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1. SUICÍDIO E SUA PREVENÇÃO 3. COMO SABEMOS QUE A PESSOA PODE SER SUICIDA?
Frente a uma situação difícil, em algum momento da vida, as pessoas A maioria das pessoas comunica seus pensamentos e intenções suicidas
podem experimentar o desejo de morrer. A complicação começa quando por meio de palavras com temas de sentimento de culpa, baixa autoestima,
o desejo de morrer associa-se ao desejo de se matar; e o suicídio passa ruína moral, pessimismo, inferioridade, sentimento de pecado e de
a ser visto como um assassinato em 180 graus, voltado para si mesmo. fracasso, autorrecriminação, inutilidade, menos valia e desesperança.
O maior de todos os desastres ecológicos, uma silenciosa epidemia de Tudo isso se manifesta no pensamento sob a forma de ruminação. Outras
dor e sofrimento que castiga a sociedade, e culmina no autoextermínio. É vezes a comunicação não verbal se apresenta por meio de gestos, atitudes
e comportamento e deixa pistas ou sinais de que a pessoa já não tem de uma pessoa cometer suicídio fica oculto na realidade de quem pratica
vontade de viver ou mais explicitamente a vontade de morrer. A propensão medicina. Perguntar sobre a ideação suicida não garante a obtenção de
para o suicídio pode ser aguda, crônica ou latente. Por longos períodos, os informações precisas e completas, ou que o suicídio seja sempre prevenido.
pensamentos de suicídio podem estar inteiramente ausentes, retornando Isto, no entanto, não significa que o profissional de saúde não deva realizar a
apenas em resposta a novas tensões. Os pensamentos da pessoa suicida avaliação apropriada do risco de suicídio quando fatores de risco reconhecidos
são os mesmos em todo o mundo, independem da cultura, quaisquer que estão presentes: doença e por consequências diretas da doença, como ruptura
sejam os conflitos, problemas e o transtorno mental. de relacionamentos, perda do estado ocupacional, queda financeira, entre
outros. Portanto, o questionamento enfático de indivíduos de alto risco sobre
O perfeccionismo socialmente prescrito prediz a ideação suicida
pensamentos suicidas, intenções e planos, por parte de um profissional de
independentemente da depressão e da desesperança. Em outra dimensão,
saúde experiente, será visto como uma manifestação de apoio, interesse e
temos o perfeccionismo voltado para si: fortes motivações próprias de ser
competência profissional. Tal questionamento pode frequentemente encorajar
perfeito, manter expectativas irrealistas para si mesmo, e não aceitar
o indivíduo suicida a procurar ajuda, quando de outra maneira não o faria.
defeitos. O perfeccionismo coloca a pessoa em risco de suicídio, gera
estresse, acentua a aversão ao próprio estresse, ameaça ou focaliza
a atenção da pessoa em falhas e fracassos, ao invés de focalizar nas 7. EM QUE LOCAIS PODE SER LEVADA AS PESSOAS APÓS
capacidades e sucessos. Repetidos traumas ao longo da vida fazem com TENTATIVAS DE SUICÍDIO PARA SEREM ATENDIDAS?
que as pessoas fiquem mais suscetíveis, prejudicando suas habilidades
para enfrentar os eventos negativos da vida. No Brasil, o Sistema Único de Saúde/SUS abrange a hierarquização do
atendimento nas esferas primária, secundária e terciária, e, portanto,
a avaliação de potenciais vítimas de suicídio é realizada por médicos
5. COMO SABER SE O SUICÍDIO TEM CARÁTER GENÉTICO generalistas e outros membros das equipes de atenção primária, nos
OU HEREDITÁRIO? Serviços de Emergências, por terem tentado suicídio, sob a forma de
intoxicação exógena, traumatismos, queimaduras, ferimentos por arma
Há forte evidência de que fatores genéticos sejam transmitidos como um traço
de fogo ou arma branca e acidentes automobilísticos, e muitos dos quais
independente dos transtornos mentais e possam contribuir para uma maior
passam despercebidos pelo médico plantonista. Como as tentativas de
vulnerabilidade para o comportamento suicida. Estudos evidenciam uma
suicídio são tidas como atos voluntários e, portanto, evitáveis, as equipes
agregação familiar para o comportamento suicida. Há maior chance de suicídio
médicas passam a liberar esses pacientes sem avaliação adequada; não
entre parentes de primeiro grau, isto é, a probabilidade de um filho vir a cometer
solicitam uma avaliação psiquiátrica do paciente e não encaminham para
o suicídio se um dos pais se suicidou é quatro vezes maior; entretanto, não se
seguimento em serviço de saúde mental.
deve alarmar a prole, e sim auxiliar com medidas preventivas.
6. PERGUNTAR SOBRE SUICÍDIO NÃO IRÁ INDUZIR A 8. O ÁLCOOL POR SI SÓ PODE SER UM FATOR DE RISCO DE
PESSOA A PRATICAR O ATO SUICÍDIO MESMO QUE A PESSOA NÃO SOFRA DE ABUSO OU
DEPENDÊNCIA?
Em muitos casos, ao contrário, este questionamento irá encorajar o indivíduo
a compartilhar seus pensamentos, o que pode ser tanto um grande alívio A intoxicação por álcool é um potente fator precipitante do comportamento
como uma liberação dos seus sentimentos de isolamento. A possibilidade suicida, no momento da morte, e tem sido identificada em aproximadamente
50% dos suicídios em diversos países, inclusive no Brasil. Uma proporção 11. A INTERNAÇÃO DOMICILIAR PODE SER RECOMENDADA?
significativa daqueles que morrem por suicídio ingeriu álcool antes de
sua tentativa. Sempre considerar fatores adicionais como: comunicação Uma internação domiciliar pode ser uma alternativa razoável. Isso é
de intenção suicida, tentativas de suicídio prévias, ingestão contínua ou possível quando há baixo risco de suicídio, supervisão disponível e suporte
progressiva de álcool, desemprego recente, viver sozinho, suporte social adequado em casa. A vigilância deve ser providenciada com o intuito de
deficiente, dificuldades legais e financeiras, doenças médicas graves, garantir a segurança do paciente:
outros transtornos psiquiátricos, transtorno de personalidade e uso ou
abuso de outras substâncias. A. Retirar da casa medicamentos potencialmente letais,
armas brancas e armas de fogo;