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KOFFI DJIMA AMOUZOU

Matemática financeira

1ª Edição

Brasília/DF - 2018
Autor
Koffi Djima Amouzou

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4

Introdução.............................................................................................................................................................................. 6

Capítulo 1
Taxa de Juros................................................................................................................................................................... 9

Capítulo 2
Regime Capitalização de Juros Simples...............................................................................................................15

Capítulo 3
Juro Exato e Juro Comercial ou Ordinário...........................................................................................................27

Capítulo 4
Regime de Capitalização de Juros Compostos..................................................................................................38

Capítulo 5
Métodos de Cálculo de Valor Nominal e Valor Atual em Regime de Juros Compostos...................... 52

Capítulo 6
Taxa de Juro Proporcional – Equivalente – Efetiva e Nominal.................................................................... 62

Referências .........................................................................................................................................................................74
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Cuidado

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

Importante

Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.

Observe a Lei

Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.

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Organização do Livro Didático

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Posicionamento do autor

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

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Introdução
A Matemática Financeira é uma disciplina essencial nas mais diversas áreas do conhecimento.
Os conceitos de Finanças são aplicados em geral em todas as áreas de planejamento financeiro,
para tomar decisões em análise de riscos nas operações de investimento de capital.

Muitas vezes, aplicamos a Matemática Financeira até mesmo na vida pessoal para o planejamento
das finanças pessoas sem perceber. Ao calcular a taxa de juro de um empréstimo bancário, ou
de tempo de aplicação de um investimento bancário, precisamos fazer alguns cálculos básicos
para determinar o risco do investimento que fazemos e para termos certeza de estar fazendo
um bom negócio, recorremos a especialistas em Finanças.

Já no ambiente profissional, a Matemática Financeira é utilizada de forma mais estruturada, para


encontrar as respostas para os problemas de retorno sobre investimentos e de tomar decisões
racionais de investimento com base nas diversas estruturas de prazos das taxas de juros impostas
pelas organizações e mecanismo de controle do mercado financeiro. Nesse caso, a Matemática
Financeira pode ser utilizada para determinar o percentual de reajuste nos preços dos fornecedores,
calcular o rendimento das aplicações financeiras da empresa, definir o risco de investimento,
identificar a taxa de retorno sobre investimento, calcular a anuidade de capitalizações, definir
o valor final ou o valor inicial de uma capitalização, as taxas de juros para títulos de dívida com
diferentes vencimentos podem ser encontradas por meio da Matemática Financeira, além de
saber do custo do dinheiro no tempo. Praticamente, a Matemática Financeira está presente
todos os dias em nossas vidas.

Por esses e outros motivos que a disciplina Matemática Financeira é tão importante para sua
formação! Começaremos a disciplina com o conceito do valor do dinheiro no tempo onde serão
apresentados os principais modelos de regimes de juros simples e de juros compostos. Em seguida,
as técnicas de análise de investimentos em que serão analisados os diversos tipos de taxas de
juros e as operações de desconto e, por fim, será apresentado o conceito de capitalização em que
serão mostradas as técnicas de cálculo de anuidades e de amortização de débitos.

Todos os conceitos que veremos serão ilustrados por exemplos que permitirão a você ter
uma visão de como eles são aplicados de forma prática. Como toda disciplina que envolve
cálculos, é fundamental que você leia o material didático com atenção e pratique os exercícios.
E praticar mesmo muitos exercícios para fixação. Somente assim você dominará os métodos
de Matemática Financeira!

A disciplina Matemática Financeira está dividida em três grandes competências consideradas nos
três Circuitos que veremos na trilha da disciplina disponível on-line para que possa entender de
forma fácil e rápida as aplicações da Matemática Financeira. Mas aqui o Livro Didático conterá

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seis capítulos divididos em três grupos de competências a seguir: Valor do dinheiro no tempo –
Técnicas de Análise de Investimento e Métodos de Capitalização.

Objetivos

» Compreender técnicas de análise do valor do dinheiro no tempo que consistem na


avaliação do retorno de um investimento, principalmente um empréstimo com base
no método dos juros simples e na dominação das técnicas de análise de investimento
com base nos métodos de juros composto.

» Entender as técnicas de análise de investimento.

» Compreender os métodos de capitalização.

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8
CAPÍTULO
TAXA DE JUROS 1
Apresentação

Você, com certeza, já precisou de dinheiro para comprar algo importante e constatou que
não tinha o dinheiro suficiente para essa compra. E qual é sua alternativa? Com certeza, usou
uma dessas alternativas: usar seu cheque especial, usar seu cartão de crédito ou ligar para seu
gerente e pedir um empréstimo, um Credito Direto ao Consumidor (CDC) na sua conta. Mas o
que geralmente as pessoas não entendem é a taxa de juros que será tomada no valor usado ou
aplicado. Para tanto, vamos entender o que étaxa de juros.

Objetivo

» Definir o que é taxa de juros.

» Explicar as expressões de taxa de juros e seus efeitos na dimensão do valor do dinheiro.

» Identificar os fatores que afetam a taxa de juros.

» Mostrar as relações da taxa do juro com o mercado financeiro.

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CAPÍTULO 1 • TAXA DE JUROS

Que é taxa de juro?

Literalmente, juro é, segundo o dicionário Barsa, “quantidade de dinheiro que se paga ou que se
recebe por utilizar ou emprestar certa soma de dinheiro por um período de tempo determinado;
interesse”; o dicionário continua definindo ainda juro como “rendimento que o credor aufere
do dinheiro que lhe é devido” ou “prêmio pago pela cedência, gozo ou aluguel de um capital”
ou ainda a juro mora como “indenização pago por atraso em pagamento devido”.

Assim, de maneira simples, o juro será considerado, o preço que se paga por tomar dinheiro
emprestado ou o retorno sobre uma aplicação ou investimento.

Do ponto de vista econômico, Foro (2012), define o juro como a remuneração, a qualquer título,
atribuída ao fator capital; ou o prêmio pago a um agente econômico para proteger o consumo (poupar).

Agora que sabemos o significado da taxa de juro, vamos, então, identificar os fatores que afetam
a taxa de juro e como elas variam. Esses pontos serão discutidos a seguir.

Fatores que afetam os juros

Vamos considerar nas três condições acima listadas na apresentação do capítulo que existem
dois fatores relevantes que afetarão os juros: o tempo do investimento que chamamos de período,
que é o tempo que levará para pagar o dinheiro tomado ou o tempo de aplicação do seu dinheiro
e o valor do capital ou o montante do dinheiro a ser tomado.

De maneira geral, existem dois fatores que afetam os juros: o tempo de aplicação e o valor do
dinheiro tomado.

Figura 1. Fatores que afetam a taxa de juros

Período
deTempo
de
Aplicação

Valor da
Aplicação

Fatores que
afetam a taxa de
juro

Fonte: Elaborada pelo autor.

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TAXA DE JUROS • CAPÍTULO 1

As relações da taxa de juro com o mercado financeiro

Sem dúvida você já deve ouvido as seguintes expressões no mercado financeiro: “taxas de juros
altos”, vamos diminuir o consumo! Ou “taxas de juros menores”, vamos comprar, vamos investir!
Enfim, são expressões usadas pelos produtores do mercado financeiro. Saiba antes de mais nada
que o mercado financeiro é composto de poupadores e de tomadores de empréstimo como
ilustrado na Figura 2 a seguir. As operações realizadas no mercado financeiro são consideradas
ou chamadas de transações financeiras que consistem em tomada de empréstimos ou em
poupança ou investimentos.

Figura 2. Mercado financeiro

Tomadores
de
Empréstimo

Poupadores

MERCADO
FINANCEIRO

Fonte: Elaborado pelo autor.

Como determinamos o valor do juro?

De forma prática, a determinação do valor do juro que é cobrado em qualquer transação financeira
é efetuada mediante a consideração de um coeficiente denominado taxa de juros. A taxa de juros,
que sempre é referida a certo período de tempo, mês, semestre, ano ou, até mesmo, dia; nada
mais é do que a remuneração pela utilização da unidade de capital durante o período a que ela
se refere. Ou seja, a taxa de juros é o “preço do dinheiro” tomado ou poupado.

As taxas de juros costumam ser apresentadas sob uma das duas formas equivalentes: forma
unitária ou forma percentual. A Figura 3 a seguir mostra as duas formas de equivalência da taxa
de juros.

11
CAPÍTULO 1 • TAXA DE JUROS

Figura 3. Forma equivalente da taxa de juro

Taxa de Juro

Percentual Unitária

Fonte: Elaborado pelo autor.

Genericamente, se consideramos como i a taxa de juros, C0 o capital aplicado (emprestado) e C1


o capital recebido no final de dado período de tempo, que tomaremos como unidade, teremos
os juros J auferidos na transação ou como preço do dinheiro tomado ou, ainda, como prêmio
do capital investido (emprestado) como:

Sendo a taxa de juros equivalente relativa ao período considerada será:

a. Na forma unitária

b. Na forma percentual

Quais os fatores que afetam taxas de juros pagos aos


poupadores?

De acordo com Foro (2012), como o capital no mundo pode economicamente ser considerado um
bem escasso, os juros podem ser entendidos como a remuneração paga por um agente econômico
pela utilização, em determinado período de tempo, do capital de outro agente econômico. Assim,
a taxa de juros paga aos poupadores depende basicamente de quatro fatores:

» taxa de retorno que os agentes poupadores esperam obter sobre o capital investido;

» das referências pelo tempo de consumo atual versus consumo futuro;

12
TAXA DE JUROS • CAPÍTULO 1

» do quão arriscado é o empréstimo;

» da taxa de inflação esperada no futuro.

Figura 4. Fatores que afetam as taxas de juros pagos aos poupadores

Retorno
sobre o
capital
investido

FATORES QUE
Inflação
AFETAM A Tempo de
consumo
esperada no TAXA DE JUROS atual versus
futuro
PAGOS AOS futuro

POUPADORES

Risco do
empréstimo

Fonte: Elaborado pelo autor.

Fatores que afetam o custo do dinheiro

Você sabia que existem fatores que afetam o valor do dinheiro no tempo?

Segundo Brighan (2016), existem quatro fatores fundamentais que afetam o custo do dinheiro:

» oportunidades de produção;

» preferências pelo tempo de consumo;

» risco;

» inflação do mercado.

Como isso acontece no mercado?


Para entender melhor o que são juros e os fatores que afetam o custo do dinheiro que operam
no mercado, partiremos do exemplo do Brighan em que considera uma comunidade de ilha
isolada de pescadores. A seguir, leia o exemplo e preste bem atenção a cada detalhe para você
entender melhor como os fatores operam no mercado financeiro.

Imagina uma comunidade em uma ilha isolada onde as pessoas vivem da pesca. Elas têm
um estoque de equipamentos de pesca que lhes permite sobreviver razoavelmente bem, mas
gostariam de obter mais peixes. Agora suponha que o Sr. Josué tenha tido uma ideia brilhante

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CAPÍTULO 1 • TAXA DE JUROS

para um novo tipo de rede de pesca que possibilitaria dobrar sua pesca diária. Porém ele levaria
um ano para aperfeiçoar seu desenho, construir sua rede e aprender a usá-la eficientemente,
e provavelmente morreria de fome antes que pudesse colocar sua nova rede em operação.
Entretanto, ele poderia sugerir à Sra. Josiane, ao Sr. João, e a vários outros habitantes que lhe
dessem um peixe por dia durante um ano, e ele devolveria dois peixes por dia durante o ano
seguinte. Se alguém aceitasse a oferta, o peixe que a Sra. Josiane ou algum de outros habitantes
dessem ao Sr. Josué se constituiria em poupança; essa poupança poderia ser investidas na rede
de pesca, e os peixes extras obtidos pela rede se constituiriam em retorno sobre o investimento.

Obviamente quanto mais produtiva o Sr. Josué imaginasse a nova rede de pescar, mais ele poderia
oferecer aos potenciais investidores em troca de suas poupanças. Nesse exemplo, supusemos
que o Sr. Josué tenha pensado que seria capaz de pagar, e assim ofereceu uma taxa de retorno
de 100% – ele propôs dar de volta dois peixes para cada um que recebesse. Ele podia ter tentado
atrair poupança por menos – por exemplo, ele poderia ter oferecido somente 1,5 peixe para o
próximo ano para cada um que ele recebesse naquele, o que representaria uma taxa de retorno
de 50% para os potenciais poupadores.

O atrativo da oferta do Sr. Josué para um potencial poupador dependeria em grande parte da
preferência pelo tempo de consumo desse poupador. Por exemplo, a Sra. Josiane poderia estar
pensando na aposentadoria e estar disposta a negociar o peixe de hoje pelo de amanhã na base de
um para um. Entretanto, o Sr. João poderia ter uma esposa e várias crianças pequenas e necessitar
de seu peixe atual, de maneira que poderia não estar disposto a “emprestar” um peixe diário por
qualquer coisa abaixo de três peixes para o próximo ano. O Sr. João seria conhecido como tendo
alta preferência pelo tempo de consumo atual, e a Sra. Josiane seria conhecida como tendo baixa
preferência pelo tempo. Observe que, se a população inteira estivesse vivendo exatamente no nível
de sobrevivência, as preferências pelo tempo de consumo atual seriam necessariamente altas, a
poupança agregada seria baixa, as taxas de juros seriam altas e a formação de capital seria difícil.

Sintetizando

Vamos tirar as seguintes conclusões importantes para análise da taxa de juros com base no exemplo anterior da ilha isolada
de pescadores. Lembre-se sempre que quando estiver analisando um investimento, seja ele empréstimo ou uma aplicação,
deverá levar em consideração dois fatores importantes que afetam o valor do investimento no futuro: o risco e a inflação do
mercado nas seguintes condições:

O risco inerente no projeto da rede de pesca e, portanto, a habilidade do Sr. Josué de pagar o empréstimo também afetaria o
retorno que os investidores requeriam: quanto maior for o risco percebido, mais alta será a taxa de retorno requerida.

Além disso, em uma sociedade mais complexa, há vários outros negócios além da pesca tão bons quanto o do Sr. Josué, e
muitos poupadores iguais à Sra. Josiane e ao Sr. João. Dessa forma, as pessoas usam o dinheiro como meio de troca em lugar
de permuta com peixe. Quando o dinheiro é usado, seu valor no futuro, que é afetado pela inflação, faz parte do jogo: quanto
mais alta for a taxa esperada de inflação, maior será o retorno requerido.

Agora que você já sabe o que é taxa de juros, vamos a seguir para entender o regime de juros simples. Preparado para o
próximo conceito?

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CAPÍTULO
REGIME CAPITALIZAÇÃO DE
JUROS SIMPLES 2
Apresentação

As decisões de investimento de capital ou dinheiro têm sido altamente racionalizadas, conforme


evidenciado pela variedade de técnicas que são disponíveis atualmente. Em comparação às
decisões de precipitação ou de marketing, as de investimento de capital podem normalmente
ser feitas com alto nível de confiança, pois as variáveis que afetam as decisões são relativamente
bem conhecidas e podem ser quantificadas com relativo alto grau de exatidão.

