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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS


CAMPUS DE ARARAQUARA

ENGENHARIA DE BIOPROCESSOS E BIOTECNOLOGIA

LABORATÓRIO DE FÍSICA II
Prática 3: Pêndulo

Profª Jéssica Batista

Aline Reis
André Luis R. Alves
Anna Julia G. Macedo
Enzo Corvello
Larissa A. de Toledo Sousa

ARARAQUARA
2019
Resumo
O experimento realizado visa a análise do comportamento de um pêndulo
simples e físico, tal como sua relação com o tempo de oscilações e determinação da
aceleração da gravidade local. No pêndulo simples, foi necessário fazer tais
determinações utilizando um suporte, colocando o corpo de prova em diferentes
valores de ângulos e distâncias. No caso do pêndulo físico, a barra de acrílico
utilizada também foi colocada em diferentes ângulos. Deste modo, foi aferido,
também, o momento de inércia da barra quando esta se encontra girando fora de
seu centro de massa.

1. Introdução
O ​movimento harmônico simples (MHS) é o movimento oscilatório ocorrido
quando a ​aceleração e a força resultante são proporcionais e opostas ao
deslocamento ou seja há a inversão do movimento periodicamente. Esse
movimento pode ser observado no dia a dia como por exemplo em colchões,
gangorras, balanços, pêndulos e molas (WALKER,2011).
Qualquer corpo suspenso por um eixo que seja capaz de oscilar é chamado
de pêndulo, dentre os pêndulos temos o simples que consiste numa massa
puntiforme presa a um fio inextensível que oscila em torno de um ponto fixo e o
pêndulo físico que também pode ser chamado de pêndulo real, pois não tem uma
distribuição uniforme de massa logo consiste em um objeto que oscila em torno de
um eixo de rotação perpendicular ao plano em que se movimenta. (WALKER,2011).
Para pequenos ângulos, o movimento de um pêndulo é considerado um MHS
(movimento harmônico simples) cujo período é dado por:


L
T = 2π g

Onde: L é o comprimento do fio e g é a aceleração da gravidade.


Com eles podemos entender grandezas fundamentais da física e visualizar
os movimentos periódicos e a conservação de energia. Os fenômenos periódicos
são utilizados desde a antiguidade para a medição do tempo, um exemplo disso são
os “relógios de pêndulo”, que são utilizados até os dias de hoje.
2. Objetivos
Determinação do Momento de Inércia de uma barra que gira fora do seu
centro de massa, e estabelecimento da aceleração da gravidade local no caso de
pêndulo simples.

3. Materiais e Métodos
3.1 Metodologia
O movimento de pêndulo simples é um movimento periódico e ocorre devido
a ação da força peso e da tração. Como o corpo no pêndulo simples pode ser
considerado uma partícula temos o seguinte esquema de forças, constituído por
Tração (T), Força gravitacional (F​g​) e queremos determinar qual é a gravidade em
função do período(T’) :
F ry = 0 , Logo temos que :
T = F gy = mgcosϴ ,constantes temos que
F gx = F rx
mgsenϴ = ma
a = g senϴ , para ângulos pequenos podemos assumir que senϴ ϴ
a = g ϴ multiplicando por (L÷L)
d2s/dt2 = (gϴL)/L , como ϴL=x, temos
d2x/dt2 = ⍵x
⍵ = √g÷L
⍵ = 2π÷T ’ , então o período é :
T ′ = 2π√L ÷ g
Com essa equação, faz-se a regressão linear T(l)=l 4π​2​÷g
Pêndulo físico
Para o pêndulo físico é necessário considerar sua forma geométrica, bem como a
distância entre o eixo e o centro de massa do pêndulo. Para o equacionamento
devemos considerar os ângulos pequenos o suficiente para a aproximação senϴ ϴ,
então obtemos as seguintes equações:
τ = dxF
τ = I d2ϴ/dt2 = mgHsen(ϴ)
Sendo I = M (a2 + b2 ) ÷ 12
d2ϴ/dt2 = mgHϴ , logo, temos:
d2ϴ/dt2 = (mgHϴ)÷I, , desse modo obtemos
T ′ = 2π√I ÷ (mgH)
Para tornar o processo de plotagem linear elevados os dois lados ao quadrado e
obtemos
T ′2 (1 ÷ h) = [4π2 I ÷ (mg)] × (1 ÷ h) , correspondendo a fórmula y=ax, .
Materiais e métodos

