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Em capítulo do livro citado, Barros e Kastrup (2015) destacam dois significados distintos para a palavra
processo. O primeiro remeteria à ideia de processamento, que evoca a concepção de conhecimento como
informação e de pesquisa como coleta e análise destas informações. O segundo, coração da cartografia,
remete à ideia de processualidade, de processo já em curso quando do início da pesquisa uma vez que o
momento presente carrega uma história processual e o território presente, uma espessura processual. “A
espessura processual é tudo aquilo que impede que o território seja um meio ambiente composto de formas a
serem representadas ou de informações a serem coletadas. Em outras palavras, o território espesso contrasta
com o meio informacional raso” (BARROS; KASTRUP, 2015, p. 58).
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Também constam dos apêndices: os roteiros que guiaram as entrevistas e grupos focais (APÊNDICE F); o
detalhamento e fundamentação da textualização, análise e categorização do material produzido (APÊNDICE
C); e as listas de temas e subtemas criadas para a análise (APÊNDICES D e E).
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Etapa 1: Planejamento da ação: elaboração dos roteiros53 de preparação vocal
com foco no corpo como unidade psicofísica, que foram experienciados e avaliados nas duas
Oficinas, campo empírico desta pesquisa. Os roteiros foram construídos com base nos
princípios da Educação Somática e nos procedimentos de quatro práticas: a Antiginástica de
Thérèse Bertherat; o Método Bertazzo; o Método GDS de Cadeias Musculares e Articulares;
e a Técnica de Alexander. Minha experiência anterior com o grupo Vocal UFC também foi
referência na elaboração dos roteiros.
Etapa 2: Implementação da ação: esta fase trata da experienciação dos roteiros
criados em duas Oficinas, visando à construção da proposta de preparação vocal. A ação foi
realizada em dois momentos e contextos diferentes na cidade de São Paulo no ano de 2018,
caracterizados como oficina54 que comportou encontros ao longo de três meses. O primeiro
momento ocorreu no âmbito do projeto didático de extensão vinculado à Universidade
Federal de São Paulo denominado Oficina Vocal, projeto dirigido pelo maestro Eduardo
Fernandes; durou de abril a junho e contou com cerca de quinze participantes que se
inscreveram para o projeto. O segundo ocorreu de agosto a outubro de 2018 na Oficina
Dando corpo à voz criada especialmente para esta pesquisa, realizada no Instituto de Artes
da UNESP e coordenada por mim, sendo composta por cerca de doze participantes
interessados, que serão apresentados em seção posterior.
Etapa 3: Análise dos dados produzidos: este foi o momento da avaliação e
interpretação dos dados produzidos nas Oficinas: roteiros de condução dos encontros,
transcrições das entrevistas individuais e dos grupos focais, registros em áudio e vídeo e
diários de observação das práticas; e da avaliação dos processos realizados nos grupos para
a elaboração dos resultados da pesquisa.
Uma síntese do trabalho de campo encontra-se no quadro 1.
PERÍODO ATIVIDADE
3 de abril a 26 de junho de 2018 Oficina Vocal (UNIFESP) – 9 encontros
3 de julho de 2018 Entrevista individual – regente da Oficina
Vocal
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“Roteiro” foi o termo que utilizei nos diários de campo para a sequência sugerida de movimentos na
preparação de cada encontro das oficinas desta pesquisa.
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Para Paviani e Fontana (2009), “oficina” é uma forma de construir conhecimento com ênfase na ação sem
perder de vista a base teórica. “Numa oficina ocorrem apropriação, construção e produção de conhecimentos
teóricos e práticos, de forma ativa e reflexiva” (p. 78).
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3 de julho de 2018 Grupo focal – Oficina Vocal
13 de agosto a 29 de outubro de 2018 Oficina Dando Corpo à Voz (UNESP)
5 de novembro de 2018 Grupo focal – Oficina Dando Corpo à Voz
– 12 encontros
Novembro de 2018 a janeiro de 2019 Entrevistas individuais – participantes da
Oficina Dando Corpo à Voz
Quadro 1: Datas e atividades realizadas durante o trabalho de campo.
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De acordo com a página do projeto de extensão Oficina Vocal
(https://www.coral.sites.unifesp.br/site/cursos), nos encontros “são abordados aspectos de técnica vocal,
percepção musical e prática de repertório buscando o aprendizado teórico da música por meio da prática do
canto coral”.
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Em apenas um dos encontros, o sexto, eu fiquei responsável por todo o tempo disponível por
solicitação do regente. Percebi que ao longo dos três meses em que trabalhamos juntos o
regente foi desenvolvendo uma maior confiança no meu trabalho. Minha percepção se deve
ao fato de que, a cada encontro, ele me dava mais tempo para a preparação vocal dos
participantes. Quanto ao grupo, foi importante ter contato com pessoas que estavam em
busca de um trabalho de canto coletivo em um coral, tendo em vista que esse é o público ao
qual esta pesquisa se destina.
Descrevo a seguir como estruturei os roteiros que guiaram essa primeira oficina.
Esses roteiros, bem como as mudanças que aconteceram da primeira para a segunda oficina,
serão mais bem explorados ao longo deste e do próximo capítulo.
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Com a mesma intenção Thérèse Bertherat chama, aos movimentos que sugere ao final de seu primeiro
livro, preliminares, para os quais o mais importante é a consciência, e não a ânsia em acertar, a quantidade de
repetições ou a necessidade de realizar todos os movimentos sugeridos, um após o outro (BERTHERAT;
BERNSTEIN, 1977).
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da escuta, de improvisos, da conscientização do corpo no espaço, de experiências sonoras
que se transformam em música”60.
Foram oferecidas 20 vagas para esta oficina. Como tive muitas respostas à
chamada de inscrições, optei por convidar 25 pessoas, escolhidas por ordem de inscrição, e
criar uma lista de espera, imaginando uma possível evasão. O número máximo de
participantes foi pensado com base em aspectos como o material necessário, a sala
disponível para a realização dos encontros e um número mínimo de pessoas que
possibilitasse a formação de um grupo com as características de um coral. À medida que um
participante comunicava que não compareceria mais aos encontros, eu convidava a pessoa
seguinte da lista de espera. Esse procedimento se repetiu até o quarto encontro, quando
completamos um mês de atividades semanais e julguei não ser mais interessante para os
resultados da pesquisa inserir novas pessoas no processo.
As inscrições foram realizadas pela internet entre os dias 30 de julho e 10 de
agosto de 2018, via formulário da Google. O único pré-requisito mencionado no texto de
divulgação da Oficina era que os participantes deveriam ser maiores de 18 anos.
Compareceram em média doze participantes por encontro; concluíram o trabalho doze
pessoas, cinco homens e sete mulheres61, que apresentarei a seguir.
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A chamada pode ser vista em: https://www.facebook.com/events/201813173840371 Uma cópia desta
página encontra-se no Apêndice H.
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Havia no grupo uma menina de oito anos, filha de um dos participantes da oficina. No primeiro encontro
ela esteve presente com o pai, e se interessou em participar do trabalho de auto-observação com o qual
iniciamos as atividades. Como o pai estava presente, eu permiti que ela participasse; ela permaneceu com o
grupo até o final do período da oficina.
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