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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE


DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

LUAN FREITAS CHINAZZO - 11764664


LUCAS MUNIZ GODOY BUENO - 11765324
LUCAS SHUITI SEKI MAEDA - 11764813
LUÍS ZUCCHI DE SOUZA - 5316978
NICOLAS SCHNEIDER - 11765432

INSTITUIÇÕES DE DIREITO
EMPRESAS E DIREITOS HUMANOS: UM DIÁLOGO POSSÍVEL?

São Paulo
2021
1. INTRODUÇÃO

1.1. O autor apresenta concepções diferentes quanto ao foco de responsabilidade dos


Estados em relação às normas internacionais que versam sobre direitos humanos.

1.2. Competência exclusiva dos Estados (sujeitos primários do direito internacional) na


garantia desses direitos.

1.2.1. “Eficácia vertical”: referente aos efeitos vinculantes das normas de direito
fundamental na relação Estado-cidadão.

1.3. Extensão da responsabilidade a sujeitos não estatais, singularmente grandes


sociedades transnacionais.

1.3.1. Ganhou força, diante das dificuldades de cumprimento dos direitos humanos a
nível mundial.

1.3.2. Justificada, comumente, pela inoperância de certos Estados:

1.3.2.1. Com legislação local pouco rigorosa.

1.3.2.2. Por conivência dos agentes governamentais diante da preponderância


econômica dessas empresas.

1.3.2.3. Por dependência econômica das atividades empresariais, o que diminui


a possibilidade do governo de adotar medidas que poderiam levá-las a
se retirar do país.

1.3.2.4. Exemplo: fatores, como grande poder econômico e modelo de negócio


fragmentado, com cadeia de produção descentralizada, limitam as
chances das sociedades empresariais serem, de maneira efetiva,
responsabilizadas por desrespeitarem os direitos humanos.

1.3.3. “Eficácia horizontal”: referente aos efeitos vinculantes das normas de direito
fundamental nas relações entre particulares.

1.3.4. Fundamentada na ótica da impossibilidade dos Estados sozinhos arcarem com


essa responsabilização, visto o complexo panorama político-econômico da
atual ordem mundial.

1.3.5. Há duas principais posições que divergem quanto a efetivação dos direitos
humanos por parte dessas grandes sociedades empresariais:

1.3.5.1. “Obrigacionistas”: defendem o uso de instrumentos impositivos de


natureza legal (mecanismos de “Hard Law”), definidos tanto em nível
nacional quanto internacional, para a efetiva responsabilização das
empresas.
1.3.5.1.1. Entrementes, ressalta-se o fato de que acreditam que medidas não
vinculantes (mecanismos “Soft Law”) também podem agregar
nessa responsabilização.

1.3.5.2. “Voluntaristas”: possuem a concepção de que há uma promoção


espontânea dos direitos humanos pelas sociedades empresariais.

1.3.5.2.1. Concluem que há uma consonância entre o objetivo de


maximização de lucros e o respeito aos direitos humanos.
Consequentemente, as empresas evitariam violações, tanto por
interesse próprio quanto dos acionistas.

1.3.6. John Ruggie liderou um trabalho sobre Direitos Humanos e Negócios para as
Nações Unidas, superando a polarização que o tema anteriormente sofria:

1.3.6.1. Relatório focado na ótica da proteção, respeito e reparação.

1.3.6.2. Necessidade de identificação dos agentes principais de forma não


binária (violadores ou protetores) no que se refere às atribuições de
direitos humanos.

1.3.6.3. Superação das classificações (“obrigacionista” ou “voluntarista”) na


efetivação dos direitos humanos por parte das empresas.

1.3.6.4. Construção dos direitos humanos é fática:

1.3.6.4.1. A fim de evitar a violação dos direitos humanos, não existe


exatidão quanto às possibilidades de precauções possíveis a serem
tomadas.

1.3.6.4.2. A maneira eficaz de se proteger de violações é a forma correta a se


usar.

1.3.6.4.3. Os agentes podem tanto ser protetores quanto violadores dos


direitos humanos.

1.3.6.4.4. As escolhas dos agentes principais devem ocorrer de modo


próprio, levando em consideração que cada ação terá uma reação e
estes estarão responsáveis pelos resultados de seus atos, tendo que
conviver com eles.

1.3.7. Aumento no reconhecimento mundial da importância dos direitos humanos.

1.3.7.1. Mudança na visão de empresas em relação às políticas de direitos


humanos.
1.3.7.1.1. Aquelas que os desrespeitassem, sofreriam efeitos negativos:
perda de clientes, piora na reputação, perda de fornecedores, entre
outros.

