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“Conseguiu?” – Ava ouviu assim que a porta do quarto se fechou atrás dela.

Ela
sentia o corpo levemente pesado, como quem precisa de um...

“Preparei um banho pra gente" – Como ela é tão sortuda? Ter alguém que te
conhece, do seu intimo até o seu mais vulnerável é algo mágico, que só alguns podem
confirmar que tiveram. Ava observa as linhas do rosto de Sara, sentada na cama com
um sorriso pequeno, os olhos brilhando na luz fraca do novo banheiro que Ava tanto
insistiu em construir, roubando metade do tamanho do grande quarto que antes era só da
temida Capitã Lance, mas hoje é o ninho de amor de duas co-capitães e atualmente
noivas, muito obrigada.

Sorrindo e balançando a cabeça para clarear a mente, Ava volta a se aproximar de


Sara, os poucos passos que faltavam para alcançar a ponta da cama onde Sara ainda
estava sentada. Sem dizer uma só palavra, Ava lhe oferece a mão e sem hesitar, Sara
aceita o convite e se levanta, ficando a centímetros de Ava. A diferença de altura nunca
foi e nunca será um problema, afinal Sara sente vontade de sorrir todas vezes que tem
de levantar o olhar para encontrar aquele par de olhos. Significa que Ava está ali. Ter de
olhar para cima para encontrá-los é um privilégio, e assim como o sol quente de Lian
Yu impediu que ela morresse de hipotermia, olhar para os olhos de Ava a dava vida, a
dava força. O amor de Sara por aquela mulher era tão profundo que não há mais um
horizonte de expectativas de futuro sem Ava ao seu lado.

Ter de olhar para cima é um privilégio, mas não significa que Sara não fique puta
com a longa distância de seus lábios. Rapidamente, ela está se inclinando e Ava,
sorrindo levemente, a encontra no meio do caminho num beijo familiar, um encontro de
almas com uma pitadinha de saudades. No meio da confusão do dia, e um alien bebê
para cuidar, só agora elas conseguiram colocar GugGus para dormir e somente agora se
encontraram uma nos braços da outra.

“Eu te amo” – Ava declara ao descolar seus lábios dos de Sara – “Pelo banho...” –
Um beijo no queixo de Sara foi depositado pelos lábios de Ava – “Por hoje...” – Um
beijinho em sua bochecha – “Por tudo...” – E Sara sentiu-se paralisada ao observar o
tecido da blusa cinza deslizando para cima, revelando pele quente e lisa.

Ava sorriu boba com o jeito com que Sara a vê tirar a blusa, elas estavam juntas a
o quê? 2 anos? Um pouco mais talvez, na verdade com tantos saltos no tempo Ava não
saberia dizer com precisão. Mas o ponto é Sara tem algo de especial, com ela, tudo
parece a primeira vez. Cada toque parece novo, cada beijo, cada olhar... Todos os dias
são como a primeira aventura juntas novamente, mas com aquele entusiasmo de saber
exatamente quem é Sara Lance e ser única o suficiente para ter um amor dessa
magnitude.

“Vamos, venha tomar um banho comigo, meu amor" – A voz de Ava tira Sara de
seu transe e um pequeno rubor compõe suas bochechas machadinhas.

“Certo.” – Sara segue a mais alta para o banheiro pequeno, mas perfeito para elas,
e o vapor da água quente faz um arrepio passar por seu corpo e pela primeira vez desde
que viu Ava, Sara se lembra do quão cansada ela realmente se sente.

Ansiosas, ambas retiram as próprias roupas em poucos minutos e logo se


encontram submersas na banheira, os braços de Ava ocupados ao abraçar todo o torso
de Sara, colando seu peito com as costas da outra. Os dois pares de olhos azuis se
fecham e suspiros podem ser ouvidos em meio ao silêncio, o ar é de contentamento e
paz. É aquele sentimento de pertencimento sabe? Quando o lar, não é necessariamente
uma coisa, ou um lugar, mas uma pessoa e estar nos braços de Ava era tudo que Sara
quis por toda a sua viagem ao espaço, e nenhum período de tempo com Ava parecia o
suficiente para compensar àquele tempo perdido.

Por longos minutos, Sara tentou permanecer ali, nos braços de sua noiva, apenas
estar naquele momento, mas... Oh cara, desde que ela viu Ava com GusGus, segurando-
o com o bebê canguru, levemente balançando seu corpo, seus braços protegendo-o
instintivamente... O sorriso de Ava ao ter um bebê alienígena nos braços... Aquela cena
não parava de se repetir em sua mente de novo e de novo. Parecia egoísta agora, depois
daquela cena, que aqueles braços que a circulavam de forma tão perfeita, só tivessem
Sara para se ocupar.

Sara abaixa sua cabeça enquanto brinca com o anel de noivado no dedo anelar de
Ava que continuava com seus braços ao seu redor. Ela não sabia o que exatamente
trouxeram esses pensamentos, pensamentos de que Ava merecia mais, muito mais, uma
família, filhos que não fossem adultos semi maduros. Pior, pensamentos sobre
maternidade e imagens vividas de uma Ava grávida. Imagens de uma vida normal em
meio ao caos, imagens claras do próximo passo.
Sabe o que mais a assusta em meio a tantos pensamentos? É saber que a algum
tempo atrás, quando Constantine a levou para o purgatório de Ava, Sara teve pouco
mais de uma hora para descobrir de queria seguir esses passos com Ava, envelhecer,
uma vida tediosa (mesmo que Sara não consiga imaginar como uma vida pode ser
tediosa tendo a família que ela tem). E em algum momento a conversa sobre filhos
apareceu, mas nunca foi concluída e aqui estava Sara Lance, sonhando acordada em ter
um filho com o amor de sua vida e ela nem mesmo sabia se Ava queria o mesmo que
seu coração almeja nesse instante.

Irônico é lembrar que ela possuía tanto medos quando estava naquele purgatório,
um grande exemplo é a decisão que ela tomou em pedir Ava em casamento. Ela tinha
tanto medo de não ser o suficiente, tinha tanto medo de ter expectativas e planejar um
futuro com quem quer que seja, mas Ava é única, ela faz Sara se sentir como ninguém
jamais conseguiu e aparentemente, Dinah apenas precisou lembrar Sara disso que a
decisão, foi simplesmente a mais fácil de sua vida.

“Terra para Sara?”

“O quê?”

“Você estava tão longe, onde você foi?” – Os pensamentos estavam tão altos, as
imagens que sua cabeça estava formando eram tão acalentadoras que Sara esqueceu por
um minuto onde estava. A capitã da Waverider não sabia o que dizer. – “Fala comigo
Sara, o que está te preocupando?”

“Nada, nada! Não é uma preocupação” – Sara foi rápida em afirmar que estava
tudo bem, por que estava tudo bem. Toda a equipe estava bem, Sara estava cerca de
calor e por Ava e Bishop estava morto. Fora os alienígenas na timeline, nada a
preocupava.

“Tudo bem, mas assim como você sabia que eu precisava de um banho quente
com você, eu sei que tem algo te perturbando, alguma coisa está passando por essa
mente brilhante. Você quer conversar sobre isso?” – Sara nem mesmo tenta conter o
sorriso gigante que aparece em seus lábios, Ava a conhecia demais para não perceber
sua inquietação. Ava afasta um pouco os seus dedos dos de Sara, que ainda brincavam
sem perceber com o anel de noivado, e entrelaça seus dedos com os de Sara, querendo
passar confiança e mostrar que não importa o que fosse, ela estaria ali. O sentimento
que esse gesto trás para Sara é impossível de se colocar em palavras. Um suspiro longo
deixa seus lábios e ainda de costas para Ava, Sara decide compartilhar o que a
atormenta.

“O GusGus...” – Ela começa.

