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Curso de licenciatura em Química

Álgebra Linear e Equações Diferenciais

Atividade da Semana 6: Lista dirigida II de exercícios

Grupo 3:
André Luís Dourado Albuquerque
Elienai Filipe de Souza
Fernanda Ferreira Caetano da Silva
Maíra de Sousa Freire
Michael Muller Jeronimo de Carvalho

Brasília/DF 2020
RESOLUÇÃO DO ESTUDO DIRIGIDO II

1) Enuncie o Teorema da existência e unicidade para equações diferenciais de


primeira ordem lineares.

𝝏𝒇
R: Se 𝒇 e forem contínuas em um retângulo R: ǀ 𝒕 ǀ ≤ 𝒂, ǀ 𝒚 ǀ ≤ 𝒃, então existe
𝝏𝒚

algum intervalo ǀ 𝒕 ǀ ≤ 𝒉 ≤ 𝒂 no qual existe uma única solução 𝒚 = 𝝓(𝒕) de um


problema de valor inicial.

2) O método do fator integrante é consequência da demonstração do Teorema


1 a seguir. Para demonstrar o Teorema 1 é necessário o uso do Teorema da
Existência e unicidade de equações diferenciais ordinárias de primeira ordem
lineares enunciado no item anterior. Com base nestas informações, demonstre
o Teorema 1.

R: Um bom método para resolver uma equação da forma

𝒚′ + 𝑷(𝒙)𝒚 = 𝒇(𝒙)

é multiplicar todos os membros da equação por um fator integrante, que é uma função
𝑰 = 𝑰(𝒙) tal que:

𝑰(𝒙)𝒚′ (𝒙) + 𝑰(𝒙)𝒑(𝒙)𝒚(𝒙) = 𝑰(𝒙)𝒇(𝒙)

de tal modo que o termo da esquerda da nova equação seja exatamente a


derivada da função 𝑰(𝒙)𝒚(𝒙), isto é:

𝒅
[𝑰(𝒙)𝒚(𝒙)] = 𝑰(𝒙)𝒚′ (𝒙) + 𝑰(𝒙)𝒑(𝒙)𝒚(𝒙)
𝒅𝒙

mas, para que isso ocorra, devemos exigir que 𝑰 = 𝑰(𝒙) satisfaça

𝑰(𝒙)𝒚′ (𝒙) + 𝑰′ (𝒙)𝒚(𝒙) = 𝑰(𝒙)𝒚′ (𝒙) + 𝑰(𝒙)𝒑(𝒙)𝒚

assim, basta tomar

𝑰′ (𝒙)𝒚(𝒙) = 𝑰(𝒙)𝒑(𝒙)𝒚(𝒙)

Admitindo que 𝒚 = 𝒚(𝒙) não seja identicamente nulo, temos que:

𝑰′ (𝒙) = 𝑰(𝒙)𝒑(𝒙)
Desse modo, devemos primeiramente resolver esta última equação diferencial,
para obter uma solução como:
𝒙
𝑰(𝒙) = 𝒆∫𝟎 𝒑(𝒕)𝒅𝒕

Observamos que a variável muda de integração foi alterada para evitar erros na
obtenção de tal função.

Para simplificar, tomaremos:


𝒙
𝑷(𝒙) = ∫ 𝒑(𝒕)𝒅𝒕
𝟎

para podermos escrever o fator integrante 𝑰 = 𝑰(𝒙), como

𝑰(𝒙) = 𝒆𝑷(𝒙)

Multiplicando os membros desta equação por 𝑰(𝒙) = 𝒆𝑷(𝒙) , obteremos:

𝒆𝑷(𝒙) 𝒚′ + 𝒑(𝒙)𝒆𝑷(𝒙) 𝒚(𝒙) = 𝒇(𝒙)𝒆𝑷(𝒙)

