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Introdução
Desde as células mais simples até as que fazem parte de tecidos e órgãos
de animais superiores, todas realizam reações químicas no seu interior
que possibilitam o cumprimento de suas tarefas vitais. Nesses processos,
existem algumas moléculas que são fundamentais, como substratos
específicos, enzimas que favorecem as reações, ATP e os produtos finais.
Neste capítulo, você vai compreender o significado de metabolismo,
diferenciando anabolismo de catabolismo. Além disso, vai identificar os
substratos e processos utilizados pelos microrganismos e vai aprender
sobre as reações metabólicas mais importantes.
é positivo, gerando mais energia do que a que é utilizada, dizemos que são
reações exergônicas (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
Por outro lado, as reações que necessitam de energia para a síntese de
compostos orgânicos complexos partindo de partículas simples são conhecidas
como anabólicas (biosintéticas). Esses processos utilizam mais energia do
que geram e, por isso, são chamados de endergônicos. A formação de DNA
ou RNA a partir de nucleotídeos e de proteínas partindo de aminoácidos são
alguns exemplos de reações endergônicas (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
Existe um acoplamento entre as reações catabólicas que disponibilizam as
moléculas simples, as reações anabólicas que sintetizam macromoléculas, e a
energia que é fundamental para levar a cabo esses processos metabólicos. A
moeda energética comum é o ATP (trifosfato de adenosina), constituído por
três fosfatos, uma adenina e uma ribose. A quebra da molécula do ATP pela
remoção de um grupo fosfato gera difosfato de adenosina (ADP), um grupo
fosfato e energia. Essa energia do anabolismo é aproveitada para sintetizar
novamente ATP (a partir de ADP e fosfato) em uma reação catabólica (Figura
1) (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
Organela Função
(Continua)
4 Metabolismo e crescimento microbiano
(Continua)
Organela Função
Fotoautotróficos
Este tipo de organismo tem como principal fonte de energia a luz e, como fonte
de carbono, utiliza dióxido de carbono. Dentro deste grupo, temos plantas
verdes, algas e bactérias fotossintéticas (cianobactérias, bactérias verdes e
púrpuras). Na fotossíntese, o dióxido de carbono é reduzido a partir do hidro-
gênio da água, liberando oxigênio gasoso (processo oxigênico). As bactérias
verdes e púrpuras se desenvolvem em um ambiente anaeróbico, não conseguem
utilizar água para reduzir dióxido de carbono e não produzem O2 (processo
anoxigênico) (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
Metabolismo e crescimento microbiano 5
Foto-heterotróficos
Os organismos foto-heterotróficos possuem como fonte de energia a luz e,
como fonte de carbono, empregam compostos orgânicos (carboidratos, álcoois,
ácidos graxos e outros ácidos orgânicos). Exemplos deste tipo de organismos
são as bactérias púrpuras não sulfurosas (Rhodopseudomonas) e as bactérias
verdes não sulfurosas (Chloroflexus) (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
Quimioautotróficos
A fonte de energia dos quimioautotróficos são elétrons de compostos inorgâ-
nicos, e a fonte de carbono é o dióxido de carbono. Alguns organismos dentro
deste grupo utilizam como fonte de energia enxofre elementar (Acidithio-
bacillus thiooxidans), gás hidrogênio (Cupriavidus), monóxido de carbono
(Pseudomonas carboxydohydrogena) e sulfeto de hidrogênio (Beggiatoa)
(TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
Quimio-heterotróficos
Os quimio-heterotróficos utilizam como fonte de energia os elétrons dos
átomos do hidrogênio de moléculas orgânicas. Se os compostos orgâni-
cos vêm de matéria orgânica morta ou de algum hospedeiro vivo, são
6 Metabolismo e crescimento microbiano
Catabolismo de carboidratos
A principal forma de obter energia da maioria dos microorganismos é por
meio do catabolismo de carboidratos. Dentro deles, a glicose é a molécula
mais utilizada, sendo, portanto, fundamental para o metabolismo microbiano
(TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
As células utilizam dois mecanismos básicos para gerar energia: a fermentação
e a respiração celular. Ambos os processos possuem uma primeira etapa comum,
a glicólise (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017). A fermentação é um processo
catabólico anaeróbio no qual um composto orgânico atua tanto como doador quanto
como aceptor de elétrons. Já a respiração corresponde a um catabolismo aeróbio ou
anaeróbio em que é oxidado um doador de elétrons utilizando O2 ou um substituto,
como o aceptor final de elétrons. Os dois processos, respiração e fermentação, são
caminhos metabólicos alternativos. Se as condições ambientais são de elevado
O2, ocorrerá respiração. É importante lembrar que esse processo produz maior
quantidade de energia na forma de ATP. Em caso contrário, a fermentação será o
processo que forneça energia ao microrganismo (MADIGAN et al., 2016).
Glicólise
A glicólise (também chamada via de Embden-Meyerhoff) é um processo
catabólico utilizado pela maioria dos microrganismos (Figura 4). Nessa etapa,
a molécula de glicose formada por seis carbonos é quebrada em dois açúcares
de três carbonos. Durante a oxidação desses açúcares, é liberada energia e são
formadas duas moléculas de ácido pirúvico, o NAD+ é reduzido a NADH, e
são gerados dois ATP (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
8 Metabolismo e crescimento microbiano
Respiração
A respiração é um processo de oxidação em que, se o aceptor final de elétrons
for uma molécula de O2 ou outra diferente, pode ser classificado em respiração
aeróbia e em respiração anaeróbia respectivamente (MADIGAN et al., 2016).
Na respiração aeróbia, um processo fundamental é o ciclo de Krebs (ou
ciclo do ácido cítrico) (Figura 5). Em uma etapa inicial, a molécula de ácido
pirúvico produto da glicose perde uma molécula de CO2 em um processo
de descarboxilação. O composto resultante de dois carbonos (grupo acetil)
liga-se à coenzima A, formando a primeira molécula a ingressar no ciclo de
Krebs, a acetil coenzima A (acetil-CoA). A primeira reação do ciclo envolve
a transferência do grupo acetil da acetil-CoA para o ácido oxalacético,
formando uma molécula de seis carbonos (ácido cítrico). Seguidamente,
acontece uma série de oxidações e descarboxilações, gerando CO2 e NADH
respectivamente, assim como uma molécula de succinil-CoA. Por meio da
fosforilação em nível de substrato, é gerado ATP e o grupo CoA é descar-
tado, gerando ácido succínico. Em uma série de oxidações, são formados
dois produtos intermediários, o ácido fumárico e o ácido málico, liberando
FADH2 e NADH antes da formação do ácido oxalacético, que vai iniciar
novamente o ciclo (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
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Fermentação
O ácido pirúvico gerado durante a glicólise pode ser utilizado na respiração ou
seguir o caminho da fermentação, em que NADP+ e NAD+ são regenerados e
um produto orgânico final é formado (Figura 6). A fermentação é um processo
que não necessita oxigênio, gera energia partindo de moléculas orgânicas
(como açúcares, aminoácidos, pirimidinas e purinas), produz pouco ATP
(gerado durante a glicólise) e usa uma molécula orgânica como aceptor final
de elétrons (TORTORA; FUNKE; CASE, 2017).
MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
VOET, D.; VOET, J. G. Bioquímica. 4. ed. Porto Alegre: Armed, 2013.