“Está preocupada com a equipe? Podemos deixar ele em isolamento e...”

“Não, não” – Sara interrompe – “Não é isso. Eu confio no Gary, se ele disse que
não tão há perigo então eu acredito.” – Tudo bem, lá vai – “Te ver com ele... Nós duas
cuidando dele... O seu sorriso quando tinha ele nos braços... Ava...” – O nome foi
somente um sussurro, como se aquela fosse a palavra mais preciosa do mundo – “Eu
quero aquilo. Eu quero um GusGus pra gente, quero que alguém tenha o privilégio de te
ter como mãe.” – Tomando coragem, Sara vira a cabeça o suficiente para encarar os
olhos mais azuis que os seus já encontraram. A expressão no rosto de Ava era de pura
confusão. – “Ava, eu quero ter um filho com você.”

E assim que as palavras saíram, foi como se o universo parasse por um instante.
Ava estava com a boca aberta em espanto, os olhos arregalados e seus olhos pareciam
estar procurando algo nos olhos de Sara, mas aparentemente ela não conseguiu achar,
porque logo ela perguntou, com a voz baixa e a respiração pesada, como se naquele
instante fosse difícil dizer qualquer coisa.

“Você está falando sério?” – Sara sorri um sorriso doce, virando seu corpo
completamente para ficar de frente para Ava, passando seus braços em sua cintura
trazendo-a para mais perto.

“Você com o bebê canguru... Aquela cena fica se repetindo na minha mente, Ava.
E eu percebi hoje que eu quero tudo com você, eu quero ir em aventuras, eu quero ir
dormir tarde exaustas, eu quero descobrir como ser mãe ao seu lado, eu quero ter um
filho com você Ava, meu Deus como eu quero isso. Só tem uma coisa que supera essa
minha vontade de ter um bebê com você...” – Sara se aproxima mais, de forma que seus
lábios quase se tocam, para sussurrar contra aqueles lábios – “Eu quero me casar com
você.”

Um arrepio percorre todo o corpo de Ava. Ela não estava esperando pela reação
que seu corpo teria ao ouvir aquelas palavras, mas no próximo segundo, seus lábios
estavam devorando os lábios de Sara, suas mãos seguravam o rosto de Sara enquanto
sua língua explorava a língua de sua noiva. Noiva! Meu Deus, ela ia se casar com essa
mulher incrível.

Assim como se iniciou, o beijo terminou e Ava volta a encarar os olhos cintilantes
de Sara, percebendo como eles brilhavam naquele instante, mesmo com a luz fraca.

“Meu Deus, você está falando sério.” – Ava respira fundo por um momento,
sentindo que seus pulmões precisavam de ajuda para se lembrarem como se respira. –
“Se estamos falando sério...” – Respira pelo nariz, expira pela boca. De novo. – “Eu
quero que você saiba que eu também quero isso.” – Seu olhar que antes estava
concentrado em algum lugar atrás de Sara, volta a encarar os olhos azuis de sua noiva –
“Eu quero tudo com você Sara.”

Lentamente, um sorriso vai abrindo nos lábios de Sara, toda preocupação sobre
Ava querer ou não aquele sonho caindo por terra. Todo peso foi saindo como a sujeira
do dia foi limpada por aquela água, agora levemente morna.

“É?” – Sara pergunta baixinho com lágrimas nos olhos.

“É” – Ava também sorri, ela não sabe como entre tantas Ava’s ela foi a mais
sortuda, mas ela agradece ao Rip agora, por que nesse instante, Ava não queria estar em
nenhum outro lugar. Seus lábios se conectam novamente e o beijo é carregado de amor,
expectativas e sentimentos profundos. Nenhuma das duas acreditavam que algum dia
encontrariam um amor tão absoluto, mas cá estão elas.

“Ok, ok” – Ava murmura se afastando do beijo. Sara ri de leve ao ver o sorriso
largo de Ava, ela faria de tudo para que ele nunca deixasse suas feições. – “Você sabe
que precisamos conversar mais sobre isso, não é? Tipo... Onde seria o quarto do bebê?”
– Uma gargalhada feliz escapa do fundo da garganta de Sara.

“Deus, eu te amo tanto” – Sara se declara puxando Ava para mais um beijo rápido
antes de responder sua pergunta – “Podemos tirar todos os figurinos históricos do
quartinho em frente ao nosso. É o menor de toda a Waverider e por isso ninguém queria
ele, por isso fizemos uma espécie de armazenamento, mas não precisa ser. Uma criança
não precisa de tanto espaço até os seus 15 anos.” – Ela diz dando de ombros. – “Mas
espera... Você não vai querer sair da Waverider? Como o Ray e Nora?”

“O quê? Não! Eu vou querer que você se meta em menos confusões e delegue
mais, chega de sustos, de sequestros, e principalmente, chega de morrer. Se fizermos
isso Sara, eu te quero pra sempre. Mas eu sei que essa é sua família, esse trabalho é sua
essência, eu nunca pediria para sair... Não mais.” – Seus olhos caem para observar os
próprios dedos que estavam inquietos debaixo da água, e nervosa, Ava conclui ainda
sem encarar os olhos de Sara – “Eles são tudo o que eu tenho. Eles se tornaram minha
família também, não quero deixá-los.”

“Hey” – Sara chama ao mesmo tempo que coloca um dedo debaixo do queixo de
Ava para levantar seu olhar – “Eles são sua família, você é a Mrs. Capitã antes mesmo
de você aceitar esse anel. Eles respeitam você, eles te amam. E eu amo você. Obrigada.”

“Pelo quê?” – Pergunta Ava, confusa.

“Por me entender. Por me amar. Por saber o que faz bem pra mim. E eu te
prometo Ava, sem mais surpresas.” – O sorriso lindo de Ava é como uma lufada de ar
fresco, é como sentir o sol sobre sua pele numa tarde de outono.

“Você sabe que teríamos de baby proof toda a Waverider né?”

“Eu não ligo. Você consegue imaginar?” – Sara se aproxima ainda mais, sem ligar
que a água em que estão a muito tempo deixou de ter a temperatura ideal. Sara abraça
Ava descansando sua testa em seu ombro enquanto de olhos fechados ela imagina tudo
o que diz – “Consegue imaginar um bebezinho correndo na ponte, as gargalhadas
ecoando pela Waverider? Consegue imaginar um bebezinho dormindo nos seus
braços?” – Mais um suspiro sai de seus lábios, ela não sabia que queria tanto isso –
“Consegue imaginar a Zari fazendo as roupinhas do bebê? Nate lhe contando histórias e
o B colocando o bebê pra dormir?”

“Meu Deus, vamos ter de proteger nosso bebê do Rory, não vamos?” – Ava
pergunta rindo, apertando sua noiva mais forte contra seu corpo.

“Agora com essa história de estar gravida... Só o tempo vai dizer” – Sara responde
sorrindo, voltando a encarar os olhos azuis de Ava. – “Vamos mesmo fazer isso?”

“Algum dia, eu e você, vamos ter um bebê correndo pela Waverider” – Ava
declara e tudo que Sara consegue fazer é unir os sorrisos que ambas tinham no rosto,
num beijo apaixonado e cheio de planos para o futuro.

CAPITULO 2
“Tira isso de mim, tira isso de mim!” – As lendas estavam jantando na cozinha,
todos sentados e conversando quando ouvem os gritos de Rory. Todos se entreolham
preocupados, afinal faziam alguns dias que Mick descobriu que estava pregnant e desde
então ninguém além de Gideon conseguiu conversar com o homem que se trancou em
seu quarto. Ele se recusou a acreditar em Gary e recusou toda e qualquer ajuda, até
mesmo impediu que Gideon o escaneasse. Então até aquele momento, nenhuma das
lendas sabiam qual era o estado em que Mick se encontrava depois de notícias tão
bizarras.

