cisalhamento duplo.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

F
F  2 P  P 
2
Figura 5.11

A tensão média de cisalhamento em cada plano é dada por:

P F
τ méd  
A 2 A
14/34

7
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


Generalizando, isto é, no caso de ter-se mais de um parafuso na
união das chapas A e B, a tensão de cisalhamento média na seção
fica:
Profº Paulo Cesar Rodrigues

Figura 5.12

F
τ méd 
nm A
onde:
n : é o número de parafusos;
m : é o numero de seções a serem cisalhadas.
15/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

Sendo τadm a tensão admissível ao cisalhamento do material do


parafuso, a tensão tangencial média desenvolvida não pode
ultrapassar a tensão admissível. A condição de segurança para o
cisalhamento aos parafusos é expressa analiticamente por:
F
τ méd   adm  τ méd    adm
nm A
Assim, na ligação por superposição (rebite), figura 5.13, temos
Profº Paulo Cesar Rodrigues

m = 1, pois em um mesmo rebite tem-se uma área a ser cisalhada,


a equação poderá ser escrita:
F F
  adm    adm
n 1  A  d2
n
4

Figura 5.13
16/34

8
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


Na ligação de topo, figura 5.14, m = 2, pois tem-se duas áreas do
rebite a ser cisalhada, a equação poderá ser escrita:

Figura 5.14
Profº Paulo Cesar Rodrigues

F F
  adm    adm
n2 A  d2
n2
4

17/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

5.3.2.2. Compressão nas paredes dos furos


Os parafusos ou rebites
provocam tensões de
esmagamento nas chapas que
estão ligando ao longo da
superfície de contato. Tomemos
como exemplo novamente as
chapas A e B ligadas pelo
Profº Paulo Cesar Rodrigues

parafuso.
O parafuso exerce na placa A
uma força P igual e de sentido
contrário a F. Onde P
representa a resultante das
forças elementares que se
distribuem ao longo da
Figura 5.15 superfície cilíndrica.
18/34

9
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


A tensão de esmagamento é obtida de uma forma aproximada,
pois a lei de distribuição das tensões é a não linear:
F F
E  
A d t

Como nos casos de ligações parafusadas (ou rebitadas)


existirem n parafusos, podemos generalizar a expressão:
Profº Paulo Cesar Rodrigues

F
E 
n  d t

Sendo σc,adm a tensão de compressão admissível para o material


da chapa ou dos cobrejuntas, então para que o projeto funcione
com segurança, a condição é expressa analiticamente por:
F
 E   c,adm   E    c,adm
n d t
19/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

5.3.2.3. Ruptura por tração nas placas


Quando se perfura as placas para a colocação de rebites ou
parafusos, figura 5.16, elas são enfraquecidas em sua seção
transversal. Quanto maior for o número de furos em uma mesma
seção transversal, mais enfraquecida ficará a placa nesta seção,
pois sua área resistente à tração fica reduzida. Sob a ação de
carregamento, há grandes concentrações de tensões junto aos
Profº Paulo Cesar Rodrigues

furos dos rebites ou parafusos.

Figura 5.16
20/34

10
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


Vejamos a placa da figura 5.17.

b
Profº Paulo Cesar Rodrigues

Figura 5.17

Antes da furação a seção transversal da placa tem uma área


resistente de:
Aresist  b  t

F
e a tensão atuante na placa é: t 
b t
21/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

Supondo que se faça um furo em uma mesma seção transversal


da placa para a colocação de um rebite ou parafuso, a nova área
resistente será:
Aresist  b  t  d  t  t  (b  d )

e a tensão é de:
F
t 
t  (b  d )
Profº Paulo Cesar Rodrigues

Agora supondo que se faça dois furos, a área resistente será:

Aresist  t  b  2  (t  d )  t  (b  2  d )

e a tensão:
F
t 
t  (b  2d )

22/34

11
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


Generalizando, onde n representa o número de rebites ou
parafusos colocados em uma mesma seção transversal, a tensão
atuante de tração na mesma seção transversal fica:
F
t 
t  (b  n  d )
onde:
F : é a força atuante de tração;
n : é o número de rebites ou parafusos em uma mesma seção;
Profº Paulo Cesar Rodrigues

t : é a espessura da placa;
b : é a largura da placa;
d : é o diâmetro do rebite ou parafuso.