As decisões de aplicações financeiras são normalmente feitas com relação à menor taxa aceitável
de retorno sobre o investimento. Isto é, muitas vezes, referido como taxa limiar de retorno. Como
ponto de partida, a taxa limiar ou taxa de retorno pode ser considerada como o custo do capital
investido, necessário para subscrever as despesas. Certamente um investimento não será feito
se ele não retornar, no mínimo, o custo do capital.

Entendemos por regime de capitalização o processo de formação do juro. Este processo pode
ser sob a forma descontínua (discreta) ou contínua.

Assim nessa habilidade faremos uma introdução ao regime de capitalização de juros simples com
base no modelo de capitalização discreto ou descontinuo no qual os juros são acrescidos ao final de
determinado período discreto de tempo que é período a que se refere a taxa de juros considerada.

Você que gosta de fazer compras, talvez já ouviu falar sobre o regime de capitalização de juros
simples. Se não é um fã das compras ou que use seu cartão de crédito ou cheque especial à
vontade, também não se preocupe, pois você vai entender melhor como funciona o regime de
capitalização de juros simples caso considere-se um grande poupador de dinheiro ou que se
abstém no uso do seu dinheiro porque finalmente, nesse segundo conceito o tema principal
trata disso de forma mais detalhada.

Objetivos
» Entender os conceitos de capitalização descontínua ou discreta.

» Dominar o método de juros simples.

» Determinar o juro exato de um investimento na capitalização simples.

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CAPÍTULO 2 • REGIME CAPITALIZAÇÃO DE JUROS SIMPLES

O que é uma capitalização descontínua ou discreta?

No mercado financeiro, na prática, o juro só é formado no fim de cada período de tempo a que
se refere a taxa de juros considerada. Esse procedimento é mais adotado no caso de aplicações
em cadernetas de poupança e em Recibos de Depósitos Bancários (RDBs).

O processo de capitalização descontínua pressupõe que os juros são acrescidos ao final de


determinado período discreto de tempo que é o período a que se refere a taxa de juros considerada.

Sendo assim, o capital sofre, no fim de cada período de tempo, um acréscimo que é diretamente
proporcional a esse capital; sendo o fator de proporcionalidade, i, a taxa de juros para o período
considerado.

Ainda assim, existe nesse caso, uma variação com relação à base sobre a qual a taxa de juros
incidirá. Dois tipos de regimes de juros podem ser utilizados para calcular essa taxa de juros:
o regime de juros simples e o regime de juros compostos. Vamos aqui ver, a seguir, como isso
funciona no caso do regime de juros simples.

Você sabe como as taxas de juros incidem no regime de


juros simples?

No regime de juros simples as taxas de juros incidirão somente sobre o capital inicial, C0. Como
já sabemos, os juros são definidos como a diferença entre o valor aplicado e o valor recebido ao
final de uma aplicação. No caso de um único período:

Ou seja, o montante C1 no final do primeiro período é igual ao capital inicial C0 mais os juros
que lhe são devidos por sua utilização durante um período a que se refere a taxa de juros
i considerada.

No caso de dois períodos de tempo de aplicação à mesma taxa de juros i, os juros serão acrescidos
ao capital inicial duas vezes.

Generalizando no caso de uma aplicação de n períodos de tempo ao mesmo valor da taxa de


juros equivalente ao período, os juros serão acrescidos ao valor inicial n vezes.

Assim sendo, juro simples é aquele pago unicamente sobre o capital inicial C0, também chamado
principal, e é diretamente proporcional a esse capital e ao tempo em que esse é aplicado; sendo
o fator de proporcionalidade a taxa de juros por período i.

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REGIME CAPITALIZAÇÃO DE JUROS SIMPLES • CAPÍTULO 2

Relações entre juro e suas componentes em regime de


juros simples

Considerando C0 o valor principal ou capital inicial, i, a taxa de juros, e n o período de aplicação,


expresso em número de períodos a que se refere a taxa i, o juro, J, é obtido no fim do período
ou prazo de aplicação, e será:

J = C0 . i . n Equação 1

Com base nessa fórmula de juros, deduzimos as seguintes relações entre suas componentes:

Figura 5. Relações entre juros e suas componentes em regime de juros simples

� � �� �� �� � � �� �� ��

� �
�� �� �
�� �� �� �


�� �� � ��+ J
�� ��

Fonte: Elaborada pelo autor.

Relações entre juro, o valor futuro e o capital inicial em regime de


juros simples

Considere a equação 2 a seguir:

. Equação 2

Nessa equação, o montante final ou (Valor Futuro) Cn, obtido pela aplicação de um capital inicial
C0, à taxa i, durante n período deduzimos as relações entre juro, valor futuro e o capital inicial
mostradas a seguir:

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CAPÍTULO 2 • REGIME CAPITALIZAÇÃO DE JUROS SIMPLES

Figura 6. Relações entre juro, o valor futuro e o capital inicial em regime de juros simples

� � C� . i. n

C�� C� � � i. n
� � C� - C�

C� C�
C�
�� �
C�
�� � C�
n� i� C� �
i n � � i. n

Fonte: Elaborada pelo autor.

Embora já tenha sido especificado, convém frisar que a equação 1 só pode ser empregada
colocando-se o prazo ou período de aplicação, n, expresso na mesma unidade de tempo a que
se refere a taxa i considerada.

Portanto, se quisermos calcular o juro devido a um investimento de R$ 50.000,00 à taxa de juros


simples de 6% ao mês, no fim de 1 ano, devemos entrar na equação com n = 12 meses e teremos:

J = C. i. n = 50.000 × 0,06 × 12 = R$ 36.000,00

Períodos fracionários no regime de juros simples?

Do ponto de vista teórico, no regime de capitalização descontínua a juros simples, de que estamos
tratando, o juro só é formado no fim de cada período de tempo a que se refere a taxa considerada.

No exemplo a seguir, considere que João aplicou R$ 2.000,00, à taxa de juros simples de 20% ao
ano, pelo prazo de um ano. Porém, antes do encerramento do prazo, no fim dos oito meses ele
resolve resgatar sua aplicação.

Como a taxa é anual, os juros só seriam formados no fim de um ano e, assim, de acordo com a
convenção de capitalização descontinua, no fim de oito meses ainda não se teria formado nenhum
juro. Portanto, interpretando-se a convenção ao pé da letra, Sr. João resgataria somente o valor
principal de R$ 2.000,00, o que seria um absurdo, pois ele deixaria de ter qualquer remuneração
pela aplicação do seu capital durante esses oito meses.

18
REGIME CAPITALIZAÇÃO DE JUROS SIMPLES • CAPÍTULO 2

Para contornar situações como essas, que surgiriam em qualquer tipo de aplicação, criou-se,
então, a convenção adicional de que a formação dos juros simples, ao longo do período a que
se refere a taxa, siga estritamente uma função linear, sem descontinuidades.

Ou seja, admite-se que os juros simples devidos pela utilização de certo principal durante a
fração própria p/q, onde p < q, do período a que se refere a taxa, é igual à fração p/q do juro
que seria devido no fim do período. A Figura 7 a seguir representa esta convenção adicional de
período fracionário.

Figura 7. Representação da convenção de períodos fracionários

R$

J1
Jp
q

p
0 1 Períodos
q

Fonte: Baseado em Foro, Clovis. Introdução à Matemática Financeira. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012.

Como os triângulos da Figura 7 são idênticos, podemos escrever que a razão entre seus catetos
é uma constante, isto é:

= Equação 3

Dessa forma, se consideramos que p = 8 meses e que q = 12 no exemplo anterior, e que o valor
principal do investimento é de R$ 2.000,00 à taxa de juro de 20% ao ano, a solução do nosso
exemplo passa a ser:
8
J = 2.000.0,2. = R$ 266,66
12

Como isso acontece no mercado?


Para ilustrar os acontecimentos de regime de juros simples no mercado, vamos considerar o
seguinte caso: suponha que você procurou ultimamente seu gerente e tomou um empréstimo
de CDC no valor de R$ 8.000,00 a uma taxa de 7,5% ao mês pagos na modalidade de regime de
juros simples por um período de 24 meses. Pede-se:

a. O valor total dos juros a serem pago ao banco?

b. Qual é o valor da sua dívida no final do contrato?

19
CAPÍTULO 2 • REGIME CAPITALIZAÇÃO DE JUROS SIMPLES

Resolução:

Algumas definições importantes antes de começar:

Sendo assim, aplicando a equação 1 encontramos

a.
a. J = i. n. C� = ����� � �� � ���� = ����.���

b. �� = C� �1 + �. � � = 8.000 × �1 + 24 × 0,075� = ��22.400,00�����������������������������������������


b.

Assim, no final do contrato você terá pago R$ 22.400,00 por uma dívida de R$ 8.000,00 à taxa de
7,5% a.m. no regime simples e terá pago um total de juros no valor de R$ 14.400,00, imagine,
então, como o crédito é caro no seu banco.

Efeito do imposto de renda em uma aplicação no regime de


juros simples
O efeito do Imposto de Renda em uma aplicação no regime de juros simples se observa no caso
de títulos de renda fixa, ou no caso de letra de câmbio ou um certificado de depósito bancário
com valor de emissão e com prazo de vencimento igual a um período da taxa de rendimento,
denominada taxa bruta de rentabilidade e denotada por ib.

A seguir, vamos analisar o efeito do IR no fluxo de caixa ou os rendimentos dos títulos aplicados
no regime de juros simples.

Fluxo de Caixa da Tributação

Para entendermos melhor os efeitos do IR em uma aplicação no regime de juros simples vamos
considerar que você tenha aplicado em um título de renda fixa, ou uma letra de câmbio ou, até mesmo,
um Certificado de Depósito Bancário (CDB) com um valor de emissão VE, com prazo de vencimento
igual a um período da taxa de rendimento, denominada taxa bruta de rentabilidade e denotado por ib.

Antes da cobrança do IR, podemos caracterizar a transação por meio do seguinte esquema
mostrado na Figura 8, que chamaremos de fluxo de caixa (cash flow).

Figura 8. Fluxo de caixa antes da tributação

‫܄‬۳ ൈ ሺ૚ ൅ ࢏࢈ ሻ

0
1 Período da taxa ib

VE
Fonte: Elaborada pelo autor.

20
REGIME CAPITALIZAÇÃO DE JUROS SIMPLES • CAPÍTULO 2

Adotando o ponto de vista do investidor, você fará um desembolso igual a VE, donde a seta para
baixo, na data de emissão do título (denotada época zero). Um período após você receberá a
quantia de investida VE, acrescida dos juros à taxa bruta ib, ou seja, receberá, donde a seta para
cima, a soma de VE + VE.ib.

Dois tipos de cobrança do IR são aqui tratados: o postecipado e o antecipado, ilustrado na Figura
9 a seguir.

Figura 9. Tipos de cobrança de IP em aplicações no regime de juros simples

Fonte: Elaborada pelo autor.

A cobrança de IR Postecipado é o mais comum atualmente e a cobrança antecipada fui muito


utilizada já há algum tempo. Por essas duas formas levarem a diferentes taxas líquidas ou efetivas
il elas serão tratadas em dois momentos distintos.

Efeito do IR postecipado no regime de juros simples

Considerando que esse tipo é a situação, atualmente mais comum, da cobrança de Imposto
de Renda, calculada pela aposição da alíquota t (aqui expressa sob a forma unitária), sobre o
rendimento (juros), teremos um tributo, T, pelas fórmulas representadas na Figura 10 a seguir:

Figura 10. IP Postecipado no regime de juros simples

Fonte: Elaborada pelo autor.

21
CAPÍTULO 2 • REGIME CAPITALIZAÇÃO DE JUROS SIMPLES

Suponha que o Imposto de Renda, ou seja, o tributo T seja cobrado na data do resgate do título,
o fluxo de caixa que passa a caracterizar a aplicação pode ser esquematizado como representado
na Figura 11 a seguir:

Figura 11. Fluxo de caixa após a tributação (IR Postecipado)

‫܄‬۳ ൅ ‫܄‬۳ܑ‫ ܊‬െ ‫܂‬

0
1 Período da taxa ib

VE
Fonte: Elaborada pelo autor.

Diante da cobrança do tributo, a questão que se apresenta é a determinação da taxa de rentabilidade


efetivamente auferida por você como investidor chamada de taxa líquida de rentabilidade.

Partindo da relação básica do regime de juros simples, tem-se na Figura 12 a seguir:

Figura 12. Relação básica do regime de juros simples

Fonte: Elaborada pelo autor.

Considerando

FV = VE. 1 + 1 − t . i e VP = VE e se n = 1

Teremos a seguinte relação da taxa líquida iL resumido na figura a seguir:

22
REGIME CAPITALIZAÇÃO DE JUROS SIMPLES • CAPÍTULO 2

Figura 13. Relação da taxa líquida de rentabilidade do título (IR Postecipado)

۴‫ ܄‬ൌ ‫܄‬۳Ǥ ૚ ൅ ૚ െ ‫܊ܑ ܜ‬ ‫ ۾܄‬ൌ ‫܄‬۳

ܸ‫ ͳ ܧ‬൅ ͳ െ ‫݅ ݐ‬௕  െ ܸ‫ܧ‬


݅௅ ൌ ݅௅ ൌ  ͳ െ ‫ ݐ‬.݅௕
ܸ‫ܧ‬

i‫=ܮ‬Taxa Líquida de de
Rentabilidade do Título ݊ ൌ ͳܽ݊‫݋‬

Fonte: Elaborada pelo autor.

Efeito do Imposto de Renda Antecipado no Regime de


Juros Simples

Você sabe como se deduzia antigamente o imposto de renda dos títulos de renda fixa? Acompanhe
aqui a situação um pouco estranha, mas muito usada há algum tempo, em que o IR era cobrado
antecipadamente, na própria data da aplicação; ou seja, você tinha a cobrança do Imposto de
Renda, antes mesmo de ocorrer a renda, absurdo né? Mas acredite, era assim.

Nesse caso, considerando t’ a alíquota do Imposto de Renda, o investidor teria que desembolsar,
na data da aplicação, o tributo T = t’ VE.ib, além de do valor de emissão VE. Desse modo, o fluxo de
caixa que caracteriza o investimento será esquematizado como mostrado na Figura 14 a seguir:

Figura 14. Fluxo de caixa após a tributação (IR Antecipado)

��� �� � �� )

0
1 Período da taxa ib

VE + T = VE. (1 + t’. ib)


Fonte: Elaborada pelo autor.

