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VILA VELHA-ES
MAIO/2020
UNIVERSIDADE VILA VELHA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
VILA VELHA-ES
MAIO/ 2020
ESTE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO FOI ELABORADO SEGUNDO AS NORMAS DA
REVISTA GENETICS AND MOLECULAR RESEARCH
DARIELE DOS SANTOS VIEIRA GONÇALVES
Banca Examinadora:
_____________________________________________________________
Cristiane dos Santos Honsho (UVV)
_____________________________________________________________
Napoleão Martins Argôlo Neto (UVV)
___________________________________________________________________________
(orientador)
ii
Dedicatória
iii
Agradecimentos
Aos meus pais, Antônio e Daniela, por todo amor, carinho e compreensão ao logo
dos anos, por terem me proporcionado a melhor educação deste o princípio,
apoiando cada sonho e acreditando no meu potencial, vocês sempre foram minhas
inspirações de pessoas.
Ao meu irmão Daniel, que apesar da diferença de idade, sempre me apoiou e teve
paciência comigo.
Aos meus filhos, Margot por todo o carinho e alegria transmitida, e ao Pretinho que
não está presente, mas que esteve comigo em todos os meus momentos de
estudos, obrigada pelo carinho e amor incondicional.
iv
GONÇALVES, Dariele dos Santos Vieira. M.Sc, Universidade Vila Velha – ES, maio
de 2021. Avaliação in vitro da proliferação, apoptose e estresse oxidativo de
células tronco mesenquimal sob diferentes concentrações de dexametasona.
Orientador: Betânia Souza Monteiro.
Resumo
v
GONÇALVES, Dariele dos Santos Vieira. M.Sc, University of Vila Velha – ES, may of
2021. In vitro effects of steroidal anti-inflammatory on mesenchymal stem cell
evaluating cell proliferation, apoptosis and oxidative stress. Advisor: Betânia
Souza Monteiro.
Abstract
vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO GERAL 1
Resumo 13
Introdução 13
Material e Métodos 15
Resultados 18
Discussão 22
Conclusão 24
Referências bibliográficas 25
ii
INTRODUÇÃO GERAL
2
permanece por tempo indeterminado e varia de acordo com os mediadores humorais
e celulares (TASAKA, 2017).
3
IFN-y, as células tronco são capazes de reduzir a proliferação das células B, pela ação
da enzima idoleamina 2,3-dioxigenase (IDO), suprimindo a resposta proliferativa de
células efetoras (NAUTA & FIBBE, 2007).
4
diferentes mecanismos para a supressão da atividade proliferativa das células NK.
(NAUTA & FIBBE, 2007).
A capacidade das células tronco de modificar a resposta imune tem sido a base
para diversos estudos clínicos e em uma variedade de condições. Os avanços obtidos
pelas pesquisas com células tronco vêm impulsionando as terapias para tratamento
de várias afecções na medicina veterinária. Cabe salientar que os modelos de
pesquisas utilizando as terapias em animais, quando bem fundamentados, podem ser
aplicados a pacientes humanos, atingindo, assim, uma importância social mais
impactante na sociedade (MONTEIRO et al., 2009; MUNIR et al., 2018).
2. ANTI-INFLAMATÓRIOS
5
aspectos da resposta orgânica às lesões, influenciando eventos celulares, vasculares
e o metabolismo de mediadores pró-inflamatórios (JÉRICO & MARCO, 2017)
A modulação dos linfócitos B pode ser direta ou indireta, mediada pelos efeitos
sobre a população de monócitos e linfócitos T (JÉRICO & MARCO, 2017).
6
das sínteses de mediadores pró-inflamatórios como as prostaglandinas, e de agentes
vasoativos ou trombogênicos (JÉRICO & MARCO, 2017).
A expressão da COX-2 pode ser inibida por glicocorticóides, IL-4, IL-10 e IL-14
(HILÁRIO, 2006). Inibem ainda a síntese de IL-1 alfa e do TNF alfa (MARCHIONNI,
2006).
