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Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Arqueologia e Antropologia

Licenciatura em Antropologia

Antropologia Urbana

Docente: Margarida Paulo

Discente: Joana Mussica

3° Ano/1° semestre

Resumo de textos

Referência bibliografica

Mitchell, Clayde. 1969. "The Concept and Use of Social Network". In: Social Network in Urban
Situations: Analysis of Personal Relationship in Central Africa Towns, pp. 1-29. Manchester:
Institute for Africa Studies.

Mitchell (1969) tem como objectivo de analisar o conceito de rede social de forma analítico. O autor faz
um levantamento bibliográfico como método. O autor o autor argumenta que a imagem da 'rede de
relações sociais' para representar um conjunto de inter-relações em um sistema social teve uma longa
história e este uso de 'rede' é puramente metafórico e é muito diferente da noção de uma rede social como
um exemplo específico de ligações entre um conjunto definido de pessoas, com a propriedade adicional

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de que as características dessas ligações como um todo possam ser usadas para interpretar o
comportamento social das pessoas envolvidas.

O autor diz que o uso metafórico da palavra não deve impedir de perceber a possibilidade de expansão
metafórica em uma analogia, ou seja, usar o conceito de formas mais específicas e definidas porque uma
metáfora pode ser transformada em um conceito analítico é identificar as características nas quais a sua
utilidade heurística se baseia, e então definir essas características em termos da teoria geral.

O autor explica que nos escritos sociológicos das redes sociais, tem sido usado formas diversas, desde o
puramente metafórico até o modo preciso e restrito. No entanto diz o autor que uma relação é uma espécie
restrita de rede na qual só pode haver uma linha ligando um ponto a outro no mesmo, neste contexto não
há arcos paralelos no conceito e uso de redes sociais.

As análises estruturais/funcionais representaram um passo marcante na análise sociológica e


proporcionaram um entendimento aprofundado do comportamento do que era possível antes,
particularmente quando aplicada a sociedades localizadas de pequena escala. No entanto a estrutura
institucional forneceu uma estrutura coerente e sistemática na qual quase todas as actividades diárias das
pessoas e suas relações com o outro poderiam ser ajustadas.

Segundo o autor, as redes sociais apresentam várias características morfológicas que referem-se à relação
ou padronização dos links na rede em relação uns aos outros (ancoragem, densidade, acessibilidade e
alcance) por outro lado as características interacionais aquelas que referem-se à natureza dos próprios
links (conteúdo, direccionamento, durabilidade, intensidade e frequência da interacção nos links).

O autor conclui que cada postulado que se estudou elucidou as questões de como as redes sociais são
compreendidas, utilizaram o conceito como um meio de elucidar algum aspecto de suas observações de
campo para diferentes problemas em que eles estavam interessado, neste sentido as redes sociais podem
ser usadas para interpretar o comportamento em uma ampla variedade de situações sociais e, claramente,
não estão limitadas a interpretar as redes nas comunidades rurais.

Gluckman, Max. 1987. "Análise de uma situação social na Zululândia moderna". In:
Feldman-Bianco, Bela (Org.) Antropologia das sociedades contemporâneas-Métodos, pp 227-
267. São Paulo: Global Universitária.

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Gluckman (1987) analisa as relações entre africanos e brancos do norte da Zululândia. O autor
baseou-se nos métodos qualitativo, quantitativo, observação participante e revisão de literatura
sobre relações e estruturas sociais nas ciências sociais. O autor argumenta que a comunidade de
africanos de cada reserva mantém estreita relações econômicas, políticas e outros tipos de
relações com o restante da comunidade africana branca do país. No entanto, ao explicitar os
problemas estruturais em qualquer reserva, é preciso analisar amplamente como e em que
profundidade a reserva está inserida no sistema social do país, quais relações dentro da reserva
envolvem africanos brancos e como estas relações são afectadas e afectam a estrutura de cada
grupo racial.

