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Ensino Híbrido: uma

introdução ao tema

Parte 1 – Modelos e Métodos


do Ensino Híbrido

Profa. Joyce E. Mateus Celestino


Ensino Híbrido: uma introdução ao tema1

Parte 1. Modelos e métodos do ensino híbrido.

A educação ao utilizar o ensino online tem contribuído para encurtar distâncias e facilitar o
acesso ao conhecimento às pessoas do mundo inteiro. Nesse sentido destaca-se o ensino híbrido, o qual
mistura a sala de aula tradicional ao ensino online, como discutido no texto introdutório deste curso
“Ensino Híbrido: uma introdução ao tema”.
Para fazer uso deste, é importante conhecer os modelos/métodos mais conhecidos. Neste texto
vamos distinguir os modelos de Rotação, os quais foram propostos pelo Clayton Christensen Institute.
(ver figura 1).

Figura 1. Zona híbrida do ensino.

Fonte: CHRISTENSEN; HORN; STAKER, (2013, p. 28)

1Doutoranda em Ciências da Engenharia Ambiental pela EESC USP, MSc. em Engenharia de Produção pela UFRN. Licenciada
em Ciências Biológicas (UFRN) e Tecnóloga em Gestão Ambiental (IFRN). Com experiência no ensino superior e projetos de
pesquisa em desenvolvimento tecnológico e industrial pelo CNPq. Foi pesquisadora visitante na Universidade de Strathclyde,
Escócia.
A figura 1 mostra os modelos que compõem o ensino híbrido, como ferramentas que podem ser
utilizadas desde o ensino presencial, com a sala de aula física, na qual se concentram os modelos de
rotação (1), até o ensino completamente online. O modelo Flex (2) e o A La Carte (3) são uma junção
dos dois ensinos com a predominância do ensino online. Já no modelo Virtual Enriquecido (4) há uma
integração de ambos, o ambiente físico e o online. Esses três últimos modelos não dependem da sala de
aula física, conforme discussões de Christensen; Horn; Staker (2013).
O modelo de Rotação é aquele no qual, dentro de um curso ou matéria (por exemplo,
matemática), os alunos fazem rotações entre os modos de ensino propostos, o ensino online e os
direcionamentos dados pelo docente, sejam estes por escrito ou verbalmente. E ainda "podem incluir
atividades como as lições em grupos pequenos ou turmas completas, trabalhos em grupo, tutoria
individual e trabalhos escritos" (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p. 29).
Os modelos de rotação proporcionam o repensar das estratégias de condução da aula. Nessa
abordagem predomina a organização dos estudantes em grupos e o revezamento das atividades
realizadas, de acordo com um horário predeterminado ou com a orientação do professor (BACICH;
MORAN, 2015).
O modelo de Rotação tem quatro submodelos (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013): Rotação
por Estações, Laboratório Rotacional, Sala de Aula Invertida e Rotação Individual. Com exceção deste
último os demais podem ser implantados com baixo investimento e os processos já estabelecidos em
uma escola tradicional. Segundo aqueles autores nenhum dos modelos exige uma completa mudança
de instalações físicas ou corpo de profissionais.
“O modelo de Rotação por Estações — ou o que alguns chamam de Rotação de Turmas ou
Rotação em Classe — é aquele no qual os alunos revezam dentro do ambiente de uma sala de aula”
(CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p. 27).
Nesse modelo predomina a organização dos estudantes em grupos, e cada um desses realiza
uma tarefa de acordo com os objetivos planejados pelo professor para a aula. Segundo Bacich; Moran
(2015, p. 1) "um dos grupos estará envolvido com propostas online que, de certo modo, independem do
acompanhamento direto do professor". Vale notar a importância de reservar momentos em que haja a
colaboração entre os alunos e ocasiões de trabalho individual. Após um tempo predeterminado e
combinado com os alunos, deve ocorrer a troca de grupo, e essa alternância permanece até que todos
tenham passado por todos os grupos (com conteúdos e tarefas distintas). As atividades planejadas não
seguem uma ordem de realização, sendo de certo modo independentes, embora funcionem de maneira
integrada para que, ao final da aula, todos tenham tido a oportunidade de ter acesso aos mesmos
conteúdos (BACICH; MORAN, 2015).
O modelo de Laboratório Rotacional, conforme Christensen; Horn; Staker, (2013, p. 27), "é
aquele no qual a rotação ocorre entre a sala de aula e um laboratório de aprendizado", laboratório de
informática ou outro espaço com tablets ou computadores, pois o trabalho ocorrerá de forma online.
Esses autores mencionam que os Laboratórios Rotacionais geralmente "aumentam a eficiência
operacional e facilitam o aprendizado personalizado" apesar de não substituírem "o foco nas lições
tradicionais em sala de aula" Christensen; Horn; Staker, (2013, p. 27).
A discussão anterior pode ser complementada por Bacich e Moran (2015, p. 1) ao destacar que