7
Em doses baixas, a Dexa promove proliferação e inibe a apoptose das MSC
(WANG et al., 2012). Quando utilizadas doses terapêuticas, suprime a proliferação e
interrompe o ciclo celular das MSC na medula óssea, contribuindo para a osteoporose,
osteonecrose, além da influenciar na morte celular (CHANG et al.,2007).
8
2 REFERÊNCIAS
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BERNARDI MM. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 6 ed, Editora
Guanabara Koogan,2017, Cap 20.
11
3 OBJETIVOS
12
3. ARTIGO CIENTÍFICO
1 - Laboratório de Células Tronco e Terapia Animal (LCET), Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Vila Velha
(UVV), Vila Velha, ES, Brasil. CEP 29.102-920.
2 - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Vila Velha (UVV), ES, Brasil.
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos in vitro do anti-inflamatório esteroidal
sobre as culturas de MSC derivadas de tecido adiposo, sob diferentes concentrações de
dexametasona comercial, veterinária (0,2%) e humana (0,4%), avaliando a proliferação celular,
apoptose e estresse oxidativo. Para experimentação in vitro, e teste do efeito dos medicamentos
sobre linhagem de célula tronco, foram utilizadas placas de 24 poços nos quais foram ser
semeadas 5,0 x 104 células MSC por poço nos seus respectivos experimentos, em um volume
final de 1mL de meio DMEM suplementado e acrescentado as concentrações de 16,0 µg/mL,
31,0 µg/mL, 62,5 µg/mL, 125,0 µg/mL e 250,0 µg/mL. Constatou-se que nas concentrações
mais altas de Dexametasona veterinária houve maiores danos às células, aumentando o estresse
oxidativo e apoptose, enquanto na Dexametasona humana as taxas de proliferação, apoptose e
ROS similares ao encontrados no grupo controle. Observou-se nessa pesquisa um
comportamento divergente entre os dois produtos comerciais vinculados ao princípio
Dexametasona. A Dexametasona veterinária gerou os resultados compatíveis com as
referências técnicas publicadas em artigos, como diminuição de proliferação, aumento de
apoptose e aumento na produção de ROS, fato que, realmente, contra-indica a associação
terapêutica clínica desse fármaco com as células tronco. Todavia, os dados obtidos nos abrem
perspectivas futuras para a realização de estudos clínicos utilizando a Dexametasona humana e
terapia com células tronco, potencializando as possibilidades terapêuticas para diversas
afecções.
INTRODUÇÃO
Os avanços obtidos pelas pesquisas com células tronco, vêm impulsionando as terapias para
tratamento de várias afecções na medicina veterinária.
13
Estudos relatam a presença de 100-1000 vezes maior o número de células tronco em tecido
adiposo (ZUK et al., 2002).
Acredita-se que elas exerçam seus efeitos regenerativos por meio da diferenciação e modulação
da resposta inflamatória (CHEN et al., 2014), expressando um grande número de moléculas
bioativas, como as citocinas, proteínas de matriz celular, moléculas de adesão e receptores para
fatores de crescimento, permitindo interações com demais células (HUSS,2000). Além disso,
essas moléculas atuam na angiogênese e mitose das células envolvidas no processo de reparação
tecidual, o que as tornam de grande importância terapêutica pelo seu potencial
imunomodulatório (WAN et al., 2008).
Estudos in vitro fornecem informações sobre os efeitos das MSC na resposta inata e adaptativa
(ENGLISH et al., 2013), sendo elas capazes de interferir na resposta inata por meio de
interações com o sistema complemento, macrófagos, células dendríticas, neutrófilos e células
NK. A interferência na resposta imune adaptativa se dá por meio de interações com células T
regulatórias (ENGLISH et al., 2013; NAUTA & FIBBE, 2007).
Em diversas afecções clínicas, como por exemplo em hipoplasias ou aplasias medulares, sabe-
se que pacientes beneficiam-se do uso contínuo de anti-inflamatório esteroidal em baixas doses
e que a retirada desses medicamentos pode, às vezes, comprometer a vida do animal. Sabe-se
também que, até o momento, as referências técnico-científicas disponíveis desaconselham o
uso dessa classe farmacológica associado as células tronco, pela possibilidade da interação
inibir os efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores dessas células indiferenciadas.