Levou apenas um momento para que todas as lendas se levantassem correndo até
a ponte onde Mick estava gritando com Gideon, incansavelmente ordenando que ela
tirasse “aquilo” dele.

“Mick, dude, calm down! O que está acontecendo?” – Nate foi o primeiro a
perguntar.

“Esse... Esse negócio!” – Mick exclamou gesticulando com as mãos, seus dedos
apontando para o próprio pescoço – “Você precisa tirar isso de mim, agora!” – Exigiu
ele voltando a encarar a interface de Gideon, que no momento tinha uma expressão de
receio, por que se há uma AI que constantemente mostrava suas emoções, esta é
Gideon.

“Não é tão simples assim, Sr. Rory. Não tenho muitos conhecimentos na área
alienígena e posso acabar machucando o feto na remoção, preciso analisar primeiro o
feto e...”

“Veja se me importo? Apenas mate-o logo!” – Ele berrou, claramente


descontente.

“O quê? Matá-lo? Não! Não faça isso! Somos uma espécie tão bonita, pacifica...
Na maioria das vezes...” – Gary começou a devanear.

“Mick!” – Ava chamou a atenção do homem que estava prestes a começar a gritar
novamente, agora com Gary. – “O que aconteceu? Fazem dias que não te vemos e agora
você aparece berrando querendo matar o seu filho?” – Ava vê todos balançando a
cabeça levemente, concordando com suas perguntas e ainda mais com o seu tom de pura
confusão.
“Esse negócio não é meu filho! Eu sou um homem, está ouvindo a si mesma?” –
Ele gritou se aproximando da loira, sua face estava totalmente deformada pela raiva, sua
pele vermelha e nos poucos passos que ele deu, Ava notou seus punhos tensos ao lado
de seu corpo, como se ele estivesse a poucos instantes de socar todos presentes na sala
para comprovar seu próprio argumento. – “Mas esse negocio está me incomodando, se
mexendo na merda do meu pescoço e eu quero isso fora, agora!”

A ponte é tomada pelo silêncio. O momento é carregado de insegurança por parte


da equipe por não saber como lidar com um Mick extremamente irado, mas acima de
tudo, todos estavam preocupados em como lidar com a situação em si.

“Ok” – Ava suspirou baixinho, nunca tirando seus olhos azuis penetrantes dos
olhos verdes de Mick. Ava sempre foi muito boa em ler pessoas e por uma longa parte
do tempo que estava no Time Bureau ela acreditou que foi essa característica que a fez
conseguir o cargo, não Rip e seu plano de 2213. Mas Ava realmente era muito boa em
ler pessoas, principalmente depois de conhece-las um pouco mais intimamente e depois
de ajudar Rory com Lita, é impossível para o homem se esconder de seu olhar. –
“Respire fundo, vamos descobrir alguma coisa juntos, ok? Gary?”

“Sim, chefe?” – Respondeu um Gary assustado.

“Existe algum jeito de não machucar o feto ao extraí-lo de Mick?” – Ava pergunta
sem nunca tirar os olhos de Mick, como quem confirma que a pergunta e a resposta são
para ele.

“Na verdade, o bebê ainda está em fase de formação, geralmente a gravidez dura 5
meses e nós voltamos a 2 semanas então, ainda temos tempo de encontrar uma
receptora. Mas a extração sem machucar o feto... É muito complicada, eu não saberia
dizer como fazer.”

“Mas gente, nós não sabemos nada sobre esse bebê! Ele pode matar o Rory!” –
Spooner, chamou a atenção para a grande preocupação dos humanos (e Sara, Ava. An
alien human hybrid clone... Era difícil lembrar de tudo isso.) daquela nave. É verdade
que eles tiveram alguns dias para se acostumar da ideia, mas ninguém teve coragem de
perguntar a Gary sobre o bebê e o que tê-lo na nave significava e o que era preciso para
manter todo mundo seguro, incluindo o bebê. E Gary, sempre prestativo Gary, não
iniciou nenhuma conversa sobre o assunto já que ele sabia que estavam todos muito
nervosos ainda sobre a noção de ter alienígenas na Waverider.

“Nós ainda temos tempo até que o senhor Rory esteja em algum perigo!” – Gary
exclamou com um sorriso gigante no rosto, como se o que ele acabou de falar não fosse
nem um pouco alarmante.

“Gary!” – E foi tudo o que precisou foi o tom alto da voz de Ava para que Gary
começasse a falar de forma rápida e nervosa tudo o que sabia.

“A espécie de Kayle é igual a minha, mas para gerar mais alienígenas Kayle
precisaria de mim, outro alienígena. O que está acontecendo com o senhor Rory é uma
mutação, um híbrido... Como a Sara!” – Exclamou Gary novamente animado com a sua
pequena descoberta. – “Então eu não sei muito sobre essa mutação porque como vocês
sabem eu preciso de um objeto para me transformar em humano. Como essa criança
seria um humano com traços alienígenas eu tenho quase certeza que ele seria humano
desde o nascimento...” – E ele parou de falar. A sala novamente fica em silêncio.

“Então, se essa criança seria uma criança normal, humana, porque um homem
consegue carregá-la?” – Astra interrompe o silêncio, sem paciência.

“E no pescoço?” – Zari pergunta com uma careta de nojo.

“Ah, porque o que eu sei dessa mutação também é a questão da extração, porque o
bebê se alimenta do seu primeiro receptor humano, seja ele de qualquer gênero. Ele não
precisa necessariamente se alimentar, mas é como acontece. E geralmente os
alienígenas não ligam se o humano morre porque o bebê sempre encontra uma humana
depois, de uma forma ou de outra” – E a sala novamente fica em silêncio absoluto –
“Meu Deus vocês estão me olhando muito assustados agora."

“Dammit Gary, só diga quanto tempo temos para encontrar uma forma de tirar
aquele feto do Rory e onde temos que colocá-lo depois de tirar!” – Sara comanda.

“Ta bem! Eu acho que temos uma semana para encontrar um jeito de tirá-lo e o
colocamos em outro humano, bom, uma humana na verdade. E ela vai ter uma gravidez
muito rápida e estranha, mas vai ficar tudo bem por que o bebê não come a ultima
receptora, a gestação é repentina, mas segue um ciclo parecido com o de vocês por 4
meses." – Ele sorri mostrando todos os dentes – “Eles são humanos com genes
alienígenas, conhecendo minha espécie talvez eles sejam só esquisitos mesmo ou podem
vir com algum poder que vocês humanos acham incrível.”

“Ta bom, então daqui uma semana o Rory não pode mais estar grávido, o bebê
cresce super rápido na barriga de uma mulher e depois pode virar ou não uma
supergirl?” – Zari resumiu.

“Acho que sim." – Sara mal terminou de ouvir a resposta de Gary para começar a
ordenar a equipe.

“Tudo bem. Gary, Spooner e Nate descubram tudo o que puderem sobre esse
híbrido e sobre a espécie de Gary, precisamos de toda informação que puderem achar.”
– Nate balançou a cabeça e abraçou Gary levando-o para fora da ponte com Spooner os
seguindo – “B e Zari, podem acompanhar o Mick até a medbay para que a Gideon possa
examinar o pescoço dele?” – Mick respondeu o comando discretamente seguindo as
ordens de sua velha amiga.

“E quanto a mim?” – Pergunta Astra, confusa.

“Você não tem que estudar?” – Sara vira para a encarar a mulher encostada na
porta do office de Sara.

“Mas...”

“Sem mas, nós conseguimos sem você. Constantine vai precisar da sua ajuda
quando voltar e você tem de estar preparada.” – Sem conseguir argumentar com Sara,
Astra adentra o office novamente para enterrar a cabeça nos livros.

“Acho que você esqueceu de alguém, Capitã.” – Ava pergunta com um smirk
amável.