O membro da esquerda é a derivada da função 𝒚(𝒙)𝒆𝑷(𝒙) em relação à variável x


e poderemos escrever

𝒅
[𝒚(𝒙)𝒆𝑷(𝒙) ] = 𝒇(𝒙)𝒆𝑷(𝒙)
𝒅𝒙

e realizando a integral indefinida em ambos os lados da igualdade, obteremos

𝒚(𝒙)𝒆𝑷(𝒙) = ∫ 𝒇(𝒙)𝒆𝑷(𝒙) 𝒅𝒙 + 𝑪

Dessa forma, temos uma expressão para 𝒚 = 𝒚(𝒙) dada por

𝒚(𝒙) = 𝒆−𝑷(𝒙) [∫ 𝒇(𝒙)𝒆𝑷(𝒙) 𝒅𝒙 + 𝑪]

3) Utilizando o método do fator integrante (atividade da semana 4/5), determine


a solução da seguinte equação diferencial:

𝒚′ − (𝒔𝒆𝒏𝒙)𝒚 = 𝒔𝒆𝒏𝒙 𝒚(𝟎) = 𝟏

R: Para o exercício, temos que 𝒑(𝒙) = −𝒔𝒆𝒏𝒙 e 𝒇(𝒙) = 𝒔𝒆𝒏𝒙. Ainda temos que
𝑷(𝒙) = 𝒄𝒐𝒔𝒙. Substituindo na solução geral demonstrada acima, tem-se que:
𝒚(𝒙) = 𝒆−𝒄𝒐𝒔𝒙 [∫ 𝒔𝒆𝒏𝒙𝒆𝒄𝒐𝒔𝒙 𝒅𝒙 + 𝑪]

𝒚(𝒙) = 𝒆−𝒄𝒐𝒔𝒙 [−𝒆𝒄𝒐𝒔𝒙 + 𝑪]

𝒚(𝒙) = −𝒆−𝒄𝒐𝒔𝒙+𝒄𝒐𝒔𝒙 + 𝒄𝒆−𝒄𝒐𝒔𝒙

𝒚(𝒙) = 𝒄𝒆−𝒄𝒐𝒔𝒙 − 𝟏

Para o PVI dado, temos que:

𝒚(𝟎) = 𝒄𝒆−𝐜𝐨 𝐬(𝟎) − 𝟏 = 𝟏

𝒄𝒆 = 𝟐

𝟐
𝒄=
𝒆

Assim, a solução particular para o PVI é dada por:

𝟐 −𝒄𝒐𝒔𝒙
𝒚= 𝒆 −𝟏
𝒆

4) Determine a solução da EDO dada a seguir pelo método do fator integrante


e pelo método das equações separáveis:

𝒅𝒚
(𝟏 + 𝒙) =𝒚
𝒅𝒙
R: Inicialmente, vamos resolver pelo método de equações separáveis, onde a
equação pode ser reescrita como:

𝟏 𝟏
𝒅𝒚 = 𝒅𝒙
𝒚 𝟏+𝒙

Integrando os dois lados da equação, obtemos:

𝒍𝒏𝒚 = 𝒍𝒏(𝟏 + 𝒙) + 𝑪

Aplicando a propriedade dos logaritmos, obtemos:

𝒚 = 𝒆𝒍𝒏(𝟏+𝒙)+𝑪

𝒚 = 𝒆𝐥 𝐧(𝟏+𝒙) 𝒆𝑪

𝒚 = (𝟏 + 𝒙)𝒌

onde 𝒌 = 𝒆𝑪 .
Pelo método do fator integrante, temos que a equação:

𝒅𝒚
(𝟏 + 𝒙) =𝒚
𝒅𝒙
Para chegarmos na forma ideal para resolver pelo método, dividimos a equação
por (𝟏 + 𝒙). Assim, temos que:

𝟏
𝒚′ − 𝒚=𝟎
𝟏+𝒙
𝟏
Onde 𝒑(𝒙) = − 𝟏+𝒙 e 𝒇(𝒙) = 𝟎

Como já demostrado anteriormente, a solução geral de uma equação diferencial


linear de primeira ordem, utilizando o método do fator integrante é dado por:

𝒚(𝒙) = 𝒆−𝑷(𝒙) [∫ 𝒇(𝒙)𝒆𝑷(𝒙) 𝒅𝒙 + 𝑪]

onde 𝑷(𝒙) = ∫ 𝒑(𝒙)𝒅𝒙 = −𝒍𝒏𝟏 + 𝒙. Então, aplicando-se os resultados na solução


geral para a EDO, obtemos:

𝒚 = 𝒆𝒍𝒏(𝟏+𝒙) [∫ 𝟎𝒆𝒍𝒏(𝟏+𝒙) 𝒅𝒙 + 𝒄]

𝒚 = (𝟏 + 𝒙)𝒌

onde 𝒌 = 𝒕 + 𝒄.

5) Responda as perguntas motivadoras da atividade.

PERGUNTAS MOTIVADORAS PARA A ATIVIDADE: dado um PVI (EDO +


condição de fronteira ou condição inicial). Considerando as equações
diferenciais ordinárias de primeira ordem lineares, vamos analisar as seguintes
perguntas:

i. Quais as condições para uma EDO ter solução?

R: O matemático Giuseppe Peano mostrou que a continuidade de f(x,y) em R –


região do plano xy já é suficiente para garantir a existência de pelo menos uma
solução para y’ = f(x,y) passando por um ponto (xo,yo) interior a R.

ii. Dado que tem pelo menos uma solução, que condições de regularidade
precisam ser estabelecidas para que tenha apenas uma única solução?
R: Já o teorema atribuído a Charles Émile Picard, garante a existência e a
unicidade de solução para um PVI, dado por:

Seja R uma região retangular no plano xy definida por a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d, que


𝝏𝒇
contém o ponto (xo, yo) em seu interior. Se f(x,y) e 𝝏𝒚 são contínuas em R, então

existe um intervalo I centrado em xo em uma única função y(x) definida em I que


𝒚′ = 𝒇(𝒙, 𝒚)
satisfaz o PVI: { }.
𝒚(𝒙𝒐 ) = 𝒚𝒐

iii. De onde surge o método do fator integrante utilizado na última atividade para
determinar soluções para equações diferenciais lineares de primeira ordem?

R: Em alguns casos, é possível resolver uma equação diferencial linear de


primeira ordem imediatamente por integração. Todavia, a maioria das equações
diferenciais lineares de primeira ordem não podem ser resolvidas por este
método, pois suas expressões do lado esquerdo da igualdade nem sempre são
iguais à derivada do produto de y com outra função. Entretanto, o matemático
Leibniz descobriu um método em que se multiplica a equação diferencial por
uma função, denominado fator integrante. Após a multiplicação da equação
diferencial ordinária pelo fator integrante, a equação transforma-se
imediatamente integrável usando-se a regra para a derivada de um produto e
nossa tarefa é determiná-la, dada uma EDO.

iv. Qual é a relação entre o método do fator integrante e o Teorema da


existência e unicidade de equações diferenciais ordinárias de primeira ordem
lineares?

R: O método do fator integrante é um método eficiente para encontrar soluções


de EDO’s do tipo 𝒚’ + 𝒑(𝒕)𝒚 = 𝒈(𝒕), com p(t) e g(t) contínuas em I que contém
o valor inicial 𝒚(𝒕𝒐 ) = 𝒚𝒐 e o teorema de existência e unicidade para equações
𝝏𝒇
diferenciais ordinárias lineares de primeira ordem garante que para f(x,y) e 𝝏𝒚

contínuas em R, existe um intervalo I centrado em xo em uma única função y(x)


𝒚′ = 𝒇(𝒙, 𝒚)
definida em I que satisfaz o PVI: { }. Ou seja, para um PVI que tenha
𝒚(𝒙𝒐 ) = 𝒚𝒐
solução e essa solução é única, garante as condições necessárias para a
aplicação do método do fator integrante.

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