Entretanto, e se houver a possibilidade de realizar a terapia com células-tronco para essas
afecções? Devemos simplesmente cessar o uso do anti-inflamatório e iniciar a infusão de
células? Podemos, inicialmente, associar os tratamentos? Até que ponto a atividade das células
14
tronco mesenquimal estariam comprometidas num organismo sob a influência da
dexametasona?
Na tentativa de obtermos algumas respostas, o presente estudo teve como objetivo avaliar os
efeitos in vitro do anti-inflamatório esteroidal sobre as culturas de MSC derivadas de tecido
adiposo, sob diferentes concentrações de dexametasona comercial (0,2% e 0,4%), avaliando a
proliferação celular, apoptose e estresse oxidativo.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a etapa de tripsinização era realizada a lavagem das garrafas com PBS, sendo descartado
em seguida e tripsina a 0,25% era adicionada, incubando os frascos em estufa de CO2 (5 %), à
37ºC, por cerca de 5 minutos, até que haja desprendimento total das células. Para cessar os
efeitos da tripsina, foi adicionado meio DMEM aos frascos, e as suspensões foram transferidas
para tubos tipo Falcon de 15 mL e centrifugadas centrifugado durante 10 minutos a 2000rpm.
Os sobrenadantes foram retirados e descartados, e as células ressuspensas em meio DMEM
suplementado.
A contagem de células foi feita utilizando câmera de Neubauer, em uma diluição à 1:2 de Azul
de Tripan. Células de terceira passagem foram utilizadas para diferentes etapas de
15
caracterização, como citometria de fluxo e diferenciação osteogênica in vitro e/ou utilizadas
para a terapia celular.
As células utilizadas para cada ensaio de comparação independente durante o projeto foram
derivadas do mesmo doador, a fim de reduzir as variações experimentais.
Fármacos Anti-inflamatórios:
de Dexa 2) e de uso humano (Fosfato dissódico de dexametasona 0,4%; chamada de Dexa 4).
Nos poços foram utilizadas as concentrações de 16,0 µg/mL, 31,0 µg/mL, 62,5 µg/mL, 125,0
µg/mL e 250,0 µg/mL, sendo completado com meio para cultivo DMEM (Dulbecco’s Modified
Eagle’s Medium – meio de cultura acrescido de antibiótico, antifúngico e soro fetal bovino)
completo.
Para o teste do efeito dos medicamentos sobre linhagem de célula tronco foram utilizadas placas
de 24 poços (Kasvi Inc., EUA), onde foram ser semeadas 5,0 x 104 células por poço nos seus
respectivos experimentos, em um volume final de 1mL de meio DMEM suplementado.
Estas células foram incubadas em estufa de CO2 (5%) umedecida, 37 ºC, por 24 h, antes da
adição das amostras de medicamentos. Estas semeaduras de células foram feitas em triplicata.
Passadas as primeiras 24 h, foram adicionadas as diferentes concentrações dos medicamentos
(dexametasona 0,2% e 0,4%), para que as culturas sejam incubadas nas concentrações finais de
16,0 µg/mL, 31,0 µg/mL, 62,5 µg/mL, 125,0 µg/mL e 250,0 µg/mL e por 24 h. Como controles
negativo e positivo de morte celular, foram adicionados a alguns poços somente o meio de
cultura (controle negativo) ou 20% de água Milli-Q estéril (controle positivo).
16
por tripsinização, centrifugadas (5 minutos a 390g) e ressuspensas em PBS, para avaliação por
citometria de fluxo, em citômetro NovoCyte 3000 (ACEA Biosciences Inc. EUA).
As células foram retiradas dos poços pela incubação com tripsina, conforme protocolo de
tripsinização. Após a centrifugação, deve ser adicionado 100 µL de Tampão de Anexina (Hepes
10 mM, NaCl 150 mM, KCl 5 mM, MgCl2.6H20 1 mM, CaCl2.2H20 2 mM, água Milli-Q) em
cada amostra de células. Em seguida, em cada amostra foi adicionado 1 µL de Anexina-V (BD
Biosciences Inc., EUA), seguido de incubação por 10 minutos, temperatura ambiente, ao abrigo
da luz. Passado a incubação, adicionou-se 5 µL de 7-AAD (BD Biosciences Inc., EUA), na
diluição de 1:45, incubado por 10 minutos, em temperatura ambiente, ao abrigo da luz. As
amostras foram centrifugadas por 5 minutos, 390 G, retirando os sobrenadantes, e
ressuspendidas em 200 µL de Tampão de Anexina. As análises foram avaliadas por citometria
de fluxo, em citômetro NovoCyte 3000 (ACEA Biosciences Inc. EUA).