Para realização da parte experimental do pêndulo simples foi necessário o


uso de um fio, régua, transferidor para medição dos ângulos, suporte para fio, corpo
pequeno o suficiente para ser tratado como pontual, multicronômetro e sensor
fotoelétrico. A execução do experimento ocorreu da seguinte forma : inicialmente, o
corpo preso ao fio de comprimento de 15cm e posto no ângulo de 5​o​,medido no
transferidor.
O transferidor foi colocado entre o fio e o suporte verificando o período
medindo vinte oscilações e repetindo-as 5 vezes na angulação para aferição do
período. Ao término dos 5 testes foi alterado o ângulo para 10​o e 20​o repetindo o
mesmo procedimento.Após as variações dos ângulos foi alterado o comprimento do
fio de 15 cm para 25 cm, 35 cm, 45 cm e 50 cm refazendo os procedimentos para
os ângulos de 5​o​, 15​o e 20​o e analisando os efeitos do aumento do comprimento do
fio no período.
Para o pêndulo físico mediu-se a distância entre dois pontos do corpo
extenso em relação ao centro de massa sendo as distâncias de 8,5 cm e 24,5 cm.
Verificou-se, também, a massa do corpo, m=82,22 g e com isso analisou-se os
momentos de inércias em cada ponto, sendo o ponto inicial o mais distante do
centro de massa.
Realizou-se então a medição do período com o multicronômetro e o sensor
fotoelétrico. Para a medição foi usado a mesma metodologia para o corpo pontual,
variando os ângulo nos valores de 5​o​, 10​o​, 20​o e, então, trocou-se o ponto onde o
eixo estava e repetiu-se os procedimentos de determinação do período.

4. Resultados e Discussão

4.1 - Pêndulo Simples


As tabelas abaixo apresentam as medidas obtidas na sequência de
experimentos :

Tabela 1 - Pêndulo Simples com L = 15cm

Comprimento L=15 (cm)

Ângulo (graus) 5º 10º 20º

Período T1 (s) 0,7515 0,7562 0,7666


Período T2 (s) 0,7574 0,7610 0,7659

Período T3 (s) 0,7560 0,7608 0,7655

T1​2​ (s​2​) 0,5648 0,5718 0,5877

T2​2​ (s​2​) 0,5737 0,5791 0,5866

T3​2​ (s​2​) 0,5715 0,5788 0,5860

Média de T​2​ (s​2​) 0,57 0,5766 0,5868

Tabela 2 - Pêndulo Simples com L = 25cm

Comprimento L=25 (cm)

Ângulo (graus) 5º 10º 20º

Período T1 (s) 0,9925 0,9957 0,9987

Período T2 (s) 0,9928 0,9970 0,9981

Período T3 (s) 0,9928 0,9977 0,9975

T1​2​ (s​2​) 0,9851 0,9914 0,9974

T2​2​ (s​2​) 0,9857 0,9940 0,9962

T3​2​ (s​2​) 0,9857 0,9954 0,9950

Média de T​2​ (s​2​) 0,9855 0,9936 0,9962

Tabela 3 - Pêndulo Simples com L = 35cm

Comprimento L=35 (cm)

Ângulo (graus) 5º 10º 20º

Período T1 (s) 1,1761 1,1759 1,1777

Período T2 (s) 1,1737 1,1752 1,1782

Período T3 (s) 1,1745 1,1757 1,1768

T1​2​ (s​2​) 1,3832 1,3827 1,3870

T2​2​ (s​2​) 1,3776 1,3811 1,3882


T3​2​ (s​2​) 1,3795 1,3823 1,3849

Média de T​2​ (s​2​) 1,3801 1,382 1,3867

Tabela 4 - Pêndulo Simples com L = 45 cm

Comprimento L=45 (cm)