No caso do IR antecipado, temos VP = VE×(1+t’.ib ), e FV=VE.(1+.ib ), segue-se a taxa líquida de


rentabilidade para investidor, agora denotada por iL’ e será mostrada na Figura 15 a seguir:

23
CAPÍTULO 2 • REGIME CAPITALIZAÇÃO DE JUROS SIMPLES

Figura 15. Relação da taxa líquida de rentabilidade (IR Antecipado)

۴‫ ܄‬ൌ ‫܄‬۳Ǥ ሺ૚ ൅ ܑ‫ ܊‬ሻ ‫ ۾܄‬ൌ ‫܄‬۳.(1 + t'.ib)

‫܄‬۳Ǥ ૚ ൅  ܑ‫ ܊‬െ ‫܄‬۳Ǥ ૚ ൅ ‫ ܜ‬ᇱ Ǥ ܑ‫܊‬ ૚ െ ‫ ܜ‬ᇱ Ǥ ܑ‫܊‬


ܑ‫ۺ‬ᇱ ൌ ܑ‫ۺ‬ᇱ ൌ 
‫܄‬۳ ૚ ൅ ‫ ܜ‬ᇱ Ǥ ܑ‫܊‬ ૚ ൅ ‫ ܜ‬ᇱ Ǥ ܑ‫܊‬

i‫ܮ‬Ԣ=Taxa Líquida de
Rentabilidade do Título  ൌ ͳƒ‘

Fonte: Elaborada pelo autor.

Como isso acontece no mercado?

Para entender como os efeitos do Imposto de Renda no regime de juros simples acontecem no
mercado como Imposto de Renda cobrado postecipado ou antecipado, vamos usar dois exemplos
aqui que ilustram esses casos:

Exemplo 1

Uma letra de câmbio com prazo de 320 dias apresenta valor de emissão de R$ 75.000,00 e
rendimento especificado de 60%. Dado que o Imposto de Renda na Fonte, para o caso do prazo
considerado, é cobrado antecipadamente e segundo a alíquota de 50%, incidente sobre 20%
do rendimento, pergunta-se: quais serão, em termos anuais, as taxas de rentabilidade bruta e
líquida para o comprador da letra?

Resolução:

Desconsiderando o Imposto de Renda, o comprador desembolsará R$ 75.000,00, recebendo, no


fim de 320 dias (32/36 do ano), os R$ 75.000,00 mais o rendimento.

Vamos determinar o rendimento r = R$ 75.000,00 × 0,60 = R$ 45.000,00

Sendo assim, FV o valor final do título ou o valor de resgate é igual ao valor de emissão mais o
rendimento, seja:

FV = VE + r = 75.000 + 45.000 = R$120.000,00

24
REGIME CAPITALIZAÇÃO DE JUROS SIMPLES • CAPÍTULO 2

Dessa forma, temos as seguintes variáveis:

320
360 Agora vamos determinar a taxa de rentabilidade bruta.

=?
Lembre-se da fórmula que vimos na figura de relação entre as taxas de juros e valores nominais.
Então, agora que a usaremos:

i = = = = = 0,6750 ou 67,50% a. a.

Importante prestar atenção em um detalhe do enunciado antes de continuarmos no cálculo da


alíquota para o comprador. Bem, observe que o enunciado diz que o Imposto de Renda será cobrado
antecipadamente segundo a alíquota de 50%, sobre 20% do rendimento e já calculamos o rendimento
no valor de R$ 45.000,00, então a alíquota de 50% será incidente sobre 20% de 45.000,00.

Agora vamos proceder ao cálculo do Imposto de Renda, seja

T = 0,50 x 0,20 x 45.000 = R$ 4.500,00, o comprador pagará um tributo de Imposto de Renda no


valor de T = R$ 4.500,00 cobrado antecipadamente. Sendo assim, o comprador deverá desembolsar
o valor de R$ 75.000 + R$ 4.500 = R$ 79.500,00.

Para encontrarmos a rentabilidade líquida devemos proceder da seguinte maneira:

320
360 Novamente com base nas fórmulas teremos:

=?

i = = = = = 0,5731 ou 57,31% a. a.

Concluímos, então, que a taxa de rentabilidade bruta é de 67,50% a.a. e a taxa de rentabilidade
líquida é de 57,31% a.a.

Sintetizando

Neste capítulo aprendemos que:

» O fator de proporcionalidade do regime de juros simples: o juro simples é aquele pago unicamente sobre o capital inicial
C0, também chamado principal, e é diretamente proporcional a esse capital e ao tempo em que este é aplicado; sendo o
fator de proporcionalidade a taxa de juros por período i.

25
CAPÍTULO 2 • REGIME CAPITALIZAÇÃO DE JUROS SIMPLES

» A equação 1 só pode ser empregada colocando-se o prazo ou período de aplicação, n, expresso na mesma unidade de
tempo a que se refere a taxa i considerada.

» Imposto de Renda Postecipado: o tributo é cobrado na data do resgate do título e o valor de resgate ou valor final
FV = VE + VE.ib - T, onde FV é o valor final ou de resgate VE o valor de emissão do título, ib a taxa de rentabilidade bruta e T
o valor do tributo.

» Imposto de Renda Antecipado: o tributo é cobrado antecipadamente, antes mesmo do rendimento da aplicação junto
com seu valor de emissão. Sendo que, nesse caso, o investidor teria que desembolsar, na data de aplicação, o tributo
T = VE.ib.t’ (onde t’ é a alíquota de Imposto de renda), além do valor de emissão. Ele terá que desembolsar para aquisição
do título, um valor total equivalente a VE + T.

26
CAPÍTULO
JURO EXATO E JURO COMERCIAL OU
ORDINÁRIO 3
Apresentação

Em operações correntes de curto prazo em que o regime de juros simples é usualmente aplicado,
os prazos de aplicação costumam ser expressos em dias, embora as taxas usuais sejam anuais.
Nesse caso, para usar a equação ou expressão J = C0.i.n tem que expressar o prazo n em unidade
de ano, o que pode ser feito de duas maneiras:

a. Considerando-se o ano civil de 365 dias ou 366 dias.

b. Considerando o ano comercial de 360 dias.

Conforme se considere o ano civil na conversão, o juro é dito juro exato.

Como vivos anteriormente sobre o juro exato que ocorre devido a resgate de título com antecipação
da data de vencimento, em que consideramos o ano civil com 365 dias ou 366 dias; no caso de
título com resgate antecipado, consideramos o juro comercial quando os cálculos são feitos com
360 dias definido universalmente como ano comercial no mercado financeiro. Muito embora
as taxas usuais sejam as anuais, no caso para usar a equação ou expressão J = C0. i. n tem que
expressar o prazo n em unidade de ano, o que pode ser feito considerando o ano comercial de
360 dias. Conforme se considere o ano comercial na conversão, o juro é dito juro comercial.

Objetivos

» Entender a definição de juro exato.

» Entender a conversão de cálculo de juros exatos.

» Compreender a equação ou fórmula de juro exato.

» Calcular o valor nominal e valor atual ou presente de uma aplicação.

» Entender os juros comerciais e ordinários.

» Calcular juros comerciais ou ordinários.

27
CAPÍTULO 3 • JURO EXATO E JURO COMERCIAL OU ORDINÁRIO

Equação ou fórmula do juro exato

Vamos descobrir como deve se achar a fórmula para o juro exato. Entenda que o juro exato é
aquele juro equivalente a uma aplicação com antecipação de resgate; para tanto, precisamos
converter o prazo de aplicação à taxa de juro anual.

No mercado financeiro nem sempre que ao aplicar um investimento a juro simples a uma taxa
anual, temos condições de esperar até a data de vencimento para resgatar essa aplicação. Nesse
caso de resgate antecipado, seremos obrigados a fazer uma conversão da taxa de juro anual em
juro exato equivalente ao tempo de aplicação expresso em dias.

Para tanto, considere uma aplicação C0, a taxa anual i a juros simples, durante n dias, teremos o
juro exato dado pela seguinte equação:

Figura 16. Equação de juro exato

Fonte: Elaborada pelo autor.

Valor nominal e valor atual ou valor presente

Quando consideramos na data de hoje, uma aplicação financeira pagável em determinada data no
futuro no seu vencimento; o valor futuro do resgate dessa aplicação, em sua data de vencimento,
denomina-se valor nominal (FV).

Lembre-se, então, de que: Valor Nominal é o montante do resgate na data do vencimento da


aplicação chamado ainda de valor futuro.

Também, denomina-se valor atual ou valor presente (VP) de uma aplicação, a determinada
taxa de juros, o capital que, se colocado a render juros a partir da data de hoje, nos daria um
montante igual ao valor nominal (FV).

Lembre-se de que o valor atual é o valor presente, é o capital que, aplicado a juros simples, daria
um montante equivalente ao valor nominal na data de vencimento.

28
JURO EXATO E JURO COMERCIAL OU ORDINÁRIO • CAPÍTULO 3

Sendo FV o valor nominal de uma aplicação financeira, n o tempo em que o dinheiro ficou
aplicado expresso em número de períodos a que a taxa i considerada, entre a data de hoje e a
data de vencimento da aplicação, e VP o seu valor atual, teremos, no regime de juros simples, a
seguinte relação de acordo com base na fórmula

Cn = C0.(1 + i.n)

Figura 17. Fórmula do valor nominal e do valor atual

Fonte: elaborada pelo autor.

Como isso acontece no mercado?

Para entender como são feitos os cálculos do juro exato, de valor nominal e de valor atual ou
presente, vamos a seguir ilustrar dois exemplos:

Exemplo 1: Cálculo de juro exato

João, um estudante do último período do curso de Administração das Faculdades São José,
está com dificuldade financeira para quitar sua dívida com a faculdade e renovar sua matrícula
no início do semestre 2016. 1. Ele, então, decidiu tomar um empréstimo com o gerente do seu
banco e contratou um CDC no valor de R$ 4.000,00 no dia 5/1/2016, à taxa de juros simples de
15% a.a., que deve ser pago em um ano, isto é, em 5/1/2017. Porém, antes do final do ano, João
foi promovido no trabalho e decidiu saldar sua dívida com o banco no dia 15/8/2016, antes do
encerramento do contrato do CDC. qual o juro exato que o João pagou pelo contrato de CDC
ao Banco?

Resolução:

Como João pagou sua dívida no dia 15/08/2016 consideramos, então, que ele antecipou
o pagamento de sua dívida e, portanto, devemos calcular o número de dias do período de

29
CAPÍTULO 3 • JURO EXATO E JURO COMERCIAL OU ORDINÁRIO

empréstimo; para tanto, vamos usar a calculadora financeira HP12C para determinar o número
de dias decorrentes entre a data de contratação da dívida com o banco considerada data de início
o dia 5/1/2016 e a data de quitação da dívida considerado dia 15/8/2016.

Como é a primeira vez que vai usar a calculadora financeira HP12C, vamos, antes, baixar o
aplicativo no seu smartphone e depois instalar; então, abra o aplicativo e vamos aos seguintes
passos para a operação de datas:

Figura 18.

Fonte: https://epxx.co/ctb/hp12c.html.

Com seu aplicativo aberto, digite [g][4]. Aparecerá, então, no visor mais à direita, a notação D.M.Y

Para cálculo de número de dias entre duas datas, basta digitá-las, seguidas da função de “diferença
de dias”.

Uma data sempre deve ser digitada com os dois primeiros dígitos (relativos ao dia no sistema
brasileiro) separados por [.] dos demais (relativos ao mês e ano ou ao dia e ano, respectivamente).

Então vamos calcular quantos dias decorreram entre as datas de 5 de janeiro de 2016 e 15 de
agosto de 2016? Para isso, digite em seguida:

[0][5][.][0][1][2][0][1][6][ENTER] [1][5][.][0][8][2][0][1][6][g][EEX] 223,00

Então, n = 223 dias é importante salientar que a calculadora apresentará o número de dias
considerando um calendário de 365 dias (gregoriano).

Agora vamos proceder ao cálculo do juro exato com n = 223 dias com base em 365 dias ao ano.
Usando nossa fórmula do juro exato:

C . i. n 4.000 × 0,15 × 223


J = = = R$ 366,58
365 365
Concluímos, então, que João pagou R$ 366,58 de juros pelo empréstimo com o banco. O valor
total pago foi R$ 4.366,58.

30
JURO EXATO E JURO COMERCIAL OU ORDINÁRIO • CAPÍTULO 3

Exemplo 2: Cálculo de valor nominal no modo do ano civil de 365 dias

Uma nota promissória (promessa de pagamento assinada por quem contrai uma dívida) datada
de 4 de abril de 2016, com valor de face (valor da dívida na data em que está foi contraída – data
de emissão da nota) de 2.400,00, devendo ser resgatada oito meses após sua data de emissão
com juros de 15% ao ano sobre o valor de face (diz-se que a nota tem termo de oito meses a juros
simples de 15% a.a.), é vendida a certa pessoa, para quem o dinheiro vale 18% a.a. no dia 12 de
agosto de 2016. Quanto deve essa pessoa pagar pela posse da nota promissória?

Resolução:

Objetivando uma melhor visualização do problema, consideremos o esquema apresentado na


Figura 19 a seguir:

Figura 19. Linha de Tempo

8 meses – 15% a.a.


FV
VP
2.400
114 dias – 18% a.a.

Tempo
04.04.2016

12.08.2016

04.12.2016

Fonte: Elaborada pelo autor.

Para você entender melhor o enunciado, vamos explicar alguns passos: suponha que você tem
um título (nota promissória assinada no dia 4.4.2016) por reconhecimento de uma dívida a
prazo com vencimento no dia 4.12.2016, ou seja, a pessoa prometeu pagar essa dívida após
oito meses a juros simples de 15% ao ano. Sendo que, no decorrer do tempo, você não pode
esperar até a data de vencimento para resgatar seu valor nominal, que seria o valor FV porque
precisou de dinheiro no dia 12.8.2016 para a festa de dois aninhos da sua filha. E você, então,
decidiu vender seu título nessa data a uma pessoa que disponha de dinheiro que gostaria de
investir a uma taxa de 18% a.a., isso quer dizer que está regatando o valor do seu título 114
dias antes da data do seu vencimento. Nesse caso, o valor de face será igual ao valor nominal
FV que ainda não sabemos.

Então, vamos aqui calcular o valor nominal da nota promissória; antes de mais nada, precisa
por regra de três calcular o prazo de investimento equivalente a oito meses:

12 meses 1 ano 8×1 2 2


↔x= = ano ↔ n = ano
8 meses x ano 12 3 3

31
CAPÍTULO 3 • JURO EXATO E JURO COMERCIAL OU ORDINÁRIO

Logo:
2
FV = VP. 1 + i. n = 2.400 × 1 + 0,15 × = R$2.640,00
3

A quantia a ser paga pela nota é seu valor atual no dia 12 de agosto, valor esse calculado a partir
do valor nominal da nota, considerando-se a taxa de juros acertada entre as partes interessadas
(no caso 18% a.a.). Os 114 dias de antecipação são calculados da mesma forma que no exemplo
1 pela calculadora HP12C. Dessa forma, convido-lhe novamente a abrir seu aplicativo de HP12C
e digitar logo [g][4], na sequência, digite os seguintes:

[f ][CLX] para zerar a memória da calculadora e depois digite:

[1][2][.][0][8][2][0][1][6][ENTER] [0][4][.][1][2][2][0][1][6] [g][EEX] 114,00 dias

Agora é considerar que o comprador do título estivesse investindo um valor atual VP por um
prazo de 114 dias que lhe renderia taxa de 18% a.a. a juros simples, um montante igual ao valor
nominal que aqui será considerado o valor de face. Vamos, então, encontrar qual é esse valor
atual ou valor presente VP será o valor que ele pagará ao proprietário do título.