Análise de dados:
Para testar a relação entre a proporção de células em apoptose, proliferação e espécies reativas
de oxigênio (ROS) e a concentração de dexametasona in vitro utilizamos o modelo de regressão
linear. Analisamos as curvas de regressão linear considerando o efeito da exposição de dois
tipos de dexametasona. Testamos as diferenças entre os slopes (coeficientes angulares) dos
17
modelos de regressão linear para os diferentes tipos de dexametasona por meio de testes F. Foi
adotado um nível de significância de 5% (p ≤ 0,05). As análises estatísticas foram processadas
com a utilização do programa GraphPad Prism 7.00 (GraphPad Software, 2017).
RESULTADOS
Gráfico representativo das quantidades médias de células tronco mesenquimal após exposição
a diferentes concentrações de dexametasona, avaliadas por meio de citometria de fluxo (Figura
1A).
De acordo com os resultados apresentados nas amostras tratadas com Dexa 2 (círculos e linhas
azuis) e Dexa 4 (triângulos e linhas vermelhas) (Figura 1B), os efeitos lesivos da dexametasona
são dependentes da concentração do medicamento presente em cada poço e da concentração
comercial do do fármaco.
Observou-se que nos poços contendo Dexa 4 (Figura 1B), independente da concentração
utilizada, a proliferação celular observada foi similar à obtida no grupo controle. Avaliando-se
os resultados referentes à Dexa 2 (Figura 1B), observou-se que a proliferação das MSC
diminuiu nas concentrações acima de 64 µg/mL, mas tal diminuição não refletiu em dados
estatisticamente relevantes (p <0,177).
18
A Dexa concentration (µg/ml)
PBS
Counts
DEXA 4 mg/ml
CFSE
Figura 1. Representação gráfica da taxa de proliferação apresentado pelas MSC quando expostas ao reagente
CellTrace CFSE Cell Proliferation em diferentes concentrações de dexametasona. (A) Avaliação da citometria
após exposição com diferentes concentrações de dexametasona. (B) Gráfico representativo da análise estatística.
A avaliação do gráfico obtido e representado pela Figura 2A, nos permite dupla informação,
tanto em relação a taxa de apoptose apresentada pelas células, exibidas no quadrante Q2-3,
quanto da taxa de necrose celular exibida no quadrante Q2-2.
Baseando-se nas informações fornecidas pelo quadrante Q2-2, notou-se que a Dexa 2 acarretou
maior taxa de necrose às MSC independentemente de sua concentração, quando comparada a
Dexa 4. Não apresentando uma diferença estatística entre as dexametasonas (p<0,084) e o grupo
controle.
Em relação à apoptose, de acordo com os resultados, as amostras tratadas com Dexa 2 (círculos
e linhas azuis) e Dexa 4 (triângulos e linhas vermelhas) (Figura 2B), observou-se que os efeitos
19
lesivos da dexametasona demonstraram ser dependentes da concentração utilizada nos poços e
da concentração dos fármacos.
Nos poços de MSC com Dexa 4 (Figura 2B), as concentrações não foram capazes de aumentar
a taxa de apoptose, comparando-se ao grupo controle. Observando os poços de Dexa 2 (Figura
2B), verificou-se maiores taxas de apoptose em concentrações superiores a 125µg/mL. Dessa
forma, há diferença entre as dexametasonas, quando comparadas as quantidades de células em
apoptose, ou seja, estatisticamente, as concentrações de 125 µg/mL e de 250 µg/mL de Dexa 2
acarretaram maior taxa de apoptose, tanto comparando-se ao grupo controle quanto
comparando-se ao grupo Dexa 4 (p <0,001).