“Nope. Eu precisava de você sozinha.” – Sara se aproxima os poucos passos que


havia dado em direção aos seus amigos, que, a afastaram do toque de Ava em suas
costas.

“Se eu preciso estudar não quero ter de ficar ouvindo as safadezas das minhas
amigas que são ridiculamente fofas e ridiculamente nojentas na mesma proporção.” –
Sara revirou os olhos, apenas agarrando os dedos de Ava e puxando-a para outra parte
da Waverider, e o lugar mais perto era a cozinha.
“Sara, o que está acontecendo?” – Ava pergunta preocupada ao ver Sara se sentar,
encostar os cotovelos na mesa, segurando a cabeça em suas mãos como quem tem todo
o peso do mundo nas costas.

“Eu não achei que fosse ser tão rápido...” – Sara murmura baixinho, sentindo Ava
se aproximar da mesa e sentar-se ao seu lado.

“Bom, ele é um híbrido, assim como você...” – Ava diz, uma leve insegurança em
sua voz que diz a Sara que ela não sabe se é exatamente sobre isso que estão
conversando ou não.

“Yeah but... Nós não sabemos nada sobre ele ainda.”

“Nós vamos saber! Vamos saber tudo o que pudermos e temos o Gary, tudo bem
que ele não entende muito dessa mutação, mas ele é da mesma espécie então não deve
ser muito diferente.” – Reconforta Ava, acariciando os ombros de Sara.

“É muito arriscado" – Sara olha nos olhos de Ava pela primeira vez desde que
entraram na cozinha e Ava vê alguma coisa naquele azul cintilante, algum sentimento
que Ava não conseguia nomear.

“O que na nossa vida não é perigoso? Sara...” – Ava entrelaça seus dedos com os
de Sara, preocupação e amor marcados em seu olhar. – “O que você está pensando?” –
Pergunta Ava em um sussurro.

“Estou pensando que esse bebê precisa de alguém. Mick aparentemente não o
quer por ser diferente. Gary deveria ter nos contado antes sobre o bebê precisar de uma
humana receptora, e...” – Um longo suspiro deixa os seus lábios ao mesmo tempo que
Sara cobre a mão de Ava com ambas as suas – “E estou pensando que faz pouquíssimo
tempo que conversamos sobre isso, e eu sei que está muito cedo ainda pra nós e um
bebê, não é?” – Faziam suas semanas que Sara voltou do espaço, duas semanas que elas
estão noivas e nessas duas semanas, Ava viu Sara desenvolver um novo tique nervoso.
Essa não é a primeira, nem a segunda vez que Sara brinca inconscientemente com o anel
de noivado no dedo de Ava, e naquele momento Ava se pergunta como Sara não
percebeu. É extremamente cativante e adorável, a forma como Sara se permitia ficar
vulnerável diante Ava.
“Tempo é só um número nesse contexto.” – Ava aproxima ainda mais o seu corpo
de Sara, seus dedos encontram-se com os cabelos macios de sua noiva para colocá-los
atrás de sua orelha – “Você está pronta? Para ser chamada de mamãe?”

“Pronta? Não sei, eu não sei nada sobre como criar um bebê, muito menos um que
é metade alienígena” – Ava consegue identificar o começo de um leve pânico no tom de
voz de Sara, e ela sorri levemente.

“Você é metade alienígena, o bebê também é. É como se o tempo quisesse que


acontecesse. Não consegue sentir? É como se ele já fosse nosso.” – Ava diz sussurrando
porque as lágrimas que se reuniram em seus olhos fizeram com que um caroço em sua
garganta se formasse, impedindo-a de falar normalmente. As emoções surgiram de
repente e sem aviso, um turbilhão de emoções que estavam fazendo o coração de Ava
bater mais rápido.

“Ava...” – Sara murmura seu nome e inclina seu rosto levemente para o lado,
apertando a mão de sua noiva que continuava entre uma das suas.

“We can do this, Sara. We can do this" – O sorriso enorme de Ava acalenta o
coração de Sara e com poucas palavras tiram todo o peso que ela sentia nas costas.

“Tem certeza?” – Uma faísca de dúvida ainda permanecia, Sara não queria de
forma alguma impor isso à sua noiva.

“I want it all, remember?” – As loiras sorriram uma para a outra, um sorriso cheio
de amor e animação para com o que estava por vir.

“Vem cá” – Sara sem precisava pedir, Ava já estava indo ao encontro de seus
lábios num beijo doce e emocionado.

“Precisamos conversar com o Mick sobre isso, ver se ele concorda...” – Ava diz
assim que o beijo é interrompido.

“Yeah. E precisamos saber qual de nós duas é compatível com o bebê.”

“Gary disse que o receptor tinha de ser uma humana. Acho que seria mais seguro
se eu...” – A revelação de que Ava queria carregar o filho delas, a pegou desprevenida.
Ava precisou respirar fundo para continuar – “Eu quero carregar o nosso filho, Sara. Se
eu puder, se minha composição clonada me permitir.”
“Yeah?” – As lágrimas que ambas estavam segurando escapam como fugitivas
por seus rostos, a felicidade nunca foi tão simples.

“Yeah, a não ser que você queira...” – O nervosismo único de sua noiva era tão
fofo.

“Não, eu só quero que você tome essa decisão sem eu te influenciar. Mas o que eu
mais quero é chegar em casa e conversar com o nosso filho dentro de você.” – A voz de
Sara quebra no fim, o que mostra claramente as suas emoções emergindo do mais
profundo de sua alma. Quem diria que a Capitã da Waverider, a temida Sara Lance, ex-
vigilante, ex- assassina treinada pela Liga, ressuscitada com uma bloodlust
incontrolável, chegaria a ter o coração cheio de amor e felicidade depois de todo o
inferno que passou.

“Vamos lá, Senhorita Lance.” – Ava se levanta dando risadinhas e estendendo sua
mão para sua noiva que aceita sua oferta de ajuda. Com os seus dedos entrelaçados, Ava
e Sara caminham até a medbay para ter uma conversa séria com Mick Rory.

“Capitãs, eu estava prestes a chamá-las. O Senhor Rory está perfeitamente bem e


o feto foi localizado em seu pescoço. A sua anatomia é confusa devido a sua
combinação alienígena, mas já posso constar alguns órgãos humanos em fase de
desenvolvimento. Se a informação do senhor Green estiver correta, temos 3 dias até que
o feto sinta o ímpeto de alimentar-se de seu primeiro receptor.” – Gideon começou a
reportar prontamente, assim que as loiras entraram na medbay.

“Tudo bem, então tire logo de mim!” – Rory murmurou, fechando os olhos e
esticando seu pescoço, esperando que Gideon começasse a cirurgia prontamente.

“Mick, temos que conversar.” – Sara começou.

“Não Sara. Eu sei exatamente o que vocês vão falar, que é minha
responsabilidade, mas eu já tenho minha filha e nesses dias que eu passei com ela nós
conversamos e eu tenho responsabilidades com ela! Eu sumi da vida dela por tempo
demais e agora ela precisa da minha ajuda. Não posso e não quero esse bebê e Lita deu
a ideia de que vocês podiam adotá-lo e eu posso ser o tio Mick. Por favor? Eu quero
muito ajudar minha filha.” – Zari e B que estavam com Mick, conversando sobre a
possibilidade de Ava e Sara aceitarem uma adoção não convencional, possuem
expressões de orgulho por seu amigo de ter tomado tal decisão.
“Ahm...” – Ava deixa o som escapar quando ela tem de forçar sua boca a se
fechar. Ela realmente não esperava por essa, ela estava preparada para tudo, menos a
cena de um Mick Rory praticamente implorando para que elas adotem seu filho e que
elas o criem como delas, que ele possa vê-lo crescer como um tio, parte de sua família
mas não com o título de pai.