1.3.7.2. Mudança de perspectiva de governos sobre os efeitos dos direitos


humanos

1.3.7.2.1. Alguns governos acreditavam na teoria de que ações no âmbito de


direitos humanos não teriam qualquer relação com impactos
econômicos. O grande crescimento de empresas que
implementavam políticas a favor dos direitos humanos
contrariavam essa teoria.

1.3.8. Pesquisa, no âmbito nacional, sobre a implementação voluntária de políticas


institucionais que promovessem os direitos humanos e impedissem violações
em companhias de capital aberto.

1.3.8.1. Seleção de empresas listadas no “Novo Mercado”, as quais seguem


requisitos impostos pela BM&FBOVESPA, analisando a quantidade de
organizações que promoviam ações relacionadas aos direitos humanos.
A escolha dessas empresas se deu por dois motivos.

1.3.8.1.1. Maior probabilidade de identificação dessas ações.

1.3.8.1.2. Torna mais simples o processo de levantamento de dados.

1.3.8.2. Início da pesquisa em 2013, sendo o estudo estruturado em três frentes.

1.3.8.2.1. Análise da mídia, observando a quantidade de notícias que


abordavam o tema de direitos humanos e as empresas as quais se
havia selecionado para estudo.

1.3.8.2.2. Análise de toda produção intelectual nacional, produzida até o ano


de início da pesquisa, que tratava sobre o tema.

1.3.8.2.3. Análise dos Formulários de Referência divulgados pelas empresas.


Para melhor compreensão, esses documentos abordam diversas
informações importantes sobre suas respectivas organizações,
como dados financeiros, políticas de governança adotadas,
atividades realizadas, entre outros. Nesse sentido, como eles têm a
capacidade de influenciar na opinião pública sobre a empresa, os
Formulários de Referência se mostram um objeto importante de
estudo com relação à implementação de políticas favoráveis aos
direitos humanos.
1.3.8.3. A finalidade era comparar os dados obtidos em 2013 com outros
obtidos em um período futuro. Dessa forma, seriam analisadas
diferenças, assim como tendências entre os períodos.

1.3.8.4. Inicialmente, acreditava-se que as empresas analisadas iriam aumentar,


ao longo do tempo, a quantidade de políticas relacionadas aos direitos
humanos implementadas.

1.3.8.4.1. Houve maior número de políticas anticorrupção e que


estimulavam a ética dentro das organizações, influenciadas
principalmente pelos acontecimentos políticos vivenciados pelo
país durante o período. Contudo, em relação a políticas voltadas
aos direitos humanos, esse aumento não ocorreu.

2. A SITUAÇÃO DO DEBATE NO BRASIL EM 2013

2.1. Discussão sobre tomada de decisão no Brasil se encontrava em 2013 em estágio


inicial. A maioria dos estudos tinha algum nível de restrição.

2.1.1. Havia um vasto volume de artigos que mencionava e analisava alguns temas
sobre violações de direitos humanos e a relação destes com o ambiente
empresarial.

2.1.2. Temas que envolviam aplicação e implantação de políticas de direitos


humanos nas empresas em relação a governança possuíam um menor número
de publicações. Como exemplo o autor destaca o “banco de teses da USP”, o
qual buscou por termos sobre o assunto.

2.1.2.1. O termo “direitos humanos” foi encontrado em 175 trabalhos.

2.1.2.2. O termo “responsabilidade social” foi encontrado em 63 trabalhos.

2.1.2.3. Quando filtrado pelo termo “governança”:

2.1.2.3.1. “Direitos humanos” foi encontrado em apenas 2 pesquisas.

2.1.2.3.2. “Responsabilidade social” foi encontrado em 7.

2.2. O autor conclui que na época, no debate acadêmico, pouco se focava na


necessidade de realizar estudos no que tange à violação dos direitos humanos por
parte das corporações.

2.3. Como moral final, o autor evidencia que o resultado não poderia ser diferente, pois
“Como as sociedades empresariais refletem a sociedade nas quais estão localizadas,
seria razoável imaginar que as companhias abertas brasileiras também tenderiam a
ignorar a temática em suas estruturas de governança corporativa”.
3. O QUE A EMPRESA SE PROPUNHA

3.1. Fez-se uma lista com 127 empresas retiradas do site da BM&FBOVESPA

3.2. Pesquisou-se pelo “Formulário de Referência” do ano de 2013 a 2017 algumas


palavras-chaves para entender como as empresas se posicionavam quanto a
temática.