O autor afirma que todos os eventos que envolvem ou afectam seres humanos são sociais e o tal
evento quando é estudado como parte do campo da sociologia deve ser tratado como uma
situação social. Uma situação social é o comportamento, em algumas ocasiões, de individuo
como membros de uma comunidade, analisado e comparado com seu comportamento em outras
ocasiões. Desta forma, a análise revela o sistema de relações subjacentes entre a estrutura social
da comunidade, as partes da estrutura social, o meio ambiente e a vida fisiológica dos membros
da comunidade.

O autor diz que o facto dos Zulus e Europeus cooperarem na inauguração da ponte mostra que
formam uma única comunidade com modos específicos de relacionamento e somente a partir
desta perspectiva pode-se começar a entender o comportamento dos indivíduos. Assim sendo o
ponto de partida deve ser uma única comunidade branco-africana e não o contacto cultural. Não
só, as relações entre os Zulus e europeus podem ser estudadas enquanto normas sociais porque
são motivos e interesses diferentes que causaram a presença dos diversos actores.

O autor afirma que as relações entre os dois grupos são muito frequentemente marcadas por
hostilidade e conflito, mas a cisão existente entre os dois grupos é em si o factor de sua maior
integração em apenas uma comunidade. Eles diferenciam-se em suas inter-relações na estrutura
social da comunidade da África do Sul, da qual a Zululândia constitui uma parte. Neste sentido
através dessas inter-relações, podem-se delinear separação, conflito e cooperação em modos de
comportamento socialmente definidos, assim sendo diz o autor que o funcionamento da estrutura
social da Zululândia pode ser observado através de actividades políticas, ecológicas e
econômicas.

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O autor conclui que a oposição desigual entre os dois grupos raciais determina o caráter de sua
cooperação e as mudanças de participação nos grupos em situações diferentes revela o
funcionamento da estrutura, pois a participação de um indivíduo em um grupo particular em uma
situação particular é determinada pelos motivos e valores que o influenciam nesta situação. Os
indivíduos podem assumir vidas coerentes através da seleção situacional de uma miscelânea de
valores contraditórios, crenças desencontradas, interesses e técnicas variadas. Assim sendo as
influências de valores e grupos diferentes produzem conflitos na personalidade do indivíduo zulu
e da estrutura social de Zululândia fazem parte da estrutura social e desencadearão
desenvolvimento.

Zaluar, Alba. 2000. A globalização do Crime e os Limites da Explicação Local. In:


Cidadania e Violência, pp. 49-69. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.

Zaluar (2000) tem como objectivo principal de mostrar lições que um estudante de antropologia
deve aprender no estudo do crime. O argumento da autora é de que a discussão a respeito da da
disposição violenta não pode ser entendida fora do contexto institucional e histórico em que a
explosão de violência ocorre. Tentar explicar as formas actuais de manifestação da violência é
eternizar uma forma cultural, é seguir à risca a lógica identitária contrastiva e é também negar a
história que põe o institucional e o cultural em eterna transformação.

A autora diz que Novos riscos e glórias cercam a rapidez de informações e a conseqüente
presença do mundo está em todos os locais. Deve-se discutir as relações com a mídia porque não
só a mídia narra os acontecimentos e seus representantes arriscam explicações sobre os objectos
de pesquisa ao mesmo tempo em que pesquisa-se para narrar nossas experiências e
interpretações aos demais colegas ou a um público mais amplo de escolaridade alta. A mídia
representa o espelho no mundo globalizado em redes de informação bastante intercruzadas,
formando quase que uma superposição de atores. Mas a mídia é além de lugar de disputa de
muitas vaidades, campo da democratização do debate, veículo de formação de opinião.

A autora diz que a necessidade de entender a violência como efeito geológico das camadas
culturais da violência costumeira assim como dentro do panorama do crime organizado

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internacionalmente, com características económicas, políticas e culturais sui generis não pode ser
negada diante das evidências.

O autor conclui que um estudante de antropologia deve aprender no estudo do crime três lições
que a última palavra está sempre com o nativo; que o social é uma trama de relações mais ou
menos sistemáticas, com fronteiras mais ou menos definidas; e que a cultura é uma rede de
significações mais ou menos integradas em um sistema, mais ou menos fluidas, autónoma
irredutível.

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