PBS
7-AAD
DEXA 4 mg/ml
Annexin-V
Figura 2. Representação gráfica da taxa de apoptose apresentado pelas MSC quando expostas a anexina-V e
7-AAD em diferentes concentrações de dexametasona. (A) Avaliação da citometria após exposição com
diferentes concentrações de dexametasona. (B) Gráfico representativo da análise estatística.
20
Efeito in vitro das amostras de dexametasona no estresse oxidativo das MSC
De acordo com os resultados apresentados, nas amostras tratadas com Dexa 2 (círculos e linhas
azuis) e Dexa 4 (triângulos e linhas vermelhas) (Figura 3B), os efeitos lesivos da dexametasona
são dependentes da concentração de medicamento nos poços e da concentração dos fármacos.
Nos poços com Dexa 4 (Figura 3, B) todos as concentrações foram capazes de manter o estresse
oxidativo próximo ao grupo controle, chegando a diminuir em concentrações mais altas como
125ug/mL. Nos poços contendo Dexa 2 (Figura 3, B), observou-se que o estresse oxidativo
apresentado pelas MSC aumentou em concentrações acima de 125 µg/mL, inclusive exibindo
diferença estatística comparando-se ao grupo controle e Dexa 4 (p >0,001).
PBS
Counts
DEXA 4 mg/ml
H2DCFDA
Figura 3. Representação gráfica da taxa de estresse oxidativo sofrido pelas MSC quando expostas ao diacetato
2’7’-dicloro-dihidro-fluoresceina (H2DCFDA) em diferentes concentrações de dexametasona. (A) Avaliação
da citometria após exposição com diferentes concentrações de dexametasona. (B) Gráfico representativo da
análise estatística.
21
Para facilitar a comparação e a discussão dos resultados obtidos na presente pesquisa com
outros trabalhos consultados, foi realizada a conversão da unidade µg/mL, das concentrações
de dexametasona (Dexa 2 e Dexa 4) utilizadas nos poços de cultivo, para mol/L, por meio de
cálculos estequiométricos. Os valores convertidos estão apresentados na tabela abaixo (tabela
1):
Tabela 1. Tabela apresentado os valores da concentração de dexametasona (Dexa 2 e Dexa 4) presente nos
poços de cultivo celular, após a conversão das unidades de µg/mL para mol/L
DISCUSSÃO
Existem muitos estudos comprovando os benefícios da terapia celular com células tronco em
doenças inflamatórias, todavia, sabe-se que há afecções em que torna-se necessário o uso
prolongado de fármacos anti-inflamatórios associados, e que, até o momento, não se
recomendaria a utilização de MSC em conjunto com essas medicações anti-inflamatórias, pois
a associação simultânea poderia acarretar em inibição dos efeitos moduladores inflamatórios
realizados pelas células indiferenciadas (CHEN et al., 2014). Apesar da não recomendação
destas terapias associadas, Wang et al. (2018) demonstraram que a dexa não afetou
significantemente a função imunomodulatora iPSC-MSC, apoiando a ideia de uso em conjunto
e a realização desse presente projeto.
Para o presente estudo, antes de iniciarmos os testes in vitro da associação Dexa e MSC, testes
pilotos foram realizados para determinar a quantidade de células seria plaqueada dentro de cada
poço, determinando a concentração ideal de 5,0x104 células como aquela de maior
homogeneidade, melhor confluência celular, além de uma maior taxa de sobrevivência das
células após 48h de cultivo. Tal preocupação baseou-se em conhecimentos sobre a biologia e
comportamento desse grupo celular, considerando que altas concentrações de células em
cultivo acarretando grande número de células por cm são capazes de gerar inibição celular por
2
contato e aumentar as taxas de apoptose celular (Song et al., 2009), fato que poderia gerar um
viés nos dados obtidos.