Mais uma vez, em pouco menos de uma hora, as lágrimas descem de seus olhos
sem sua permissão.

“Vai ser uma honra ser a mãe desse bebê, Mick" – Ava declara com toda
confiança que o seu acelerado coração possui, alcançando toda a força necessária para
que suas palavras não se quebrem dos dedos de Sara ainda entrelaçados nos seus.

“Sério?” – O homem perguntou com um biquinho nos lábios. Mick sempre foi um
homem muito durão e significava muito para todos na sala que ele os deixassem
conhecer por inteiro.

“Na verdade eu ia dizer a mesma coisa. Eu e Ava, nós...” – E Sara sentiu que tinha
de dar uma pausa e sentir esse momento, o momento que tudo ia mudar – “Nós estamos
prontas para o próximo passo.” – Sara declara sorrindo.

Ava consegue ouvir o gasp de Zari assim que Sara solta sua mão para ir até Mick
para um abraço emotivo. Em poucos segundos, ela sente os braços de sua amiga
portadora do totem ao seu redor, as lágrimas ainda caindo de seus olhos fazem sua boca
ter um gosto salgado. Toda a tensão deixa o seu corpo ao ouvir Behrad softly
congratulating her, sua palma acariciando as costas de Ava.

Parecia que tudo estava acontecendo em câmera lenta, Sara e Mick conversando
com sorrisos no rosto enquanto B animadamente anuncia que os restante da família
precisava saber da notícia. Zari parecia ser a única coisa que manteve Ava de sair
flutuando de felicidade pela nave, mantendo-a em seus braços enquanto ambas choram
silenciosamente, felicidade em cada lágrima.

“Desculpe interromper Capitãs, mas acabo de terminar minha análise em meu


banco de dados de técnicas cirúrgicas e acabo de constatar que posso performar a
cirurgia eu mesma em poucas horas. Estou confiante na minha análise de 78% de
chances de sucesso" – Gideon tira todos de seus transes de felicidade, sempre a estraga
prazeres. O pensamento faz Ava querer soltar uma risadinha feliz. Não importa que eles
possuem 78% de chances, se Gideon só tivesse 1% de sucesso com a cirurgia, Ava tem
a absoluta certeza que mesmo assim ela tentaria. Aquele bebê já possuía muito mais do
seu coração que Ava conseguia admitir nesse momento.

“Gideon, preciso que você faça uma checagem para ver se eu estou apta para
receber o bebê” – Ava responde baixinho.

“Você... É você que vai carregar?” – Zari pergunta ainda com o sorriso no rosto. E
o sorriso de Ava fica impossivelmente maior seus olhos brilhando de felicidade.

“Yeah" – Sua resposta foi mais uma respiração entrecortada do que uma palavra
propriamente dita. Ava se sentia sem fôlego, a felicidade parecia apertar sua caixa
torácica.

“Eu faço esse tipo de checagem todas as vezes que preciso consertá-los de suas
missões pelo tempo” – Gideon informa – “A senhorita está em perfeitas condições
biológicas de receber o feto, mas devo advertir que o processo parece ser rápido, em
algumas semanas você irá sentir o efeito de uma gravidez avançada, será como sentir
em 2 dias o efeito de 2 meses da gravidez humana.”

“Soa severo" – Zari declara preocupada.

“Será meu bebê. I can take it" – Ava diz as palavras encarando os olhos azuis de
Sara que encontram os seus do outro lado da medbay. O sorriso que elas
compartilhavam era unicamente delas.

“Eu estou feliz por vocês" – Rory diz com sua voz rouca e alta, confiante de sua
decisão.

“Obrigada, Mick. Por tudo.” – É tudo que Ava consegue dizer antes do restante
das lendas adentrarem o recinto fazendo bagunça quebrando o contato de olhares entre
Ava e Mick ao puxarem a co-capitã para um abraço que compunha Nate e Gary a
apertando enquanto declaravam o quanto aquela notícia era boa. Ava ri abertamente,
compartilhando do sentimento de pura alegria de toda sua família.

Spooner dá felicitações a Sara que a puxa para um abraço que Spooner aceita sem
muita hesitação. Afinal, Ava está certa, o tempo é só um número, não importa que Sara
e Spooner se conhecem a pouco menos de 2 semanas, o sentimento de família já
adentrou o coração de ambas. Spooner era uma lenda agora. Assim como Astra, que
sorri largamente com lágrimas nos olhos, mas mantém sua distância. Ela só precisa mais
algum tempo para se abrir.

“Alright, alright!” – Sara chama a atenção de todos quando tem Ava ao seu lado,
um de seus braços circulando seu quadril de forma levemente possessiva e orgulhosa. –
“Acho que todos nós precisamos deitar e deixar a ficha cair. Amanhã vamos nos
concentrar na cirurgia. Um passo de cada vez.” – Ela diz em sua melhor voz de Capitã.

“Então já podemos começar a sonhar com um bebê Avalance andando pela


Waverider?” – Zari pergunta animada.

“Sim, e vamos precisar da ajuda de vocês. Essa casa é de todos nós e queremos
tomar esse passo com vocês. Somos eu e Sara, mas também somos todos nós, como
uma família.” – Ava responde emotiva.

“Isso mesmo, vamos precisar de ajuda em algumas reformas, na retirada das


roupas do quartinho pequeno e etc" – Sara começa a listar em sua cabeça tudo que
precisa ser feito em 5 meses.

“Ah eu vou amar ajudar no quarto dela!” – Astra surpreende ao responder.

“Ou dele!” – Gideon lembra.

“Podemos chamar o Ray para os móveis!” – Nate exclama animado.

“E o senhor Jackson para algumas das reformas!” – Gary propõe.

“Amanhã, vamos nos preocupar sobre isso amanhã. Todos para a cama!” – Diz
Sara interrompendo o espiral de animação de seus amigos. Quando todos começam a se
dispersar entre os corredores da Waverider, Sara chama: - “Hey, Mick?” – Quando ela
têm certeza que tem a atenção do homem, ela continua – “Cuida do meu bebê por hoje,
yeah?”

Mick sorri e confirma com a cabeça, andando até seu quarto que logo seria
esvaziado devido a sua saída para ir morar perto e no mesmo tempo de Lita.

Sara sentiu Ava suspirar em seu ombro e encostar sua cabeça ali. Sara não
conseguia ver seu rosto, mas ela praticamente ouve o sorriso de Ava quando ela diz:

“Amanhã vamos estar grávidas.”

CAPITULO 3
Sara não conseguia ficar parada por nenhum segundo, sua mente estava mil e seus
pés andavam de um lado para o outro. E se não der certo? São 22% de chance de tudo
dar errado, 22% de chance do bebê se machucar com a cirurgia, 22% de chance de Ava
e o bebê não serem compatíveis, 22% de chance de toda aquela alegria terminar da
mesma forma de começou, de repente. Sara tem seus olhos assombrados pelas
possibilidades, pelas inseguranças e principalmente pelos medos que surgiram assim
que a porta da medbay se fechou diante dela, separando-a de Ava.

Isso aconteceu horas atrás. Os minutos pareciam se arrastar e zombar dela. Suas
unhas estavam em ruínas, suas mãos tremiam levemente pela falta de alimento (Nate e
Zari tentaram várias vezes fazem Sara comer alguma coisa, mas desde que Gideon
anunciou que havia iniciado a cirurgia, Sara não conseguia pensar em mais nada além
de sua noiva e seu bebê. O estômago revirou e ela quase colocou tudo pra fora quando
Nate lhe trouxe um prato quente), sua mente parecia um campo de batalha onde uma
voz dizia que tudo ia dar errado e que ela merecia porque Sara tirou muitas vidas,
primeiro em Lian Yu, depois na Liga dos Assassinos e a conta vai ficando cada vez
maior dali em diante. Do outro lado do campo de batalha, uma voz que Sara tinha quase
certeza que é a voz de Ava, rebate que Sara já teve de fazer grandes sacrifícios, já
perdeu muitos e que a conta de vidas que ela salvou já é maior em comparação com as
vidas que ela tirou.