3.2.1. Termos como “Direitos Humanos”, “Desenvolvimento Sustentável”, “Ética”


etc. foram incluídos como base da pesquisa.

3.3. Além da busca literal das palavras, os termos foram analisados em seu contexto,
para ver se suas respectivas menções estavam ligadas à promoção de direitos pela
empresa.

3.3.1. Promoção de direitos foi entendida como “respeito a regras que conduziam a
empresa a garantir tais direitos, como também às iniciativas individuais de
respeitá-los e protegê-los”.

3.4. A pesquisa teve como resultado os seguintes números: 14 empresas mencionaram o


termo “Direitos Humanos”; 75 (“Desenvolvimento Sustentável”); 58 (“Ética”); 108
(“Meio Ambiente”); 31 (“Incentivo à cultura”); 53 (“Bem-estar social”); e 10
(“Política Anticorrupção”).

3.4.1. E ainda o autor destaca que das 14 empresas, poucas mencionaram o termo
com métodos efetivos e políticas de proteção dos direitos humanos. O autor
cita a Magazine Luiza e a Tim como exemplos de empresas que tinham bem
definido suas políticas de direitos humanos.

4. O QUE A EMPRESA VEICULAVA

4.1. Nesse tópico, o autor ao invés de analisar o Formulário de Referência opta por
analisar os mesmos termos, porém dessa vez no site eletrônico das respectivas
Companhias.

4.1.1. Das 127, 43 citavam a expressão “Direitos Humanos”.

4.1.1.1. Nos sites eletrônicos o termo foi citado por 34% das Companhias,
enquanto que nos Formulários de Referência por apenas 11% das
empresas.

5. O QUE A MÍDIA VEICULAVA

5.1. Efetuou-se uma pesquisa de mídia para se constatar a relação entre as empresas e os
Direitos Humanos.
5.1.1. Como feito nos Formulários de Referência, foi utilizada uma metodologia de
subdivisão por grupos de expressões.

5.1.1.1. Optou-se por termos menos técnicos, para condizer ao tipo de


linguagem geralmente utilizada na mídia.

5.1.1.2. A subdivisão foi baseada nos seguintes termos: Programas sociais,


Danos aos clientes, Trabalho escravo e violações trabalhistas,
Sustentabilidade ambiental, Danos a terceiros, Danos ambientais,
Corrupção e fraude, Bem-estar de funcionários e Uso de animais.

5.1.1.2.1. Os termos especificados não esgotam as possibilidades de


pesquisa. Não foram consideradas questões como gênero e raça,
por exemplo.

5.1.2. Procurou-se o nome da empresa e os termos em um site de buscas online


(https://www.google.com.br/).

5.1.2.1. Analisaram-se as 5 (cinco) primeiras páginas de resultados da pesquisa.

5.1.2.2. Optou-se por tal método pelo fato do acesso aos dados dos grandes
produtores de notícias do país serem acessíveis apenas mediante prévio
cadastro e pagamento.

5.1.2.3. O uso do site de buscas permite uma maior abrangência, já que mostra o
resultado de diversos sites, segundo ordem de relevância.

5.1.2.4. Os resultados foram analisados individualmente, para não haver o risco


de um termo encontrado não apresentar a semântica desejada.

5.2. Analisaram-se os resultados da pesquisa.

5.2.1. As empresas estão majoritariamente associadas a aspectos negativos


relacionados aos Direitos Humanos, apesar de mencionarem boas práticas em
seus Formulários de Referência.

5.2.2. Destacaram-se resultados que se referem à forma de se tratar clientes e


trabalhadores, temas referenciados pelos segundo e terceiro termos que
apresentaram mais ocorrências na pesquisa, “Danos aos Clientes” e “Trabalho
Escravo e Violações Trabalhistas”, respectivamente.

5.2.3. Os Formulários de Referência apresentaram grande consideração a questões


ambientais.
5.2.3.1. 127 (cento e vinte e sete) empresas compunham a amostra.

5.2.3.1.1. 108 (cento e oito) demonstravam possuir políticas relacionadas ao


Meio Ambiente.

5.2.3.1.2. 75 (setenta e cinco) sugeriam ações no tocante ao


Desenvolvimento Sustentável.

5.2.3.2. No entanto, a pesquisa de mídia demonstrou resultados contradizentes.

5.2.3.2.1. 30 (trinta) empresas estavam relacionadas a Danos Ambientais.