Há várias formas de morte celular, as quais podem ser induzidas por estímulos e condições
fisiológicas. A apoptose, conhecida como morte celular programada, é um processo fisiológico
e rotineiro em um organismo multicelular, pelo qual mantém-se a homeostase e o ciclo celular
funcionando corretamente e, quando ocorre, não provoca resposta inflamatória. A mesma pode
ser desencadeada pela resposta biológica e morte induzida externamente, como, por exemplo,
por produtos químicos e radiação (XU et al., 2019). Em nosso estudo, utilizamos marcação
conjunta com os reagentes Anexina-V e 7-aminoactinomicina D (7-AAD) para a identificação
de células em início e em fase terminal de apoptose. Apenas 48 horas foram necessárias para
avaliar a apoptose dessas células com meios suplementados com dexametasonas comerciais
(0,2% e 0,4%), em diferentes concentrações nos poços. Observou-se que não houve diferença
22
entre o grupo controle e a Dexa 4 nas concentrações utilizadas nos poços; no entanto, no grupo
em que foi utilizada a Dexa 2, mesmo com concentrações mais baixas houve aumento da
apoptose comparado ao grupo controle.
As espécies reativas de oxigênio (ROS) são como moléculas de sinalização celular para os
processos biológicos (AUTEN et al., 2009) e desempenham papel duplo como espécie deletéria
e benéfica, dependendo de sua concentração nas MSC (YANG et al., 2015). Devido à potente
capacidade de interagir com moléculas implicadas na citotoxicidade e danos mutagênicos, o
excesso de ROS é considerado prejudicial e por isso sua avaliação apresenta relevância na
pesquisa.
23
Quando associada as células MSC à dexametasona, há o aumento de suscetibilidade ao estresse
oxidativo, sugere-se então que haja modulação a expressão de genes mitocondriais, resultando
em mudanças na função da cadeia respiratória das mitocôndrias (MUTSAERS & TOFIGHI,
2012). No presente estudo, todas as concentrações dos poços com Dexa 4 mantiveram o estresse
oxidativo próximo ao grupo controle, chegando a diminuir em concentrações mais altas;
diferentemente da Dexa 2, que levou ao aumento de ROS em altas concentrações, podendo
resultar no prejuízo das funções nas MSC e levaria à perda da capacidade de diferenciação e
danos ao DNA como descrito por Atashi et al., (2015). Entretanto, o baixo nível de ROS
mantém a proliferação celular, a capacidade de auto-renovação, regulação da diferenciação e
serve como molécula de sinalização intracelular das MSC (YANG et al., 2015).
Em estudo realizado por Wang et al. (2012), demonstrou-se que a dexametasona prejudica a
atividade imunossupressora das MSC, diminuindo a expressão de IFN-y, TNF-a e PGE2;
inibindo a proliferação das células T, de forma dose-dependente, bloqueando da fosforilação de
STAT1 nas MSC, a qual é ativada por citocinas inflamatórias, e diminuindo a expressão de
iNOS e IDO, mas não das quimiocinas, ainda sendo capaz de recrutar células responsáveis pelo
processo inflamatório (CHEN et al., 2014). Quando associada a micropartículas intracelulares,
produz resultados semelhantes à ação da budesonida em relação à expressão da IDO, um
mediador primário imunomodulador das MSC. A associação de glicocorticóides, seja
budesonida ou dexametasona, em um quadro em que há sinalização inflamatória, potencializou
a níveis máximos a expressão de tal enzima (ANKRUM et al., 2014).
CONCLUSÃO
Constatou-se que nas concentrações mais altas de Dexametasona veterinária houve maiores
danos às células, aumentando o estresse oxidativo e apoptose, enquanto na Dexametasona
humana as taxas de proliferação, apoptose e ROS similares ao encontrados no grupo controle.
Observou-se nessa pesquisa um comportamento divergente entre os dois produtos comerciais
vinculados ao princípio Dexametasona. A Dexametasona veterinária gerou os resultados
compatíveis com as referências técnicas publicadas em artigos, como diminuição de
proliferação, aumento de apoptose e aumento na produção de ROS, fato que, realmente, contra-
indica a associação terapêutica clínica desse fármaco com as células tronco. Todavia, os dados
obtidos nos abrem perspectivas futuras para a realização de estudos clínicos utilizando a
Dexametasona humana e terapia com células tronco, potencializando as possibilidades
terapêuticas para diversas afecções.
24
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