“Se você continuar assim, vai fazer um buraco no meio da ponte que ninguém vai
conseguir consertar” – Spooner brinca, sentando-se nas escadas que levavam ao
escritório de Sara.

“Eu preciso saber se ela está bem, só ai eu vou conseguir parar" – Sara responde
de costas para Spooner, sem nunca interromper a linha reta que seus pés criaram para
extravasar seus sentimentos.

“Ava é uma mulher forte. Ela quase não dormia quando você estava no espaço,
comia quando era obrigada e estava sempre procurando. Ela é uma das mulheres mais
determinadas que já conheci.” – Spooner nem percebeu que conseguiu fazer Sara parar
de andar de lá pra cá.

“Vocês ficaram muito amigas, não é?” – Esperanza levanta o olhar para encontrar
os olhos azuis de Sara a analisando, uma desconfiança pairando sob seu olhar.
“Então Sara Lance é uma mulher ciumenta? Me falaram muitas coisas sobre você,
mas isso eu ainda não tinha conhecimento.” – A latina diz com um smirk no rosto, os
olhos brilhando em diversão.

“Não!” – Sara responde rápido, rápido demais para que Spooner não a pegue na
mentira, e Sara tem certeza que não vai escapar dessa quando vê a latina arqueando uma
de suas sobrancelhas em sua direção. – “Fine. I am a little jealous, mas não é o que você
pensa.” – A loira suspira. Em passos rápidos, Sara se senta ao lado da latina. Sara se
sente tão frágil nesse momento, a preocupação de horas acumuladas pesaram e Sara teve
de se esforçar para não desmaiar ali mesmo. – “Eu só quero que ela seja feliz. E eu sei o
quanto toda a nossa história é conturbada. Eu nunca sei se realmente faço bem a ela.
Mas eu não consigo mais...” – Sara sentiu as lágrimas cortando sua fala – “Não sou
forte o suficiente para ficar longe dela.”

“So don’t” – Esperanza responde com um brilho no olhar, o mesmo brilho que
Sara viu antes. Ela conheceu Spooner no dia que as lendas tentaram salvar Sara de ser
abduzida. A única diferença dessa mulher em sua frente para aquela que ela conheceu, é
que ela tem nos lábios um sorriso muito maior. – “Eu não conheço toda a sua história
ainda Sara, não conheço toda a sua história com a Ava. Mas eu consigo ver amor
verdadeiro quando eu olho pra vocês. Eu não entendia, como Ava podia estar tão
disposta a sacrificar tudo por alguém. Até eu te conhecer e ver o mesmo brilho nos seus
olhos. O mesmo brilho que eu vi por meses nos olhos de Ava e que por um instante eu
vi se apagar completamente.”

E Spooner foi teletransportada para aquele momento, o momento em que Amelia


confirmou a morte de Sara. Ela viu de camarote o brilho dos olhos de Ava se apagarem
por completo, seu olhar opaco e sem vida acompanhando seu corpo que teria ido ao
chão sem o apoio de Zari. Era como se uma parte de Ava foi arrancada dela por conta
das palavras de Spooner. Aquele foi um dos momentos mais dolorosos de sua vida.

“Não se trata de ter forças para se afastar, Sara. É sobre ter forças e esperança para
conseguir levantar toda vez que a vida te derrubar. É sobre ter forças de permanecerem
juntas mesmo contra tudo que jogarem no colo de vocês. E o que eu vi ontem, na
medbay, você tem a esperança.” – Esperanza termina.

“What about the strength?” – Pergunta Sara com lágrimas escorrendo por seu
rosto.
“Você está aqui, não está? Depois de tudo, contra todas as coisas que a vida jogou
em você, você escolheu estar aqui e não desistir de voltar pra ela. Você não desistiu
Sara, nem por um segundo. Sabe como eu tenho certeza disso?” – Spooner ouviu Sara
engolir seco e respirar fundo, era como se Sara quisesse tirar forças das palavras dela. E
quer saber? Esperanza queria poder dar a Sara o que não conseguiu dar a Ava algumas
semanas atrás. – “Por que você está aqui.” – Ela responde sorrindo com um tom que
implica a obviedade daquela resposta, se inclinando em direção a Sara para acompanhar
de perto a risada da Capitã da Waverider.

“Thanks, Spooner” – As duas compartilham de um sorriso antes de serem


interrompidas.

“Sinto muito por interromper, Capitã Lance. Mas gostaria de anunciar que a
cirurgia foi um sucesso.” – Sara fecha os olhos deixando um suspiro aliviado escapar,
seu corpo sente um peso sair de cima de seus ombros.

“Posso vê-la?” – Sara pergunta baixinho.

“Sim, Capitã Lance. Ela deve acordar em alguns minutos.” – Instruiu Gideon.

“Obrigada, Gideon. Por tudo.” – Sara agradece ao se levantar e limpar os rastros


de lágrimas de seu rosto com a manga da camisa.

“Foi um prazer, Sara.” – Spooner tinha cada vez mais certeza que aquele
computador era uma pessoa de verdade, tão real quanto os alienígenas que as
abduziram.

“Eu acho que vou...” – Disse Sara para a latina, apontando o dedo em uma direção
qualquer. Spooner responde com um sorriso no rosto.

“Vai lá.”

Em poucos instantes Sara está entrando na baía médica com o coração acelerado.
Sem fôlego, Sara entrelaça seus dedos com os de Ava, observando sua noiva
atentamente. Ava sente os lábios de Sara em sua bochecha e é o que a puxa da
inconsciência. As luzes estão muito brilhantes e enquanto Ava vai piscando e se
adaptando, ela jura que Gideon diminuiu a intensidade das luzes. Ah, Gideon. Obrigada
Gideon. É o primeiro pensamento de Ava que inconscientemente pousa a palma de sua
outra mão, a que Sara não está agarrada, em cima de sua barriga. Em cima de seu filho.
Ou filha. Meu deus, eu estou grávida. É o segundo pensamento de Ava, antes de ouvir a
voz de Sara.

“Babe?” – Sua sussurro é soft.

“Sara...” – Havia tanta coisa para se dizer naquele momento, mas... – “Vem cá” –
Pediu Ava baixinho. E foi só após o beijo mais doce do mundo, que Ava realmente abre
os olhos, os azuis se encontrando mais uma vez. – “Oi" – Diz com um sorriso grogue
nos lábios.

“Hi!” – Responde na amused Sara, seus olhos brilhando, um sorriso sapeca em


seus lábios – “How was your beauty nap?”

“I don’t feel beautiful rigth now...” – Ava responde soltando os dedos de Sara e
passando her fingertips nervously through her hair.

“Você está sempre linda, você é linda" – Declara Sara segurando uma das
bochechas de Ava. Ava sorri softly para sua noiva.

“Are we pregnant?” – Ava quis saber, seus olhos se enchendo de lágrimas. Ela
primeiro sentiu seu coração dar um salto dentro do peito para começar a bater mais
rápido. Depois Ava percebeu a máquina ao seu lado mostrando que seus batimentos
ficaram de fato mais acelerados.

Sara se aproxima do corpo de Ava. Sem pensar, Sara segura o quadril de Ava
contra a cadeira e pousa seu ouvido na parte inferior de sua barriga. Seus olhos se
fecham e toda a concentração da Capitã era comprovar, de alguma forma que o bebê
estava confortável em sua nova casa. Alguns segundos se passaram onde Ava prendeu
sua respiração em expectativa.

Please.

Please, please, please.