Novamente por regra de três vamos encontrar o valor de n o prazo de 114 dias em um ano. Bem,
aqui podemos considerar o ano de 365 dias, que não é o ano comercial que veremos mais tarde.

૜૟૞‫ ܛ܉ܑ܌‬૚‫ܗܖ܉‬ ૚૚૝ ൈ ૚


቙՞‫ܠ‬ൌ ൌ ૙ǡ ૜૚૛૜‫ ܗܖ܉‬՞ ‫ ܖ‬ൌ ૙ǡ ૜૚૛૜‫ܗܖ܉‬
૚૚૝‫ܗܖ܉ܠ ܛ܉ܑ܌‬ ૜૟૞
Depois aplicamos a fórmula de VP:

�� �� ��� �� ���
�� = = = = ���� ���� ��
� � �� � � � �� �� � �� ���� �� ����

Em conclusão, o título será vendido no dia 12 de agosto por um valor de R$ 2.499,49 com 114
dias de antecipação de sua data de vencimento.

Juro comercial ou ordinário

A seguir, vamos entender como são feitos os cálculos dos juros comerciais ou ordinários.

Equação do juro comercial

Na equação do juro comercial, considera-se que todos os meses têm 30 dias. E que as aplicações
financeiras são feitas com resgate antecipado e, portanto, deve-se considerar uma conversão do
prazo de aplicação ou de resgate no mesmo período que a taxa de juro que usualmente é expresso
em anos. Como o resgate é efetuado com antecipação, data menor que a data de vencimento, o
período de aplicação real passa a ser uma fração de tempo, ou seja, uma fração de ano.

32
JURO EXATO E JURO COMERCIAL OU ORDINÁRIO • CAPÍTULO 3

Dessa forma, temos a seguinte equação de juro comercial:

Equivalência de capitais de regime de juros simples

Suponha que um capital C0 seja aplicado por n períodos a uma taxa i ao período. Logo, o montante
ao final de n períodos é dado por:

E representado no esquema mostrado na Figura 20 a seguir:

Figura 20. Esquema de equivalência de capitais

�� � �� . �� � �. ��

0
n Período da taxa i

C0
Fonte: Elaborada pelo autor.

Podemos dizer, se a taxa corrente de mercado é i ao período, que nós somos indiferentes
de dispor de C0 de reais agora ou Cn reais daqui a n períodos. Logo, essas quantias são ditas
equivalentes.

Generalizando, diversas quantias Q1, Q2, Q3,...........Qj, pagáveis, respectivamente, nas datas n1,
n2, n3, .............., nj são ditas equivalentes, em determinada data, chamada de data focal, se essas
quantias, levadas a uma mesma taxa de juros i para a data focal, produzem todas a mesma
quantia em reais.

Para uma mesma taxa i e para um mesmo número de dias (n) de aplicação, JComercial > JExato
Mostrado a seguir:

= >

Na prática, é recomendado trabalhar sempre com o juro comercial ou ordinário para facilitar
o emprego da fórmula de juro comercial, principalmente antes do advento das modernas
calculadoras, costumava-se tabelar i chamado divisor fixo ∆, é o quociente de 360/i e também o
inverso de ∆, denominado multiplicador fixo, M, visando-se, assim, facilitar o uso de máquinas
de calcular com apenas quatro operações.

33
CAPÍTULO 3 • JURO EXATO E JURO COMERCIAL OU ORDINÁRIO

Como isso acontece no mercado?

Para entender como são feitos os cálculos do juro comercial ou ordinário, de valor nominal e de
valor atual ou presente, vamos, a seguir, considerar os mesmos dois exemplos anteriores e usar
o princípio de 360 dias ao ano e refazer todos os cálculos.

Exemplo 1: Cálculo de juro comercial

João, um estudante do último período do curso de Administração das Faculdades São José,
está com dificuldade financeira para quitar sua dívida com a faculdade e renovar sua matrícula
no início do semestre 2016. 1. Ele, então, decidiu tomar um empréstimo com o gerente do seu
banco e contratou um CDC no valor de R$ 4.000,00 no dia 5/01/2016, à taxa de juros simples
de 15% a.a., que deve ser pago em um ano, isto é, em 5/1/2017. Porém, antes do final do ano,
João foi promovido no trabalho e decidiu saldar sua dívida com o banco no dia 15/8/2016,
antes do encerramento do contrato do CDC. Qual juro comercial o João pagou pelo contrato
de CDC ao Banco?

Resolução:

De novo com sua calculadora financeira, vamos calcular o número de dias que decorreram de
5.1.206 ao dia 15.8.2016, data em que ele saldou a dívida com o banco. Dessa vez, por se tratar de
ano comercial, existe uma pequena diferença nos cálculos, portanto precisaremos digitar mais
algumas teclas da calculadora financeira para convertemos os dias de ano civil de 365 dias em
dias de ano comercial de 360 dias.

Abra o aplicativo HP12C no seu smartphone e, em seguida, digite [g][4] para colocá-lo no modo
de DDMMYYYY e evitar, assim, que ele mostre erros de cálculo.

Lembre-se de que uma data sempre deve ser digitada com os dois primeiros dígitos (relativos ao
dia no sistema brasileiro) separados por [.] dos demais (relativos ao mês e ano ou ao dia e ano,
respectivamente).

Então, vamos calcular quantos dias decorreram entre as datas de 5 de janeiro de 2016 e 15 de
agosto de 2016? Para isto digite em seguida:

[0][5][.][0][1][2][0][1][6][ENTER] [1][5][.][0][8][2][0][1][6][g][EEX] 223,00

Então n = 223 dias. É importante salientar que a calculadora apresentará o número de dias
considerando um calendário do ano civil de 365 dias (gregoriano).

Mas por se tratar de juro comercial precisamos fazer uma conversão, pois o ano comercial
considera apenas 360 dias enquanto os 223 dias encontrados são considerados no ano gregoriano.
Portanto, digite, em seguida, [X ≥ Y] e encontrará o resultado de 220 dias.

34
JURO EXATO E JURO COMERCIAL OU ORDINÁRIO • CAPÍTULO 3

Agora, vamos proceder ao cálculo do juro comercial com n = 220 dias com base em 360 dias ao
ano. Usando nossa fórmula do juro comercial:

C . i. n 4.000 × 0,15 × 220


J = = = R$ 366,67
360 360

Concluímos, então, que João pagou R$ 366,67 de juros pelo empréstimo com o banco. O valor
total pago foi R$ 4.366,67.

Observe que João pagou ao banco um juro exato no valor de R$ 4.366,58 e um valor de R$ 4.366,67
de juro comercial, uma diferença de R$ 0,09 que o banco considere relevante.

Exemplo 2: Cálculo de valor nominal com base no ano comercial de 360 dias

Uma nota promissória (promessa de pagamento assinada por quem contrai uma dívida) datada
de 4 de abril de 2016, com valor de face (valor da dívida na data em que está foi contraída – data
de emissão da nota) de R$ 2.400,00 devendo ser resgatada oito meses após sua data de emissão
com juros de 15% ao ano sobre o valor de face (diz-se que a nota tem termo de oito meses a juros
simples de 15% a.a.), é vendida a certa pessoa, para quem o dinheiro vale 18% a.a. no dia 12 de
agosto de 2016. Quanto deve essa pessoa pagar pela posse da nota promissória?

Resolução

Objetivando uma melhor visualização do problema, consideremos o esquema apresentado na


Figura 21 com modificações da anterior a seguir:

Figura 21. Linha de Tempo

8 meses – 15% a.a.


FV
VP
2.400
112 dias – 18% a.a.

Tempo
04.04.2016

12.08.2016

04.12.2016

Fonte: Elaborada pelo autor.

Vamos proceder da mesma forma na conversão do período entre 12 de agosto a 4 de dezembro


de 2016 na base do ano comercial com 360 dias, portanto, proceda da mesma forma que o cálculo
anterior e, no final, digite [X ≥ Y], e o resultado será 112 dias.

Então, vamos, aqui, calcular o valor nominal da nota promissória; antes de mais nada, precisa,
por regra de três, calcular o prazo de investimento equivalente a 8 meses:

35
CAPÍTULO 3 • JURO EXATO E JURO COMERCIAL OU ORDINÁRIO

12 meses 1 ano 8×1 2 2


= ano ↔ n = ano
8 meses x ano 12 3 3
Logo:
2
FV = VP. 1 + i. n = 2.400 × 1 + 0,15 × = R$, 2.640,00
3

A quantia a ser paga pela nota é seu valor atual no dia 12 de agosto, valor esse calculado a partir
do valor nominal da nota, considerando-se a taxa de juros acertada entre as partes interessadas
(no caso, 18% a.a.). Os 112 dias de antecipação são calculados da mesma forma que no exemplo
1 pela calculadora HP12C digitando no final [X ≥ Y].

Dessa forma, convido-o novamente a abrir seu aplicativo de HP12C e digitar logo [g][4]; em
seguida, digite na sequência os seguintes:

[f ][CLX] para zerar a memória da calculadora e depois digite:

[1][2][.][0][8][2][0][1][6][ENTER] [0][4][.][1][2][2][0][1][6] [g][EEX] [X ≥ Y] 112,00 dias

Agora é considerar que o comprador do título estivesse investindo um valor atual VP por um
prazo de 112 dias que lhe renderia taxa de 18% a.a. a juros simples, um montante igual ao valor
nominal que aqui será considerado o valor de face. Vamos, então, encontrar qual é esse valor
atual ou valor presente VP será o valor que ele pagará ao proprietário do título.

Novamente por regra de três vamos encontrar o valor de n o prazo de 112 dias em ano. Bem,
aqui, podemos considerar o ano de 360 dias que não é o ano comercial, que veremos mais tarde.

365 dias 1 ano 112 × 1


= 0,3111 ano ↔ n = 0,3111 ano
114 dias x ano 360
Depois aplicamos a fórmula de VP:
FV 2.640 2.640
VP = = = = R$ 2.500,00
1 + i. n 1 + 0,18 × 0,3111 1,0560
Em conclusão, o título será vendido no dia 12 de agosto de 2016 por um valor de 2.500,00 com 112
dias de antecipação de sua data de vencimento. Observe aqui que ao considerar o ano comercial
de 360 dias, o valor pago pelo título é maior que no caso anterior em que consideramos o ano
civil de 365 dias.

Sintetizando

» Como a nota promissória nada mais é do que uma promessa de pagamento, deve ser caracterizada pelo valor desse
pagamento, ou seja, pelo seu valor nominal. Por esse motivo, quando consideramos transações com notas promissórias ou
com outros papéis similares, a primeira coisa a ser feita é a determinação dos respectivos valores nominais.

» A juros simples, capitais equivalentes em determinada época não o serão em outra data. Esse fato decorre da não
cindibilidade (do prazo) característica do regime de juros simples.

36
JURO EXATO E JURO COMERCIAL OU ORDINÁRIO • CAPÍTULO 3

» Valor Nominal (FV) é o montante do resgate na data do vencimento de um título chamado ainda de valor futuro.

» Valor Atual é o valor presente (VP) é o montante que, aplicado a juros simples, daria um montante equivalente ao valor
nominal na data de vencimento.

» Valor de face é o valor nominal da nota promissória que é o valor desta na data de resgate para o prazo e a taxa estipulados
na nota.

» Juro exato é o juro correspondente ao período de resgate de título inferior à sua data de vencimento, ou seja, o juro de um
título com resgate antecipado, portanto, deverá converter o prazo ao período da taxa de juro nominal.

37
CAPÍTULO
REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE
JUROS COMPOSTOS 4
Apresentação

Você, sem dúvida, já ouviu falar sobre juros compostos. Mas será que você sabe o que é o regime
de capitalização de juros compostos? Será que você sabe distinguir quando se considera os
rendimentos de uma aplicação no regime de capitalização de juros compostos? Essas e várias
outras perguntas que responderemos a seguir neste quarto capítulo de Matemática Financeira.

Este quarto capítulo apresenta os conceitos de regime de capitalização de juros compostos. Por
meio de conceitos e exemplos numéricos, mostra como se comporta o valor de uma aplicação
ao longo do tempo no regime de capitalização de juros compostos.

Contrariamente ao regime de capitalização de juros simples, no regime de capitalização


descontínua de juros compostos, os juros devidos a cada período são somados ao capital
para o cálculo de novos juros nos períodos seguintes. Nesse caso, os juros são capitalizados e,
consequentemente, rendem outros juros. Assim, os juros de cada período são calculados sobre
o saldo existente no início do respectivo período, e não apenas sobre o capital inicial ou o valor
principal aplicado.

Objetivos

» Entender as características do regime de juros compostos.

» Dominar os métodos e relações de capitalização em regime de juros compostos.

» Dominar os métodos de período fracionário e crescimento exponencial de juros


compostos.

» Dominar os métodos de cálculo de valor nominal e valor atual em regime de juros


compostos.

» Entender o efeito do imposto de renda em uma aplicação no regime de juros compostos.

38
REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS • CAPÍTULO 4

Características do regime de juros compostos

Anote algumas das características do regime de capitalização de juros compostos:

» Os juros são definidos como a diferença entre o valor aplicado e o valor recebido no
final de uma aplicação.

» Os juros de cada período são somados ao capital para o cálculo de novos juros nos
períodos seguintes.

» Os juros são capitalizados e, consequentemente, rendem juros.

» Os juros de cada período são calculados sobre o saldo existente no início do respectivo
período, e não apenas sobre o capital inicial aplicado.

Figura 22. Características do regime de capitalização de juros compostos

Juros de
cada período
Regime de capitalização
são somados
descontínua
ao capital
inicial

juro é a diferença entre o


os juros
capital recebido no final
rendem
de uma aplicação e o
juros
capital inicial

a cobrança de juros sobre


juros é denominada
os juros são anatocismo e tem sido
capitalizados controvérsia judiciária no
Tribunal de Justica do Rio
de Janeiro.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Contrariamente ao regime de juros simples, em que só o capital inicial rende juros, no regime de
juros compostos, temos juros devido ao principal (capital inicial), como, também, juros devidos
aos juros formados nos períodos anteriores, donde o nome de juros compostos.

Como isso acontece no mercado?

Para ilustrarmos os juros compostos, vamos considerar o seguinte exemplo:

Considere que você recebeu o seu FGTS e decidiu investir todo o valor de R$ 5.000,00 que lhe
resta após pagar algumas dívidas em um título a uma taxa de juros compostos de 12% ao ano.