5.2.3.2.1.1. A pesquisa nos noticiários foi feita em um segundo


momento, no qual havia 134 (cento e trinta e quatro)
empresas listadas no segmento do Novo Mercado, 7 (sete) a
mais que na pesquisa anterior.

5.2.3.2.1.2. Concluímos que ao menos 4 (quatro) delas tiveram seus


Formulários de Referência contrariados pelo noticiário.

5.2.3.2.2. Apenas 37 (trinta e sete) das empresas foram positivamente


ligadas a eventos de sustentabilidade ambiental, o que corresponde
a 27,5% do total de empresas que compunham o Novo Mercado à
época.

5.2.3.2.2.1. No entanto, 85% mencionaram políticas ligadas ao Meio


Ambiente em seus Formulários de Referência.

5.2.3.2.2.2. 60% faziam menção a políticas voltadas ao Desenvolvimento


Sustentável.

5.3. Concluiu-se que as estruturas de governança corporativa das empresas ignoravam a


temática “direito humanos e negócios”, e os riscos aos quais seus negócios estavam
expostos em termos de reputação, desconsiderando os potenciais efeitos reflexos
sobre seu valor de mercado, faturamento e acesso a financiamento.

5.3.1. Por um lado, as companhias demonstravam uma grande preocupação com


questões ambientais.

5.3.2. Por outro, a maior probabilidade de danos à imagem parecia vir de violações
de direitos humanos.

6. CONCLUSÃO - 2013
6.1. Em 2013, já era de conhecimento das empresas a importância da implementação de
diretrizes que assegurassem os direitos humanos nas estruturas de governança
corporativa.

6.1.1. Tinham consciência dos benefícios que a divulgação societária de políticas


mais humanitárias de gestão poderiam trazer, ou pelo menos os prejuízos e
riscos que poderiam mitigar.

6.1.1.1. A possibilidade de prevenção de riscos de imagem,

6.1.1.2. O potencial de melhoria nas relações com empregados e clientes.

6.1.1.3. Potencial de captação de investidores.

6.2. No entanto, a vasta maioria não empregava esforços para efetivar tais políticas,
apesar de mencioná-las nos documentos públicos analisados, limitando-se a fazer
alusões a diretrizes abstratas e tratativas internacionais, sem dizer nada sobre a
existência ou desenvolvimento de ferramentas corporativas de efetivação concreta.

6.3. Assim, a análise dos dados coletados em 2017 será de suma importância para
verificar se a hipótese inicial foi concretizada, ou seja, se houve um aumento na
implementação de políticas que tratam de Direitos Humanos e como ela se deu.

7. COMPARAÇÃO DE DADOS 2013 - 2017

7.1. Em 2017, realizaram uma revisão nos dados dos Formulários de Referência,
passando de 127 (cento e vinte e sete) empresas analisadas em 2013 para 128 (cento
e vinte e oito).

7.1.1. 22 (vinte e duas) empresas mencionaram “Direitos Humanos”.

7.1.2. 100 (cem) empresas que mencionaram “Desenvolvimento sustentável”.

7.1.3. 96 (noventa e seis) empresas que mencionaram “Ética”.

7.1.4. 98 (noventa e oito) empresas que mencionaram “Meio ambiente”.

7.1.5. 31 (trinta e uma) empresas que mencionaram “Incentivo à cultura”.

7.1.6. 32 (trinta e duas) empresas que mencionaram “Bem-estar social”.

7.1.7. 47 (quarenta e sete) empresas que mencionaram “Política anticorrupção”.

7.2. Notaram-se constâncias e alterações entre os resultados de 2013 e 2017.


7.2.1. Menções à “Incentivo à cultura” mantiveram-se em 31 (trinta e uma).

7.2.2. “Desenvolvimento sustentável”, que resultou 75 (setenta e cinco) menções em


2013, passou para 100 (cem) em 2017.

7.2.3. Houve uma redução em 10 empresas que mencionaram “Meio ambiente”, de


108 (cento e oito) empresas em 2013 para 98 (noventa e oito) empresas em
2017.

7.2.4. “Bem-estar Social” reduziu de 53 (cinquenta e três) em 2013 para 32 (trinta e


dois) em 2017.

7.2.4.1. Essa diminuição pode ser explicada por uma variação no método de
análise, no qual em 2013 considerou-se tanto os resultados encontrados
para menções com a expressão “Bem-estar Social” quanto
“Responsabilidade Social”, enquanto em 2017 apenas considerou-se
apenas a expressão “Bem-estar Social”.