De repente, o barulho inegável de um coração batendo num ritmo mais acelerado


que o de Ava preencheu a sala. A Sara apertou seus olhos permitindo pela primeira vez,
que as lágrimas escorressem livremente. Um suspiro aliviado saiu de seus lábios quando
sua testa encontrou o ventre de Ava.
“Eu te amo" – Ela sussurrou super baixinho, como se aquele fosse um segredo
compartilhado apenas pelos dois, o primeiro segredo entre mãe e bebê.

“Sara...” – Ava chamou, emoções fazendo seus pulmões entrar em colapso. Ao


movei seu braço na direção de Sara, Ava sentiu uma pontada de dor e foi só então que a
loira mais alta percebeu que todo o seu torso queimava, seus seios pareciam inchados e
sensíveis. – “Fuck" – Ava diz ao soltar o próprio braço que volta a repousar no encosto
da cadeira.

“Gideon?” – A pergunta foi feita por Sara apenas com uma palavra.

“Eu sinto muito Capitã. A boa notícia é que a Capitã Sharpe e o bebê se
encontram bem e a cirurgia foi um sucesso. Contudo, a má notícia é que nos próximos
dias, o corpo de Ava vai passar por transformações repentinas. Nesse instante, o corpo
da Co-Capitã está sentindo os efeitos dos hormônios que o bebê está liberando em seu
sistema e não há nada que eu possa fazer.” - Gideon não interrompe seu longo discurso,
mesmo percebendo as capitãs beijando-a com sorrisos enormes nos lábios.

“Acho que a Gideon quis dizer que eu estou produzindo leite, like, right now.” –
Ava rebate Gideon fazendo uma careta adorável. Mas além disso, Sara não pôde
controlar o seu próprio olhar que se focou nos seios de sua noiva. Sara sempre foi uma
bissexual atraída por seios, e Sara viu um número n de seios por sua vida. Portanto, ela
acredita ter o poder de experiência para declarar que os seios de sua noiva eram um dos
meios bonitos do mundo. Sara sempre tenta não pensar que são seios feitos
perfeitamente para uma mulher perfeita. Ela tenta nem mesmo pensar na palavra com
c.

“God, why do I find that incrivelmente excitante?” – Sara diz, apertando os


quadris de Ava, aproximando seus rostos novamente. Antes de fechar os olhos para
beijar sua noiva, Ava conseguiu ter um flash rápido dos olhos de Sara e a malícia que
ela viu ali... Seu corpo todo sentiu o arrepio.

“Em algumas horas, a Capitã Sharpe poderá tomar um advil para as dores. Após
uma boa alimentação e um banho, claro.” – Gideon rudemente interrompeu.

“Gideon vai ficar ainda mais mandona, não é?” - Ava perguntou baixinho, como
se ela não soubesse que a AI conseguiria ouvir de qualquer jeito.
“Espera só nosso bebê começar a falar. Tenho certeza que ele ou ela vai ter
Gideon na ponta de suas mãozinhas.” - As loiras ouviram um barulho que chegou muito
perto de um snort acompanhando a próxima fala de Gideon.

“Eu posso afirmar que todo desejo da minha futura Capitã, será uma ordem!” -
Gideon declara orgulhosamente e as duas loiras gargalham.

“Futura capitã?” - Ava pergunta quando a risada vai morrendo em sua garganta.

“Parabéns, vocês terão uma menina!” - Gideon anuncia e Sara que já viu a forma
humana de Gideon pode quase ouvir o sorriso feliz da AI.

“Uma menininha!” - Considera Sara - “Uma menina com os seus olhos e os seus
lábios. Cabelos loirinhos e toda elegante como a mãe dela... Eu gosto disso!” - A ex-
assassina narra sua visão com felicidade emanando por cada poro.

“Eu não acredito nisso!” - Ava sussurra assim como quando elas se encontraram
pela primeira vez depois da abdução de Sara. O beijo que se seguiu foi doce e rápido
pois parecia que o momento estava acontecendo de forma tão intensa que elas se
sentiam breathless.

Suas testas se encontram e elas apenas respiraram o mesmo ar por alguns minutos,
ouvindo os batimentos de Ava e do bebê que ainda preenchiam a medbay. O momento
teria se estendido se não fosse por Gideon perguntando se a equipe podia ser informada
do estado de Ava. Ambas confirmaram que a família deveria fazer parte daquele
momento e enquanto Gideon falava com todos a bordo, Sara ajudou Ava a se levantar
devagar. Suas pernas tremiam e Ava sentia que seus seios explodiriam só pelo contato
de sua blusa em sua pele sensível. Mas a dor era suportável. E nada ia ficar no caminho
dos abraços que Ava sabia que receberia de seus amigos.

Sara segura seu quadril, a mantendo de pé e ao seu lado e é nesse abraço lateral
que toda a equipe as encontram, todos contentes de ter notícias de Ava e saber que deu
tudo certo. Todos falam ao mesmo tempo e risadas infiltram os sentidos de Ava. Os
abraços não são apertados pois Sara faz questão de dizer a cada um que sua noiva está
sensível com um sorriso no rosto. É engraçado que a bagunça das lendas era uma das
coisas que mais irritavam a antiga diretora do Time Bureau, e hoje é uma das coisas que
mais a conforta. Não é louco? Como as coisas mudam...
“Alright, quando vamos conseguir saber o sexo do bebê?” - Zari pergunta
animada.

“Gideon acabou de nos dizer que o bebê é uma menina.” - Sara diz com um
sorriso que parecia que ficaria colado em seus lábios para o resto de sua vida.

As lendas comemoram e aplaudem como o grupo de bobos que são e tudo que
Ava consegue fazer é rir. Observando tudo o que estava acontecendo ao seu redor,
observando a felicidade no rosto de todos, Ava agradece a quem quer que esteja
ouvindo, agradece por cada mudança e por cada decisão que levou cada um ali àquele
momento.

“Pessoal!” - É a voz de Sara que a tira de seu transe. - “Ava está cansada. 3la
precisa de um banho, um a janta, remédios e o restante do dia calmo.”

“O que a nossa princesinha está com vontade de comer?” – Nate pergunta , sua
voz afinando como quando se fala com uma criança. Seus olhos encaravam os azuis de
Ava que por um segundo não entendeu porque Nate estava falando com ela como se ela
fosse criança. Mas a conversa com Sara sobre sua produção de leite a forçou a
compreender.

“Acho que ficaríamos felizes com Ravioli de camarão...” – Ava diz confusa com o
quanto foi específica.

“É pra já!” – Nate saiu da medbay na intenção de cozinhar. Zari e Gary se


entreolham e saem junto com Nate.

“Você cuida do banho enquanto nós ajudamos ela a chegar no quarto.” – Spooner
propõe.

“Vou ver se temos advil e se não, vou fabricar mais.” – Astra diz daquele jeito
dela, como se o mundo estivesse aos seus pés.

“E eu vou voltar a ficar com o Mick. Ele estava com uma leve dor de cabeça então
estou tomando conta dele.” – Behrad diz sorrindo, também saindo do recinto.

“Te vejo em um minuto.” – Sara diz a Ava. Ava recebe um beijo na bochecha e
em poucos passos, Sara was gone. Mas Spooner estava lá, com braços que logo
circularam Ava em um abraço leve.
“Estou feliz por você.” – A latina diz.

“Thank you, Spooner. Thank you.” – Nenhuma das duas reconheceu tudo o que
Ava estava agradecendo. Ambas apenas começaram a andar em direção ao quarto de
Ava e Sara com Esperanza deixando que Ava se apoiasse dela quando necessário.

A caminhada durou bem mais do que o normal, as pernas de Ava estavam fracas e
ela realmente começou a sentir dores nos seios. Como se algo quisesse sair.

“I'm gonna need another favor.”