39
CAPÍTULO 4 • REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS

Vamos mostrar na tabela a seguir a evolução dos valores dos juros e dos montantes finais em
cada período nos próximos 10 anos, para que você tenha ideia de como são calculadas nossas
dívidas com as instituições financeiras.

Tabela 1. Evolução do montante de uma aplicação de um título de R$ 5.000,00

Montante da dívida no período


Período Juros
(R$)
0 5.000,00

1 5.000 x 0,12 = 600 5.000 + 600 = 5.600

2 5.600 x 0,12 = 672 5.600 + 672 = 6.272

3 6.272 x 0,12 = 752,64 6.272 + 752,64 = 7.024,64

4 7.024,64 x 0,12 = 842,96 7.024,64 + 842,96 = 7.867,60

5 7.867,60 x 0,12 = 944,11 7.867,60 + 944,11 = 8.811,71

6 8.811,71 x 0,12 = 1.057,41 8.811,71+1057,41 = 9.869,12

7 9.869,12 x 0,12 = 1.184,29 9.869,12 + 1.184,29 = 11.053,41

8 11.053,41 x 0,12 = 1.326,41 11.053,41 + 1.326,41 = 12.379,82

9 12.379,82 x 0,12 = 1.485,58 12.379,82 + 1.485,58 = 13.865,40

10 13.865,40 x 0,12 = 1.663,85 13.865,40 + 1.663,85 = 15.529,25

Fonte: Elaborada pelo autor.

Assim como você pode observar, no final de 10 anos sua aplicação terá um resgate de R$ 15.529,25
à taxa de juros compostos de 12% ao ano. Então é uma excelente aplicação. Com certeza, essa
aplicação teria rendido mesmo, se considerarmos as mesmas taxas de juros no regime de juros
simples para o mesmo período de 10 anos. Isso daria apenas R$ 11.000,00 no regime de juros simples.

Métodos e Relações de Capitalização em Regime de


Juros Compostos

Existem métodos e relações para os cálculos dos juros de títulos de aplicações no regime de juros
compostos que precisamos aprender a dominar e entender para que possamos analisar melhor as
aplicações ou investimentos com rendimentos nessa modalidade de regime de juros compostos.

Métodos de cálculo dos juros em regime de


capitalização compostas

No mercado financeiro, na prática, o juro só é formado no fim de cada período de tempo a que
se refere a taxa de juros considerada.

A juros compostos, os juros de cada período são sempre calculados sobre o saldo existente no
início do respectivo período, havendo incidência de juros sobre juros.

40
REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS • CAPÍTULO 4

Para demonstrar isso consideremos uma aplicação de capital inicial C0, suposto pagável em
determinada data de origem que chamamos de período zero, colocado a render juros compostos
a determinada taxa unitária i que é referente a certo período de tempo.

No fim de um período a que se refere a taxa, ou seja, no período um, teremos juros devidos
somente a esse principal (capital inicial), juros esses representados por J1. Assim, podemos usar
a fórmula do juro composto como a seguir:

Figura 23. Fórmulas de capitalização de juros compostos.

� �
�� =��� . � � � �� �� � � �� . � � �

��
J� � C� - C� = C� . � � � �
- C� �� � � �
���


C� �
J� � � C� . � � � �
�� ��
C�

Fonte: Elaborada pelo autor.

Essas são as fórmulas ou métodos de cálculo de juros e montantes em regime de juro composto,
também chamada de fórmula fundamental do juro composto, para um número inteiro de períodos.

No mercado financeiro, na prática, o juro só é formado no fim de cada período de tempo a que
se refere a taxa de juros considerada.

A juros compostos, os juros de cada período são sempre calculados sobre o saldo existente no
início do respectivo período, havendo incidência de juros sobre juros.

Para demonstrar isso, consideremos uma aplicação de capital inicial C0, suposto pagável em
determinada data de origem que chamamos de período zero, colocado a render juros compostos
a determinada taxa unitária i, que é referente a certo período de tempo.

No fim de um período a que se refere a taxa, ou seja, no período um, teremos juros devidos
somente a esse principal (capital inicial), juros esses que representaremos por J1. Assim, podemos
usar a fórmula do juro composto como a seguir:

41
CAPÍTULO 4 • REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS

Figura 24. Fórmulas de capitalização de juros compostos.

� �
�� =��� . � � � �� �� � � �� . � � �

��
J� � C� - C� = C� . � � � �
- C� �� � � �
���


C� �
J� � � C� . � � � � �� ��
C�

Fonte: Elaborada pelo autor.

Essas são as fórmulas ou métodos de cálculo de juros e montantes em regime de juro composto,
também chamada de fórmula fundamental do juro composto, para um número inteiro
de períodos.

Na fórmula dos juros ou montantes o fator (1 + i)n é denominada fator de capitalização ou fator
de acumulação de capital.

A única dificuldade que existe no cálculo do montante em regime de juro composto é a


determinação do valor de capitalização (1 + i)n. Se dispusermos de uma calculadora financeira
HP12C, o cálculo se torna fácil ou usamos planilhas eletrônicas que nos oferecem diversos valores
de taxa i e do prazo n. Existe, entretanto, uma tabela chamada de tabela financeira disponível
quando for o caso. Mas recomendamos o uso da calculadora financeira HP12C para esse tipo
de cálculo.

Como isso acontece no mercado?

Para ilustrar as relações ou métodos de cálculo dos juros ou montante de aplicações em regime
de capitalização de juros compostos consideremos a seguir:

Exemplo 1

Uma aplicação de um capital de R$ 5.000,00 aplicado em regime de juros compostos a 7,5%


ao mês durante 24 meses. Determine o montante de resgate e o valor dos juros durante os
oito meses.

42
REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS • CAPÍTULO 4

Resolução:

Algumas definições importantes antes de começar:

Vamos fazer uma representação gráfica da linha de tempo dessa aplicação. Isso a você permite
visualizar o enunciado e recomendamos que faça isso sempre.

Figura 25. Fluxo de caixa

FV =?

0 i = 7,5% a.m.

n = 24
Tempo
PV = R$ 5.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Sendo assim, aplicando a fórmula vista anteriormente, encontramos

C� = C� �1 + ��� = 5.000. �1 + 0,075��� = �����.���,�7

�� = C� . ��1 + ��� − 1� = 5.000 × ��1 + 0,075��� − 1� = ������.���,�7����

Em conclusão, no final de 24 meses, você terá um resgate de R$ 28.364,37, aplicando R$ 5.000,00


e tendo um juro de R$ 23.364,37.

Como você pode fazer esse cálculo no HP12C?

Figura 26.

Fonte: https://epxx.co/ctb/hp12c.html .

43
CAPÍTULO 4 • REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS

Então, ligue seu Smartphone e abra o aplicativo HP12C, digite logo [f][CLx] para zerar a memória.
Observe bem que no HP12C, você deverá tomar alguns cuidados básicos na hora de registrar os
dados do enunciado, portanto, sempre o valor presente é considerado um desembolso; por esse
motivo, ele deverá ser registrado negativamente.

Agora preste atenção nas operações para ver se o valor de resgate deve proceder da seguinte forma:

[2][4][n][7][.][5][i][5][0][0][0][CHS][PV][FV] e o visor indica 28.364,37, o que achamos usando


os cálculos.

Para identificarmos os juros, devemos proceder da seguinte forma usando a fórmula definida nas
relações Jn = Cn - C0 para tanto, como ainda está com o resultado no seu visor, digite os seguintes
para encontrar o valor do juro: [5][0][0][0][-], assim terá no seu visor o seguinte valor R$ 23.364,37.

Vamos usar o caso em que precisamos calcular o valor do juro.

Exemplo 2

Qual é a taxa de juro de um capital de R$ 2.000,00 que, aplicado por 24 meses, capitaliza R$
8.400,00 no resgate?

Resolução:

Primeiro, vamos representar o fluxo de caixa representado na Figura 27 para entender melhor
o enunciado. Saiba que a seta será sempre para baixo por representar o valor desembolsado.

Figura 27. Fluxo de caixa

FV = 8.400,00

0 i=?

n = 24

PV = R$ 2.000,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Com base nas informações do enunciado podemos proceder da seguinte maneira no HP12C.
Novamente ligue seu aplicativo no smartphone e digite logo [f ][CLx] para zerar a memória. Em
seguida, digite:

[2][4][n][2][0][0][0][CHS][PV][8][4][0][0][FV][i] e aparece no visor o resultado 6,1619, ou seja,


6,16% a.m., assim será necessária uma taxa de 6,16% a.m. para aplicação de R$ 2.000,00 em juros
compostos para um resgate de R$ 8.400,00 após 24 meses.

44
REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS • CAPÍTULO 4

Métodos de Período Fracionário e Convenções Adicionais


de Juros Compostos

No regime de juros compostos, os juros de cada período são somados ao capital para o cálculo
de novos juros nos períodos seguintes. Os juros são capitalizados e, consequentemente, rendem
juros. Assim, os juros de cada período são calculados sobre o saldo existente.

Mas existem casos em que o número de período n não é um número inteiro a que se refere a taxa de
juros compostos considerada como, por exemplo, uma aplicação de período de quatro anos e seis
meses. Nesse caso, como devemos solucionar o problema? Uma vez que a fórmula convencional dos
juros compostos não seria mais possível usar. Nesse caso, consideramos que o período de quatro
anos e seis meses é quatro anos e ½ ano pode ser decompostos da seguinte maneira: m = 4 + ½.

Isso que veremos a seguir no caso de montante para períodos não inteiros que só pode ser
calculado mediante convenções adicionais.

Montante para períodos não inteiros


Pode ocorrer que o número de períodos financeiros não seja um número inteiro. Nesse caso, a
fórmula fundamental não tem sentido, pois, ao determiná-la, supusemos que os juros fossem
formados apenas no fim de cada período de capitalização.

Desse modo, a obtenção do montante para períodos não inteiros só pode ser feita mediante
convenções adicionais.

Existem, nesse caso, dois tipos de convenções adicionais identificados na figura a seguir:

» convenção linear e;

» convenção exponencial.

Figura 27. Convenções adicionais

Convenção
Exponencial

Convenção
Linear
CONVENÇÕES
ADICIONAIS

Fonte: Elaborada pelo autor.

45
CAPÍTULO 4 • REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS

Vamos, a seguir, analisar cada uma das situações convencionais.

Convenção linear

No caso da convenção linear, admitimos que a formação dos juros ao longo de um período
obedeça à uma função linear. Os juros do período não inteiro são calculados por interpolação
p
linear. Portanto, por um capital C0 aplicado a uma taxa i durante um prazo de aplicação � � � �
q
do período a que se refere a taxa, onde n é um número inteiro do período de capitalização e
p
�p < q� uma fração própria desse período, teremos a seguinte fórmula do juro composto na
q
convenção linear.

J =C 1+i e =C 1+i

Essas são as relações entre o juro e o montante, no caso de período não inteiro na convenção
p
linear considerando que
q
Figura 28. Fórmula de juros e montante compostos em convenção linear


���� � � = �� . � � � � . � � �

��
� �

com�� � � �� =�� . � � � � . � � �

Fonte: Elaborada pelo autor.

Convenção exponencial

A convenção exponencial é considerada a mais lógica, pois faz uso do conceito de taxas
equivalentes. Na convenção exponencial, os juros do período não inteiro são calculados
utilizando-se a taxa equivalente.

Considere na convenção exponencial um capital C0 colocado à taxa i de juros compostos durante


p
um prazo com p < q rende juros normalmente, durante os n primeiros períodos,
q
ou seja, rende juros à taxa i e, a seguir, esses juros são incorporados ao capital, passando esse
p
montante a render juros à taxa relativa à fração do período a que se refere a taxa i, e que seja
q
equivalente à taxa i até o fim do prazo m.

46
REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS • CAPÍTULO 4

Por dedução chegamos, então, à seguinte fórmula mostrada na Figura 28 a seguir.

Figura 29. Fórmula do juro e do montante compostos em convenção exponencial


���� �
�����
� � � = �� . � � � �� �

com�� � � �� =�� . � � �
�����

Fonte: Elaborada pelo autor.

Na convenção linear os juros do período não inteiro são calculados por interpolação linear. E aqui
seguem alguns exemplos de interpolação linear em que apenas transformaremos os períodos
p
não inteiros nas seguintes relações com p < q. p
q m = n + qp (anos)
m = n + qp (anos)
Tabela 2. Transformação do período não inteiro
m em
= nfração
+ qp (anos)
m = n + qp (anos)
m =mn =+ 4qp+(anos)
m (anos e meses) n (anos) p q m=4+
m = n + q (anos)
m=4+
m=4+
4 anos 3 meses 4 1 4 m
m==84+
+
m
m==8 +
4+
m=8 +
8 anos e 4 meses 8 1 3 m=8+
m
m==48+
+
m
m==4 +
8+
4 anos e 2 meses 4 1 6 m=4+
m=4+
m
m =
=54+
+
5 anos e 8 meses 5 2 3 m
m==5 +
4+
m=5+
m=5+
10 anos e 9 meses 10 3 4 m=
m =59+
+
m
m==9 +
5+
m=9+
m=9+
Fonte: Elaborada pelo autor m=9+
m=9+
Repare na Tabela 2 que 8 meses representam 2/3 de um ano e para encontrar os valores de
p e q devemos proceder pela regra de três transformando os meses em frações de ano como
apresentamos a seguir:

1 ano ↔ 12 meses
x ano ↔ 8 meses
8 2
12 3

47
CAPÍTULO 4 • REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS

Sendo assim, deverá sempre deixar o valor de x em forma de fração, portanto no caso de 5 anos e
2
8 meses teremos n = 5, p = 2 e q = 3 sendo m = 5 + como consta na penúltima linha da Tabela 2.
3

Como isso acontece no mercado?

Para entender melhor como funciona as duas modalidades de convenções adicionais, vamos
ilustrar dois exemplos para cada tipo de convenção e mostrar como são feitos os cálculos:

Exemplo 1: Convenção linear

Quais serão os juros devidos e o montante acumulado no final de uma capitalização a juros
compostos por 8 anos e 8 meses de uma aplicação inicial de R$ 2.700,00 à taxa de 9,75% a.a.
utilizando a convenção linear na parte de fração de prazo?