A condição de segurança é expressa analiticamente por:


F
 t   t ,adm   t    t ,adm
t  (b  n  d )
23/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

Exercícios
1) Quando a força P alcançou 8 kN, o corpo de prova de madeira
5.1)
mostrado na figura abaixo falhou sob cisalhamento ao longo da
superfície indicada pela linha tracejada. Determine a tensão de
cisalhamento média ao longo daquela superfície no instante da
falha.
15 mm
Profº Paulo Cesar Rodrigues

aço madeira
90 mm

24/34

12
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


2) O braço de controle está submetido ao carregamento
5.2)
mostrado na figura abaixo. Determine o diâmetro, em mm,
para o pino de aço em C se a tensão de cisalhamento
admissível para o aço for de τadm = 55 MPa.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

20 cm

7,5 25 kN
5 cm
cm
15 kN
25/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

5.3)
3) A viga é apoiada por um pino em A e um elo curto BC. Se
P = 15 kN, determine a tensão de cisalhamento média
desenvolvida nos pinos em A, B e C. Todos os pinos estão
sujeitos a cisalhamento duplo, como mostra a figura, e cada
um tem diâmetro de 18 mm.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

26/34

13
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


5.4)
4) As peças de madeira A e B devem
ser unidas por cobrejuntas de
madeira compensada que serão
totalmente coladas às superfícies
em contato. Como parte do
projeto da junção, e sabendo que a
folga entre as extremidades das
componentes deve ser 6 mm,
Profº Paulo Cesar Rodrigues

determine o comprimento L
mínimo permitido para que a
tensão de cisalhamento média na
cola não exceda 0,05 kN/cm2.

27/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

5.5)
5) Para cada ligação abaixo, determinar as tensões atuantes,
devido a ruptura por cisalhamento, compressão nas paredes
dos furos e ruptura por tração nas placas.

a) Força P = 12,5 kN, largura da chapa b = 25 cm, espessura da


chapa t = 5 cm e diâmetro do parafuso d = 3,0 cm.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

P P

P
P

28/34

14
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


b) Força P = 12 kN, largura da chapa b = 22 cm, espessura da
chapa t = 5 cm, espessura das cobrejuntas t = 0,5 cm e
diâmetro do parafuso d = 4,0 cm.

P P

P P
Profº Paulo Cesar Rodrigues

c) Força P = 14,3 kN, largura da chapa b = 25 cm, espessura da


chapa t = 10 cm, espessura das cobrejuntas t = 1,5 cm e
diâmetro do parafuso d = 3,25 cm.

P P

P P
29/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

5.6)
6) Três parafusos de aço devem ser utilizados para fixar a chapa
de aço mostrada na figura abaixo em uma viga de madeira.
Sabendo que a chapa suportará uma carga de 110 kN, que o
limite da tensão de cisalhamento do aço utilizado é 360 MPa e
que é desejado um coeficiente de segurança 3,35, determine o
diâmetro necessário para os parafusos.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

30/34

15
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


5.7)
7) Um pino com diâmetro de 6 mm é utilizada na conexão C do
pedal, mostrado na figura abaixo. Sabendo que P = 500 N,
determine: (a) a tensão de cisalhamento média no pino, (b) a
tensão de esmagamento nominal no pedal em C e (c) a tensão
de esmagamento nominal em cada lado do suporte em C.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

31/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

5.8)
8) Projetar uma junta rebitada para que suporte uma carga P de
125 kN aplicada conforme mostrado na figura abaixo,
considerando-se a ruptura por cisalhamento do elemento e a
compressão nas paredes da chapa (esmagamento da chapa). A
junta deverá conter cinco rebites, espessura das chapas de 8
mm e b = 12 cm. Verifique a tração nas chapas. Adotar τadm =
105 MPa, σc,adm = 225 MPa e σt,adm = 190 MPa.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

32/34

16
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


5.9)
9) Verifique a emenda mostrada
na figura abaixo, sendo
t = 1,27 cm, d = 1,90 cm e b =
15 cm. Adotar τadm = 10
kN/cm2, σc,adm = 24 kN/cm2 e
σt,adm = 12 kN/cm2.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

33/34

5. Cisalhamento convencional
Resistência dos Materiais I

5.10)
10) Determine a área da seção transversal exigida para o
elemento BC e os diâmetros exigidos para os pinos A e B se a
tensão normal admissível for σadm = 21 MPa e a tensão de
cisalhamento for τadm = 28 MPa.
Profº Paulo Cesar Rodrigues

34/34

17
03/08/2014

Resistência dos Materiais I 5. Cisalhamento convencional


5.5. c.) 1º )  méd  0,287 kN/cm 2
2º ) Na placa :  E  0,147 kN/cm 2
Na cobrejunta :  E  0,489 kN/cm 2
2º ) Na placa :  t1  0,0657 kN/cm 2 e  t 2  0,0515 kN/cm 2
Na cobrejunta :  t1  0,0258 kN/cm 2 e  t 2  0,0731 kN/cm 2
5.6.) d  20,84mm
Profº Paulo Cesar Rodrigues

5.7.) a.)  méd  2,30 kN/cm 2


b.)  E  2,41 kN/cm 2
c.)  E  2,17 kN/cm 2

5.10.) Área da seção transversal do elemento BC: A = 4,12 cm2


Diâmetro do pino A : d = 1,984 cm
Diâmetro do pino B : d = 1,405 cm
35/34

18

Você também pode gostar