7.3. As alterações mais significativas concentram-se nas temáticas de “Ética”, “Política


Anticorrupção” e “Direitos Humanos”.

7.3.1. Referidos aumentos podem estar relacionados a um cenário crescente de


operações no combate a corrupção e de políticas de ética corporativa.

7.4. Analisando-se especificamente as menções a “Direitos Humanos” nota-se um


aumento mais tímido.

7.4.1. Em 2017, das empresas que mencionam Direitos Humanos em seus


Formulários de Referência, uma minoria apresenta propostas efetivas ou
minimamente estruturadas para implementação dos Direitos Humanos.

7.4.1.1. O grupo ENGIE BRASIL ENERGIA S.A. adota um modelo estruturado


de política de direitos humanos.

7.4.1.1.1. O relatório publicado em seu site eletrônico é abrangente,


pautando-se em sete compromissos principais.

7.4.1.2. A MAGAZINE LUIZA S.A. continua prevendo a quebra de contrato


com empresas que compactuam com a violação de direitos humanos.

7.4.1.3. A NATURA COSMÉTICOS S.A. afirma uma política de “tolerância


zero” em relação à violação de direitos humanos.
7.4.1.4. A TIM PARTICIPAÇÕES S.A. mantém uma lista de direitos essenciais
dos trabalhadores, prevendo sanções em caso de descumprimento
destes.

7.4.1.5. As demais apenas mencionam o termo com referência a programas


internacionais ou de forma genérica.

8. CONCLUSÃO

8.1. As empresas sabem dos benefícios que uma gestão aliada à proteção aos direitos
humanos podem trazer.

8.2. As empresas não despendem grandes esforços para prever ferramentas de


implementação efetiva de políticas de proteção aos direitos humanos.

8.3. A partir de 2013 houve um amplo avanço da disciplina de direitos humanos e


negócios no Brasil.

8.3.1. Grupos de pesquisa e extensão universitários foram especialmente


desenvolvidos para tratar do tema.

8.3.2. O número de congressos, eventos e publicações cresceu exponencialmente.

8.3.3. Na ferramenta Google Acadêmico houve um aumento aproximado de 453% do


período de 2008 a 2012 ao período de 2013 a 2017 de trabalhos acadêmicos
dentro do termo “empresas e direitos humanos”.

8.3.4. O desenvolvimento e a sofisticação do debate sobre o tema aliados aos dados


coletados em 2013 pautaram a formulação da hipótese que norteou este
trabalho.

8.3.4.1. Com o decorrer do tempo e sem maiores interferências, a proteção aos


direitos humanos seria apenas uma “questão de tempo”.

8.4. A atualização dos dados da pesquisa até 2017, todavia, frustrou a hipótese
desenvolvida.

8.4.1. O aumento na menção à direitos humanos nos Formulários de Referência por


empresas listadas no Novo Mercado foi pequeno.

8.4.2. Proporcionalmente, o número de empresas que desenvolviam políticas de


direitos humanos diminuiu.
8.5. Notou-se, todavia, um aumento exponencial das menções nos Formulários de
Referência às variáveis “Ética” e “Política Anticorrupção”.

8.5.1. A alteração, especula-se, é resultado do período de recessão econômica e de


um esforço nacional coordenado de combate à corrupção aliado à diversos
escândalos que mobilizaram o país, muitos concentrados na Operação Lava
Jato.

8.6. Essas alterações induzem a pensar que os aprimoramentos das companhias em suas
políticas de resguardo de direitos ocorrem de forma circunstancial, marcados pelas
contingências políticas e econômicas.

8.6.1. Uma análise conjuntural do período em que era presente um amplo debate em
torno de questões ambientais.

8.6.1.1. Campanhas publicitárias e institucionais com termos ligados a questões


ambientais, “Desenvolvimento sustentável” e “Meio ambiente”, tinham
maior incidência e destaque.

8.6.2. A preocupação das companhias para com a promoção das políticas de direitos
humanos concerne mais a questões conjunturais e problemas momentâneos.

8.7. As companhias brasileiras não estão preparadas, do ponto de vista da governança


corporativa, a participarem ativamente da economia global.

8.7.1. Seja permitindo uma ampliação da sua base de investidores.

8.7.2. Seja permitindo uma ampliação de sua base de consumidores.

8.7.3. Já que o respeito aos direitos humanos é essencial para que uma empresa
consiga expandir seu mercado internacional sem enfrentar barreiras culturais.

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