Resolução:

Para proceder, vamos primeiro construir o fluxo de caixa dessa aplicação com
base no enunciado:

Figura 30. Fluxo de caixa

FV =2.700,00

0 i = 9,75% a.a.

m = 8 anos e 8 meses

PV = R$ 2.700,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Segundo as fórmulas mostradas na Figura 30 temos:

J =C 1+i e =C 1+i

Com base no enunciado, teremos:

C = R$ 2.700
� 0
� i = 9,75% a.a.
� 2
m = 8+
3 ↔
� p=2

� q =3
� n=8
2
J� � 2�700 ��1 + 0,0975�� �1 + 0,0975� � � 1 � � �� 3�352,71
3
2
�� � 2�700 ��1 + 0,0975�� �1 + 0,0975� � � � �� ��052,71
3
48
3 ↔
� p=2

� q =3
� n=8
2 REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS • CAPÍTULO 4
J� � 2�700 ��1 + 0,0975�� �1 + 0,0975� � � 1 � � �� 3�352,71
3
2
�� � 2�700 ��1 + 0,0975�� �1 + 0,0975� � � � �� ��052,71
3

Em conclusão, serão pagos juros de R$ 3.352,71 e acumulado um montante de R$ 6.052,71 por


um capital de R$ 2.700 aplicado em 8 anos e 8 meses à taxa de juros compostos de 9,75% a.a.

Como isso é feito no HP12C?

Figura 31.

Fonte: https://epxx.co/ctb/hp12c.html .

O HP12C procede normalmente ao cálculo de períodos fracionados de tempo. No entanto, é


importante certo cuidado, pois o resultado dependerá de estar indicado ou não um “C” no canto
inferior direito da sua tela.

Para cálculo de número de dias entre duas datas, basta digitá-las, seguidas da função de “diferença
de dias”.

Nesse caso, devemos considerar que n = 8,67 anos. Não iremos mais usar uma fração nesse caso,
mas um número decimal.

E, para começar, abra seu aplicativo HP12C e digite [f][CLx] para zerar a memória do seu aplicativo,
em seguida digite sucessivamente para achar o montante:

[8][.][6][7][n][9][.][7][5][i][2][7][0][0][CHS][PV][FV] 6.048,83

E para o juro digite ainda com o resultado do montante no seu visor,

[2][7][0][0][-] 3.348,83

Observe que há uma pequena diferença entre os valores encontrados, isso devido às frações que
consideramos no caso de n = 8,67.

49
CAPÍTULO 4 • REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS

Exemplo 2: Convenção exponencial

No exemplo da convenção exponencial, vamos considerar o mesmo exemplo com os mesmos


valores do enunciado, ou seja:

Quais serão os juros devidos e o montante acumulado no final de uma capitalização a juros
compostos por 8 anos e 8 meses de uma aplicação inicial de R$ 2.700,00 à taxa de 9,75% a.a.
utilizando a convenção linear na parte de fração de prazo?

Resolução:

Objetivando uma melhor visualização do enunciado, consideremos o esquema apresentado na


Figura 32 a seguir:

Figura 32. Fluxo de caixa

FV =2.700,00

0 i = 9,75% a.a.

m = 8 anos e 8 meses

PV = R$ 2.700,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

Considerando as fórmulas do juro e do montante da aplicação no caso da convenção exponencial


dadas na Figura 28 vista anteriormente:

J =C . 1+i

C =C . 1+i

E ao considerar novamente a base de dados do enunciado, temos:

C = R$ 2.700
� 0
i = 9,75% a.a.

� 2
m = 8+
3
� p=2

� q =3
� n=8

J 1 + 0,0975

C = 2700 . 1 + 0,0975 = R$ 6.046,97

50
REGIME DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS COMPOSTOS • CAPÍTULO 4

Novamente, percebe-se que há apenas pequenas diferenças entre os valores achados na convenção
linear dos da convenção exponencial.

Sintetizando

Neste capítulo aprendemos que:

» Para pequenos períodos de aplicação, fica evidenciado que uma aplicação de taxa considerada igual, nos dois regimes de
juros simples e compostos, as diferenças do montante de juros não são muito grandes.

» No regime de juros simples só o capital inicial rende juros.

» Os juros de cada período são calculados sobre o saldo existente no início do respectivo período, e não apenas sobre o
capital inicial aplicado.

» O cálculo de juros compostos, aqueles nos quais os juros de um período são somados ao principal, para o cálculo dos
juros do período seguinte, popularmente conhecido como sistema de “juros sobre juros” é, de longe, o mais utilizado nos
financiamentos em geral, tanto no sistema bancário como nas transações comerciais.

» O resultado na convenção linear conduz a juros maiores do que os obtidos pela convenção exponencial.

» Se formos fazer uso da HP12C, devemos estar atentos para verificar se ela está programada para fazer uso da convenção
linear ou exponencial. Se a letra “C” não aparecer no visor, deverá digitar [STO][EEX] para alterar de uma convenção para
outra, basta as teclas [STO][EEX], nessa ordem.

» Na HP12C, esse cálculo torna-se demasiado fácil, porque dentre outros aspectos, a calculadora possui um conjunto de
registradores e teclas especiais para esse fim, denominado “setor financeiro”.

» Dos quatro elementos presentes no cálculo de juros compostos (principal ou capital, taxa, prazo e montante – ou valor
futuro), sempre que ao menos três forem fornecidos, a HP12C calculará o quarto elemento, seja ele qual for.

» No processo de cálculo pelo HP12C, não importa a ordem dos elementos, qualquer um pode ser digitado a qualquer
tempo. Não há, igualmente, a necessidade de converter taxas ou prazos, desde que eles estejam em equivalência de tempo
– taxa mês (a.m.), prazo em meses.

51
CAPÍTULO
MÉTODOS DE CÁLCULO DE VALOR
NOMINAL E VALOR ATUAL EM REGIME
DE JUROS COMPOSTOS 5
Apresentação

Conceitos de valor nominal e de valor atual independem do regime de juros considerado; na


verdade, o que varia com o regime de juros são as suas expressões.

Para definirmos o conceito de valor atual necessitamos, antes, introduzir o conceito de valor
nominal. Para tanto, consideraremos um empréstimo a ser saldado em determinada data posterior
àquela em que nos supomos situar e cujo valor de resgate, na data de vencimento, FV. Na data
em que nos situamos, dizemos que aquele valor FV é o valor nominal do empréstimo.

Essa denominação valor nominal, é devida ao fato de que, por influência da taxa de juros, o
valor do dinheiro varia com o tempo. Ou seja, em qualquer data anterior à de vencimento do
empréstimo, a quantia que o saldará será, para taxas positivas, inferior a FV.

A quantia que saldará a obrigação em data anterior à de seu vencimento, quantia essa chamada
de valor atual, será o capital que para a taxa de juros compostos por VP, será o capital para a
taxa de juros compostos especificada, taxa essa que, normalmente, é a corrente na data em que
se calcula o valor atual, produza, na data original de vencimento, um montante igual ao valor
nominal do empréstimo.

Objetivos

No final deste capítulo você será capaz de:

» Definir as expressões e as relações entre o valor nominal e o valor presente de uma


aplicação em regime de juros compostos.

» Entender a formulação da equação de valor nominal e valor presente de uma aplicação


em regime de juros compostos.

» Entender os efeitos do imposto de renda em uma aplicação de juros compostos.

52
MÉTODOS DE CÁLCULO DE VALOR NOMINAL E VALOR ATUAL EM REGIME DE JUROS COMPOSTOS • CAPÍTULO 5

Expressão e relações entre os valores nominal e atual

Seguem as relações entre o valor nominal e o valor atual com base na fórmula fundamental de
juros compostos.

Figura 33. Relação entre valor nominal e valor atual no regime de juros compostos

࢔ ‫ܖ‬
࡯࢔ ൌ ࡯૙ ૚ ൅ ࢏ ۴‫ ܄‬ൌ ‫ ۾܄‬૚ ൅ ܑ

࡯࢔ ࡲࢂ
࡯૙ ൌ ࢔
ࢂࡼ ൌ ࢔
૚൅࢏ ૚൅࢔

Fonte: Elaborada pelo autor.

Embora esteja implícito, convém frisar que as denominações valor atual e valor nominal
dependem da data em que nos situamos. Assim, na data original de vencimento, o valor atual
se confunde com o valor nominal.

Como isso acontece no mercado?

Vamos ver aqui como isso acontece no mercado.

Considere que você deseja dispor de R$ 3.500,00 no fim de 6 meses e de R$ 4.200,00 no fim de 1,5
ano. Que quantia você deverá depositar, na data de hoje em um estabelecimento bancário que
pague a taxa de juros compostos de 3,5% a.m., de modo que possa fazer as retiradas indicadas,
sem deixar saldo final?

Resolução:

O montante a ser depositado por você, M, será dada pela soma dos valores atuais dos valores
nominais desejados na época 6 e época 18 meses, respectivamente. Com base na fórmulas
fundamentais de juros compostos teremos a seguinte relação.

53
CAPÍTULO 5 • MÉTODOS DE CÁLCULO DE VALOR NOMINAL E VALOR ATUAL EM REGIME DE JUROS COMPOSTOS

FP FP
M = VP + VP = +
1+i 1+i
3.500 4.200
M= +
1 + 0,035 1 + 0,035
M = 2.847,25 + 2.261,12 = 5.108,37

Concluindo, você deverá depositar hoje R$ 5.108,37

Efeito do Imposto de Renda em uma Aplicação no Regime


de Juros Compostos

Como visto anteriormente no caso de aplicação em regime de juros simples, o efeito do Imposto
de Renda em uma aplicação no regime de juros compostos se observa também, no caso de títulos
de renda fixa, ou no caso de letra câmbio ou um certificado de depósito bancário com valor de
emissão e com prazo de vencimento igual a um período da taxa de rendimento, denominada
taxa bruta de rentabilidade e denotada por ib.

A seguir vamos analisar o efeito do IR no fluxo de caixa ou os rendimentos dos títulos aplicados
no regime de juros compostos.

Modalidades de cobrança de IR no regime de juros compostos

Como visto no caso do regime de juros simples em que descobrimos que existem duas modalidades
de cobrança do Imposto de Renda também no regime de juros compostos, as duas formas de
cobrança permanecem e os tributos são cobrados na modalidade postecipada ou antecipada.

Figura 34. Fluxo de caixa antes da tributação

‫܄‬۳ ൈ ሺ૚ ൅ ࢏࢈ ሻ

0
1 Período da taxa ib

VE
Fonte: Elaborada pelo autor.

Adotando o ponto de vista do investidor, você fará um desembolso igual a VE, onde a seta para
baixo, na data de emissão do título (denotada época zero). Um período após você receberá a
quantia investida, VE, acrescida dos juros à taxa bruta, ib, ou seja, receberá, onde a seta para
cima, a soma de VE + VE.ib.

54
MÉTODOS DE CÁLCULO DE VALOR NOMINAL E VALOR ATUAL EM REGIME DE JUROS COMPOSTOS • CAPÍTULO 5

Dois tipos de cobrança do IR são aqui tratados: o postecipado e o antecipado ilustrado na Figura
35 a seguir.

Figura 35:. Tipos de cobrança de IP em aplicações no regime de juros compostos

Fonte: Elaborada pelo autor.

A cobrança de IR Postecipado é o mais comum atualmente e a cobrança antecipada fui muito


utilizada já algum tempo. Por essas duas formas levarem a diferentes taxas líquidas ou efetivas
elas serão tratadas em dois momentos distintos.

Efeito do IR postecipado no regime de juros compostos

Considerando que esse tipo é a situação, atualmente mais comum, da cobrança de Imposto
de Renda, calculada pela aposição da alíquota t (aqui expressa sob a forma unitária), sobre o
rendimento (juros), teremos um tributo, T, pelas fórmulas representadas na Figura 36 a seguir:

Figura 36. IP Postecipado no regime de juros simples

۸ ൌ ࡯૙ ૚ ൅ ࢏ ࢔ െ ૚

۸ ൌ VE. ૚ ൅ ࢏࢈ ૚
െ ૚ = VE.ib ‫ ܂‬ൌ ‫ܜ‬Ǥ ‫܄‬۳Ǥ ܑ‫܊‬

Fonte: Elaborada pelo autor.

55
CAPÍTULO 5 • MÉTODOS DE CÁLCULO DE VALOR NOMINAL E VALOR ATUAL EM REGIME DE JUROS COMPOSTOS

Suponha que o Imposto de Renda, ou seja, o tributo T seja cobrado na data do resgate do título,
o fluxo de caixa que passa a caracterizar a aplicação pode ser esquematizado como representado
na Figura 37 a seguir:

Figura 37. Fluxo de Caixa após a tributação (IR Postecipado)

‫܄‬۳ ൅ ‫܄‬۳ܑ‫ ܊‬െ ‫܂‬

0
1 Período da taxa ib

VE
Fonte: Elaborada pelo autor.

Diante da cobrança do tributo, a questão que se apresenta é a determinação da taxa de rentabilidade


efetivamente auferida por você como investidor chamada de taxa líquida de rentabilidade.

Partindo da relação básica do regime de juros compostos, tem-se na Figura 38 a seguir:

Figura 38. Relação básica do regime de juros compostos

Fonte: Elaborada pelo autor.

Considerando:

FV = VE. 1 + 1 − t . i e VP = VE e se n = 1

Teremos a seguinte relação da taxa líquida iL .

56
MÉTODOS DE CÁLCULO DE VALOR NOMINAL E VALOR ATUAL EM REGIME DE JUROS COMPOSTOS • CAPÍTULO 5

Figura 39. Relação da taxa líquida de rentabilidade do título (IR Postecipado)

�� � ��� � � � � � �� �� � ��

VE � � � � � i� � � VE
i� � i� � � � � � .i�
VE

i� = Taxa Líquida de
Rentabilidade do Título � � ������

Fonte: Elaborada pelo autor.

Efeito do Imposto de Renda Antecipado no Regime de


Juros Compostos

No caso de regime de juros compostos, considerando t’ a alíquota do Imposto de Renda, o


investidor teria que desembolsar, na data da aplicação, o tributo T = t’ VE.ib, além do valor de
emissão, VE. Desse modo, o fluxo de caixa que caracteriza o investimento será esquematizado
como mostrado na Figura 38 a seguir:

Figura 40. Fluxo de caixa após a tributação (IR Antecipado)

��� �� � �� )

0
1 Período da taxa ib

VE + T = VE. (1 + t’. ib)


Fonte: Elaborada pelo autor.

No caso do IR antecipado temos VP = VE × (1 + t’.ib ), e FV = VE.(1 + .ib ), segue-se a taxa líquida


de rentabilidade para investidor, agora denotada por iL’ e será mostrada na Figura 41 a seguir:

57
CAPÍTULO 5 • MÉTODOS DE CÁLCULO DE VALOR NOMINAL E VALOR ATUAL EM REGIME DE JUROS COMPOSTOS

Figura 41. Relação da taxa líquida de rentabilidade (IR Antecipado)

۴‫ ܄‬ൌ ‫܄‬۳Ǥ ሺ૚ ൅ ܑ‫ ܊‬ሻ ‫ ۾܄‬ൌ ‫܄‬۳.(1 + t'.ib)

‫܄‬۳Ǥ ૚ ൅  ܑ‫ ܊‬െ ‫܄‬۳Ǥ ૚ ൅ ‫ ܜ‬ᇱ Ǥ ܑ‫܊‬ ૚ െ ‫ ܜ‬ᇱ Ǥ ܑ‫܊‬


ܑ‫ۺ‬ᇱ ൌ ܑ‫ۺ‬ᇱ ൌ 
‫܄‬۳ ૚ ൅ ‫ ܜ‬ᇱ Ǥ ܑ‫܊‬ ૚ ൅ ‫ ܜ‬ᇱ Ǥ ܑ‫܊‬

i‫ܮ‬Ԣ= Taxa Líquida de


Rentabilidade do Título  ൌ ͳƒ‘

Fonte: Elaborada pelo autor.