“Hey" – Sara as encontra na porta do quarto com um sorriso no rosto. Ava sorri de
volta e observa quando Sara dá um passo a frente e Spooner dá dois pra trás e como
numa dança, rapidamente Ava tem uma troca de braços que a circulam. Spooner se
retira depois de piscar para Ava.

Sara a leva para o banheiro com paciência e tira suas roupas com cautela. Assim
que seus seios são libertados de suas prisões, Ava solta um grunhido de dor.

“You ok, babe?” – Sara pergunta, terminando de jogar o sutiã no chão.

“Yeah" – E Ava fecha os olhos para se concentrar na sensação dos dedos de Sara
tirando sua calça e logo depois sua calcinha. Ava teve de respirar fundo antes de
encontrar os olhos de Sara, porque Ava sabia que encontraria ali o mesmo desejo e
paixão que Sara encontrará em seus olhos.

É claro que Ava estava certa, e o olhar de Sara a deixa monetariamente breathless.
Mas logo o corpo de Ava está gritando pela temperatura que o vapor da água está
prometendo. A água morna relaxa seu corpo por completo quando ela submerge.

Uma batida na porta é a única coisa que interrompe longos minutos de


relaxamento onde Sara ficou sentada no chão brincando com os dedos de Ava que
apenas permitiu que seus olhos se fechassem. Sara se levanta e encontra Spooner do
outro lado da porta.

“Hey! Pode dar isso a Ava?” – Ela estende uma coisa parecida com uma
mamadeira.

“Sure!” – Sara responde, dando de ombros.

“Thanks!” – Ela diz simplesmente e saem em direção a cozinha.


“What's this, babe?” – Sara pergunta, adentrando novamente o banheiro.

“That...” – Ava fica insegura por um instante devido o quanto aquela informação
parecia intima, mas elas vão ter um filho, uma vida juntas. Nada mais é só dela, not
really. – “Eu acho que estou mesmo produzindo leite. Não sei se vou realmente usar
agora, mas já é um aparelho que vou ter que usar.” – Ela explica.

“Acho que vou passar em alguma livraria e buscar alguns livros de gravidez e
motherhood. O que você acha?” – Sara pergunta, realmente considerando.

“Eu adoraria que você fizesse isso. Tenho alguns livros que já estava pensando em
comprar." – Ava responde animada.

“Of course you do.” – Sara diz roubando um selinho de sua noiva, em seus lábios
o permanente sorriso feliz. Por que é claro que a ex diretora do Time Bureau,
organizada Ava já havia pesquisado sobre tudo isso. Sara nunca foi tão sortuda.

A loira mais alta aceita a ajuda da noiva para se secar. Ava escolheu vestir um pijama
em formato de camisola que facilitaria sua recuperação e o tecido era um pouco mais
soltinho. Sara a depositou na mesa que elas possuem no quarto e Gideon informou que
Nate já estava chegando com o prato do casal.

“Como está se sentindo?” – Pergunta Sara ao se sentar ao lado de Ava.

“Happy... And sleepy" – Responde Ava facilmente – “But mostly happy.” – A Co-
Capitã sorri com uma expressão de contentamento e paz na face que faz seu rosto
parecer mais jovem. A felicidade fica linda em Ava.

“Me too. I was so worried" – Os dedos de Sara encontram os de Ava e se conectam


como imãs.

“I know. Mas tudo vai ficar bem, babe.” – O sorriso de Ava acalenta toda e qualquer
preocupação de Sara. Elas ouvem uma batida na porta e logo Nate entra no quarto com
um sorriso orgulhoso no rosto.

“Sua refeição, madame" – Ele diz engrossando a voz e os pratos são colocados na mesa
e Sara ri da forma como Nate estava claramente fingindo que ele era um garçom de um
restaurante chic.

“Obrigada, Nate” – Ava diz com um sorriso gentil e grato.


“No problem. You let us know if you need anything else, yeah?” – O homem fala com
preocupação nos olhos, mas fica satisfeito com o nod que Ava lhe oferece. Sara
observou a cena pensando no quanto Ava vai ser mimada e paparicada pelas lendas e
aquilo era tudo que Sara quer, na verdade tudo que Sara queria era que Ava
constantemente soubesse o quanto ela é amada.

Elas comem em um silencio confortável e logo elas se encontraram deitas na cama.

“Babe?” – Ava chama baixinho.

“Yeah?” – Respondeu Sara enquanto arrumava a coberta sobre ambas.

“Você se importa se eu dormir sem a blusa do pijama?” – O tom de voz da loira era de
receio e Sara quase consegue ver o frown de Ava e ela quase desejava que as luzes não
estivessem apagadas porque as caretas de Ava eram umas das coisas que Sara mais ama
em sua noiva.

“Babe, claro que não! Quer ajuda?”

“Yeah" – Quando Ava se encontra deitada na cama com os seios desnudos, Sara fica
salivando de desejo. Como uma mulher podia ser tão linda?

Com cuidado e de forma delicada, Sara deposita sua bochecha no ombro de Ava e um
de seus braços circulam sua cintura e as emoções do dia finalmente as alcança e o sono
vem com facilidade para ambas.

Ava encara os próprios olhos no espelho, ela percebe que o azul intenso tinham uma
escuridão penetrante, uma tristeza que ela não entendia. Ela desce seu olhar por todo o
seu torço e quando seus olhos pousam no barrigão de grávida, seu coração erra uma
batida, sua respiração pesa e lágrimas fazem sua visão ficar embaçada. Seus dedos
acariciam levemente sua pele nua, seus dedos tremem e sua respiração está
entrecortada, seu coração batendo mil por segundo.

“E lá está ela de novo na frente desse espelho...” – O choque de Ava é interrompido


pela voz do amor de sua vida – “Eu estou indo.” – Declarou ela simplesmente.

“Onde você está indo?” – Ava se viu perguntando, confusa.


“Você vai começar a perguntar o nome delas agora?” – Sara responde e mesmo sem
entender do que Sara estava falando, ela sabia que Sara ficou irritada com sua
pergunta, seu corpo tenso e seus lábios firmes em uma linha reta dizia muito.

“Delas?” – Sua voz treme e Ava não tem certeza se deveria estar perguntando porque
ela não sabia se queria saber a resposta.

“Oh you know...” – Sara cruza dos braços e se encosta no batente da porta do quarto
delas, um sorriso sacana adornando seus lábios – “The fuck buddys que eu tive de
encontrar já que minha namorada está inchada, gorda e totalmente unattractive.” – As
palavras quebram o seu coração e é como se Ava tivesse recebido um soco no
estômago – “Você é sem utilidade pra mim agora. Não consegue nos ajudar no
conserto da timeline, não consegue me dar o que eu quero... Hell, you can’t even see
your own feet right now, it’s laughable really" – Sara termina com uma careta de
desgosto e Ava quase esperava que ela cuspisse em sua direção.

Ava não conseguia entender, não conseguia pensar, não conseguia realmente
processar o que Sara estava falando. Seu coração se quebrou em mil pedacinhos e seus
joelhos se enfraqueceram e ela estava caindo e caindo e tudo que ela conseguia pensar
era: o bebê proteja o bebê!

Sara acorda de repente, sem entender o que a acordou, ela estava desorientada e confusa
até sentir um murmuro.

“The baby...” – Ava estava se mexendo muito, seu corpo tenso e sua respiração
acelerada. Sara apoia seu peso em um dos braços e estava decidindo se acordava ou não
sua amada quando Ava abre os olhos de repente, os olhos arregalados, o corpo tenso e
paralisado. Sara estava prestes a chamar por seu nome quando Ava gasped, suas mãos
seguram sua barriga ainda sem evidência de sua gravidez de forma desesperada. Ava se
contorce e Sara sente seu coração parar por completo quando Ava grita.

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