os alunos, ao serem direcionados ao laboratório rotacional, trabalharão nos computadores
individualmente, de maneira autônoma, "para cumprir os objetivos fixados pelo professor, que estará,
com outra parte da turma, realizando sua aula da maneira que considerar mais adequada". Segundo
esses autores, há uma semelhança ao modelo de rotação por estações, contudo em vez de alternarem
entre grupos, os estudantes trabalham individualmente no computador com o auxílio de um tutor,
caracterizando o laboratório rotacional.
Outro modelo é o de Sala de Aula Invertida que, segundo Christensen; Horn; Staker, (2013, p.
27), “é aquele no qual a rotação ocorre entre a prática supervisionada presencial pelo professor (ou
trabalhos) na escola e a residência ou outra localidade fora da escola para aplicação do conteúdo e
lições online”. Sobretudo, Bacich e Moran (2015) enfatizam algumas maneiras de aprimorar esse
modelo, envolvendo a descoberta, a experimentação, como proposta inicial para os estudantes, ou seja,
oferecer possibilidades de interação com o fenômeno antes do estudo da teoria.
Um exemplo dessa aplicação foi a experiência descrita por Pavanelo e Lima (2017) na disciplina
de Cálculo Diferencial e Integral I de um Curso Fundamental em Engenharia. A turma foi apresentada à
ideia das aulas no formato Sala de Aula Invertida, a qual passou a ver o conteúdo teórico antes da aula
presencial, por meio de livros e vídeos colocados na plataforma online da disciplina. Em sala de aula, o
professor sugeriu aos alunos a resolução de problemas aplicados e listas de exercícios para serem
resolvidas em grupos. "O papel do professor durante todo o tempo da aula foi o de orientador, apoiador
dessa resolução, auxiliando nas dúvidas do grupo em relação aos conceitos teóricos estudados em casa
e na interpretação dos problemas propostos" (PAVANELO; LIMA, 2017, p. 746).
Quanto ao modelo de Rotação Individual, este “difere dos outros modelos de Rotação porque,
em essência, cada aluno tem um roteiro individualizado e, não necessariamente, participa de todas as
estações ou modalidades disponíveis”. (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p. 27).
Na rotação individual cada aluno tem uma lista contendo propostas personalizadas para ele, a
qual deve completar durante uma aula. Aspectos como avaliar para personalizar devem estar muito
presentes nessa proposta, visto que "a elaboração de um plano de rotação individual só faz sentido se
tiver como foco o caminho a ser percorrido pelo estudante de acordo com suas dificuldades ou
facilidades, identificadas em alguma avaliação inicial ou prévia" (BACICH; MORAN, 2015, p. 2).
A diferença desse modelo de Rotação Individual para outros modelos de rotação, conforme
descrição de Christensen; Horn e Staker, (2013) é que os alunos não alternam, obrigatoriamente, por
todas as modalidades ou estações propostas. A agenda diária é individual, adaptada conforme as
demandas do aluno. Segundo Bacich e Moran (2015, p. 2), em determinadas ocasiões: “o tempo de
rotação é livre, variando de acordo com as necessidades dos estudantes. Em outras situações, pode não
ocorrer rotação e, ainda, pode ser necessária a determinação de um tempo para o uso dos
computadores disponíveis”. Desse modo, é possível perceber que a condução desse modelo procederá
das características do aluno e das opções realizadas pelo professor para encaminhar a atividade.
A partir do estudo dos modelos de rotação temos a possibilidade de incrementar a inovação no
processo de ensino aprendizagem, principalmente ao considerar a integração da sala de aula tradicional
com os ambientes virtuais e os diferentes processos de comunicação, os quais possibilitam conhecer e
discutir diferentes realidades do mundo. Essa discussão continuará no próximo texto, que tratará de
modelos e métodos de ensino híbrido.

Referências.
BACICH, L.; MORAN, J. Aprender e ensinar com foco na educação híbrida. Revista Pátio, n. 25, jun., p.
45-47, 2015. Disponível em: <http://www2.eca.usp.br/moran/wp-
content/uploads/2015/07/hibrida.pdf>. Acesso em: 27 set. 2018.
CHRISTENSEN, C.; HORN, M.; STAKER, H. Ensino híbrido: uma inovação disruptiva? Uma introdução à
teoria dos híbridos. 2013. Disponível em: <https://www.pucpr.br/wp-content/uploads/2017/10/ensino-
hibrido_uma-inovacao-disruptiva.pdf>. Acesso em: 27 set. 2018.
PAVANELO, E.; LIMA, R. Sala de Aula Invertida: a análise de uma experiência na disciplina de Cálculo I.
Bolema, Rio Claro (SP), v. 31, n. 58, p. 739-759, ago. 2017. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/bolema/v31n58/0103-636X-bolema-31-58-0739.pdf>. Acesso em: 27 set.
2018.

O texto Ensino Híbrido: uma introdução ao tema – Parte 1 - Modelos e Métodos do Ensino Híbrido de Joyce Elanne
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