Como isso acontece no mercado?

Para mostrarmos a diferença causada pelo Imposto de Renda na rentabilidade de um título,


vamos considerar o seguinte caso de uma letra de câmbio com rendimento semestral à taxa
de 24%, prazo de 1 ano e valor de emissão de R$ 300.500,00. Sendo a alíquota t de Imposto de
Renda na fonte de 10,5%, incidente sobre o rendimento total e cobrado antecipadamente na
data do investimento. Determine as taxas líquidas e brutas de rentabilidade semestral para o
comprador desse título.

Resolução:

Desconsiderando o Imposto de Renda, o comprador desembolsará R$ 300.500,00,00, recebendo


o tributo sobre o rendimento antecipado. Dado que o rendimento semestral, R, é dado pela
aplicação da taxa de rendimento sobre o valor de emissão.

Vamos determinar o rendimento R = ib.VE = 0,24.300.500 = 72.120,00

Assim, no caso da taxa de rentabilidade bruta, que ignora o Imposto de Renda, o comprador terá
o esquema de fluxo de caixa (desembolso com setas para baixo e receitas com setas para cima)
mostrado na Figura 42 a seguir:

58
MÉTODOS DE CÁLCULO DE VALOR NOMINAL E VALOR ATUAL EM REGIME DE JUROS COMPOSTOS • CAPÍTULO 5

Figura 42. Fluxo de caixa - taxa de rentabilidade bruta

R = R$ 72.120,00 FV = VE + R = 372.620,00

1 2 Semestres

VE = R$ 300.500,00

Fonte: Elaborada pelo autor.

A taxa semestral de rentabilidade, no caso, bruta, é a taxa tal que, na data de aplicação, igual o valor
atual dos desembolsos ao valor atual das receitas. Isto é, sendo ib a taxa procurada, devemos ter:

72.120 372.620
300.500 = + ↔ 300.500. �1 + i� �� = 72.120. �1 + i� � + 372.620
�1 + i� �� �1 + i� ��

Observe que chegamos a uma equação de 2º grau e considerando (1+ ib) = X teremos a seguinte
equação de 2º grau:

300.500.X2 – 72.120.X – 372.620 = 0 com X ≥ o


�� � √� � � ���
As soluções de uma equação de 2º grau do tipo: aX2 + b.X + c = 0 são: �� �
��
sendo assim, deduzimos que

� � �00��00
���√�� ����
� � � � ������0 � � � Com X ≥ 0
��
� � � �������0�
Assim temos:

72.120 + √72.120 + 4 × 300.500 × 372.620


X= = 1,24, ou seja, 1,24 = 1 + i ↔ i = 0,24% a. s.
2 × 300.500

Observe que a taxa de rendimento bruto coincide com a própria taxa de rendimento semestral
especificada no enunciado.

Por outro lado, considerando o Imposto de Renda na fonte, dado que o rendimento total é
2R = R$ 144.240,00, uma vez que a aplicação foi por um prazo de 1 ano e que o rendimento é
semestral, então tem rendido duas vezes sendo que o rendimento semestral é de R$ 72.120,00.
Como o imposto de renda é pago antecipadamente, consideramos que a cobrança será sobre o
rendimento total.

59
CAPÍTULO 5 • MÉTODOS DE CÁLCULO DE VALOR NOMINAL E VALOR ATUAL EM REGIME DE JUROS COMPOSTOS

Sendo assim, o comprador terá que desembolsar R$ 300.500,00 e mais o imposto de tx(2R) = 0,105x
144.240 = 15.145,20, ou seja, desembolsar R$ 315.645,20 na data da compra como representado
na Figura 43 do fluxo de caixa esquematizado a seguir:

Figura 43. Fluxo de caixa da taxa de rentabilidade líquida

R = R$ 72.120,00 FV = VE + R = 372.620,00

1 2 Semestres

VE + t2R = 315.645,20

Fonte: Elaborada pelo autor.

Logo, considerando-se a data zero, e tomando-se os valores atuais, segue-se que a equação que
fornece a taxa de rentabilidade líquida semestral iL é deduzida na seguinte relação:

315.645,20 = + E supondo que X = (1+ i L), teremos:

315.645,20. X − 72.120. X − 372.620 = 0

Sendo assim, temos:

72120 + −72.120 − 4 × 315.645,20 × −372.620


X= = 1.2067
2 × 315.645,20
Assim 1,2067 = 1 + i ↔ i = 1,2067 − 1 = 0,2067, ou seja, 20,67% a. s.

Sintetizando

Neste capítulo aprendemos que:

» O problema envolvendo o cálculo do valor nominal FV ou valor futuro a partir do valor atual ou valor presente, VP, consiste

na solução da fórmula fundamental FV = PV. (1+i)n, em relação
 ቂ ቃ precisa ser calculada para os parâmetros i e n.
ሺଵା௡ሻ೙

» Outra questão que merece destaque é a convenção de sinal adotada pela HP12C no registro dos valores monetários PV, FV
e PMT – entradas de caixa com sinal positivo (+) e saídas de caixa com sinal negativo (-).

» Imposto de Renda Postecipado: o tributo é cobrado na data do resgate do título e o valor de resgate ou valor final FV =
VE+VE.ib - T onde FV é o valor final ou de resgate; VE o valor de emissão do título; ib a taxa de rentabilidade bruta, e T o
valor do tributo.

60
MÉTODOS DE CÁLCULO DE VALOR NOMINAL E VALOR ATUAL EM REGIME DE JUROS COMPOSTOS • CAPÍTULO 5

» Imposto de Renda Antecipado: o tributo é cobrado antecipadamente antes mesmo do rendimento da aplicação junto com
seu valor de emissão. Sendo nesse caso, o investidor teria que desembolsar, na data de aplicação, o tributo T= VE.ib.t’ (onde
t’ é a alíquota de imposto de renda), além do valor de emissão. Ele terá que desembolsar para aquisição do título um valor
total equivalente à VE + T.

61
CAPÍTULO
TAXA DE JURO PROPORCIONAL –
EQUIVALENTE – EFETIVA E NOMINAL 6
Apresentação

As decisões de investimento de capital ou dinheiro têm sido altamente racionalizadas, conforme


evidenciado pela variedade de técnicas que são disponíveis atualmente. As aplicações de capital
em todas as circunstancias precisam garantir um retorno sobre o capital para os investidores.
O retorno é medido pela taxa de juro e, nesse caso, importante identificar as diversas taxas de
juros existentes para a medição do retorno do capital.

Nesta habilidade analisaremos os diversos tipos de taxas de juros que existem como instrumentos
de avaliação de um investimento. Em uma das habilidades anteriores, aprendemos os regimes
de capitalização que consideramos um processo de formação de juro. Entretanto, em Finanças,
para uma análise mais criteriosa dos investimentos ou aplicações, será importante entender os
tipos de taxas de juros aplicados. E no mundo real, existem cinco tipos de taxas de juros que serão
utilizados para fins de análise de investimentos: juros proporcionais, juros equivalentes, juros
efetivos e nominais e juros reais e aparentes juros over. No final, para exemplificar essas taxas de
juros serão estudadas aplicações tais como certificados de depósitos bancários e interbancário
(CDB e CDI), os títulos prefixados e os títulos pós-fixados.

Assim, nesta habilidade abordaremos esses diferentes tipos de taxas de juros existentes no
mundo real. Serão apresentadas as mais comumente utilizadas e mais comumente utilizadas
no mercado financeiro:

Objetivos

No final desta habilidade você será capaz de:

» Entender e dominar o conceito taxas de juros proporcionais.

» Usar as taxas de juros equivalentes.

» Determinar as taxas de juros efetivos.

» Determinar as taxas de juros nominais.

» Entender o efeito das taxas de juros over, real e aparente.

62
TAXA DE JURO PROPORCIONAL –EQUIVALENTE – EFETIVA E NOMINAL • CAPÍTULO 6

Taxa de Juros Proporcionais

Será que existe relação entre a taxa de juro de um investimento e o tempo da aplicação? Quando
consideramos as taxas de juros de dois investimentos distintos em períodos distintos como
proporcionais e se existe critério para confirmar essa relação de proporcionalidade são os principais
objetivos que buscamos neste primeiro conceito de proporcionalidade entre duas taxas. Essas e
outras relações que e apresentaremos neste primeiro conceito da habilidade 1 com o objetivo de
comparar dois investimentos em dois momentos distintos. Então, está preparado. Vamos iniciar.

Antes de mais nada, importante saber o que são taxas proporcionais e quando consideramos
que duas taxas de juros de dois períodos diferentes são proporcionais e quais os critérios de
proporcionalidade. Esses e outros pontos serão discutidos a seguir.

Quando se considera duas taxas de juros proporcionais

Vamos considerar duas taxas de juros i1 e i2 para duas aplicações em dois períodos respectivos t1
e t2. Essas duas taxas de juros são consideradas proporcionais se, expressando-se os períodos a
que se referem numa mesma unidade de tempo, for verificada a seguinte relação:

S� = 40.000�1 + 0,05�� = R$ 48.620,25

Nessa relação i1 e i2 podem estar sob a forma unitária ou sob a forma percentual, entretanto, é
importante que as duas estejam sob a mesma forma.

Na relação = i1 e i2 podem estar sob a forma unitária ou sob a forma percentual, entretanto,
é importante que as duas estejam sob a mesma forma.

Como isso acontece no mercado?

Considere uma aplicação de taxa de juros de i1 = 9% a.s e outra à taxa de i2 = 18% a.a. Podemos
considerar as duas taxas de juros proporcionais?

Resolução:

Vamos, então, verificar se as duas taxas são proporcionais?

Expressando-se os períodos t1 e t2 a que se referem as duas taxas, i1 e i2, na unidade mês, por
exemplo têm-se:

i = 9% a. s = ao período de 6 meses
i = 18% a. a = ao período de 12 meses

De acordo com o critério de proporcionalidade:

63
CAPÍTULO 6 • TAXA DE JURO PROPORCIONAL –EQUIVALENTE – EFETIVA E NOMINAL

= => = = Assim, conclui-se que as taxas de juros 9% a.s e 18% a.a.


são proporcionais.

Fora essa primeira relação de critério de proporcionalidade existe ainda uma segunda relação
para se verificar a proporcionalidade entre duas taxas de juros. Para tanto, considere i1 uma taxa
relativa a certo período de aplicação t1. Segunda primeira relação, para que uma taxa i2 relativa
1
a certo período t2 que corresponde à fração de do período t1, seja proporcional à taxa de juro

i1, devemos observar que:

= e, = => = => = ×

Vamos ver como isso funciona na prática:

Vamos então determinar a taxa de juro anual que seja proporcional à taxa de juros de 8% a.t.

Preste atenção na resolução!

Para utilizar essa segunda relação do critério de proporcionalidade, é conveniente considerar


como i1 taxa referente ao maior período, sendo neste caso, a taxa de juro anual procurada. Para
tanto, i2 será a taxa de 8% a.t., que é relativa à fração 1/k do período a que se refere a taxa i1;
por conseguinte, de acordo com a notação adotada na segunda relação, a taxa de 8% a.t. será
representada por i2.

Desta forma, usando o critério da relação 2 de proporcionalidade, temos:

i1 =? é a taxa que estamos tentando achar


t1 = 12 meses e t2 = 3 meses trimestral
t1 12
k= = =>k = 4 =>
t2 3
i1
i2 = =>i1 = i2 ×k=8×4=32%a.a
k

Sendo assim, a taxa de juro anual proporcional a 8% a.t. é 32% a.a. Isso quer dizer que uma
aplicação que rende 8% a.t renderá 32% a.a.

Taxa equivalente

Você sabe quando consideramos que duas taxas de juros em períodos distintos são equivalentes?
Ou melhor, quando consideramos que dois objetos diferentes são equivalentes em termos de

64
TAXA DE JURO PROPORCIONAL –EQUIVALENTE – EFETIVA E NOMINAL • CAPÍTULO 6

valores monetários? Então, o conceito de equivalência em termos de análise financeira tem certa
relevância para tomada de decisões de investimentos financeiros.

Quando consideramos duas taxas de juros equivalentes?

Considere duas taxas i1 e i2, respectivamente relativas aos períodos t1 e t2. Essas duas taxas serão
consideradas equivalentes se, para um mesmo prazo de aplicação, for indiferente colocar nosso
capital a render juros à taxa i1 ou à taxa i2. Ou seja, em as taxas i1 e i2 são equivalentes se fazem com
que um mesmo principal produza o mesmo montante no fim de um mesmo prazo de aplicação.

Existem dois regimes de taxas equivalentes: taxa equivalente no regime de juros simples e taxa
equivalente no regime de juros compostos.

Figura 42. Regime de juro da taxa equivalente


REGIME DE TAXA
EQUIVALENTE

Regime de juros
COMPOSTOS
Regime de juros
SIMPLES

Fonte: Elaborada pelo autor.

Quando duas taxas são consideradas equivalentes no regime de


juros simples?

Seja C o capital inicial considerado e o período a que se refere a taxa i1 como prazo de aplicação,
para que as taxas i1 e i2 sejam equivalentes, será necessário que os montantes produzidos pelas
duas taxas, no mesmo período, sejam iguais.

Se considerarmos que o período da taxa i2 seja k vezes menor que o período de i1, podemos dizer que
o montante produzido pela taxa i1 em 1 período pela taxa i1, deve ser igual ao montante produzido
pela taxa i2 em k períodos da taxa i2. Sendo assim, em regime de juros simples, devemos ter:

Logo: =

65
CAPÍTULO 6 • TAXA DE JURO PROPORCIONAL –EQUIVALENTE – EFETIVA E NOMINAL

Quando duas taxas são consideradas equivalentes no regime de


juros compostos?

Seja C o capital inicial considerado e o período a que se refere a taxa i1 como prazo de aplicação,
para que as taxas i1 e i2 sejam equivalentes, será preciso que os montantes produzidos pelas duas
taxas, no mesmo período, sejam iguais.