Ângulo (graus) 5º 10º 20º

Período T1 (s) 1,3335 1,3340 1,3378

Período T2 (s) 1,3335 1,3342 1,3373

Período T3 (s) 1,3339 1,3348 1,3365

T1​2​ (s​2​) 1,7782 1,7796 1,7897

T2​2​ (s​2​) 1,7782 1,7801 1,7884

T3​2​ (s​2​) 1,7793 1,7817 1,7862

Média de T​2​ (s​2​) 1,7786 1,7804 1,7881

Tabela 5 - Pêndulo Simples com L = 50 cm

Comprimento L=50 (cm)

Ângulo (graus) 5º 10º 20º

Período T1 (s) 1,4082 1,4126 1,4154

Período T2 (s) 1,4077 1,4121 1,4142

Período T3 (s) 1,4095 1,4119 1,4146

T1​2​ (s​2​) 1,9830 1,9954 2,0034

T2​2​ (s​2​) 1,9816 1,9940 2,0000

T3​2​ (s​2​) 1,9867 1,9935 2,0011

Média de T​2​ (s​2​) 1,9838 1,9943 2,0015


Plotando os gráficos da média dos períodos ao quadrado (s​2​) pelo
comprimento do fio (m) para cada ângulo para determinar os valores de g
2
2 (2Π) L
(gravidade) pelo MMQ e utilizando a linearização: T = g
→ y = ax + b

Logo:
(2Π) 2
g= 3,9503
→ g = 9, 994 m/s 2
Como o valor de g na literatura é de, aproximadamente, 9,807 m/s​2​, podemos
calcular o erro relativo entre os valores teórico e experimental:
|9,994−9,807|
9,994
· 100 = 1, 87%
Assim:
(2Π) 2
g= 3,965
→ g = 9, 957 m/s 2

E o erro relativo é:
|9,957−9,807|
9,957
· 100 = 1, 51%

Portanto:
(2Π) 2
g= 3,9815
→ g = 9, 915 m/s 2

E o erro relativo é:
|9,915−9,807|
9,915
· 100 = 1, 09%

4.2 - Pêndulo Físico


A barra utilizada possui massa m de 82,220 g e dimensões de 0,04 m de
largura e 0,54 m de comprimento. Segue as tabelas com os valores adquiridos:

Tabela 6 - Pêndulo Físico com Comprimento do Eixo de Rotação até o Centro de


Massa h=24,50 cm

Comprimento h=24,50 (cm)

Ângulo (graus) 5º 10º 20º

Período T1 (s) 1,150 1,152 1,154

Período T2 (s) 1,150 1,152 1,154

Período T3 (s) 1,151 1,152 1,153

T1​2​ (s​2​) 1,322 1,327 2,372

T2​2​ (s​2​) 2,280 1,327 2,372

T3​2​ (s​2​) 2,283 1,327 2,341

Média de T​2​ (s​2​) 1,323 1,327 1,331

Tabela 7 - Pêndulo Físico com Comprimento do Eixo de Rotação até o Centro de


Massa h=8,50 cm

Comprimento h=8,50 (cm)

Ângulo (graus) 5º 10º 20º

Período T1 (s) 1,153 1,155 1,158


Período T2 (s) 1,151 1,156 1,160

Período T3 (s) 1,153 1,156 1,160

T1​2​ (s​2​) 1,329 1,334 1,341

T2​2​ (s​2​) 1,325 1,336 1,346

T3​2​ (s​2​) 1,329 1,336 1,346

Média de T​2​ (s​2​) 1,328 1,336 1,344

Calculando o valor do momento de inércia teórico da barra utilizando a


fórmula:
I= m
12
(a 2 + b 2) + m × h 2

Para h=24,50 cm, o momento de inércia teórico é:


0,08222
I= 12
(0, 04 2 + 0, 54 2 ) + 0, 08222 × 0, 245 2 → I = 0, 006944 kg × m 2

Para h=8,50 cm, o momento de inércia teórico é:


0,08222
I= 12
(0, 04 2 + 0, 54 2 ) + 0, 08222 × 0, 085 2 → I = 0, 002603 kg × m 2

Para calcular o valor do momento de inércia experimental da barra utilizando


a média dos períodos e o valor teórico de g=9,8 m/s​2​, foi utilizada a fórmula:
2 (2Π) 2
T = mgh
I

Para h=24,50 cm e ângulo de 5°:


0,08222×9,8×0,245×(1,3233) 2
I= (2Π) 2
→ I = 0, 008756 kg × m 2
|0,008756−0,006944|
Er= 0,008756
× 100% = 20, 69%

Para h=24,50 cm e ângulo de 10°:


0,08222×9,8×0,245×(1,3271) 2
I= (2Π) 2
→ I = 0, 008806 kg × m 2
|0,008806−0,006944|
Er= 0,008806
× 100% = 21, 14%
Para h=24,50 cm e ângulo de 20°:
0,08222×9,8×0,245×(1,3309) 2
I= (2Π) 2
→ I = 0, 008857 kg × m 2
|0,008857−0,006944|
Er= 0,008857
× 100% = 21, 60%

Para h=8,50 cm e ângulo de 5°:


0,08222×9,8×0,085×(1,3279) 2
I= (2Π) 2
→ I = 0, 003059 kg × m 2
|0,003059−0,002603|
Er= 0,003059
× 100% = 14, 91%

Para h=8,50 cm e ângulo de 10°:


0,08222×9,8×0,085×(1,3356) 2
I= (2Π) 2
→ I = 0, 003095 kg × m 2
|0,003095−0,002603|
Er= 0,003095
× 100% = 15, 90%

Para h=8,50 cm e ângulo de 20°:


0,08222×9,8×0,085×(1,3441) 2
I= (2Π) 2
→ I = 0, 003142 kg × m 2
|0,003142−0,002603|
Er= 0,003142
× 100% = 17, 15%

5. Conclusão
Após a realização do experimento, foi possível obter, em relação a cada
ângulo, um gráfico que relacionasse o período (T²) com os cinco comprimentos em
que a atividade foi feita. Além disso, ao analisar os dados da tabela, é aceitável
aferir que o período de oscilação varia de acordo com o comprimento do fio, e não
com o ângulo em questão, relação essa que já é passada pela fórmula utilizada
para os cálculos, em que não há menção alguma sobre o ângulo em que o
movimento é iniciado. Agora, abordando a obtenção da aceleração da gravidade
através dos dados práticos, para todos eles, foi possível ver como a fórmula,
realmente, traz bons resultados, pois com bons dados e o menor erro possível, é
capaz de se atingir uma aceleração próxima do valor encontrado na literatura,
porém, dificilmente, ao exato, já que é inevitável a existência de erros
experimentais. Para os três ângulos, a aceleração obtida foi algo em torno de 9,9
m/s², ocasionando um erro em torno de 1% para cada medida. Em relação a
segunda parte do experimento, que envolvia o pêndulo físico, foi feita uma
aproximação em que o seno do ângulo seria, aproximadamente, o próprio ângulo,
isso para pequenas variações. Essa aproximação se demonstrou válida
experimentalmente pois, como pode ser visto nas tabelas que relacionam o período
de oscilação com os ângulos, independente de qual seja a distância para o centro
de massa, os períodos são semelhantes e o momento de inércia experimental
acaba tendo valores próximos. É importante ressaltar que os cálculos baseados em
dados experimentais possuem uma certa discrepância em relação ao esperado
teoricamente, isso pode ocorrer por diversas fontes de erros distintas, tais como na
medida dos dados da barra; na contagem do tempo para ocorrência de 10 períodos;
por conta da perda de energia devido ao atrito que a barra sofre por estar em
contato com um suporte na qual ela executa o movimento, entre outros, gerando um
erro de até 20% em relação ao calculado.

6. Referências

YOUNG e FREEDMAN.​ Física II: Termodinâmica e ondas​, 12ed. São Paulo: 2008.

WALKER, J. ​Principles of physics​, 9 ed. Hoboken: Wiley 2011

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