Se considerarmos que o período da taxa i2 seja k vezes menor que o período de i1 em 1 período da
taxa i1 deve ser igual ao montante produzido pela taxa i2 em k períodos da taxa i2. Dessa forma,
em regime de juros compostos, devemos ter:

=C 1+i ou 1 + i = 1+i =>

i = 1+i −1 e i = 1+i −1

No mercado financeiro, existem sete principais subperíodos que são utilizados estabelecendo
as seguintes relações entre eles:

1+i = 1+i = = = =
Onde temos a definições e as relações definidas na Tabela 3 a seguir:

Tabela 3. Relação entre taxas de juros equivalentes à taxa de juro anual no mercado financeiro

Período Símbolos Definição Taxa Equivalente

Ano ia taxa de juro anual (1+ia )

Semestre is Taxa de juro semestral equivalente (1+is )2

Quadrimestre iq Taxa de juro quadrimestral equivalente (1+iq )3

Trimestre it Taxa de juro trimestral equivalente (1+it )4

Bimestre ib Taxa de juro bimestral equivalente (1+ib)6

Mês im Taxa de juro mensal equivalente (1+im)12

Dia id Taxa de juro diária equivalente (1+id)360

Fonte: Elaborada pelo autor.

Em um investimento C de capital inicial considerado e o período a que se refere a taxa i1 como


prazo de aplicação, para que:

» As taxas i1 e i2 sejam equivalentes no regime de juros simples, será preciso que os


montantes produzidos pelas duas taxas, no mesmo período, sejam iguais e que a seguinte
relação seja justificada:

66
TAXA DE JURO PROPORCIONAL –EQUIVALENTE – EFETIVA E NOMINAL • CAPÍTULO 6

» As taxas i1 e i2 sejam equivalentes no regime de juros compostos, será preciso que os


montantes produzidos pelas duas taxas, no mesmo período, sejam iguais e que a seguinte
relação seja justificada:

ou

Como isso acontece no mercado?


Para ilustrarmos como a equivalência de taxas de juros acontece nos dois regimes de juros simples
e de juros compostos, vamos desenvolver dois exemplos práticos para sua compreensão:

Exemplo de taxas equivalentes no regime de juros simples

Determine a taxa trimestral equivalente à taxa de 18% a.a. para o caso do regime de juros simples.

Resolução:

Com base no enunciado, consideramos que: i1= 18% a.a. e k = 4, pois 1 ano = 4 trimestres e
considerando a relação de equivalência entre duas taxas no regime de juros simples:

i = ou i = k. i i =

Agora vamos usar o HP12C para fazer esta mesma operação:

Ligue sua calculadora e efetue as seguintes operações:

[f][CLx][18][ENTER][4][÷]= 4,5

Exemplo de taxas de juros equivalentes no regime de juros compostos

Determinada taxa trimestral equivalente à taxa de 18% a.a. no regime de juros compostos.

Resolução:

Com base no enunciado, consideramos que: i1= 18% a.a. e k = 4, pois 1 ano = 4 trimestres e
considerando a relação de equivalência entre duas taxas no regime de juros compostos:

= =

Figura 43.

Fonte: https://epxx.co/ctb/hp12c.html .

67
CAPÍTULO 6 • TAXA DE JURO PROPORCIONAL –EQUIVALENTE – EFETIVA E NOMINAL

Agora vamos usar o HP12C para fazer essa mesma operação.

Ligue sua calculadora e efetue as seguintes operações:

[f ][CLx][1][ENTER][0,18][+][0,25][Yx][1][-][100][x] = 4,22

Taxa de Juro Efetiva e Taxa de Juro Nominal

No mercado financeiro, mais precisamente no segmento imobiliário, é muito comum anunciar


uma taxa de 9% ao ano com capitalização mensal; isto é, a taxa é expressa no período de ano,
mas os juros são adicionados ao final de cada mês e não apenas ao final do ano. Também é mais
comum anunciar nos juros da caderneta de poupança em que afirma que a taxa de juros é de
7% ao ano, com capitalização mensal; isto é, a taxa é expressa no período do ano, mas os juros
são adicionados ao final de cada mês e não apenas ao final do ano.

Segundo Lachtermacher e Faro (2016), estes exemplos apresentam uma incoerência. Pois sendo uma
taxa anual, os juros só são formados ao fim de cada ano, e, portanto, decorrido apenas um mês não
se terão formado ainda quaisquer juros e, por conseguinte, não poderá haver capitalização mensal.

Muito embora exemplos como esses se bem entendidos, sejam absurdos, são frequentes na
prática e caracterizam o que se convencionou chamar de taxas nominais. Dessa forma, aqui
explicaremos melhor esse conceito de taxa de juros nominal e efetivo a seguir.

O que é uma Taxa de Juro Nominal?

Uma taxa é considerada taxa de juro nominal é aquela cujo período de capitalização não coincide
com aquele a que se refere. Como foi mencionado nos exemplos comuns no mercado financeiro, na
verdade é a taxa cujo período é mencionado em ano, mas não espera até o final do ano para capitalizar.

O que é Taxa de Juro Efetivo Então?

Por convenção a taxa de juro efetivo é aquela a ser considerada na aplicação de fórmulas,
correspondente a dada taxa nominal; é a taxa que, relativa ao período de capitalização mencionado,
lhe seja proporcional.

Para melhor compreensão desses dois conceitos, de taxas que se referem a taxas consideradas
no regime de juros compostos, pois no regime de juros simples, as taxas são sempre efetivas.

Como isso acontece no mercado?


Para entendermos melhor como são usados os dois conceitos no mercado financeiro, vamos
usar alguns exemplos ilustrativos calculando o montante dos capitais no fim de determinados
períodos com capitalização anual.

68
TAXA DE JURO PROPORCIONAL –EQUIVALENTE – EFETIVA E NOMINAL • CAPÍTULO 6

Exemplo 1: Cálculo de juro exato

Qual o montante de um capital de R$ 40.000,00, colocado no regime de juros compostos à taxa


de 10% a.a., com capitalização anual, durante 4 anos?

Resolução:

Como dito anteriormente, que as taxas nominal e efetiva se aplicam somente em regime de juros
compostos, devemos nos lembrar da fórmula de uma aplicação de 4 anos a taxa nominal anual
de 10% a.a. a juros compostos. E considerando os dados do enunciado:

ia =10% a.a. = 0,10 e C = 40.000, assim, temos: �� = 40.000�1 + 0,10�� = �����.��4,00

Notamos que um enunciado como esse encerra uma redundância. Pois, em se tratando de uma
taxa anual de juros compostos, está implícito que a capitalização (adição de juros ao capital) é
feita ao fim de cada ano; ou seja, é anual.

Tal enunciado, que foi construído visando-se ao aspecto didático, objetivou frisar que a taxa
efetivamente considerada é a de 10% a.a., ou seja, que a taxa de 10% a.a. é uma taxa efetiva.

Exemplo 2: Cálculo de taxa efetiva e taxa nominal

Qual o montante de um capital de R$ 40.000,00 colocado no regime de juros compostos à taxa


de 10% a.a. com capitalização semestral durante dois anos?

Resolução:

Nesse caso, a taxa efetiva correspondente é a taxa semestral proporcional à de 10% a.a., que é a
taxa de 5% a.s., já que:

i1=10% a.a. e k = 2 (1 semestre = ½ do ano)

0,10
= =
2
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C = 40.000; i = 5% a.s.; n = 4 semestres (2 anos são 4 semestres)

S� = 40.000�1 + 0,05�� = R$ 48.620,25

Exemplo 3: conversão de taxa nominal para taxa efetiva

Uma construtora anuncia o financiamento de um apartamento a uma taxa de juros de 10,5% ao


ano com capitalização mensal, ou seja, 10,5% a.a.c.m. Qual a taxa efetiva anual?

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CAPÍTULO 6 • TAXA DE JURO PROPORCIONAL –EQUIVALENTE – EFETIVA E NOMINAL

Resolução

Com base no enunciado, temos os seguintes dados:

in = 10,5% a.a. e k = 12 (1 mês = 1/12 do ano)

Tendo em vista a expressão de taxa equivalente, i 1+i temos a seguinte


relação entre dada taxa nominal e a taxa efetiva equivalente, ie, relativa ao mesmo período da
taxa nominal, dada por:

i a.p. da taxa nominal, assim, temos:

i a.a. => i = 11,02% a. a.

i = a.p. de capitalização

A relação entre a taxa nominal e a taxa efetiva equivalente, ie, relativa ao mesmo período da taxa
nominal, é dada por:

a.p. da taxa nominal

Taxa de Juro Real e Taxa de Juro Aparente

No Brasil, antes do Plano Real, de 1994, estávamos sendo obrigados a conviver com aumentos
generalizados e frequentes de inflação em alguns casos a variações diárias de preço de mercadorias
e bens duráveis e ainda provocada hoje, embora em menor escala, o efeito de ilusão monetária.

Para entender o efeito de ilusão monetária, será preciso entender como é medida a inflação no
mercado financeiro. No Brasil, existem duas instituições que promovem a medição das taxas de
inflação no mercado: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto Brasileiro
de Economia (IBRE), ambos da Fundação Getúlio Vargas.

Equação da taxa real e taxa aparente

De maneira geral, a medição das taxas de inflação é feita por meio dos índices de preços, que
refletem o valor monetário de determinadas cestas de bens e serviços. Assim, sendo I0 o valor do
particular índice de preços considerado, como relativo a dada data que tomamos como origem, e
I1 o valor desse mesmo índice de preços em outra data no futuro, dizemos que a taxa de inflação
relativa ao período entre as duas datas em questão é igual à taxa de variação do índice. Isto é,
sendo I a taxa de inflação no período, temos que:

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TAXA DE JURO PROPORCIONAL –EQUIVALENTE – EFETIVA E NOMINAL • CAPÍTULO 6

Uma vez entendida a sistemática de apuração da taxa de inflação, vejamos agora a interpretação
do fenômeno de ilusão monetária.

A ocorrência de taxas positivas de inflação (se o valor do índice de preços cair, ao invés de subir,
temos o caso de deflação, que se reflete em uma taxa negativa de inflação) pode fazer com que
certas transações financeiras, aparentemente lucrativas, sejam, na realidade, uma vez descontado
o efeito da inflação, traduzidas em significativos prejuízos.

O que é taxa aparente?

Taxa aparente é a taxa que levou o capital a se transformar no montante, desconsiderando o


efeito inflação, ou seja:

sendo o período n expresso em mês.

O que é taxa real?

De maneira geral, sendo C e I0, respectivamente o valor monetário do capital aplicado e o valor
do índice de preços na data de aplicação, e S1 e I1 os correspondentes valores no final do prazo
de aplicação, a taxa real de juros, para o período de investimento, será dada por:

S C

I I
i = × 100 a. p. de investimento
C
I
Já a taxa aparente i no período de investimento é dada por:

S −C
C
Finalmente, a taxa de inflação, I, no período de investimento, é dada por:

I −I
I
Segue-se, portanto, que podemos escrever:

1+i = 1+i × 1+I

Como isso acontece no mercado?

Para entender como são feitos os cálculos da inflação, consideramos os seguintes exemplos:

Exemplo 1: Determinação de taxas real e aparente

Certo indivíduo tendo aplicado R$ 40.000,00 em letras de câmbio, recebeu, 18 meses após, R$
54.400,00. Suponhamos que, na data da aplicação, o valor de certo índice de preços fosse I0 =

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CAPÍTULO 6 • TAXA DE JURO PROPORCIONAL –EQUIVALENTE – EFETIVA E NOMINAL

480, e que, no final dos 18 meses, o valor desse mesmo índice de preços tenha passado a ser I1 =
672. Quais as taxas real, ir e aparente, desta aplicação?

Resolução:

Como dito anteriormente, a taxa aparente é a taxa que levou o capital a se transformar no
montante, desconsiderando o efeito inflação, ou seja:
� �
S� � 54.400 ��
� � �� � � �� � �00� �� � � � �� � � �� � �00 � �������. �.�
C 40.000

Ou

S� � 54.400 �
i = �� � − 1� × 100 => i = �� � − 1� × 100 = 36% a. p. de 18 meses
C 40.000
A taxa real deve levar em conta a inflação, ou seja, devemos expressar tanto o valor aplicado
como o valor recebido, numa moeda com mesmo valor de compra. Isso é feito dividindo-se cada
valor em moeda corrente pelo índice de sua época. Assim, os valores do capital investido C’ e o
do montante S’ recebido, expressos nessa moeda com poder de compra constante, são dados
respectivamente por:

� ������ ��� ������


�� = = = 8�,������ � = = = 80,95
�� ��� �� ���

A taxa real é calculada como a taxa que, com base nos valores expressos nessa moeda constante,
levou um capital igual a 83,33 a produzir um montante de 80,95. Como o valor do montante
capitalizado é menor do que o capital investido, tivemos uma taxa de juro real negativa. A taxa
real de juros no período de 18 meses é dada por:

juros reais S� − C � 80,95 − 83,33


i� = �
= �
=> i� = = −0,0286 ou − 2,86% a. p. de 18 meses
C C 83,33
Sendo assim, a taxa aparente é de 36% a. p. de 18 meses e a taxa real é de -2,86% a.p. de 18 meses.

� ��
C� = e S� =
�� ��

A taxa real de juros no período de investimento é dada por:

juros reais S − C
i = =
C C

Sintetizando

Neste capítulo aprendemos que para ser um excelente analista financeiro você deverá lembrar-se sempre quanto ao uso da
taxa equivalente que:
» Como a formação do montante depende do regime de juros que se considera, torna-se necessário especificar em qual
regime de juros as taxas em preço são equivalentes.

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TAXA DE JURO PROPORCIONAL –EQUIVALENTE – EFETIVA E NOMINAL • CAPÍTULO 6

» No regime de juros simples, duas taxas são equivalentes se são proporcionais e vice-versa.

» A taxa real deve levar em conta a inflação. A taxa real deve levar em conta a inflação, ou seja, devemos expressar tanto o
valor aplicado como o valor recebido, numa moeda com mesmo valor de compra. Isso é feito dividindo-se cada valor em
moeda corrente pelo índice de sua época.

» No caso de taxas de juros efetivos e taxas de juros nominal deverá sempre fazer uma conversão da taxa de juro nominal
para a taxa de juro efetivo com base nas seguintes considerações:

» De maneira geral, dada uma taxa nomina, in, com k período de capitalização ao longo do período a que ela se refere (diz-se
que a taxa é conversível k vezes ao longo de seu período seu período), a correspondente taxa efetiva proporcional.

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Referências
ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

BERK, Jonathan. Finanças empresariais. Porto Alegre: Bookman, 2009.

BRIGHAM, Eugene F.; EHRHARDT, Michael C. Administração Financeira - teoria e prática. 14ª Ed. Norte – Americana.
Rio de Janeiro: Cengage Learning, 2016.

FARIA, Rogerio Gomes de. Matemática comercial e financeira: com exercícios e cálculos em Excel e HP12C. São
Paulo: Ática, 2007.

LACHTERMACHER, Gerson; FORO, Clovis de. Introdução à matemática financeira. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012.

MANSFIELD, Edwin. Microeconomia: teoria e aplicações. São Paulo: Saraiva, 2006.

PINTO, Andrew Carvalho. Matemática financeira com HP12C. São Paulo: Barros, Fischer & Associados: Clio Editora,
2010.

TAN, S. T. Matemática aplicada à administração e economia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

WEYGANDT, Jerry J. Contabilidade financeira. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005.

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